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Livro Hidrologia

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ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Dini.z 
Diretor-presidente Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância Eru:o Moreira 
Autoria Aávia Oiniz Mota 
Projeto Gráfico e Capa Content 
DADOS 00 FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional. 
Edição de Arte. Diagramação. Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2020 
Rua Treze de Maio. n° 254. Santo Amaro 
Reófe4 PE - CEP 50100-160 
1.-Todososgráficos. tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autor ia a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser r eproduz.ida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos.autorais é crime estabelecido pela Lei n.0 9.610/98 e punido pelo.artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa:© Shutterstock 
o 
\ 
' , 
1 
ASSISTA 
Indicação de filmes. vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 
1 
CITANDO 
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado. 
1 
CONTEXTUALIZANDO 
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; 
demonstra-se a siwação histórica do assunto. 
1 
CURIOSIDADE 
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado. 
1 
DICA 
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 
1 
EXEMPLIFICANDO 
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 
1 
EXPLICANDO 
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada. 
Unidade 1 - Introdução à hidrologia: conceitos e definições 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 
Introdução à hidrologia ....................................................................................................... 13 
Disponibilidade dos recursos hídricos ........................................................................ 13 
Principais áreas de atuação da hidrologia ................................................................. 15 
O ciclo hidrológico ............................................................................................................... 16 
Bacia hidrográfica .. ,, ... ,, ...... ,, ... ,, ...... , .... ,, ...... , .... , ..... , ............ ,., ..... , .... , ...... ,, .... , ...... ,, ... ,, .... ,, 20 
Interação entre águas subterrâneas e águas superficiais ...................................... 23 
Uso e gestão das águas ................................................................................................. 28 
Legislação das águas ..................................................................................................... 32 
Parâmetros físicos .......................................................................................................... 34 
Sintetizando ..... ,., ...... ,., .. ,, ...... ,, .. ,., ...... ,.,.,., ... , .. ,, .. , ..... ,,.,, .. , .. , .. ,,.,, ..... , .. ,, .. , ... ,.,.,., ...... ,., .. ,, ...... 37 
Referências bibliográficas .,.,.,, .......... ,,, .................................................... ,,, .......... ,,., ........ 39 
Unidade 2 • Bacia hidrográfica e cursos hídricos 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 43 
Delimitação de bacias hidrográficas ............................................................................... 44 
Delimitação topográfica de bacias hidrológicas ....................................................... 45 
Caracterização fisiográfica e morfológica de bacias hidrográficas ...................... 49 
Cálculo de coeficiente de compacidade (K,,) ............................................................. 55 
Cálculo de coeficiente de forma (K,) ............................................................................ 55 
Classificação dos cursos d'água ...................................................................................... 57 
Classificação de acordo com as características de fluxo ...................................... 58 
Classificação de acordo com a ocorrência dos cursos d'água .............................. 59 
Hierarquia fluvial ............................................................................................................. 60 
Padrões de drenagem e distribuição da energia fluvial .............................................. 61 
Distribuição da energia fluvial ...................................................................................... 65 
Sintetizando ...... ,,., ........ , .......... , ........ ,.,, ......... ,., ............ , .......... , ............ ,., ......... ,,., ........ , ........ 67 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 69 
Unidade 3 • Precipitação, evaporação e evapotranspiração 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 74 
1 ntrod ução ., ...................... ,, .. ,, ...................... ,.,, .. , ...... ,.,,,., ...... ,.,,,., ...... , .. ,,., ...................... ,, .... 75 
Precipitações atmosféricas ........................................................................................... 75 
Precipitação convectiva ................................................................................................ 77 
Precipitação orográfica ................................................................................................. 78 
Precipitação ciclônica .................................................................................................... 78 
Cálculo de precipitações médias sobre área ................................................................. 80 
Método aritmético (simples e ponderado) .................................................................. 82 
lsoietas .............................................................................................................................. 83 
Polígonos de Thiessen .................................................................................................... 85 
Evaporação e evapotranspiração ..................................................................................... 89 
Evaporação ....................................................................................................................... 89 
Evaporímetros .................................................................................................................. 91 
Evapotranspiraçã o .......................................................................................................... 94 
Sintetizando ........................................................................................................................... 99 
Referências bibliográficas .. , .. ,., ...... ,.,.,., ... , .. ,, .. , ..... ,,.,, .. , .. , .. ,,.,, ..... , .. ,, .. , ... ,.,.,., ...... ,., .. ,, .... 100 
Unidade 4 - Infiltração e escoamento superficial 
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 104 
1nfiltração ......................... ,, .. ,, ...................... ,.,, .. , ...... ,.,,,., ...... ,.,,,., ...... , .. ,,., ...................... ,, .. 105 
Grandezas características ........................................................................................... 107 
Fatores intervenientes na capacidade de infiltração ............................................. 107 
Métodos diretosde determinação da capacidade de infiltração ......................... 108 
Métodos indiretos de determinação da capacidade de infiltração ..................... 109 
Cálculo do serviço de conservação do solo {SCS} ...................................................... 110 
Modelo do SCS .............................................................................................................. 11 1 
Classificação hidrológica dos solos ........................................................................... 115 
Método para determinar o CN a partir de dados de campo ................................. 117 
Escoamento superficial... .................................................................................................. 117 
Coeficiente de escoamento ......................................................................................... 120 
Sintetizando ......................................................................................................................... 124 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 125 
A hidrologia utiliza uma ampla base de conceitos envolvendo várias áreas, 
devido ao enfoque mult idisciplinar que os fenômenos e processos relaciona-
dos ao uso da água apresenta. A disciplina que daremos início, Hidrologia, é 
constituída por um importante conjunto de conceitos que tem como objetivo 
identificar e caracterizar os principais fenômenos naturais originados a partir 
da interação da água com o meio ambiente e como esses influenciam a dispo-
nibilidade dos recursos hídricos em uma dada região. 
Esta disciplina, além de apresentar o contexto acerca da importância dos 
estudos dos recursos hídricos e dos processos hidrológicos, evidenciará dois 
dos principais conceitos que fundamentam a área da hidrologia: o ciclo hidro-
lógico e a bacia hidrográfica. O ciclo hidrológico será discutido por meio dos 
principais fenômenos naturais pelos os quais a água passa durante o seu cami-
nho dentro da hidrosfera. A bacia hidrográfica será definida e contextualizada 
por meio dos diversos fatores relevantes ao seu comportamento. Ambos os 
conceitos possuem grande destaque para a gestão de recursos hídricos, pois 
o conhecimento desses é pressuposto para um manejo eficiente a fim de pre-
servar o meio ambiente ou adequá-lo às necessidades da população com o 
mínimo de impacto possível. 
Ao final dos estudos você deverá ter adquirido conhecimentos gerais relacio-
nados à introdução à hidrologia, com atenção espec,ial aos conceitos sobre ciclo 
hidrológico e bacias hidrográficas: definições, divisores e parâmetros físicos. 
HIOROL081A . 
A professora Flávia Diniz Mota é mes-
t re em Agronomia - Irrigação e Drena-
gem (2016) pela Universidade Estadual 
PaulistaJulio de Mesquita Filho (UNES PJ. 
Graduada em Engenharia Agronômi-
ca pela Escola Superior de Agricultura 
Luiz de Queiroz (ESALQ - USP) em 2009. 
Possui experiência em irrigação e dre-
nagem, análise quantitativa de dados, 
modelagem computacional e otim iza-
ção agrícola. 
Currículo Lattes: 
http:/llattes.cnpq.br/3862435543547799 
A todos os alunos que irão usufruir dos conhecimentos aqui depositados. 
Aos profissionais que participaram direta ou indiretamente na produção 
deste conteúdo. 
HIOROL081A . 
UNIDADE 
~ 
~ 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Apresentar a importância da hidrologia para desenvolvimento de proJetos; 
Fornecer fundamentos teóricos básicos para o entendimento dos fenômenos 
hidrometeorológicos e de suas aplicações à engenharia; 
Identificar e contextualizar ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. 
Tópicos de estudo 
Introdução à hidrologia 
Disponibilidade dos recursos 
hídricos 
Principais áreas de atuação da 
hidrologia 
O ciclo hidrológico 
Bacia hidrográfica 
Interação entre águas subter-
râneas e águas superficiais 
Uso e gestão das águas 
Legislação das águas 
Parâmetros físicos 
HIOROL081A . 
O Introdução ã hidrologia •• 
A hidrologia pode ser definida como a ciência que estuda a água na Terra, 
considerando alguns aspectos relevantes como: ocorrência, circulação e dis-
tribuição, propriedades físico-químicas e suas relações com o meio ambiente. 
Trata-se de uma ciência que compreende o estudo dos fenômenos naturais 
decorrentes do ciclo hid rológico, com especial atenção à prec.ipitação, à evapo-
ração, à infiltração e ao escoamento superficial. 
Nesse sentido, os estudos em hidrologia se tom am cada vez mais impor-
tantes à medida que ocor re o aumento da demanda sobre um estoque de água 
limitado. Para proteger os recursos híd ricos e ao mesmo tempo atender essa 
necessidade crescente, deve-se saber onde encontrar água e como seus esto-
ques se renovam. Por meio deste conhec.imento, é possível d ispor do recurso 
sem comprometer o abastecimento futuro, uma vez que qualquer alteração na 
disponibilidade de recursos hídricos impacta diretamente no meio ambiente. 
Assim, a hidrologia está relacionada diretamente ao uso da água e aos 
possíveis impactos sobre uma bacia hidrológica. Os est udos dessa ciência 
visam a compreensão dos processos envolvidos na relação entre sociedade, 
meio ambiente e recursos híd ricos. Dessa forma, a hidrologia possui papel 
impor tante no estudo do comportamento e aproveitamento da água na ba-
cia hidrográfica. quantificando os recursos hídricos no tempo e no espaço e 
avaliando o impacto da modific.ação da bacia sobre o comportamento dos 
processos hidrológicos. 
•• 
Disponibilidade dos recursos hidricos 
Os estudos hidrológicos procuram compreender a ocorrência, o c.a ráter e 
o movimento da água dentro do planeta e entre os componentes físicos e bio -
lógicos do ambiente. O termo "recursos híd ricos• é usado para se referir ao 
gerenciamento e uso da água, principalmente para o benefício do homem. O 
gerenciamento da água envolve a provisão de usos humanos, como abaste-
cimento de água, disposição de resíduos, transporte, recreação, controle de 
enchentes e geração de energia. O gerenciamento bem-sucedido dos recursos 
hídricos requer uma sólida compreensão da hid rologia. 
HIOROL081A . 
Considerado o elemento mais importante do meio ambiente. o papel da 
água não se resume apenas em satisfazer as necessidades humanas, mas a sua 
disponibilidade determina, em grande parte, o padrão espacial dos biornas ter-
restres do planeta (florestas, campos e desertos). Cobrindo 71 % da superfície 
da Ter ra, fornece habitat para ecossistemas de água doce e salgada. 
A água também é um dos principais elementos de controle do clima e é a 
principal responsável por esculpir a superfície do planeta por meio de asso-
ciações complexas de formas erosivas e deposicionais. A água torna possível 
a vida na Ter ra. 
Aproximadamente 97,5% da água existente no mundo é salgada e não ade-
quada ao consumo direto e à irrigação de plantações. Dos 2,5% de água doce, 
apenas uma pequena parte encontra-se disponível em corpos hídricos super-
ficiais, como os rios. O restante dessa água doce está distribuído entre geleiras 
e águas subterrâneas, locais de difícil acesso. 
GRÁFICO 1. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA 
Total global 
(água) 
Font~ M~ 2016, p. 4. (Adaptado). 
= 
2,5~ do total global 
(água dote) 
O Água doce 
O Água salgada 
e Geleiras e neves eternas 
e Rios e lagos 
e Águas subterrâneas 
e Solo, pântanos e geadas 
A distribuição da água doce no planeta não ocorre de forma homogênea, 
pois depende essencialmente dos ecossistemas presentes em cada localidade. 
Como os recursos hídricos não obedecem às fronteiras territoriais racionais ou 
regionais (fronteiras políticas), é comum que haja o compartilhamento desses 
recursos por um ou mais países. 
No caso do Brasil, cerca de 82 rios são compartilhados com países vizinhos, 
incluindo importantes bacias como a do rio Amazonas e a do rio da Prata, além 
HIOROL081A . 
do aquífero Guarani. Esse cenár ionecessita de cooperação entre as nações 
para que as ações individuais não gerem consequências para os demais países 
e para o meio ambiente. 
O consumo diário de água também varia ao redor do planeta e está for-
temente relacionado com o nível de desenvolvimento de uma nação. Consi-
derando que uma pessoa precisa de pelo menos 40 litros de água para suas 
atividades diárias, dados da Unesco permitem comparar o consumo hídrico 
em d iferentes localizações, por exemplo, uma pessoa da Europa utiliza cerca de 
150 litros de água po r dia, enquanto uma pessoa da Índia utiliza 25 lit ros apro-
ximadamente. Além disso. segundo as proj eções da Unesco, se o atual r itmo de 
crescimento demográfico continuar sem que ações para o consumo sustentá-
vel sejam feitas, em 2025 o consumo humano pode chegar a 90% dos recursos, 
restando apenas 10% para os demais seres vivos do planeta. 
• 
Principais áreas de atuação da hidrologia 
A hidrologia é uma ciência que pode ser aplicada em diversas áreas, uma 
vez que a maior ia dos estudos relacionados à água requerem um enfoque mul-
t idisciplinar. 
De acordo com Righetto (1998), a hidrologia exerce influência em: 
• Escolha de fontes de abastecimento de água para uso doméstico ou in-
dustrial; 
• Proj eto de construção de obras hidráulicas; 
• Estudo das caracter ísticas do lençol freático; 
• Problema de escolha do manancial; 
• Estudo de evaporação e infil t ração; 
• Regularização de cursos d'água e controle de inundações; 
• Estudo das variações de vazão e previsão de vazões máximas; 
• Exame das oscilações de nível e das áreas de inundação; 
• Análise da capacidade de recebimento de corpos receptores dos efluentes 
de sistemas de esgotos: vazão mínima de cursos d'água. capacidade de reação 
e velocidade de escoamento; 
• Análise de intensidade e frequência das precipitações máximas, determi-
nação de coeficiente de escoamento superficial; 
HIOROL081A . 
• Observação de dados e estudos sobre constr uções e manutenção de ca-
nais navegáveis; 
• Aproveitamento hidrelétrico. 
Nas inúmeras situações em que a hidrologia tem influência, pode-se ob-
servar a atuação de diversas subáreas mais específicas, como por exemplo: 
a meteorologia (precipitação e evaporação}; a ciência dos solos (infil t ração e 
percolação); a geologia (água subterrânea); a geomorfologia (escoamento su-
perficial}; a química (qualidade de água}; a engenharia (abastecimento e sanea-
mento}; entre outras. 
Assim sendo, ao considerar. por exemplo, um projeto que 
utiliza o balanço hídrico, serão apontados a evapotranspira-
ção, a precipitação, o escoamento superficial, a infiltração 
e a percolação profunda como componentes relevantes. 
Por outro lado, em projetos de drenagem é necessár io co-
nhecer as distr ibuições espaço-temporais da precipitação, da 
infiltração e das vazões nas seções de interesse. 
ASSISTA 
o documentário Caminho das águas, produzido pela Em-
presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, mostra como 
a energia e técnicas de inigação possibilitaram modificar 
realidades e impactar diretamente a vida e a cultura de 
diversas comunidades brasileiras. O vídeo apresenta tam-
bém como o país, privilegiado por seu imenso potencial 
hídrico, em lagos, rios e aquíferos, gera energia. 
O O ciclo hidrológico •• 
O ciclo hidrológico pode ser definido como um conjunto de fenômenos 
nat urais decor rentes do moviment o da água dent ro de um sistema, ou 
sej a. compreende o estudo dos processos natu rais de evaporação, con-
densação, precipitação, infiltração. percolação de água no solo e nos aquí-
feros, escoamento superficial e as interações entre esses elementos. 
Um sistema é um conjunto de objetos ou componentes interrelacionados. 
Os dois aspectos principais desta definição simples são os componentes e os 
processos que os relacionam. Um grupo de componentes sem interação não 
HIOROL081A . 
constitui um sistema. É apenas por causa da interdependência mútua e de 
feedback entre os componentes que é possível caracterizar a existência de 
um sistema. 
Um sistema corresponde a uma maneira de estruturar a realidade para en-
tender como os componentes do ambiente afetam e são afetados por outros 
componentes. Em essência, é a criação de um modelo mais simples do comple-
xo ambiente do mundo real. Um sistema ambiental físico descreve o fluxo e o 
armazenamento das quantidades físicas de massa e energia em um momento. 
Para entender melhor o ciclo, pode-se tomar como ponto inicial o processo 
de evaporação das águas dos oceanos, o qual resulta em vapor. Esse vapor é 
transportado pelas massas de ar e, sob condições específicas, inicia a forma-
ção de nuvens, que por sua vez são precursoras da precipitação. 
Quando a precipitação chega na superfície terrestre, percorre os diferentes 
caminhos da infiltração, percolação e escoamento superficial. A maior parte 
da água fica retida durante um período nas proximidades de onde precipitou e 
retorna à atmosfera pela evaporação e transpiração das plantas. Uma parte da 
água que restou da precipitação escoa sobre a superfície do solo ou em direção 
aos rios enquanto outra parte penetra profundamente no solo, abastecendo o 
lençol freático. 
Entende-se por p recipitação t oda a água, no est ado líquido ou sólido, 
que cai da atmosfera em direção ao solo, por exemplo: a chuva. a garoa, 
o granizo e a neve. 
Na evaporação, a água passa do estado líquido para gasoso (vapor). A t rans-
piração pode ser definida como a passagem da água, no estado líquido, do 
interior das plantas para o meio externo. Na evapotranspiração ocorre a com-
binação dos processos de evaporação e transpiração. 
No processo de condensação, a água evaporada dos oceanos forma as 
nuvens. 
A infiltração se dá med iante a entrada de água no solo, por meio da 
qual pode-se determinar a quantidade de água que penetra e quanto des-
sa água escoa superficialmente, sendo que o escoamento superficial pode 
ser entendido como o deslocamento das águas sobre a superfície do solo, 
quando a intensidade de precipitação fo r superior a taxa de infil tração do 
solo (TUCCI, 2004), 
HIOROL081A . 
Dessa forma, o ciclo hidrológico pode ser caracterizado como o proces-
so de movimentação da água entre a atmosfera, os oceanos e os continen-
tes. ou seja. todas as formas de circulação da água em um ambiente. 
IIUSGS -
Gelo, ne.,e-e 
&tlewits 
(ondonu.çio 
Flg\lra 1. ddo hldrôl6glco. Fonte: USGS, (s.d.]. Acesso em: 12/02/2020. 
lag,o$ salinos 
2on~ Umicb, 
Flino do riG 
nos oceanos 
Mo'lirnonto 
ooe!nict1 
As etapas do ciclo hidrológico variam segundo o espaço e o tempo. po-
dendo ocorrer, por exemplo. eventos extremos com excessos ou escassez 
de chuvas. Por isso, o entendimento acerca dos processos hidrológicos é 
essencial para gestão dos recursos hídr icos. Além disso. é possível men-
surar o escoamento super ficial. a evaporação, a umidade do solo. a trans-
piração, a qualidade da água e outras variáveis que integram os sistemas 
hidro lógicos. 
Como exemplo, tem-se os efeitos produzidos pela subs-
tituição da cobertura vegetal pela urbanização. A retirada da 
vegetação, a impermeabilização do solo e a modificação da 
topografia afetam o equilíbrio hidrológico e acarretam na 
aceleração dos escoamentos superficiais e na redução dos 
escoamentos subsuperficiais e subterrâneos. 
HIOROL081A . 
Evapotr•spir~âo 
T 
lntercepcaçi, . ., ... 
l 
Escoamento 
"-.t. superficial 
Escoamento 
Escoamento subsupem:ial 
subte,râneo 
Ev.11iocnt1tspiraçi, 
T -st6superficial 
ANTES DA OEPOI.S O~ 
UR&IHIZAÇ,0 IMIIAHIZAl;AO 
Flg\lra 2. ddohldrôl6glcoantes edepoiS do f)(OCessodew-banlzaçao. Fonte. SOIUELLER. 1987, p. 29.(Adaptado}. 
Como consequência da modificação da paisagem natural pela urbanização, 
tem-se picos de cheia, enchentes e vazões de base menores. Por meio do hidro-
grama do Diagrama 1, é possível compreender a diferença entre o escoamento 
após um período de chuva em áreasurbanizadas e não observadas. Nota-se 
que, em função das modificações do meio e da impermeabilização do solo, as 
áreas urbanizadas acumulam grandes volumes de água que geram picos de 
cheia. Isso ocor re quando o solo urbano atinge sua capacidade máxima de ab-
sorver a água precipitada em um intervalo de tempo. 
DIAGRAMA 1. HIDROGRAMA DA VAZÃO ANTES E DEPOIS DA URBANIZAÇÃO 
l 
G,.,duodleote l 
1 M.iior escoamento 
de base 
! 
---- --- , 
= 
Pico maior e mais 
1 
1 
rápido 
1 
1 
1 
l ,, 
1 \ 
1 \ 
\ Aumento do 
.,...< volume • 
\ ,. 
\ 100 menor e " , 1 
/ 1 / menos rápido ,,...,,..__ 
Recessão ' \ 
\ 
\ 
\ 
' ' 
✓gradt.lil 1 
--- ---- --- - -
TH.IPO--- ANTES DA URBAN12AÇÁ,9 
DEPOIS DA URBANl2AÇAD 
Fonte: ROSSl; GONÇALVES, 2012. (AdapGdo}. 
HIOROL081A. 
Por isso. o entendimento a respeito dos processos hidro-
lógicos é essencial para a gestão dos recursos hídricos. Os 
dados hidrológicos per mitem quantificar a precipitação, o 
escoamento superficial, a evaporação, a um idade do solo, 
a transpiração, a in fil tração, a qualidade da água e outras 
variáveis componentes dos sistemas hidrológicos. 
Bacia hidrográfica 
A bacia hidrográfica corresponde a uma área de captação natural de água que 
direciona o escoamento para uma única saída, chamada de exutório. Formada por 
superfióes em declive (vertentes) que permitem o escoamento para cursos d'água 
interligados que convergem para um único leito. 
As bacias são unidades geográficas delimitadas por meio das cotas altimétricas do 
terreno. O traço que define a bacia passa pelos pontos de maior elevação do terreno, 
inclusive nos pontos cotados, é denominado de divisor de águas, pois separa duas ou 
mais baóas (Figura 3). Os divisores de águas cortam a rede fluvial apenas no exutório 
e indicam os caminhos para os quais as águas da precipitação serão direcionadas. 
h:11t6rio '6SMO i6S i7t 
f1gura 3. Reprnentaçao ropogránca de uma bacia hldrogr.!iffca (área de drenagem}. Fonte: SPfRUNG, 2007, p. 63. 
HIOROL081A . 
Em sínt ese. a bacia h idrográfica pode ser caracterizada como uma área 
del imitada pela topografia, drenada por um curso ou mais cursos d'água 
interligados, na qual toda vazão efl uente é descarregada em uma única 
saída. É um sistema físico no qual a água precipitada representa a entra-
da e a água escoada para o exutório representa a saída, no qual deve ser 
considerado, também, as perdas intermediárias de volume em função das 
águas que passam pelos processos de evaporação, transpiração, infi ltra-
ção e percolação. 
Os divisores de uma bacia podem ser: geológicos, freáticos ou topo-
gráficos (Figura 4). Porém, considerando as di ficuldades em obter o traça-
do lim itante com base nas informações rochosas (nas quais os substratos 
podem não segu ir um compor tamento sistemático e a água pode escoar 
antes de infiltrar} e nos níveis do lençol freático (devido as variações con-
forme as estações ao longo do ano}, a prática da delimitação da bacia por 
meio das curvas de nível (divisão topográfica} é mais frequente. 
Rio X 
Rocha 
impermeável 
RioY 
Lençol tffâtico na 
estaçio das chuvas 
Lençol f~âtico 
na estiagem 
Curso d'<lgua 
Rio Z 
Flg\lra4. corte ttanswrsaldeuma baeia. fonte: \11.LELA,; MATTOS. 197!., p. 11. (Adaptado). 
O divisor de água é determinado com base em mapas topográficos, em 
Modelo Numérico do Terreno (MNn ou em pesquisas de campo. Ao 
separar a bacia hidrográfica de interesse das bacias contíguas vi-
zinhas, o divisor de águas divide e possibili ta determi-
nar a precipitação que escoa superficialmente entre 
as bacias a partir das áreas de maior altitude para as 
áreas de menor alt it ude. 
HIOROL081A . 
Uma bacia hidrográfica pode ser classificada segundo o escoamento 
g lobal que apresenta. sendo elas: 
a) Exorreicas: quando o escoamento da água ocorre continuamente até o mar: 
b) Endorreicas: quando as drenagens são internas e convergem para 
outros corpos hídricos. como em lagos. Não escoam para o mar, mas po-
dem se dissipar nos desertos ou se perder nas depressões cársticas; 
c) Arreicas: nesses casos, as bacias não possuem uma estruturação 
bem definida, como se observa, por exemplo, nas áreas desérticas; 
d) Cr iptorreicas: bacias subterrâneas (como em estruturas geológicas 
cársticas). 
O ciclo hidrológico tem um papel 
importante na dinâmica de uma ba-
cia hidrográfica. A interação entre 
solo. água e vegetação representa. 
com a interferência humana. for-
te influência sobre a forma com a 
qual o ciclo hidrológico acontece na 
bacia, alterando, por exemplo, o es-
coamento superficial que, por sua 
vez, pode gerar mudanças no comportamento das enchentes e nas vazões 
mínimas e máximas da rede de drenagem. 
No Brasi l. o Conselho Nacional de Recursos Hídr icos, de acordo com a 
Resolução nº 32 de 15 de outubro de 2003, d ivide o país em 12 regiões hi-
drográficas. Uma região h idrográfica é composta por uma ou mais bacias 
hidrográficas. Diferentemente das bacias hidrográficas, que podem u ltra-
passar as fronteiras nacionais. as regiões hidrográficas estão limitadas ao 
espaço territor ial nacional. 
DICA 
O Brasil apresenta grande diversidade de paisagens, ecossistemas e 
cultural ao longo de seu território. Da mesma forma que o país, as regiões 
hidrográficas brasileiras também possuem essa multiplicidade de rique-
zas. Para conhecer melhor as 12 regiões nas quais os recursos hídricos 
nacionais estão divididos, acesse o portal da Agência Nacional de Águas 
(ANA, 2020). 
HIOROL081A . 
•• 
Interação entre águas subterrâneas e águas superficiais 
Com as novas questões sobre a sustent abilidade dos recursos hídr icos 
frente ao aumento da demanda pelas atividades humanas, pelo cresci-
mento populacional e pela degradação dos ambientes aquáticos. tornou-
-se importante considerar as águas subter râneas e as águas superficiais 
como um único recurso que integra um mesmo sistema. pois essas águas 
estão inteiramente relacionadas. Por exemplo. um aquífero comprometi-
do pode. com o tempo, descarregar seus contaminantes em um rio que é 
aliment ado por suas águas subterrâneas. 
Entende-se por água subt errânea aquela que circula sob a superfície 
do t erreno, encont rada nos poros existentes entre as par tículas de solo 
não consolidado ou armazenada nas fraturas e poros das rochas subja-
centes. 
Seu processo de formação t em início com a in filtração da água no 
solo. que passa por uma camada conhecida como zona não saturada, 
onde os poros são preenchidos t anto por água quanto por ar. Par te desta 
água é absorvida pelas raízes das plant as. por outros organismos vivos 
ou evapora, e o restante continua em moviment o descendente devido à 
ação da gravidade. acumulando-se nas zonas mais prof undas e preen-
chendo totalmente os poros, formando a zona saturada. 
HIOROL081A . 
DIAGRAMA 2. REPRESENTAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SOLO DE 
UMA BACIA HIDROGRÁFICA 
Zon;1 CM 
saturação 
Superfície do solo 
Zona de.igua 
subtmâne. 
Água doso'° 
.,,. 
lmoermeffll 
Fonte: MANOEL FILHO. 2008, p. 58. (Adaptado}.. 
N:ív,ei de ascensçio 
a pilat 
A superfície freática (ou lençol freát ico) representa o limite entre as zonas 
de saturação e aeração. sendo definida como superfície na qual a pressão de 
fluido nos poros é exatamente a atmosférica e a carga hidráulica em qualquer 
ponto do nível freático é igual à sua elevação naquele ponto. Normalmente. o 
lençol freático segue a superfície do terreno e a sua configuração é uma função 
da geometria da superfície, da taxa e da localização da recarga e descarga da 
água subter rânea, das propriedades e extensão do aquífero e das unidades 
confinantes adjacentes. Os aquíferos são camadas ou formações geológicas 
suficientemente permeáveis para permitir o movimento natural da água em 
seu interior. Consistem, então, em reservatórios capazes de armazenar e de 
transmitir a água subterrânea. 
A água subterrânea se move aba ixo dasuperfície da terra e é uma im-
portante fonte de água para rios, córregos, lagos e pântanos. Por vezes, a 
água da superfície entra no solo para armazenamento e retorna à super fí-
cie quando a água superficial se encontra baixa em razão de períodos de 
seca ou retirada/drenagem para algum uso. As águas subterrâneas podem 
perdurar no subsolo por alguns dias, semanas, anos, décadas. séculos ou 
milênios antes de retornar à superfície. 
Em grande parte do território brasileiro, o fluxo de base provindo dos aquí-
feros alimenta os rios e os preserva perenes nos períodos secos. Por isso, a in-
HIDROL081A. 
teração das águas subterrâneas com as águas superficiais é um elemento-cha-
ve do ciclo hidrológico e para a compreensão dos processos que acontecem em 
uma bacia hidrográfica. conforrne apresentado na imagem a seguir. 
Flg\lra S. Panorama de JnteraçAo entre as águas subterraneas e as Aguas superl\cla.6. fonte: WINTER. 1998, p. 4. 
Os córregos interagem com as águas subterrâneas em todos os t ipos de pai-
sagens. Tais interações ocorrem por meio de três maneiras básicas: por fluxos 
de ganho. quando a água subterrânea alimenta o corpo hídrico através de seu 
leito; por fluxos de perda, quando os córregos alimentam as águas subterrâ-
neas pelo leito: e por meio da combinação dos fluxos de ganho e dos fluxos de 
perda ao longo da zona de interação. 
FLUXO Df GANHO 
'---
FLUXO OE PfROA 
'----
Flg\lra 6. Reia,ç.aoentre as águas supertklais e subtenaneas de uma baCJa hldrogá-fk.a (ftuxos de ganhe> e de petda}. 
FOl"lt« WINTER, 1998. p. 9. (Ad.iptitdo}. 
HIOROL081A . 
Para que a água subterrânea alimente um canal. a altura do lençol freático na 
proximidade da corrente deve ser maior que a altitude da superfície da água do 
canal. Por outro lado. para que as águas superficiais infiltrem-se nas águas subter-
râneas, a altitude do lençol freático nas proximidades do riacho deve ser inferior à 
altitude da corrente de água superfície. Os contornos da elevação do lençol freático 
indicam os fluxos de ganho apontando para urna direção a montante, e indicam 
fluxos de perda apontando na direção à jusante nas imediações do canal. 
Entende-se montante como seção de um curso de água que se encontra entre 
um ponto de referência e a sua nascente. Por exemplo. um ponto à montante de 
urna represa está localizado antes da própria represa, no sentido da corrente do 
rio. E, por jusante. compreende-se a seção de um curso de água localizada entre um 
determinado ponto de referência e a sua foz. 
O Diagrama 3, parte A. indica um fluxo de ganho, pois as linhas de contorno 
d'água estão em direção contrária do fluxo onde cruzam o córrego. E a parte B mos-
tra o caso do fluxo de ganho, pois as linhas de contorno estão na mesma direção do 
fluxo que corta o córrego. 
DIAGRAMA 3. IDENTIFICAÇÃO DOS FLUXOS DE GANHO E PERDA EM UMA BACIA 
HIDROGRÁFICA POR MEIO DE LINHAS DE CONTORNO DOS NÍVEIS DE ÁGUA 
SUBTERRÃNEA 
= 
,_,- . . 
Contorno do mvel d'agua - 60----- 100 
linha de fluxo d'agua so-
subterrânea 
Contorno do nível d'#fiºª 
~ -
Rio 
30-
V 
- 3. 
Rio \ 80 -- tinha de fluxo d'agua \ subterrânea 
70 -
20-
- 20 • 
A B 
Font~ WINTER. 1998, p. 9. 
Dependendo da configuração local da bacia hidrográfica. os fluxos podem 
estar conectados pela zona saturada contínua ou desconectados pela zona não 
saturada. Alguns cursos d'água podem sempre apresentar uma dinâmica de 
HIOROL081A. 
fluxo de ganho e outros cursos podem sempre apresentar fluxos de perda, 
porém, alguns trechos podem apresentar uma d inâmica alternada. 
A relação entre as águas superficiais e subterrâneas de uma bacia também 
ocorre em reservatórios nat uras, como lagos. Embora as interações básicas se-
jam as mesmas dos córregos. o nível da água dos lagos naturais, isto é. aqueles 
não controlados por barragens, geralmente não muda tão rapidamente quanto 
o nível da água dos córregos. 
Normalmente, a evaporação tem 
um efeito maior nos níveis dos reser-
vatórios naturais quando comparada 
com a dos rios. pois a área da super-
fície dos lagos é geralmente maior e 
menos sombreada e também porque 
a água do lago não é reabastecida tão 
rapidamente quanto a de um córrego. 
Os lagos estão presentes em diversas partes da paisagem e possuem sis-
temas complexos de fluxos hídr icos. Os reservatórios naturais geralmente 
apresentam maiores volumes de depósitos orgânicos do que os cursos d'água. 
Esses depósitos orgânicos pouco permeáveis podem afetar na distribuição de 
infiltrações e nas trocas biogeoquímicas de água e de solutos. 
Os reservatórios criados pelo homem, os quais são construídos, em sua 
maior ia. nos vales dos cursos d'água, apresent am tanto caracter íst icas de 
lagos, quanto de cór regos. Projetados pr incipalmente para cont rolar o flu-
xo e a distr ibuição das águas superficiais, esses reservatórios podem ter 
níveis bastante flut uantes devido ao fluxo contínuo de água através deles. 
Entretanto. como ocor re nos lagos, os reservatórios podem ter perda signi-
ficat iva de água por evaporação, ciclagem relevante de materiais químicos e 
biológicos em suas águas e extensas trocas biogeoquímicas de solutos com 
sedimentos orgânicos. 
A interação hídrica superficial e subterrânea é feita. ainda, em zonas úmidas 
ou alagadas, como nos pântanos e brejos. As zonas úmidas estão presentes em 
condições de clima e relevo que fazem com que as águas subterrâneas escoem 
para a superfície ou que impeçam a drenagem rápida da água da superfície. 
Semelhante aos córregos e lagos, as áreas úmidas podem receber entrada de 
HIOROL081A . 
água subterrânea, recarregar a água subterrânea ou apresentar características 
de ambas as interações. 
As zonas úmidas que ocupam depressões na superfície terrestre têm inte-
rações com as águas subterrâneas semelhantes a lagos e córregos. No entanto, 
essas áreas alagadas também podem estar presentes em dec.lives (como pân-
tanos). As zonas úmidas em áreas r ibeirinhas e costeiras têm interações hidro-
lógicas espec.ialmente complexas porque estão sujeitas a alterações periódicas 
no nível da água. Algumas zonas úmidas nas áreas costeiras são afetadas por 
ciclos de maré previsíveis. Outras zonas úmidas costeiras e fluviais são mais 
afetadas pelas mudanças sazonais no nível da água e pelas inundações. 
Os efeitos combinados da precipitação, evapotranspiraçâo e interação com 
as águas super ficiais e subter râneas resultam em um padrão distinto de pro-
fundidade das águas nas zonas úmidas. 
O hidroper íodo é um termo comumente utilizado na ciência para se refe-
rir à ampl itude e f requência das flutuações no nível da água. O hidroper íodo 
afeta todas as característ icas das zonas úmidas, incluindo o tipo de vegeta -
ção, ciclagem de nutrientes e os tipos de invertebrados, peixes e espécies 
de aves presentes. 
Tem-se que a interação das águas subter râneas e das águas superficiais 
envolve muitos processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em 
uma variedade de configu rações fisiográficas e climáticas. Por isso, as preo-
cupações e os estudos de como essas interações ocor rem em uma bacia 
hidrográfica são fundamentais para a uti lização est ratégica dos recursos 
hídricos frente a questões relacionadas ao abastecimento de água, contami-
nação dos corpos hídr icos, acidi ficação das águas superficiais causada pela 
deposição atmosférica de sulfato e nit rato; eut rofização de lagos; perda de 
áreas úmidas devido ao desenvolvimento e urbanização, além de outras 
mudanças nos ambientes aquáticos. 
•• 
Uso e gestão das águas 
Mundialmente, a agr icult ura representa cerca de 70% do total de consumo 
de água doce e, em países menos industrializados, estima-se que essa de-
manda seja de aproximadamente 90% do total de consumo. De acordo com 
HIOROL081A . 
dados da World Water Assessment Programme (WWAP, 2012), caso não ocorra 
uma melhora na eficiência hídrica, o consumo mundial pela agricultura au-mentará 20% até 2050. A uti lização das águas subter râneas como fonte para 
a ir rigação, cerca de 38% das áreas irr igadas, elevou o aumento do consumo 
nos últ imos 50 anos. 
Além da agricultura, estima-se que a indústria seja responsável por apro-
ximadamente 19% do consumo total da água doce. O setor energético re-
presenta cerca de 15% desse total e os 4% restantes são utilizados pelas in-
dústrias pesadas e de manufatura (desconsiderando os casos de pequenas 
e médias indústr ias pertencentes aos sistemas municipais de distribuição), 
Importante para diversos fins. a água pode ser utilizada de modo consun-
t ivo (quando o recurso é captado em seu curso natural e apenas uma parte, 
geralmente de qualidade inferior a inicial, retorna ao curso normal); não con-
suntivo (em que toda a água captada retorna com a mesma qualidade e quan-
t idade para o curso) e local (usos que aproveitam a disponibilidade natural 
em sua fonte sem causar qualquer modificação relevante). 
A poluição hídrica, entendida como alterações nas caracter ísticas físi-
cas, quím icas ou biológicas de águas naturais em função das ativ idades 
humanas. ocorre por meio de diferentes fontes que são classificadas entre 
pontuais e difusas. 
As fontes pontuais lançam seus efluentes nos corpos hídricos de forma con-
centrada, o que permite identificá-las com maior facilidade a fim de mit igar seus 
efeitos de modo mais eficaz. Os principais exemplos de fontes pontuais ocorrem 
com o lançamento de esgotos domésticos, efluentes industriais, minas subterrâ-
neas e navios petroleiros. 
As fontes difusas resultam de ações dispersas na bacia hidrográfica. Seus po-
luentes. por serem depositados forma esparsa. chegam à rede de drenagem de 
modo intermitente. As cargas difusas estão relacionadas com a geologia. uso do 
solo e morfologia da bacia. apresentando maior aporte em períodos de chuva. 
O trabalho de identificar e mensurar essas fontes é complexo e exige nume-
rosos pontos de monitoramento e diversas técnicas de amostragem. Entre as 
fontes difusas, tem-se como exemplo a infiltração de agrotóxicos provenientes 
da produção agrícola e os poluentes de áreas urbanas que são carregados até 
os rios após um período de chuva. 
HIOROL081A . 
A Figura 7 ilustra como a poluição das águas de uma bacia hidrográfica 
acontece tanto em ambientes urbanos, quanto em ambientes rurais. 
Plan"'{ão 
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Flg\lra 7. Fontes de poluiç;ao Ndrlca {.POntuase difusas). fonce; ~ 2005, p. 83. 
O processo de eutrofização das águas interiores é uma das consequências 
do aumento da poluição e da produção de resíduos. Definida como a modif i-
cação de um nível de estado trófico para outro superior, a eutrofização ocorre 
com maior frequência em ambientes lênticos, ecossistemas de água parada ou 
de baixo fluxo, como lagos e represas, quando comparada aos ambientes lót i-
cos, como os rios, onde a eutrofização é controlada pela turbidez e velocidade 
do fluxo de água. 
A modificação dos ambientes naturais vem acelerando a eutrofização das 
águas brasileiras. Por consequência, os corpos d'água têm apresentado anae-
robiose, mortalidade da fauna, toxicidade de algas, aumento do custo do t rata-
mento da água e redução da navegação, além de prejuízos para o uso da água 
em aproveitamentos hidrelétr icos. 
A falta de água também está relacionada com a escassez hídrica, 
uma consequência da variabilidade hidrológica e do aumen-
to da pressão na demanda pelo uso do recurso. Os riscos 
menS<1is de escassez de água são maiores ao Sul da África 
e ao norte da China, porém, riscos expressivos de escas-
sez S<1zonal podem ser observados em todos os continentes. 
HIOROL081A . 
Os efeitos sobre a qual idade e a quantidade da água doce, somados ao 
rápido crescimento da população mundial e à concentração da população em 
grandes cidades, j á são percebidos em vár ias localidades. Dados da Organi-
zação Mundial da Saúde mostram que quase metade da população mundial 
não tem acesso ao saneamento básico e que uma a cada seis pessoas não 
possui sistema apropriado de abastecimento de água (MMA 2016). 
Nesse sentido, a gestão dos recursos hídricos é essencial para garant ir a 
sustentabilidade no uso das águas. O planejamento e os est udos realizados 
como parte da gestão se caracterizam como medidas para regular o uso, o 
controle e a proteção desses recursos em conformidade com a legislação e 
normas relacionadas. 
O manejo integrado dos recursos hídricos e das 
bacias hidrográficas tem como objetivo adequar as 
demandas com a preservação ambienta l. buscando 
minimizar as interferências antrópicas sobre as 
características biofísicas dessas unidades. Para 
isso, utiliza-se dos conhecimentos multidiscip li-
nares e da gestão participativa (sociedade civil. 
usuários, instituições de ensino e pesquisa, pla-
nejadores e governo). 
HIOROL081A . 
•• 
Legislação das águas 
A lei nº 9.433 de 8 de j aneiro de 1997. também conhecida como Lei das 
Águas, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). responsável 
por criar ferramentas para a gestão dos recursos hídricos de domínio federal 
(que se encontram em mais de um estado ou nas zonas de fronteira) e pelo 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). A 
Lei das Águas, enunciado do art . 3°, cap. Il i, t it . 1, lei nº 9.433, ressalta a im-
portância da gestão sistemática dos recursos hídricos sem a dissociação dos 
aspectos relativos à qualidade e quantidade das águas. 
' , 
, ' 
DICA 
Os órgãos gestores dos recursos hídricos fazem pane do SINGREH e 
atuam de forma articulada com os demais sistemas. Para conhecer mais 
sobre os órgãos gestores, acesse o endereço httpsJtwww.ana.gov.br/ 
gestao-da-agua/sistema-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos/orga-
os-gestores. 
A PNRH, por meio dos planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas, 
forneceu condições para identificar e arbitrar sobre os conflitos pelo uso das 
águas. Com caráter descentralizador, elaborou um sistema de gestão partici-
pativo por meio da criação de comitês de bacias e integrado nacionalmente. 
Garantiu. ainda, maior abrangência ao Código das Águas (1934) ao estabe-
lecer o entendimento dos usos mult ipolos do recurso e ao priorizar o abas-
tecimento humano e dessedentação animal em casos de escassez, tornando, 
assim. a gestão dos recursos hídricos democrática. 
Para a gestão das águas, a lei nº 9.433/97 possu i os seguintes instru -
mentos: planos de recursos hídr icos e enquadramento dos corpos de água 
em classes. a outorga dos d irei tos de uso de recursos hídricos, a cobrança 
pelo uso de recursos hídricos e o Sistema Nacional de Informações sobre 
Recursos Híd ricos. 
Os planos de recursos hídricos definem, com base em documentos, a agen-
da dos recursos hídricos. informando os projetos, obras e invest imentos pr io-
ritários de uma região. Dessa forma, conseguem fornecer informações impor-
tantes para os bancos de dados da ANA. 
HIOROL081A . 
Os planos são produzidos nos níveis da bacia hidrográfica, estadual e 
nacional e, por seu ca ráter participativo, contam com o envolvimento da 
sociedade civil. dos usuários e de diversas outras instituições. O enqua-
drament o dos corpos hídricos pela PNRH institui o nível de qual idade a 
ser alcançado ou mantido ao longo do tempo. 
A ANA atua por meio do SINGREH, elaborando planos para o gerencia-
mento hídrico de domínio da união, ou seja. aqueles nos quais o cu rso 
d'água abrange mais de um est ado ou país. Nas demais esf eras, oferece 
apoio t écnico para a elaboração dos planos. 
A cobrança pelo uso da água visa obter recursos para a recuperação 
das bacias hidrográficas nacionais. estimular o investimento em despo-
luição, fornecer um va lor coerent e para a utilização do recurso e incenti-
var o uso de t ecnologias limpas. A cobrança não se refere aos impostos 
ou t ar ifas cobrados pelas d istribuidorasde água, mas à uma remunera-
ção pelo uso do bem púb lico. 
Assim, todos os usuári os que captam água, lançam efluentes ou uti-
lizam o recurso de modo não consu lt ivo diretamente devem realizar o 
pagamento do valor regu lado. Ova-
lor da cobrança é definido de forma 
participativa em um dos Comitês de 
Bacia Hidrográfica. Para isso, são 
consideradas questões como: quem 
usa e polu i mais os corpos de água, 
paga mais; quem usa e polui menos, 
paga menos. 
O acompanhamento da gest ão 
dos recursos hídr icos no âmbito 
da PN RH é f eito a cada quatro a nos 
com o Relatório de Conjuntura dos 
Recursos Hídr icos. no qual rea li-
za-se o cumpr imento de objetivos 
preestabelecidos como a imple-
mentação de ferramentas do plane-
jamento, entre outras. 
HIOROL081A . 
•• 
Parâmetros físicos 
Entender os parâmetros que explicam o funcionamento de uma bacia hi-
drográfica é fundamental para compreender o sistema como um todo. Tais 
parâmetros podem estar relacionados aos processos gerais das bacias ou à 
apenas uma parte do sistema. Estes parâmetros podem ser classificados: 
• Parâmetros físicos: área, fator de forma, alt itude média. declividade 
média, densidade e padrão de drenagem, número de canais, d ireção do es-
coamento superficial, comprimento da bacia, hipsometr ia (relação entre área 
e altitude). orientação da bacia hidrográfica, dimensão e forma dos vales; 
• Parâmetros geológicos: t ipos de rochas, de solos e de sedimentos flu-
viais; 
• Parâmetros de vegetação: cobertura vegetal, espécies. densidade, índi-
ce de área foliar, biomassa. 
As relações existentes nas bacias hidrográficas são complexas e dinâmi-
cas; e para o entendimento dessa dinâmica de funcionamento. é importante 
realizar um estudo fisiográfico. isto é, uma análise física das características 
que influenciam direta ou indiretamente o seu comportamento hidrológico. 
Assim sendo. para compreender as relações ent re os parâmetros físicos e 
como esses influenciam no comportamento hidrológico, é necessário expres-
sar em termos quantitat ivos as caracter ísticas relacionadas à forma (a área 
da bacia, sua forma geométrica etc.), aos processos (escoamento superficial, 
deflúvio etc.) e às suas inter-relações. O levantamento dos parâmetros. utili-
zados para caracterização da bacia, pode ser feito por meio de cartas topo-
gráfica. mapas. imagens de satéli te e trabalhos de campo. 
A seguir, serão apresentados alguns parâmetros físicos mais utilizados. 
Área da bacia 
A área da bacia diz respeito à sua área de drenagem, sendo obtida com 
base em um determinado ponto ao longo do canal, corresponde à área plana 
entre os divisores de água projetada verticalmente. A área engloba todos os 
pontos situados a altitudes superiores ao exutório e dentro do divisor. 
A área é o elemento básico para o cálculo das outras características físicas. 
O conhecimento desse parâmetro possibil ita estimar, por exemplo, qual o 
volume precipitado de água, para uma certa lâmina de precipitação. 
HIOROL081A . 
A área é usualmente expressa em km' . e sua determinação pode ser feita 
a partir de fotografias aéreas, cartas topográficas ou levantamento de campo 
com o uso de um aparelho denominado planímetro. 
EXEMPLIFICANDO 
Como exemplo, a bacia do rio lietê, no estado de São Paulo, tem uma 
área estimada em 72.391 km', enquanto que a área da bacia dos rios 
Piracicaba-Jundiaí é de cerca de 12.531 km'. 
Forma da bacia 
A forma está relacionada à delimitação da área da bacia e possui influên-
cia no tempo de concentração (t) t ranscorr ido entre a ocorrência da precipi-
tação e o escoamento na saída da bacia. 
Tempo de concentração (t) : definido pelo tempo que uma gota de 
chuva. que cai no ponto mais distante do exutório. leva 
para atingir a saída da bacia. O tempo de concentração 
tende a ser menor em bacias com formato mais ar-
redondado do que em bacias alongadas, mesmo que 
tenham a mesma área. 
Rede de drenagem da bacia hidrográfica 
A rede de drenagem é formada pelos r ios principais e seus afluentes. O r io 
principal é definido por ser aquele que apresenta o curso d'água mais exten-
so, desde a cabeceira até o exutório da bacia. 
Para detalhar a rede de drenagem são util izados quat ro indicadores: or-
dem dos rios, densidade de drenagem. extensão média do escoamento su-
perficial e a sinuosidade do curso d'água principal. 
Relevo da bacia 
As características referentes ao relevo da bacia hidrográfica têm influência 
direta sobre o deflúvio (escoamento superficial), atuando sobre a velocidade do 
escoamento e no armazenamento da água na superfície do solo. Contudo, o re-
levo também influencia a precipitação, a evaporação e a temperatura, por serem 
processos em função da altitude, dentre outras variáveis. 
Para descrever o relevo da bacia são utilizados alguns indicadores, dentre eles: 
declividade da bacia, declividade do curso d'água principal, curva hipsométrica. 
HIOROL081A . 
Ressalta-se que a estrutura geológica da bacia hidrográfica influencia sig-
nificativamente em suas caracter ísticas físicas. A gestão ecossistêmica da ba-
cia, deve, portanto, considerar a interdependência dos ele-
mentos que a compõem. bem ao seu estado transicional 
que apresenta em função dos processos que ocorrem 
ao longo do tempo, buscando mitigar os efeitos das ati-
vidades antrópicas sobre o meio ambiente. 
HIOROL081A . 
Sintetizando • 
Ao longo da unidade, foi possível perceber que a água é um recurso es-
sencial para a vida no planeta. A contextualização buscou mostrar a impor-
tância dessa ciência para o aproveitamento de água pelo homem. Além das 
preocupações com a relação de sustentabilidade e preservação dos ecos-
sistemas, a hidrologia garante as bases para projetos que possibil itam, ao 
homem, modificar o meio em função das suas necessidades. 
A hidrologia é aplicada em projetos de engenhar ia que tratam da escolha 
das fontes de abastecimento de água para uso doméstico ou industr ial. de 
obras hidráulicas, de regular ização de cursos d'água e cont role de inunda-
ções, da análise da capacidade de recebimento de corpos receptores dos 
efluentes de sistemas de esgotos: vazão mínima de cursos d'água, capacida-
de de reação e velocidade de escoamento, construções de bar ragens, apro-
veitamento hidrelétr ico, entre out ros. 
Em seguida, abordamos os fundamentos teóricos da hidrologia a fim de 
fornecer as bases necessárias para o entendimento dos fenômenos hidro-
meteorológicos que devem ser considerados em qualquer aplicação da en-
genhar ia. Para isso, tanto as etapas e os processos do ciclo hidrológico fo-
ram ca racterizados (tais como escoamento, infiltração, t ranspi ração e fluxos 
hídricos entre águas superficiais e subterrâneas), como os efeitos de suas 
inter-relações foram context ualizados na unidade da bacia hidrográfica. 
No tópico sobre ciclo hidrológico, vimos que o ciclo da água, ou ciclo 
hidrológico, é um sistema fechado e definido como um processo contínuo 
pelo qual a água é purificada por evaporação e transportada da superfície 
da terra (incluindo os oceanos) para a atmosfera e retorna a ter ra e oceanos 
por meio da precipitação. O ciclo hidrológico engloba todos os processos 
físicos, químicos e biológicos que envolvem a água, enquanto ela percorre 
seus vár ios caminhos na atmosfera, acima e abaixo da super fície da terra e 
através da vegetação. 
Por fim, definimos as bacias hidrográficas como áreas da superfície ter-
restre que funcionam como receptores nat urais da precipitação hídrica. Se-
paradas topograficamente, as bacias horográficas são delimitadas com base 
nas maiores cotas alt imétr icas, denominadas de divisores de água. Assim, 
HIOROL081A . 
todo volume de água que não infil tra no solo é escoado das áreas mais altas 
para as mais baixas até alcançar um curso de água que compõe rede de 
drenagem da bacia. Os rios possuem uma hierarquia e transportam a água 
até um r io principal.HIOROL081A . 
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HIOROL081A . 
UNIDADE 
~ 
~ 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Apresentar a importância da delimitação de bacias hidrográficas: 
Fornecer fundamentos teóricos básicos para o entendimento da delimitação 
topográfica e caracterização fisiográfica de uma bacia: 
Fornecer conhecimentos para o cálculo dos coeficientes relacionados a uma 
bacia e contextualizar suas implicações: 
Identificar e contextualizar padrões de drenagem e a classificação dos cursos 
d'água. 
Tópicos de estudo 
Delimitação de bacias hidrográ-
ficas 
Delimitação topográfica de 
bacias hidrográficas 
Caracterização fisiográfica e 
morfológica de bacias hidrográ-
ficas 
Cálculo de coeficiente de com-
pacidade <Kc) 
Cálculo de coeficiente de forma 
(K,) 
· Classificação dos cursos d'água 
Classificação de acordo com as 
características de fluxo 
Classificação de acordo com a 
ocorrência dos cursos d'água 
Hierarquia fluvial 
· Padrões de drenagem e distri-
buição da energia fluvial 
Distri buição da energia fluvial 
HIOROL081A . 
O Delimitação de bacias hidrográficas •• 
Nos estudos referentes à hidrologia, o conhecimento a respeito das bacias hi-
drográficas é de vital importância. Ele é o elemento-base do funcionamento do 
ciclo hidrológico, com espec.ial atenção para a fase terrestre que diz respeito aos 
processos de infiltração e escoamento superficial (SILVEIRA. 1993). 
A bacia hidrográfica pode ser definida como urna área de captação de água 
proveniente das chuvas (precipitação) em que o escoamento é direcionado para 
um único ponto de saída. Sendo assim, é uma área geográfica composta por uma 
rede de drenagem (rios e afluentes) que converge para o exutório, em que o limite 
superior é delim itado pelo divisor de águas, e o lim ite inferior é a região de con-
fluências (saída da baóa). 
São sinônimos de bacia hidrográfica: bacia de captação. bacia coletora, bacia 
de drenagem superficial. bacia de contribuição, baóa imbrífera e baóa hidrológica. 
O crescimento da população e a intensificação das atividades antrópicas vêm 
aumentando a demanda por recursos hídricos. Além dos usos vitais da água, o 
recurso ainda é direcionado para a produção industrial, para a agricultura e para 
o abastecimento urbano. Desse modo. sua gestão deve abranger tanto seus usos 
múltiplos. quanto seus aspectos quantitativos e qualitat ivos. 
Por isso, a Polít ica Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), inst ituída pela Lei 
n. 9.433, de 8 de j aneiro de 1997, considera a bacia hidrográfica como a unidade 
territorial para o planejamento dos recursos hídricos (BRASIL. 1997). 
A bacia hidrográfica enquanto unidade de manejo permite analisar as inte-
rações entre os elementos físicos e antrópicos de forrna integrada. É possível 
entender a bacia hidrográfica como uma área de drenagem de água, sedimen-
tos e materiais em solução que convergem para uma mesma saída, e para o 
seu monitoramento hidrológico. é possível dividir as bacias em representativas 
e elementares. 
Baóas representat ivas são aquelas que possuem até 250 km2, sendo equipa-
das com aparelhos que permitem a observação e o registro do comportamento hi-
drológicoao longo de uma região homogênea. O acompanhamento dessas bacias 
é feito durante longos períodos (acima de trinta anos. quando possível) e os dados 
recolhidos servem para análises posteriores em diferentes áreas do conhecimen-
to, como climatologia. geologia e pedologia. 
HIOROL081A . 
Em relação à geomorfologia, as bacias elementares são as menores unidades 
nas quais todos os processos fundamentais do ciclo hidrológico acontecem, e nor-
malmente possuem até 5 km2, 
Adicionalmente, existem as bacias experimentais, que são aquelas destinadas 
a estudos acadêmicos. Apresentam-se como unidades experimentais, com áreas 
menores do que 4 krn2. sendo bastante homogêneas em relação a as-
pectos físicos, como cobertura do solo. 
Quando essas bacias têm seu meio natural modificado. são 
selecionadas para os estudos que buscam compreender como as 
alterações afetam o comportamento hidrogeológico. 
•• 
Delimitação topográfica de bacias hidrológicas 
A delimitação da bacia hidrográfica pode ser feita por meio de um divisor topográ-
fico, que representa uma linha que corta os pontos mais elevados do terreno. como 
topos de morro em torno de uma rede de drenagem (RODRIGUES; ADAMI, 2005), 
Os divisores de água são importantes para a modelagem ambiental e se caracteri-
zam como a etapa inicial para a representação geoespacial da bacia. 
□-.... _ ... --• •• . ... .. --... --... ... . ... ... ... ... ·-
Figura 1. Produto da deirnitaÇ)o topogáflca de uma ~la hldrográtlc.a. fonte; NK:Ol.ETE et at. 2015. (Adaptado). 
HIOROL081A . 
A unidade de análise espacial da bacia é definida a partir de cartas topo-
gráficas, d igitalizadas ou impressas, que permitem traçar o divisor topográfico. 
Atualmente, por meio das geotecnologias, o divisor de bacias pode ser encon-
trado com a utilização de modelos automáticos. 
Tais modelos, conhecidos como Modelos Digitais de Elevação (MOE), são ge-
rados a partir de imagens de sensoriamento remoto, como as obtidas por satélite, 
que são processadas em programas de sistemas de informações geográficas (SIG). 
ASSISTA 
Com as técnicas de sensoriamento remoto e as tecnolo-
gias computacionais, a altimetria e a representação da 
superfície do terreno puderam ser modelados por Mo-
delos Digitais de Elevação (MOE). Os mapas gerados por 
MOE possibilitam tanto a visualização de extensas áreas 
contínuas, quanto a individualização de feições específi-
cas do relevo, como áreas íngremes e vales. 
Para saber mais sobre as técnicas computacionais de 
representação da superfície, assista ao vídeo Modelos 
Digitais de Elevação para esrudos ambienrais. 
Contudo, também pode ser realizada a delimitação manual das bacias hidro-
gráficas, e de acordo com Sperling (2007), as seguintes etapas sJo propostas: 
• Encontrar o exutório: é a partir desse ponto que a linha do divisor de 
águas será traçada. O exutório se localiza no t recho de menor alt itude do curso 
d'água principal; 
• Realçar as linhas que representam o curso d'água principal e seus tri-
butários: os rios tributários cortam as curvas de nível a partir das áreas mais ele-
vadas (onde as nascentes se encontram) para as áreas de menor elevação. Isso 
permite localizar os fundos de vale, que são as partes mais baixas do terreno; 
• A partir do exutório e com base nas curvas de nível é possível encon-
trar o l imite que separa duas bacias hidrográficas. O divisor de águas corta as 
curvas de nível ortogonalmente, liga os pontos de maior elevação e contorna 
as nascentes dos tributários do curso d'água principal; 
• Para definir o traçado que separa as bacias, deve-se verificar a direção 
do escoamento da água pluvial; isso é feito considerando os topos de morro 
(maiores alt itudes), assim, a inclinação da bacia deve concordar com a sua rede 
de drenagem para que a água escoe da maior para a menor elevação. Quando 
a declividade ocorre de forma oposta à rede d e drenagem, tem-se a indicação 
HIOROL081A . 
de outra bacia hidrográfica. As regiões que se encontram entre os topos de 
morro são chamadas de selas; 
• A delimitação da bacia termina quando o t raçado do divisor de águas 
encontra o ponto identificado como o exutório. 
Divisor de águas 
Figure 2. Locallaç.ao do exutórtona rede oe dreMgemde uma bacia hldrog,Aftca e do dl>M<W de &guas de entte duas 
badas. Fonte: SPERLING,. 2007. (A.dapt.M:to}. 
Uma das maneiras de conferir e facilitar a definição dos limites é diferenciar 
os talvegues dos divisores de águas. Talvegues correspondem às depressões 
do terreno e são encontrados nos pontos em que as curvas de nível são contrá-
r ias ao sentido de inclinação do relevo, mostrando, com isso, onde há concen-
tração de escoamento. Inversamente aos talvegues, os divisores de água apre-
sentam curvas de nível concordantes com o sentido de inclinação do terreno, 
indicando o escoamento ortogonal da água em direção aos talvegues. 
HIOROL081A . 
Concentradores de .ig:uas 
• Côncavos 
• linhas de drenagem 
Vale 
leito 
Talvegue 
e Talvegue seco 
Oispensores de ~as 
• Convexos 
• Espigio ou linha cu.meada 
e Topo de morro 
e s.,., 
Figllra 3. RepresetGÇJo dos etementos t~Atlcos de uma bacia hldt'Olôglc.a. Fome: smros. R. E. A. et ai., 2017. (Adaptado). 
O formato das curvas de nível caracterizam o relevo. Relevos côncavos 
concentram a precipitação que cai no terreno, e relevos convexos são formas 
dispersoras de precipitação. Identi ficando as cotas mais altas e as cotas mais 
baixas, podemos concluir onde estão os topos de mor ros. A partir disso, é pos-
sível identi ficar os espigões e os talvegues. 
Os espigões cor respondem aos pontos extremos das curvas de nível que 
originam relevos convexos. O t raçado formado que se configura entre esses 
pontos corresponde aos limites das bacias, sendo denominado, ainda, como 
linha de cumeada. 
Os talvegues correspondem aos pontos extremos das cu rvas de 
nível que or iginam relevos côncavos. Ao t raçar a linha que conecta 
esses pontos, tem-se a linha de d renagem. Os talvegues 
indicam o caminho preferencial das águas superfi-
ciais e são associados aos leitos dos rios. 
Com base nas curvas de nível, é possível de-
terminar a direção do escoamento superficial da 
precipitação pluvial. 
HIOROL081A . 
Figura 4. Determlll\açJo do escoamenro superMal da Agua por melo de curvas de tMI. Fonte: FRAGOSO JÔN10R, 
2012. (Adaptado). 
Assim, uma vez que a água escoa na direção da declividade, as linhas de 
escoamento são or togonais às curvas de nível. 
•• 
Caracterização fisiográfica e morfológica de bacias 
hidrográficas 
As análises dos componentes relacionados à drenagem, ao relevo e à 
geologia de uma baca hidrográfica servem como suporte para a compreen-
são de diversas questões associadas à dinâmica ambiental local. 
As informações obt idas nos estudos hidro lógicos são essenciais para a 
elaboração de projetos de engenharia, pois facil itam a tomada de decisão e 
indicam os parâmetros que podem ser modificados de acordo com os obje-
tivos estipulados (LIMA, 2008; SANTOS, A. M. et ai., 2012). 
As relações existentes nas bacias hidrográficas são complexas e dinâmi-
cas, por isso, reconhecer os parâmetros físicos que caracterizam o local é 
fundamental para a compreensão do sistema. 
Nesse sentido, o estudo fisiográfico possib il ita compreender os aspectos 
físicos que influenciam no comportamento hidrológico da bacia hidrográfi-
ca. Para isso, é necessár io expressar em termos quantitativos as caracterís-
t icas relacionadas à forma (como área e geometria), aos processos (como 
infiltração e escoamento) e às inter-relações que ocorrem dentro do sistema 
(LIMA, 2008), 
HIOROL081A . 
A compreensão de uma bacia hidrográfica por meio da caracterização mor-
fométrica tem por objetivo compreender as dinâmicas locais e regionais; e per-
mite identificar. por exemplo, áreas de r isco para ocupação e compreender a 
evolução natural da paisagem (TEODORO et ai., 2007), 
Dessa maneira, a análisemorfométrica das bacias hidrográficas pode ser 
feita a partir de características geométricas, de relevo e da rede de drenagem. 
Para caracterização geométr ica, destacam-se os dados de área, períme-
tro, perfil longit udinal, declividade. orientação da bacia, índice de circularida-
de, densidade hidrográfica, densidade de drenagem e tempo de concentração 
(FLINKER, 2012; SANTOS, A. M. et ai., 2012), descritos a seguir : 
• Área: importante para definir o potencial de geração de escoamento, pois 
o seu valor mult iplicado pela lâmina da chuva precipitada caracteriza o volume 
de água recebido pela bacia. É encontrada por meio da projeção vertical da li-
nha do divisor de águas sobre o plano horizontal. sendo expressa em hectares 
ou quilômetros quadrados. Pode ser obt ida. ainda, por planimetragem de ma-
pas ou por cálculos a partir de mapas digitalizados, utilizando as ferramentas 
computacionais do sistemas de informações geográficas; 
• Perfil longitudinal: os perfis longitudinais mostram a variação das cotas al-
timétricas ao longo do rio principal e são obtidos pelos mapas planialt imétricos. 
1200 O 20 40 60 80 100 120 
1000 Trecho A 
-E Trecho B -~ 800 .,, 
a 
:;;; .. 
600 
400 
o 20 40 60 80 100 120 
Extensão (km) 
Flgur• 5. Representa~o dopef'N longltudlnal de dois trechos de um rio. Fonte-; FUJITAetaJ.. 2011. (Adapt~). 
HIOROL081A . 
• Comprimento do rio principal: é obtido pelo perfil longitudina l do 
curso híd rico, para isso, deve-se medir o comprimento do trecho entr e a 
nascente mais d ist ante e o exutório; 
• Declividade: cor responde à razão entr e a diferença das altitudes 
dos pontos extremos de um curso hídr ico e o comprimento desse cur so. 
Expr essa em porcentagem ou em metros, a decl ividade é import ante para 
modelar o escoamento, uma vez que a velocidade de fl uxo depende desta 
variável; 
• Declividade do rio principal "S10/85": esse método utiliza as alt itu -
des encont radas entre 10% e 85% do comprimento do rio até o pont o dese-
j ado. desconsiderando, com isso, os trechos com as maior es decl iv idades 
(próximos das nascentes) e os t rechos finais do rio nos qua is se encontram 
as menores declividades. A difer ença entr e as alt itudes encontradas é d i-
v idida por 75% do compr imento do rio até o ponto desej ado, obtendo-se, 
assim, a declividade do trecho; 
• Método da declividade média: 
consiste em calcular a área do gráfi-
co do perf il longitud inal do r io a fim 
de obter um triângulo r etângulo de 
área equivalente. de base igua l ao 
compr imento do cur so d'água (da 
nascente até o exutório). O valo r da 
decl iv idade média do trecho consi-
derado co r responde à incl inação da 
hipotenusa do triângulo retâ ngulo 
encontrado. 
' , DICA 
' 
A curva hipsométrica serve para analisar a variação da elevação em uma 
bacia de drenagem. Com base em mapas topográficos e tomando como 
referência o nivel do mar, o gráfico gerado descreve a altimetria no eixo 
das ordenadas (m) e o percentual acumulado de cada cota da área total 
no eixo das abscissas. A área sob a curva hipsométrica relaciona-se ao 
somatório dos intervalos de área por altitude. Dessa forma, representa 
numericamente o volume de material rochoso presente sob a superfície 
erosiva até a foz do curso d'água (RIFFEL, 2005; CARVALHO, 2006). 
HIOROL081A . 
- 1 e • ·@· 
• .,._.., ·--i e . .. , .......... . ... ,... _ _.., 
i •--~~ e --.................... -,_....,..__,.,... -,.,,,.,. ....... 
i 
• • • • • 
~ 
- - i ,.,..,........,._.., __ lffllll -NI-WM 
Figura 6. aasslflca,çaoda dedlwdade de uma bacia. font•~ FRAGA e< ai .. 2014. (Adaptado). 
• Orientação das vertentes: a orientação do terreno indica a direção do fluxo de 
água. A análise de orientação das vertentes é uma ferramenta importante para de-
terminar a insolação. a influência dos ventos e o nível de umidade a que as partes de 
uma bacia estão expostas. possibilitando, com isso. encontrar os melhores usos para 
cada orientação. A direção das vertentes também revela onde há maior erosividade 
(processo relaàonado ao impacto da chwa, energia cinética, ao atingir o solo~ 
Figura 7. OflentaçJo de vertente de uma bada hldrogràl'k.a. fonte: BARBOSA: RJRRIER. 2012- {Mapeado). 
HIOROL081A . 
• Índice de conformação (/e): o índice de conformação compara a forma da 
bacia com a de um quadrado, como na equação. Para isso, relaciona a área da 
bacia com a área do quadrado de lado igual ao comprimento axial: 
/c= ...1... 
Onde: L2 
/e = Índice de conformação, adimensional: 
A = Área da bacia, km': 
L = Comprimento axial da bacia (da foz ao ponto mais extremo), km. 
Comp. axial l Âtea da bacia L' 
1 1 
L L 
j j 
L L 
F1g\lra 8. COt'nparclÇaiodo lndfce de conformaç.ao pata duas badas COfO fonnas dlfe,emes. fonte; PORTO et a1., 1999. 
(AdapQOO). 
Considerando um cenário onde não há fatores externos que influenciam na 
bacia, quanto mais próximo do valor 1 for o valor do índice (/e) e quanto mais 
próximo de um quadrado for o formato da bacia, então a unidade apresentará 
maior potencialidade de ocorrência de picos de enchentes. 
• Índice de circularidade (Ice): relaciona a área da bacia com a área de um 
círculo de perímet ro igual ao da área da bacia. Seu valor tende para unidade à 
medida que a bacia está mais próxima de um formato circular e diminui confor-
me ela se torna mais alongada. O /cc é obtido por meio da equação: 
Ice= 
12,57A 
P' 
HIOROL081A . 
Em que: 
Ice= Índice de circularidade, adimensional; 
A = Área da bacia, km2; 
P = Perímetro da bacia, km. 
• Densidade de drenagem (Dd): é a relação entre o comprimento total de 
canais e a área da bacia. Para o seu cálculo, todos os rios perenes e temporários 
são considerados: 
Em que: 
L Dd= -
A 
Dd = Densidade de drenagem, km km·2; 
L = Comprimento total de todos os canais, km; 
A = Área da bacia hid rográfica, km'. 
• Bacias com baixa densidade: até 5 km km·'; 
• Bacias com média densidade de drenagem: entre 5 e 13,5 km km''; 
• Bacias com alta densidade de drenagem: entre 13,5 e 155,5 km krrr': 
• Bacias com densidade de drenagem muito alta: acima de 155,5 km krrr'. 
O índice representa a influência da geologia. da topografia, do solo e da ve-
getação sobre a bacia hidrográfica. e está relacionado com o tempo gasto para 
a saída do escoamento superficial do sistema. 
• Tempo de concentração: o tempo de concentração está relacionado ao 
tempo que a água leva para at ravessar do ponto mais distante da bacia até o 
ponto de saída. Na ausência de informações sobre precipitação e vazão, fórmu-
las empíricas podem ser utilizadas. destacando a seguinte equação: 
l o.11 
Te =57--So,us 
Em que: 
Te = Tempo de concentração, min.; 
L = Comprimento do talvegue, m; 
S = Declividade do talvegue. m m·•. 
A equação de Kirpich é uma das mais utilizadas e foi desenvolvida com base 
em monitoramentos de bacias r urais com áreas menores de 0,5 km'. Por isso, 
bacias com comprimentos superiores a 10 km podem apresentar um tempo de 
concentração subestimado. 
HIOROL081A . 
•• 
Cálculo de coeficiente de compacidade (Kc) 
O coeficiente de compacidade (Kcl corresponde à relação ent re o períme-
tro da bacia e uma circunferência de mesma área. O Kc é um número adi-
mensional que muda de acordo com a forma da bacia independente do seu 
tamanho, assim. quanto mais irregular. maior o coeficiente de compacidade 
(VILLELA; MATTOS,1975), 
p 
K, = 0,28 và 
Em que: 
K, = Coeficiente de compacidade. adimensional; 
P = Perímetro da bacia, km: 
A = Área da bacia, km' . 
É possível classificar a propensão de uma bacia a inundações de acordo 
com o coeficient e de compacidade. Dessa forma, temos: 
• Bacias hidrográficas altamente propensas: 1,00 < K, < 1,25; 
• Bacias hidrográficas com média propensão: 1.25 < K, < 1.50: 
• Bacias hidrográficas não sujeitas a grandes enchentes: com K, > 1,50. 
Assim sendo, quanto mais semelhante a um círculo for uma bacia, maio r 
será a sua tendência de proporcionar

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