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Medição de Vazão Fundamentos e Aplicações 6ª Edição Marco Antônio Ribeiro Medição de Vazão Fundamentos e Aplicações 6a Edição Marco Antônio Ribeiro © 1989, 1991, 1994, 1995, 1997,2004, Tek Treinamento & Consultoria Ltda. Salvador, Outono 2004 Dedicado a David Livingstone Rodrigues, em retribuição ao seu continuo incentivo nesta área de vazão e em outras da instrumentação. E, principalmente, por ser meu melhor amigo. Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão ou então, que tem razão para evitar falar claramente. (Rosa Luxemburg) Prefácio Nunca imagine quando puder calcular e nunca calcule quando puder medir. A tecnologia da medição de vazão evoluiu rapidamente na ultima década. Algumas tecnologias sobreviveram, enquanto outras sumiram ou nunca tiveram um desenvolvimento comercial. Muitos fenômenos físicos observados há vários séculos foram aplicados a medidores modernos viáveis. Atualmente, muitos desenvolvimentos tecnológicos de outras áreas, tais como eletrônica a microprocessador, óptica, acústica e eletromagnetismo foram aplicados na melhoria e no projeto dos medidores de vazão. A evolução e diversificação da tecnologia possibilitaram aos medidores de vazão modernos aplicações difíceis, que eram descartadas e impossíveis no passado recente, por causa das faixas de medição muito pequenas ou muito grandes e pela manipulação de fluidos complexos, como pseudoplásticos, sólidos, gases, corrosivos etc. O aumento da quantidade de medidores de vazão comercialmente disponíveis, por outro lado, aumentou a dificuldade da escolha do medidor mais conveniente para determinada aplicação. A seleção correta do medidor de vazão envolve e requer o conhecimento da tecnológica envolvida, do processo e do fluido sendo medido. Este trabalho Medição de Vazão pretende ser uma introdução aos princípios básicos e as praticas dos vários métodos de medição de vazão. O desenvolvimento matemático é o mínimo possível e é usado apenas para enfatizar os aspectos físicos e a teoria de operação de determinado medidor de vazão. O mais importante é o entendimento da classificação e da caracterização dos enfoques, tecnologias e tipos de medidores de vazão. O presente trabalho faz uma revisão de conceitos gerais de instrumentação e focaliza a vazão neste extenso campo da engenharia. São apresentadas as características dos fluidos cujas vazões são medidas, estabelecendo-se as condições para a medição mais correta e precisa. São vistos todos os sensores e os mecanismos de medição da vazão instantânea: elementos geradores da pressão diferencial, como placa de orifício, venturi, bocal, pitot, tubo magnético, turbina, deslocamento positivo, tipo alvo, ultra-sônico, térmico, vortex, de área variável, de Coriolis e outros menos conhecidos. Finalmente são apresentados os aspectos relacionados com a precisão da medição e a interpretação probabilística dos dados. A profundidade e a extensão com que os assuntos são tratados dependem do numero das aplicações praticas, principalmente na indústria petroquímica e de petróleo. As sugestões, as críticas destrutivas e as correções são bem-vindas, desde que tenham o objetivo de tornar mais claro e entendido o assunto. Endereço físico: Rua Carmem Miranda 52, A 903, Fone (0xx71) 452.3195, Fax (0xx71) 452.4286 e Celular (071) 9989.9531. Endereço eletrônico: marcotek@uol.com.br Marco Antônio Ribeiro Salvador, outono 2003 Autor Marco Antonio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Fez vários cursos no exterior e possui dezenas de artigos publicados nas áreas de Instrumentação, controle de Processo, Segurança, Vazão e Metrologia blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Atualmente é diretor da TeK Treinamento & Consultoria Ltda blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, firma que presta serviços nas áreas de Instrumentação, Controle de Processo, Automação, Medição de Vazão, Segurança e Metrologia. i Medição de Vazão Conteúdo 1. VARIÁVEIS DE PROCESSO 1 Objetivos de Ensino 1 1. Quantidade Física 1 1.1. Conceito 1 1.2. Valor da quantidade 1 1.3. Classificação das Quantidades 2 2. Viscosidade 4 2.1. Conceito 4 2.2. Tipos 4 2.3. Unidades 4 2.4. Relações e Equações 5 2.5. Fluido Newtoniano 6 2.6. Fluido Não - Newtoniano 6 2.7. Consistência e Viscosidade 8 2.8. Medidores de Viscosidade 9 2.9. Dependência da Temperatura e Pressão 2.10. Viscosidade dos líquidos 9 2.11. Viscosidade dos gases 10 3. Densidade 10 3.1. Conceitos e Unidades 10 3.2. Compensação de Temperatura e Pressão 11 3.3. Métodos de Medição 11 4. Pressão 12 4.1. Conceito 12 4.2. Unidades 12 4.3. Tipos 12 4.4. Medição da Pressão 14 4.5. Pressão e a Vazão 15 5. Temperatura 15 5.1. Conceito 15 5.2. Unidades 15 5.3. Escalas de temperatura 15 5.4. Sensores de temperatura 16 5.5. Acessórios 18 5.6. Temperatura e Vazão 19 2. FLUIDOS 20 Objetivos de Ensino 20 1. Introdução 20 2. Conservação da Massa 20 3. Conservação da Energia 21 3.1. Energia Potencial 21 3.2. Energia Cinética 21 3.3. Energia de Pressão 21 3.4. Energia Interna 21 3.5. Calor 22 3.6. Expansão de Sólidos e Líquidos 23 Material 23 3.7. Entalpia 23 3.8. Entropia 24 4. Estados da Matéria 24 4.1. Sólido 24 4.2. Líquido 24 4.3. Gás e Vapor 25 4.4. Mudanças de Estado 25 4.5. Calor específico do gás 26 5. Leis Aplicáveis aos Fluidos 29 5.1. Lei de Boyle 29 5.2. Lei de Charles 29 5.3. Lei do Gás Ideal 29 5.4. Lei do Gás Não Ideal 30 5.5. Teorema dos Estados Correspondentes 30 5.6. Fator de Compressibilidade 31 5.7. Fator de Expansibilidade 31 5.8. Misturas de Gases 32 5.9. Lei de Pascal 32 5.10. Princípio de Arquimedes 32 5.11. Teorema de Bernoulli 32 5.12. Coeficiente de Descarga 33 5.13. Equação de Darcy 33 5.14. Fator de Atrito 34 Material 34 Medição de Vazão ii 6 Vapor d'água 35 6.1. Conceito 35 6.2. Aplicações do Vapor 35 6.3. Agente de Energia 35 6.4. Saturado e Superaquecido 35 6.5. Seco e Úmido 35 6.6. Propriedades Termodinâmicas 36 6.7. Parâmetros do Vapor 36 6.8. Pares de Saturação 36 6.9. Aquecimento e Resfriamento da água 36 6.10. Geração de Vapor 36 6.11. Vapor úmido 36 7. Similaridade de Sistemas 37 7.1. Tipos de Similaridade 37 7.2. Números Adimensionais 37 7.3. Conjuntos Completos 40 3. INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO 43 Objetivos de Ensino 43 1. Instrumentação 43 1.1. Introdução 43 1.2. Qualidade do produto 43 1.3. Quantidade do Produto 44 1.4. Economia do Processo 44 1.5. Ecologia 44 1.6. Segurança da Planta 44 1.7. Proteção do Processo 44 1.8. Transferencia de custódia 44 2. Sistemas de Instrumentação 45 2.1. Instrumentação de Campo e de Painel 45 2.2. Instrumentação Pneumática e Eletrônica 46 2.3. Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD) 47 2.4. Instrumentação virtual 47 2.5. Controlador Single Loop 47 2.6. Transmissor Inteligente 48 2.7. Controle Supervisório e Sistemade Aquisição de Dados (SCADA) 48 3. Instrumento Elétrico em Área Classificada 50 3.1. Classificação de Área 50 3.2. Combustão e Explosão 51 3.3. Classificação de Temperatura 51 3.4. Classificação Elétrica 51 4. Sistema de Medição 55 4.1. Introdução 55 4.2. Indicador 56 4.3. Visor de Vazão 57 4.4. Registrador 57 4.5. Planímetro 58 4.6. Transmissor 59 4.7. Transdutor 61 4.8. Linearização da Vazão 61 4.9. Compensação 63 4.10. Computador Analógico Erro! Indicador não definido. 4.11. Computador de Vazão 66 4.12. Totalizador 69 4.13. Válvula de Controle 70 5. Controle da Vazão 70 6. Chave de Vazão 71 6.1. Introdução 71 6.2. Conceito 72 6.3. Saída Elétrica 73 6.4. Chave Mecânica 73 6.5. Chave Ultra-sônica 74 6.6. Chave Capacitiva 74 6.7. Chave Termal 74 4. DESEMPENHO DO INSTRUMENTO 76 1. Introdução 76 2. Características do Instrumento 76 3. Exatidão 77 3.1. Conceito 77 3.2. Valor Verdadeiro 77 4. Precisão 77 4.1. Conceito 78 4.2. Exatidão e Precisão 78 4.3. Tolerância 78 4.4. Parâmetros da Precisão 79 4.5. Tempo de Resposta 81 4.6. Confiabilidade 81 4.7. Estabilidade 82 4.8. Facilidade de Manutenção 82 4.9. Especificação da Precisão 83 4.10. Rangeabilidade 84 5. Especificações de Desempenho 86 Condições de Operação 87 Medição de Vazão iii 5. INCERTEZA NA MEDIÇÃO 88 1. Introdução 88 2. Tipos de Erros 88 3. Erro Absoluto e Relativo 89 3.1. Erro absoluto 89 3.2. Erro relativo 89 4. Erro Dinâmico e Estático 89 4.1. Erro dinâmico 89 4.2. Erro Estático 90 5. Erro Grosseiro 90 6. Erro Sistemático 91 6.1. Erro Inerente ao Instrumento 91 6.2. Erro de largura de faixa (span) 95 6.3. Erro de zero 95 6.4. .Erro de linearidade 95 6.5. Erro de quantização 96 6.6. Erro de Influência 96 6.7. Erro de Modificação 96 6.8. Erro Causado Pelo Sensor 97 6.9. Erro Causado Pelo Instrumento 97 7. Erro Aleatório 97 7.1. Repetitividade do instrumento 97 7.2. Reprodutitividade 98 7.3. Erro de histerese 98 7.4. Banda morta 98 8. Erro Aleatório e Sistemático 98 9. Erro Resultante Final 99 10. Erros na medição de vazão 100 10.1. Medidor analógico, linear 101 10.2. Analógico, não-linear 101 10.3. Digital, linear 102 10.4. Precisão do Sistema 103 10.5. Temperatura e Pressão 104 10.6. Repetitividade e erro total 104 6. CALIBRAÇÃO DA VAZÃO 106 Objetivos de Ensino 106 1. Confirmação Metrológica 106 1.1. Conceito 106 1.2. Necessidade da confirmação 106 1.3. Terminologia 106 2. Calibração e Ajuste 107 3. Tipos de calibração 109 4. Calibração da Malha 110 5. Parâmetros da Calibração 111 6. Calibração de Vazão 114 6.1. Local da calibração 115 6.2. Prover 115 6.3. Medidor mestre (master) 115 6.4. Método volumétrico 116 6.5. Método gravimétrico 116 6.6. Gasômetro 116 6.7. Bocal sônico 116 6.8. Placa de orifício 117 6.9. Laboratório de vazão 117 7. Transferência de Custódia Erro! Indicador não definido. 7.1. Introdução Erro! Indicador não definido. 7.2. Contrato de medição Erro! Indicador não definido. 7.3. Auditoria Erro! Indicador não definido. 7.4. Manutenção Erro! Indicador não definido. 7. MEDIÇÃO DA VAZÃO 122 Objetivos de Ensino 122 1. Introdução 122 2. Conceito de Vazão 122 3. Vazão em Tubulação 123 4. Tipos de Vazão 124 4.1. Vazão Ideal ou Real 124 4.2. Vazão Laminar ou Turbulenta 124 4.3. Vazão Estável ou Instável 125 4.4. Vazão Uniforme e Não Uniforme 126 4.5. Vazão Volumétrica ou Mássica 126 4.6. Vazão Incompressível e Compressível 127 4.7. Vazão Rotacional e Irrotacional 127 4.8. Vazão Isentrópica 128 4.9. Vazão na Tubulação 128 4.10. Vazão Interna ou Externa 128 4.11. Vazão de Rayleigh 128 4.12. Vazão de Stokes 129 4.13. Vazão Não Newtoniana 129 4.14. Vazão monofásica e bifásica 129 4.15. Vazão Crítica 130 5. Perfil da Velocidade 131 Medição de Vazão iv 6. Distúrbios na Medição 131 6.1. Cavitação 132 6.2. Vazão Pulsante 133 6.3. Golpe de aríete 136 6.4. Tubulação e Acessórios 137 8. SELEÇÃO DO MEDIDOR 139 1. Sistema de Medição 139 2. Tipos de Medidores 139 2.1. Quantidade ou Vazão Instantânea 140 2.2. Relação matemática linear e não linear 140 2.3. Diâmetros Totais e Parciais do Medidor 140 2.4. Medidores Com e Sem Fator K 140 2.5. Medidores volumétricos ou mássicos 141 2.6. Energia Extrativa ou Aditiva 141 3. Parâmetros da Seleção 141 3.1. Dados da Vazão 141 3.2. Custo de Propriedade 142 3.3. Função 143 3.4. Desempenho 143 3.5. Geometria 143 3.6. Instalação 144 3.7. Faixa de Medição 144 3.8. Fluido 144 3.9. Perda de Carga 144 3.10. Tecnologia 145 4. Medidor Universal Ideal de Vazão 145 5. Medidores Favoritos 145 9. SISTEMA COM PRESSÃO DIFERENCIAL 150 1. Introdução histórica 150 2. Princípio de Operação e Equações 151 3. Elementos dos Sistema 152 3.1. Elemento Primário 153 3.2. Elemento Secundário 154 4. Placa de Orifício 154 4.1. Materiais da Placa 154 4.2. Geometria da Placa 154 4.3. Montagem da Placa 156 4.4. Tomadas da Pressão Diferencial 157 4.5. Perda de Carga e Custo da Energia 158 4.6. Protusões e Cavidades 159 4.7. Relações Matemáticas 159 4.8. Fatores de Correção 161 4.9. Dimensionamento do β da Placa 162 5. AGA Report No 3 164 5.1. Fator de orifício básico, Fb 164 5.2. Fator do número de Reynolds, Fr 165 5.3. Fator de expansão, Y 165 5.4. Fator da pressão base, Fpb 165 5.5. Fator da temperatura básica, Ftb 165 5.6. Fator da temperatura do fluido, Ftf 166 5.7. Fator da gravidade especifica, Fgr 166 5.8. Fator de supercompressibilidade, Fpv 166 6. Método 2: AGA Report no 3, Parte 1, 3a. ed., Oct. 1990 166 6.1. Equação do coeficiente de descarga 167 6.2. Número de Reynolds (ReD) 167 6.3. Fator da velocidade de aproximação 167 6.4. Diâmetro do furo da placa de orifício 168 6.5. Diâmetro interno da tubulação do medidor 168 6.6. Fator de expansão termal, Y, para medidores com tomada de flange 168 6.7. Fator de expansão a montante, Y1 169 6.8. Fator de expansão a montante, Y1 169 7. Cálculo da supercompressibilidade 169 7.1. Método NX-19 169 7.2. Método 2: Supercompressibilidade através da AGA Report No 8 170 8. Sensor de ∆P 171 8.1. Diafragma Sensor de Pressão Diferencial 171 8.2. Transmissor de Pressão Diferencial 171 8.3. Montagem do transmissor 172 9. Outros geradores de ∆P 174 9.1. Tubo Venturi 174 9.2. Bocal de Vazão 178 9.3. Medidor Tipo Cotovelo 178 9.5. Tubo Pitot 179 Folha de Especificação: Sensor de Vazão – Placa de Orifício (preenchida) 182 Medição de Vazão v 10. TURBINA MEDIDORA DE VAZÃO 183 Características do medidor 183 Objetivos de Ensino 183 1. Introdução 184 2. Tipos de Turbinas 184 2.1. Turbinas mecânicas 184 2.2. Turbina Tangencial 185 2.3. Turbina de Inserção 185 Turbina Convencional 187 3.1. Princípio de Funcionamento 187 3.2. Partes Constituintes 187 3.3. Detetores da Velocidade Angular 189 3.4. Classificação Elétrica 190 3.5. Fluido Medido 190 3.6. Características 191 3.7. Condicionamento do Sinal 191 3.8. Outras Variáveis de Processo 192 3.9. Desempenho 193 3.10. Fatores de Influência 194 3.11. Características de Projeto 195 3.12. Dimensionamento 196 3.13. Considerações Ambientais 196 3.14. Instalação da Turbina 197 3.15. Operação 197 3.16. Manutenção 198 3.17. Calibração e Rastreabilidade 198 3.18. Cuidados e procedimentos 199 3.19. Aplicações 200 3.20. Folha de Especificação: Medidor de Vazão Tipo Turbina 201 11. MEDIDOR MAGNÉTICO DE VAZÃO 202 Características do Medidor 202 Objetivos de Ensino 202 1. Introdução 202 2. Relações Matemáticas 203 3. Sistema de medição 204 3.1. Elemento Primário 204 3.2. Elemento Secundário 205 3.3. Conector Tubo-Transmissor 206 3.4. Instrumento Receptor 206 4. Classificação dos Medidores 206 4.1. Líquido Medido 206 4.2. Indução 207 5. Características 208 5.1. Custo 208 5.2. Instalação 208 5.3. Fluido 209 5.4. Desempenho do Sistema Medidor 209 5.5. Desvio do Zero 210 6. Vantagens e limitações 210 8.Folha de Especificação de Sistema Medidor Magnético de Vazão 211 12. MEDIDOR A DESLOCAMENTO POSITIVO 212 Características do medidor 212 Objetivos de Ensino 212 1. Introdução 212 2. Princípio de operação 212 3. Características 213 4. Tipos de Medidores 214 4.1. Disco Nutante 214 4.2. Lâmina Rotatória 214 4.3. Pistão Oscilatório 215 4.4. Pistão Reciprocante 215 4.5. Lóbulo Rotativo 215 4.6. Medidor com Engrenagens Ovais 216 5. Medidores para Gases 217 5.1. Aplicações 218 5.2. Calibração dos Medidores de Gases 218 6. Vantagens e Desvantagens 218 7. Conclusão 218 13. ROTÂMETRO DE ÁREA VARIÁVEL 220 Características do Medidor 220 Objetivos de Ensino 220 1. Princípio de Operação 220 2. Relação Matemática 221 3. Tipos de Rotâmetro 222 Medição de Vazão vi 3.1. Rotâmetro de Purga 222 3.2. Rotâmetro de Uso Geral 223 3.3. Rotâmetro com Cubo Metálico 223 3.4. Rotâmetro de Bypass 223 3.5. Rotâmetro para Líquidos 223 3.6. Rotâmetro para Gases 223 4. Características 224 4.1. Faixa de Medição 224 4.2. Serviço com Sujeira em Suspensão 224 4.3. Efeitos da Viscosidade 224 4.4. Vazão Mássica 224 4.5. Precisão 225 4.6. Efeitos da Tubulação 225 5. Acessórios 225 6. Vantagens 225 7. Dimensionamento 225 14. MEDIDOR DE VAZÃO VORTEX 227 Características do Medidor 227 Objetivos de Ensino 227 1. Introdução 227 2. Medidor de Vazão Vortex 227 2.1. História 227 2.2. Aplicação industrial 228 2.3. Princípio de funcionamento 228 2.4. Vantagens e limitações 228 2.5. Elemento Gerador dos Vórtices 229 2.6. Elemento Sensor da Freqüência 229 2.7. Circuito Condicionador da Saída 230 2.8. Fator K 230 2.9. Características 231 2.10. Seleção e Dimensionamento 231 2.11. Queda da Pressão 232 2.12. Instalação 232 2.13. Manutenção 233 3. Arranjos de montagem de medidores de vazão vortex 233 3.1. Medidor acima da tubulação 233 3.2. Montagem vertical 233 3.3. Medidor abaixo da tubulação 233 3.4. Medidor vortex com manifold de isolação 234 3.5. Medidor acima da tubulação 234 3.6. Montagem vertical 234 3.7. Medidor abaixo da tubulação 234 3.8. Medidor vortex com manifold dual 235 3.9. Medidor acima da tubulação 235 3.10. Montagem vertical 235 3.11. Medidor abaixo da tubulação 235 3.12. Dados para Especificação 236 15. MEDIDOR DE VAZÃO ULTRA- SÔNICO 238 Especificações do medidor 238 Objetivos de Ensino 238 1. Introdução 239 2. Diferença de Tempo 239 10.3. Diferença de Freqüência 240 3. Efeito Doppler 240 4. Relação Matemática 240 5. Realização do Medidor 240 6. Aplicações 240 10.8. Especificações 241 10.9. Conclusão 241 16. MEDIDOR DE VAZÃO CORIOLIS 243 Características do medidor 243 Objetivos de Ensino 243 1. Introdução 243 2. Efeito Coriolis 244 3. Relações Matemáticas 244 4. Calibração 245 5. Medidor Industrial 245 6. Características 246 7. Aplicações 246 8. Critérios de Seleção 247 9. Limitações 247 10. Conclusão 248 Medição de Vazão vii 11. Outros Medidores de Massa 248 11.1. Medidor de Momentum Angular 248 11.2. Medidor de Vazão Giroscópico 248 17. MEDIDOR DE VAZÃO TERMAL 250 Especificações do medidor 250 Objetivos de Ensino 250 1. Princípio de Funcionamento 250 2. Medidor a Transferência de Calor 250 3. Probe de Fio Quente 251 18. MEDIDOR DE VAZÃO ALVO 253 Especificação do medidor 253 1. Conceito 253 2. Princípio de Funcionamento 253 3. Características e Aplicações 254 19. VAZÃO EM CANAL ABERTO 255 1. Introdução 255 Fórmula de Chezy 255 Coeficiente C 255 Descarga 255 Perda de Pressão 255 Distribuição Vertical da Velocidade 256 Energia Específica 256 Profundidade Crítica 256 Máxima Vazão Unitária 256 Calha 256 Salto Hidráulico 257 Método Califórnia 257 Método Manning 257 Sistema de Medição 258 20. VAZÃO DE SÓLIDO 259 1. Sistema de medição 259 3. Princípio de Funcionamento 259 4. Incertezas calculadas 260 21. BOMBA DOSADORA DE VAZÃO 262 Objetivos de Ensino 262 1. Introdução 301 2. Bomba Peristáltica 301 3. Bomba de Pistão 301 4. Bomba de Diafragma 301 5. Conclusão 302 22. TRANSFERÊNCIA DE CUSTÓDIA 303 1. Medição da Vazão 303 1.1. Conceito 303 1.2. Tipos de vazão 303 1.3. Instalação 304 1.4. Valor da medição 305 1.5. Fluido 307 1.6. Estação de Medição 307 1.7. Compensação de pressão e temperatura 308 1.8. Totalização da vazão 309 1.9. Computador de Vazão 310 1.10. Conclusão 311 2. Transferência de Custódia 312 2.1. Introdução 312 2.2. Contrato de medição 312 2.3. Auditoria 314 2.4. Conclusão 314 3. Calibração das Malhas 314 3.1. Definições 314 3.2. Parâmetros da calibração 315 3.3. Calibração por Malha 315 3.4. Tipos de Calibração de Vazão 316 4. Manutenção 317 Medição de Vazão viii 4.1. Introdução 317 4.2. Manutenção de rotina 319 4.3. Pesquisa de defeitos 319 23. MEDIÇÃO DE GÁS NATURAL 322 1.1. Introdução, Normas e Fundamentos 322 Geral 322 Unidades de medição 322 Padrões de medição de gás 322 Normas de contrato 323 Leis do gás 323 1.2. Equipamento de Medição de Campo 323 Geral 323 Equipamento de campo 323 Estação com Placa de Orifício 324 Turbina Medidora de Vazão 324 Medidor com Deslocamento Positivo a Diafragma 324 Indicador de Pressão e Volume 324 Registro da Temperatura 324 Gravidade Especifica 324 Calorímetro 325 Amostra do Gás 325 Cromatógrafo 325 Instrumentos Eletrônicos 325 Computador e Vazão 325 Sistema Eletrônico de Medição de Gás 325 1.3. Escritório de Medição 325 Geral 325 Integrador de gráficos 325 Terminal de entrada de dados para o computador 326 1.4. Processamento dos Dados de Medição 328 1.5. Cálculo da vazão com placa 328 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 329 1 1. Variáveis de Processo Objetivos de Ensino 1. Conceituar quantidades físicas quanto a energia e propriedades: intensivas, extensivas, contínuas, discretas, mecânicas e elétricas. 2. Listar as quantidades físicas derivadas mais comumente encontrada na Engenharia, de natureza mecânica, elétrica, química e de instrumentação, mostrando seus conceitos, unidades, padrões e realização física. 3. Analisar as variáveis de processo que estão relacionadas com a vazão, como viscosidade, densidade, pressão, temperatura e condutividades (termal, elétrica e sônica). 1. Quantidade Física 1.1. Conceito Quantidade é qualquer coisa que possa ser expressa por um valor numérico e uma unidade de engenharia. Por exemplo, 1. massa é uma quantidade física expressa em quilogramas; 2. velocidade é uma quantidade física expressa em metros por segundo e 3. densidade relativa é uma quantidade física adimensional. O círculo não é uma quantidade física, pois é caracterizado por uma certa forma geométrica que não pode ser expressa por números. O círculo é uma figura geométrica. Porém, a sua área é uma quantidade física que pode ser expressa por um valor numérico (p. ex., π, 5) e uma unidade (p. ex., metro quadrado). Muitas noções que antes eram consideradas somente sob o aspecto qualitativo foram recentemente transferidas para a classe de quantidade, como eficiência, informação e probabilidade. 1.2. Valor da quantidade O valor é uma característica da quantidade que pode ser definida quantitativamente. O valor é também chamado de dimensão, amplitude, tamanho. Para descrever satisfatoriamente uma quantidade para um determinado objetivo, os valores de interesse devem ser identificados e representados numericamente. Cada valor é medido e expresso em unidades. A unidade tem um tamanho relativo e subdivisões que são diferentes entre os diversos sistemas de medição. Pode-se somar ou subtrair somente quantidades de mesma dimensão e unidade, sendo a unidade do resultado igual à unidade das parcelas. Pode-se multiplicar ou dividir quantidades de quaisquer dimensões e a dimensão do resultado é o produto ou divisão das parcelas envolvidas. É possível se ter quantidades adimensionaisou sem dimensão. Geralmente são definidas como a divisão ou relação de duas quantidades com mesma dimensão; o resultado é sem dimensão ou adimensional. Uma quantidade adimensional é caracterizada completamente por seu valor numérico. Exemplo de quantidade adimensional é a densidade relativa, definida como a divisão da densidade de um fluido pela densidade da água (líquidos) ou do ar (gases). Em instrumentação há vários números adimensionais úteis como número de Reynolds, Mach, Weber, Froude. O valor numérico da quantidade, associado à unidade também é adimensional. Por exemplo, no comprimento 10 metros (10 m), 10 é um número adimensional e metros é a unidade de comprimento usada, cujo símbolo é m. Variáveis de Processo 2 1.3. Classificação das Quantidades As quantidades possuem características comuns que permitem agrupá-las em diferentes classes, sob diferentes aspectos. Quanto aos valores assumidos, as quantidades podem ser variáveis ou constantes, contínuas ou discretas. Sob o ponto de vista termodinâmico, as variáveis podem ser intensivas ou extensivas. Em outras palavras, elas podem ser variáveis de quantidade ou de qualidade. Com relação ao fluxo de energia manipulada, as variáveis podem ser pervariáveis ou transvariáveis. Sob o ponto de vista de função, as variáveis podem ser independentes ou dependentes. Obviamente, estas classificações se superpõem; por exemplo, a temperatura é uma quantidade variável contínua de energia intensiva, transvariável; a corrente elétrica é uma variável contínua de quantidade, extensiva e pervariável. Para se medir corretamente uma quantidade é fundamental conhecer todas as suas características. A colocação e a ligação incorretas do medidor podem provocar grandes erros de medição e até danificar perigosamente o medidor. Na elaboração de listas de quantidades do processo que impactam a qualidade do produto final é também necessário o conhecimento total das características da quantidade. Energia e Propriedade As variáveis de quantidade e de taxa de variação se relacionam diretamente com as massas e os volumes dos materiais armazenados ou transferidos no processo. As variáveis extensivas independem das propriedades das substâncias. Elas determinam a eficiência e a operação em si do processo. As variáveis de quantidade incluem volume, energia, vazão, nível, peso e velocidade de maquinas de processamento. As variáveis de energia se relacionam com a energia contida no fluido ou no equipamento do processo. Elas podem determinar indiretamente as propriedades finais do produto e podem estar relacionadas com a qualidade do produto. Elas deixam de ser importantes assim que os produtos são feitos. Elas independem da quantidade do produto e por isso são intensivas. As variáveis de energia incluem temperatura e pressão. As variáveis das propriedades das substâncias são especificas e características das substâncias. Todas as grandezas especificas são intensivas. Por definição, o valor especifico é o valor da variável por unidade de massa. Por exemplo, energia especifica, calor especifico e peso especifico. As principais variáveis de propriedade são: a densidade, viscosidade, pH, condutividade elétrica ou térmica, calor especifico, umidade absoluta ou relativa, conteúdo de água, composição química, explosividade, inflamabilidade, cor, opacidade e turbidez. Extensivas e Intensivas O valor da variável extensiva depende da quantidade da substância. Quanto maior a quantidade da substância, maior é o valor da variável extensiva. Exemplos de variáveis extensivas: peso, massa, volume, área, energia. O valor da variável intensiva independe da quantidade da substância. Em um sistema com volume finito, os valores intensivos podem variar de ponto a ponto. Sob o ponto de vista termodinâmico, as variáveis de energia e das propriedades das substâncias são intensivas, porque independem da quantidade da substância. Exemplos de variáveis intensivas: pressão, temperatura, viscosidade, densidade e tensão superficial. Pervariáveis e Transvariáveis Uma pervariável ou variável através (through) é aquela que percorre o elemento de um lado a outro. Uma pervariável pode ser medida ou especificada em um ponto no espaço. Exemplos: força, momento, corrente elétrica e vazão . Uma transvariável ou variável entre dois pontos (across) é aquela que existe entre dois pontos do elemento. Para medir ou especificar uma transvariável são necessários dois pontos no espaço, usualmente um ponto é a referência. Exemplos: deslocamento, velocidade, temperatura e tensão. Todos os objetos em um sistema dinâmico envolvem uma relação medida ou definida entre uma transvariável e uma pervariável. Por exemplo, o capacitor, resistor e indutor elétricos podem ser definidos em termos da relação entre a transvariável tensão e a pervariável corrente. Com a classificação de pervariáveis e transvariáveis, pode-se fazer analogias entre variáveis de natureza elétrica, termal, mecânica e estas analogias são muito úteis e freqüentes na medição e escolha de sensores. Variáveis e Constantes A variável de processo é uma grandeza que altera seu valor em função de outras variáveis, sob observação ao longo de um tempo. Constante ou variável constante é aquela cujos Variáveis de Processo 3 valores permanecem inalterados durante o tempo de observação e dentro de certos limites de precisão. Por exemplo, seja um tanque cheio de água. A pressão que a coluna de água exerce em diferentes pontos verticais é variável e depende da altura. Porém, ao mesmo tempo, a densidade da água pode ser considerada constante, com um determinado grau de precisão, em qualquer ponto do tanque. Diz-se, então, que a pressão da água é uma quantidade variável em função da altura líquida e a densidade da água é uma quantidade constante em função da altura líquida e do tempo. Pode-se considerar incoerente chamar uma constante de variável. Porém, uma quantidade constante é um caso especial de uma quantidade variável. A constante é a variável que assume somente um valor fixo durante todo o tempo. Como, na prática sempre há uma variabilidade natural em qualquer grandeza, deve-se estabelecer os limites de tolerância, dentro dos quais a grandeza se mantém constante. Em instrumentação, raramente se mede continuamente uma constante. Como ela é constante, basta medi-la uma única vez e considerar este valor em cálculos ou compensações. Por exemplo, a diferença de altura do elemento sensor e do instrumento receptor influi na pressão exercida pela coluna líquida do tubo capilar. Esta altura é definida pelo projeto, mantida na instalação e considerada na calibração. Ela não é medida continuamente, porém, quando há alteração de montagem, o novo valor da altura é considerado na calibração do instrumento. Parâmetro é uma quantidade constante em cada etapa da experiência, mas que assume valores diferentes em outras etapas. Deve-se escolher os parâmetros mais significativos entre as várias características do processo. Por exemplo, quando se faz uma experiência para estudar o comportamento da pressão de líquidos em um tanque, usando-se líquidos com densidades diferentes entre si, a densidade, constante para cada líquido e diferente entre os líquidos, é chamada de parâmetro. Contínuas e Discretas Variável contínua é aquela que assume todos os infinitos valores numéricos entre os seus valores mínimo e máximo. Na natureza, a maioria absoluta das variáveis é contínua; a natureza raramente dá saltos. Uma variável contínua é medida. Exemplo de uma variável contínua: a temperatura de um processo que varia continuamente entre 80 e 125 oC. Variável discreta é aquela que assume somente certos valores separados. Na prática, as variáveis discretas estão associadas a eventos ou condições. Uma variável discreta é contada. Por exemplo, uma chave só pode estarligada ou desligada. O número de peças fabricadas é um exemplo de variável discreta. Mecânicas e Elétricas As quantidades mecânicas são as derivadas do comprimento, massa, tempo e temperatura. São exemplos de quantidades mecânicas: 1. área e volume que dependem apenas do comprimento. 2. velocidade e aceleração que envolvem comprimento e tempo. 3. força, energia e potência que envolvem massa, comprimento e tempo 4. freqüência que depende apenas do tempo. Em 1948, o SI definiu a corrente elétrica como grandeza elétrica de base. Sua unidade é o ampère. As principais grandezas elétricas derivadas são tensão, resistência, indutância e capacitância. As principais variáveis envolvidas na indústria de processo são quatro: temperatura (grandeza de base), pressão (mecânica), vazão volumétrica ou mássica (mecânica) e nível (mecânica). Em menor freqüência, são também medidas a densidade (mecânica), viscosidade (mecânica) e composição (química). Porém, na instrumentação, são manipulados os sinais pneumático (20 a 100 kPa) e eletrônico (4 a 20 mA cc). Por causa da instrumentação eletrônica, as quantidades elétricas como tensão, resistência, capacitância e indutância se tornaram muito importantes, pois elas estão ligadas naturalmente aos instrumentos eletrônicos de medição e controle de processo e de teste e calibração destes instrumentos. Variáveis de Processo 4 2. Viscosidade 2.1. Conceito Como variável de processo independente, a viscosidade é uma variável característica do material. Com relação à vazão, a viscosidade é o parâmetro mais influente 1. na medição da vazão de fluidos através de tubulações fechadas 2. no comportamento do fluidos através de bombas ou de outros equipamentos e materiais de processo. A viscosidade expressa a facilidade ou dificuldade com que um fluido escoa, quando submetido a uma força externa. A viscosidade é a medida dos efeitos combinados de adesão e coesão das moléculas do fluido entre si. A viscosidade pode ser considerada como a força de atrito que aparece quando uma camada de fluido é forçada a se mover em relação a outra. A viscosidade pode ser tomada como o atrito interno do fluido ou a habilidade do fluido vazar sobre si mesmo. Os fluidos com alta resistência à vazão são altamente viscosos ou possuem alta viscosidade. Eles não escorrem ou vazam tão facilmente como os fluidos de baixa viscosidade. Geralmente, a viscosidade dos licores é elevada; a viscosidade da água é comparativamente muito menor e a viscosidade dos gases é ainda muito menor que a da água. Exemplos de fluidos de alta viscosidade: parafina, licores, à temperatura ambiente. Exemplos de fluidos com baixa viscosidade: água, álcool, mercúrio. Para se ter uma sensação prática dos valores: a viscosidade da água, a 20 oC, é aproximadamente 1 cP , a do mel vale 300 cP e a da mateiga é de 10 000 cP. A viscosidade do fluido determina o perfil da velocidade da vazão dentro da tubulação, afetando seriamente o desempenho do medidor de vazão. 2.2. Tipos A viscosidade absoluta ou dinâmica é a divisão da pressão de cisalhamento pelo gradiente de velocidade. A viscosidade cinemática ν é a divisão da viscosidade absoluta µ pela densidade do fluido ρ, à mesma temperatura. ν µ ρ = A viscosidade aparente é a viscosidade variável apresentada por diversos tipos de materiais. A viscosidade aparente depende da pressão de cisalhamento aplicada e pode depender também do tempo. A viscosidade extensional se aplica a uma vazão que ocorre em uma extensão uniaxial, em regime permanente. Há várias propriedades e termos ligados à viscosidade, tais como consistência, compressibilidade, compliância, elasticidade, deformação e dilatância. Consistência Consistência é um termo genérico para a propriedade de um material resistir à variação permanente de seu formato. Consistência é o grau de solidez ou fluidez de um material, como graxa, polpa ou lama. Compressibilidade Compressibilidade é a diminuição relativa do volume causada pelo aumento da pressão. Os líquidos são praticamente incompressíveis e os gases são muito compressíveis. Compliância Compliância é o deslocamento de um sistema mecânico linear sob uma unidade de força. Compliância é o quociente da deformação dividida por sua correspondente pressão mecânica. É o inverso do módulo de elasticidade. Elasticidade Elasticidade é o comportamento reversível de deformação e pressão mecânica. Elasticidade atrasada é também uma deformação reversível mas dependente do tempo. Deformação Deformação é qualquer variação do formato ou das dimensões de um corpo causada por tensão mecânica, expansão ou contração termal, transformação química ou metalúrgica ou diminuição ou expansão devidas à variação da umidade. Dilatação Dilatação é o aumento do volume por unidade de volume de qualquer substância contínua causado pela deformação. 2.3. Unidades Há uma grande confusão relacionada com as unidades de viscosidade, principalmente porque há vários tipos diferentes de viscosidade. Variáveis de Processo 5 A unidade SI da viscosidade absoluta, é o pascal segundo ou o poiseuille (não confundir poiseuille com poise). A unidade do poiseuille é newton segundo por metro quadrado (N.s/m2). O poise é a unidade não SI de viscosidade dinâmica. Um poise é igual à viscosidade dinâmica do fluido em que há uma força tangencial de 1 dina por cm2 resistindo à vazão de duas lâminas móveis e paralelas do fluido com uma velocidade diferencial de 1 cm/s e separadas por 1 centímetro. Como o poise é muito grande, é comum se usar o submúltiplo centipoise (10-2). A unidade de viscosidade cinemática no sistema SI é o metro quadrado/segundo, ou m2/s. A unidade de viscosidade cinemática, não recomendada pelo SI é o stokes (St), com dimensão de centímetro quadrado por segundo. O mais usado, na prática é o seu submúltiplo, centistoke. Por causa dos métodos de medição de viscosidade, é comum expressar a viscosidade em termos de tempo, segundo. Há várias unidades, como Saybolt Universal, Saybolt Furol (para fluido muito viscoso), Redwood, Engler. 2.4. Relações e Equações O coeficiente de viscosidade mede a rigidez temporária de um fluido. A resistência de atrito que o fluido oferece a uma alteração de formato é diretamente proporcional a rapidez com que a alteração é feita, ou seja, à tensão de cisalhamento por unidade de tempo. Esta tensão pode ser considerada como um deslizamento relativo de planos paralelos sem mudar a distância entre eles e a força tangencial por unidade da área do plano é a medida da resistência de atrito do fluido submetido a esta tensão mecânica. Matematicamente, tem-se viscosidade = força tangencial / área tensão / tempo e rigidez = força tangencial / área tensão A viscosidade foi definida por Isaac Newton, usando o modelo mostrado na Fig. 1.1. Fig. 1.1. Representação esquemática da vazão viscosa Seja uma camada de fluido de espessura x, limitada por dois planos paralelos de área igual a A, em repouso ou em velocidade constante (V1 = V2 = U). O espaço entre as duas camadas vizinhas é preenchido com um numero infinito de camadas do mesmo fluido, cada uma com área A e altura dy. Uma diferença de velocidade é imposta ao sistema, com V2 maior que V1. Esta diferença é mantida constante, de modo que cada camada estará a uma velocidade diferente da camada adjacente e um gradiente de velocidade dV/dy é estabelecido através do fluido. Newton assumiu que a força por unidade de área (pressão) necessária para manter a diferença de velocidade constante entre os planos adjacentes era proporcional a este gradiente de velocidade e à área e era expresso por: dy dVA y AUF =∝ onde F A = τ é a tensão de cisalhamento. Finalmente, tem-se dy dV µ=τ O gradiente de velocidade representao cisalhamento que o fluido sofre, enquanto que a força/área que provoca este cisalhamento nas camadas do líquido é chamada de tensão de cisalhamento ou pressão de cisalhamento (shear stress). O fator de proporcionalidade µ é constante e característico de cada material e é chamado de viscosidade absoluta. U du u dy y y Variáveis de Processo 6 2.5. Fluido Newtoniano Newton assumiu que, para uma dada temperatura, a viscosidade de qualquer material é independente da taxa de cisalhamento, com mostrado na Fig. 1.2. Para uma determinada temperatura, o fluido que possui uma viscosidade independente do tempo e da tensão de cisalhamento aplicada é chamado de newtoniano. A característica (tensão de cisalhamento x cisalhamento) é uma reta, cuja inclinação constante é justamente a viscosidade. A curva (cisalhamento x viscosidade) é uma reta horizontal. (Fig. 1.2.) Fig. 1.2. Viscosidade de fluido newtoniano Todos os gases, a maioria dos líquidos e as misturas de finas partículas esféricas em líquidos e em gases são fluidos newtonianos. O perfil de velocidade estabelecido por um fluido newtoniano é a condição de referência básica para os medidores de vazão. 2.6. Fluido Não - Newtoniano As viscosidades de muitos fluidos não são constantes com relação a taxa de cisalhamento e com o tempo. Tais fluidos são chamados de não-newtonianos. Os fluidos não-newtonianos podem ser classificados em três tipos diferentes: 1. fluidos com viscosidade independente do tempo mas com a viscosidade dependendo da tensão de cisalhamento. 2. fluidos com viscosidade dependente do tempo, ou de sua história prévia e dependente da tensão de cisalhamento. Esta categoria pode ser subdividida em tixotrópica e reopética. 3. fluidos com característica tanto de líquido viscoso como de sólido elástico e exibe uma recuperação parcial depois da deformação: são os fluidos viscoelásticos. Fig. 1.3. Viscosidade dos fluidos Plástico O plástico é um fluido não-newtoniano, com a sua viscosidade dependente da tensão de cisalhamento aplicada. O plástico exibe uma tensão de cisalhamento limite que deve ser excedida para começar o escoamento. Depois deste valor a curva é linear. Quando a curva é não linear o fluido é chamado de Plástico de Bingham. O mais rigoroso seria falar em viscosidade aparente. A Fig. 1.3. mostra a viscosidade característica de um plástico típico: ele possui uma viscosidade decrescente com uma taxa de cisalhamento crescente. Fig. 1.4. Viscosidade do plástico O plástico não se escoa até que se atinja uma determinada tensão de cisalhamento limite. É algo similar a inércia de um corpo em repouso, onde se requer uma determinada força para ele começar a se mover; depois que o corpo se move, a força para mante-lo móvel é menor. O valor da tensão de cisalhamento requerida para fazer fluir o plástico é chamado de seu valor limite. Um exemplo deste tipo de material é uma garrafa de quetichupe. Deve ser dado uma batida na garrafa para fazer o fluido começar a escorrer. Esta força impulso aplicada a garrafa, por batida ou por sacudidela, é necessária para ultrapassar o valor limite do plástico. Outros S F tensão cisalhamento viscosidade cisalhamento cisalhamento plástico não-newtoriano newtoniano não-newtoriano Fluido ideal sem atrito sólido elástico tensão cisalhamento tensão F limite cisalhamento viscosidade Variáveis de Processo 7 exemplos: pasta de dente, tinta a óleo, lama para perfuração de poço de petróleo. Pseudo plástico O pseudo plástico é outro fluido não- newtoniano. A Fig.1.5. representa a curva de viscosidade para um pseudo plástico. Neste caso, a, viscosidade diminui com um aumento na taxa de cisalhamento, continuamente, sem um valor limite definido. Estes materiais amolecem quando agitados e endurecem quando em repouso. Eles se comportam como se perdessem temporariamente a viscosidade. A tensão de cisalhamento torna os mais finos, reduzindo a viscosidade deles. Exemplo de pseudo plástico: chocolate derretido e as soluções com celulose. Fig. 1.5. Fluido pseudo plástico ou amolescente Fluido dilatante O fluido dilatante é outro não-newtoniano similar ao pseudoplástico em que eles não apresentam tensão limite mas o seu comportamento é inverso ao do pseudo plástico. Ele possui uma viscosidade menor quando em repouso e grande viscosidade quando agitado. A tensão torna o fluido grosso, espesso. A Fig. 1.6. mostra o comportamento típico de um fluido dilatante. A viscosidade de um dilatante aumenta quando a taxa de cisalhamento aumenta. Um fluido dilatante flui quase sem dificuldade em uma tubulação, mas ele se torna quase um sólido dentro da bomba, por causa da grande pressão exercida pelos acionadores. Ele se move livremente quando é manipulado lentamente, mas ele endurece quando batido por um martelo. Este tipo de comportamento pode causar problemas no processo, se a dilatância do fluido não é previamente conhecida antes de colocar o fluido em movimento. Exemplo de fluido dilatante é o silicone. Fig. 1.6. Fluido dilatante ou espessante Fluido tixotrópico Enquanto a maioria dos fluidos possui uma única viscosidade para determinados valores da tensão de cisalhamento e da taxa de cisalhamento, os fluidos tixotrópico e reopético podem assumir valores diferentes de viscosidade, para iguais valores de taxa de cisalhamento e tensão de cisalhamento. A curva taxa de cisalhamento x tensão de cisalhamento possui o formato de um loop, análoga a curva de histerese . A taxa de cisalhamento obtida para uma determinada tensão de cisalhamento depende de vários fatores: de historia passada do fluido, da presença de sólidos em suspensão, do tamanho dessas partículas, da subida ou descida da tensão de cisalhamento e da estrutura do fluido em si. Pode se definir formalmente a tixotropia como a propriedade de certos fluidos que se liquefazem quando submetidos a forças vibratórias ou quando agitados e que se solidificam quando deixados em repouso. Fig. 1.7. Fluido tixotrópico cisalhamento cisalhamento tensão viscosidade cisalhamento cisalhamento tensão viscosidade tensão cisalhamento aumento do tempo Variáveis de Processo 8 Fluido reopético Os materiais reopeticos são anti- tixotrópicos. Eles endurecem quando agitados e permanecem moles quando em repouso. A curva cisalhamento x tensão de cisalhamento para o fluido tixotrópico está mostrada na Fig. 1.7; a do fluido reopético esta na Fig. 1.8. A viscosidade do material tixotrópico, quando se mantém a mesma tensão de cisalhamento, decai com o tempo, como mostrado na Fig. 1.9(a); a do fluido reopético, aumenta com o tempo, como mostrado na Fig. 9 (b). É evidente que a viscosidade dos materiais tixotrópicos e reopeticos não tem significado, a não ser que seja tomada sob condições de amostragem e operação cuidadosamente controladas. Os fenômenos da tixotropia e da reopexia são complexos e estão intimamente associados com a teoria dos colóides. Fig. 1.8. Fluido reopético Fluido viscoelástico Se uma substância é puramente viscosa, nenhuma energia de deformação pode ser armazenada e se uma substância é puramente elástica, nenhuma energia pode ser dissipada. Um fluido viscoelástico possui as propriedades da viscosidade do líquido e da elasticidade do sólido, simultaneamente. Embora o material seja viscoso, ele exibe uma certa elasticidade do formato e é capaz de armazenar a energia de deformação. Este tipo de comportamento é típico de soluções de macromoléculas e polímeros derretidos. Fig. 1.9. Viscosidade e tempo dos fluidos 2.7. Consistência e Viscosidade Outro termo usadoquando se tenta descrever as propriedades da vazão de um fluido é sua consistência. Porém, consistência e viscosidade não possuem o mesmo significado, exceto para fluidos newtonianos simples. A consistência de um fluido se refere a um ponto de medição em que é dado um conjunto de condições, p. ex., temperatura, vazão, passado. Se este ponto singular é suficiente para definir o formato da curva (tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento), então o material é newtoniano e a consistência e viscosidade possuem o mesmo significado e valor. Se uma linha reta, passando pela origem, representa a curva (tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento) então a viscosidade é constante e os dois termos viscosidade e consistência podem ser usados indistintamente. A consistência está relacionada com o comportamento não newtoniano, desde que a viscosidade deste material não pode ser definida com uma única medição. Referindo se às Fig. 1.3, 1.4 e 1.5, é visto que todos os três fluidos: plástico, pseudoplástico e dilatante possuem a mesma viscosidade n, em algum ponto. Porém, um cisalhamento diferente é requerido para alcançar este ponto, para cada fluido. Deste modo, embora as viscosidades de cada fluido sejam iguais, suas consistências são diferentes. Em indústrias de processo, a consistência é mais freqüentemente usada quando se trata de conteúdo de sólidos em suspensão no líquido, tais como, polpa de papel, misturas pastosas na indústria alimentícia. Nestes casos, a consistência é um índice do grau de firmeza do fluido, que, por sua vez, indica qual facilmente cisalhamento aumento do tempo tensão viscosidade viscosidade t t Fluido tixotrópico Fluido reopético Variáveis de Processo 9 a polpa de papel se esparrama sobre um fio ou uma pasta. 2.8. Medidores de Viscosidade O princípio de operação da maioria dos medidores de viscosidade, chamados de viscosímetros ou reômetros, é o mesmo. O objetivo é criar o modelo de Newton, onde se tem dois planos, um fixo e outro móvel, separados por um pequeno intervalo onde se coloca o fluido do qual se quer medir a viscosidade. Como o modelo de Newton admite uma geometria plana infinita ele é ideal. Na prática, a principal fonte de erro na medição da viscosidade está na influência das extremidades dos sistemas com dimensões finitas. Fig.1.10 Medidor de viscosidade Saybolt Os tipos básicos de medidores de viscosidade são: 1. medidor rotacional: o torque requerido para girar um disco ou um cilindro e a força requerida para mover uma placa são função da viscosidade. São medidores apropriados para fluidos não newtonianos. Exemplos: viscosímetro de Couette e o de Brookfield. 2. medidor do fluxo através de uma restrição: inclui o viscosímetro que mede o tempo para um fluido passar através de um orifício ou de um tubo capilar, e a queda de pressão através do capilar em vazão constante. Exemplo: viscosímetro de Ostwald, de Poiseuille e o de Ford. 3. medidor da vazão em torno de obstruções: inclui a medição da queda vertical de uma esfera (medidor de Glen Creston) ou o rolamento de uma esfera num plano inclinado (medidor de Hoeppler) ou a subida de uma bolha de ar. A velocidade da queda da esfera ou da subida da bolha é função da viscosidade do fluido. Há ainda medidores mais complexos e menos usados, baseados na medição da oscilação de uma lâmina vibrante imersa no fluido de medição, cuja taxa de amortecimento é função da viscosidade. 2.9. Dependência da Temperatura e Pressão Todas as técnicas de medição de viscosidade dos fluidos podem ser adaptadas para estudar os efeitos da temperatura e da pressão na viscosidade. É importante enfatizar que a viscosidade dependente umbilicalmente da temperatura. Por exemplo, a viscosidade da água varia 3% para cada kelvin. A medição da viscosidade, independente do medidor utilizado, deve ser efetuada com a temperatura controlada ou medida com precisão, para fins de compensação ou polarização. Em menor grau, a viscosidade também depende da pressão. Em algumas aplicações de óleos lubrificantes, por exemplo, é necessário conhecer a dependência viscosidade x pressão. Geralmente, a viscosidade é diretamente proporcional a densidade da substância. 2.10. Viscosidade dos líquidos A viscosidade absoluta dos líquidos é inversamente proporcional a temperatura, ou seja, o aumento da temperatura diminui a viscosidade dos líquidos. Praticamente todos os líquidos se tornam mais finos (diminuem a viscosidade) com o aumento da temperatura e ficam mais grossos (aumentam a viscosidade) quando resfriados. Esta é a razão porque em países frios, há dois tipos de óleo de motor, para o verão e para o inverno (SAE-10, SAE 20). O óleo mais fino é usado no frio, de modo que a queda da temperatura que aumenta a viscosidade ainda o mantém no estado líquido. Já são disponíveis óleos com pequena variação de viscosidade com variação da temperatura: SAE 10W - 30. Receptáculo inferior Tubo de saída Banho de óleo com temperatura controlada Borda overflow Óleo sob teste Variáveis de Processo 10 Fig. 1.11. Viscosidade dinâmica da água Para a maioria dos materiais, a curva viscosidade x temperatura é exponencial e uma pequena variação de temperatura pode provocar grande variação da viscosidade. Há materiais que possuem coeficientes de variação tão elevados quanto 30%/oC. O formato exponencial da curva viscosidade x temperatura torna a compensação de temperatura uma tarefa complexa e difícil de ser realizada. Talvez a melhor solução é a colocação de um sistema de controle de temperatura, que a mantenha constante no processo em si ou na obtenção da amostra a ser usada para a medição da viscosidade. Há tabelas, gráficos e ábacos que relacionam a viscosidade com a temperatura. A partir destas curvas e de equações exponenciais pode-se extrapolar a viscosidade, ou seja, determinar a viscosidade do fluido em determinada temperatura a partir da viscosidade conhecida em outra temperatura. A viscosidade absoluta dos líquidos é diretamente proporcional a pressão, ou seja, o aumento da pressão aumenta a viscosidade dos líquidos, porém, em menor grau. Os líquidos mais compressíveis, como os carboidratos leves, são mais sensíveis a pressão. Na maioria das aplicações da medição de vazão, o efeito da pressão na viscosidade dos líquidos é insignificante. Pequena variação na viscosidade afeta somente o numero de Reynolds, que, na maioria dos casos, tem pequena influência nos coeficientes da vazão. A equação de Kouzel relaciona a viscosidade com a pressão. 2.11. Viscosidade dos gases A viscosidade absoluta dos gases e vapores é diretamente proporcional a temperatura. Este comportamento é oposto ao dos líquidos. Porém, em pressões muito elevadas, a viscosidade inverte; a viscosidade é inversamente proporcional a temperatura. O gás sob altíssima pressão se comporta como líquido. Fig. 1.12. Viscosidade do ar Até a pressão de 10 MPa (1500 psia), as variações da viscosidade não afetam a maioria das medições de vazão. Adicionalmente, as vazões de gases se processam com elevadíssimos números de Reynolds, onde mesmo as grandes variações da viscosidade não afetam a medição da vazão. 3. Densidade A densidade está relacionada com a composição de misturas e soluções químicas e com a concentração de sólidos em suspensão. Na medição de vazão, a densidade é importante como um meio de inferir a vazão mássica de fluidos compressíveis, a partir da vazão volumétrica medida. 3.1. Conceitos e Unidades A densidade absoluta é definida como a massa dividida pelo volume. Sua unidade é expressa em kg/m3 ou kg/L. A densidade relativa é também chamada de gravidade especifica. A densidade relativa de sólido ou líquido é a divisãoda massa da substância pela massa de um igual volume de água, tomadas ambas à mesma temperatura, pressão e gravidade. A densidade relativa de um gás é a divisão da massa do gás pela massa de um igual volume Variáveis de Processo 11 de ar, isento de CO2 ou hidrogênio, tomadas ambas nas mesmas condições de temperatura, pressão e gravidade. A densidade relativa é um numero adimensional e é a mesma em qualquer sistema de unidades. As densidades relativas da água e do ar são iguais a 1. Se a densidade relativa de um dado óleo é 0,650, sua densidade absoluta vale 650 kg/m3. Fig. 1.13. Densidade da água em função da temperatura e pressão A gravidade específica ideal é a divisão do peso molecular do gás pelo peso molecular do ar. A razão de não usar a relação das densidades é que os efeitos de pressão e temperatura nas densidades dos gases varia com o tipo do gás ou da mistura de gases. As diferenças entre as densidades relativas dos gases pela relação dos pesos moleculares e pela relação das densidades dependem de quanto a temperatura do processo se afasta da temperatura crítica do gás. Assumindo uma temperatura ambiente de 20 oC, à pressão atmosférica, o erro para o metano é de cerca de 0,1% e para o etileno, 0,5%. Também se define o peso especifico, como a relação peso/volume. O peso depende do campo gravitacional e conseqüentemente, o peso especifico depende da aceleração da gravidade. O mol é a quantidade de matéria do gás igual ao seu peso molecular. O mol é a unidade de quantidade de substância que define o mesmo numero de moléculas de gases diferentes. Por exemplo, 1 mol de metano contem o mesmo numero de moléculas que 1 mol de nitrogênio. Fig. 1.14. Densidade do ar em função da temperatura e pressão 3.2. Compensação de Temperatura e Pressão A densidade absoluta e a densidade relativa dependem da temperatura e da pressão. Para se ter a medição da densidade do fluido compressível com grande precisão deve se ter alguma das seguintes condições: 1. quando a temperatura e a pressão forem constantes, conhecer estes valores e fazer a correção através de um fator constante, no escalonamento ou no fator de multiplicação da leitura. 2. quando a temperatura e a pressão forem variáveis, medir continuamente os seus valores e fazer a devida compensação. 3. quando a temperatura e a pressão forem variáveis, usar controladores para manter os valores constantes. 3.3. Métodos de Medição A maioria dos medidores industriais de densidade de líquidos se baseia na medição do peso, da força de empuxo ou da pressão hidrostática. Alguns poucos medidores, mais complexos, utilizam técnicas de ressonância e de radiação. Teoricamente, a conversão de vazão volumétrica em mássica deveria envolver a medições da vazão volumétrica e da densidade. Porém, por causa da complexidade dos medidores e das dificuldades da medição da densidade, em linha, o comum é se medir a temperatura e a pressão do processo e inferir o valor da densidade. Variáveis de Processo 12 4. Pressão 4.1. Conceito A pressão é dada pela quantidade escalar força/área. A força associada com uma dada pressão agindo na unidade de área é perpendicular a esta área. 4.2. Unidades A unidades de pressão é expressas em unidade de força sobre unidade de área. A unidade SI de pressão é o pascal, símbolo Pa. Tem-se: 1 Pa = 1 N/1 m2 Como o pascal é uma unidade muito pequena, é comum usar o kPa (103 Pa). 100 kPa vale 1 kgf/cm2 e é igual a aproximadamente 14,22 psi. Embora todo técnico deva usar apenas unidades do SI, é comum se ter outras unidades para pressão, como o psi e o kgf/cm2. A unidade inglesa psi significa pound square inch. Outra unidade de pressão usada é o kgf/cm2 (na prática se diz incorretamente kg/cm2) ou simplesmente kilograma. Fig. 1.15. Conceitos e tipos de pressão 4.3. Tipos As medições de vazão são geralmente classificadas como pressão manométrica, pressão absoluta ou pressão diferencial. Para evitar confusão, é conveniente colocar o sufixo na unidade, para cada tipo de medição: manométrica (g), absoluta (a) ou diferencial (d). Pressão manométrica A pressão manométrica (gage) é referida a pressão atmosférica. Ela pode assumir valores positivos (maiores que o da pressão atmosférica) e negativos, também chamado de vácuo. A maioria dos instrumentos industriais mede a pressão manométrica. Pressão absoluta A pressão absoluta é a pressão total, incluindo a pressão atmosférica e referida ao zero absoluto. Ela só pode assumir valores positivos. Mesmo quando se necessita do valor da pressão absoluta, usa-se o medidor de pressão manométrica que é mais simples e barato, bastando acrescentar o valor da pressão atmosférica ao valor lido ou transmitido. Só se deve usar o medidor com elemento sensor absoluto para faixas próximas a pressão atmosférica; por exemplo, abaixo de 100 kPa. Pressão atmosférica A pressão atmosférica é a pressão exercida pelos gases da atmosfera terrestre e foi a primeira pressão a ser realmente medida. Fig. 1.16. Pressão em tanque e tubulação Vácuo ou pressão manométrica negativa Pressão Atmosférica Zero Absoluto (Vácuo perfeito) Pressão manométrica Pressão absoluta Pressão barométrica Pressão absoluta Pressão medida 103 kPa A 197 kPa A 94 kPa G 0 kPa G 60 kPa A -43 kPa G Variáveis de Processo 13 Pressão diferencial A pressão diferencial é a diferença entre duas pressões, exceto a pressão atmosférica. O transmissor de pressão diferencial para a medição de vazão e de nível é simultaneamente sensível e robusto, pois deve ser capaz de detectar faixas de pressão diferencial da ordem de centímetros de coluna d'água e suportar pressão estática de até 400 kgf/cm2. Pressão estática A pressão estática do processo é a pressão transmitida pelo fluido nas paredes da tubulação ou do vaso. Ela não varia na direção perpendicular a tubulação, quando a vazão é laminar. Pressão dinâmica A pressão dinâmica da tubulação é a pressão devida a velocidade do fluido (1/2 p v2). Pressão de estagnação A pressão de estagnação é obtida quando um fluido em movimento é desacelerado para a velocidade zero, em um processo sem atrito e sem compressão. Ela é também chamada de pressão de impacto. Matematicamente, ela é igual a soma da pressão estática e da pressão dinâmica. Tem-se a pressão de estagnação na parte central do medidor tipo pitot. Pressão de vapor Quando há evaporação dentro de um espaço fechado, a pressão parcial criada pelas moléculas do vapor é chamada de pressão de vapor. A pressão de vapor de um líquido ou sólido é a pressão em que há equilíbrio vapor- líquido ou vapor-sólido. A pressão de vapor depende da temperatura e aumenta quando a temperatura aumenta. Esta função entre a pressão de vapor e a temperatura é a base da medição da temperatura através da medição da pressão de vapor de líquido volátil (classe SAMA II) Pressão de fluido A pressão do fluido é transmitida com igual intensidade em todas as direções e age perpendicular a qualquer plano. No mesmo plano horizontal, as pressões em um líquido são iguais Tab. 1.1. Unidades de Pressão Unidade não SI Unidade SI 1 atmosfera normal 1,013 25 x 105 Pa 1 atmosfera técnica 9,806 65 x 104 Pa 1 bar 1,000 00 x 105 Pa 1 kgf/cm2 9,806 65 x 104 Pa 1 mm H2O 9,806 65 Pa 1 mm Hg 133,322 Pa 1 psi 6,894 76 x 103 Pa 1 torricelli 1,333 22 x 102 Pa Pressão a montante e a jusante A pressão montante é a pressão tomada antes do medidor de vazão (upstream); a pressão a jusante é aquela tomada depois do medidor de vazão (downstream). Tensão superficial A tensão superficial é usada para identificar a tensão aparente na camada superficial de um líquido. Esta camadase comporta como uma membrana esticada e pode subir para uma diferença de pressão através de uma superfície líquida curva, que é a interface ar-líquido. Na realidade, a tensão superficial é uma energia associada com qualquer interface fluido-fluido e a interface líquido-ar é a mais comum. Como a superfície do líquido se comporta como uma membrana, o líquido pode formar um menisco em um tubo capilar e as gotas d'água possuem um formato aproximadamente esférico. Através da superfície interfacial de dois fluidos, a diferença de pressão é balanceada por uma tensão superficial, medida em força por unidade de comprimento. Em qualquer ponto da superfície, a superfície pode ser caracterizada por dois raios de curvatura, ambos perpendiculares à superfície. Tem-se )(Tp 21 R 1 R 1 +=∆ onde ∆p é a pressão diferencial entre as duas superfícies, T é a tensão superficial A bolha de sabão flutuando no ar é um exemplo de superfície esférica, onde a pressão interna é maior que a pressão atmosférica externa e a tensão no filme de sabão balanceia a diferença de pressão. A gota da chuva é aproximadamente esférica, porque a tensão superficial mantém a gota junta; a resistência do ar distorce esta esfera. Variáveis de Processo 14 Diminuição da pressão com a altura A pressão exercida pela atmosfera diminui com a altura, segundo a expressão: g dy dp ρ−= ou, para um fluido incompressível )yy(gpp 1212 −ρ−=− 4.4. Medição da Pressão Os sensores de pressão podem ser mecânicos e elétricos. Os principais sensores mecânicos são os de deformação elástica, cujo sensor principal é o tubo bourdon C. Quando a pressão medida aplicada ao bourdon C varia, há uma variação proporcional no formato do bourdon, provocando um pequeno deslocamento mecânico que pode ser amplificado por elos e links ou associado a algum mecanismo de transmissão pneumática ou eletrônica. Os outros medidores à deformação elástica incluem o espiral, fole, helicoidal, diafragma, feitos com diferentes materiais para a medição de diferentes faixas de pressão. Fig. 1.17. Elementos de pressão à deformação elástica Fig. 1.18. Coluna líquida e manômetro digital Os sensores elétricos de pressão são o cristal piezelétrico e o strain gage. O cristal piezelétrico, pouco usado na prática, por ser muito caro, é um sensor ativo, que gera uma militensão proporcional à pressão aplicada. O sensor de pressão mais usado é o strain gage ou célula de carga (load cell) que varia sua resistência elétrica em função do stress mecânico (tração ou compressão). A medição da resistência do strain gage é medida através da clássica ponte de Wheatstone. Fig. 1.19. Strain-gages típicos O manômetro é o conjunto do sensor e indicador da pressão manométrica. Ele pode ser analógico ou digital. Quando analógico, o manômetro possui uma escala fixa e um ponteiro móvel. A melhor precisão do manômetro é na faixa central, tipicamente entre 25 e 75% do fundo da escala de indicação. Fig. 1.20. Manômetro (Foxboro) Variáveis de Processo 15 Pequenas pressões, expressas em comprimento de coluna d'água ou coluna de mercúrio, podem ser medidas através de colunas de líquido. Na instrumentação, é também comum o uso do transmissor eletrônico, para condicionar o sinal gerado pelo sensor de pressão, convertendo-o para o sinal padrão, pneumático de 20 a 100 kPa ou eletrônico de 4 a 20 mA cc. Com o transmissor, a pressão pode ser indicada remotamente, em sala de controle centralizada. São disponíveis transmissores de pressão manométrica, absoluta e diferencial. Atualmente, a tecnologia mais usada na operação do transmissor se baseia em microprocessador e o transmissor é chamado de inteligente. Fig. 1.21. Transmissor de pressão (Rosemount) 4.5. Pressão e a Vazão A pressão é que faz o fluido vazar nas tubulações fechadas, garantindo que o fluido ocupa toda a seção transversal. Em termos de energia, a energia de pressão é transformada em energia cinética. O efeito da variação da pressão é bem definido em relação a densidade, a gravidade específica e a compressibilidade dos fluidos. O efeito da pressão é pequeno nos líquidos, exceto em altas pressões mas deve ser definitivamente considerado para a medição de vazão de gases e vapores. Na medição da vazão de gás é mandatório a compensação da pressão estática. O método mais empregado para medir vazão é através da placa de orifício, que gera uma pressão diferencial proporcional ao quadrado da vazão. Em vazão muito laminar, a pressão diferencial é proporcional linearmente a vazão. 5. Temperatura 5.1. Conceito De tanto se afirmar que a temperatura é diferente de calor, ninguém mais os confunde. O calor é uma forma de energia e a temperatura é uma grandeza física fundamental. O calor adicionado a um corpo torna-o mais quente, a remoção de calor esfria- o. O calor também derrete os sólidos em líquidos e converte líquidos em vapores ou gases. A expansão é outro resultado do aquecimento. A energia do calor pode ser transformada em energia mecânica para produzir trabalho. Porém, o mais comum é que toda energia mecânica, elétrica ou química usada para produzir trabalho, também produza calor, por causa dos atritos e das perdas. A temperatura é uma expressão que denota uma condição física da matéria, assim como a massa, a dimensão, o tempo, a luminosidade, a corrente elétrica, o mol e o radiano. A temperatura é a medida de quanto um corpo está mais quente ou mais frio que outro. A temperatura não é uma medição direta do calor, mas é a medição do resultado do calor sensível. Quanto mais quente um corpo, maior é a sua temperatura e maior é o nível de calor do corpo. Dois corpos à mesma temperatura podem conter quantidades de calor diferentes e como conseqüência, dois corpos a temperaturas diferentes podem conter a mesma quantidade de calor. 5.2. Unidades A unidades de temperatura no SI é o kelvin (K). Na prática, usa-se o kelvin em trabalhos científicos e teóricos sendo aceito o uso do grau Celsius (oC) em aplicações comerciais e práticas. 5.3. Escalas de temperatura A partir dos pontos notáveis arbitrários, foram estabelecidas várias escalas 1. Escala Celsius (oC), estabelece como zero o ponto de congelamento da água, como 100 o ponto de ebulição da água e divide o intervalo em 100 partes iguais, chamados graus Celsius. 2. Escala Fahrenheit (oF), ainda teimosamente usada nos países de língua e colonização inglesa. Fahrenheit estabeleceu o valor 32 para o ponto de gelo da água do mar, +100 para a temperatura do corpo de sua mulher e Variáveis de Processo 16 dividiu o intervalo em 100 graus (Fahrenheit). Na prática, a relação de conversão é 5 C 9 )32F( = − As escalas Celsius e Fahrenheit são consideradas relativas. A escala Kelvin é considerada a escala absoluta. O grau Celsius tem o mesmo valor que o kelvin, porém as escalas são defasadas de 273,19 graus. Ou seja, 0 K corresponde a -273,19 oC; 273,19 K valem 0 oC; 1 273,19 K correspondem a 1 000 oC. A escala absoluta correspondente à relativa Fahrenheit é a escala Rankine. O grau Rankine tem o mesmo valor que o grau Fahrenheit, porém há uma defasagem de 459,61 oF nas escalas. Fig. 1.22. Escalas de temperatura 5.4. Sensores de temperatura Existem vários modos de se determinar a temperatura, incluindo o termômetro a gás, o termômetro paramagnético, o termômetro de radiação de Planck. Porém, são métodos para a determinação termodinâmica da temperatura e só possuem interesse científico e teórico e por isso, são restritos a laboratórios de pesquisa. Em siderurgia e metalurgia, quando se tem altas temperaturas, são utilizados medidores de temperaturatipo radiação de energia. Alguns que utilizam o olho humano como detector e todos servem para medir temperaturas entre 1 200 e 3 000 oC. Há ainda pirômetros com detectores de infravermelho e com padrões de referência objetivos. Em laboratórios, é comum o uso de termômetros de hastes de vidro. São tubos de vidro transparente, contendo um fluido no seu interior capilar. A dilatação do fluido é proporcional à temperatura sentida no bulbo. São simples e baratos, porém são frágeis e fornecem apenas leitura local. São aplicados em laboratórios, oficina de instrumentação e para medição clínica da temperatura do corpo humano. Os sensores de temperatura podem ser classificados, de um modo geral, em mecânicos e eletrônicos. Os sensores mecânicos mais usados são os seguintes: 1. haste de vidro 2. bimetal 3. enchimento termal Os sensores elétricos mais usados são: 1. termopar 2. resistência metálica 3. termistores ou resistência a semicondutor Há ainda os pirômetros ópticos, para medição de temperatura sem contato direto. Tab. 1.2. - Faixas e métodos de medição Método Faixa de Medição, oC Termopares -200 a 1700 Enchimento Termal -195 a 760 RTD -250 a 650 Termistores -195 a 450 Pirômetro Radiação -40 a 3000 Bimetal Os termômetros bimetais são usados para a indicação local da temperatura. O princípio de funcionamento é simples dois metais com coeficientes de dilatação térmica diferentes são soldados formando uma única haste. à uma determinada temperatura, a haste dos dois metais está numa posição; quando a temperatura varia, a haste modifica a sua posição produzindo uma força ou um movimento. As partes do termômetro a bimetal são 1. o sensor, em contato direto com a temperatura 2. os elos mecânicos, para amplificar mecanicamente os movimentos gerados pela variação da temperatura, detectada pelo bimetal. 3. a escala acoplada diretamente aos elos mecânicos, para a indicação da temperatura medida. 32 0 0 oC (K) oF (oR) 212 100 OC = (oF - 32)/1,8 F=1,8C+32 escala sensor 180(1002 Variáveis de Processo 17 4. opcionalmente, pode-se usar o sistema de transmissão. As vantagens do bimetal são o baixo custo, a simplicidade do funcionamento, a facilidade de instalação e de manutenção, as largas faixas de medição e a possibilidade de ser usado com os mecanismos de transmissão. As desvantagens são a pequena precisão, a não linearidade, a grande histerese, a presença de peças moveis que se desgastam e, quando manuseados sem cuidado ou quando submetidos a duro trabalho, a alteração da calibração. Fig. 1.23. Chave de temperatura a bimetal A principal aplicação para o termômetro a bimetal é em indicação local de temperaturas de processo industrial. É muito usado para controle comercial e residencial de temperatura associado a ar condicionado e refrigeração. Enchimento Termal O sistema termal de enchimento mecânico foi um dos métodos mais usados no início da instrumentação, para a medição de temperatura. O método foi e ainda é, um meio satisfatório de medição da temperatura para a indicação, o registro e o controle locais. Seu uso não é limitado a leitura local ou controle, mas é utilizado para a transmissão pneumática para leitura ou controle remoto. Os componentes básicos do sistema termal de enchimento mecânico são 1. o bulbo sensor, em contato com o processo. 2. o elemento de pressão, montado no interior do instrumento receptor, que pode ser um transmissor pneumático, um indicador, um registrador ou um controlador, todos montados próximos ao processo . 3. o tubo capilar, ligando o bulbo ao elemento de pressão do instrumento. 4. o fluido de enchimento 5. opcionalmente pode haver o sistema de compensação da temperatura ambiente. O sistema termal é ligado a um dispositivo de display, para apresentação do valor da temperatura. Fig. 1.24. Elemento com enchimento termal Termopar A medição de temperatura por termopar é uma das mais usadas na indústria, principalmente em sistema com a seleção de multipontos. Fig. 1.25. Sensor termopar A junção do termopar gera um sinal de militensão ou uma força eletromotriz que é função dos seguintes parâmetros: 1. o tipo do termopar usado. As pesquisas são desenvolvidas para se encontrar pares de metais que tenham a capacidade de gerar a máxima militensão quando submetidos a temperaturas diferentes. 2. a homogeneidade dos fios metálicos. As instalações de termopar requerem inspeções periódicas para verificação do estado dos fios termopares. A degradação do termopar introduz erros na medição. 3. a diferença de temperatura nas junções. Essa é a propriedade utilizada para a medição da temperatura. Variáveis de Processo 18 O circuito de medição completo deve possuir os seguintes componentes básicos 1. o termopar, que está em contato com o processo. O ponto de junção dos dois metais distintos é chamado de junta quente ou junta de medição. 2. a junta de referência ou a junta fria, localizada no instrumento receptor. Como a militensão é proporcional à diferença de temperatura entre as duas junções, a junta de referência deve ser constante. Como nos primeiros circuitos havia um recipiente com água + gelo, para manter a junta de referência em 0 oC, a junta de referência é também chamada de junta fria. Mesmo quando se mede temperatura abaixo de 0 oC, portanto quando a junta quente é mais fria que a junta fria, os nomes permanecem, por questões históricas. Atualmente, em vez de se colocar um pouco prático balde com água + gelo, utiliza-se o circuito de compensação com termistores e resistências. 3. circuito de detecção do sinal de militensão, geralmente a clássica ponte de Wheatstone, com as quatro resistências de balanço. Na prática o circuito é mais complexo, colocando-se potenciômetros ajustáveis no lugar de resistências fixas. Os ajustes correspondem aos ajustes de zero e de largura de faixa. 4. a fonte de alimentação elétrica, de corrente contínua, para a polarização dos circuitos elétricos de detecção, amplificação e condicionamento do sinais. Existem vários tipos de termopares, designados por letras; cada tipo apresentando maior linearidade em determinada faixa de medição. Essa variedade de tipos facilita a escolha, principalmente porque há muita superposição de faixa, havendo uma mesma faixa possível de ser medida por vários termopares. Os tipos mais utilizados comercialmente são 1. tipo J, de Ferro (+) e Constantant (-), com faixa de medição até 900 oC. Para a identificação, o Fe é o fio magnético. 2. tipo K, de Cromel (+) e Alumel (-), para a faixa de medição até 1.200 oC, sendo o Cromel levemente magnético. 3. tipo T, de Cobre (+) e Constantant (-), para faixa até 300 oC. É fácil a identificação do cobre por causa de sua cor característica. 4. tipo S, com a liga (+) de Platina (90%) + Ródio (10%) e Platina pura (-). Atinge até medição de 1.500 oC e para identificação, platina pura é a mais maleável. 5. tipo R, também liga (+) de Platina (87%) + Ródio (13%) e Platina (-), com a mesma faixa de medição até 1.500 oC e identificando-se a platina pura pela maior maleabilidade. Resistência detectora de temperatura A resistência elétrica dos metais depende da temperatura; este é o princípio de operação do sensor de temperatura a resistência elétrica (RTD - Resistance Temperature Detector). Quando se conhece a característica temperatura x resistência e se quer a medição da temperatura, basta medir a resistência elétrica. Essa medição é mais fácil e prática. Normalmente, a resistência metálica possui o coeficiente térmico positivo, ou seja, o aumento da temperatura implica no aumento da resistência elétrica. A resistência de material semicondutor (Si e Ge) e as soluções eletrolíticas possuem coeficientes térmicos negativos o aumento da temperatura provoca a diminuição da
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