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SANTOS, Juvandi de Souza. Costumes indígenas do Brasil do Pós-contato: O grupo étnico/cultural Tarairiú dos sertões da Paraíba. Campina Grande: Copias & Papéis, 2012. A obra intitulada: “Costumes indígenas do Brasil do Pós-contato: O grupo étnico/cultural Tarairiú dos sertões da Paraíba” refere-se acerca de duas tribos indígenas: Tapuias e Tarairiús, especificamente no Estado da Paraíba, na qual são abordados as suas características, seus costumes, suas práticas ritualísticas, sobretudo mediante o pós-contato. A obra consta com 166 páginas, 3 capítulos, 17 seções, 20 figuras complementares e 8 quadros informativos. O primeiro capítulo aborda a princípio os parâmetros básicos para classificar os indígenas do Brasil, através do critério linguístico (tronco linguístico, tronco aruaque e o tronco macrôje), melhor dizendo, a distinção dos indígenas no Brasil advindo da análise linguística, o tipo físico e as diferenças culturais. Além disso, a seriação dos indígenas no Brasil — Tupi/Tapuias. A ‘priori’, divididos até em grupos como: silvícolas, orícolas e flumínicolas isso de acordo com Rondon, século XX. É constatável que esses povos trabalhavam de maneira coletiva com a participação de mulheres e homens, como uma forma de mobilização para auxílio múltiplo, sendo que brigavam apenas por suas terras, já que à terra era sagrada para esses povos, pois era visto como aspecto de sobrevivência, fonte de vida. Ademais, a questão da antropofagia, visto como cultura ritualística, para demonstrar bravura frente aos inimigos, após vencer um combate, onde se alimentavam da carne do inimigo, acreditavam que comendo a carne podiam obter mais força e braveza. Há indagações também em razão ao endocanibalismo como ato de saudade de parentes, em que matavam um religioso (ex: um padre) logo após o comiam (prática ritualística especificamente Tarairiús), como também: “a questão da cremação utilizada pelo grupo Caingangues, Aveicomas”. “Como acontecia o sepultamento primário de costume dos índios cariris (cadáver enrolado e depositado na cova com seus pertences/adornos)”. “A localização dos indígenas onde procuravam lugares férteis para moradia, ou seja, lugares que tivessem água para realizar suas atividades de plantio”. Por conseguinte, é exposto suas crenças nos deuses e seus rituais, as guerras e suas motivações (algo constante entre os índios do Brasil), a cultura de saudação (cumprimento) entre os índios, os adornos que eles utilizavam (pinturas, tatuagens e acessórios. E por fim os cotidianos indígenas e as ferramentas que utilizavam — arco, recipientes de: couro, barro e palha. O segundo capítulo apresenta as características étnico-culturais entre os Tapuias/Tarairiús, adjunto a sintetização das aldeias do grupo Tarairiús e a sua localização, em que vemos as principais tribos da nação cariri que habitavam o estado da Paraíba, as principais diferenças entre os dois grupos Tapuias e Tarairiús, seus diversos grupos de acordo com Pompeu Sobrinho, onde foi identificado também a utilização de três categorias de flechas utilizadas pelos Tapuias, na qual cada uma teria uma funcionalidade, ex: a preaca, caça de animais grandes, a rombuda, utilizada para abater o animal sem causar grandes machucados, e a flecha de nó, geralmente utilizada para ferir de leve a caça. Além disso, o quesito do sistema tribal e familiar, em que era composto por três grupos o sipe/grupo do Fumo, Faledaktoá/grupo do piriquito, e por último o grupo Txokôtkwa/grupo do peixe. Já o terceiro capítulo a primeiro momento expõe os Tapuias Tarairiús da Paraíba pós-contanto, tal qual é compreendido a indagação do Elias Borges afirmando que os Tarairiús não tinham lugares fixos, sendo assim, eram seminômades de acordo com ele, elemento que contradiz as pesquisas arqueológicas realizadas pelo Juvandi em um aldeamento Tarairiú na cidade de Cuité, isto é, o capítulo inicia fazendo menção a alguns erros cometidos pelo Borges ao analisar outras obras (ex: uma das obras do Irineo Joffily), assim como contrariar pesquisas já realizadas. Ademais, é apresentado um cartograma do Elias Borges, em que ele utiliza documentos e relatos de alguns cronistas do século passado para conseguir diferenciar/dividir o que era o povo Cariri e Tarairiú através das suas “oito provas”. É relatado também a estatura física dos índios, às duas raças existentes, a questão da solidariedade (integra na divisão de tarefas entre sexos e idades). E por fim, como eram observados os indígenas a partir dos pintores e desenhistas, em que há o relato de que no governo de Nassau — 1637 – 1644 — vieram vários artistas, desenhistas e outros profissionais para apreciar os modos de vidas dos Tapuias e descrevê-lá em formato de desenhos, pinturas e relatórios. Portanto, através da leitura da obra do Dr. Juvandi é constatável a intelectualidade do autor, onde é perceptível diante das suas inquietudes sobre outros estudiosos sobre a temática, na qual as informações se contradizem, é justamente esse fato que o autor faz crítica. Fica explícito também o conhecimento do autor mediante a historiografia — em que utiliza grandes autores para empunhar a sua tese. Dessarte, esta magnífica obra serve para todos aqueles pesquisadores e estudiosos que se dedicam a estudar a cultura dos Tapuias, principalmente dos grupos extintos, ocasionalmente os Cariris e os Tarairiús da região. Como autor da obra o professor Dr. Juvandi de Souza Santos que possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual da Paraíba (1993); tem especialização em História do Brasil República pela UFPB (1996). Especialização em Regionalismo e Análise Regional pela UEPB (1998). Pós- Graduado (Especialização) em Paleontologia e Cultura, pela Faculdade Dom Alberto (2020). Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba (2001). Mestrado em Arqueologia e Conservação do Patrimônio pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Doutorado em História/Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2009); 1. Pós-Doutorado em História/Arqueologia (Ênfase em Arqueologia Pré-Histórica) pela PUC/RS (2011); 2. Pós-Doutorado em História/Arqueologia (ênfase em Arqueologia Histórica Missioneira) na PUC/RS (2014); 3. Pós-Doutorado em História/Arqueologia pela PUC/ RS-2019, com ênfase em Arqueologia Histórica Militar. Além disso, atualmente exerce as seguintes atividades: coordenador do NUPEHL-UEPB; tem 37 livros publicados e dezenas de artigos em congressos, simpósios, etc., além de publicar com frequência em revistas de Magazine e jornais locais; tem cerca de duas dezenas de capítulos de livros publicados. Coordena o Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB (LABAP/UEPB) e é o curador do Museu de História Natural da Paraíba, onde realiza diversas pesquisas na área rupestre. Danielson Jovencio de Souza — Graduando História pela Universidade Estadual da Paraíba — UEPB.
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