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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA SELF HEALING: RECONFIGURAÇAO AUTOMÁTICA DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO, CONTEXTO, TOPOLOGIAS E APLICAÇOES NO BRASIL. Ilhéus, Janeiro de 2020 Aluno: Felipe Barreto de Oliveira Orientador: Prof. Dr. Adjeferson Custódio Gomes UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS por Felipe Barreto de Oliveira Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Banca Examinadora, como requisito parcial para a obtenção de título de Graduado em Engenharia Elétrica. Área de Concentração: Sistemas de Energia Elétrica Linha de pesquisa: Automação de Sistemas de Distribuição. Orientador: Prof. Dr. Adjeferson Custódio Gomes Ilhéus, Janeiro de 2020 II RESUMO A crescente integração de novas tecnologias ao Sistema Elétrico de Potencia (SEP) produz alterações significativas no âmbito estrutural e operacional do mesmo. No contexto do sistema de distribuição de média tensão (SDMT), o conceito de automação inteligente de rede (AIR) vem ganhando espaço na realidade das distribuidoras de energia elétrica, possibilitando a reconfiguração automática do sistema em caso de alteração das condições de operação. Do ponto de vista regulatório, os indicadores coletivos de continuidade do fornecimento de energia elétrica, definidos pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mensuram os padrões de qualidade na prestação do serviço atrelados a ressarcimento de consumidores e condicionantes da manutenção dos contratos de concessão do serviço público de distribuição de energia elétrica. Melhoras significativas nos indicadores de qualidade do serviço podem ser obtidos por meio de técnicas de AIR para implantação de sistemas Self Healing que executa decisões operacionais de maneira autônoma e extremamente rápida, visando otimizar a detecção, isolação e restauração de faltas ( Fault Location Isolation and Service Restoration - FLISR) reconfigurando a rede para minimizar o número de unidades consumidoras interrompidas com a menor quantidade de manobras possível. O presente trabalho estuda a arquitetura e funcionamento das múltiplas topologias de Self Healing, seus requisitos e benefícios sobre a ótica das distribuidoras de energia. Palavras chave: Automação inteligente de redes, FLISR, Qualidade de Energia, Self Healing. III ABSTRACT The increasing integration of new technologies into the Electric Power System (EPS) produces significant changes in its structural and operational scope. In the context of the medium voltage distribution system, the concept of intelligent grid automation has been gaining ground in the reality of electricity distributors, enabling the automatic reconfiguration of the system in case of changing operating conditions. From the regulatory point of view, the collective indicators of continuity of electricity supply, defined by the National Electricity Agency (ANEEL), measure the quality standards in the provision of the service linked to the reimbursement of consumers and conditions of the maintenance of the concession contracts of the public electricity distribution service. Significant improvements in quality of service indicators can be achieved through AIR techniques for implementing Self Healing System that execute extremely fast and autonomous operational decisions to optimize fault detection, isolation and restoration (Fault Location Isolation and Service Restoration). - FLISR) reconfiguring the network to minimize the number of interrupted consumer units with the least amount of maneuvering possible. The present work studies the architecture and operation of the multiple Self Healing topologies, their requirements and benefits from the power distributors optics. Keywords: Intelligent network automation, FLISR, Power Quality, Self Healing. IV SUMÁRIO Lista de Abreviaturas e Símbolos ........................................................................................................ 1 Lista de figuras ..................................................................................................................................... 2 Lista de tabelas ..................................................................................................................................... 3 Capítulo 1 Introdução........................................................................................................................... 4 1.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 4 1.2 - jUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 6 1.3 - Objetivos do Trabalho ............................................................................................................. 6 1.4 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................. 6 Capítulo 2 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL ............................................ 8 2.1 - ESTRUTURA BÁSICA .......................................................................................................... 8 2.2 - REGULAÇÃO TÉCNICA .................................................................................................... 11 2.3 - CONDIÇÕES PARA RENOVAÇÃO E MANUTENÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO ................................................................................................................................ 16 2.4 - INTRODUÇÃO SOBRE ASPECTOS ECONÔMICOS....................................................... 17 2.5 - RADIALIDADE DOS ALIMENTADORES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ........... 18 Capítulo 3 AUTOMAÇÃO E CONCEITOS DE SELF HEALING ................................................... 21 3.1 - ASPECTOS GERAIS ............................................................................................................ 21 3.2 - INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA SELF HEALING .......................................................... 23 3.2.1 - TOPOLOGIAS DE SELF HEALING ............................................................................. 24 3.2.1.1 - DESCENTRALIZADA ........................................................................................... 24 3.2.1.2 - SEMI-CENTRALIZADA ........................................................................................ 27 3.2.1.3 - CENTRALIZADO .................................................................................................. 32 3.2.1.4 - COMPARATIVO ENTRE TOPOLOGIAS DE SELF HEALING .......................... 32 3.3 - GESTÃO DE SOBRECARGA COMO FUNCIONALIDADE COMBINADA AO SELF HEALING ....................................................................................................................................... 35 3.4 - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 36 3.4.1 - PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO................................................................ 36 3.4.1.1 - TELEFONIA MÓVEL ............................................................................................ 36 3.4.1.2 - RÁDIO ..................................................................................................................... 39 3.4.1.3 - SATÉLITE ............................................................................................................... 41 3.4.1.4 - FIBRA ÓPTICA ...................................................................................................... 42 3.4.2 - PROTOCOLOS DE COMUNITAÇÃO .........................................................................42 3.4.3 - REQUISITOS PARA COMUNICAÇÃO COM O COD ............................................... 44 V 3.5 - SECCIONADORES AUTOMÁTICOS ................................................................................ 44 3.5.1 - RELIGADORES AUTOMÁTICOS .............................................................................. 44 3.5.2 - CHAVES SECCIONADORAS ...................................................................................... 48 3.5.3 - FUNÇÕES PRÉ DETERMINADAS DOS RELIGADORES ....................................... 48 3.6 - DESATIVAÇÃO E ATIVAÇÃO DA RECOMPOSIÇÃO AUTOMÁTICA....................... 49 3.7 - CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE OPERAÇÃO .................................................................. 50 3.7.1 - MODO LOCAL .............................................................................................................. 50 3.7.2 - EQUIPAMENTO FORA DE SERVIÇO ....................................................................... 51 3.7.3 - FALHA DE COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 51 3.7.4 - BLOQUEIO DE RELIGAMENTO ................................................................................ 51 Capítulo 4 APLICAÇÕES NO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL ............................... 53 4.1 - PROJETO PILOTO SELF HEALING SEMI-CENTRALIZADO ELEKTRO - GUARUJÁ ........................................................................................................................................................ 53 4.2 - SELF HEALIONG SEMI-CENTRALIZADO ELEKTRO – MAIRIPORÃ ........................ 57 4.3 - SELF HEALING CENTRALIZADO CEMAR – SÃO LUIS ............................................... 59 4.4 - SELF HEALING DESCENTRALIAZDO COELBA – MORRO DE SÃO PAULO............ 63 Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 65 Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 67 1 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS AIR - AUTOMAÇÃO INTELIGENTE DE REDES ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA BGAN - BROADBAND GLOBAL AREA NETWORK COD - CENTRO DE OPERAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO FLISR - FAULT LOCATION ISOLATION AND SELF RESTAURATION GPRS - GENERAL PACKET RADIO SERVICE GSM - GLOBAL SYSTEM FOR MOBILE IED - INTELLIGENT ELETRONIC DEVICE IHM - INTERFACE HOMEM-MÁQUINA OG - ORDEM DE GRADUAÇÃO PRODIST - PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL RTDS - REAL TIME DIGITAL SIMULATOR RTP - REVISÃO TARIFÁRIA PERIÓDICA RTU - REMOTE TERMINAL UNIT SCADA - SUPERVISORY CONTROL AND DATA AQUISITION SDBT - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE BAIXA TENSÃO SDMT - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MÉDIA TENSÃO SE - SUBESTAÇÃO SH - SELF HEALING VSAT - VERY SMALL APERTURE TERMINAL YFA - YUKON FEEDER AUTOMATION 2 LISTA DE FIGURAS Figura 2-1 Composição final do preço da Energia Elétrica ............................................................... 10 Figura 2-2Circuito Simplificado da operação em paralelo entre dois alimentadores da mesma subestação. ......................................................................................................................................... 19 Figura 3-1Módulo RTU Elvac para equipamentos seccionalizadores. .............................................. 25 Figura 3-2Topologia de Self Healing Descentralizado – Falta após Disjuntor. ................................ 26 Figura 3-3Topologia de Self Healing Descentralizado – Princípio de Funcionamento. ................... 26 Figura 3-4Topologia de Self Healing Descentralizado – Reconfiguração. ....................................... 27 Figura 3-5Processador de Automação RTAC SEL-3530-4. .............................................................. 28 Figura 3-6 Arquitetura Básica do sistema de comunicação de um Self Healing Semi-Centralizado.29 Figura 3-7 Fluxograma de Operação do RTAC 3530-4. ................................................................... 31 Figura 3-8Arquietetura de Self Healing Centralizado. ....................................................................... 32 Figura 3-9Modem V2COM NG2. ...................................................................................................... 38 Figura 3-10Rádio 4RF Aprisa. ........................................................................................................... 39 Figura 3-11Equipamento Religador em operação com comunicação via Rádio. .............................. 40 Figura 3-12Estação transmissora e repetidora de Rádio. ................................................................... 40 Figura 3-13 Religador operando com comunicação via satélite com antena BGAN. ....................... 41 Figura 3-14 Comparativo entre topologias de comunicação via DNP3............................................. 43 Figura 3-15 Religador Automático Parte Ativa e Caixa de Controle. ............................................... 45 Figura 3-16 Estrutura de equipamento Religador montada em poste. ............................................... 46 Figura 3-17 Ciclo de operação da função de religamento automático. .............................................. 47 Figura 3-18 Chave Seccionadora Tripolar com isolação a gás SF6. ................................................. 48 Figura 3-19 Representação da IHM do relé do religador Schneider. ................................................ 50 Figura 4-1 Diagrama Unifilar plotado no YFA do sistema implantado em Guarujá. ........................ 55 Figura 4-2 DEC Apurado no Conjunto Guarujá I de 2015 a 2018. ................................................... 56 Figura 4-3 Arquitetura Simplificada do sistema de automação. ........................................................ 58 Figura 4-4 Representação Geoespacial de parte da rede de distribuição de São Luis-MA. .............. 59 Figura 4-5 Arquitetura de Comunicação do Sistema de Automação CEMAR –São Luis. ............... 60 Figura 4-6 Fluxograma Simplificado Self Healing CEMAR – São Luis. .......................................... 62 3 LISTA DE TABELAS Tabela 2-1 Características das Bandeiras Tarifárias .......................................................................... 10 Tabela 2-2 Características dos Grupos Tarifários .............................................................................. 11 Tabela 2-3 Divisão do nível Tarifário em Parcela A e Parcela B ...................................................... 17 Tabela 3-1 Comparação entre Self Healing Descentralizado, Semi-Centralizado e Centralizado. ... 33 Tabela 4-1 Comparativo de cenários antes e depois do projeto piloto na cidade de Guarujá. .......... 56 4 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO A energia elétrica é um insumo fundamental para o funcionamento da sociedade moderna. Para que o consumidor disponha de energia no momento que aciona um interruptor ou conecta um aparelho elétrico na tomada é preciso que um vasto aparato – composto por centenas de centrais geradoras, linhas de transmissão, subestações, linhas e transformadores de distribuição – esteja apto a operar de forma coordenada. O armazenamento de energia elétrica em larga escala ainda não é economicamente viável com as tecnologias disponíveis, portanto, sincroniza-se geração e consumo em tempo real (DE SOUSA, 2018). A interrupção no fornecimento de energia elétrica resulta em prejuízos para toda a sociedade, tendo em vista a grande quantidade e variedade de processos que se baseiam na eletricidade como processos de manutenção da vida, climatização, sinalização de trânsito, iluminaçãoe informática (BROADWATER, 1994). A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), através de um conjunto de documentos denominado Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST), onde o Módulo 8, estabelece os procedimentos e indicadores de qualidade a serem obedecidos pelas distribuidoras de energia no que diz respeito a qualidade do serviço e qualidade do produto da perspectiva coletiva e individual das unidades consumidoras. Tais indicadores são estabelecidos pelo órgão regulador e são condicionantes para a manutenção dos contratos de concessão do serviço público de distribuição de energia elétrica. Entretanto, o fornecimento ininterrupto de energia é tecnicamente inviável. Sobretudo no sistema de distribuição que possui uma maior extensão e está inserido nos centros urbanos. Além de desligamentos programados para obras ou manutenção as interrupções estão geralmente associadas a defeitos físicos na rede, sejam elétricos ou mecânicos, em virtude da exposição a intempéries, contato de vegetação com a rede, acidentes envolvendo ativos da rede, intervenção de terceiros, entre outras causas. Um fator agravante é que no Brasil predominam as redes de distribuição aéreas do tipo convencional, composta por condutores nus, sem proteção eletromecânica (BROADWATER, 1994). A estrutura tradicional do Sistema de Distribuição de Média Tensão (SDMT), é essencialmente radial, trazendo consigo problemas inerentes deste arranjo como o alto carregamento dos condutores dos trechos mais próximos às subestações e quedas de tensões acentuadas nos pontos mais distantes. A radicalidade característica dos alimentadores de distribuição tanto urbanos quanto 5 rurais requer filosofias específicas de proteção visando atender os critérios de sensibilidade, velocidade, confiabilidade, coordenação e seletividade. O sistema de proteção deve ser eficiente na sua principal função, detectar e isolar curtos-circuitos com velocidade suficiente para que não haja danos ao sistema elétrico e risco para a população (BROADWATER, 1994). Como funcionalidade adicional, o sistema de proteção através da alocação estratégica de seus componentes, deve ser capaz de isolar o menor trecho possível em caso de falta, visando otimizar a continuidade no suprimento de eletricidade. Para isso é necessário uma estrutura robusta de sensores, equipamentos seccionalizadores (atuadores), infraestrutura de telecomunicação e tecnologia da informação para composição do sistema supervisório que subsidia o monitoramento avançado e controle do sistema de forma remota por parte do Centro de Operação de Distribuição (COD) das concessionárias (BOVOLATO, 2013). Neste cenário, as distribuidoras de energia elétrica têm investido massivamente em dispositivos telecomandados capazes de seccionalizar trechos afetados por faltas e ainda restaurar trechos saudáveis da rede garantindo uma maior agilidade e confiabilidade na operação do sistema. Os investimentos no melhoramento do SEP refletem diretamente na qualidade de vida da sociedade e consequentemente na satisfação dos clientes em relação ao serviço prestado (HARTWRIGHT, COFFEY, 1995). A médio e longo prazo tem-se uma redução dos custos através de uma maior eficiência operacional, uma vez que se faz possível a otimização da alocação das equipes de manutenção para localização e correção dos defeitos e redução das compensações financeiras decorrentes da ultrapassagem dos limites de continuidade (BACELAR, 2016). No Brasil, a aplicação de conceitos de AIR é recente e se traduz, sobretudo, em sistemas Self Healing (Auto Reparação) que compreende estudos técnicos para viabilização e adequação da rede, obras para construção de novos alimentadores, obras para interligação entre alimentadores, recondutoramento de trechos visando viabilizar manobras, instalação de grande quantidade de novos equipamentos sensores e seccionalizadores telecomandados dispostos na rede de forma estratégica, relocação e atualização de parte dos equipamentos já existentes para tecnologias mais recentes que permitem a integração entre estes equipamentos e um sistema de controle central que se comunica com o sistema supervisório do COD em tempo real (BOVOLATO, 2013). A autorregeneração promovida por um sistema Self Healing é feita via reconfiguração automática da rede sem necessidade de intervenção humana, o defeito é localizado, o menor trecho a ser interrompido para isolação daquele defeito é definido pela lógica do controle e trechos saudáveis da rede são transferidos para outra fonte ativa na impossibilidade de seu suprimento normal tendo em vista o menor número de manobras de chaveamento (DE PAULO, 2018). 6 A automação da rede de distribuição e conceito de Self Healing fazem parte da ideia de Smart Grids, o desenvolvimento futuro das soluções de automação abrirá caminho para a reestruturação do sistema elétrico abrangendo micro geração e gerenciamento do consumo (DE PAULO, 2018). 1.2 - JUSTIFICATIVA A continuidade do fornecimento, é o fator determinante na qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica. A excelência neste serviço é uma necessidade da sociedade atual que se reflete na redução dos limites estabelecidos pelo órgão regulador e no investimento contínuo das distribuidoras em estrutura e soluções de tecnologia. Um fornecimento de energia confiável é fator condicionante para qualidade de vida e desenvolvimento econômico de uma região (HARTWRIGHT, COFFEY, 1995). A implantação de sistemas Self Healing, representa um salto expressivo de eficiência operacional e confiabilidade do sistema que vem sendo realizada pelas distribuidoras, por diversas metodologias, a fim de consolidar uma nova era no serviço de distribuição de energia elétrica (SOUSA, 2015). O estudo e a divulgação deste tema, se faz relevante diante da crescente expansão das aplicações de reconfiguração automática de redes de distribuição de energia elétrica no Brasil, que ainda são pouco exploradas em nível de graduação. 1.3 - OBJETIVOS DO TRABALHO Descrever os equipamentos e técnicas de automação de sistemas elétricos de potência, e sistemas de telecomunicação necessários para funcionamento do Self Healing; Revisar a Literatura apresentando a perspectiva das distribuidoras de energia elétrica; Apresentar aplicações de Sistemas Self Healing em operação no Brasil. 1.4 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O presente trabalho não mensura aspectos de engenharia financeira ligada à implantação das técnicas de AIR no SDMT em razão da ausência de dados divulgados que fomentem tais análises. Os dados apresentados sobre indicadores de continuidade de fornecimento de energia elétrica são de conhecimento público, divulgados no site da ANEEL. O estudo será limitado a soluções e tecnologias aplicadas a sistemas de distribuição no Brasil. Não são realizadas análises aprofundadas nem proposições referentes aos algoritmos de controle aplicados a detecção, isolação e restauração de faltas (Fault Location Isolation and Service Restoration - FLISR) 7 8 CAPÍTULO 2 DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL 2.1 - ESTRUTURA BÁSICA Devido a sua crucialidade o serviço de distribuição de energia elétrica é considerado de relevante interesse público com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade. No Brasil a distribuição de energia é realizada por empresas estatais ou privadas que comprovem capacidade para o seu desempenho, principalmente através de contratos de concessão ou permissão firmados entre as empresas e a União, através da Aneel, órgão regulador (DE OLIVEIRA, 2017). Os contratos de concessão, estabelecem regras claras a respeito de regularidade, continuidade, segurança, qualidade dos serviços, atendimento aos clientes e principalmente sobre as tarifas praticadas, de forma que o setor elétricoé tido como um dos setores mais regulados e fiscalizados (ANEEL, 2015). Atualmente, o Brasil possui 105 distribuidoras de energia elétrica, sendo 54 concessionárias e 38 permissionárias, além de 13 cooperativas de eletrização rural, que atuam sob autorização precária e estão em processo de regularização para serem concessionárias ou permissionárias (ANEEL, 2018). A distribuição se caracteriza como o segmento do setor elétrico dedicado ao rebaixamento da tensão proveniente do sistema de transmissão, à conexão de centrais geradoras e ao fornecimento de energia elétrica ao consumidor (ANEEL, 2015a). O sistema de distribuição compreende a rede elétrica e o conjunto de instalações e equipamentos elétricos que operam em 3 níveis de tensão distintos (ANEEL, 2018): Em alta tensão, superior a 69 kV e inferior a 230 kV, categoria conhecida como subtransmissão que conecta as subestações da distribuidora ao sistema de transmissão onde é entregue a energia comprada nas centrais geradoras; Em média tensão, superior a 1 kV e inferior a 69 kV, categoria conhecida como SDMT ou rede primária de distribuição que parte das SEs da distribuidora em direção às cargas. Cada trecho de rede MT com ponto de conexão distinto a SE é denominado Alimentador; http://www.aneel.gov.br/distribuicao2 9 Em baixa tensão, igual ou inferior a 1 kV, categoria conhecida como rede secundária ou sistema de distribuição em baixa tensão (SDBT) que faz a conexão entre a maioria das unidades consumidoras e equipamentos transformadores conectados ao SDMT. O valor monetário atribuído à tarifa de energia, tem por objetivo assegurar que os prestadores de serviços recebam uma receita suficiente para cobrir custos operacionais, de infraestrutura de geração, transmissão, distribuição e remunerar investimentos necessários para expandir a capacidade e garantir o atendimento com qualidade. A regulação tarifária também atua no sentido coibir possíveis abusos decorrente do monopólio natural formado regionalmente pela estrutura da rede elétrica. O valor monetário é calculado pelo órgão regulador, a ANEEL e divulgado por meio de uma Resolução Homologatória (ANEEL, 2017a). A tarifa deste serviço se divide em duas parcelas. A parcela A, denominada TE, corresponde aos custos de geração, transmissão de energia e encargos setoriais. A parcela B, denominada TUSD, corresponde aos custos referentes ao processo de distribuição. A tarifa é diferente do preço, e se relacionam pela Equação 2.2. O preço é composto pela tarifa acrescida percentualmente de tributos federais, estaduais e municipais, sendo eles PIS/COFINS, ICMS e CIP respectivamente (ANEEL, 2017). 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 = 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 𝐴 + 𝑃𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 𝐵 = 𝑇𝐸 + 𝑇𝑈𝑆𝐷 (2.1) 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 = 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 1 − 𝛴𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑜𝑠 (2.2) Destarte, o preço da energia elétrica varia de acordo a localização, sobretudo entre cada unidade federativa. Esta variação ocorre em decorrência da alta influência dos tributos na composição do preço final, como mostra a Figura 2.1. 10 Figura 2-1 Composição final do preço da Energia Elétrica Fonte (ANEEL, 2017a). Complementando estes componentes a partir de 2015 em virtude de crises hídricas, agravadas pela supracitada dependência do sistema elétrico brasileiro dos índices pluviométricos, foi implantado um sistema de bandeiras tarifárias que podem acrescer ou não no valor repassado ao consumidor a depender das condições da geração. As bandeiras são definidas como (ANEEL, 2017). Tabela 2-1 Características das Bandeiras Tarifárias Bandeira Característica Acréscimo (R$/KWh) Bandeira Verde Condições favoráveis de geração de energia. Sem Acréscimo Bandeira Amarela Condições de geração menos favoráveis. R$ 0,010 Bandeira Vermelha Patamar 1 Condições mais custosas de geração. R$ 0,030 Bandeira Vermelha Patamar 2 Condições ainda mais custosas de geração. R$ 0,050 Fonte: Adaptado ANEEL, 2017. O Decreto nº 62.724, de 17 de maio de 1968, que estabelecia normas gerais de tarifação para empresas concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, inseriu a divisão dos consumidores em dois grupos: Alta Tensão (Grupo A) e Baixa Tensão (Grupo B), conforme Tabela 2.2. O objetivo é garantir uma repartição dos dispêndios do sistema proporcional a característica de utilização de cada unidade consumidora. (ANEEL, 2010). 11 Tabela 2-2Características dos Grupos Tarifários Subgrupo Característica Grupo A A1 Tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV A2 Tensão de fornecimento entre 88 kV a 138 kV A3 Tensão de fornecimento de 69 kV A3a Tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV A4 Tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV AS Tensão de fornecimento com tensão inferior a 2,3 kV, a partir de sistema subterrâneo de distribuição Grupo B B1 Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, para consumidores residenciais B2 Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, para consumidores rurais B3 Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, para demais classes B4 Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, para sistemas de iluminação pública Fonte: Adaptado ANEEL, 2010. Atualmente, o Grupo A, compreende consumidores atendidos com tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou por meio de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária, e é caracterizado pela tarifa binômia, que considera o consumo de energia elétrica e a demanda de potência. No Grupo B estão as unidades consumidoras com fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV, caracterizados pela tarifa monômia, que considera apenas o consumo de energia elétrica (ANEEL, 2010). O artigo 15 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, estabelece ainda uma outra categoria de consumidores, denominada de consumidores livres. Pertencem a esta categoria consumidores com carga superior a 3000k kW atendidos em tensão igual ou superior a 69 kV, sendo permitido a eles a compra de energia em qualquer concessionário autorizado do sistema interligado nacional. Os demais consumidores são denominados consumidores cativos, e têm somente a concessionária local como opção de contratação (ANEEL,2010). 2.2 - REGULAÇÃO TÉCNICA Segundo LMDM (2012, p. 1), regulação é o conjunto de técnicas e formalidades com o objetivo de promover a estabilidade de um determinado setor, no caso de concessões públicas como a de distribuição de energia elétrica, deve promover um ambiente seguro e confiável que estimule os investimentos, a modernização, o aprimoramento dos serviços e a modicidade tarifária à população atendida por estes serviços. Segundo a ANEEL (2018), as principais atividades da regulação da distribuição são: 12 Estabelecimento de regras e procedimentos referentes ao planejamento da expansão, ao acesso, operação e medição dos sistemas de distribuição incluindo o desenvolvimento de redes inteligentes e o gerenciamento do lado da demanda; Estabelecimento dos indicadores de qualidade do serviço e do produto energia elétrica; Regulação das condições gerais de fornecimento de energia elétrica; Implementação e acompanhamento da universalização do acesso à energia elétrica; Implementação e aplicação da tarifa social de energia elétrica. Os principais aspectos de qualidade na distribuição são qualidade do produto, qualidade do serviço, qualidade do atendimento comercial, qualidade do atendimento telefônico e tratamento das reclamações (ANEEL, 2016). No âmbito da prestação de serviço, destacam-se dois documentos, a resolução normativa ANEEL Nº 414/2010 Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica e o PRODIST- Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional. O PRODIST é composto por documentos elaborados pela ANEEL para a normatização e padronização das atividades técnicas relacionadas ao funcionamentodo sistema de distribuição de energia elétrica, é subdividido em nove módulos sendo o módulo 8 relativo a procedimentos de qualidade de energia (PRAMIO, 2014). Os indicadores estabelecidos no PRODIST – Módulo 8 são apurados individualmente por unidade consumidora ou coletivamente através de conjuntos de unidades consumidoras. Os conjuntos de unidades consumidoras são definidos de acordo com as SEs de distribuição, podendo um conjunto agregar múltiplas subestações desde que obedeça a critérios de contiguidade das áreas e número máximo de unidades consumidoras (ANEEL, 2018a). A interrupção no fornecimento de energia é caracterizada como descontinuidade do neutro ou da tensão disponível em qualquer uma das fases de um circuito elétrico que atende a unidade consumidora ou ponto de conexão por período igual ou superior a 3 minutos(ANEEL, 2018a). Condições anormais no fornecimento são detectadas pelo COD das distribuidoras através de seus sistemas supervisórios ou através da sinalização dos acessantes do sistema através de mecanismos de atendimento dispostos conforme resolução específica e resultam na criação de ocorrências. Uma ocorrência compreende o atendimento emergencial provocado por um único evento que gere deslocamento de equipes, inclusive aqueles considerados improcedentes (ANEEL, 2018a). O atendimento a ocorrências é supervisionado e considerando os seguintes aspectos (ANEEL, 2018a): https://www.aneel.gov.br/prodist https://www.aneel.gov.br/prodist https://www.aneel.gov.br/prodist https://www.aneel.gov.br/qualidade-na-distribuicao https://www.aneel.gov.br/ren-414 https://www.aneel.gov.br/universalizacao https://www.aneel.gov.br/tarifas-consumidores/-/asset_publisher/e2INtBH4EC4e/content/tarifa-social-introducao/656827?inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fhwe100%3A8080%2Fweb%2Fguest%2Ftarifas-consumidores%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_e2INtBH4EC4e%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-2%26p_p_col_pos%3D1%26p_p_col_count%3D3 https://www.aneel.gov.br/tarifas-consumidores/-/asset_publisher/e2INtBH4EC4e/content/tarifa-social-introducao/656827?inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fhwe100%3A8080%2Fweb%2Fguest%2Ftarifas-consumidores%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_e2INtBH4EC4e%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-2%26p_p_col_pos%3D1%26p_p_col_count%3D3 13 Tempo de Preparação (TP): Tempo entre a criação da ocorrência e o despacho de equipe(s) de atendimento emergencial, expresso em minutos. Tempo de Deslocamento (TD): Tempo de deslocamento da equipe de atendimento de emergência para cada ocorrência emergencial, expresso em minutos; Tempo de Execução (TE): Tempo de execução do serviço até seu restabelecimento pela equipe de atendimento de emergência para cada ocorrência emergencial, expresso em minutos; Tais aspectos são quantificados através dos indicadores definidos pelas Equações 2.3, 2.4, 2.5 e 2.6. 𝑇𝑀𝑃 = ∑ 𝑇𝑃(𝑖)𝑛𝑖=1 𝑁 (2.3) 𝑇𝑀𝐷 = ∑ 𝑇𝐷(𝑖)𝑛𝑖=1 𝑁 (2.4) 𝑇𝑀𝐸 = ∑ 𝑇𝐸(𝑖)𝑛𝑖=1 𝑁 (2.5) 𝑇𝑀𝐴𝐸 = 𝑇𝑀𝑃 + 𝑇𝑀𝐷 + 𝑇𝑀𝐸 (2.6) Sendo: TMP = Tempo médio de preparação; TMD = Tempo médio de deslocamento; TME = Tempo médio de execução; 𝑇𝑀𝐴E = Tempo médio de atendimento; 𝑛 = número de ocorrências emergenciais verificadas no conjunto de unidades consumidoras, no período de apuração considerado; Os indicadores individuais de continuidade são definidos como (ANEEL, 2018a): Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por ponto de conexão (DIC), definido pela Equação 2.7: 𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑡(𝑖) 𝑛 𝑖=1 (2.7) Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por ponto de Conexão (FIC), definida pela Equação 2.8: 𝐹𝐼𝐶 = 𝑛 (2.8) 14 Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão (DMIC), definida pela Equação 2.9: 𝐷𝑀𝐼𝐶 = 𝑡(𝑖) 𝑚𝑎𝑥 (2.9) Duração de Interrupção Individual ocorrida em Dia Crítico por Unidade Consumidora ou por ponto de Conexão (DICRI), definida pela Equação 2.10: 𝐷𝐼𝐶𝑅𝐼 = 𝑡𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 (2.10) Onde: DIC = duração de interrupção individual por unidade consumidora ou por ponto de conexão, expressa em horas e centésimos de hora; FIC = frequência de interrupção individual por unidade consumidora ou por ponto de conexão, expressa em número de interrupções; DMIC = duração máxima de interrupção contínua por unidade consumidora ou por ponto de conexão, expressa em horas e centésimos de hora; DICRI = duração da interrupção individual ocorrida em dia crítico por unidade consumidora ou ponto de conexão, expressa em horas e centésimos de hora; i = índice de interrupções da unidade consumidora ou por ponto de conexão no período de apuração, variando de 1 a n; n = número de interrupções da unidade consumidora ou por ponto de conexão considerado, no período de apuração; t(i) = tempo de duração da interrupção (i) da unidade consumidora considerada ou do ponto de conexão, no período de apuração; t(i)max = valor correspondente ao tempo da máxima duração de interrupção contínua (i), no período de apuração, verificada na unidade consumidora ou no ponto de conexão considerado, expresso em horas e centésimos de horas; tcrítico = duração da interrupção ocorrida em Dia Crítico. Os indicadores coletivos de continuidade são definidos como (ANEEL, 2018a): Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), definida pela Equação 2.11: 𝐷𝐸𝐶 = ∑ 𝐷𝐼𝐶(𝑖)𝐶𝑐𝑖=1 𝐶𝑐 (2.11) Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), definida pela Equação 2.12: 15 𝐹𝐸𝐶 = ∑ 𝐹𝐼𝐶(𝑖)𝐶𝑐𝑖=1 𝐶𝑐 (2.12) Onde: i = índice de unidades consumidoras atendidas em BT ou MT faturadas do conjunto; Cc = número total de unidades consumidoras faturadas do conjunto no período de apuração, atendidas em BT ou MT; Ocorrências em dias críticos não são consideradas na apuração dos indicadores. Um dia crítico é definido como Dia em que a quantidade de ocorrências emergenciais, em um determinado conjunto de unidades consumidoras, superar a média acrescida de três desvios padrões dos valores diários. A média e o desvio padrão a serem usados serão os relativos aos 24 meses anteriores ao ano em curso, incluindo os dias críticos já identificados (ANEEL, 2018b). Diferencia-se na apuração dos indicadores a origem e a natureza da interrupção. Quanto à origem se interna ao sistema de distribuição, ou externa ao mesmo como, por exemplo, falhas no sistema de Transmissão, de responsabilidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Quanto à natureza da interrupção, se Programada ou Intempestiva (ANEEL, 2018a). A compensação financeira paga pelas distribuidoras quando não respeitados os limites para os indicadores individuais estabelecidos pelo órgão regulador para o período de apuração, são calculadas da seguinte forma (ANEEL, 2018a): 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 = ( 𝑉𝑣 𝑉𝑝 − 1) 𝑉𝑝 𝑥 𝑇𝑈𝑆𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 730 𝑥 𝑘𝑒𝑖 (2.13) Onde: 𝑉𝑣 = Valor verificado do indicador; 𝑉𝑝= Valor limite estabelecido para o indicador; TUSDmédio = média aritmética dos encargos de uso do sistema de distribuição correspondentes aos meses do período de apuração do indicador; 730 = número médio de horas no mês; kei = coeficiente de majoração cujo valor deve ser fixado em: i. 15 (quinze), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendido em Baixa Tensão; ii. 20 (vinte), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendido em Média Tensão; iii. 27 (vinte e sete), para unidade consumidora ou ponto de conexão atendido em Alta Tensão. 16 Um conceito importante na análise de ocorrências no SDMT é o Consumidor Hora Interrompido (CHI), dado pela Equação 2.14: (2.14) Onde N, representa a quantidadede unidades consumidoras interrompidas no evento emergencial. Apesar de não fazer parte do conjunto de indicadores regulados, o CHI faz parte do cotidiano da operação do sistema de distribuição, pois suprime a relação existente no DEC entre o número de unidades consumidoras com fornecimento interrompido e o número total de unidades consumidoras faturadas no conjunto. Dessa forma, o CHI possibilita análises qualitativas a respeito da continuidade de fornecimento complementares a análise do DEC, uma vez que, interrupções de longa duração com grande impacto nos indicadores individuais (DIC, DICRI, DMIC) podem não impactar no DEC. 2.3 - CONDIÇÕES PARA RENOVAÇÃO E MANUTENÇÃO DO CONTRATO DE CONCESSÃO Em 2015, o Ministério de Minas e Energia estabeleceu novos critérios para renovação dos contratos de concessão das distribuidoras de energia elétrica através do decreto 8.461/2015, que regulamenta a lei 12.783/2013. O documento estabelece como requisito para manutenção dos contratos o cumprimento de metas de qualidade no serviço prestado, eficiência econômico- financeira, racionalidade operacional e modicidade tarifária com métricas de melhoria contínua a serem avaliadas pela ANEEL. As distribuidoras podem ter revogação da outorga ou perda da concessão caso não atendam os requisitos anuais de desempenho global de continuidade (DEC e FEC) por dois anos consecutivos ou um dos indicadores no quinto ano de concessão (DE PAULO, 2018) (ANEEL, 2019). O descumprimento das metas anuais do contrato pode resultar na obrigação de aporte de capital por parte dos sócios controladores da concessionária. De forma alternativa à extinção da concessão a distribuidora pode apresentar plano de transferência de controle societário, que depende da validação da ANEEL. Uma vez validada a viabilidade e o benefício desta medida para a adequação dos serviços, a transferência de controle societário suspenderá o processo de extinção da concessão e deverá ser finalizada em até 12 meses, prorrogável por igual período em caso de comprovada justificativa (BRASIL, 2015). Neste contexto o investimento em tecnologia e soluções de AIR se apresentam como mecanismos para melhoria dos indicadores coletivos de continuidade, melhoria da eficiência operacional e redução dos custos a médio prazo. 17 2.4 - INTRODUÇÃO SOBRE ASPECTOS ECONÔMICOS Em razão da natureza altamente regulada do setor de distribuição de energia elétrica, as empresas do ramo baseiam sua gestão econômica em função dos Procedimentos de Regulação Tarifária (PRORET). O PRORET é um conjunto de normativos da ANEEL organizado em 12 módulos que fundamentam a resolução tarifária de todo o setor elétrico brasileiro, Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização. A Revisão Tarifária Periódica (RTP) para as concessionárias de distribuição é definida no Módulo 2 do PRORET. Em períodos que variam de 3 a 5 anos a depender do contrato, a ANEEL aprova uma nova base de remuneração. Por Base de Remuneração entende-se o conjunto de equipamentos necessários para atingir o padrão de qualidade desejável, valorando-o por meio de preços de reposição do mercado (LMDM, 2012). A Equação 2.1 pode ser expandida, conforme a Tabela 2.2. A Parcela A compreende os custos em que a distribuidora possui pouca ou nenhuma gestão, custos relacionados a compra de energia elétrica para atendimento ao seu mercado, custos relacionados a transmissão dessa energia e encargos setoriais (ANEEL, 2017b). A parcela B compreende os custos sob gestão da distribuidora que são divididos entre custos operacionais (OPEX) os investimentos realizados pela distribuidora (CAPEX). O OPEX compreende a manutenção de toda infraestrutura e mão-de-obra necessárias para a operação do sistema. O CAPEX compreende basicamente o investimento em novos ativos para a rede elétrica concedida e a mão-de-obra empregada na instalação dos mesmos, seja na extensão da rede existente, renovação dos condutores, postes, transformadores ou na instalação de novos equipamentos como seccionalizadores automáticos, reguladores de tensão e bancos de capacitores (LMDM, 2012). Tabela 2-3 Divisão do nível Tarifário em Parcela A e Parcela B Compra de Energia para Revenda 45,22% Parcela A 67,84% Encargos Setoriais 11,46% Custo com Transporte de Energia 11,16% Custos Operacionais 16,71% Parcela B 32,17% Remuneração do Capital 9,05% Quota de Reintegração 6,41% Parcela A + Parcela B 100,00% Fonte: LMDM, 2012. 18 A cada RTP o CAPEX, é remunerado integralmente no reajuste da tarifa, enquanto o OPEX é remunerado por um valor-teto mensurado pelo órgão regulador que deverá ser suficiente para arcar com todos os custos operacionais. Isto significa que caso a concessionária consiga manter seus custos operacionais abaixo deste valor-teto ela conseguirá aumentar seus lucros, caso contrário poderá até comprometer seus investimentos (ANEEL, 2017b). A relação entre CAPEX e OPEX é fundamental para a eficiência econômica das distribuidoras, onde é ideal que o volume de investimento seja superior à depreciação média da rede para garantir melhores níveis de qualidade que são fundamentais do ponto de vista regulatório e do ponto de vista financeiro, uma vez que o investimento racional na rede elétrica produz redução nos custos operacionais, reduzindo os dispêndios de OPEX, e a médio-longo prazo os valores investidos são embutidos na tarifa (LMDM, 2012). Neste contexto o investimento em AIR vem se tornando uma realidade nas distribuidoras brasileiras. Apesar de requerer um elevado aporte de capital para investimento, um sistema Self Healing traz benefícios imediatos de redução de custos operacionais, por exemplo, eliminando a necessidade de deslocamento de uma equipe de manutenção para operação manual de equipamentos seccionadores, e ainda representa CAPEX a ser remunerado na próxima RTP. 2.5 - RADIALIDADE DOS ALIMENTADORES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA A estrutura predominante dos alimentadores de distribuição de energia elétrica em média tensão no Brasil é a estrutura Radial. Nesta estrutura a alimentação é feita apenas por uma extremidade do circuito e consiste na estrutura mais simples e de menor custo. Um sistema radial simples apresenta a grande desvantagem quanto ao tempo de reestabelecimento, na ocorrência de uma defeito o trecho a jusante da falta fica desenergizado até a correção do problema, pois só existe um único caminho para o fluxo de potência. Desta forma, a estrutura mais comum é a radial com recurso que se caracteriza pelos seguintes aspectos (SOARES, 2012): Existência de pontos de interligação, normalmente abertos, entre alimentadores adjacentes da mesma subestação ou de subestações diferentes; Ser projetado de forma que exista uma certa reserva de capacidade em cada circuito para absorção de carga de outro circuito na eventualidade defeito; Existência de mais de um ponto de interligação distribuídos ao longo da extensão do alimentador de forma a opções de suprimento para variadas hipóteses de localização de falta; 19 A transferência de cargas entre alimentadores radiais de distribuição é uma operação necessária no cotidiano das distribuidoras, seja para reestabelecimento de cargas afetadas por defeitos ou na realização de manutenções programadas. Esta transferência de cargas pode ser realizada através do paralelismo momentâneo entre diferentes alimentadores de modo a não interromper o fornecimento, ou pode ser realizada com as cargas desenergizadas, neste caso o fornecimento é interrompido por um curto espaço de tempo apenas para realização de abertura e fechamento de equipamentos seccionalizadores, observando o tempo de 3 minutos estabelecido pelo PRODIST para contabilização dos indicadores de continuidade. Para Soares (2012), deve-se observar os seguintes fatores para que a operação de paralelismo seja bem sucedida: Nem sempre os transformadores de potência dos quais derivam os alimentadores de distribuição estão próximos entre si, podendo estar conectados a barramentos de subestações diferentes; Os transformadores de potência das subestações normalmente não possuem parâmetros exatamente idênticos, principalmente quando são de fabricantes distintos ou são de potências diferentes; Os transformadores de potência das subestações alimentam cargas de valores distintos. A Figura 2.2 exibe uma representação simplificada da operação em paralelo de dois transformadores (T1 e T2), que alimentam cargas distintas, através do fechamento da Chave C. Figura 2-2Circuito Simplificado da operação em paralelo entre dois alimentadores da mesma subestação. Fonte: SOARES, 2012. As Tensões nos pontos 1 e 2 no momento anterior ao fechamento da chave possuem valores distintos, em amplitude e defasagem angular. Isso ocorre quando os transformadores possuem parâmetros distintos e/ou alimentam cargas distintas (diferente valor de carregamento, distribuição de carga entre as fases, fator de potência), ambos os fatores contribuem para que hajam diferentes 20 valores para perdas em seus enrolamentos que ocasionam quedas de tensão causando uma diferença na relação entre as tensões de primário e secundário (SOARES, 2012). No momento em que a chave C é fechada, as tensões nos pontos 1 e 2 são igualadas e então surge uma corrente de circulação para compensar a diferença nas relações de transformação dos transformadores e estabelecer o equilíbrio do sistema (SOARES, 2012).Na hipótese de que os transformadores operando em paralelo estarem conectados a barramentos distintos, nesse caso com tensões primárias de valores distintos em amplitude e defasagem angular, a corrente de circulação é ainda maior. O não surgimento da corrente de circulação na chave C é considerado apenas no caso ideal em que os transformadores sejam idênticos, ligados ao mesmo barramento, alimentando cargas idênticas (SOARES, 2012). A corrente de circulação traz um aumento significativo das perdas ôhmicas nos enrolamentos dos transformadores que operam em paralelo, consequentemente ocasionando sobreaquecimento que traz sérios danos à isolação dos mesmos, reduzindo sua vida útil além de outros problemas como redução do rendimento. Deve-se considerar que se as tensões instantâneas entre os pontos 1 e 2 da Figura 2.2 forem muito diferentes, a corrente de circulação pode assumir valores muito elevados e provocar a atuação da proteção dos dois alimentadores ou danos elétricos no circuito (SOARES, 2012). O paralelismo momentâneo entre diferentes alimentadores de distribuição exige estudos prévios. Devido a margem de três minutos existente no normativo regulatório, é comum que as distribuidoras evitem as manobras com paralelismo, uma vez que o acréscimo de complexidade operacional para transferência de cargas não se justifica, salvo algumas exceções (SOARES, 2012). Dado o exposto, é de praxe também em sistemas de Self Healing que a reconfiguração automática dos alimentadores ocorra de forma a considerar definições prévias sobre a possibilidade de paralelismos momentâneos e busque manter a estrutura radial dos alimentadores de distribuição (PRAMIO, 2014). 21 CAPÍTULO 3 AUTOMAÇÃO E CONCEITOS DE SELF HEALING 3.1 - ASPECTOS GERAIS A automação do sistema elétrico se baseia pela integração entre os IEDs ( dispositivos de medição, sensoriamento, atuadores) e controladores através de sistemas de comunicação e de computação que resulta em um sistema supervisão SCADA ( Supervisory Control and Data Aquisition). Os sistemas SCADA localizados no COD possuem estrutura já consagrada, incluindo IHM (Interface Homem-Máquina) amigável e sistema de alarmes (JARDINI, 1996). No sistema de distribuição, o qual possui equipamentos geograficamente distantes, o SCADA é responsável pela integração dos principais componentes, como a estação mestre, Unidades Terminais Remotas (UTR), Sistema de Comunicação (SC) e a IHM. (PRATES, 2018). As UTRs são responsáveis pela aquisição de dados de campo e repasse dos mesmos para a estação mestre através do SC, além de receberem e distribuírem comandos vindos da estação mestre. A estação mestre é composta por equipamentos responsáveis pela aquisição e formação de um banco de dados com as informações coletadas pelos equipamentos de campo. O numero de estações mestre varia de acordo com o tamanho do sistema SCADA. A IHM nos sistema de distribuição consiste no software utilizado para visualização das medições, estados dos dispositivos e envio de comandos promovendo a integração entre o operador e o sistema controlado (JARDINI, 1996). Algoritmos de conceito FLISR, termo em inglês para detecção, isolação e restauração de faltas, realizam manobras automáticas coordenando a operação de diversos IEDs como disjuntores, religadores e chaves através de controladores de tempo real e redes de comunicação dedicadas (PRAMIO 2014). O objetivo de um algorítimo FLISR é determinar automaticamente a localização de uma falta, isolar o trecho defeituoso através da abertura de dispositivos seccionalizadores, e a reconfiguração automática da rede restabelecendo o suprimento de trechos sadios por pontos de conexão com outros alimentadores conectados por chaves NA (Normalmente Abertas). A lógica FLISR tem o potencial de eliminar a intervenção humana diante de faltas de energia na rede e diminuir a duração das interrupções, minimizando o número de clientes afetados. Esta lógica é a base para composição de um sistema Self Healing. (PRAMIO, 2014) Para Pramio (2014), as principais técnicas utilizadas para o desenvolvimento de um processo de diagnostico de faltas de maneira automatizada são: 22 Redes Neurais Artificiais; Lógica Fuzzy; Sistemas especialistas; Redes de Petri; Algoritmo genético; Nuvens de Partículas; Algoritmo de Recozimento. A formulação destes métodos heurísticos visa a otimização das soluções de controle. Para um sistema de reconfiguração em tempo real uma função objetivo típica visa atingir (PRAMIO, 2014): Reestabelecer o maior número de unidades consumidoras no menor tempo possível; Minimizar o número de chaveamentos necessários; Priorizar a interligação entre alimentadores do mesma subestação, de preferência do mesmo Transformador; Redução das Perdas Ativas do sistema; Além disso, no desenvolvimento de um sistema de reconfiguração deve-se levantar quais as características operativas que serão consideradas restritivas no restabelecimento de energia. Entre as principais restrições utilizadas no restabelecimento do fornecimento de energia destacam-se as seguintes (PRATES, 2018): Os alimentadores em sua configuração final devem manter a configuração radial; Atentar para o limite operativo dos equipamentos instalados na rede, como chaves de manobra, transformadores, religadores; As tensões devem estar dentro do limite aceitável pelo órgão regulador; Atentar para o critério de sensibilidade dos equipamentos de proteção; Limitar fluxo de corrente máximo e fluxo máximo de potencia ativa. Para atender a esses objetivos é permitido um relaxamento maior quanto aos aspectos de qualidade de energia (Qualidade do Produto), em situações operativas de contingência a tensão de referência pode apresentar um nível de variação de 0,90 a 1,05 p.u. (SILVA JUNIOR, 2012). O desenvolvimento de um método universal e eficiente para o problema de reconfiguração é impraticável em razão da diversidade de características que são inerentes a cada sistema de 23 distribuição, como os equipamentos instalados, estrutura da rede, filosofia de proteção, nível de automação e sistema SCADA, e disponibilidade de telecomunicações (DE PAULO, 2018). 3.2 - INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA SELF HEALING Dentrodo conceito de smart grid e automação inteligente de redes destaca-se a funcionalidade de autorregeneração ou Self Healing. Define-se um sistema Self Healing (auto regenerável ou auto recuperável) como aquele capaz de detectar, analisar, responder e restaurar falhas na rede de energia elétrica de forma automática e em alguns casos de forma instantânea e com a menor intervenção humana possível minimizando o número de consumidores afetados e o deslocamento de equipes a partir de soluções definidas e executadas pela inteligência do sistema (OHARA,2009) (FALCÃO, 2010). Entre 1985 e 1998 um time de pesquisadores da Universidade de Washington esteve envolvido na otimização de diversos processos de controle dando origem ao IFCS (Inteligent Fight Control System), projeto liderado pela NASA e Boeing. O IFCS e o departamento de defesa americano criaram o plano de fundo para o conceito de um sistema elétrico de potência SH (WOLLENBERG, 2005). A partir da funcionalidade de Self Healing surge o conceito de AIR, onde entende-se que o automatismo empregado não realiza apenas o controle remoto de chaves e monitoramento de dados, mas constitui-se de um conjunto de equipamentos que seja capaz de avaliar situações operativas e responder de maneira automática reconfigurando o sistema em tempo real (PRAMIO, 2014). Os estudos envolvidos na implantação de AIR integram análises de viabilidade econômica, planejamento, estudos de proteção, automação, controle e telecomunicações. Na fase de planejamento é essencial a avaliação criteriosa da interoperabilidade entre as novas tecnologias e as já utilizadas e principalmente a alocação estratégica dos dispositivos de manobras visando seccionamento das cargas e as possíveis manobras entre alimentadores para viabilizar a reconfiguração do sistema de distribuição. Uma vez definidos os pontos de interligação (alocação de dispositivos normalmente abertos), é necessário avaliar a partir da carga dos alimentadores se a capacidade de condução dos condutores contempla as possibilidades de manobra ou se faz-se necessário intervenções de recondutoramento (PRAMIO, 2014). A possibilidade de reconfiguração automática do SDMT, em primeiro momento planejada para situações de distúrbios na rede, abre caminho para outras funcionalidades de Smart Grids como a 24 reconfiguração para transferência de cargas entre os alimentadores, permitindo o balanceamento das cargas em função do horário e absorção da geração distribuída (PRATES, 2018) . Os estudos de proteção devem contemplar em seus coordenogramas as diversas possibilidades de configuração da rede, inclusive a inversão de sentido do fluxo decorrente das reconfigurações. Os IEDs disponíveis atualmente suportam múltiplas ordens de graduação, contudo para o correto funcionamento desta alternativa é necessário garantir que a comunicação com o equipamento esteja disponível, sendo na prática necessário avaliar a confiabilidade do sistema de telecomunicações da localidade podendo ser uma filosofia mais cautelosa ajustar uma única ordem de graduação que contemple as possíveis configurações do trecho protegido pelo IED (DE PAULO, 2018). 3.2.1 - TOPOLOGIAS DE SELF HEALING Existem 3 possíveis filosofias para implantação de um sistema Self Healing (SOUSA, 2015): Descentralizada; Semi-Centralizada; Centralizada. 3.2.1.1 - DESCENTRALIZADA Na solução descentralizada a lógica de operação do FLISR distribuída nos IEDs espalhados pela rede de distribuição. Os equipamentos continuam a serem supersivionados e podem ser controlados pelo COD, porém passam a realizar operações individuais que combinadas resultam na isolação e restabelecimento automático de faltas em um tempo inferior ao mesmo executado de forma manual por um operador humano (DE PAULO, 2018). Existem ainda algumas variações dentro desta topologia: Distribuída com controlador local RTU: As lógicas de FLIR são implantadas em um módulo RTU (Remote Terminal Unit). Este equipamento fica alocado no painel de controle dos religadores e disjuntores que irão compor o arranjo. As RTUs se comunicam com o equipamento a que estão associadas e com as demais RTUs através de um protocolo de comunicação DNP3. Portanto, a gestão das manobras necessárias para aplicação da lógica FLISR é realizada pelas RTUs (DE PAULO, 2018). 25 Figura 3-1Módulo RTU Elvac para equipamentos seccionalizadores. Fonte: ELVAC, 2019. Distribuída apenas nos IEDs Neste arranjo a lógica FLISR é inserida internamente nos controladores dos painéis de cada IED. Pode-se configurar uma solução com comunicação entre os IEDs, mesmo sem a utilização de RTU, desde que os dispositivos sejam todos do mesmo fabricante e atualizados coma mesma versão de firmware para a funcionalidade da solução. A solução distribuída também pode ser implementada sem comunicação entre os IEDs, neste caso cada dispositivo analisa a presença ou ausência de tensão nas barras a que está conectado, este arranjo permite a integração entre equipamentos de diferentes fornecedores mas é limitado a lógicas de menor complexidade (DE PAULO, 2018). A seguir será apresentado o modelo típico da configuração da topologia Self Healing descentralizado e o princípio de funcionamento da filosofia. A Figura 3.2 exibe o arranjo inicial de dois alimentadores da mesma subestação que possuem um ponto de interligação através de um dispositivo religador TIE NA, e a existência de uma falta entre o Disjuntor e o religador FEEDER NF de um dos alimentadores. 26 Figura 3-2Topologia de Self Healing Descentralizado – Falta após Disjuntor. Fonte: SOUZA, 2018. A falta sensibiliza a proteção do disjuntor que atua e entra em bloqueio, desernegizando todo o alimentador conforme exibe a Figura 3.3. A filosofia Self Healing determina que o religador FEEDER NF irá para o estado aberto após sentir a ausência de tensão em seu lado fonte por um tempo parametrizado (SOUZA, 2018). Figura 3-3Topologia de Self Healing Descentralizado – Princípio de Funcionamento. Fonte: SOUZA, 2018. O religador TIE NA percebe a ausência de tensão do lado do alimentador onde ocorreu o evento ao mesmo tempo que o religador FEEDER NF, no entanto a lógica do Self Healing determina um tempo parametrizado para seu fechamento de forma a garantir que o ciclo de religamento da proteção do IED a montante a sua localização seja menor. Como ilustra a Figura 3.4 o religador TIE NA atua no fechamento da fronteira entre os alimentadores reenergizando um bloco de carga localizado no trecho da rede em que não haviam anomalias (SOUZA, 2018). 27 Figura 3-4Topologia de Self Healing Descentralizado – Reconfiguração. Fonte: SOUZA, 2018. O processo de retorno ao estado normal da rede seguirá os seguintes passos (DE PAULO, 2018): O COD bloqueia os religamentos automáticos do trecho afetado; Equipes de campo percorrem o trecho onde a falta foi localizada e isolada pelo Self Healing, identificam e corrigem a anomalia; Após a correção dos defeitos é realizado o fechamento do disjuntor, reestabelecendo o trecho a montante do religador FEEDER; É realizada a abertura do religador TIE mantendo sua função SH desabilitada; Com o religador TIE aberto, é realizado o fechamento do religador FEEDER e a habilitação da sua função SH; Por fim habilita-se a função de SH no religador TIE. É essencial em que alguns passos as manobras são feitas de maneira manual, seja remotamente pelo controlador ou em campo pelas equipes de manutenção, para garantir a segurança na correção das falhas e evitar o paralelismo entre alimentadores. 3.2.1.2 - SEMI-CENTRALIZADA Nesta topologia a lógica necessária para execução do algorítimo FLISR fica alocada em um dispositivo que serve como servidor de gerenciamento e controle. Este servidor pode ser instalado na subestação ou em local próximo aos IEDs.Como as subestações de distribuição de energia possuem canal de comunicação confiável e estável com o COD, infraestrutura de comunicação com o comando dos religadores e um suprimento de emergência em corrente contínua, normalmente é a 28 escolha preferencial para receber o servidor do sistema Self Healing Semi-Centraliado (SOUSA, 2015). A Figura 3.5 mostra um dispositivo utilizado como servidor de gerenciamento e controle de sistemas Self Healing, o RTAC 3530-4 da Schweitzer Engineering Laboratories. A comunicação entre os religadores, disjuntores e o módulo servidor que detém a lógica FLIR é realizada em protocolo de comunicação aberto, como por exemplo o DNP3.0, sendo que o módulo na subestação funciona como gateway entre o sistema supervisório SCADA e os religadores (DE PAULO, 2018). Figura 3-5Processador de Automação RTAC SEL-3530-4. Fonte:SEL, 2019. A Figura 3.6 exemplifica uma arquitetura típica de comunicação da solução Self Healing Semi- Centralizado. 29 Figura 3-6 Arquitetura Básica do sistema de comunicação de um Self Healing Semi-Centralizado. Fonte: SOUSA, 2015. Para Sousa (2015), para operar o sistema precisa obter dados característicos dos controladores dos religadores, tais como: Medições Analógicas (corrente, tensão, potencia ativa, etc); Posição do religador (aberto, fechado); Sinais de atuação de proteção; Indicação de “Lockout” da função de religamento; Sinal de comando para manobra do religador (abrir, fechar). A Figura 3.7 mostra o Fluxograma básico de operação do controlador RTAC 3530-4. A etapa “Inicializar” é executada ao ligar o controlador e atua para redefinir as variáveis internas e condições de alarme. Durante esta etapa é avaliada a configuração do sistema de distribuição para determinar o estado de funcionamento normal, e em seguida avança-se para etapa “Desarmado” (SEL, 2019). A etapa “Desarmado” é executada a etapa “Inicializar” ter sido concluída com êxito ou se acontecer uma falha na sequência durante as etapas “Atualizar”, “Analisar”, “Isolar” ou “Recomposição”. A etapa “Desarmado” aguarda um comando de habilitação enviado pelo 30 operador, quando detectado este comando, a sequência transita para a etapa “Preparado”. A etapa “Desarmado” também monitora um comando de reset enviado pelo operador que se detectado retorna a sequência para o passo “Inicializar” (SEL, 2019). A etapa “Preparado” é executada após o comando do operador e também quando o sistema conclui a restauração da carga. Nesta etapa o sistema monitora eventos que requerem análises. Um evento pode ser uma indicação de subtensão ou uma indicação de falta reportada pelo controle do religador ou pelo relé do alimentador. Uma vez confirmado um evento, a sequência passa para etapa “Atualizar” (SEL, 2019). A etapa “Atualizar” inicia uma pesquisa de status de todos os dispositivos do sistema. É de fundamental importância, pois fornece dados atualizados para embasar a tomada de decisões do sistema. Caso algum equipamento não consiga enviar resposta a solicitação de informações para verificação de status um alarme de falha de comunicação é gerado. Também são verificadas condições anormais de operação como uma configuração anormal do circuito, bloqueio de religamento ou desativação das funções remotas. Após a conclusão da atualização dos status dos dispositivos, a sequência passa para o a etapa “Analisar” (SEL, 2019). A etapa “Analisar” tem como objetivo determinar se ocorreu uma falta permanente ou se existe uma condição de abertura de fase. A análise do evento visa garantir o bloqueio do sistema de recomposição automática diante de condições anormais no circuito relacionado. Caso seja identificada uma falta permanente a sequência passa para a etapa “Isolar”. Se o sistema determinar que a condição do evento foi transitória e não mais existe, a sequência retorna para a etapa “Preparado”. Se um novo evento for detectado nesta etapa, a sequência retorna à etapa “Atualizar” para que seja realizada outra verificação do status dos dispositivos (SEL, 2019). A etapa “Isolar” é executada quando o sistema identifica que um trecho do alimentador possui uma falta permanente ou uma fase aberta. O Objetivo desta etapa é manobrar a rede por dispositivos de forma a isolar o trecho afetado pela falta. De maneira análoga a etapa “Analisar”, se um novo evento for detectado, a sequência retorna para a etapa “Atualizar” para outra verificação dos status dos dispositivos(SEL, 2019). Após o sistema realizar com sucesso a isolação do trecho defeituoso do alimentador, a sequência avança para a etapa “Rcomposição”. Se houver zonas desernergizadas a jusante da zona afetada que foi isolada, o sistema tenta restaurar essas zonas por um alimentador alternativo, fechando um dispositivo de manobra normalmente aberto que faz a ligação com um alimentador saudável que faça fronteira. Mais uma vez se um novo evento for detectado, a sequência volta pra a etapa “Atualizar” para outra verificação de status dos dispositivos (SEL, 2019). Após a execução da etapa “Recomposição”, o sistema retorna para a etapa “Preparado” e continua monitorando a existência de eventos (SEL, 2019). 31 Figura 3-7 Fluxograma de Operação do RTAC 3530-4. Fonte: DE PAULO, 2018 32 3.2.1.3 - CENTRALIZADO Nesta topologia de Self Healing todos os equipamentos que compõe a solução são controlados por um sistema DMS (Distribuition Management System). Essa solução promove uma integração entre diferentes dispositivos de controle e sistemas de supervisão utilizados pelas distribuidoras de energia, fornecendo uma visão sistêmica para o gerenciamento de todos os IEDs e subestações que integram o sistema. O algorítimo FLISR que gerencia todo o sistema é alocado em servidor dedicado no COD (DE PAULO, 2018). A Figura 3.8 Ilustra a arquitetura típica de um sistema Self Healing Centralizado. Figura 3-8Arquietetura de Self Healing Centralizado. Fonte: DE PAULO, 2018. 3.2.1.4 - COMPARATIVO ENTRE TOPOLOGIAS DE SELF HEALING Diante das características de cada topologia de sistema Self Healing, deve-se avaliar a viabilidade de implantação de cada arquitetura, considerando as características de cada sistema, os equipamentos pré-existentes, a disponibilidade de telecomunicações, aspectos de desempenho e confiabilidade. A decisão final deve considerar aspectos de custo e benefício, não havendo portanto um arranjo com eficiência universal (DE PAULO, 2018). A Tabela 3.1 exibe um comparativo entre as três topologias apresentadas. 33 Tabela 3-1Comparação entre Self Healing Descentralizado, Semi-Centralizado e Centralizado. Self Healing Descentralizada Self Healing Semi-Centralizado Self Healing Centralizada Princípio de Funcionamento A lógica de recomposição é alocada nos controladores dos religadores espalhados pela rede de distribuição A lógica de recomposição do sistema elétrico fica alocada no servidor de Self Healing, que pode ser instalado na subestação de energia da região O sistema reside no Centro de controle regional da empresa de distribuição Tempo de reconfiguração da Rede Aérea de Distribuição Inferior a 10 segundos (Depende do meio de comunicação) Inferior a 1 minuto Inferior a 3 minutos (depende do meio de comunicação) Pode ser implementado usanto o controlador padrão do religador - Base instalada? Normalmente não. A depender do arranjo faz- se necessário RTU, IEDs com suporte para IEC-61850, ou IEDs do mesmo fabricante com a mesma versão de firmware. Sim, desde que o controlador do religador se comunique via ptrocolo aberto. (Ex: DNP3.0) Sim, desde que o controlador do religador se comunique via ptrocolo aberto. (Ex: DNP3.0) Característica do Sistema de TelecomunicaçõesExige um sistema de comunicação que permita a troca de dados entre os controladores dos religadores Requer uma infraestrutura de telecomuncação mais simples do que o Self Healing descentralizado pois não há necessiade de troca de telegramas entre os controladores dos religadores Requer uma infraestrutura robusta de telecomunicações, e possui velocidade de comunicação menor devido a grande quantidade de dados concentrados em um único ponto Complexidade para Implantação Menor tempo para implantação Menor tempo para implantação Maior tempo para implantação Sistemas de telecomunicação aptos a operar WiMAx, Fibra Óptica, RF MESH GPRS, 3G, WiMax, Fibra Óptica, RF MESH GPRS, 3G, WiMax, Fibra Óptica, RF MESH 34 Exige um sistema de telecomunicações robusto entre a Subestação e o COD? Não Não Sim Pode operar como Gateway do sistema de automação da subestação na região do Self Healing? Não Sim Não Custo de Implementação (comparativamente)) $$ (Variável) $ $$$ Fonte: Adaptado de SOUSA, 2015. Para De Paulo (2018), a topologia centralizada é o passo inicial para a futura mudança estrutural do sistema elétrico para um conceito de Smart Grid que integre todos os tipos de equipamentos da rede que possam ser telecomandados ou telemedidos, englobando a geração distribuída. Contudo, no cenário atual esta solução esbarra em limitações técnicas, sobretudo quanto aos sistemas de Telecomunicação. Outro desafio para as distribuidoras quanto a solução Centralizada é o aspecto financeiro, uma vez que o alto investimento requerido deve ser justificado ao órgão regulador tendo em vista aos aspectos regulatórios que exigem investimentos prudentes a cada ciclo tarifário (DE PAULO, 2018). A solução Descentralizada, na opção que não requere comunicação entre os IEDs é a que possui a implantação mais rápida e de menor custo, no entanto é limitada a lógicas FLISR de baixa complexidade envolvendo poucos IEDs (SOUSA, 2015). A partir da Análise da Tabela 2.2 pode-se inferir que de uma maneira geral a solução semi- centralizada é a mais atrativa para as distribuidoras, uma vez que não necessita do alto investimento da solução centralizada e a necessidade de robustez e confiabilidade da rede de telecomunicação se dá em um nível menor de sistema, como uma cidade por exemplo. Quando comparada com a solução descentralizada pode apresentar desvantagem em relação ao custo e quanto ao tempo de implantação, contudo não oferece limitação quanto ao número de IEDs e interoperabilidade entre eles, sendo possível um maior aproveitamento dos equipamentos já existentes (SOUSA, 2015). 35 Quanto ao tempo de reconfiguração da rede, apesar de o Self Healing descentralizado apresentar um tempo de resposta inferior, deve-se considerar que a contabilização de eventos nos indicadores de continuidade definidos pelo PRODIST se dá para interrupções superiores a três minutos. Sendo assim deve-se analisar a relação entre investimento e retorno (SOUSA, 2015). 3.3 - GESTÃO DE SOBRECARGA COMO FUNCIONALIDADE COMBINADA AO SELF HEALING Em centros urbanos densamente povoados é comum encontrar sistemas de distribuição de energia elétrica operando próximos a seus limites operacionais, sobretudo no horário de ponta. Esta condição requer o monitoramento contínuo pela equipe de operação dos transformadores de potência das subestações e da curva de carga dos alimentadores (SOUSA, 2015). Frequentemente as próprias manobras de interligação entre alimentadores solucionam o problema da interrupção dos blocos de carga, mas ocasionam uma condição de sobrecarga operacional, podendo ocasionar defeitos em virtude de pontos quentes (até mesmo rompimento de condutores e jumpers) e atuação da proteção em razão da sobrecarga (PRATES, 2018). Outro possível problema ocasionado pela condição de sobrecarga quando executada a transferência de cargas entre alimentadores são os distúrbios de qualidade de energia como flutuação de tensão e subtensão, o fornecimento de energia de um determinado bloco de carga não é interrompido mas na prática não é possível para os consumidores a utilização dos equipamentos elétricos (PRATES, 2018). Neste cenário é interessante uma associação entre o sistema Self Healing e uma funcionalidade de gestão automática de sobrecarga (Overload Management) que consiste no monitoramento dos valores operacionais de transformadores, alimentadores e trechos da rede de distribuição para identificar sobrecarga operacional (SOUSA, 2015). Sendo detectada situação de sobrecarga, o sistema atua na reconfiguração do sistema de modo a transferir cargas entre os alimentadores e encontrar uma condição favorável de operação. Em um sistema com essa composição calcula-se previamente a possibilidade de sobrecarga operacional gerada por manobras de reconfiguração da rede, sendo detectada essa possibilidade, a lógica pode selecionar de imediato manobras adicionais para otimizar a distribuição das cargas nos alimentadores existentes (SOUSA, 2015). Em situações críticas, pode não haver capacidade disponível nos alimentadores da rede de distribuição para redistribuição de cargas, sendo desejável o corte de blocos de cargas menos prioritários do sistema. O corte de cargas nos casos de impossibilidade de transferência é a melhor 36 alternativa para evitar um desligamento de todo o sistema, por defeito ou atuação da proteção. Deve-se então acrescentar à funcionalidade de Overload Management a filosofia de corte de carga definindo como prioridade cargas críticas como hospitais, centros comerciais e distritos industriais (SOUSA, 2015). É comum nos equipamentos de controle e automação de redes de distribuição a combinação entre as funcionalidades de Self Healing e gestão de sobrecarga. Esta abordagem reduz a necessidade de operadores no COD e garante a execução de ações em intervalos de tempo menores, proporcionando aos usuários do sistema maior disponibilidade e confiabilidade do serviço prestado pelas distribuidoras (EATON, 2019). 3.4 - SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO As soluções de telecomunicações são primordiais na implantação e funcionamento de um sistema Self Healing e impactam diretamente no sucesso ou fracasso da recomposição automática através da lógica FLISR. Independente da topologia do Self Healing é fundamental um sistema de comunicação robusto com alta confiabilidade para que os IEDs espalhados pela rede consigam se comunicar com os dispositivos de controle, e estes por sua vez com o sistema SCADA para uma atuação acertiva do COD (MOREIRA, 2014). Quando existem equipes atuando na rede, sejam de linha viva ou linha morta, em situações de manutenção corretivas ou preditivas são desabilitadas as lógicas de recomposição automática e os IEDs tem sua função de religamento bloqueada visando a segurança dos colaboradores que estão intervindo na rede (DE PAULO, 2018). 3.4.1 - PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO A seguir serão apresentados os principais meios de comunicação utilizados na automação de redes de distribuição (MOREIRA, 2014). 3.4.1.1 - TELEFONIA MÓVEL Consiste na comunicação via pacote bidirecional GSM (Global System for Mobile Comunications) sob GPRS (General Packet Radio Service), as mesmas tecnologias de telefonia móvel utilizadas nos celulares e smartphones. Em razão da grande cobertura em território nacional e confiabilidade deste meio de comunicação nos grandes centros urbanos, a comunicação via GPRS predomina nos sistemas de automação de redes de distribuição de energia elétrica. Destaca-se 37 também implantação desta tecnologia apresenta custo moderado e de rápida instalação (PRATES, 2018). Entretanto, a utilização desta tecnologia é limitada pela área de cobertura das empresas do setor, que não está disponível ou não tem cobertura que atenda
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