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HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Prof. Maurício Bertola
AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)�����
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HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 Acompanhar o processo de abertura política iniciado em
1974.
 Entender a redemocratização e as campanhas das
“Diretas – Já” e “Anistia”.
 Reconhecer os principais pontos da Constituição de 1988.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Em 1973, o Brasil ainda estava sob a ditadura civil-militar.
Neste ano, foi eleito (indiretamente) para a presidência o
general Ernesto Geisel, que daria início ao processo de Abertura
política – ou seja, a ditadura teria um fim. Este processo,
contudo, aconteceria de forma “lenta, gradual e segura”.
No final deste ano, o processo de crescimento econômico
denominado “Milagre”, estava se esgotando. Devido a uma crise
internacional causada pela alta do preço do petróleo, a
economia brasileira sofreu grande baque. Diante desta
situação, ficou claro que o “milagre” dependia de um contexto
internacional favorável, e que não se sustentaria.
A política econômica até então bem sucedida continha
fragilidades e expunha o regime político a riscos difíceis de
contornar.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
O 2º Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) procurou dar
continuidade ao primeiro PND, tentando, em vão, contornar a
crise. Como o investimento em tecnologia de ponta era muito
caro, o Plano apenas serviu para elevar a inflação e o
endividamento externo a níveis nunca alcançados na história
do Brasil contemporâneo.
Apesar do sucesso dos aparatos de repressão do Estado
(coordenados pelo SNI) em destruir as organizações de luta
armada, isto levara a um superdimensionamento desses
organismos, dentro e fora das Forças Armadas, e os abusos e
arbitrariedades eram cada vez mais questionados tanto
interna, quanto externamente. A censura a imprensa
contribuía para que a corrupção e os desmandos ficassem sem
eco na sociedade.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
.Mesmo sem assumir a totalidade de crimes cometidos pelos
DOI-CODI ou pelos DEOPS (órgãos responsáveis por
espionagem, prisão e tortura), em nome da Lei de Segurança
Nacional, o presidente Geisel despediu os responsáveis pela
morte do jornalista Vladimir Herzog. Embora pequeno, este
gesto já indicava alguma mudança em relação ao que havia
antes: a total imunidade. Ou seja: Com a crise do “Milagre
Econômico” e constantes denúncias de tortura e assassinatos,
a grande maioria dos brasileiros passa a desejar que a
ditadura acabe. Ainda no governo Geisel o AI-5 seria
revogado.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Assim, vários direitos civis suspensos pelo AI-5 seriam
retomados pela população embora isso não significasse o
fim imediato do regime, da censura, nem tão pouco dos
organismos de repressão.
Esta “Abertura” seria “lenta, gradual e segura”. E esta
expressão se referia à segurança dos ditadores, e não à da
população. Desse modo, é digno de nota o fato de que a
desmontagem da ditadura tenha sido realizada por quem
estava no poder, sempre em uma negociação desigual, que
garantiu mais benefícios a eles do que ao restante dos
brasileiros.
Ou seja, mesmo sem apoio, os ditadores continuavam a ter
grande poder de barganha, sobretudo devido ao aparato de
repressão, que ainda causava temor.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
. Lentamente os movimentos sociais, sindicais e religiosos
voltaram a organizar-se e a demandar mudanças e
democracia.
. Em 1978 começou um movimento pela anistia.
Mobilizando amplos setores sociais com o lema da “Anistia
ampla, geral e irrestrita”, objetivava não apenas o retorno
daqueles que haviam sido exilados pelo regime, como
também a libertação dos presos políticos que haviam, de uma
forma ou de outra lutado contra ela e sido aprisionados. A
campanha pela Anistia exigia o perdão dos crimes políticos,
mas também o fim da repressão e, sobretudo, da
impunidade.
. Nas eleições indiretas o MDB lançou mesmo uma “chapa”
de oposição (Gen. Euler Bentes e Paulo Brossard).
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Com a chegada do general João Figueiredo à presidência, em
1979, a lei de Anistia foi imediatamente votada e aprovada,
sendo eliminado do bi-partidarismo. Figueiredo daria
continuidade à política de Abertura iniciada no governo
Geisel.
O governo do Gen. Figueiredo foi muito difícil devida ao
agravamento da crise econômica. O 2º choque do petróleo e a
elevação unilateral dos juros da dívida externa levaram o país
a uma espiral de alta inflação e depressão cujos efeitos foram
tão violentos que a década de 80 foi denominada de “década
perdida”.
Em 1982 ocorreram eleições diretas para governadores, tendo
a oposição saído vitoriosa em 10 estados, inclusive nos 3 mais
importantes (RJ, SP e MG).
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De fato, o mandato do Gen. Figueiredo foi dedicado a
desarticular a ditadura e seus aparatos repressivos. Isto,
porém, não acontecia porque o presidente fosse um
democrata. A ditadura, na verdade, estava insustentável por
conta da violenta crise econômica.
Ainda neste período houve demonstrações de autoritarismo.
Em 81, um show pelo Dia dos Trabalhadores, no Riocentro,
no Rio, foi marcado pela explosão de uma bomba num carro,
que matou um homem, deixando outro ferido.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Embora grupos de esquerda tenham sido responsabilizados,
logo ficou claro que as bombas se destinavam aos
espectadores do show e seria instalada pelos dois agentes
que estavam no carro. Para sorte dos que assistiam ao show,
a bomba explodiu antes da hora. O atentado havia sido
planejado por setores conservadores do governo, que
pretendiam, com ele, convencer o presidente de que a
repressão ainda era necessária.
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Também ocorreu uma onda de atentados com cartas-bomba,
uma das quais atingiu a sede da OAB no Rio e matou uma
funcionária.
A censura também não foi de todo desativada, e algumas
músicas de artistas brasileiros foram censuradas no período.
Mas, apesar destes eventos, que já poderiam ser
considerados isolados e raros, o clima era mesmo de retorno
à democracia.
Também os trabalhadores e sindicalistas se mobilizavam, com
Os operários da região do ABC (Santo André, São Bernardo e
São Caetano), liderados por Luís Inácio da Silva, mais
conhecido como Lula, mobilizaram o apoio nacional da
população em greves históricas e bem sucedidas e que
também demandavam democracia.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
O retorno do pluri-partidarismo congregou toda uma série de
tendências políticas que buscavam expressar-se. O MDB, a
única oposição consentida durante a ditadura, transformou-
se em Partido do Movimento Democrático Brasileiro(PMDB).
O PMDB, contudo, não abarcou todas as linhas de centro ou
de esquerda. Os políticos liberais de centro fundaram o
Partido Popular (PP), enquanto a bancada trabalhista ou de
esquerda se dividiu em três: PTB, PDT e PT.
O antigo PTB, “rachou”, uma parte concentrada em São
Paulo; e outra, o PDT (Partido Democrático Trabalhista), sob
a liderança de Leonel Brizola, plantou bases no Rio de
Janeiro e no Rio Grande do Sul.
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O Partido dos Trabalhadores (PT), sob a liderança de Lula, se
articulou em torno do movimento sindicalista, e de
movimentos ligados às igrejas católicas e setôres
protestantes, advindos das Comunidades Eclesiais de Base
(CEB’s), atraindo também socialistas e grupos de esquerda
não reformista. A sua fundação foi feita na esteira das Greves
do ABC que, como vimos, haviam conseguido atrair a
simpatia do país.
Os políticos que apoiavam o regime, concentrados na ARENA,
fundaram, sob a liderança de José Sarney e de Paulo Maluf, o
Partido Democrático Social (PDS).
O Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista
do Brasil (PC do B), só puderam legalizar-se em 1985.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Durante o período entre 1983 e 1984, um movimento civil de
reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil que
ficou conhecido como Diretas Já!. A possibilidade de eleições
diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizou
com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de
Oliveira pelo Congresso. Entretanto, a Proposta de Emenda
Constitucional foi rejeitada, frustrando a sociedade brasileira.
Ainda assim, os adeptos do movimento conquistaram uma vitória
parcial em janeiro do ano seguinte quando Tancredo Neves foi
eleito presidente pelo Colégio Eleitoral.
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Tancredo Neves não chegou a tomar posse, pois faleceu sem
poder fazê-lo. Assim, assumiu interinamente seu vice na
“chapa” do “Colégio Eleitoral” o então senador José Sarney.
O governo Sarney foi marcado pelas altas da inflação, atingindo
níveis assustadores. Os preços aumentavam, literalmente, da
noite para o dia. O trabalhador, assim que recebia seu salário,
deveria correr para fazer as compras do mês, pois no dia
seguinte o dinheiro já valia menos.
O Governo lançou o Plano Cruzado, criando uma nova moeda e
investindo no congelamento de preços. O Cruzado valia mil
Cruzeiros, que era a moeda antiga. Além disto, o governo
garantiu o recebimento adiantado do salário, estimulando o
consumo. No início, o Plano foi bem sucedido, garantindo a
eleição de 22 governadores do PMDB, havendo apenas uma
exceção em todo o país.
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Em 1986, contudo, o Plano já dava mostras de desgaste,
fazendo faltar produtos nas prateleiras e levando pequenos
comerciantes à ruína. A tentativa do Plano Cruzado II de
restabelecer a normalidade econômica, liberando os preços
dos produtos, levou novamente às altas taxas de inflação,
que assim permaneceram até o fim de seu mandato.
A inflação teve uma média de 17,3%. O Brasil teve o 3º saldo
exportador no mundo. �����
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Os resultados de balança de serviços, comercial e transações
correntes só vieram a ser superados no governo Lula. A dívida
externa caiu de 54% para 28% do PIB. O déficit primário de
2,58% do PIB em 1984 foi substituído por um superávit de
0,8% do PIB em 1989. O Brasil passou a ser a 7ª economia
mundial. O PIB(em dólares-variação cambial) cresceu 119%. O
PIB per capita cresceu 99%. A média do índice de desemprego
foi de 3,89%, chegando a 2,16% durante o Plano Cruzado e
2,36% em fins de 89.
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Politicamente José Sarney promoveu a legalização dos
partidos antes proibidos (PCB e PCdoB) e deu inicio à
normalização da estrutura político-jurídica através de eleições
para uma Assembleia Nacional Constituinte, que, presidida
pelo deputado oposicionista Ulisses Guimarães, promulgaria a
Constituição de 1988.
A Assembleia Nacional Constituinte, redigiu uma Carta que
teria na proteção ao cidadão e no reforço democrático suas
características mais fortes. Além disso, estabeleceu as
eleições diretas, o voto dos analfabetos e o voto facultativo
para jovens entre 16 e 18 anos. Também consolidou o fim da
Censura nas artes e meios de comunicação..
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
O processo de redemocratização pós-1974 teve como
principais móveis a crise econômica que pôs fim ao “Milagre
Brasileiro”.
O presidente, gen. Ernesto Geisel tinha como objetivos
consolidar as “conquistas” do governo militar
(principalmente as altas taxas de crescimento econômico),
junto a garantir um sistema político-social capitalista (com
alto grau de intervenção estatal); com isso fazer a transição
para um (futuro) regime liberal-democrático.
O aparato repressivo do regime foi inicialmente mantido,
sendo posteriormente revogado o AI-5 e permitido o pluri-
partidarismo.
CONCLUSÃO
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AULA 9: O PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO (1974-1988)
Tal processo não se deu sem oposição dos setores direitistas
e reacionários da sociedade e das Forças Armadas, mesmo no
governo do seu sucessor, o gen. Figueiredo, em cujo governo
a crise econômica atingiu o ápice.
A sociedade civil também reorganizou-se em movimentos,
como o da “Anistia” e o das “Diretas-Já” que demandavam a
transição democrática que só foi completada com a
promulgação da Constituição de 1988.�����
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