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Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DCJS - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
JALINE AMARANTE DA ROSA 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO 
DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE MÃE” NO 
MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IJUÍ – RS, 
2015 
 
 
 
 
 
JALINE AMARANTE DA ROSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO 
CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE 
MÃE” NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profa. Dra. Solange Santos Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
IJUÍ – RS, 
2015 
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado 
como requisito parcial para obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social da Universidade Regional do 
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ. 
 
 
 
 
JALINE AMARANTE DA ROSA 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO 
CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE 
MÃE” NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de 
Graduação em Serviço Social apresentado 
como requisito final para a obtenção do 
título de Bacharel em Serviço Social. 
 
 
 
 
Aprovado em 18 de março de 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
_________________________________________ 
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Solange dos Santos Silva 
Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ 
 
 
 
 
 
 
 
_________________________________________ 
 Convidado: Enio Waldir da Silva 
Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande Sul - UNIJUÍ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho a Deus e a todas as pessoas que estiveram ao 
meu lado me apoiando e que de alguma forma contribuíram para que 
eu obtivesse mais esta conquista... Principalmente a minha família que 
sempre esteve ao meu lado, acreditaram em mim e me incentivaram a 
fazer este curso, pelo qual tenho a maior admiração... Ao meu marido, 
companheiro, pela enorme compreensão e dedicação que teve comigo 
neste momento tão importante da minha vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Primeiramente agradeço a Deus por ter concebido mais esta oportunidade, por ter me 
abençoado sempre e em toda esta caminhada de realizações na minha vida, sou eternamente 
grata ao Senhor por chegar até aqui... 
 
 A minha querida família, que sem eles não estaria aonde cheguei, pai Joel, mãe Mari e 
meus irmãos Jaqueline, Juliano e Jordano. Sinto-me verdadeiramente privilegiada e honrada 
em ter vocês perto de mim... 
 
 Ao meu marido Guilherme, um grande amigo, companheiro que sempre me apoiou, 
pela dedicação e compreensão que teve pela minha ausência em muitos momentos por conta 
dos estudos. Minha gratidão e carinho por você fazer parte da minha vida... 
 
 As minhas supervisoras de estágio Carine Raquel Medeiros da Costa e Alice Joaquim 
Terhost, que fizeram parte desta vitória, pelos momentos agradáveis e indispensáveis de 
conhecimentos e saberes, sou grata pelo carinho dedicado... 
 
 A minha professora orientadora Solange Santos Silva, pelo esforço e comprometimento 
que teve no compartilhamento de seus conhecimentos comigo, pelo exemplo de profissional 
que é... 
 
 Aos professores que tive ao longo desse processo acadêmico, pelos ensinamentos, 
aprendizagens e experiências que compartilhamos, e que acreditaram na minha capacidade... 
 
 A toda a equipe do CRAS “Comunidade Mãe” e aos usuários que me acolheram, com 
grande carinho e respeito significativos, que fizeram com que concluísse os estágios com 
êxito. 
 
 Minha enorme gratidão a vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de 
que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia 
impossível.” 
Charles Chaplin 
 
 
RESUMO 
 
 O presente Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social aborda como tema as 
contribuições do trabalho do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social 
(CRAS) “Comunidade Mãe” no munícipio de Cruz Alta. O objetivo geral é analisar as 
contribuições do profissional e refletir sobre a importância deste trabalho, para a efetivação 
dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social. Analisando a partir do Estágio 
Supervisionado em Serviço Social, como o profissional se insere neste espaço socio-
ocupacional do serviço social, suas competências, atribuições, direitos, seus limites e 
possibilidades de trabalho para a consolidação da profissão. Através da abordagem 
qualitativa, do tipo exploratório de campo e com auxílio de pesquisas bibliográficas e da 
documentação realizado no processo de estágio. O estudo inicia-se com a contextualização 
histórica da Assistência Social como um direito universal, a partir da regulamentação da 
Constituição de 1988, entrando em vigor a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que 
consequentemente consolida a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), no qual prevê 
a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) uma nova gestão às 
políticas sociais assistenciais. Para a materialização do SUAS, constitui-se o Centro de 
Referência de Assistência Social (CRAS), uma instituição que oferta a Proteção Social 
Básica, responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais. O projeto 
profissional do Serviço Social regulamentada e relevante nas intervenções das relações 
sociais, para o enfrentamento da questão social, onde prevê uma nova sociedade em prol da 
melhoria da qualidade de vida dos usuários. Através do Estágio Supervisionado retratam-se 
brevemente relatos sobre as experiências vivenciadas e, assim analisa-se que a forma de 
enfrentamento da categoria trabalho do assistente social na instituição em seu cotidiano, 
apresenta-se mais limites do que possibilidades de trabalho, desafios que muitas vezes 
limitam a consolidação do exercício profissional. Mas, contudo são as possibilidades de 
intervenção do profissional assistente social que apesar de mínimas, tem a capacidade de 
observação da realidade social, com ética, competência teórica e atendimento técnico para 
promover o bem estar dos usuários atendidos no CRAS “Comunidade Mãe”. Contribuindo 
através de suas ações profissionais, a garantia dos direitos dos usuários, e na regulamentação 
da política de assistência social. 
 
Palavras-chave: Assistência Social. Trabalho do assistente social. CRAS. Estágio 
Supervisionado. Serviço Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 This Work of Social Work Course Conclusion addresses the theme contributions of the work 
of social worker in the Social Assistance Reference Center (CRAS) "Community Mother" in 
Cruz Alta municipality. The overall objective is to analyze the contributions of professional 
and reflect on the significance of this, for the realization of the rights of users in the Social 
Assistance Policy. Analyzing from the Supervised Internship in Social Services, as the 
professional is included in this socio-occupational space of social work, its powers, duties, 
rights, their limits and possibilities of work for the consolidation of the profession. Through 
qualitative approach, exploratory field and with the aid of literature searches and 
documentation performed on stage process. The study begins with the historical context of 
social assistance as a universal right, from the 1988 Constitution of the regulation will enter 
into force the Organic Law of Social Assistance (LOAS), which in turnconsolidates the 
National Social Assistance Policy (PNAS ), which provides for the implementation of the 
Single social Assistance System (ITS) a new management assistance to social policies. For 
the materialization of the ITS, it constitutes the Social Assistance Reference Center (CRAS), 
an institution that offer the Basic Social Protection, responsible for the organization and 
delivery of social assistance services. Professional design of Social Work regulated and 
relevant interventions of social relations, for confronting social issues, where it plans a new 
society in order to improve the quality of life of users. Through Supervised Internship portray 
themselves briefly reports on the experiences and thus analyzes the way of coping with the 
work category of social worker at the institution in their daily lives, appears more limits than 
work opportunities, challenges that many often limit the consolidation of professional 
practice. But yet they are the possibilities of intervention of the professional social worker that 
although minimal, has the ability to observe the social reality, with ethics, theoretical 
expertise and technical assistance to promote the well being of patients seen in the CRAS 
"Community Mother." Contributing through their professional actions, to ensure the rights of 
users, and regulation of social welfare policy. 
 
Keywords: Social Assistance. Labour social worker. CRAS. Supervised Internship. Social 
Service. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABAS – Associação Brasileira de Assistentes Sociais 
ABESS – Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social 
CEAS - Centro de Estudos e Ação Social 
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social 
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas 
CNSS – Conselho Nacional de Serviço Social 
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social 
LBA – Legião Brasileira de Assistência 
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social 
MDS – Ministério de Desenvolvimento Social 
MT – Ministério dos Trabalhadores 
NOB – Norma Operacional Básica 
PAS – Política de Assistência Social 
SENAI – Serviço Social de Aprendizagem Industrial 
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
SESC – Serviço Social do Comércio 
SESI – Serviço Social da Indústria 
SUAS – Sistema Único de Assistência Social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 
 
1.1 Delimitação do tema ........................................................................................................... 12 
1.2 Problema da pesquisa ......................................................................................................... 12 
1.3 Objetivos ............................................................................................................................. 12 
 1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 12 
 1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 13 
1.4 Questões norteadoras .......................................................................................................... 13 
1.5 Justificativa ......................................................................................................................... 13 
1.6 Metodologia ........................................................................................................................ 15 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO 
BRASIL..........................................................................................................................19 
 
2.1 A instituição da política como direito social no contexto capitalista ................................. 19 
2.2 Uma nova base inovadora para a política de assistência social .......................................... 22 
2.3 Política de Assistência Social (PAS) ................................................................................. 25 
2.4 A implementação do sistema único de assistência social (suas) por uma nova gestão da 
PAS .......................................................................................................................................... 26 
 
3 SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO ................................................................................. 30 
 
3.1 Breve trajetória da consolidação do serviço social enquanto profissão ............................. 30 
3.2 O trabalho do assistente social ........................................................................................... 38 
 
4 SERVIÇO SOCIAL E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO PROCESSO DE 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................................................... 48 
 
4.1 Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de 
Cruz Alta/RS enquanto campo de estágio para o serviço social .............................................. 48 
4.2 Experiência de estágio supervisionado em serviço social III ............................................ 51 
4.3 Reflexões acerca das contribuições do trabalho do assistente social no CRAS 
“Comunidade Mãe” enquanto estagiária do Serviço Social e análise da importância do mesmo 
para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social .......................... 59 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 70 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72 
 
APÊNDICE ............................................................................................................................. 77 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O presente Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social tem como ponto de 
partida a prática de Estágio Supervisionado em Serviço Social, realizado junto ao Centro de 
Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Cruz Alta/RS no período de 2014, 
estabelecendo relação com os conteúdos e discussões que subsidiaram o processo de 
formação acadêmica. Sendo resultado de um processo investigativo e analítico destaca-se no 
presente estudo o seguinte tema: As Contribuições do Trabalho do/a Assistente Social no 
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de 
Cruz Alta/RS e sua importância para a efetivação de direitos dos usuários da política de 
assistência social. 
 O CRAS “Comunidade Mãe” é uma instituição pública estatal localizado em Cruz 
Alta/RS, a qual apresenta infraestrutura adequada e profissionais capacitados para atender à 
sociedade em situação de vulnerabilidade e risco social. Tem como foco a Proteção Social 
Básica dos usuários que recorrem aos serviços oferecidos pela instituição. O objetivo do 
CRAS é prevenir situações de violação de direitos e que as relações familiares e comunitárias 
sejam desgastadas, auxiliando na melhoria da qualidade de vida dos usuários, através de 
atendimentos pelos profissionais, cursos profissionalizantes para os jovens se inserirem no 
mercado de trabalho, grupos de culinária e artesanato como forma de geração de renda, entre 
outros, para assim, contribuir na efetivação dos direitos dos usuários como prevê a Política de 
Assistência Social. 
 O/a assistente social se insere neste espaço contribuindo para a efetivação dos direitos 
legais dos usuários, realizando atendimentos, visitas domiciliares, encaminhamentos, 
relatórios, pareceres, entrevistas, acompanhamento de grupos, além de informá-los a respeito 
dos programas, projetos, serviços e benefícios,voltados para o bem estar individual e coletivo 
e para a integração do indivíduo na sociedade. Estas e outras atribuições e competências do 
assistente social estão previstas em seu Código de Ética da Profissão e na Lei de 
Regulamentação da Profissão. 
 Sendo assim, no capítulo I pretende-se apresentar as etapas da pesquisa, com base no 
projeto de pesquisa para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso I, como: 
delimitação do tema, problema da pesquisa, objetivos, questões norteadoras, bem como 
justificativa e metodologia para a melhor compreensão da referida pesquisa. 
12 
 
 O capítulo II discorre sobre contextualização da Política de Assistência social no 
Brasil, seu contexto histórico iniciando na Constituição de 1988, Lei Orgânica da Assistência 
Social (LOAS), Política de Assistência Social (PAS) e em seguida a implementação do 
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), processo este que é um grande avanço no 
âmbito da assistência social constituída até os dias de hoje como um direito universal. 
 No capítulo III, aborda-se a origem histórica do Serviço Social reconhecida como uma 
profissão, e uma breve contextualização da categoria trabalho, abordando como o/a assistente 
social se insere como trabalhador assalariado e a relevância do mesmo. 
 Em seguida, no capítulo IV, entra em pauta a experiência de estágio supervisionado, 
relacionando com o Serviço Social um resgate de conceitos e referências sobre o referido 
campo de estágio, o CRAS “Comunidade Mãe”. Tratando-se do projeto de intervenção 
“Terceira Idade de Direitos” como forma contributiva no processo acadêmico e para a 
instituição de campo de estágio, bem como uma análise enquanto estagiária sobre as 
contribuições do trabalho do/a assistente social na contemporaneidade, como se articula em 
meio social e para a efetivação dos direitos dos usuários previstos na PAS. 
 
1.1 A DELIMITAÇÃO DO TEMA 
 
 As contribuições do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de 
Assistência social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS no período de 
2014 e sua importância para a efetivação dos direitos dos usuários da Política de Assistência 
Social (PAS). 
 
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA 
 
 Como vem se realizando o trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de 
Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no munícipio de Cruz Alta/RS e sua 
contribuição para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social? 
 
1.3 OBJETIVOS 
1.3.1 Objetivo geral 
 
 Analisar as contribuições do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de 
Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS e refletir sobre 
13 
 
a importância deste trabalho, enquanto profissional, para a efetivação dos direitos dos 
usuários na Política de Assistência Social. 
 
1.3.2 Objetivos específicos 
 
Caracterizar os instrumentos e técnicas realizados pelo/a assistente social; 
Investigar as mediações que o/a profissional realiza; 
Contextualizar a Política de Assistência Social; 
Identificar e refletir sobre os limites e possibilidades do trabalho do/a assistente social 
no CRAS “Comunidade Mãe”. 
 
1.4 QUESTÕES NORTEADORAS 
 
Quais as intervenções realizadas frente às demandas que perpassam na instituição? 
 Qual a instrumentalidade utilizada no cotidiano do profissional? 
Quais os limites e possibilidades do trabalho do/a assistente social no CRAS 
“Comunidade Mãe”? 
Qual a importância da PNAS para a regulamentação dos direitos dos usuários? 
 
1.5 JUSTIFICATIVA(S) 
 
 A relevância desta pesquisa inicia-se a partir da disciplina de Trabalho de Conclusão 
de Curso II, como exigência do curso de Serviço Social na Universidade Regional do 
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), realizado no 2o semestre de 2014. 
 Estudo este, acerca das contribuições do trabalho do/a assistente social enquanto 
profissional inserido no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de 
Cruz Alta/RS. O interesse pelo tema deu-se a partir das experiências vivenciadas no estágio 
supervisionado III no período do 1o semestre de 2014, em conhecer as dimensões ético-
política, teórico-metodológico e técnico-operativo que o profissional articula em sua 
historicidade, totalidade e individualidade. Relacionando com o importante papel da Política 
de Assistência Social, para a efetivação dos direitos aos usuários que buscam os serviços 
socioassistencias no CRAS “Comunidade Mãe”. 
 A escolha do referido tema justifica-se pela inserção, enquanto estagiária no CRAS 
“Comunidade Mãe” onde se realizou o Estágio Supervisionado em Serviço Social III e por 
14 
 
pesquisas bibliográficas no decorrer do processo de ensino-aprendizagem do curso. Este é um 
tema de suma importância, pois trata do/a profissional assistente social que atua na equipe de 
trabalho como um viabilizador de direitos, elucidando o acesso a estes, sempre com o intuito 
de contribuir na garantia de cidadania aos usuários. 
 Durante o processo de estágio foi possível aprender, brevemente, a realidade do 
trabalho do/a profissional, através da observação, intervenção e acompanhamento em seu 
cotidiano. Questiona-se como o profissional se insere neste espaço, suas funções e a 
importância que esta profissão representa para a efetivação dos direitos dos usuários na 
Política de Assistência Social (PAS), pautados na Proteção Social Básica de assistência que se 
objetiva em “prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e 
aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (PNAS, 2004, pg. 23). 
 O/a assistente social se insere como profissional atuando no atendimento às demandas 
e necessidades sociais de seus usuários, que podem produzir resultados concretos, tanto nas 
dimensões materiais quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais na vida da população 
(YASBEK, 2009). Viabilizando seu acesso às políticas sociais, no qual se apresenta na 
referida pesquisa o CRAS “Comunidade Mãe”. 
 Diante do trabalho do/a assistente social, as dificuldades, desafios enfrentados, 
contribuições e importância desta profissão, se deu o interesse em aprofundar este assunto 
para contribuir na melhoria das condições de trabalho e a valorização do profissional na 
implementação da política de assistência social municipal. 
 A temática do trabalho de conclusão de curso promove a importância do trabalho do/a 
assistente social em uma unidade pública responsável pela oferta de serviços de proteção 
social básica de assistência social às famílias, grupos e indivíduos em situação de 
vulnerabilidade social. Uma vez que a vulnerável realidade social necessita de políticas 
sociais consistentes para atendimento aos usuários suprindo suas necessidades básicas. 
A assistência social é reconhecida, pela primeira vez, como uma política pública, 
dever do Estado e direito de cidadania, partícipe da seguridade social, assentada no 
tripé da saúde, previdência e assistência, campo privilegiado da atuação do Serviço 
Social (IAMAMOTO, 2010, pg. 264). 
 
 Neste sentido, espera-se que a pesquisa possa vir a contribuir com o trabalho dos 
profissionais da assistência social e aos demais, para uma análise crítica da realidade 
vivenciada hoje no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), auxiliando na 
melhoria das condições de trabalho de assistentes sociais para beneficiar usuários que buscam 
os serviços. Espera-se também que os usuários destes serviços possam usufruir deste trabalho, 
15 
 
assim contribuindo e incentivando um maior debate sobre a Política de Assistência Social, 
conquistando, desta forma, ainda mais progressos no âmbito da assistência social. 
 
1.6 METODOLOGIADA PESQUISA 
 
 A metodologia do projeto de pesquisa é um meio no qual se expõe detalhadamente o 
passo a passo da pesquisa na prática, a coleta de informações ligadas aos instrumentos e 
técnicas que se pretende utilizar. 
A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço 
da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de 
amostragem e construção de estratégia para entrada em campo) como a definição de 
instrumentos e procedimentos para análise de dados (MINAYO, 2010, pg.43). 
 
 O método para realização da pesquisa se orienta por embasamento do método dialético 
crítico que se apoia na concepção dinâmica da realidade, nas relações entre a unidade e 
totalidade, entre teoria e prática, observando o movimento que engrena os processos sociais, 
direcionada para a realidade social e para as ações concretas com vistas à transformação. 
A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da 
realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando 
considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, 
culturais etc. Por outro lado, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas, 
opõe-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se 
torne norma. Assim, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se 
bastante das pesquisas desenvolvidas segundo a ótica positivista, que enfatiza os 
procedimentos quantitativos (GIL, 2008, pg. 14). 
 
 A pesquisa é do tipo exploratória de campo, "cujo objetivo é a formulação de questões 
ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do 
pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura, 
precisa ou modificar e clarificar conceitos" (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 85). Será 
descrita na referida pesquisa a atuação e contribuição do trabalho do/a assistente social no 
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) "Comunidade mãe" no munícipio de 
Cruz Alta/RS. 
 Optando-se pela abordagem qualitativa, buscou conhecer a realidade do trabalho do/a 
assistente social no âmbito da Política de Assistência Social e sua contribuição para a 
efetivação dos direitos dos usuários, questionando sobre as dificuldades, desafios, o 
enfrentamento de seu cotidiano de trabalho, sua contribuição, competências, atribuições, 
funções, potencialidades, opiniões, valores e anseios. A pesquisa qualitativa “trabalha com o 
universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das 
atitudes” (MINAYO, 2008, pg. 21). 
16 
 
 A pesquisa descritiva contempla a “descrição”, registro, análise e interpretação de 
fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente (MARCONI; LAKATOS, 
2007, pg. 20), que no caso da pesquisa, constituiu-se em reflexões e análise do profissional no 
CRAS “Comunidade Mãe”, onde se realizou o Estágio Supervisionado em Serviço Social III, 
permitindo observar, acompanhar e intervir através da realização do Projeto de Intervenção 
em Serviço Social III. 
 Os/as assistentes sociais em seu cotidiano de trabalho na instituição têm como base as 
dimensões ético-politico, teórico-metodológico e técnico-operativo do seu projeto 
profissional. A observação é de grande importância para auxiliar no processo da pesquisa, 
onde se coloca como observador de uma situação social, com finalidade de realizar uma 
investigação científica, tendo contato direto com profissional aprimorando o contexto da 
pesquisa (MINAYO, 2008). 
 Utilizaram-se para o desenvolvimento da pesquisa, documentos realizados no processo 
da supervisão direta de estágio. O material contempla informações relevantes, assim 
auxiliando a discorrer sobre o tema proposto. 
Fontes primárias: dados históricos, bibliográficos e estatísticos; informações, 
pesquisas e material cartografado; arquivos oficiais e particulares; registros em 
geral; documentação pessoal (diários, memórias, autobiografias); correspondência 
pública ou privada etc. (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 26). 
 
 A documentação de estágio é embasada em descrições enquanto estagiária sobre o 
cotidiano de trabalho do/a assistente social como: diários de campo, reconhecimento 
institucional, relatórios finais. Através das seguintes técnicas e instrumentos: atendimentos, 
visitas domiciliares e institucionais e também entrevista com roteiro de perguntas (Apêndice 
I) que se utilizaram no processo de desenvolvimento do projeto de intervenção “Terceira 
Idade e Direitos” realizado no CRAS “Comunidade Mãe” durante a supervisão de campo no 
período do estágio III. A supervisão direta do/a assistente social no processo de estágio é 
indispensável para concluí-lo com êxito, sendo que a supervisão auxilia o acadêmico para 
obter uma formação qualificada. 
A atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento 
ímpar no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese 
na relação teoria e prática, na articulação entre pesquisa e intervenção profissional e 
que se consubstancia como exercício teórico-prático, mediante a inserção do aluno 
nos diferentes espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com vistas à 
formação profissional, conhecimento da realidade institucional, problematização 
teórico-metodológica (BRASIL, 2008, pg. s/n). 
 
 Uma das atribuições específicas do profissional assistente social é de “Art. 5o. I - 
coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e 
17 
 
projetos na área de Serviço Social; VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de 
estagiários de Serviço Social” (BRASIL, 1993, pg. s/n). 
 Foram utilizadas informações e dados originais do processo de estágio supervisionado 
com ênfase, em dados da experiência de implementação do projeto de intervenção. Contando 
com a contribuição da supervisão de campo e acadêmica, que foi de forma significativa e 
contribuiu muito para que o projeto de intervenção fosse concluído com sucesso. 
Ressaltamos, ainda, o princípio que prevê a indissociabilidade entre estágio e 
supervisão acadêmica e de campo, em que o estágio, enquanto atividade didático-
pedagógica pressupõe a supervisão acadêmica e de campo, numa ação conjunta, 
integrando planejamento, acompanhamento e avaliação do processo de ensino 
aprendizagem e do desempenho do (a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento 
de sua capacidade de investigar, apreender criticamente, estabelecer proposições e 
intervir na realidade social (ABEPSS, 2009, pg. 13). 
 
 Após o período de coleta de informações iniciou-se o processo de exploração, análise 
e interpretação do material coletado. Os dados foram analisados com base nas informações 
coletadas através da observação, acompanhamento e intervenção no período de estágio sobre 
o trabalho do assistente social no CRAS “Comunidade Mãe” enfatizando-se a dimensão 
qualitativa, na análise de interpretação, explicação e especificação (MARCONI; LAKATOS, 
2007). 
 Contando com auxílio de pesquisas e revisões bibliográficas de materiais já publicados 
do Serviço Social e do tema proposto, como "publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, 
livros, pesquisas monografias, teses, material cartográfico etc." (MARCONI; LAKATOS, 
2007, pg. 71) e na documentação de Estágio Supervisionado em Serviço Social realizada. 
 Para análise, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, considerando que é uma 
técnica que agrupa procedimentos sistemáticos do conteúdo manifesto nas comunicações, 
com a finalidade de obter a sua interpretação. 
 Sobre as questões éticas da pesquisa, evidencia-se que os sujeitos envolvidos no estudo 
e no processo de estágioque contribuíram para os documentos acadêmicos realizados na 
instituição, não passaram por qualquer tipo de constrangimento, pois os dados coletados não 
foram identificados ou expostos a outros indivíduos, sendo que se mantém em sigilo e 
preservado de qualquer risco de exibição da identificação do usuário. Conforme o Código de 
Ética Profissional (1993), o assistente social tem o direito de manter sigilo profissional da 
vida de seus usuários o “sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de que o/a assistente 
social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional” (CFESS, 
1993, pg. 35). 
18 
 
 Os dados são utilizados para uma análise de forma geral de como vem sendo realizado 
o trabalho do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) 
“Comunidade Mãe”, contribuindo assim para a relevância da pesquisa, e mantendo-os sob os 
cuidados da pesquisadora. 
 Para conclusão do estudo e fins acadêmicos, primeiramente a socialização é por meio 
da apresentação pública do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em banca avaliadora 
conforme o regimento do TCC na UNIJUÍ. E para a instituição concedente do campo de 
estágio, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe”, aos 
usuários que são atendidos, equipe em geral, será em forma de exposição oral, com 
participação em reunião da equipe de trabalho. Por fim será entregue para cada indivíduo um 
relatório final, contendo um resumo das principais informações importantes que a pesquisa 
contempla. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 
 
 No segundo capítulo abordam-se alguns aspectos da trajetória histórica da 
consolidação da Assistência Social no Brasil, os principais fatores que contribuíram para que 
a Assistência Social se regulamentasse como um direito social universal. 
 
2.1 A INSTITUIÇÃO DA POLÍTICA COMO DIREITO SOCIAL NO CONTEXTO 
CAPITALISTA 
 
 Inicialmente, para analisarmos a Política de Assistência Social, é essencial conhecer e 
contextualizar alguns aspectos da trajetória histórica da Assistência Social até os dias de hoje, 
reconhecida como uma política social. A Constituição de 1988 foi o ponto de partida para que 
a assistência social se tornasse visível e relevante para a sociedade brasileira, podendo-se 
dizer que foi um marco para a expansão das políticas sociais no Brasil. 
Políticas sociais são ações governamentais dos Estados modernos tendo em vista 
atenderem a redução das consequências da pobreza em diversas áreas de serviços, 
como educação, saúde, habitação, previdência etc. Essas ações visam equacionar, 
em alguns casos, ou minimizar, em outros (GENTILLI, 2007, pg. 77). 
 
 A história remonta que a assistência social existiu antes da Constituição Federal de 
1988. Em torno da década de 30 a assistência social era como dever moral, de forma 
simplificada seguindo a linha da caridade, associado à filantropia, em geral de caráter privado 
e confessional e da solidariedade religiosa (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; 
CAVALCANTI, 2007). O Estado entra para intervir nas expressões da questão social, passa a 
reconhecer no sentido de reprodução da classe operária, mas com o apoio do governo. 
Frequentemente adstrita às atividades de plantão social, às atenções emergenciais e 
distribuição de auxílios ou, ainda implementada por práticas pulverizadas, 
descontínuas e subordinadas a interesses clientelistas, a assistência só recebeu a 
designação de política social do estado brasileiro tardiamente, em 1988 (SOUZA, 
OLIVEIRA, ALMEIDA, CAVALCANTI, 2007, pg. 19). 
 
 A decorrência deste conflito social se constituiu no surgimento do capitalismo, um 
sistema econômico que se expande no início do século XX, onde os primeiros indícios foram 
a evolução do comércio, que se constitui uma nova concepção econômica. O comerciante 
passava a adquirir o valor de uso para o valor de troca, ou seja, as mercadorias fabricadas 
pelos comerciantes não passavam mais ser de uso próprio e sim de troca por moedas ou 
mercadoria, aumentando os lucros e capital, o que interessava era o valor de troca do capital, 
que se diferencia do valor de troca das mercadorias, que ingressam no processo de produção 
(IAMAMOTO, 2009). 
20 
 
 O capitalismo foi expansão de grandes meios de produção, investimentos, capitais 
onde aumentavam os lucros dos burgueses através da exploração da mão de obra do 
proletariado (classe trabalhadora). 
O processo capitalista de produção expressa, portanto, uma maneira historicamente 
determinada de os homens produzirem e reproduzirem as condições materiais da 
existência humana e as relações sociais através das quais levam a efeito a produção. 
Neste processo se reproduzem, concomitantemente, as ideias e representações que 
expressam estas relações e as condições materiais em que se produzem, encobrindo 
o antagonismo que as permeia (IAMAMOTO, 2009, pg. 30). 
 
 A classe trabalhadora se submetia a condições de trabalho precário, de higiene, 
vestimenta, alimentação, remuneração e longas jornadas de trabalho tanto de adultos como 
crianças nas grandes fábricas dos burgueses da época. Reduziam-se o tempo de trabalho 
socialmente necessário à produção das mercadorias, ou seja, o seu valor ampliando 
simultaneamente o tempo de trabalho excedente ou mais-valia (IAMAMOTO 2008), 
desencadeando assim a questão social. 
A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da 
produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana - o 
trabalho -, das condições necessárias a sua realização, assim como de seus frutos. É 
inseparável da emergência do “trabalhador livre”, que depende da venda de sua 
força de trabalho como meios de satisfação de suas necessidades vitais. Assim, a 
questão social condensa o conjunto de desigualdades e lutas sociais, alcançando 
plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de capital fetiche (IAMAMOTO, 
2008, pg. 156). 
 
 As lutas sociais se expandiram em meio social. A classe operária, por sua vez, 
reivindicava pelo reconhecimento dos direitos sociais e políticos de todos os indivíduos 
sociais, rompendo com o domínio privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a 
questão social para a esfera pública (YASBEK, 2001), exigindo que o Estado intervisse no 
reconhecimento e deveres dos sujeitos sociais. 
 Contudo, a classe trabalhadora iniciou uma revolta contra o governo, que na época era 
o de Getúlio Vargas, reivindicando pelas condições de trabalho a que eram submetidos para a 
sua sobrevivência. Foram lutas e movimentos sociais por melhores condições de vida. Nesta 
mesma década de 1930 criou-se o Ministério do Trabalho (MT). 
 As práticas assistencialistas foram aprimoradas pelo Estado em prol de amenizar as 
desigualdades sociais, ou seja, questões sociais como consequências do conflito entre capital e 
trabalho decorrentes do capitalismo. Foi por consequência das lutas sociais dos trabalhadores 
que se tornou restrita a relação entre capital e trabalho, “os conflitos sociais passam a exigir a 
interferência do Estado no reconhecimento e na legalização de direitos e deveres dos sujeitos 
sociais envolvidos, consubstancialmente nas políticas e serviços sociais” (IAMAMOTO, 
2008, pg. 160). 
21 
 
 O Conselho Nacional de Serviço Social foi o fundador da primeira instituição, a Legião 
Brasileira de Assistência (LBA), em 1942, que se apresenta com o principal propósito de 
concretizar o Serviço Social como uma profissão, com auxílio das escolas do Serviço Social 
existentes na época, pois necessitavam de dados, informações, documentos, trabalhos, 
pesquisas, suporte teórico, técnico e prático para se constituir a identidade do Serviço Socialenquanto profissão importante para a proteção e amparo social. A LBA persistiu por muitos 
anos na política assistencial no Brasil, com intuito de “assistir, primeiramente, as famílias dos 
pracinhas que foram para a guerra, e logo depois estender seu trabalho à população pobre, 
principalmente com programas na área materno-infantil” (COUTO, 2010, pg. 103). O 
Governo Federal era quem prestava assistência através das instituições, e o Estado quem 
regulamentava a quantidade de recursos financeiros a serem repassados. 
 Logo após, em 1943, ocorreu a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) neste 
mesmo governo de Getúlio Vargas. A CLT foi uma conquista de parte dos direitos 
trabalhistas, como a carteira de trabalho, regularização da jornada de trabalho, férias 
remuneradas, licenças, entre outras. Por consequência, a LBA vincula-se com o Ministério do 
Trabalho e Previdência Social, tendo sua estrutura ampliada e passando a contar com novos 
projetos e programas. 
 Ao longo deste processo, houve grandes reivindicações por direitos sociais, lutas e 
movimentos sociais por melhores condições de vida e em defesa de interesses e necessidades 
dos trabalhadores. Houve uma reorganização, novas concepções para a área dos direitos 
sociais, reconhecimento da assistência social como uma política pública, uma nova maneira 
de organizar e gestar, desencadeando, assim, um novo mediador para a questão social: o 
Estado. 
 O resultado destes movimentos reivindicatórios foi a Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, com um avanço na garantia de direitos da sociedade brasileira e 
democratização do Estado brasileiro. 
Destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, pg. s/n). 
 
 Na redefinição das políticas públicas, a assistência social se insere no tripé da 
seguridade social: a saúde, previdência social e assistência social, que passou a ser 
reconhecida como política social, facilitando o acesso dos cidadãos aos serviços básicos de 
proteção social e buscando reduzir as expressões da questão social no Brasil. 
22 
 
Art. 203 A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a 
proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o 
amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao 
mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de 
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um 
salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que 
comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida 
por sua família, conforme dispuser a lei (BRASIL, 1988, pg. s/n). 
 
 Inclusa no Sistema de Seguridade Social, a assistência social passa a ter 
transformações legais e institucionais, regulamentadas em diversas legislações, e o Estado 
brasileiro passa a reconhecê-la como parte de um sistema mais amplo de proteção social, 
junto com outras políticas sociais. 
A assistência social, sem o demérito de outros campos de atuação profissional, pode 
ser apontada como a área na qual a renovação crítica do serviço social brasileiro se 
fez mais evidente, pois foi aí que a vanguarda da categoria, num movimento de luta 
articulado nacionalmente, entre os anos 80 e 90, deu substantiva contribuição nos 
debates e articulações políticas para a elaboração de uma lei que, pela primeira vez 
no país, articula a assistência aos direitos sociais e aos patamares da justiça social 
(SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 19). 
 
 Pode-se dizer que a Constituição de 1988 foi a primeira forma dos direitos sociais 
serem reconhecidos constitucionalmente. A assistência social passa a assumir um caráter de 
política pública, portanto é a referência inaugural para a compreensão das transformações e 
redefinições do perfil histórico da assistência social no país (RAICHELIS, 2000). 
 Sendo assim, requer que a assistência social seja vista como uma política pública, 
regulamentada por uma lei própria, desencadeando a Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS) passando a operar sob uma estrutura de política pública de Estado. Isto exige que as 
provisões assistenciais sejam pensadas no âmbito da garantia de direitos, da universalização e 
do compromisso estatal em promover políticas públicas de atendimento aos que necessitarem, 
principalmente no âmbito da Seguridade social e da Proteção Social pública. 
 
2.2 UMA NOVA BASE INOVADORA PARA A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
 Consequentemente, através dos movimentos para se efetivar meios de garantia de 
direitos, veio à tona discussões e debates para que a Política de Assistência Social prevista na 
constituição de 1988 constituísse uma nova questão de direito. Como uma forma mais ampla 
para a universalização dos direitos à assistência, a universalização dos acessos e da 
responsabilidade do Estado, efetiva-se um processo que torne a assistência social visível como 
política pública e direito dos que dela necessitam independentemente de contribuição prévia. 
23 
 
A elaboração da LOAS foi o produto da mobilização de segmentos sociais que se 
organizaram com o objetivo de fortalecer a concepção de assistência social como 
função governamental e política pública, envolvendo intrincados processos de 
negociação e formação de consensos pactuados entre diferentes protagonistas da 
sociedade civil, do governo federal e da esfera parlamentar (RAICHELIS, 2000, pg. 
123). 
 
 Para que se concretizassem os avanços dos direitos sociais alcançados na constituição, 
necessitou-se a regulamentação de leis orgânicas. Para a aprovação dessas leis exigiu-se um 
complexo procedimento de organização dos princípios preconizados na Constituição de 1988. 
A referida legislação é a LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei 
8742, de 07 de dezembro de 1993) que, ao regulamentar o Artigo 194 da 
Constituição Federal de 1988, deu início a construção da assistência como política 
pública de seguridade social e de seu trânsito para o campo dos direitos, da 
universalização do acesso e da responsabilidade estatal (SOUZA; OLIVEIRA; 
ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 19). 
 
 Passadas cinco décadas desde 1988 as concepções tomam novo rumo. O governo está 
determinado em desfazer o tripé da seguridade social e regulamenta uma nova forma de 
organizar as políticas de saúde, previdência social e assistência social. Para desta forma, passa 
a contribuir na amenização do número elevado de demandas, das desigualdades sociais, 
constituindo a complexidade na área da assistência e com intuito de ampliar os direitos sociais 
e universalizar a proteção social. 
 A assistência social passa a ter um novo conceito, uma nova forma de visibilidade. 
Conforme o Art. 1 a “assistência social, é direito do cidadão e dever do Estado, é Política de 
Seguridade Social não contributiva, que prove os mínimos sociais” (LOAS, 1993, p. s/n), 
onde se materializa através de atividades socioeducativas, desenvolvidas pelas políticas 
públicas garantindo o atendimento às necessidades básicas da sociedade. 
Assim, é possível afirmar que a política de seguridade social proposta tem como 
concepção um sistema de proteção integral, do cidadão, protegendo-o quando no 
exercício de sua vida laboral, na falta dela, na velhice e nos diferentesimprevistos 
que a vida lhe apresentar, tendo para a cobertura ações contributivas para a política 
previdenciária e ações não contributivas para a política de saúde e de assistência 
social (COUTO, 2010, pg. 159). 
 
 Só em 1993 a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é regulamentada. 
Encaminhada ao Congresso Nacional, foi sancionada em 7 de dezembro de 1993, pelo 
presidente Itamar Franco, dando início, assim, ao processo de reorganização da assistência 
social no país e à necessidade de revisão dos conceitos assistencialistas que permeavam o 
campo da política social, distinguindo assim novos conceitos, parâmetros a serem seguidos 
(MENDES; PRATES; AGUINSKY, 2009). 
 A LOAS introduziu um novo significado para a Assistência, como uma “política 
pública de seguridade, direito do cidadão e dever do Estado, provendo-lhe um sistema de 
24 
 
gestão descentralizado e participativo, cujo eixo é posto na criação do Conselho Nacional de 
Assistência Social (CNAS)” (MESTRINER, 2001, pg. 2006). 
 A LOAS dispõe sobre a organização da Assistência Social, representando um marco 
para o reconhecimento da assistência social como direito a qualquer cidadão brasileiro aos 
benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais. Regem pelos seguintes 
princípios e diretrizes: 
Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: 
I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de 
rentabilidade econômica; 
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação 
assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; 
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e 
serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se 
qualquer comprovação vexatória de necessidade; 
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer 
natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; 
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, 
bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua 
concessão (BRASIL, 1993, pg. s/n). 
 
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: 
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; 
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; 
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência 
social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993, pg. s/n). 
 
 A assistência social, conforme a LOAS, foi amplamente organizada em um sistema 
descentralizado pelo poder público e participativo pela sociedade civil, distribuindo poderes 
às unidades locais, de modo a atender toda a sociedade brasileira. Entretanto, foram 
consolidadas em gestão, benefícios, serviços, programas e projetos de assistência social. 
A lei enumera condições para que esse campo passe a ser considerado como de 
direito social. Indica a responsabilidade estatal e aponta a noção de solidariedade 
social, soldando a cadeia de atendimento á população-alvo de seus programas, 
embora faça isso de maneira genérica, ao citar a provisão dos mínimos sociais, sem 
defini-los (COUTO, 2010, pg. 173). 
 
 Adquiriu-se, assim, um novo status. As desigualdades sociais deixaram de ser aquela 
concepção de assistencialismo e filantropismo. E sendo reconhecida como uma política 
pública universal e de gestão participativa que se dá origem a Política de Assistência Social 
(PAS). 
 
 
 
 
25 
 
2.3 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PAS) 
 
 Após cinco anos, em 1988, se consolidou pelo Conselho Nacional em Serviço Social 
(CNSS) a primeira regulamentação da Política Nacional de Assistência Social. Mas apenas 
em 2004, após um movimento de discussão nacional entre os Estados através de conferências 
e conselhos, que foi aprovada uma nova Política Nacional de Assistência Social na 
perspectiva de implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. 
A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas 
setoriais, considerando as desigualdades socioterritoriais, visando seu 
enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para 
atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Sob essa 
perspectiva, objetiva: Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção 
social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles 
necessitarem; Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos 
específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e 
especiais, em áreas urbana e rural; Assegurar que as ações no âmbito da assistência 
social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e 
comunitária (PNAS, 2004, pg. 27). 
 
 A Política de Assistência Social era vista pelas classes dominantes como solução para 
combater a pobreza relativa e nela imprimem o selo do enfrentamento da desigualdade ao 
tempo que exercitam a sua condição de classe dirigente, onde era uma forma de amenizar a 
questão social decorrente de sociedade capitalista (MOTA, 2008). 
 A LOAS em sua regulamentação cria uma nova matriz para a Política de Assistência 
Social, inserindo-a no sistema do bem-estar social brasileiro, concebido como campo de 
Seguridade Social, configurando o tripé juntamente com a saúde e a previdência social. Passa 
a constituir uma nova relação de Estado e sociedade civil, a forma descentralizada e 
participativa. 
 A Política de Assistência Social se origina para materializar o que se prevê nos 
princípios e diretrizes da LOAS, fazendo parte do empenho de construir um sistema no qual 
exista de fato a reversão do quadro até então desenvolvido pela Política de Assistência Social 
(COUTO, 2010). Conforme previsto pela LOAS que, “provê os mínimos sociais, realizada 
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o 
atendimento às necessidades básicas” (BRASIL, 1993, pg. s/n). 
 Assim, a PNAS desenvolve a assistência social como um direito social de qualquer 
brasileiro, destinado para as classes excluídas, vulneráveis e que apresentam risco social. 
Através do atendimento como modo de suprir as necessidades básicas dos usuários se divide 
em três níveis de proteção, sendo a Proteção Social básica, que se objetiva “em prevenir 
situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o 
26 
 
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (PNAS, 2004, pg. 27); Proteção Social 
Especial de média complexidade que oferece através de instituições “atendimentos às famílias 
e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram 
rompidos” (PNAS, 2004, pg. 32); e Proteção Social especial de alta complexidade, que “são 
aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho 
protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de 
ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário” (PNAS, 2004, 
pg. 32). 
 Cada nível apresenta seus objetivos, funções, serviços, programas, projetos de 
atendimento a serem desenvolvidos aos usuários específicos que delas necessitarem. 
Contudo, a política de assistência social não vem sendo implementada conforme 
preconiza a legislação. O maior obstáculo à sua efetivação como um direito de 
cidadania vem sendo dado pela ofensiva neoliberal que, desde os anos 90 até os dias 
de hoje, tem promovido o desmantelamento da concepção de seguridade propostana 
Constituição Federal (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 
21). 
 
 Com a estrutura dos níveis de atendimento assistencial regulamentada na PNAS, se 
constitui um modelo de gestão desta organização da assistência social, no campo da proteção 
social brasileira. Desta forma entra em vigor e implementação o Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS) no ano de 2005, ao qual se refere ao próximo item. 
 
2.4 A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) 
POR UMA NOVA GESTÃO 
 
 Em 2004, regulamenta-se a construção e consolidação do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), que se objetiva em desempenhar uma nova gestão às políticas de assistência 
social nos municípios e territórios de atendimento assistencial à sociedade brasileira que 
apresentam maiores índices de desigualdades sociais e que apresentam risco social, instituído 
conforme a LOAS. 
Em 2005, a aprovação da Norma Operacional Básica - -NOB estabeleceu os 
parâmetros de operacionalização da gestão da política de assistência e a 
normatização para a implementação do Sistema Único de Assistência Social – 
SUAS, tendo como principais objetivos: definição das competências e 
responsabilidades entre as três esferas e governo (pacto federativo); estabelecimento 
dos níveis de gestão de cada esfera; determinação das competências das instâncias 
que compõe a rede de proteção social e a sua articulação (entidades governamentais 
e não governamentais); descrição dos principais instrumentos de gestão; definição 
da forma de gestão financeira: mecanismos de transferências e critérios de partilha 
(SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 29). 
 
27 
 
 O SUAS adota um regime de gestão e normatiza a gestão da PNAS, sendo que o 
sistema de forma “descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em 
todo o território nacional das ações socioassistenciais” (PNAS, 2004, pg. 32). Apresentam-se 
assim fatores contribuintes e indispensáveis para a existência contínua das políticas públicas 
assistenciais, organizadas para que se desempenhe atendimento com qualidade, serviços, 
avaliação e resultados. A estrutura se divide em: matricialidade sócio-Familiar; 
descentralização político-administrativa e territorialização; novas bases para a relação entre 
Estado e sociedade civil; financiamento; controle social; o desafio da participação 
popular/cidadão usuário; a política de recursos humanos; a informação, o monitoramento e a 
avaliação (PNAS, 2004), e os serviços oferecidos são organizados em vigilância social, 
proteção social e defesa social e institucional. 
 Uma vez que é o SUAS que organiza esta gestão nas redes assistenciais, os Centros de 
Referência de Assistência Social (CRAS) são os responsáveis pela Proteção Social Básica e 
pela Proteção Social Especial de média complexidade, e os Centros de Referência 
Especializado em Assistência Social (CREAS), pela Proteção Social Especial de alta 
complexidade. 
A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de 
sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência 
Social (Suas), com os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão compartilhada, o 
cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo 
articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e 
privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, III - 
estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, 
manutenção e expansão das ações de assistência social; IV - definir os níveis de 
gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; V - implementar a gestão 
do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão 
integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a 
garantia de direitos (LOAS, 1993, pg. s/n). 
 
 No ano de 2005 é regulamentada a última versão da Norma Operacional Básica que 
organiza a gestão da assistência social de forma geral no Brasil. A PNAS estabelece os 
princípios e diretrizes para a implementação do SUAS e como base para NOB/SUAS, que 
institui a operacionalização da gestão da política de assistênciasocial. A NOB sanciona “os 
eixos estruturantes para a realização do pacto a ser efetivado entre os três entes federados e as 
instâncias de articulação, pactuação e deliberação, visando a implementação e consolidação 
do SUAS no Brasil” (BRASIL, 2005). 
 Em 2006 se regulamenta a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS 
(NOB-RH/SUAS), que constitui em uma “política de capacitação dos trabalhadores públicos 
e da rede prestadora de serviços, gestores e conselheiros da área, de forma sistemática, 
28 
 
continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentralizada, respeitando as 
diversidades regionais e locais, e fundamentada na concepção da educação permanente” 
(BRASIL, 2009, pg. 12). 
 A questão da organização dos trabalhadores do SUAS, constitui-se nos recursos 
humanos de cada nível de complexidade, tratando assim da Proteção Social Básica ofertada 
através dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que compõe uma equipe 
multiprofissional atuando no atendimento aos usuários, na prestação de serviços, programas, 
projetos e ações, sendo que a equipe tem que suportar o número de famílias referenciadas nas 
instituições assistenciais. 
As equipes de referência para os Centros de Referência de Assistência Social – 
CRAS devem contar sempre com um coordenador, devendo o mesmo, 
independentemente do porte do munícipio, ter o seguinte perfil profissional: ser um 
técnico de nível superior, concursado com experiência em trabalhos comunitários e 
gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais (BRASIL, 
2009, pg. 19). 
 
 Os profissionais são responsáveis por uma nova divisão sócio-técnica do trabalho no 
âmbito do SUAS, “ são todos aqueles que atuam institucionalmente na política de assistência 
social, conforme preconizado na LOAS, na PNAS e no SUAS, inclusive quando se tratar de 
consórcios intermunicipais e entidades e organizações da assistência social” (BRASIL, 2009, 
pg. 66). Deve ser orientado por um projeto ético-político assentado no acúmulo das diferentes 
profissões e de suas contribuições, incorporando os conhecimentos em prol de protagonismos 
e qualidade nos serviços especialmente para o atendimento aos usuários. 
Para a implementação do SUAS e para se alcançar os objetivos previstos na 
PNAS/20004, é necessário tratar a gestão do trabalho como uma questão estratégica. 
A qualidade dos serviços socioassistenciais disponibilizados à sociedade depende da 
estruturação do trabalho, da qualificação e valorização dos trabalhadores atuantes no 
SUAS (FERREIRA, 2011, p. 15). 
 
 A proteção social é a modalidade de atendimento assistencial destinada à prevenção, 
proteção e promoção aos indivíduos. Uma gestão promovendo o bem estar, constituída por 
uma equipe de referência onde “cada unidade de assistência social organiza equipes com 
características e objetivos adequados aos serviços que realizam, de acordo com a realidade do 
território em que atuam e dos recursos que dispõem” (FERREIRA, 2011, pg. 29). É avaliada e 
coordenada pelo poder público, tendo a participação ativa da sociedade através da 
organização de conselhos federais, municipais e estaduais da assistência. 
 Seguindo para o próximo capítulo, aborda-se o Serviço Social como uma das 
profissões que se inserem na Política de Assistência Social, formado por profissionais 
29 
 
assistentes sociais que trabalham e fazem parte da equipe de profissionais capacitados e 
determinados a intervirem na Proteção Social Básica.30 
 
3 SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO 
 
 No terceiro capítulo apresenta-se a história do Serviço Social no Brasil e seu contexto 
histórico enquanto profissão, trazendo autores para enfatizar o surgimento da profissão e suas 
características, bem como a relação com os processos de trabalho do assistente social na área 
da política de assistência, no qual se inserem os assistentes sociais. 
 
3.1 BREVE TRAJETÓRIA DA CONSOLIDAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO 
PROFISSÃO 
 
 A origem e trajetória do Serviço Social no Brasil iniciam-se em meio a esta luta de 
reconhecimento e importância da assistência social. Teve a participação ativa dos assistentes 
sociais em conselhos, congressos, conferência e organizações sociais com propósito de 
valorização própria. 
 A origem do Serviço Social inicia-se em torno da década de 30, onde se associa com a 
origem da Assistência Social, conforme proposto no início do capítulo II. Era de forma 
assistencialista e filantrópica, pela ajuda prestada por damas de caridade aos desiguais da 
época, vinculadas assim com a igreja católica e patrocinada pela ordem burguesa. Sendo 
assim, deu-se o aparecimento do Serviço Social com as mazelas próprias à ordem burguesa, 
com as sequelas necessárias dos processos que comparecem na constituição e no envolver do 
capitalismo (NETTO, 2009). O Serviço Social gestado em uma sociedade capitalista na fase 
monopolista demandou a partir da mudança do contexto social, político e econômico. 
 Dedicavam-se à ajuda e auxílio às pessoas que tinham condições de vida precárias, 
excluídos que não se inseriam no mercado de trabalho, que apresentaram falta de condições 
financeiras, econômicas e sociais. Historicamente a realização da prática assistencial esteve 
bastante distanciada das relações sociais, associando-se mais à noção da caridade 
(MARTINELLI, 2003). Era de forma, da troca de favores com propósito de ajuda para ambas 
as partes. As damas de caridade forneciam elementos de interesses aos desiguais em troca de 
posições políticas, assim contribuindo para que diminuísse o conflito social entre capital e 
trabalho. 
 No processo de industrialização, urbanização na decorrência da expansão do 
capitalismo, o conflito entre capital e trabalho se agrava, principalmente a exploração da mão 
de obra dos trabalhadores, onde não havia direitos e a classe trabalhadora se submetia a 
31 
 
condições de vida precárias. Como consequência, desencadeava, assim, a questão social, 
sendo compreendidas como expressões da desigualdade social: 
(...) conjunto das expressões da questão social engendradas na sociedade capitalista 
madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter 
coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade 
humana - o trabalho – das condições necessárias à sua realização, assim como de 
seus frutos. [...] expressa, portanto disparidades econômicas, políticas e culturais 
das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-
raciais e formações regionais, colocando em causa as relações entre amplos 
segmentos da sociedade civil e o poder estatal (IAMAMOTO, 2008, pg. 16). 
 
 Com intuito de amenizar as desigualdades que se encontravam as damas de caridade 
ligadas à igreja católica, eram chamadas de "agentes sociais" treinadas para atender a 
sociedade que necessitava de auxílio e orientações sobre a forma de higiene, trabalho e 
padrões normativos pela doutrina cristã junto a crianças e mulheres, de cunho social e 
assistencialista. 
 Os primeiros indícios de entidades educativas, as "agentes sociais", foram em 1932 
quando inaugurou o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que se objetivava em 
“promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e 
fundamentar sua ação nessa formação doutrinaria e no conhecimento aprofundado dos 
problemas sociais” (IAMAMOTO, 2009, pg. 169), para atender às necessidades da classe 
trabalhadora. Desta forma os centros técnicos foram de expandindo em diversos estados 
brasileiros. 
 No governo de Getúlio Vargas, em dezembro de 1935, em São Paulo, foi criada a Lei 
no. 2.497, que tinha por objetivo criar o Departamento de Assistência Social do Estado, com 
ênfase na criação de conselhos e leis em prol da classe trabalhadora. Objetivava-se nas 
seguintes competências: 
Art. 1o a) - superintender todo o serviço de assistência e proteção social; b) - 
celebrar, para a realização do seu programa, acordo com as instituições particulares 
de caridade, assistência e de ensino profissional; c) - harmonizar a ação social do 
Estado, articulando-a com a dos particulares: d) - orientar os poderes públicos nos 
assuntos de assistência social: e) - receber e aplicar doações que lhe sejam feitas; f) - 
distribuir os auxílios e subvenções fornecidas pelo poder público a instituições 
particulares de assistência ou serviço social; g) – orientar e desenvolver a 
investigação e o tratamento das causas e efeitos dos problemas individuais sociais 
que necessitem de assistência, organizando para tal, quando oportuno, a Escola de 
Serviços Sociais: h) - praticar os atos que, por lei, couberem ao Conselho de 
Assistência e Proteção aos Menores (BRASIL, 1935, pg. s/n). 
 
 Em 1936 nascem as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, dando início a um 
novo processo teórico-prático do Serviço Social. As damas de caridade, assim chamadas na 
época, teriam que se aperfeiçoar tecnicamente no auxílio aos desiguais, aprendendo a orientá-
los sobre melhores condições de vida. 
32 
 
As grandes instituições assistenciais desenvolvem-se num momento em que o 
Serviço Social, como uma profissão legitimada dentro da divisão social do trabalho 
– entendido o Assistente Social como profissional que domina um corpo de 
conhecimentos, métodos e técnicas – é um projeto ainda em estado embrionário; é 
uma atividade profundamente marcada e ligada à sua origem católica, e a 
determinadas frações de classes, as quais ainda monopolizam seu ensino prático. 
Nesse sentido, o processo de institucionalização do Serviço Social será também o 
processo de profissionalização dos Assistentes Sociais formados nas Escolas 
especializadas (IAMAMOTO, 2009, pg. 309). 
 
 O CEAS, junto ao Departamento de Assistência Social do Estado, formou a primeira 
escola de Serviço Social em 1936 no estado de São Paulo na (PUC-SP) e, em 1937, surge a 
segunda escola no Rio de Janeiro. Nestas, demandava a capacitação teórica e metodológica de 
assistentes sociais, pois o Estado “não entendia” a questão social, deixando de lado o 
assistencialismo, de cunho católico em período de desenvolvimento industrial e ampliação das 
desigualdades sociais com a contribuição da participação ativa da sociedade civil. 
 A emergência da profissionalização era de espaço sócio-ocupacional para atender a 
demanda, ou seja, um profissional que se tornasse como um trabalhador assalariado se 
materializasse como profissão que tinha competência e capacidade de operacionalizar com 
suas técnicas e instrumentos para amenizar as desigualdades sociais. 
A relação das políticas sociais e o serviço social surgiram quando, na 
implementação destas políticas, o Estado capitalista passou a requerer a presença de 
variadas profissões – dentre estas o serviço social – na elaboração, viabilização e 
execução da intervenção estatal sobre a questão social (REZENDE, 
CAVALCANTI, 2009, pg. 21). 
 
 
 Em 1938 o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) foi regulamentado, pois 
necessitava de uma nova forma de responsabilidade como a de coordenar e regulamentar as 
funções políticas, econômicas e administrativas. Possuía o intuito de centralizar e organizar as 
obras assistenciais públicas e privadas que se tinha na época, sendo um mecanismo de 
clientelismopolítico e de manipulação de verbas e subvenções públicas. 
A organização dos conselhos de assistência social e consequência desse processo 
mobilizador, que ampliou o debate acerca do significado da assistência social, 
incorporando novos parâmetros teóricos, técnicos e políticos redefinidores das 
concepções enraizadas neste campo (RAICHELIS, 2000, pg. 125). 
 
 Em 1942, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), instituiu, junto ao Estado, a 
criação bolsas de estudos para as assistentes sociais com o objetivo de ajudar e atender às 
famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial, sendo o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial (SENAI) “com a incumbência de organizar e administrar 
nacionalmente escolas de aprendizagem para industriários” (IAMAMOTO, 2009, pg. 253) e o 
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Em 1943 foram criadas duas 
http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_Expedicion%C3%A1ria_Brasileira
http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial
33 
 
instituições de assistência aos trabalhadores, o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço 
Social do Comércio (SESC), sendo que neste mesmo ano foi promulgada a Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT), "esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações 
individuais e coletivas de trabalho, nela previstas" (BRASIL, 1943, pg. s/n). 
 No ano de 1945, foi significativo para os assistentes sociais. A profissão de Serviço 
Social tomou um novo rumo, pautada em debates e discussões acerca do progresso da 
profissão no continente, havendo a criação da Associação Brasileira de Escolas de Serviço 
Social (ABESS) e a Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS). Os assistentes 
sociais se capacitavam para a formação nos principais eixos: científico, técnico, moral e 
doutrinário. 
Assim, pressuponha-se que os profissionais formados nas recém-fundadas Escolas 
de Serviço Social (a partir de 1936) fossem atuar na mudança de comportamento das 
famílias e pessoas, para que melhorassem seus comportamentos e suas condições 
quanto à higiene, à moral e a sua inserção na ordem social. Estas são as três 
dimensões que articulam o objeto do Serviço Social no contexto econômico, político 
e cultural dos anos 30: a moral, a higiene e a ordem. Exemplos dessa articulação, na 
prática, podem ser vistos através das atividades das assistentes sociais subindo os 
morros das favelas para levar as pessoas a regularizarem suas relações de casal por 
uma certidão de casamento ou certidão de nascimento dos filhos e a evitar relações 
consideradas promíscuas ou perigosas: era ordem moral e social para harmonizar 
classes sociais e edificar “a boa família”, o “bom operário”, o “bom homem”, o 
“homem ou a mulher sadia” (FALEIROS, 1999, pg.13). 
 
 Um ano após 1946 foi criada, pelo Governo Federal, a Fundação Leão XIII, em 
articulação com o Estado e a hierarquia católica para atuar junto a favelas, concentradas nos 
grandes centros urbanos. Seguindo nesta linha de iniciativas de ações sociais, o Serviço Social 
da Indústria (SESI) na mesma década se propôs em “estudar, planejar e executar medidas que 
contribuem para o bem-estar do trabalhador na indústria” (IAMAMOTO, 2009, pg. 268). 
 O primeiro Congresso Brasileiro de Serviço Social, em São Paulo, 1947, explicou o 
Serviço Social como uma "atividade destinada a estabelecer, por processos científicos e 
técnicos, o bem-estar social da pessoa humana, individualmente ou em grupo, e constitui o 
recurso indispensável à solução cristã e verdadeira dos problemas sociais" (VIEIRA, 1977, 
pg. 143). 
 As instituições assistenciais e sociais existentes a partir da década de 30 tiveram como 
objetivo controlar as problemáticas das relações sociais, conflitos sociais, equilibrando o 
sistema de produção, tanto econômico quanto político. 
 Regulamenta-se pela Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS), em 1947, 
o primeiro Código de Ética profissional dos assistentes sociais, vinculados à igreja católica, 
com conceitos morais católicos. É constituído por deveres e direitos fundamentais quanto aos 
34 
 
beneficiários, instituição e equipe de trabalho, atividades. A dimensão ética da profissão, seja 
normativa e jurídica, de caráter conservador e assistencialista, visa a organizar o “homem 
desajustado” nas normas padrão de uma sociedade capitalista. Sendo que “moral ou ética 
pode ser conceituada como a ciência dos princípios e das normas que se devem seguir para 
fazer o bem e evitar o mal”. 
 Nas décadas de 47 a 64 não apresentou mudanças significativas na trajetória do 
Serviço Social. Nos anos 50, com a modernidade, o Governo continuou a exercer as 
instituições assistencialistas como instrumento às políticas sociais, a partir do momento que o 
Estado passa a intervir sobre as sequelas da “questão social” através de políticas sociais. 
 Em 13 de junho de 1953 foi regulamentada a Lei no 1.889, que se destinava ao ensino 
do Serviço Social e aos respectivos privilégios e vantagens inerentes à dignidade daqueles que 
possuem diplomas. O objetivo da lei se constituía em “I - Prover a formação do pessoal 
técnico habilitado para a execução e direção do Serviço Social; Il - Prover a formação do 
pessoal habilitado para execução e direção de órgãos do Serviço Social e desenvolvimento de 
seus ramos especiais”. As escolas de Serviço Social passaram a ter a lei como padrão para se 
apropriarem do ensino às assistentes sociais, sendo assim reconhecido o Serviço Social como 
uma profissão. Em 1957 foi regulamentada a primeira lei no. 3.252 de 27 de agosto, que 
regulamentava o exercício da profissão, substituída atualmente pela lei no. 8.742, de 7 de 
Dezembro de 1993. 
 Nos anos 50 a 60, a profissão se desenvolve através do Serviço Social de Caso, Serviço 
Social de Grupo e Serviço Social de Comunidade, o qual exercia o trabalho no indivíduo, na 
família e na sociedade prestando orientações e comprometimento com as classes fragilizadas. 
A trajetória do Serviço Social no Brasil sofre uma significativa mudança na década de 60. 
 Com as mudanças significativas no desenvolvimento, com a expansão e acumulação 
do sistema capitalista, inicia-se o movimento de reconceituação dando para a profissão um 
novo significado. Esta passa a rever sua fundamentação conservadora, em um movimento que 
pretendia reconfigurar as bases teóricas, técnicas e políticas da profissão, trazendo novas 
formas de trabalho profissional. Onde pautava em auxílio para a sociedade em busca de 
menos exploração do trabalho e desigualdades os indivíduos da sociedade, traz uma reflexão 
acerca de conceitos marxistas, de produção e reproduções sociais, novos conceitos e práticas 
sobre trabalho e seus constituintes, exploram as condições de sobrevivência do capital 
identificando o trabalho necessário do trabalho excedente, configurando um pano de fundo 
como debate acerca do trabalho do Serviço Social na sociedade capitalista. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%201.889-1953?OpenDocument
35 
 
O Movimento de Reconceituação se cria e se desenvolve a partir da identificação 
político-ideológica da profissão pelo capital e da negação de uma prática 
conservadora do Serviço Social, afirmando um compromisso político com a classe 
subalterna. (SILVA, 1995, pg. 86). 
 
 Os profissionais, por sua vez, buscavam uma expansão econômica. Origina-se a 
ideologia desenvolvimentista que tem como proposta um crescimento econômico acelerado 
para atingir prosperidade, paz e ordem social, tendo como objetivo central superar o estágio 
transitório do subdesenvolvimento. Consiste na luta constante pela construção de uma 
sociedade sem exploração e dominação, e assim nas diferentes instituições da cotidianidade. 
 O processo de renovação

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