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Aula 8 – A morte e o Biodireito Diogo L. Machado de Melo Aula 8 – A Morte e o Biodireito CONCEITOS PRELIMINARES: EUTANÁSIA: morte boa, morte sem grandes sofrimentos. (“Eutanásia ativa”). Significa praticar um ato lesivo (Conduta comissiva), dentro de certas circunstâncias e condições, que conduz à morte desejada pelo próprio paciente terminal (Ex. injeção letal). Projeto de Código Penal: Art.122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença grave. Pena – prisão, de 2 a quatro anos. § 1º. O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, bem como a relação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima. Aula 8 – A Morte e o Biodireito MORTE ASSISTIDA: consiste no auxílio para a morte de uma pessoa, que pratica pessoalmente o ato que conduz à sua morte (ao seu suicídio) Ex. toma o veneno. Na morte assistida, a criação do risco é gerada pelo próprio paciente. O agente, neste caso, apenas auxilia, porém não pratica o ato criador do risco. http://www.youtube.com/watch?v=KrhPm5rx8SY Código Penal em Vigor Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Aula 8 – A Morte e o Biodireito DISTANÁSIA: É a prática pela qual se continua através de meios artificiais a vida de um enfermo incurável. A distanásia representa atualmente uma questão de bioética e biodireito. Principio da beneficência? Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA (“Eutanásia passiva”: etimologicamente significa morte no tempo certo) Caracteriza-se pela limitação ou suspensão do esforço terapêutico, ou seja, do tratamento ou dos procedimentos que estão prolongando a vida de doentes terminais, sem chance de cura. Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA RESOLUÇÃO CFM Nº 1.805/2006 (Publicada no D.O.U., 28 nov. 2006, Seção I, pg. 169) Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal. Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. § 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação. § 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário. § 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda opinião médica. Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Ação Civil Pública 2007.34.00.014809-3 (DF): Trata-se de ação civil pública com pedido de antecipação de tutela ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL contra o CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA pleiteando o reconhecimento da nulidade da Resolução CFM n. 1.805/2006 e alternativamente sua alteração a fim de que se definam critérios a serem seguidos para a prática da ortotanásia. Tese: [i] o Conselho Federal de Medicina não tem poder regulamentar para estabelecer como conduta ética uma conduta que é tipificada como crime; [ii] o direito à vida é indisponível, de modo que só pode ser restringido por lei em sentido estrito; [iii] considerado o contexto sócio-econômico brasileiro, a ortotanásia pode ser utilizada indevidamente por familiares de doentes e pelos médicos do sistema único de saúde e da iniciativa privada. A antecipação de tutela foi deferida para suspender os efeitos da Resolução CFM n. 1.805/2006 Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Ação Civil Pública 2007.34.00.014809-3 (DF): CFM: [i] a resolução questionada não trata de eutanásia, tampouco de distanásia, mas sim de ortotanásia; [ii] a ortotanásia, situação em que a morte é evento certo, iminente e inevitável, está ligada a um movimento corrente na comunidade médica mundial denominado Medicina Paliativa, que representa uma possibilidade de dar conforto ao paciente terminal que, diante do inevitável, terá uma morte menos dolorosa e mais digna; [iii] a ortotanásia não é considerada crime; e [iv] o direito à boa morte é decorrência do princípio da dignidade humana, consubstanciando um direito fundamental de aplicação imediata. MPF: “pugnou pela improcedência do pedido” Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Ação Civil Pública 2007.34.00.014809-3 (DF): Sentença: “Nessa ordem de considerações, pelas quais não entrevejo ilegitimidade alguma na Resolução CFM n. 1.805/2006, é de se rejeitar assim o pedido principal de se reconhecer sua nulidade, bem como o pedido alternativo de sua alteração. Do exposto, revogo a antecipação de tutela anteriormente concedida e JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO. Sem condenação em honorários advocatícios nem custas processuais (art. 18, da Lei 7.347/85).” Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Diz o art. 1.º da Resolução 1.805/2006 que “é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal”. Após a suspensão da Resolução pela Justiça Federal, em 2009, houve a edição do novo Código de Ética Médica (Resolução CFM 1.931/2009), vigente desde abril de 2010, cujo texto, de forma mais velada, também tratou da ortotanásia. Segundo seu art. 41, parágrafo único, “nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal” (grifo nosso). Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Reconhecimento pelo SUS para orientação e cuidados Paliativos: RESOLUÇÃO Nº 41, DE 31 DE OUTUBRO DE 2018 – Ministério da saúde Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados continuados integrados, no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS). https://www.paliar.com.br/single-post/2018/11/23/Cuidado-Paliativo-agora-%C3%A9-pol%C3%ADtica-p%C3%BAblica-de-sa%C3%BAde http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/51520746/do1-2018-11-23-resolucao-n-41-de-31-de-outubro-de-2018-51520710 Aula 8 – A Morte e o Biodireito ORTOTANÁSIA Art. 136-A. Não constitui crime, no âmbito dos cuidados paliativos aplicados a paciente terminal, deixar de fazer uso de meios desproporcionais e extraordinários, em situação de morte iminente e inevitável, desde que haja consentimento do paciente ou, em sua impossibilidade, do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. § 1º A situação de morte iminente e inevitável deve ser previamente atestada por 2 (dois) médicos. § 2º A exclusão de ilicitude prevista neste artigo não se aplica em caso de omissão de uso dos meios terapêuticos ordinários e proporcionais devidos a paciente terminal. (Projeto de Lei 6.715/2009). (...)Art. 122. – Projeto de Código Penal (...) Exclusão de ilicitude § 2º. Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a vida do paciente em caso de doença irreversível, e desde que essa circunstância esteja previamente atestada por dois médicos e haja consentimento do paciente, ou, na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. Aula 8 – A Morte e o Biodireito Qual é o instrumento jurídico para que o consentimento jurídico do paciente transpareça ou seja efetivado em momentos finais da vida, ocasiões em que não consegue exprimir sua vontade? Diretivas antecipadas de vontade
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