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FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE - FAVENI CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INTELIGÊNCIA POLICIAL CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU CILAS MOURÃO MELO BATALHÃO DE RONDAS DE AÇÃO INTENSIVAS E OSTENSIVAS (RAIO), UM NOVO PENSAR SOBRE A VIOLÊNCIA VISANDO DINAMISMO E UMA NOVA MODALIDADE DE POLICIAMENTO NO ESTADO DO CEARÁ CRATEÚS-CE 2021 CILAS MOURÃO MELO BATALHÃO DE RONDAS DE AÇÃO INTENSIVAS E OSTENSIVAS (RAIO), UM NOVO PENSAR SOBRE A VIOLÊNCIA VISANDO DINAMISMO E UMA NOVA MODALIDADE DE POLICIAMENTO NO ESTADO DO CEARÁ Artigo científico apresentado a Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Inteligência Policial. CRATEÚS-CE 2021 BATALHÃO DE RONDAS DE AÇÃO INTENSIVAS E OSTENSIVAS (RAIO), UM NOVO PENSAR SOBRE A VIOLÊNCIA VISANDO DINAMISMO E UMA NOVA MODALIDADE DE POLICIAMENTO NO ESTADO DO CEARÁ Cilas Mourão Melo 1 Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). RESUMO Com o passar dos tempos surge no Estado do Ceará grupos criminosos que se utilizam de novas técnicas e procedimentos para a realização de seus atos, sejam eles assaltos a mão armada e tráfico de drogas, e esses mesmos grupos criminosos, que até então se situavam somente em grandes centros, migraram para todo o interior do Estado. Pensando numa forma de combater essas novas modalidades de crime e promover uma melhor sensação de segurança para a toda a população, a Policia Militar do Estado do Ceará elabora uma nova forma de policiamento, ou seja, um Batalhão de policiais rigorosamente selecionados, que se alicerça em uma doutrina própria de atuação e que promove treinamentos periódicos visando uma perfeita atuação e neutralização desses grupos. O Batalhão de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio) inicia no Estado tendo em sua melhor forma de atuação o policiamento com motocicletas de alta cilindradas, dessa forma, os policiais, já treinados, equipados e motivados, combatem firmemente esses grupos criminosos e a violência de modo geral, pois a doutrina ensinada conjugada com a vontade de bons profissionais resultaram em baixos níveis de crimes contra a vida, contra o patrimônio e tráfico de drogas causando assim uma excelente aceitação da sociedade bem como uma melhor sensação de segurança. PALAVRAS-CHAVE: Raio. Grupos criminosos. Segurança Pública. Polícia Militar ABSTRACT With the passage of time criminal groups have appeared in the State of Ceará using new techniques and procedures to carry out their acts, be they armed robbery and drug trafficking, and these same criminal groups, which until then were only in large centers, they migrated to the entire interior of the state. Thinking of a way to combat these new forms of crime and promote a better sense of security for the entire population, the Military Police of the State of Ceará elaborates a new form of policing, that is, a Battalion of rigorously selected police officers, which is based in its own doctrine of performance and that promotes periodic training aiming at a perfect performance and neutralization of these groups. The Battalion of Rounds of Intensive and Ostensive Actions (Lightning) begins in the State having in its best form of policing with high-capacity motorcycles, in this way, the policemen, already trained, equipped and motivated, firmly fight these criminal groups and the violence in general, as the doctrine taught combined with the will of good professionals resulted in low levels of crimes against life, against property and drug trafficking, thus causing an excellent acceptance by society as well as a better sense of security. KEYWORDS: Radius. Criminal groups. Public security. Military police 1- Cilas Mouão Melo- Aluno de Especialização em Inteligência Policial.FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE-FAVENI.cilasmourao@gmail.com 1. INTRODUÇÃO O presente artigo tem como finalidade abordar a inclusão de uma nova modalidade de policiamento que se fundamente na disciplina policial, na vontade de cumprir o dever de fornecer a população em geral e merecida segurança pública. Partindo da evolução da criminalidade, da apropriação dos grupos criminosos por parte de comunidades menos favorecidas e assistidas pelos Órgão Públicos, o Batalhão RAIO (Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas) nasce para preencher algumas lacunas que estava faltando para a promoção do bem estar social, a manutenção da Lei e da ordem, à prevenção e a repressão imediata a criminalidade, dentre outros crimes. Atualmente na Polícia Militar do Ceará, existem Batalhões destinados para diversas finalidades e atuações diferentes, sejam eles no combate aos crimes de modo geral, ou seja, rotineiros, que são denominados de Policiamento Ostensivo Geral (POG). Existem também o Batalhão específico para atuar nas rodovias Estaduais, que é o caso do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRE) e os Batalhões que são denominados de especializados, que seriam o Batalhão de Choque, que compõe o Comando Tático Motorizado (COTAM), o Comando Tático Rural (COTAR), o Controle de Distúrbios Civis (CDC), o Canil e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE); E por conseguinte o Batalhão de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (RAIO). Todos esses distribuídos na Capital e no Interior do Estado. A Criação e o desenvolvimento desses Batalhões partem do princípio do esforço do aparelho policial fortalecer o serviço de proteção dos cidadãos e, neste enfoque, as ações de policiamento estão sendo cada vez mais pensadas e elaboradas para proporcionar uma real sensação de segurança às comunidades, as atividades de policiamento ostensivo e especializadas devem ser distribuídas de forma a ocupar o maior espaço territorial possível, priorizando áreas estratégicas, a partir de um criterioso mapeamento criminal, funcionando como um efetivo sistema de preservação da ordem pública. Ao longo dos tempos, no Estado do Ceará, instalou-se grupos criminosos, ou mais conhecidos, facções criminosos, tais como Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV), dentre outros a amazonense Família do Norte (FDN) e local Guardiões do Estado (GDE) — esse último criado a partir de dissidência com o PCC, como enfrentamento aos grupos criminosos e de rachas externas. menos fortalecidos. Essas facções criminosas, que é bem definida e suscita pela a Lei n. 12.850/2013: Uma facção criminosa é classificada como um grupo de pessoas que articulam de forma organizada e planejada ações criminosas como homicídios, assaltos, vandalismo urbano e rebeliões em presídios. Em outras palavras, é a prática de um crime a mando de um grupo que tem o seu próprio nome, líderes e níveis hierárquicos muito bem definidos. (BRASIL,2013) Os grupos criminosos são oriundos direto de décadas onde as desigualdades social e econômica são crescentes, e a inercia de um Estado que deixa as pessoas a margem de sociedade de direitos e que paira sobre uma grande maioria onde vivem com uma minoria de benefíciospara sobreviver, sendo assim atraídos pelo poder ilegal que o mundo do crime vem proporcionas as pessoas. 2. CRIME ORGANIZADO Conceituar crime organizado é uma tarefa árdua e que exigem uma grande consecução de diálogo, principalmente por partes dos estudiosos. Sendo um estudo que tem muitos conflitos, e demonstra a complexidade do fenômeno para, então, progredir no reconhecimento do seu caráter dinâmico e adaptativo e conceitual. O estudo do crime organizado serve de base para a compreensão e identificação do crime organizado transnacional, uma vez que as alianças celebradas entre os diversos grupos criminosos se inserem no processo de globalização financeira, utilizam o incremento das tecnologias da informação e comunicação, articulam-se e se projetam no âmbito transnacional. Trata-se da globalização organizacional do crime, onde as grandes máfias, de base étnico- tradicional (italiana, japonesa, americana, chinesa, russas, colombiana, etc.), celebraram diversos acordos com objetivo de atuações conjuntas, ocupações de mercado, redução de custos, tendo por meta a expansão do mercado e uma maior invulnerabilidade (CASTELLS, 2000, p. 205). Segundo os estudos do Pesquisador Alberto Silva Franco na sua publicação “O crime organizado e a legislação brasileira” [...] o crime organizado possui uma textura diversa: tem caráter transnacional na medida em que não respeita as fronteiras de cada país e apresenta características assemelhadas em várias nações; detém um imenso poder com base em estratégia global e numa estrutura organizativa que lhe permite aproveitar as fraquezas estruturais do sistema penal; provoca danosidade social de alto vulto; tem grande força de expansão compreendendo uma gama de condutas infracionais sem vítimas ou com vítimas difusas; dispõe de meios instrumentais de moderna tecnologia; apresenta um intrincado 15 esquema de conexões com outros grupos delinquenciais e uma rede subterrânea de ligações com os quadros oficiais da vida social, econômica e política da comunidade; origina atos de extrema violência; urde mil disfarces e simulações e, em resumo, é capaz de inerciar ou fragilizar os Poderes do próprio Estado (FRANCO, 1995, p. 5). Nos estudos do Professor Vicente Greco Filho o conceito de Crime organizado está fundamentado na afirmação que: A associação deve ser de, no mínimo quatro pessoas, contando-se nesse número eventual membro menor ou o coagido a integrá-la. O coagido pode vir a ser absolvido caso tenha integrado à organização em situação de irresistibilidade, mas é contado para compor o mínimo legal de membros. [...] Não pode ser computado o agente infiltrado, porque é pressuposto da infiltração a existência de indícios do crime de organização criminosa, portanto o número de quatro deve anteceder àquela (GRECO FILHO, 2017, p. 11). O conceito adotado pela Lei 12.850/2013 não é muito diferente, do que são apresentados pelos grandes estudiosos do assunto. Tendo o seguinte conceito: “considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”. Os grandes pesquisadores sobre a problemática do crime organizado afirmam e concordam que o problema do crime organizado transnacional é muito mais complexo do que se apresenta á sociedade. Ter um entendimento sobre a forma como se estrutura os grupos criminosos é fundamental importância para o reconhecimento de potenciais fragilidades organizacionais, com o objetivo permanente para o combate ao crime organizado 3. VIOLÊNCIA Atualmente existe uma grande diversidade de estudos e abordagens sobre o tema violência favorecendo uma aproximação à compreensão deste fenômeno. Os estudos de alguns autores constituem-se em referência para refletirmos criticamente sobre a realidade local da violência contra a sociedade e as políticas públicas propostas para seu confronto sócio-político, em particular, no campo profissional da Segurança Publica. A violência vem sendo um grande desafio na sociedade, principalmente no que diz respeito ao seu enfrentamento. É um fenômeno que não escolhe classe, religião e idade para se expressar. Segundo Romera (2009), as diversas expressões de violência começaram a ser discutidas no século XX. Não obstante, no Brasil as discussões sobre esse fenômeno só iniciaram nos anos 1980. De tal modo: Violência deriva do latim “violentia”, tem caráter violento ou bravio, referente a força. O verbo “violare” significa tratar com violência, profanar, transgredir. Tais termos devem ser referidos a “vis”, que quer dizer força, vigor potência, violência emprego de força física, mas também quantidade, abundância, essência ou caráter essencial de uma coisa. De modo mais abrangente, a palavra “vis” significa a força em ação, o recurso de um corpo para exercer a sua força, e, portanto, a potência, o valor, a força vital. (ROMERA, 2009,p.34). Portanto, os atos de violência são um dispositivo de controle contínuo, coagindo, muitas vezes, por meio da força, provocando algum tipo de problema de saúde, física e/ou psicológica, a pessoa. Trata-se de uma problemática interdisciplinar que hoje tem um lugar garantido enquanto foco de atenção da mídia e que vem crescendo de forma descontrolada em todo o mundo. O crescimento da criminalidade e da violência aumenta a insegurança e a instabilidade, contribuindo para a “cultura do medo”. Se a violência gera o medo, o medo gera também mais violência, criando um círculo perigoso que reforça os estereótipos, as barreiras sociais, os preconceitos e a não-aceitação das diferenças socioculturais. A violência pode também acontecer quando o conflito social ou as relações conflituosas se exacerbam, passam da medida aceita socialmente. A violência, embora pareça mais evidente nos dias atuais, possui longa história e está presente em todas as culturas e agrupamentos sociais. Por esse motivo, cada sociedade constrói, por meio de suas instituições, uma forma de controle e de regulação da ordem. As instituições são reguladoras dos conflitos e em uma sociedade democrática, tem a função de reconhecê-los e administrá-los, observando a diversidade de interesses individuais e coletivos. Lançando mão de uma compreensão filosófica, nos valemos do conceito de violência utilizado por Chauí. A palavra violência vem do latim vis, que significa força. Chauí (1998) em seus estudos ainda aponta outros significados ao conceito de violência, a saber, desnaturar: tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser; coagir positivamente por uma sociedade; todo ato de transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma sociedade define como justas e como um direito; é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e pelo terror. A palavra violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis, como a vida, a propriedade, a liberdade de ir e vir, de consciência e de culto. Políticos, como o direito a votar e a ser votado, ter participação política. Sociais, como habitação, saúde, educação, segurança. Econômicos, como emprego e salário. Culturais, como o direito de manter e manifestar sua própria cultura. Para Santos (1996) em seus estudos a violência demonstra-se como um dispositivo de controle aberto e contínuo, ou seja, a relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção, que impede o reconhecimento do outro, pessoa, classe, gêneroou raça, mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática contemporânea. O conceito de violência, segundo Galtung um sociólogo norueguês que se dedicava aos estudos sobre Paz e Conflitos. (1969, p.168) vê esse fenômeno como “a causa da diferença entre o potencial e o real, entre o que poderia ter sido e o que é”. Com base nessa definição, o autor reconhece a existência de condições objetivas que impedem ou impediram alguém de alcançar seu máximo potencial, já que a violência está na origem da diferença entre a situação, a condição real e a condição potencial. A violência se mostra como um fator estruturante da sociabilidade brasileira. Dito isto, este fenômeno multicausal e não linear é constituído por aspectos histórico, social, cultural e econômico. Os dados descritos acima são sintomas de uma sociedade “violentamente hierarquizada” e, por isso, injusta e desigual, que nega aos seus cidadãos o direito à vida digna e à morte honrosa (BATISTA 2010; SOUZA, 2006). O racismo, a violência social e policial são problemas para políticas públicas de educação, cultura, moradia, saúde, segurança, trabalho, de maneira que possam atuar articuladas e sintonizadas com a realidade social. Entretanto, as refrações da “questão social” são canalizadas, em sua grande maioria, pela atual política de controle social, a qual, conforme Misse (2008), e Batista (2010), é herdeira do modelo jurídico-penal da inquisição ibérica. As refrações da contradição entre capital e trabalho são tratadas como “questão de polícia”, exigindo do sistema um domínio rigoroso, criminalizante e neutralizador das massas excluídas. Galtung afirma em seus estudos a existência de três tipos de violência. A violência direta possui a relação sujeito-ação-objeto, sendo um fenômeno observável e fácil de ser expresso por meio da linguagem. A violência estrutural é aquela que se estabelece sobre a estrutura social. Pode ser traduzida em diversas situações que envolvem a distribuição desigual de recursos ou serviços, aos quais as pessoas, em razão dessa desigualdade, têm acesso limitado ou dificultado. A violência social define-se como sendo o uso de palavras ou ações que machucam as pessoas, ou seja, é uma violência que ocorre espontaneamente às pessoas. Já a violência doméstica é aquela que acontece dentro de casa ou unidade doméstica e geralmente é praticada por um membro da família que viva com a vítima. As agressões domésticas incluem, abuso físico, sexual e psicológico, a negligência e o abandono. O conceito de violência cultural refere-se aos aspectos da cultura, ao “âmbito simbólico da nossa existência (materializado na religião e ideologia, língua e arte, ciências empíricas e ciências formais –lógica, matemáticas –), que são utilizados para justificar e legitimar a violência, seja ela pessoal ou estrutural.” (p. 261, tradução própria) De todas as violências, a cultural é a considerada mais sutil, indireta e duradoura através do tempo. Ela nasce na esfera simbólica, nas crenças e nos costumes dos seres humanos. A violência não está nas crenças e costumes em si, mas na forma como eles são utilizados para justificar ou legitimar formas de violência, sem que pareça ser errado. Essa violência se embasa em diferenças culturais, étnicas e de gênero e pode se manifestar através da arte, religião, ideologia, linguagens e ciência. A atividade de inteligência, em sentido lato, não é recente. Indícios de seu exercício podem ser apontados desde as primeiras civilizações conhecidas, como elemento de sustentação do assessoramento ao poder decisório. Na ambiência do Estado moderno, três matrizes históricas estruturam as concepções dessa atividade: a diplomática, a da guerra e a da manutenção da ordem interna. A matriz diplomática conjuga-se à inteligência externa, tendo como objetos de interesse a política externa e a defesa nacional. A matriz da guerra, por sua vez, relaciona-se à inteligência de defesa, voltada para o planejamento e o estudo da potencialidade militar dos países e defesa nacional. Por fim, a matriz da manutenção da ordem relaciona-se à inteligência policial (BRANDÃO & CEPIK, 2013). No cenário atual de crise de segurança, política, de construções de novos valores sociais e culturais, cujo resultado mais grave desse processo é a degradação da vida humana e da natureza, com reflexos a redução das garantias mínimas conquistadas historicamente pela luta do povo brasileiro, inclusive na história da profissão. Os profissionais da Segurança Pública, que atuam nas diversas frentes de trabalho e de política sociais, são chamados cotidianamente para intervir nas chamadas expressões da “questão social”, na atualidade, um cenário de grande dificuldade, http://www.politize.com.br/vamos-falar-sobre-genero/ http://www.politize.com.br/religiao-e-politica-nao-se-discutem/ pessimismo e desalento, contudo, nos desafia a entendê-lo e de forma coletiva ser criativos na busca de superação. As condições de trabalho do policial estão intrinsecamente ligadas ao contexto do país, pois as políticas públicas às quais estão inseridos cumprem na sociedade função social, política e econômica, variando com esse contexto e, diversificando a atuação profissional. Este profissional deve sempre buscar possibilidades que possam contribuir com as condições de vida da população, conhecendo e entendendo a situação em que estas vivem, para assim, poder buscar alternativas condizentes as suas necessidades. 4. METODOLOGIA DA PESQUISA 4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A presente pesquisa pretende investigar a problemática do crime organizado e o crescimento da criminalidade e da violência aumenta a insegurança e a instabilidade, criando a cultura do medo, com o objetivo da pesquisa é compreender qual a atuação da Segurança Pública frente a essa problemática da violência que demonstra-se como um dispositivo de controle aberto e contínuo, ou seja, a relação social caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção. A pesquisa é de cunho bibliográfico. A trajetória de construção desse estudo teve início a partir do momento que se deparamos com o grande numero de queixas sobre a violência que vem se apresentando como um fator estruturante da sociabilidade brasileira. Dito isto, este fenômeno multicausal e não linear é constituído por aspectos histórico, social, cultural e econômico. O estudo é centrado num levantamento bibliográfico já publicado sobre o assunto em formas de livros, revistas, periódicos, publicações avulsas e imprensa escrita que auxiliou na construção do referencial teórico do trabalho, onde a pesquisa objetiva colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito sobre o assunto com a finalidade de colaborar na análise da mesma. Para LAKATOS & MARCONI (1995, p.71) “A finalidade da pesquisa não é só acumulação de fatos, mas a sua compreensão”. De acordo com LAKATOS & MARCONI, (1995, p. 43), "a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras". Para tanto tendo como método dialético, a técnica usada será o confronto teórico através de analise bibliográfica, tendo em vista a abordagem qualitativa para o estudo. Acreditamos que somente através da investigação científica poderá haver contribuição no sentido de conhecer as diversas facetas que compõem o dilema e a formação de profissionais para lidar com a temática e na formulação/implementação de políticas públicas e programas de prevenção e tratamento a serem realizados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, com o presente trabalho foi possívelconcluir que o Brasil ainda enfrenta sérios problemas no combate ao crime organizado, uma vez que se trata de um fenômeno humano complexo, o qual atinge não somente a segurança pública, mas também todo o sistema de persecução penal, necessitando de reformas como as quais pretendidas pelo Projeto de Lei Anticrime, que se mostrou importante e relevante para o enfrentamento da criminalidade organizada, mas ainda insuficiente. Discutir sobre essa temática é de suma relevância para o Serviço de segurança pública, para podermos compreender que esse fenômeno não é gerado apenas por um fator separado dos outros, ou seja é uma imensa questão que leva a entender todo esse processo de construção da violência e sua permanência até os dias de hoje como uma das expressões da questão social, objeto de intervenção do(a) profissional de segurança pública. Por fim, conclui-se que é urgente e necessário planejamento de políticas públicas com ações e estratégias por parte do sistema de segurança pública do estado do Ceará, visando a combater e a controlar a projeção do crime organizado no estado. Porém, é preciso, em primeiro plano, vontade política para o enfrentamento do crime organizado. Urge a necessidade de se criar um núcleo de inteligência policial e unidades policiais nas divisas cearenses capacitadas para atuar repressiva e preventivamente as ações do crime organizado. Cabe, portanto, a/o policial em sua função educativa e política, assegurar os direitos sociais da sociedade, fomentar o resgate de sua dignidade, estimular a consciência participativa, visando sua integração com a sociedade. Contudo, muitos são os desafios institucionais que se colocam para o profissional de Segurança pública, que precisa ter uma postura investigativa, reflexiva e propositiva para enfrentar as adversidades do cotidiano profissional no enfrentamento a essas violências. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA BATISTA, L. C. Guerra do Paraguai: peculiaridades do recrutamento. Monografia apresentada na Universidade Federal do Paraná como requisito para a obtenção do título de historiador, 2010. BRANDÃO, Priscila Carlos; CEPIK, Marco. Inteligência de segurança pública: teoria e prática no controle da criminalidade. Niterói: Editora Impetus, 2013. BRASIL. Lei nº 12.850, de 02 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2013/Lei/L12850.htm>. Acesso em 24.Dez.2020. CASTELLS, Manuel. O fim do milênio. São Paulo: Paz e Terra, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. – 13. ed. - São Paulo: Ática, 2008 FRANCO, Alberto Silva. O crime organizado e a legislação brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. GRECO FILHO, Vicente. Comentários à Lei de Organização Criminosa. Rio de Janeiro: Saraiva, 2017. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. 1995. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4. edição. São Paulo: Atlas MINAYO, M. C. de S. (Org.); DESLANDES, S. F.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 26. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. MISSE, M. Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência urbana. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). Relatórios diversos, 1998. ROMERA, Liana Abrão. Juventude, lazer e uso abusivo de alcool. 2008. 135p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Fisica, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/275170>. Acesso em: 11 Dez. 2020. SANTOS, J. V. T. A violência como dispositivo de excesso de poder. Soc. estado, Brasília, v. 10, n. 2, p. 281-298, 1996. SOUZA, Percival. O sindicato do crime: PCC e outros grupos. São Paulo: Editora, 2006.
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