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Anticonvulsivantes - São medicamentos usados em animais que apresentam convulsões ou alterações cerebrais (agressividade, síndrome cerebral...) - São usados em cães sem associação em casos de epilepsia idiopática, e em associação com outros fármacos em casos de convulsões de origem metabólica ou orgânica em progressão. Mecanismo que desencadeiam a convulsão 1. Alteração da função da membrana neuronal, que pode conduzir a uma despolarização excessiva. 2. Diminuição de neurotransmissores inibitórios, tais como o ácido gamaaminobutírico (GABA), o neurotransmissor inibitório mais amplamente distribuído no sistema nervoso central. 3. Aumento dos neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. 4. Alteração da concentração extracelular de potássio e cálcio. Convulsão x Epilepsia Convulsão: alteração comportamental transitória causada por disparos rítmicos, sincronizados e desordenados de populações de neurônios cerebrais Epilepsia: Recorrência de crises convulsivas Classificação das principais crises convulsivas 1. Convulsões generalizadas brandas: É visualizado alterações motoras de todos os membros, e incluindo musculatura de pescoço e cabeça sem perda de consciência. O comportamento que antecede a crise pode ser de fuga para locais que ele reconheça como abrigo ou procurar o proprietário - Pode se observa também sialorreia moderada a excessiva e vômito - Podem ter duração de 1 a 10 minutos ou até 1 hora. O conforto do proprietário pode reduz a duração. - Após o episódio os animais ficam exaustos e vomitam - Podem ser de origem idiopática, distúrbios metabólicos e tóxicos. 2. Convulsões generalizadas graves: O animal tem perda da consciência - Têm sialorreia abundante e contrações mandibulares seguidas de contrações tônico- clônicas das musculaturas dos membros, pescoço e face; alguns vocalizam, devido à passagem de ar pela laringe contraída; os olhos ficam abertos com dilatação pupilar bilateralmente - Micção e defecação espontânea - Os animais não conseguem respirar, portanto ficam cianóticos. Suas vias áreas raramente se obstruem pela língua - A duração e de 30 a 90 segundos - Após a crise o animal pode apresentar exaustão, sonolência acentuada ou hiperatividade. - A origem dessas convulsões se relaciona com distúrbios metabólicos, tóxicos ou a epilepsia idiopática 3. Convulsões parciais ou focais: São descargas focais que envolvem apenas uma região do cérebro. - Se caracteriza pela presença paroxística de espículas ou complexos ponta onda lentos nas regiões próximas ao foco e com sintomatologia clínica, na dependência da área envolvida. - Estão associadas a uma lesão focal no cérebro causada por uma infecção, a lesão metabólica ou traumática ou neoplasia. 4. Convulsões focais com generalização secundária: São descargas que se iniciam em um ponto e se propaga para outras regiões se tornando generalizada. - O diagnóstico é feito a partir de uma anamnese bem feita, pela presença de espículas ou pontasondas nos traçados eletroencefalográficos ou alteração neurológica no exame físico do animal. - Em casos de infecção ativa e presente o animal pode não se recuperar Quando utilizar a terapia anticonvulsivante - Em casos de padrão de crises convulsivas ou que sua frequência esteja interferindo na vida do animal. - Casos de crises generalizadas brandas ou focais esporádicas ou mesmo crises generalizadas graves, não ultrapassando algumas por ano não precisam de controle medicamento - Quando se dá início ao tratamento com anticonvulsivantes eles não podem ser interrompidos. É importante informa ao proprietário que cada animal possui um tratamento individualizado e que durante o processo o paciente pode apresentar novas crises convulsivas, até o ajuste adequado da dose do medicamento. - A preferência é que se faça o uso de um único medicamento, pois associações podem dificultar os ajustes necessários para que a terapia seja adequada. - O uso desses fármacos é indicado para animais com epilepsia idiopática ou adquirida, mas não com doenças em evolução. Crises que estão relacionadas a outro tipo de origem devessem retirar a causa base para que ocorra a melhora do animal. - O medicamento de escolha iniciam é o fenobarbital, por ter melhor nível sérico em pouco tempo e pouco efeito colateral quando utilizado por longos períodos. Se os sintomas persistem se faz necessário associar outro fármaco. - Quando o fenobarbital resolve parcialmente as convulsões em crises brandas, se faz a associação com a flunarizina. Quando persistem com uma intensidade maior pode se empregar o barbitúrico e o brometo de potássio. - Quando as crises são controladas se realiza o monitoramento da função hepática e da medula óssea. Os medicamentos também são monitorados, os barbitúricos a cada 6 ou 9 meses, enquanto os demais devem ser monitorados a cada 1 ou 3 meses. Após 6 meses de controle pode se retirar gradativamente o medicamento utilizado e só retornar à dose inicial se houver recidiva das crises. Anticonvulsivantes usados na medicina veterinária Fenobarbital - Limita a propagação e aumenta o limiar de crises - Aumentam a concentração de GABA - Por via oral e completamente absorvido de forma lenta - Entre 40% a 60% do medicamento se liga às proteínas plasmática - pKa de 7,3 - 25% sofre eliminação renal de forma inalterada. Restante inativado pelas enzimas hepática. - Meia-vida: Em torno de 47 a 72h - Indicação: Convulsões generalizadas e focais. - Dose recomendada: 2 a 6 mg/kg a cada 12 h, ao passo que para gatos é de 1 a 5 mg/kg a cada 12 h. - Efeitos colaterais: sedação, hiperatividade paradoxal, poliúria, polidipsia e polifagia Primidona - Ação similar a do fenobarbital - É rapidamente e quase completamente absorvido após administração oral. - Meia-Vida: 5 a 15 h - Biotransformação ocorre no fígado, resulta em dois metabólitos ativos, fenobarbital e feniletilmalonamida (FEMA). - 40% do medicamento e excretado de forma inalterada - Indicação: Convulsões generalizadas e focais. Não apresenta vantagens em relação ao fenobarbital - Dose: Para cães 35 a 70 mg/kg/dia, divididos em 2 vezes. É tóxica para gatos. - Efeitos colaterais: sedação, hiperatividade paradoxal, polidipsia, poliúria e polifagia. Também possui alta hepatotoxicidade. Fenitoína - Efeito estabilizador em membranas excitáveis de várias células, incluindo neurônios e células musculares cardíacas. Pode diminuir o influxo de sódio - Pela via oral o medicamento e absorvido lentamente e distribuído para todos os tecidos - 90% se liga as proteínas plasmáticas (principalmente albumina) - Meia-vida: 4 h no cão e de 24 a 108 h no gato. - Biotransformado no fígado resultando em um metabólico inativo. - 5% eliminado via urinária. - Indicação: Convulsões generalizadas e focais. Raramente utilizada em cães e não recomendada em gatos - Dose: Para cães, recomendam-se 20 a 35 mg/kg a cada 6 ou 8 h; - Efeitos colaterais: Hepatopatia Benzodiazepínicos: Aumentam a inibição sináptica mediada pelo GABA. O receptor para benzodiazepínico é uma parte integrante do receptor GABAA.. Diazepam - Absorção por via oral - Biotransformado no fígado com geração de metabolitos ativos - Meia vida: 1 a 2 dias - Menos de 1% do medicamento e eliminado pela via urinária de forma inalterada. - Indicações: Status epilepticus, convulsões generalizadas e focais, convulsões mioclônicas e crises de ausência. - Cães desenvolvem tolerância em 1 a 2 semanas de uso, portanto deve ser associado com outros anticonvulsivantes em cães. Em gatos o medicamento mantém a eficácia. - Dose: Para cães de pequeno porte é de 0,5 a 1,0 mg e de 10 a 50 mg para cães de grande porte; para gatos, a dose utilizada é de 1 a 2 mg cada 8 h. Quando se utiliza a via intravenosa, a dose recomendada é de 0,5 a1,0 mg/kg para cães e gatos - Efeitos colaterais: Sedação e polifagia. Em gatos, a administração oral pode levar à necrose hepática fulminante aguda. Clonazepam - Meia-vida: 1 dia. - Indicação: status epilepticus, convulsões generalizadas e focais, crises de ausência ou convulsões mioclônicas. - Efeitos colaterais: Cães desenvolvem tolerância. Podem piorar convulsões generalizadas tônicas. - Não usados em gatos - Mais efetivo quando associado com o fenobarbital. - Dose: 1,5 mg/kg, dividida em 3 doses, e, quando associado ao fenobarbital, recomendase 0,06 a 0,2 mg/kg, dividido em 3 a 4 doses. No status epilepticus utilizase por via intravenosa, na dose de 0,05 a 0,2 mg/kg. Clorazepato: - Biotransformado no estômago e absorvido no intestino delgado - Indicação: Convulsões refratárias a outros medicamentos. - A tolerância não se desenvolve rapidamente - Meia-Vida: Curta, pode causar dependência. - Em associação com o fenobarbital medicamento é mais efetivo - Não usado em gatos - Dose: Para cães- 2mg/kg, BID/dia - Efeitos colaterais: Sedação, ataxia e hepatotoxicidade. Carbamazepina - Ação semelhante da fenitoína nos canais de sódio. - Absorção lenta via oral - Se distribui rapidamente para todos os tecidos. - 75% se liga a proteínas plasmáticas - Biotransformado no fígado, seu metabolito e mais ativo que o próprio medicamento. - Eliminação renal. - Meia-vida: 10 a 20h - Indicação - Dose: Para cães: 4 a 10 mg/kg/dia, divididos em 2 a 3 vezes, podendo ser associada ao fenobarbital. Em gatos dose de 25 mg, 2 vezes/dia, para o controle de comportamento agressivo. - Efeitos colaterais: Sedação, nistagmo, vômitos e hepatopatia. Ácido valproico - Sua ação ocorre através de canais de sódio voltagem dependentes e em possível acúmulo de GABA - Absorção rápida e total por via oral - 90% se liga às proteínas plasmáticas - Biotransformada no figado - Excretada na urina - Meia-vida: 15h - Indicação: Convulsões generalizadas e focais; crise de ausência. Não se recomenda para gatos. - Dose: 15 a 200 mg/kg (divididos em 3 ou 4 doses). Pode ser associado ao fenobarbital - Efeitos colaterais: Sedação e hepatopatia. Brometo de potássio - Ação nos cloretos dos neurônios, alterando a excitabilidade celular e promovendo hiperpolarização dos neurônios - Meia-vida: 16,5 dias - Eliminação renal em 25 dias - Recomenda-se fracionar a dose em duas a cinco tomadas diárias, em razão do sabor amargo e da hipertonicidade. - Administração: 220 mg por cada mℓ de água Brometo competir com os cloretos no nível dos túbulos renais - Indicação: Cães- Convulsões generalizadas refratárias a outros medicamentos ou que desenvolvem hepatopatia pelo uso dos mesmos. Tem eficácia em gatos - Dose: Para cães- 22 a 40 mg/kg 1 vez/dia ou dividida em duas tomadas. Gatos- 30 mg/kg/dia. - Efeitos colaterais: ataxia locomotora, dermatite alérgica em pacientes com histórico de atopia. 35 a 42% dos gatos podem desenvolver pneumonite - USAR LUVAS PARA ADMINISTRA O FÁRMACO. Gabapentina - Aminoácido sintético semelhante ao GABA. - Ultrapassa a barreira cerebral rapidamente Cães - Biotransformada parcialmente pelo fígado. - Meia-vida: 2 a 4h - Dose: 10 a 20 mg/kg 3 vezes/dia - Efeito colateral: Sedação
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