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Direitos Humanos Introdução aos Direitos Humanos ● Direitos humanos é um gênero cuja espécie são os direitos fundamentais. - Direitos humanos como gênero > Âmbito universal - sem distinção entre indivíduos; todos são titulares de direitos humanos; - Direitos fundamentais como espécie > Âmbito interno - é espécie dos direitos humanos, na medida em que são especificados por cada povo, Estado, nação ou cultura; ● Características principais dos Direitos Humanos: a) imprescritibilidade - os direitos não prescrevem e, por essa razão, podem ser exigidos a qualquer momento; b) inalienabilidade - são inalienáveis. Assim, não é possível negociar, transferir ou dispensar esses direitos; c) irrenunciabilidade - o não exercício dos direitos humanos por seu titular não significa a renúncia destes; d) inviolabilidade - os direitos humanos não podem sofrer desrespeito; e) universalidade - possuem um sentido universal, já que estabelecem um parâmetro mínimo relativo a sua proteção; fazem isso por meio da flexibilização das noções de soberania nacional e de jurisdição doméstica; f) interdependência/complementaridade - os direitos humanos possuem caráter de complementaridade e não se excluem; ex: direitos geracionais; ● Direitos humanos x Direitos fundamentais: a distinção está contida no âmbito que abrangem e que são desenvolvidos; ● Os direitos humanos se transformam em direitos fundamentais quando são internalizados pelos Estados, sob um catálogos de direitos, em suas respectivas constituições; Construção histórica dos Direitos Humanos e dos direitos fundamentais ● O conceito “direitos humanos” surge na Idade Moderna com base no jusnaturalismo de caráter antropológico (direito natural de caráter antropológico); ● Lynn Hunt: a historiadora identificou que o termo apareceu na França e nos Estados Unidos a partir do século XVIII. Porém, há indícios da utilização do termo na Inglaterra do século XVII (petição de direitos de 1626, habeas corpus act de 1679 e bill of rights de 1689); ● Ainda segundo Lynn Hunt, foi Voltaire quem, no século XVIII, optou por utilizar o termo “direitos humanos” no lugar de “direitos naturais”; foi Rousseau quem utilizou também a expressão “direitos do homem”, em 1762; > expressão pré-revolucionária! ● A Rev. Francesa de 1789 contribuiu para a difusão do termo em países de língua francesa e em Estados de língua inglesa, sobretudo após os escritos de Condorcet e Sieyes; ● Nos Estados Unidos, o individualismo que está contido nos direitos civis e políticos (direitos de 1ª geração) aparece nas dez primeiras emendas à constituição que compõem o chamado Bill of rights de 1789; (portanto, é posterior à constituição de 1787); ● Quais são as correntes de pensamento que antecedem e concedem base à ideia de direitos humanos? - Iluminismo; - Racionalismo; - Laicismo; - Liberalismo individual. ● Já na França, os direitos fundamentais - liberdades públicas (direitos individuais e políticos, direitos de 1ª geração) - estão contidos na Declaração dos direitos humanos e do cidadão de 1789; > “todos os homens nascem livres e iguais em direito e os exercem em conformidade com a lei.” ● A formulação do conceito de direitos humanos não foi um processo linear. Por isso, a ideia de direitos geracionais deve ser tomada como um recurso didático. Não existe uma escada evolutiva e linear de direitos; Obs! Direitos geracionais: classificação com cunho didático. O autor Karel Vasak construiu essa denominação com base nos valores ‘liberdade, igualdade e fraternidade’ da Revolução Francesa. Não há hierarquia linear ou sucessão de direitos, os direitos geracionais se sobrepõem. Assim, há países que concretizaram na vida social esses direitos, enquanto outros não conseguiram isso; 1ª geração - civis e políticos. Geração ligada ao valor da liberdade. Estão associadas às revoluções liberais e alinhadas com a ideia da necessidade do Estado proteger a esfera da autonomia dos indivíduos. São direitos negativos, por requererem a abstenção do Estado nas relações; 2ª geração - sociais, econômicos e culturais. Os direitos da segunda geração estão atrelados ao desenvolvimento do Estado social; 3ª geração - coletivos e difusos. Direito à paz, direito ambiental, direito do consumidor; - Principal documento internacional: Carta Africana dos Direitos Humanos e dos povos (1981). 4ª geração - tecnologia e informação. Essa geração está ligada às mudanças trazidas pela globalização e pela 4ª revolução industrial; limite da vida - eutanásia? biopirataria - direito de patente; fertilização in vitro; - Principal documento internacional: declaração universal sobre o genoma humano e os direitos do homem (UNESCO); declaração aprovada em 1997; ● Teoria clássica dos Direitos Humanos: corrente majoritária até o presente momento. É pautada no jusnaturalismo racional, o que significa dizer que a condição humana em si possui direitos inerentes relativos a sua existência; ● Teoria crítica: a teoria clássica está voltada a um humanismo abstrato e, por isso, não consegue abranger a realidade social concreta; Universalismo X Relativismo ● Discussão surge mediante o contato entre diferentes culturas; ex: mulçumanos em contato com a cultura ocidental; ● Temos como superar o debate relativismo x universalismo? Temos que escolher lados quando estamos abordando os direitos humanos? As normas de Direitos Humanos podem ter um sentido universal ou elas devem ser culturalmente relativas? ● Esse debate se inicia com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), pois ela consagrou conceitos com cunho universal que deveriam ser seguidos por todos os Estados; ● Os teóricos do relativismo criticam o caráter universalista da Declaração Universal do Direitos Humanos; ● A Declaração de Viena (1993) buscou responder o debate, esclarecendo em seu parágrafo 5º a universalidade dos direitos humanos; > a universalidade é enriquecida pela diversidade cultural, a qual jamais pode ser invocada para justificar a violação aos direitos humanos; ● Boaventura de Sousa Santos: (multiculturalismo) - Defende uma concepção multicultural de direitos humanos; como garantir isso? por meio do diálogo entre as culturas; - Multiculturalismo emancipatório; - O multiculturalismo seria uma pré-condição para a existência de relações equilibradas entre a competência global e a legitimidade local; - Abandonar o debate universalismo x relativismo e seguir o caminho do diálogo entre as culturas, com respeito à diversidade e com base no reconhecimento do outro, observando o "mínimo ético irredutível" que será alcançado por um universalismo de confluência; - Nenhuma cultura consegue enxergar as suas próprias limitações; é necessário um olhar externo e olhar p/ o outro, a fim de compreender as nossas falhas morais; - Não se nega a possibilidade de construir um catálogo universal de direitos. Nega-se que parta deste e o imponha às demais culturas; - Universalismo de confluência (de ponto de chegada); Direitos humanos e arte ● Lynn Hunt: destaca como o surgimento dos direitos humanos estão associados aos movimentos revolucionários e o produto destes; ● Pergunta principal da autora: como os indivíduos passaram a entender a possibilidade de uma realidade com outros elementos sociais e políticos? como esses aspectos se tornaram ‘verdades autoevidentes’? aspecto psicológico associado à literatura e a imagens em exposições públicas; ● Os direitos humanos somente conseguem evoluir na história mediante a leitura de romances epistolares. Essa (e outras experiências) permitiram a difusão das práticas de autonomia (do indivíduo e do seu corpo) e da empatia; Paz perpétua de Kant ● Pós-segunda guerra: criação da ONU; ● Tentativa de concretizar um sistema internacional fundamentado na paz e baseado na igualdade jurídica das nações; ● Essa concretização já existia no campo teórico; é o exemplo do projeto filosófico de Immanuel Kant intitulado “a paz perpétua” (1795); ● Respostas para os dilemas do seu tempo e projeto filosófico para o futuro; ● Fundamentação daobra em 4 pontos principais: a) os Estados vivem nas suas relações externas ainda num estado não jurídico; b) o estado de natureza é um estado de guerra e portanto um estado injusto; c) os Estados têm o dever de sair do mesmo e fundar uma federação de Estados; d) essa federação não institui um poder soberano, ou seja, não dá origem a um Estado acima dos outros Estados, ou superestado, mas assume a figura de uma associação, na qual os componentes permanecem num nível de colaboração entre iguais; ● Federação de Estados objetivando a paz; a base dessa federação está na ideia de hospitalidade; um estrangeiro pode se deslocar até outro Estado, pois todos os indivíduos têm propriedade comum sobre a terra; - crítica ao Estado patrimonial; - fim dos exércitos permanentes; - defesa da não-intervenção; - defesa da adoção do republicanismo pelos Estados (separação de poderes e representação popular); ● John Rawls: reinterpreta Kant e Rousseau; repensa como a justiça pode ser distribuída idealmente - no campo abstrato - na contemporaneidade; ● Teoria da justiça: cria um experimento mental hipotético com base no qual poderíamos estabelecer quais os princípios de justiça ideal, aos quais toda e qualquer pessoa concordaria;
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