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Fundamentos Teórico-metodológicos do Serviço Social
1.Introdução
O presente trabalho apresenta uma linha do tempo acerca do processo de
teorização do curso de serviço social, explicitando as origens da base histórica e
teórico-metodológica para o estudo da profissão, passando desde a fundação do
curso na PUC-SP, em 1936 até o Movimento de reconceituação, por volta dos anos
de 1980, onde a prática profissional transita entre a teoria neotomista no início, até a
teoria social de Marx, no final.
2. Origem da profissão e sua base teórica-metodológica
O surgimento do Serviço Social se deu a partir da transição entre o
capitalismo concorrencial, para o capitalismo monopolista, onde as expressões da
questão social se agravaram nas grandes cidades, exemplificado por Maria Lúcia
Martinelli:
O capitalismo, porém, como um modo de produção antagônico, que
traz em seu seio a marca da desigualdade, da posse privada de bens, da
exploração da força de trabalho, realizou sua marcha expansionista sob o
signo da contradição. Através de um sinuoso percurso, marcado por crises
cíclicas, cuja intensidade crescia, à medida que se reproduziam, o capitalismo
foi acentuando a diferenciação entre as classes e fazendo do movimento de
valorização do capital o movimento fundamental da sociedade burguesa
constituída.”(MARTINELLI, 2005, p.69)
Consequentemente, após essa mudança do sistema capitalista e no processo
de industrialização, houve uma grande expansão demográfica das cidades e da
população urbana, deixando grandes marcas nas sociedades da época, até as
atuais, como o aumento da miséria, péssimas condições de vida e de trabalho, falta
de saneamento básico nas grandes cidades onde se concentravam mais moradias
dos trabalhadores facilitando a proliferação de doenças e o surgimento de sindicatos
para organização da classe trabalhadora.
A profissão, inicialmente, surgiu com as Damas de Caridade, mulheres ricas
da Igreja Católica que faziam um trabalho de caridade. A assistência da época era
feita de forma não-sistemática em sem base teórica, sendo exercida de forma
diferente, dependendo do lugar, justificando os problemas com base em suas
próprias ideologias e religião.
No ano de 1899 foi criada a primeira escola de serviço social em Amsterdã,
na Holanda. Com isso, iniciou-se o processo de secularização da profissão, achando
na sociologia, o seu suporte teórico. Seguido por Mary Richmond, assistente social
dos Estados Unidos que, no início do século XX, escreveu sobre a profissão
propriamente dita desenvolvendo técnicas para o exercício da profissão, levando em
consideração a compreensão do meio social e da personalidade do indivíduo,
inicialmente chamado de cliente, dando origem ao Serviço Social de Caso.
Após a crise no sistema capitalista, com o advento de grandes casos de
manipulação de massas realizadas por fascistas e nazistas, houve a necessidade de
outras técnicas de exercício da profissão, e com o desenvolvimento da psicologia
social, surge o Serviço Social de Grupo, definindo as técnicas e objetivos desse
trabalho em 1934, método ainda utilizado no Serviço Social, com as devidas
alterações.
A atuação do Serviço Social era para gerir e executar as políticas públicas
criadas pelo Estado, a princípio com um perfil punitivo e coercitivo, com o objetivo de
controlar a questão social.
Em 1936, surge a primeira Escola de Serviço Social, em São Paulo, cidade
onde se concentrava a maior parte da indústria no país. O referencial teórico e as
propostas metodológicas tinham como base, fundamentos filosóficos e cristãos,
aliados a experiências de ação social da França e Bélgica.
A primeira vertente social-filosófica usada no Serviço Social brasileiro foi a
neotomista, um resgate à filosofia de São Tomás de Aquino,desenvolvida após a
publicação da encíclica Rerum Novarum escrita pelo papa Leão XIII, trazendo a
noção de dignidade da pessoa humana, capacidade do indivíduo de desenvolver
potencialidades, a natural sociabilidade do ser humano e a necessidade de
autoridade para cuidar da justiça geral.
Por volta do ano de 1945, o estudo do Serviço Social, sofreu uma grande
influência norte-americana, tendo como princípio o estudo das ciências sociais,
sendo a vertente positivista, mais precisamente a funcionalista, a mais usada. Essa
vertente, não visava nenhuma mudança fora da ordem já estabelecida do sistema
capitalista. Essa fase é conhecida e estudada, hoje, como a fase conservadora da
profissão, com movimentos contrários ao avanço da modernidade, manifestando
reações que objetivavam preservar e restaurar a ordem capitalista.
Neste mesmo período a profissão foi regulamentada através de decretos e
leis, essa, por definição legal consistia como profissão liberal, de natureza técnico
científica, sendo a designação profissional de “assistente social”, pertencente aos
habilitados por cursos superiores reconhecidos pelo Governo Federal. Conselhos
Regionais e Nacionais também são criados a fim de fiscalizar o exercício e
desenvolvimento da profissão.
Durante os anos de 1950, ainda sob influência norte-americana o Serviço
Social absorve a orientação funcionalista configurando perfis ajustadores e
manipulatórios voltados para o aperfeiçoamento dos instrumentos e técnicas de
intervenção, com a busca de padrões de eficiência, sofisticação dos modelos de
análise, diagnóstico e planejamento, tecnificando a ação profissional q foi
acompanhada de uma crescente burocratização das atividades institucionais,
segundo Yasbek (2009).
Essa vertente traz consigo, um caráter contraditório em relação à profissão,
pois reproduz discursos inerentes ao processo de dominação e manutenção da
ordem burguesa.
Após a fase funcionalista tem-se a fase desenvolvimentista que tem como
objetivo o desenvolvimento da economia social e econômico do país. Na época o
país estava tentando seguir um padrão de acumulação de capital dos países ricos,
procurando reproduzir sua estrutura produtiva, incrementando a participação do
capital e da tecnologia estrangeira, abrindo espaço para empresas transnacionais,
elevando o grau de dependência da economia do país em relação aos
desenvolvidos.
A partir de 1965 surge o Movimento de Reconceituação, processo de
questionamento e crítica do Serviço Social da América Latina, que se inicia no
contexto de mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais expressadas com
as configurações que caracterizavam a expansão do capitalismo mundial que
impunham aos países latino-americanos na época, com um desenvolvimento
excludente e subordinado.
Esse movimento tem sua marca atrelada a situação sociopolítica e histórica
em que vivia a América Latina nos anos 60, marcada pelo fervor dos movimentos
sociais, que se mobilizaram tanto pela crise do padrão mundial de acúmulo de bens
gerados após o fim da II Guerra Mundial, como na inclusão dos países latino
americanos, com a implantação da política econômica desenvolvimentista, na
divisão internacional do trabalho. E com os impactos da Revolução cubana e os
movimentos vinculados ao socialismo. Fatores que influenciaram os assistentes
sociais a repensar seu papel profissional em relação às expressões da questão
social, questionando sua atuação em relação à realidade social do Brasil, bem como
os fundamentos teóricos e metodológicos da profissão.
Para José Paulo Netto, o Movimento de Reconceituação foi uma união entre
dois grupos diferentes, o primeiro, conhecido como reformistas-democratas,
tradicionalmente desenvolvimentista, pretendia adaptar ou renovar a profissão
atrelada ao projeto desenvolvimentista proposto pela Ditadura Militar vigente na
época. O segundo, o radical, composto em sua maioria por jovens radicais, visava a
ruptura com o passado desenvolvimentista e funcionalista, com o objetivo de
sintonizar a profissão com os projetos de ultrapassagem das estruturas imperialistas
de dominação social.
O movimento tinha como proposta romper com o Serviço Social Tradicional e
com o conservadorismoprofissional que tinha como principais características a
prática empirista, reiterativa e paliativa; a ética liberal burguesa de correção; a
filosofia neotomista e funcionalista; bases teóricas oriundas da doutrina social da
Igreja Católica, do pensamento conservador laico e do modelo estrutural
funcionalista dos Estados Unidos. E romper com os modelos importados pela
Europa e Estados Unidos buscando adequar o modelo à realidade brasileira,
buscando uma teoria e modelos metodológicos adequados para a prática da
profissão na América Latina.
Segundo José Paulo Netto, em seu livro “Ditadura e Serviço Social- uma
análise do Serviço Social no Brasil pós-64”, o Serviço Social passou por 3 fases até
agora, que são:
1- Modernizadora( Positivista e Funcionalista) por causa da política
desenvolvimentista, Araxá em 1967 e Teresópolis 1970.
2- Reatualização do Conservadorismo: Sumaré 1979 e Alto da Boa Vista
1984. Contexto Sócio Histórico- efervescência dos movimentos sociais,
ação do Serviço Social, lutas com os movimentos sociais e ajuda
psicossocial.
3- Intenção de Ruptura: Método de BH- PUC-MG, o ensino de Serviço Social
deixa de ser técnico.
No Brasil o movimento de modernização se inicia durante a Ditadura Militar e
tem como expressões o desenvolvimento dos documentos de Araxá e de
Teresópolis.
O Documento de Araxá, surgiu no Seminário de Teorização do Serviço Social,
realizado pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais
(CBCISS), na cidade de Araxá (MG) entre 19 e 26 de março de 1967. Buscou-se
neste documento identificar a natureza, objetivos, funções, metodologia,e vinculação
entre a teoria e a prática contendo a análise dos objetivos remotos e operacionais da
profissão, projetando-se para um futuro do mudanças sociais. Porém o documento
assume mais uma postura de integração ao sistema do que transformação do
mesmo, estando inserido em uma perspectiva liberal em que a profissão aceita,
legitima e justifica o sistema capitalista e a ditadura vigente.
O Documento de Teresópolis, foi desenvolvido no ano de 1970, num encontro
com a temática “A necessidade de um estudo sobre a metodologia do Serviço Social
face à realidade brasileira”. Nele a Perspectiva Modernizadora surge como pauta
interventiva. Sua conclusão se deu com a elaboração de três textos: “Introdução à
metodologia- teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço Social” de Suely
Gomes da Costa, “A teoria metodológica do Serviço Social- uma abordagem
sistemática” de José Lucena Dantas e “Bases para a reformulação do Serviço
Social” de Tecla Machado Soeiro.
Documento de Teresópolis - define o foco da atuação do serviço social na atenção
às necessidades humanas diante da sua negação pelo sistema e rompe com a
divisão metodológica caso/grupo/comunidade, com a proposta de construção da
intervenção planejada”, inclusive com a inclusão de propostas políticas no método.
No entanto, ainda predomina uma visão desenvolvimentista (FALEIROS, 2010)
Neste documento nota-se o início da transformação da profissão e a
perspectiva modernizadora se afirma como pauta interventiva, e não apenas como
concepção profissional. No texto de Costa, a autora se recusa a pensar no Serviço
Social sem remetê-lo à problemática de fundo das ciências sociais e ao
questionamento da sua constituição histórica, tomando distância do pensamento
hegemônico visto no documento de Araxá, explicitando a necessidade da
formulação das teorias de intervenção e dos conceitos da prática profissional.
Os Documentos de Sumaré e do Alto da Boa Vista vem com uma perspectiva
de reatualização do conservadorismo e sua vertente é inspirada na fenomenologia e
apropria-se, também, da visão de pessoa e comunidade de Emmanuel Mounier,
dirigindo-se ao vivido humano, sujeitos e suas vivências. Essa tendência, no Serviço
Social, vai priorizar as concepções de pessoa, diálogo e transformação social dos
sujeitos e de acordo com Netto, vem como uma forma de reatualização do
conservadorismo presente no início da profissão.
O Documento de Sumaré foi desenvolvido no ano de 1978 no Rio de Janeiro
com o objetivo de cientificizar o Serviço Social, nele é registrado o deslocamento da
perspectiva modernizadora da área central de debate e a disputar seus espaços nos
fóruns de discussão, organização e divulgação da categoria. O desafio do
documento, centrava-se em discutir a construção do objeto da profissão a partir de
um enfoque dialético que incorporasse as conjunturas políticas e a da ciência e dos
modos de produção das formações sociais.
Inicialmente, com o objetivo de conceituar “cientificidade”, foi usada a tese de
Howard Goldstein, que tinha um corte fenomenológico do Serviço Social e tinha em
sua obra uma visão de operacionalidade a partir de conceitos fundamentais e
estratégicos, e que segundo ele, a prática profissional não é fundamentada por
conceitos de uma única teoria e sim de conceitos gerais que servem para organizar
e expandir percepções e ajudar na aquisição das grandes bases de entendimento de
certos fenômenos em termos conceituais e hipotéticos e os conceitos funcionais que
provém da compreensão dos fenômenos particulares incluindo aspectos da teoria da
comunicação e da dinâmica de grupo.
O seminário do Alto da Boa Vista, realizado em 1984, desenvolveu-se a partir
de sete conferências, pronunciadas por convidados: Martins de Souza cuidou da
“problemática autoritária” no Brasil, L. Konder falou de aspectos da história do
marxismo no país, Silva Oliveira tratou do positivismo, Telma Donzelli tematizou
fenomenologia, Antônio Paim dissertou sobre o estatismo e a” questão social” no
Brasil, Vélez Rodriguez relacionou o “Estado autoritário” e as ciências sociais e C.
Ziviani abordou a “tecnologia social”. Assistentes sociais apresentaram trabalhos
sobre “Pensamento científico e Serviço Social”, Serviço Social e cientificidade e um
balanço dos encontros regionais que debateram Araxá e Teresópolis; grupos de
assistentes sociais contribuíram tematizando o “Serviço Social cibernético”, a
consciência crítica no Serviço Social e um deles, discutindo a proposta do próprio
seminário, levantou problemas pertinentes ao evento mesmo.
Esses dois últimos documentos caminharam na direção da reatualização do
conservadorismo e da intenção de ruptura, abrindo espaços para duas teorias do
conhecimento, a fenomenologia e o marxismo, teorias contrárias à atuação
profissional dos assistentes sociais da época, eu agiam de forma alienada,
reproduzindo subordinação, dependência, autoritarismo e outras atuações
conservadoras conforme Iamamoto.
A Intenção de Ruptura configura-se em um primeiro momento, com a
aproximação à teoria marxista, com Louis Althusser, filósofo francês, cuja obra vai
influenciar, posteriormente a proposta marxista do Serviço Social e o
desenvolvimento do Método BH.
Esse método foi desenvolvido entre 1972 e 1975 na Universidade Católica de
Minas Gerais e tinha como objeto de intervenção profissional a ação social da classe
oprimida, seu objetivo era a transformação da sociedade e do homem, e pretendia
alcançar esses objetivos por 3 meios, a organização, capacitação e mobilização
A organização era entendida como o processo de coordenação sistemática
dos interesses de determinados grupos, visando alcançar metas específicas, se
apresentando como um dos objetivos profissionais. A capacitação incluía a
aquisição de novos instrumentos de trabalho, como a vivência prática dos mesmos.
No desenvolvimento do método, procurou-se utilizar o método dialético,
realizado em três momentos: sensível, abstrato e racional ou científico.
Sensível: contato com a população.
Abstrato: formação de grupos de discussão sobre os diversos problemas
identificados, os elementos isolados de uma determinada totalidade social,
são abstrações dessa realidade.
Racional ou científico - momento síntese: quando os trabalhadores dos
diversos grupos sintetizavam os documentos em reuniões e plenárias.O objetivo final da formulação do documento era a produção de novos
conhecimentos, porém não houve uma avanço nesse quesito, apenas conseguiram
sistematizar o senso comum, não saindo da perspectiva empirista, sistematizando
apenas o que já era conhecido pela classe e pela população.
O método foi dividido em três partes:
1ª é constituída tanto pelos fundamentos e pressupostos teóricos básicos
como pelas referências essenciais de uma prática específica.
2ª é constituída pela síntese da experiência de Itabira, efetivada numa
realidade específica, onde foi orientada pelos elementos teóricos anteriores.
3ª são as revisão e reestruturação advindas do processo prático foram
sedimentadas para constituir a terceira parte do método.
A primeira parte é a Teoria do Conhecimento, processo gradativo que
intervém ois elementos básicos: o sujeito e o objeto. O primeiro é o elemento que
sente, quer, conhece, age e é. O segundo é o elemento que existe independente do
sujeito e de acordo com o momento é dado ao sujeito conhecer.
A segunda é a relação teórico-prática, onde a teoria é um conhecimento
científico do mundo, que partindo da realidade, se apoia na prática, elaborando
conceitos e leis que regem os fenômenos naquele momento . Essas relações são a
base do processo metodológico.
A terceira parte é a de reestruturação da categoria, conhecimentos que
refletem os fenômenos e as relações existentes na realidade.
José Paulo Netto enfocou dois tempos e duas contribuições da Perspectiva da
Intenção de Ruptura. O primeiro é o tempo da elaboração do Método, sendo
marcada por ser a primeira elaboração cuidadosa no país sobre a autocracia
burguesa, sendo uma alternativa à perspectiva tradicional e articulada com os
interesses das classes marginalizadas e exploradas.
O segundo é o tempo das reflexões produzidas por Iamamoto, trabalho que
sinalizou a maioridade intelectual da Perspectiva de Intenção de Ruptura para além
das fronteiras universitárias. Elaboração que exerceu grande influência no meio
profissional, sendo a primeira incorporação bem sucedida no debate brasileiro.
Sendo esse trabalho a nítida consolidação da intenção de ruptura com o
conservadorismo da profissão. Sendo com ela que iniciou-se o uso da teoria social
de Karl Marx como matriz teórico-metodológica.
Para Netto, o processo de renovação profissional se deu a partir do momento
em que a profissão procurou um campo específico para se basear cientificamente.
Surgindo o Movimento de Reconceituação, que após receber influência de Althusser,
com uma perspectiva próxima à Marx, tem em um de seus pilares as concepções de
Gramsci, as quais, num momento de redemocratização do país serviam de estímulo
para o processo de libertação do autoritarismo e apoio aos movimentos sociais por
direitos e cidadania. Revalorizando a prática institucional, buscando novas formas de
participação da população nos programas estatais e sua articulação com os
movimentos sociais.
3.Conclusão
Partindo da perspectiva neotomista e positivista nos primórdios do Serviço
Social brasileiro, influenciado fortemente pela ética e moral da Igreja Católica, a
profissão desenvolveu e mudou sua base teórica de acordo com o momento
histórico interno e externo do país, sofrendo influência dos debates, dos movimentos
sociais e do momento sócio-histórico da época. Passando pela vertente
fenomenológica até chegar à teoria social de Karl Marx. Formulando e consolidando
a área de atuação profissional do Assistente Social, como citado por Iamamoto:
O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como
especialização do trabalho. Questão social apreendida como o conjunto das
expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma
raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se
mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se
privada, monopolizada por uma parte da sociedade. (IAMAMOTO, 2004,
P.20).
4. Referências
YAZBEK, Maria Carmelita. Fundamentos Históricos e teórico-metodológicos do
Serviço Social. In: Conselho Federal de Serviço Social. Serviço Social: direitos
sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS, ABEPSS, 2009.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social – uma análise do Serviço Social no
Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 2005.
IAMAMOTO, Marilda Villela. Renovação e conservadorismo no serviço social:
ensaios críticos. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2004.

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