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ARTIGO- Gabriel Beber da Silva

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O FEMINICÍDIO DE MULHERES TRANSGÊNERO EM SITUAÇÃO DE PROSTITUIÇÃO
Gabriel Beber da Silva1
Suyane Priscila Jansen Costa Siqueira2
Resumo: A relevância social desta pesquisa se dá objetivando colaborar com a redução dos fortes estigmas sociais intrínsecos no âmago da população brasileira e que são dispostos sobre a comunidade transgênero, no Brasil. O desenvolvimento deste trabalho se efetiva por meio da análise da legislação brasileira, bem como, por doutrinas e jurisprudências que versem sobre o tema. Concomitante, optou-se pela pesquisa bibliográfica como fonte principal de aquisição de conhecimento para o desenvolvimento de uma base de estudo. Há de ser alvo de debate neste trabalho, o modo como se dá a segregação do sujeito transgênero, levando em consideração diversos contextos vivenciados pelo mesmo, observando, portanto, não somente o ambiente familiar do qual este indivíduo é segregado prematuramente, mas também como decorre a sua (não) inserção no mercado de trabalho, explorando ainda, o contexto geral da sociedade em que este sujeito se encontra inserido. Depreende-se do tema, também, o abandono Estatal demonstrado sobre a comunidade transgênero do Brasil, que rege principalmente a pessoa trans feminina a exercer a atividade de prostituição como um dos únicos meios de subsistência possível para esta minoria. Por fim, hão de ser demonstrados os números relacionados a um surto de casos envolvendo assassinatos de mulheres transgênero em situação de prostituição.
Palavras-chave: Transgênero; transexuais; travestis; gênero; feminicídio; prostituição.
1 INTRODUÇÃO
O problema que origina esta pesquisa se dá em razão dos altos índices de exercício da atividade de prostituição pelas pessoas transgênero, principalmente se tratando de travestis e mulheres transexuais, bem como, do feminicídio que decorre desta profissão. 
A necessidade de tratar sobre temas considerados tabus, tais como pessoas transgênero ou a própria atividade de prostituição, se faz essencial para o desenvolvimento de uma sociedade livre de preconceitos, tendo em vista a forte tendência humana de repudiar o desconhecido, como é o caso atual da população trans brasileira.
Desde sempre, devido a uma cultura extremamente religiosa e com princípios basilares fundamentados principalmente no machismo, questões que versam sobre quaisquer divergências do comportamento considerado como normal foram sempre suprimidas. Tal supressão é responsável pelo desenvolvimento de diversos tipos de preconceitos e estigmas vivenciados atualmente.
	Em relação ao tema abordado, percebem-se nuances sobre como se deram outros tipos de preconceito no decorrer da história da humanidade, como questões racistas, de intolerância religiosa, homofobia ou até mesmo a transfobia. Todos são exemplos de tópicos que tardaram a ser abrangidos por pesquisadores e legisladores, portanto, se arrastam até hoje em busca de superar os preconceitos ao qual foram fortemente atrelados. 
Um exemplo prático do supracitado é verificado na comunidade transgênero do Brasil, a qual demonstra um exponencial crescimento da população que se autodetermina como trans. Percebe-se que, mesmo com a tentativa de alienação populacional promovida pelo sistema a respeito deste tema em específico, o mesmo não deixou de emergir à luz dos debates atuais.
Todavia, ainda que o aumento da parcela populacional transgênero seja importante, há de se falar sobre o problema a respeito disso. Este encontra-se principalmente no despreparo social para o recebimento destas pessoas em função de estereótipos e preconceitos advindos da supracitada ideia de não tratar de assuntos tabus.
2 DA SEGREGAÇÃO SOCIAL DO TRANSGÊNERO BRASILEIRO AO FEMINICÍDIO DECORRENTE DA PROSTITUIÇÃO COMPULSÓRIA
Em se tratando da inserção social da pessoa transgênero na sociedade em que estamos inseridos, percebe-se certa dificuldade em verificar espaços ocupados por tais pessoas. Sobre este assunto, pode-se afirmar, com certeza, que são raros os casos onde se tem conhecimento de um indivíduo transgênero ocupando uma posição considerada de destaque. Este próprio trabalho pode servir de exemplo do sobredito, vez que, se faz escrito por uma pessoa cisgênero, quando poderia estar sendo efetivado por uma transexual ou travesti.
Dito isso, dá-se ênfase ao fato de que são pouquíssimas as pessoas transgênero que possuem o privilégio de almejar o sucesso com a mesma facilidade que o indivíduo cisgênero possui. Portanto, este capítulo em específico, se iniciará por explanar o modo como ocorre a segregação da pessoa transgênero no Brasil, bem como, os motivos para que tal grupo social não alcance as mesmas possibilidades que o indivíduo cis, reflexo disso, sendo, além da dificuldade de inclusão social, a exclusão da pessoa trans no mercado de trabalho ou até mesmo a prostituição compulsória, como há de ser elaborado neste capítulo.
Em virtude de identificar a origem do problema, ter-se-á em análise o modo como tal segregação se origina. Para tanto, serão especificados nos tópicos subsequentes, os desdobramentos que geram o desmembramento social da pessoa transgênero, no Brasil.
	
2.1 A EXCLUSÃO PARENTAL COMO PRINCÍPIO DE REJEIÇÃO DO INDIVÍDUO TRANS
A percepção que paira sobre a exclusão da pessoa transgênero em diversos aspectos, tais como o social ou do próprio mercado de trabalho, encontra-se intrinsecamente vinculada à rejeição familiar demonstrada por grande parcela da comunidade trans. Tem-se por certo que a maioria das relações de pessoas transgênero com a família não se desenvolveram do mesmo modo como tal relação se daria se o indivíduo fosse, na verdade, cisgênero. 
Sobre o tema, grande parte das pessoas transgênero são expulsas desde muito novas de seu ambiente familiar. Ao desenvolver pesquisa na área, pontuam Bezerra, Queiroz e Silva (2015, p. 368) que:
As participantes relataram que as primeiras experiências de exclusão ocorreram na família, a partir do momento em que começaram a manifestar a diferença, incrementada pelo desejo de se transformar em travesti ou mudar de sexo. Neste momento, nenhuma das famílias do grupo estudado conseguiu expressar aceitação, acolhimento e estabelecer uma relação de convívio harmoniosa. 
A essência do que foi citado, demonstra o quão grave é a situação da pessoa transgênero ao que diz respeito à suscetibilidade de preconceitos na sociedade em que estamos enquadrados. Ao passo que, a exclusão social se inicia não por um desconhecido, mas, sim, por parentes próximos, que se recusam a conviver juntos devido a prejulgamentos, estes, somente reforçam tal quadro de exclusão social, que não tende a diminuir no decorrer da vida do indivíduo trans, apenas agrava uma situação que já não é favorável. No mesmo diapasão, os autores ainda tratam:
[...] a família, ao invés de acolher, tornou-se o primeiro grupo de sociabilidade produtor de exclusão, onde teve início o rompimento de vínculos e o processo de estigmatização, deixando as travestis e transexuais vulneráveis, marcadas negativamente e depreciadas ao ponto de serem desprovidas do direito a ter direitos (BEZERRA; QUEIROZ; SILVA, 2015, p. 368).
Observando ao que se foi referido, constrói-se uma imagem de um indivíduo já muito fragilizado devido a não aceitação corporal e que ainda é segregado desde muito cedo do seio familiar por não se enquadrar no padrão cisnormativo esperado. Adota-se, quase que indiscutivelmente, a família como ente principal no desenvolvimento individual de qualquer pessoa, portanto, a simples divergência referente a existência deste pilar já é o suficiente para desestruturar e dificultar ainda mais a existência da pessoa transgênero (SIMONS, et al, 2013; ROMIJNDERS et al, 2017; apud BRUNS; ZERBINATI, 2018, p. 45).
Percebe-se desde logo que a inserção social desta pessoa ocorreu de modo muito abrupto, onde, por diversas vezes, a realidade encarada após a expulsão do ambiente familiar é ainda pior do que a já experimentada neste lugar. Tal ocorrência, por sua vez, ocasiona a dificuldade de inserção no mercado de trabalho do indivíduotransgênero.
2.2 A DIFICULDADE DE INSERÇÃO DA PESSOA TRANSGÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO
Dado ao que foi tratado no tópico anterior, pode-se constatar a existência de uma cascata de acontecimentos que são extrínsecos à vontade da pessoa trans. Recapitulando, inicia-se pelo indivíduo que, em função de sua identidade de gênero, é removido do ambiente familiar e, prematuramente, se vê inserido na sociedade sem qualquer experiência de vida. Em seguida, por uma análise lógica, percebe-se que, se até mesmo a família segrega este indivíduo, não há de ser diferente para com um estranho.
	A série de acontecimentos seguintes à rejeição da pessoa transgênero do ambiente familiar implica automaticamente na necessidade de que este indivíduo busque uma maneira de se sustentar, uma vez que não possui mais a família para tanto. 
Como fora abordado anteriormente, a expulsão do jovem transgênero se dá em uma idade muito nova. Sobre o tema, verifica-se que a média de idade para a evasão escolar da pessoa transgênero é de 13 anos, e que tal evasão se dá fundamentalmente pela expulsão deste indivíduo de sua casa (FILIPPE, 2020, online). A autora ainda prossegue afirmando que:
[...] são elas expulsos de casa pelos pais ou tutores e, sem amparo legal, passam a viver nas ruas. Como reflexo, estimou-se que, em 2018 no Brasil, cerca de 0,02% estavam na universidade, 72% não possuíam ensino médio e 56% não completaram o ensino fundamental (FILIPPE, 2020, online).
Tal constatação referente às porcentagens de pessoas transgênero em relação a seu grau de escolaridade já é um dos diversos porquês da exclusão do indivíduo trans do mercado de trabalho. O fator escolaridade/formação acadêmica, nos últimos anos deixou de ser um requisito digno de se ostentar, reduzindo-se a uma exigência mínima no momento de entrevistas de emprego.
Com o mercado de trabalho cada vez mais concorrido, o fato de não possuir tal grau de escolaridade impede a pessoa transgênero de ser considerada apta para o exercício de profissões, ora, cabe ao empregador decidir pagar um salário mínimo ao sujeito com ensino médio completo, faculdade, ou pagar este mesmo salário a pessoa transgênero que por muitas vezes não apresenta nem mesmo ensino fundamental, como demonstra a pesquisa supracitada (VIEIRA, 2019).
É de extrema relevância ressaltar, caso não se tenha feito implícito neste tópico, que apesar da não constatação de formação acadêmica por parte do sujeito transgênero, este desfalque não pode ser considerado em hipótese alguma como uma consequência de escolha adotada pela pessoa trans, vez que esta dificilmente optaria pela falta de oportunidades ocasionada pela expulsão de seu lar.
Sobre o tema, há que se falar ainda da incidência de questões de preconceito, o qual se encontra enraizado profundamente nas relações de emprego, principalmente 
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1 Acadêmico do 9º período do curso de graduação em Direito do Centro de Ensino Superior CESUL.
2 Bacharel em Direito pela UNAMA. Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra e docente do curso de graduação em Direito do Centro de Ensino Superior CESUL.
aquelas que envolvem um contato mais direto com o público. Neste sentido, Vieira (2019, p. 468) trata que “O público trans sofre muito preconceito quando se trata de trabalho e emprego, seja para ingressar no serviço, seja para nele permanecer.” A dificuldade em se manter no emprego, da qual trata a autora, é muito ligada a imagem que cada empresa gostaria de refletir. Dito isso, ter sua imagem comercial associada à de um funcionário transgênero é um empecilho aos olhos de alguns empregadores. 
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3 O termo ‘compulsória’ é utilizado, neste trabalho, com o sentido de tratar as mulheres transgênero que exercem a atividade de prostituição, como indivíduos que foram compelidos à tal exercício, descartando, portanto, o entendimento de que a prostituição se faz uma regra inquebrável ao grupo social em questão.
Todavia, o preconceito que impede o exercício laborativo da pessoa transgênero não se encontra vinculado somente a figura do empregador, mas, também, dos empregados que dividem o ambiente de trabalho com a pessoa trans. É realidade que, o assédio moral, ocasionado por comentários ofensivos, afeta diretamente questões psicológicas do ser humano, ainda mais quando estas estão ligadas a problemas dos quais o indivíduo trans sempre foi sensível a respeito. 
Tendo em vista o modo como decorre a exclusão do indivíduo transgênero do mercado de trabalho, tornam-se pouquíssimas as alternativas remanescentes para o sustento deste. Encontrando-se em tal posição, a pessoa transgênero faz da prostituição a alternativa restante para obtenção de renda.
2.3 PROSTITUIÇÃO COMPULSÓRIA DE MULHERES TRANSEXUAIS E TRAVESTIS
A evidenciação da série de fatores demonstrados anteriormente, os quais são trabalhados desde a infância, até a vida adulta do indivíduo transgênero, é mais do que suficiente para que se possa considerar o exercício de atividade de prostituição como inegavelmente compulsória para vidas transgênero femininas3.
Há de se considerar que a propensão apresentada por mulheres transexuais e travestis de exercer a prostituição é maior que a demonstrada pelo homem transgênero, vez que o público que busca este “serviço” é majoritariamente composto por homens cisgênero que fetichizam mulheres trans.
Sobre o tema, pode-se dizer que apesar de resguardados constitucionalmente direitos da pessoa humana, tal como o da dignidade, verifica-se, fortemente, a ausência deste princípio para minorias sociais, tal como a população transgênero. Não se trata de uma ínfima submissão da parcela populacional trans feminina a uma atividade degradante como a prostitutiva, de acordo com Benevides (2018, p. 18):
[...] 90% da população de Travestis e Transexuais utilizam a prostituição como fonte de renda, e possibilidade de subsistência, devido a dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e a deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social, familiar e escolar. 
As causas elencadas pela autora como responsáveis pelo início do exercício da prostituição são as mesmas tratadas nesta pesquisa. Verifica-se que a prostituição é nada além da soma de tais acontecimentos, estes, compulsoriamente, induzem o indivíduo ao exercício desta atividade.
A demonstração de tais percentuais é, além de alarmante, uma estimativa muito assustadora. Levando em consideração que a cada dez transgêneros, nove utilizam da prostituição como meio de subsistência, é possível ter uma noção de quão forte e imponente é a cisnormatividade no regimento social atual. Sobre o assunto, pontuam Bezerra, Queiroz e Silva (2015, p. 370-371) em um mesmo viés:
A prostituição se faz presente na vida delas desde muito cedo, sendo encarada com naturalidade. Os fatores que as levam a essa situação são profundos e decorrem, de um modo geral, das desvantagens sociais advindas da expressão do gênero, resguardando as singularidades das histórias de vida de cada uma. 
Do abordado pelos autores, depreende-se uma nova problemática relacionada, principalmente, com a naturalidade do exercício da atividade de prostituição por pessoas transgênero. A observância do fato narrado não provoca uma sensação de incoerência, ou de desconforto, uma vez que a sociedade já se encontra habituada a encontrar estas pessoas ocupando estes espaços.
Além da segregação parental, da insuficiência acadêmica, questões de preconceito e, também, da naturalidade com qual se verifica o indivíduo transgênero se prostituindo, faz-se necessário relatar sobre outro motivo que torna a prostituição de pessoas transgênero tão viável e recorrente, que é a fetichização dos corpos de pessoas transexuais e travestis, fator este, que há de ser observado em sequência, neste capítulo.
2.3.1 O Fetichismo Sobre Corpos Transgênero
Já se foi tratado dos motivos que obrigam o sujeito transgênero a tender pela prostituição como meiode subsistência, mas, deve-se concordar que tal “mercado” não seria repleto de pessoas trans se não houvesse um terceiro indivíduo disposto a utilizar de tal serviço, para tanto, há que se falar na fetichização das mulheres transexuais e travestis, no Brasil.
É de fácil constatação que para a prostituição das pessoas transgênero se efetivar, é essencial que haja alguém disposto a pagar pela mesma. Surpreendentemente (ou não), o Brasil é o país que lidera o ranking de consumo de pornografia transgênero no mundo, tendo a busca nacional por tal conteúdo crescido 167% no ano de 2018, em comparação a outros países, segundo dados liberados anualmente pelo site “PornHub” (BENEVIDES, 2020, online). Tal consumo desenfreado e crescente por este tipo de conteúdo, é apenas um desdobramento do que ocorre na vida real, portanto, pode-se dizer que este sujeito que utiliza a pornografia transgênero na internet é o mesmo que já usufrui, ou ainda há de usufruir da atividade prostitutiva trans.
Sobre o assunto, relata-se que “[...] caímos na perspectiva da fetichização dos nossos corpos. Eles podem ser explorados, seja na pornografia ou no trabalho sexual. Mas nunca podem estar em um relacionamento afetivo [...]” (MACEDO apud BENEVIDES, 2021, online). Decorre do abordado uma percepção notória do que se intitula neste trabalho como fetichização da pessoa transgênero. Percebe-se que realmente ocorre uma grande busca de tal grupo social para prostituição e, somente para tanto, fator que, por reflexo, acaba a incrementar os estigmas sociais relacionados à população trans, bem como a marginalização destes indivíduos.
Todavia, apesar do crescimento exponencial do interesse sobre a comunidade transgênero, ainda que tal interesse seja exclusivamente erótico, os números de assassinatos à pessoas transexuais e travestis se mantém elevadíssimos no Brasil, como há de ser visto adiante. Ironicamente, constata-se que o país com maior consumo de pornografia trans no mundo, é também aquele que mais assassina indivíduos deste mesmo grupo social.
2.4 O TRANSFEMINICÍDIO E SUA DECORRÊNCIA NA ATIVIDADE DE PROSTITUIÇÃO
Como embasado anteriormente, imensa parcela da população transgênero feminina brasileira utiliza da atividade prostitutiva como meio de subsistência, dado a inúmeros fatores que, compulsoriamente arrastam tais indivíduos para este tipo de atividade. Mantendo-se ainda no que foi denominado neste trabalho como “cascata de acontecimentos” extrínsecos a vontade do sujeito transgênero, percebe-se o transfeminicídio como sendo o último nível de tal série de acontecimentos.
Este tópico tem sua importância fundamentada exclusivamente nos números abismais sobre violência e assassinatos contra mulheres transgêneros. Sobre isso, dados dispostos sobre o ano de 2021 pela Transgender Europe (TGEU), que se encarrega de monitorar assassinatos de pessoas trans em mais de 70 países, colocou o Brasil como responsável por 33% das mortes globais de pessoas transgêneros, liderando o ranking. Globalmente falando, a pesquisa ainda aponta que destas mortes, 96% eram mulheres trans e 58% foram de pessoas que trabalhavam com prostituição.
No Brasil, assim como no mundo, grande parte da parcela populacional transgênero, é vítima de assassinato por exercer a prostituição. Benevides (2018, p. 16 e 19) pontua sobre o tema em pesquisa realizada para a ANTRA, onde aponta que:
[...] chegamos a estimativa de que a cada 48h uma pessoa Trans é assassinada no Brasil e que a idade média das vítimas dos assassinatos é de 27,7 anos. [...] questões de gênero se reforçam e demonstram que 94% dos assassinatos foram contra pessoas do gênero feminino (169 casos). 
	
Apesar de triste, a exposição de tais números se faz necessária para que ocorra a criação de políticas sociais que versem sobre a proteção desta minoria, tal como a própria qualificadora de feminicídio. Em relação ao número de mulheres transgênero vítimas de assassinato no ano de 2017, constata-se um total de 169 casos, dos quais, 70% eram prostitutas (BENEVIDES, 2018, p. 14).
A demonstração destes dados somente reafirma o que já se tem por certeza, ou seja, que é de extrema relevância a criação de medidas que visem proteger a população trans, ou ainda, a manutenção de políticas públicas voltadas a conscientização, integração social e reeducação da população para que tais dados venham a ser atenuados. A simples extensão de legislações destinadas à mulheres cisgênero para abranger também transgêneros femininas, seriam medidas eficazes e que também reafirmariam o apoio Estatal para a comunidade transgênero.
Objetivando tratar deste tema, percebe-se a necessidade de se averiguar a possibilidade de aplicação da qualificadora de feminicídio para mulheres transexuais e travestis. Para tanto, há de ser realizada uma demonstração de jurisprudência sobre o tema, bem como a demonstração do conceito de feminicídio.
2.4.1 Conceito de Feminicídio
Para que se fale a respeito da possibilidade da qualificadora de feminicídio ser utilizada nos casos onde a vítima é a mulher transexual ou a travesti, faz-se de suma importância que se defina a própria qualificadora de feminicídio, somente assim há de ser possível averiguar o cabimento desta, ao caso da mulher transgênero. Traçado tal objetivo, percebe-se que, para tanto, a análise de legislações que versem sobre o tema se torna fundamental.
Inicialmente, tem-se a tipificação da qualificadora de feminicídio trazida ao Código Penal, no artigo 121, parágrafo 2º, inciso VI, por incremento advindo da Lei 13.104/2015, esta vincula: 
Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos (BRASIL, 2015).
Tem-se ainda, por parte da legislação, a especificação do que o Código Penal chama de “condição de sexo feminino”, essencial para o cabimento da qualificadora em questão, como sendo: “§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.” (BRASIL, 2015).
Percebe-se, então, que no sistema criminal brasileiro, a aplicação da qualificadora de feminicídio deriva do crime de homicídio, quando este é praticado contra mulheres devido uma questão de gênero, devendo ainda, estar presente questões de violência doméstica, menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Cabe, ainda, aferir que neste crime pode figurar como autor uma mulher, não necessariamente um homem, desde que, como já foi citado, sigam os requisitos legais para a configuração da qualificadora. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) traz o conceito de feminicídio, como sendo:
O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante (BRASIL, 2013, p. 1003).
A adoção desta qualificadora para a mulher cisgênero é tópico pacificado pela jurisprudência quando o homicídio é praticado dentro dos requisitos impostos pela lei, entretanto, decorre do tema, a necessidade de aprofundamento quando o assunto aborda mulheres transexuais e travestis, afinal, quando se é tratado a respeito de minorias, constata-se sempre certa turbulência jurisprudencial sobre o alcance de determinados direitos para estes indivíduos.
2.4.2 Aplicação da Qualificadora de Feminicídio Para a Mulher Transexual e Travestis
Considerando os conhecimentos abordados neste trabalho em relação à comunidade transgênero, e agora, em especial à mulhertransexual e a travesti, em virtude de especificar o tema, clama-se pelo tópico principal do que trata este trabalho, ou seja, a ocorrência do transfeminicídio e a possibilidade de aplicação ou não da qualificadora de feminicídio quando o crime envolver mulheres transgênero. Para tratar deste tema, faz-se mister a comparação da lei, para com o que se foi abordado como conceito de transgênero neste trabalho, bem como, a apresentação jurisprudencial no que se tange ao tópico em questão. 
Em relação à orientação jurisprudencial, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou provimento ao Recurso em Sentido Estrito que pugnava pela desclassificação da qualificadora de feminicídio devido à vítima ser mulher transgênero:
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. FEMINICÍDIO TENTADO. VÍTIMA MULHER TRANSGÊNERO. MENOSPREZO OU DISCRIMINAÇÃO À CONDIÇÃO DE MULHER. MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA PRESENTES. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO. IMPROCEDENTE. TESES A SEREM APRECIADAS PELOS JURADOS. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA. IMPROCEDENTE. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
[...]
2. No âmbito do Tribunal do Júri, as possibilidades de desclassificação, absolvição sumária e impronúncia são limitadas, sendo admitidas apenas quando a prova for inequívoca e convincente, no sentido de demonstrar que o réu não praticou crime doloso contra a vida, pois mínima que seja a hesitação, impõe-se a pronúncia, para que a questão seja submetida ao júri, ex vi do art. 5º, inciso XXXVIII, da Constituição Federal c/c art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal.
3. Somente as qualificadoras manifestamente improcedentes e sem qualquer apoio na prova dos autos podem ser afastadas.
4. Recursos conhecidos e desprovidos.
Acórdão
Com essas considerações, conheço dos recursos em sentido estrito e a eles NEGO PROVIMENTO. Unânime. (Recurso em Sentido Estrito nº 20180710019530, 3ª Turma Criminal, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Relator: Waldir Leôncio Lopes Junior, Julgado em 04/07/2019, grifo nosso).
 
Com esta decisão, pode-se considerar que o STJ tratou do tema aferindo aos jurados do tribunal do júri a legitimidade para decidir sobre a aplicação ou não da qualificadora de feminicídio para transgêneros femininas. Cabe ressaltar que, crimes dolosos contra a vida, tal como o homicídio, neste caso qualificado como feminicídio, são de competência do tribunal do júri.
Retomando o conceito de feminicídio tratado anteriormente, percebe-se que o Código Penal tipifica tal qualificadora quando o homicídio é realizado contra a mulher por virtude do sexo feminino, taxando logo em seguida, as razões de sexo feminino como sendo violência doméstica e familiar, bem como o menosprezo ou discriminação à CONDIÇÃO de mulher (BRASIL, 2015).
Sobre o tema, é comum se deparar com notícias trazendo relatos de mulheres transexuais e travestis vítimas de agressão ou tentativa de homicídio, onde, em grande parte dos casos, se é comentado sobre a ocorrência de falas de repúdio a condição da identificação destas pessoas como mulheres, repertórios como “vira homem” ou até mesmo “é travesti, tem que apanhar mesmo”, são manchetes recorrentes em jornais on-line e reforçam que tais crimes são realizados por confronte à condição de mulher transexual ou travesti.
Isto posto, em consonância ao que foi tratado no segundo capítulo deste trabalho, sobre a autoafirmação de gênero, alinham-se as concepções para que se perceba que a não aplicação da qualificadora de feminicídio sobre o indivíduo que se identifica com o gênero feminino é a mais pura deslegitimação do direito deste sujeito se apresentar como mulher. 
Sobre o tema, Bento (2014, p. 2) afirma que:
O assassinato é motivado pelo gênero e não pela sexualidade da vítima. [...] O gênero, contudo, não existe sem o reconhecimento social. Não basta eu dizer "eu sou mulher", é necessário que o outro reconheça este meu desejo de reconhecimento como legítimo. O transfeminicídio seria a expressão mais potente e trágica do caráter político das identidades de gênero. A pessoa é assassinada porque além de romper com os destinos naturais do seu corpo-generificado, faz isso publicamente. 
No que tange a identificação de gênero, outro caso atual que demonstra avanço na área do reconhecimento de direitos à mulher transgênero, equiparando-a legalmente a mulher cisgênero, foi a recente decisão tomada pela 6ª turma do STJ por meio do recurso especial nº 1977124/SP (2021/0391811-0), que estabeleceu a aplicação da Lei Maria da Penha para mulheres transexuais. Tal decisão tem fundamento na interpretação literal do artigo 5º da Lei 11.340/2006, o qual afere a proteção legal em favor da mulher devido a sua questão de gênero:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL, 2006, grifo nosso).
Como já demonstrado neste trabalho, a autodeterminação de gênero é totalmente independente do sexo biológico, ou seja, não há por que a mulher transgênero não ser abrangida pela Lei Maria da Penha, uma vez que o próprio texto legislativo afere a esta a condição de tutelada. Munindo-se desta informação, faz-se perceptível o porquê desta extensão da lei 11.340/06 à mulher transexual, tal como pontua Gomes (2012, p. 5) “O verdadeiro objetivo da Lei Maria da Penha seria punir, prevenir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher em virtude do gênero, e não por razão do sexo”.
Tal entendimento a respeito da aplicação da referida lei pode ser encarado como o início de uma possível pacificação jurisprudencial no que tange a abrangência da qualificadora de feminicídio para mulheres transexuais e travestis.
Por fim, é constatável que a extensão da qualificadora de feminicídio para mulheres transgênero é caso a ser tratado urgentemente, tendo em vista que a demora para que haja uma convergência jurisprudencial sobre o tema apenas beneficia quem pratica o crime. Como foi visto neste trabalho, o número de casos envolvendo violência e assassinatos contra mulheres transgênero no Brasil são assustadores, portanto, se faz dever do Estado criar políticas que gerem uma proteção maior a estas minorias.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da atividade de pesquisa desenvolvida para a realização do presente trabalho, constatou-se que a vida do indivíduo transgênero, aqui dando ênfase à mulher transexual e a travesti, uma vez que estas são mais suscetíveis a tais infortúnios, é regida desde muito cedo pelo que se foi denominado neste texto como uma cascata de acontecimentos que são extrínsecos a vontade da pessoa trans.
Sobre o narrado, percebe-se a exclusão parental da pessoa transgênero do seio familiar como sendo a nascente de tal cascata, onde, desamparada, busca por meios de subsistência, compelindo-se ao abandono escolar. Além disso, a rejeição parental da criança transgênero afeta não somente questões relacionadas ao desamparo econômico, educacional e a má-formação acadêmica, mas também ocasiona tremendo abalo emocional em um indivíduo que já se encontra fragilizado, visto que se vê em uma situação de abandono e obrigado a buscar seu sustento por si só desde muito cedo. 
A primeira consequência que deriva deste acontecimento é a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, onde a falta de qualificação mínima como o ensino fundamental, juntamente englobada com um grande preconceito, ainda muito presente na sociedade, são razões que dificultam a possibilidade que a pessoa transgênero feminina, em específico, possui para ser qualificada ao ingresso de um emprego.
Denota-se que, uma vez colocada neste lugar segregado, a mulher transgênero se vincula à atividade prostitutiva, pois, apesar dos fortes estigmas sociais sobre este grupo, tem-se, concomitantemente, uma busca incessante e fetichizada sobre seu corpo. Apesar do exercício da prostituição ser muito marginalizado e degradante, estetambém é visto pelas mulheres trans que o exercem como a última alternativa, portanto, uma prostituição compulsória. 
Apesar de exercer tal atividade, a mulher transgênero, que se prostitui, encontra-se em uma linha muito tênue entre adquirir o sustento para viver, ou morrer em decorrência desta profissão, uma vez que os números de assassinatos a pessoas trans são intensificados por dois fatores, sendo estes a própria prostituição, bem como, o fato de se identificar como transgênero feminina.
Cabe relatar, também, que apesar de afirmações fundamentadas no senso comum, tal como “se prostitui porque quer”, não refletem a verdadeira realidade encontrada pelo indivíduo transgênero. Há de se averiguar que o trabalho como prostituta é degradante e amedrontador, logo, ninguém o exerce por simples opção, ainda mais quando se tem ciência de que a morte por assassinato é uma possibilidade que se intensifica muito mais no exercício desta atividade.
Isto posto, é notório que cada empecilho enfrentado pela pessoa transgênero acaba por desaguar em outro. Sendo assim, a prostituição é ocasionada pela deficiência educacional, esta, gerada pela necessidade de se sustentar desde cedo, por sua vez, tal necessidade foi determinada pela segregação parental do indivíduo transgênero. Tem-se em análise um círculo vicioso que se repete sobre a vida de grande parte da população trans feminina brasileira. 
Constata-se ainda, que nenhuma das decisões foram tomadas pela vontade da mulher transexual ou da travesti, afinal, a cascata na vida da pessoa transgênero não se encerra no exercício da atividade de prostituição, mas, sim, no feminicídio que decorre deste. Deste assunto, incide a necessidade de problematizar a inércia do Estado em promover medidas para redução das desigualdades e preconceitos que são constantemente lançados a comunidade transgênero.
Por fim, verifica-se que a tutela jurisdicional sobre a aplicação da qualificadora de feminicídio é de uma urgência comprovada por base em diversos números que suscitam tal necessidade. É possível constatar que o direito se encaminha no sentido de resguardar uma proteção à mulher transgênero do mesmo modo como executa para a mulher cisgênero, ainda assim, são passos vagarosos em relação a esta causa, e, como narrado, tal demora apenas beneficia aqueles que praticam o crime.
Apesar de advir do sistema judiciário brasileiro uma certa resistência a apreciação das causas transgênero, tal tópico carece de abordagem, visto que é dever do Estado zelar por todos os indivíduos de modo igual, ou ainda, de modo equitativo, tutelando as pessoas transgênero com o objetivo de nivelar sua desigualdade social e a maneira como esta se apresenta em relação ao indivíduo cisgênero. 
Conclui-se que é dever do Estado se preocupar com a garantia de efetivação de direitos fundamentais para a população transgênero e não somente com a promulgação de leis que não são executadas no dia a dia. Sabe-se que tais tutelas são repetidamente violadas no decorrer das vidas destes indivíduos, tanto no aspecto educacional, quando na impossibilidade de desenvolver uma vida digna, ou ainda, na segregação compulsória que os arrasta ao assassinato iminente.
4 REFERÊNCIAS
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______. Superior Tribunal de Justiça. Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Laurita Vaz e Sebastião Reis Júnior votaram com o Sr. Ministro Relator. Recurso Especial nº 1977124 - SP (2021/0391811-0). Ministério Público Do Estado De São Paulo e L A DA S F. Relator: Ministro Rogerio Schietti Cruz. 05 abr. 2022. Jusbrasil. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1473961621/recurso-especial-resp-1977124-sp-2021-0391811-0/inteiro-teor-1473961657> Acesso em 05 jun. 2022.
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