Buscar

Estudando a Mediunidade - Martins Peralva

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 143 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 ESTUDANDO A MEDIUNIDADE 
MARTINS PERALVA 
 
 2 
ÍNDICE 
 
Palavras ao Autor 
Introdução 
 
CAPÍTULO 1 = Mediunidade com Jesus 
CAPÍTULO 2 = Espiritismo e Mediunidade 
CAPÍTULO 3 = Problemas mentais 
CAPÍTULO 4 = Vibrações compensadas 
CAPÍTULO 5 = O Psicoscópio 
CAPÍTULO 6 = Irmão Raul Silva 
CAPÍTULO 7 = Médiuns 
CAPÍTULO 8 = Tomadas mentais 
CAPÍTULO 9 = Incorporação 
CAPÍTULO 10 = Mecanismo das comunicações 
CAPÍTULO 11 = Obsessões 
CAPÍTULO 12 = Pontualidade 
CAPÍTULO 13 = Vampirismo 
CAPÍTULO 14 = Desenvolvimento mediúnico 
CAPÍTULO 15 = Desdobramento mediúnico 
CAPÍTULO 16 = Clarividência e clariaudiência 
CAPÍTULO 17 = Sonhos 
CAPÍTULO 18 = Espiritismo e Lar 
CAPÍTULO 19 = Estranha obsessão 
CAPÍTULO 20 = Reajustamento 
CAPÍTULO 21 = Servindo ao Mal 
CAPÍTULO 22 = Servindo ao Bem 
CAPÍTULO 23 = Lei do Progresso 
CAPÍTULO 24 = Mandato mediúnico 
CAPÍTULO 25 = Proteção aos médiuns 
CAPÍTULO 26 = Passes 
CAPÍTULO 27 = Na hora do passe... 
CAPÍTULO 28 = Receituário mediúnico 
CAPÍTULO 29 = Objetivos do mediunismo 
CAPÍTULO 30 = Suicídios 
CAPÍTULO 31 = Comunhão mental 
CAPÍTULO 32 = Almas em prece 
CAPÍTULO 33 = Definindo a prece 
CAPÍTULO 34 = Desencarnação 
CAPÍTULO 35 = Licantropia 
CAPÍTULO 36 = Animismo 
CAPÍTULO 37 = Fixação mental 
CAPÍTULO 38 = Mediunidade poliglota 
CAPÍTULO 39 = Psicometria 
CAPÍTULO 40 = Mediunidade sem Jesus 
CAPÍTULO 41 = Distúrbios psíquicos 
CAPÍTULO 42 = Materialização (1º) 
 3 
CAPÍTULO 43 = Materialização (2º) 
CAPÍTULO 44 = Materialização (3º) 
CAPÍTULO 45 = Cristo Redivivo 
CAPÍTULO 46 = Assim seja... 
 4 
Palavras ao Autor 
 
Sim, meu amigo, observa a cachoeira que surge aos teus olhos. 
É um espetáculo de beleza, guardando imensos potenciais de energia. 
Revela a glória da Natureza. 
Destaca-se pela imponência e impressiona pelo ruído. 
 Entretanto, para que se faça alicerce de benefícios mais simples, é 
indispensável que a engenharia compareça, disciplinando-lhe a força. 
É então que aparece a usina generosa, sustentando a indústria, 
estendendo o trabalho, inspirando a cultura e garantindo o progresso. 
Assim também é a mediunidade. 
Como a queda-dágua, pode nascer em qualquer parte. 
Não é patrimônio exclusivo de um grupo, nem privilégio de alguém. 
Desponta aqui e ali, adiante e acolá, guardando consigo revelações 
convincentes e possibilidades assombrosas. 
Contudo, para que se converta em manancial de auxílio perene, é 
imprescindível que a Doutrina Espírita lhe clareie as manifestações e lhe 
governe os impulsos. 
Só então se erige em fonte contínua de ensinamento e socorro, 
consolação e bênção. 
Estudemo-la, pois, sob as diretrizes kardequianas que mos traçam seguro 
caminho para o Cristo de Deus, através da revivescência do Evangelho 
simples e puro, a fim de que mediunidade e médiuns se coloquem, realmente, 
a serviço da sublimação espiritual. 
 
EMMANUEL 
 
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, na noite de 
21/10/56, em Pedro Leopoldo.) 
 5 
Introdução 
 
A natureza deste livro pede, forçosamente, uma explicação Inicial. 
As considerações nele expostas, com a possível simplicidade, giram em 
torno do magnífico livro «Nos Domínios da Mediunidade”, ditado por Ándré 
Luis ao médium Francisco Cãndido Xavier. 
Baseia-se, portanto, nas observações desse Espírito quando, sob a 
esclarecida orientação do Assistente Áulus, e na companhia de Hilário, visitou 
diversos núcleos espíritas consagrados ao serviço mediúnico. 
Outros livros, mediúnicos e de autores encarnados, forneceram-nos, como 
se verá, elementos para a sua organização, com prevalência, contudo, dos 
informes espirituais. 
Os trechos colocados entre aspas e onde não houver referência aos 
autores, compreender-se-á, sem dúvida, que foram colhidos em outras fontes. 
Quanto a idéia da sua publicação, decorreu do seguinte: ao ser editado 
«Nos Domínios da Mediunidade», sentimos que o que se precisava saber 
sobre mediunismo — na atualidade, considerando a progressividade da 
Revelação — para aplicação nos milhares de núcleos que funcionam pelo 
Brasil inteiro, em nome da Fraternidade Cristã, ali se achava contido, através 
do relato de André Luis e das primorosas elucidações de Áulus. 
Iniciamos então, no Centro Espírita «Célia Xavier”, de Belo Horizonte, o 
estudo sistemático do livro, capítulo a capítulo, utilizando gráficos no quadro 
negro. 
Cada assunto era representado, na medida do possível, por diagramas 
com as respectivas «chaves”, cabendo-nos explicar que tais «chaves”, ao 
fazermos a transformação dos gráficos em capítulos para o livro, foram, em 
sua grande maioria, substituidas por expressões alfabéticas. 
Assim procedemos levando em conta que as “chaves» dificultam, 
consideravelmente, o trabalho da linotipo. 
Dessa maneira, as exposições feitas oralmente no “Célia Xavier”, todas as 
quintas-feiras, aparecem no livro em forma de exposições escritas. 
Os gráficos elucidativos de alguns capítulos são de autoria do desenhista 
Radicchi, nosso companheiro de Doutrina. 
Nosso principal desejo, realizando esta tarefa, é de que possa o estudo 
ora feito ser útil a núcleos que se dedicam a atividades mediúnicas, com a 
esperança de que, em nosso movimento, o intercâmbio com os 
desencarnados expresse, acima de tudo, amor, devotamento, sinceridade, 
respeito e desinteresse, a fim de que “mediunidades e médiuns se coloquem, 
realmente, a serviço da sublimação espiritual”. 
A nossa alegria consistirá nisso. 
 6 
1 
Mediunidade com Jesus 
 
Em quaisquer setores de atividade humana, é natural cultivemos, nas 
reentrâncias do coração, o anseio de melhoria e aperfeiçoamento. 
O engenheiro que, após intenso labor, obtém o seu diploma, aprimorar-se-
á, no estudo e no trabalho, a fim de dignificar a profissão escolhida, 
convertendo-se em construtor do progresso e do bem-estar geral. 
O médico, no contacto com o sofrimento e a enfermidade, na cirurgia ou 
na clínica, ampliará sempre os seus conhecimentos, com vistas à experiência 
no tempo. E, se honesto e bom, conquistará o respeito do meio onde vive. 
O artífice, seja ele mecânico ou carpinteiro, sapateiro ou alfaiate, no 
humilde labor diuturno, estudando e aprendendo, adquirirá os recursos da 
técnica especializada, que o tornarão elemento valioso e indispensável no 
ambiente onde a Divina Bondade o situou. 
O advogado, no trato incessante com as leis, identificando-se com a 
hermenêutica do Direito, compulsando clássicos e modernos, abrirá ao 
próprio Espírito perspectivas sublimes “para o ingresso à Magistratura respei-
tável, em cujo Templo, pela aplicação dos corretivos legais, cooperará, 
eficientemente, com o Senhor da Vida na implantação da Justiça e na 
sustentação da ordem jurídica. 
Se esta ânsia evolutiva se compreende nos labores da vida contingente, 
cujas necessidades, em sua maioria, virtualmente desaparecem com a 
cessação da vida orgânica, que dizermos das realizações do Espírito Eterno, 
das lutas e experiências que continuarão além da Morte, para decidirem, 
afinal, no mundo espiritual, da felicidade ou da desventura do ser humano? 
O quadro evolutivo contemporâneo assemelha-se a um cortejo que se 
dirige, simultaneamente, a uma necrópole e a um berçário. 
Vamos sepultar uma civilização poluida e assistir, jubilosos, à alvorada de 
luz de um novo Dia. 
A Humanidade, procurando destruir os grilhões que ainda a vinculam à 
Era da Matéria, na qual predominam os sentimentos inferiorizados, apresenta 
dolorosos sintomas de decomposição, à maneira de um corpo que se esvai, 
lentamente, a fim de, pelo mistério do renascimento, dar vida a outro ser mais 
perfeito e formoso. 
O médium, como criatura que realiza, também, de modo penoso, a sua 
marcha redentora, aspirando a melhorar-se e atingir a vanguarda ascensional, 
ressente-Se, naturalmente, no exercício de sua faculdade, seja ela qual for, 
deste estado de coisas, revelador da ausênciado Evangelho no coração 
humano. 
Os problemas materiais, os instintos ainda falando, bem alto, na intimidade 
do próprio coração, a inclinação ao personalismo e à vaidade, à prepotência e 
ao amor próprio, enfim, a condição ainda deficitária de sua individualidade 
espiritual, concorrem para que o Mais Alto encontre, nesta altura dos tempos, 
forte obstáculo à livre, plena e espontânea manifestação. 
Justo e mesmo necessário será, portanto, que o médium guarde, 
 7 
igualmente, no coração, o desejo de, pelo estudo e pelo trabalho, pelo amor e 
pela meditação, sobrepor-se ao meio ambiente e escalar, com firmeza e 
decisão, os degraus da evolução consciente e definitiva, convertendo-se, 
assim, com redução do tempo, em espiritualizado instrumento das vozes do 
Senhor. 
Esclarecem os instrutores espirituais que é “a mente a base de todos os 
fenômenos mediúnicos”. 
Assimilando, a natureza dos nossos pensamentos, o tipo das nossas 
aspirações e o nosso sistema de vida, a se expressarem através de atos e 
palavras, pensamentos e atitudes, determinarão, sem dúvida, a qualidade dos 
Espíritos que, pela lei das afinidades, serão compelidos a sintonizarem 
conosco nas tarefas cotidianas e, especialmente, nas práticas mediúnicas. 
Não podemos por enquanto, é verdade, desejar uma comunidade 
realmente cristã, onde todos se entendam, pensem no bem, pelo bem vivam e 
pelo bem realizem. 
Seria, extemporaneamente, a Era do Espírito, realização que pertencerá 
aos milênios futuros, quando tivermos a presença do Cristo de Deus no 
próprio coração, convertido em Templo Divino, em condições, por conse-
guinte, de repetirmos, leal e sinceramente, com o grande bandeirante do 
Evangelho: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim.” - 
Todavia, se é impossível, por agora, a cristianização coletiva da 
Humanidade do nosso pequenino orbe, Jesus continua falando ao nosso 
coração, em silêncio, desde o suave episódio da Manjedoura, quando 
acendeu, nas palhas do estábulo de Belém, a luz da humana redenção. 
Cada um de nós terá de construir a própria edificação. 
Esta transição inevitável, da Era da Matéria para a Era do Espírito, pode 
começar a ser efetivada, humildemente, silenciosamente, perseverantemente, 
no mundo interior de cada criatura. 
Comecemos, desde já, o processo de auto-transformação. 
Este processo renovativo se verificará, indubitávelmente, na base da troca 
ou substituição de sentimentos. 
Modifiquemos os hábitos, aprimoremos os sentimentos, melhoremos o 
vocabulário, purifiquemos os olhos, exerçamos a fraternidade, amemos e 
sirvamos, estudemos e aprendamos incessantemente. 
Temos que deixar os milenários hábitos que nos cristalizaram os corações, 
como abandonamos a roupa velha ou o calçado imprestável, que não mais 
satisfazem os imperativos da decência e da higiene. 
A fim de melhor entendermos a base de tais substituições, 
exemplifiquemos: 
ERA DA MATÉRIA = {Ignorância = {questões materiais, questões espirituais. 
{Opressão = {espiritual, material. {Instintos = {animalidade, ambição. 
ERA DO ESPÍRITO = {Conhecimento = {sabedoria humana, sabedoria 
espiritual. {Fraternidade = {material, espiritual. Renovação = {moralidade, 
altruísmo. 
Vamos sair de uma para outra fase da evolução planetária, impondo-se, 
portanto, a renovação dos sentimentos. Numa figura mais simples: a 
substituição do que é ruim, pelo que é bom, do que é negativo, pelo que é 
 8 
positivo, do que degrada, pelo que diviniza. 
Antigamente, em época mais recuada, homens e grupos se 
caracterizavam, total e expressamente, pela ignorância de assuntos espirituais 
e materiais, pela opressão — material e espiritual — uns sobre os outros, o 
mais forte sobre o mais fraco e, finalmente, pela absoluta predominância dos 
instintos. 
Oprimia-se moral, econômica e espiritualmente. Sacrificava-se, inclusive, o 
irmão, em nome do Divino Poder. 
O primado da Matéria abrangia todas as formas de vida. 
Na fase de transição em que vivemos, tendemos, sem dúvida, para a 
espiritualização. 
Substituiremos as velhas fórmulas da ignorância, da opressão política ou 
religiosa, moral ou econômica, pelas elevadas noções de fraternidade do 
Cristianismo. 
 Os instintos inferiorizados cederão lugar, vencidos e humilhados, aos 
eternos valores do Espírito Imortal! 
Como decorrência natural de tais substituições, a mediunidade, 
igualmente, sublimar-se-à. 
Elevar-se-ão as práticas mediúnicas, porque Espíritos Sublimados 
sintonizarão com os medianeiros, em definitivo e maravilhoso Pentecostes de 
Amor e Sabedoria, exaltando a Paz e a Luz. 
Quando o conhecimento dos problemas humanos, em seu duplo aspecto 
— material e espiritual, tornar-se uma realidade em nosso coração, a 
fenomenologia mediúnica se enriquecerá de novas e incomparáveis 
expressões de nobreza. 
Quando a Fraternidade que ajuda e socorre, que perdoa e consola, 
substituir a Opressão, que sufoca e constrange, os médiuns serão, na 
paisagem terrestre, legítimos transformadores de luz espiritual. 
O homem será irmão de seu irmão, sua vida será sublime apostolado de 
ternura e cooperação e o seu verbo a mais encantadora e harmoniosa 
sinfonia. 
Quando nos moralizarmos e nos tornarmos realmente altruístas, 
superando a animalidade primitivista e a ambição desmedida, nos 
converteremos em pontes luminosas, através das quais o Céu se ligará à 
Terra. 
Se desejamos sublimar as nossas faculdades mediúnicas, temos que nos 
educar, transformando o coração em Altar de Fraternidade, onde se abriguem 
todos os necessitados do caminho. 
A Era da Matéria exige-nos conquistas exteriores, ganhos fáceis, prazeres 
e futilidades, considerações e honrarias. É o imediatismo, convocando-nos à 
preguiça e à estagnação, ao abismo e ao sofrimento. 
A Era do Espírito pede-nos a conquista de nós mesmos, luta incessante, 
trabalho e responsabilidades. É o futuro, acenando-nos com as suas mãos de 
luz para a realização de nossos alevantados destinos. 
O médium que, intrinsecamente, vive os fatores negativos da Era da 
Matéria, é operário negligente, cuja ferramenta se enferrujará, será destruída 
pelas traças ou roubada pelos ladrões, consoante a advertência do 
 9 
Evangelho. 
Será, apenas, simples produtor de fenômeno. 
O médium, entretanto, que vigia a própria vida, disciplina as emoções, 
cultiva as virtudes cristãs e oferece ao Senhor, multiplicados, os talentos que 
por empréstimo lhe foram confiados, estará, no silêncio de suas dores e de 
seus sacrifícios, preparando o seu caminho de elevação para o Céu. 
Estará, sem dúvida, exercendo a “mediunidade com Jesus”... 
 10 
2 
Espiritismo e Mediunidade 
 
 Que devemos buscar na Mediunidade? 
 Como devemos considerar os Médiuns? 
 Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo? 
 Essas três singelas perguntas constituem o esboço do presente capítulo. 
 Em que pese ao extraordinário progresso do Espiritismo, neste seu 
primeiro século de existência codificada, qualquer observador notará que os 
seus variegados ângulos ainda não foram integralmente apreendidos, in-
clusive por companheiros a ele já filiados. 
 Muitas criaturas, almas generosas e simples, ainda não sabem o que 
devem e podem buscar na mediunidade. 
 Outras, guardam um conceito errôneo e perigoso, com relação aos 
médiuns, situando-os, indevidamente, na posição de santos ou iluminados. 
 Em resumo, ainda não sabemos, evidentemente, o que o Espiritismo e a 
prática mediúnica nos podem oferecer. 
 Há quem deseje, irrefletidamente, buscar nos serviços de intercâmbio 
entre os dois planos a satisfação de seus interesses imediatistas, relacionados 
com a vida terrena, como existem os que, endeusando os médiuns, 
ameaçam-lhes a estabilidade espiritual, com sérios riscos para o Homem e 
para a Causa. 
 O Espiritismo não responde por isso. 
 Nem os Espíritos Superiores. 
 Nem os Espíritosmais esclarecidos. 
 Allan Kardec foi, no dizer de Flammarion, “o bom senso encarnado”, O 
Espiritismo, cuja codificação no plano físico coube ao sábio francês, teria de 
ser, também, a Doutrina do bom-senso e da lógica, do equilíbrio e da 
sensatez. 
 Ele permanecerá como imponente marco de luz, por muitos séculos, 
aclarando o entendimento de quantos lhe busquem por manancial de 
esclarecimento e consolação. 
 Ao invés de cogitar apenas dos problemas materiais, para cuja solução 
existem, no mundo, numerosas instituições especializadas, cogita o 
Espiritismo de fixar o roteiro do nosso reajustamento para a Vida Superior. 
 Reajustamento assim especificado: 
 a) - Moral 
 b)— Espiritual 
 c) — Intelectual 
 E na definição de André Luiz, “revelação divina para renovação 
fundamental dos homens”. 
 Quem se alista nas fileiras do Espiritismo é compelido, naturalmente, a 
iniciar o processo de sua própria transformação moral. 
 Não quer mais ser violento ou grosseiro, maledicente ou ingrato, leviano 
ou infiel. 
 Deseja, embora tateante, em vista das solicitações inferiores que 
 11 
decorrem, inevitavelmente, do nosso aprisionamento às formas primitivistas 
evolucionais, subir, devagarinho, os penosos degraus do aperfeiçoamento es-
piritual, integrando-se, para isso, no trabalho em favor de si mesmo e dos 
outros. 
 O Espírita esclarecido considerará o médium como1 um companheiro 
comum, portador das mesmas responsabilidades e fraquezas que igualmente 
nos afligem. 
 Alma humana, falível e pecadora, necessitada de 
compreensão. 
 Não o tomará por adivinho, oráculo ou revelador de notícias inadequadas. 
 Assim sendo, ajudá-lo-á no desempenho dos seus deveres, evitando o 
elogio que inutiliza as mais belas florações mediúnicas, para estimulá-lo e 
ampará-lo com a palavra amiga e sincera. 
 Todo Espírita ganharia muito se lesse, meditando, o capítulo História de 
um Médium, do livro “Novas Mensagens”, do Espírito de Humberto de 
Campos. 
 Como descansariam os médiuns do assédio impiedoso que lhes movem 
alguns companheiros, deixando-os, assim, livres e desimpedidos para a 
realização de suas nobres tarefas? 
 O Espiritista sincero irá compreendendo, pouco a pouco, que o 
Espiritismo e o Mediunismo lhe podem oferecer ensejo para o sublime 
“reencontro com o pensamento puro do Cristo, auxiliando-nos a compreensão 
para mais amplo discernimento da verdade”. 
 E, através dessa compreensão, saberá reverenciar “o Espiritismo e a 
Mediunidade como dois altares vivos no templo da fé, através dos quais 
contemplaremos, de mais alto, a esfera das cogitações propriamente terres-
tres, compreendendo, por fim, que a glória reservada ao espírito humano é 
sublime e infinita, no Reino Divino do Universo”. 
 Com esta superior noção das finalidades da Doutrina Espírita, não mais se 
farão ouvir, proferidas por companheiros nossos, as três perguntas com que 
abrimos o presente capítulo: 
 Que devemos buscar na mediunidade? 
 Como devemos considerar os médiuns? 
 Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo? 
 12 
3 
Problemas mentais 
 
Iniciaremos o presente capítulo, recordando a assertiva do instrutor Albério 
de que «a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos». 
Assim sendo, evidencia-se e se avulta, sobremodo, a responsabilidade de 
todos nós, especialmente dos médiuns, nos labores evolutivos de cada dia. 
Estudemos, com simplicidade e clareza, o problema mental. 
Assim como a ingestão de certos alimentos ou de bebidas alcoólicas 
ocasiona, fatalmente, a modificação do nosso hálito, alcançando o olfato das 
pessoas que próximas estiverem, do mesmo modo os nossos pensamentos 
criam o fenômeno psíquico do «hálito mentalx, equivalente à natureza das 
forças que emitimos ou assimilamos. Teremos, então, um «hálito mental» 
desagradável e nocivo ou agradável e benéfico. 
O hálito bucal será determinado pelo tipo de alimentação ou de bebida 
que ingerirmos. 
O “hálito mental” será, a seu turno, determinado pelo tipo dos nossos 
pensamentos. 
O nosso ambiente psíquico será, assim, inexoràvelmente determinado 
pelas forças mentais que projetamos através do pensamento, da palavra, da 
atitude, do ideal que esposamos. 
O ambiente psíquico de uma pessoa, de maus hábitos ou de hábitos 
salutares, será notado, sentido pelos Espíritos e pelos encarnados, quando 
dotados de vidência ou forem sensitivos. 
Ao nos aproximarmos de pessoa encolerizada, ou que conduza no 
coração, mesmo em silêncio, aflitivas preocupações, notaremos o seu hálito 
mental», do mesmo modo que notaremos o «hálito bucal» de quem tomou um 
copo de vinho ou mastigou uma cebola. 
 
* 
 
As idéias são criações do nosso Espírito. 
Criações incessantes, ininterruptas, que se projetam no Espaço e no 
Tempo, adquirindo forma, movimento, direção e tonalidades equivalentes à 
natureza, superior ou inferior, das idéias criadas. 
Um pensamento, que expresse desejos ou objetivos, veiculado 
poderosamente por nosso Espírito, poderá até ser fotografado. 
Poderá, inclusive, ser visto pelos médiuns videntes ou percebido pelos 
médiuns sensitivos. 
O nosso campo mental é, pois, inteiramente devassável pelos Espíritos e 
até pelos encarnados. 
Considerando, por oportuna, a observação de Paulo de Tarso de que 
«estamos cercados por uma nuvem de testemunhas», somos compelidos a 
medir e pensar, na balança consciencial, as sérias responsabilidades que de-
correm do conhecimento que já temos de tais verdades. Isso porque tais 
criações determinarão, inevitavelmente, o tipo e o caráter de nossas 
 13 
companhias espirituais, em virtude das vibrações compensadas. 
Uma mente invigilante atrairá entidades infelizes, vampirizadoras, porque 
certos Espíritos profundamente materializados, arraigados, ainda, às paíxões 
inferiores, nutrem-se, alimentam-se dessas substâncias produzidas pela 
mente irresponsável ou deseducada. 
Ser médium é algo de sublime, determinando tàcitamente o imperativo da 
realização interior, a necessidade de o indivíduo conquistar a si mesmo pela 
superação das qualidades negativas. 
Ser médium é investir-se a criatura de sagrada responsabilidade perante 
Deus e a própria consciência, uma vez que é ser intérprete do pensamento 
das esferas espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra. 
Convenhamos que será muito difícil aos Mensageiros Celestes utilizarem-
se, de modo permanente, de companheiros encarnados sem a mais leve 
noção de responsabilidade, negligentes no cumprimento dos deveres morais, 
impontuais, inteiramente alheios ao imperativo da própria renovação para o 
Bem, ou, ainda, inclinados à exploração inferior. 
A este respeito, ouçamos a palavra de Emmanuel: 
“O perfume conservado no frasco de cristal puro não será o mesmo, 
quando transportado num vaso guarnecido de lodo.” 
Poderão os Bons Espíritos, reconheçamos, comunicar-se algumas vezes. 
Poderão transpor barreiras vibratórias e superar obstáculos da mente 
irresponsável, para estender benefícios aos estropiados do caminho. 
Poderão, ainda, extrair notas harmoniosas de mal cuidado instrumento, 
exaltando, assim, o Poder e a Glória, o Amor e a Sabedoria do Senhor da 
Vida. 
Todavia, cumpre-nos admitir, dificilmente tornarão eles, os Grandes 
Instrutores, por medianeiro definitivo para as grandes realizações do Cristo o 
médium que vê, apenas, na sua faculdade, espetaculoso meio de produzir 
fenômenos, sem finalidade educativa para si e para os outros. 
A discriminação e importância do problema mental poderão, talvez, ser 
melhor entendidas mediante o gráfico organizado para o estudo e análise do 
tema “criações mentais”: 
MENTE — Base de todos os fenômenos mediúnicos = Hálito Mental {Emissão 
de forças determinadoras do nosso ambiente psíquico. {Idéia = {“Ser” 
organizado pelo nosso Espírito. ={Pensamento (forma) Vontade (movimento e 
direção). {Criação, Alimento e Destruição = {de Formas, Situações, Coisas, 
Paisagens. = {Sublimação do pensamento incorporando tesouros morais e 
culturais. 
 Segundo depreendemos do diagrama acima, adaptado de acordo com 
os conceitos e esclarecimentos do instrutor Albério, o nosso Espírito tem a 
propriedade de criar formas, situações, coisas e paisagens, sendo-nos 
facultado, portanto, influenciar, benéfica ou maléficamente, a nós e aos outros. 
Tem o nosso Espírito não apenas a faculdade de realizar tais criações. 
Tem-na também para dar-lhes vida ou destruí-las. 
Os chamados “clichês astrais”, referidos pelos estudiosos da Ciência 
Espírita, abonam esta informação. 
Cenas violentas, tais como assassínios etc., poderão permanecer durante 
 14 
longos anos no cenário da luta, até enquanto as suas personagens lhes derem 
vida, pela projeção mental. 
O ruído dessas lutas pode ser ouvido pelos médiuns audientes. 
Quando a luz do esclarecimento felicitar o coração dos protagonistas, os 
tais clichês astrais, desaparecerão. Deixarão de existir, serão destruidos, 
porque cessaram as energias que lhes davam vida. 
O médium não-evangelizado, irresponsável, será, via de regra, um 
permanente criador de imagens deprimentes, a constituírem verdadeira (ponte 
magnética), pela qual terão acesso as entidades perturbadoras. 
A prática do Evangelho e o conhecimento da Doutrina Espírita, pura e 
simples, sem qualquer formalidade, sem exorcismos ou aparatos, sem 
coadjuvantes físicos de qualquer espécie, serão recursos salutares que, ins-
truindo o médium e estendendo-lhe ao coração as noções de fraternidade, 
transformar-lhe-ão o ambiente psíquico, assegurando-lhe. em caráter 
definitivo, uma série de vantagens, tais como: 
a) — Paz interior. 
b) — Valiosas amizades espirituais. 
c) — Defesa contra a incursão de entidades da sombra. 
d) — Crédito de confiança dos Espíritos Superiores. 
e) — Iluminação própria. 
f) — Outorga de tarefas de maior valia no serviço do Senhor. 
Sim, outorga de novos encargos no campo do mediunismo edificante. 
Ouçamos, mais uma vez, o pensamento de Emmanuel: 
«O sábio não poderá tomar uma criança para confidente, embora a 
criança, invariàvelmente, detenha consigo tesouros de pureza e simplicidade 
que o sábio desconhece.” 
Referindo-se, ainda, à necessidade de o médium estudar e devotar-se ao 
bem, assegura também o respeitável Espírito: 
«A ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos fenômenos, mas só a 
noção de responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de 
todos, a bondade e o conhecimento conseguem materializar na Terra os 
monumentos definitivos da felicidade humana.) 
Quando o médium se despoja de tudo quanto representa 
irresponsabilidade, o seu ambiente psíquico se consolida. 
O seu hálito mental se exterioriza mediante expressões edificantes e com 
tonalidades maravilhosas. 
É, como, segundo a afirmativa do Divino Amigo, “àquele que mais tem, 
mais lhe será dado”, o médium sincero e de boa vontade, mesmo que tenha 
pouca instrução, conseguirá, sem dúvida, iluminado pela fé e pelo amor, 
sublimar os pensamentos, enriquecendo a mente de tesouros morais e 
culturais, convertendo-se, por fim, num medianeiro cristão para o serviço de 
intercâmbio com o Plano Superior. 
 
* 
 
Um Espírito inclinado à perversidade ou à turbulência, incorporando-se 
num médium espiritualizado, não resistirá ao suave, amoroso e fraterno 
 15 
envolvimento fluídico resultante do próprio estado psíquico do medianeiro, 
circunstância que, aliada à colaboração amiga do dirigente dos trabalhos e ao 
socorro dos protetores, facilitará a execução das reais finalidades do serviço 
mediúnico: levar, ao coração endurecido ou sofredor, o orvalho da bondade e 
da compreensão. 
Quem ama, irradia forças benéficas e irresistíveis, em torno de si, 
envolvendo, salutarmente, os que dele se acham próximos. 
O episódio do lobo de Gúbio, com Francisco de Assis, é expressivo. 
Demonstra como a violência e a agressividade se estiolam, inermes, 
diante do incoercível e ilimitado poder do Amor. 
A faculdade de, pelo pensamento, criarmos idéias e de, pela vontade, 
imprimirmos movimento e direção a tais idéias, abre prodigioso campo de 
fraternas realizações para a alma humana, encarnada ou desencarnada. 
 Com o Evangelho no coração e a Doutrina Espírita no entendimento 
poderemos, sem dúvida, promover o bem-estar, físico e psíquico, de quantos, 
realmente interessados na própria renovação, se tornarem objeto das nossas 
criações mentais. 
 E o que será não menos importante e fundamental: consolidaremos o 
próprio equilíbrio interior, correspondendo, assim, à confiança daqueles que, 
na Espiritualidade Mais Alta, aguardam a migalha da nossa boa vontade. 
 16 
4 
Vibrações compensadas 
 
 O capítulo nº 1, do livro que estamos estudando, possibilitou-nos a 
organização de três gráficos, dois deles já expostos e analisados, com a 
possível simplicidade, nos capítulos precedentes. 
 Apresentamos, pois, o terceiro, mediante o qual tentaremos apreciar o 
problema da «sintonia», da “ressonância”, ou das «vibrações compensadas». 
 Sintonia significa, em definição mais ampla, entendimento, harmonia, 
compreensão, ressonância ou equivalência. 
 Quando dizemos que «Fulano sintoniza com Beltrano», referimo-nos, sem 
dúvida, ao perfeito entendimento entre ambos existente. 
 Sintonia é, portanto, um fenômeno de harmonia psíquica, funcionando, 
naturalmente, à base de vibrações. 
 Duas pessoas sintonizadas estarão, evidentemente, com as mentes 
perfeitamente entrosadas, havendo, entre elas, uma ponte magnética a 
vinculá-las, imantando-as profundamente. 
 Estarão respirando na mesma faixa, intimamente associadas. 
 Estudemos o assunto à luz do seguinte diagrama: 
SINTONIA, RESSONÂNCIA, VIBRAÇÕES COMPENSADAS = {Sábios = {ideais 
superiores, assuntos transcendentes = {ciência, filosofia, religião, etc. {Índios 
= {Objetivos vulgares, assuntos triviais. = {caça, pesca, lutas, presentes, etc. 
{Árvores = {Maior vitalidade, melhor produção. = {Permuta dos princípios 
germinativos quando colocadas entre companheiras da mesma espécie. 
Pelo exame desse gráfico, notaremos que tudo dentro do Universo, por 
conseguinte dentro do nosso orbe, funciona e movimenta-se na base da 
sintonia, ou seja, da mútua compreensão. 
Exemplifiquemos: o sábio, de modo geral, não se detém, indefinidamente, 
para trocar idéias sobre assuntos transcendentes com o homem rude do 
campo, nada familiarizado com questões científicas ou artísticas, que 
demandam longos estudos. 
Seria rematada tolice afirmar-se que o astrônomo, o físico, o jurisconsulto, 
o matemático, o biologista ou o cientista consagrado a problemas atômicos 
possam encontrar, no índio ou no homem inculto, elemento ideal para as suas 
tertúlias. Os seus companheiros de palestras serão, sem dúvida, outros 
sábios. 
A seu turno, o silvícola das margens de Kuluene preferirá, sem dúvida, 
entender-se e confabular com os companheiros de taba que lhe falam da 
pesca ou da caça, das próximas incursões ao acampamento inimigo ou de 
espelhos, facões e ornamentos que as expedições civilizadoras possam levar-
lhe aos domínios. 
O assunto foi aclarado pelo instrutor Albério, no capítulo Estudando a 
Mediunidade. 
Neste capítulo, procuramos, apenas, torná-lo ainda mais compreensível ao 
entendimento geral, extraindo, por fim, as conclusões de ordem moral 
cabíveis, considerando a finalidade sobretudo evangélica do presente 
 17 
trabalho. 
Esclarece, o referido instrutor, que as próprias árvores não prescindem do 
fator sintonia. 
Serão dotadas de maior vitalidade e produzirão mais, se colocadas ao 
lado de companheiras da mesma espécie. Exemplo: Plantando-se laranjas 
entre abacaxis ou jaboticabas, as laranjeiras produzirão menos do que se aplantação fosse só de sementes de laranja, formando um laranjal. 
A permuta dos princípios germinativos assegura-lhes robustez e verdor, 
garantindo-lhes, consequentemente, frutificação mais abundante. 
Como notamos, o problema da sintonia não está ausente das próprias 
relações no reino vegetal. 
Uma árvore precisa de outra ao lado, da mesma espécie, para que 
ambas, reciprocamente alimentadas, se cubram de folhas viçosas e flores 
mais belas e, dentro da função que lhes é própria, embelezem a Natureza, 
enriqueçam e nutram o homem. 
Acentuando tal fato, o irmão Albério, prelecionando magistralmente, 
recorre, com sabedoria, à mecânica celeste, para demonstrar que idênticos 
princípios magnéticos regem também as relações do mundo cósmico, sem 
dúvida não apenas na órbita planetária terrestre, mas noutros planos, mais ou 
menos evolvidos. 
Vamos dar a palavra ao esclarecido mentor: 
“Cada planeta revoluciona na órbita que lhe éassinalada pelas leis do 
equilíbrio, sem ultrapassar as linhas de gravitação que lhe dizem respeito.” 
Demonstrado, assim, de forma irretorquível, que em tudo funcionam e 
operam, invariàvelmente, o fator «Sintonia e o elemento (ressonância), 
recordemos, ainda com o instrutor Albério, o aspecto de maior relevância, 
consubstanciado na interdependência entre as almas, encarnadas ou 
desencarnadas, no tocante ao problema evolutivo. 
Há grupos de Espíritos, ou consciências, evoluindo simultaneamente. 
Alimentam-se reciprocamente. 
Nutrem-se mutuamente. 
Fortalecem-se uns aos outros, em verdadeira «compensação vibratória». 
As vezes, tais Espíritos se vêem privados da indescritível felicidade de 
prosseguirem, juntos, a mesma marcha, por desídia de alguns. 
É que os preguiçosos vão ficando para trás, à maneira de alunos pouco 
aplicados, que perdem de vista, por culpa própria, os estudiosos. 
Não podem acompanhar aqueles que, em virtude de notas distintas e 
merecidas, nos exames finais, são naturalmente transferidos para cursos mais 
adiantados. 
Bem sabemos que a Terra é o Grande Educandário. É bem verdade que, 
quando há muito amor no coração dos que progrediram mais ràpidamente, 
embora recebessem as mesmas aulas e estivessem submetidos à mesma 
disciplina, o espírito de abnegação e renúncia fá-los retroceder, em tarefas 
sacrificiais, a fim de estenderem as mãos, plenas de luz, às almas queridas 
que, invigilantes, se perderam nos escuros labirintos da indolência. 
Esperar, todavia, cômodamente, tal amparo, ao preço de tremendos 
sacrifícios dos mensageiros do bem, seria reprovável conduta. 
 18 
A Doutrina Espírita, exaltando o esforço próprio, dignifica a pessoa 
humana. Converte-a num ser responsável e consciente que, esclarecendo-se, 
deseja e procura movimentar, sob a égide santa e abençoada do Senhor da 
Vida, as próprias energias, os próprios recursos evolutivos latentes no Íntimo 
de todo ser humano. 
Em virtude de impositivos superiores, a que não conseguem fugir, muitos 
instrutores espirituais se vêem compelidos a abandonar, temporariamente ou 
em definitivo, os seus tutelados, especialmente os que imprimiram à própria 
vida, nos labores renovativos, o selo da irresponsabilidade e da má vontade, 
em lastimável desapreço aos talentos que Jesus lhes confiara. 
Os médiuns, portanto, que desejam, sinceramente, enriquecer o coração 
com os tesouros da fé, a fim de ampliarem os recursos de servir ao Mestre na 
Seara do Bem, não podem nem devem perder de vista o fator «auto-
aperfeiçoamento». 
Não devem perder de vista os estudos doutrinários, base do seu 
esclarecimento. 
Não podem, de forma alguma, deixar de nutrir-se com o alimento 
evangélico, tornando-se humildes e bons, devotados e convictos, a fixa de 
que os modestos encargos mediúnicos de hoje sejam, amanhã, transformados 
em sublimes e redentoras tarefas, sob o augusto patrocínio do Divino Mestre, 
que nos afirmou ser o pão da vida» e a «luz do mundo». 
Abnegação e perseverança, no trabalho mediúnico, mantêm o servidor em 
condições de sintonizar, de modo permanente, com os Espíritos Superiores, 
permutando, assim, com as forças do Bem as divinas vibrações do amor e da 
sabedoria. 
Estabelecida, pois, esta comunhão do medianeiro com os prepostos do 
Senhor, a prática mediúnica se constituirá, com reais benefícios para o 
médium e o agrupamento onde serve, legítima sementeira de fraternidade e 
socorro. 
 19 
5 
O Psicoscópio 
 
A partir do presente capítulo, e após o notável estudo do instrutor Albério, 
assumirá o Assistente Áulus o comando dos nossos comentários sobre a 
mediunidade. 
Através do verbo bondoso e sábio desse Espírito, perlustraremos os 
maravilhosos e complexos caminhos do mediunismo, aprendendo com ele 
muita coisa que os clássicos não podiam mencionar no século 19, tendo em 
vista a imaturação do espírito humano para tais problemas. 
Aliás, o que dá sentido de eternidade à Doutrina Espírita é, exatamente, 
esse caráter progressivo, assegurando a continuidade das notícias do 
Espaço, dando expansibilidade à Codificação, desdobrando-a em nuances 
cada vez mais belas e empolgantes e, para júbilo de todos nós, 
enriquecendo-a com novos e magníficos conhecimentos da vida no Além-
Túmulo. 
Tivesse a Doutrina parado com os livros básicos, sem esta 
complementação magnificente. o seu destino seria, inevitàvelmente, o destino 
de tantas doutrinas que floresceram, tiveram o seu período áureo, mas que, 
por se cristalizarem, ficaram sepultadas no sarcófago do esquecimento. 
O Espiritismo, pelo seu conteúdo evolutivo e universal, é um movimento 
em marcha, para a frente e para o alto. 
É um sol que busca o zênite de seus gloriosos objetivos de Consolador 
anunciado e prometido pelo Divino Amigo. 
Dele, foi dita a primeira palavra e jamais se dirá a última, afirmou, 
incisivamente. Allan Kardec. 
Abençoado seja, nas resplandecentes esferas, o valoroso missionário que 
estruturou o Espiritismo, deu-lhe bases inamovíveis, deixando-lhe, todavia, as 
mais positivas, ricas e sublimes perspectivas de engrandecimento, de 
desenvolvimento e de expansibilidade ilimitada, no Tempo e no Espaço. 
 
* 
 
Definindo o psicoscópio, o Assistente Áulus informa que 
«é um aparelho a que intuitivamente se referiu ilustre estudioso da 
fenomenologia espirítica, em fins do século passado. Destina-se à 
auscultação da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações e com ca-
pacidade para efetuar diversas observações da matéria. » 
O cientista a que Áulus se refere foi Alfred Erny, na sua obra «O Psiquismo 
Experimental». 
Segundo verificamos, tem o psicoscópio a propriedade de definir as 
vibrações de encarnados e desencarnados, cumprindo-nos, atentos aos 
objetivos deste livro, ressaltar a faculdade de esse aparelho espiritual, devi-
damente armado num grupo mediúnico, caracterizar os mais íntimos 
sentimentos dos presentes, tais como: 
a) — Moralidade 
 20 
 b) — Bondade 
c) — Perversidade 
d) — Falta de confiança 
e) — Curiosidade 
f) — Irresponsabilidade 
g) — Interesses inferiorizados 
O psicoscópio tem, no plano espiritual, por analogia, a mesma função que 
têm, na Terra, o magnetômetro, aparelho inventado pelo abade Fortin para 
medir a intensidade do fluido magnético, o estetoscópio, os Raios 10º, o 
eletrocardiógrafo, o eletrencefalógrafo, etc., na medicina terrestre. 
O estado orgânico do enfermo é perscrutado pelo clínico ou pelo 
radiologista, mediante a aplicação do instrumento apropriado. 
Utilizando os aparelhos acima, conhecerá o médico a «intimidade física 
do cliente”. 
Saberá se o coração vai normal, se os pulmões passam bem, se o 
aparelho cerebral vai sem alterações. 
Tais aparelhos, indiscretos, são, em síntese, os desvendadores dos 
segredos internos do corpo humano. 
Muita vez, aquilo que o doente não desejava saber, por medo da verdade, 
ou preferiria que os demais ignorassem, é revelado por esses e outros 
aparelhos. 
O psicoscópio desempenha, sobo ponto de vista espiritual, esta mesma 
função; descobre e revela, aos benfeitores espirituais, o que os médiuns 
ocultam ao dirigente dos trabalhos e o que o dirigente oculta aos médiuns. 
Sem dúvida, este fato sublima o serviço mediúnico, acentuando o senso 
de responsabilidade que deve orientar esse abençoado campo de atividade. 
Cumpre-nos, entretanto, frisar que tal providência, analisadora dos 
sentimentos individuais, não se efetiva, pelos amigos espirituais, à guisa de 
simples curiosidade ou diletantismo. Longe disto. O mais fervoroso sentimento 
de compreensão e bondade preside a tais verificações, cuja utilidade 
apreciaremos nas linhas seguintes. 
Os instrutores operam com absoluta ausência de qualquer pensamento 
descaridoso ou humilhante, não só com relação aos encarnados, como para 
com os desencarnados. 
Ouçamos, a este respeito, a palavra do Assistente Áulus: 
«Em nosso esforço de supervisão, podemos classificar sem dificuldade, 
(com o psicoscópio) as persperctivas desse ou daquele agrupamento de 
serviços psíquicos que aparecem no mundo. Analisando a psicoscopia de 
uma personalidade ou de uma equipe de trabalhadores é possível anotar-lhes 
as possibilidades e categorizar-lhes a situação. Segundo as radiações que 
projetam, planejamos a obra que podem realizar no Tempo. » 
Esta declaração do Mentor Espiritual é de suma importância para os 
agrupamentos mediúnicos que desejam, efetivamente, trabalhar «sob 
planejamento do Alto», assistidos e orientados por instrutores que, anotando-
lhes as possibilidades, programarão tarefas a serem executadas junto aos 
necessitados, «vivos» ou «mortos». 
Um grupo mediúnico que funciona na base da irresponsabilidade e da 
 21 
desconfiança, da negligência ou da má vontade, sem que os seus 
componentes estejam efetivamente entrelaçados pela mais santa fraternidade 
e pelos mais elevados propósitos, um grupo desse tipo, analisado 
«psicoscopicamente pelos Mentores, ficará, sem dúvida, à mercê dos 
interesses que norteiam a sua existência e o seu funcionamento, 
possivelmente dirigidos por infelizes entidades. 
Entre companheiros invigilantes e entidades menos esclarecidas se 
estabelecerá, inevitavelmente, a sintonização vibratória de que foram objeto 
as páginas precedentes. 
Os instrutores espirituais compreenderão, compadecidos, que naquele 
agrupamento não adiantará o concurso elevado, porque se acham ausentes 
os requisitos fundamentais que justificam a colaboração do Mais Alto: 
boa vontade, confiança e sinceridade de propósitos! 
Que poderão os Benfeitores Espirituais «planejar» para semelhante 
núcleo, se os interesses menos dignos predominam, com absoluto descaso 
pelo bem do próximo, embora, via de regra, a palavra «caridade» seja 
pronunciada, pomposamente, à maneira do sino que tine?... 
O oposto sucede quando, pondo o psicoscópio a funcionar num grupo 
humilde e sincero, as radiações dos seus integrantes falam, através da 
inconfundível linguagem dos sentimentos, expressos em forma de vibrações, 
de operosidade e devotamento, de confiança e união espiritual. 
Neste caso — afirmemos em alto e bom som — os instrutores espirituais 
organizarão a ficha psicoscópica do grupo, a fim de que um programa de 
santificantes realizações lhe seja cometido. 
Qualquer um de nós, militantes espíritas, terá observado, aqui ou alhures, 
que certos grupos mediúnicos não progridem. Porque será? 
Não se encontrará, porventura, nas considerações em torno do 
psicoscópio, a resposta, lógica e racional, para tal indagação? 
O bom senso nos diz que muitos grupos funcionam sem programa 
edificante. 
Fazem-se sessões, simplesmente por fazer. 
Grupo mediúnico que funciona sem orientação cristã, evangélica, sem 
cogitar do fundamental problema da elevação moral de todos, melhor seria 
que cerrasse as suas portas, porque, assim fazendo, cerrá-las-ia, também, às 
forças da sombra. 
Mediunismo é, sem dúvida, atividade sagrada. 
Por ele é que vem a Revelação, que é a palavra de Deus para os homens. 
Pelos condutos mediúnicos, através da inspiração ou da escrita, é que o 
Céu tem enviado à Terra, em todos os tempos e lugares, abundantes jorros de 
luz e consolação. 
Os centros espíritas bem orientados não devem ensarilhar armas no 
esforço de recomendar sessões reservadas, de amparo aos sofredores, a fim 
de que as tarefas mediúnicas cumpram sua legítima finalidade. 
Parece que as recomendações do Codificador, neste sentido, foram 
esquecidas. 
As advertências de Léon Denis permanecem, também, lastimavelmente 
olvidadas. 
 22 
Acreditamos que o livro «Nos Domínios da Mediunidade» tenha sido 
compreendido e que, em resultado de sua leitura e análise, possam as 
agremiações espíritas traçar elevadas diretrizes para os seus misteres mediú-
nicos, congregando senhoras e senhores de boa vontade, sinceros e 
estudiosos, para comporem seus núcleos de amparo aos sofredores. 
Não é demasiado tarde para darmos e fazermos o melhor, em nossas 
atividades no setor mediúnico. 
Será este o meio de a Espiritualidade, examinando os sentimentos e as 
intenções dos trabalhadores desse campo, dispensar-lhes amparo e 
orientação, traçando-lhes programas que atendam, sobretudo, ao elevado 
espírito de fraternidade que presidiu a todos os atos e palavras, pensamentos 
e atitudes de Nosso Senhor Jesus-Cristo — o Médium de Deus. 
 23 
6 
Irmão Raul Silva 
 
“Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.” 
EVANGELHO. 
 
Os estudos de André Luiz e do seu companheiro Hilário, antigos médicos 
na Terra, na última encarnação, sob a supervisão do Assistente Áulus, 
verificam-se em vários grupos de atividade mediúnica, efetivando-se as 
instrutivas e fundamentais observações, de início, num grupo que 
denominaremos, neste livro, de «grupo-básico». 
Os elementos que lhe compõem a «equipagem mediúnica», em número 
de dez — quatro irmãs e seis irmãos — realizam aquilo que poderemos 
classificar de “mediunismo cristão», guardando, todos eles, no Íntimo, elevada 
noção de responsabilidade quanto à nobreza da tarefa que, em conjunto, 
levam a efeito. 
Reproduzamos, aqui, os informes que, à guisa de apresentação, o 
Assistente Áulus forneceu a André Luiz e Hilário, em torno da personalidade 
do diretor, encarnado, dos trabalhos. 
Detendo-se junto ao irmão Raul Silva, «que dirige o núcleo com sincera 
devoção à fraternidade», apresentou: 
«Correto no desempenho dos seus deveres e ardoroso na fé, consegue 
equilibrar o grupo na onda de compreensão e boa vontade, que lhe é 
característica. Pelo amor com que se desincumbe da tarefa, é instrumento fiel 
dos benfeitores desencarnados, que lhe identificam na mente um espelho 
cristalino, retratando-lhes as instruções. » 
As palavras de apresentação do companheiro Raul, dirigente do grupo 
visitado, ensejam significativas apreciações no tocante a determinados 
requisitos que não podem estar ausentes daqueles que se dispõem a presidir 
trabalhos mediúnicos. 
Afirma-se, de modo geral, que Espíritos menos esclarecidos costumam 
acabar com centros espíritas ou agrupamentos mediúnicos, provocando 
confusões, desanimando uns, ou espalhando a cizânia entre outros. 
Ninguém, em sã consciência, negará a evidência desse assédio. 
Efetivamente, os Espíritos têm desmanchado muitos centros e continuarão 
sem dúvida, por muito tempo ainda, obtendo êxito em sua obra 
desagregadora, até que se dê a tais atividades, em toda a sua plenitude, o 
sentido e a feição superiores por que se bate o Espiritismo Cristão, através 
das bem orientadas instituições. 
Enquanto a boa vontade e a correção, o estudo e o amor não forem, 
primacialmente, a mola real de todos os grupos mediúnicos, os Espíritos 
menos esclarecidos encontrarão sempre fácil acesso, eis que a prática me-
diúnica, sem Evangelho sentido e vivido, e sem Doutrina estudada e 
compreendida, constitui porta aberta à infiltração dos desencarnados ainda 
não felicitados pela luz do esclarecimento.Todavia, uma outra verdade se patenteia. E essa verdade precisa de ser 
 24 
focalizada, como advertência fraterna e em nome do imenso amor que 
consagramos àDoutrina Espírita. 
Há, também, os «desmanchadores», encarnados, de centros e de grupos 
espíritas! 
São os dirigentes intratáveis e grosseiros, destituídos, completamente, 
daquele senso psicológico indispensável a quem dirige e, acima de tudo, sem 
possuir aquela abnegação pelo trabalho e aquela bondade sincera para com 
os companheiros que, na posição de médiuns, lhes compartilham as tarefas. 
Há muitos dirigentes de centros, ou mesmo simples cooperadores, que 
ajudam os Espíritos inferiores a encerrar-lhes as atividades, ou, então, a 
estacionarem pelo tempo a fora, numa improdutividade que faz dó. 
São aqueles que nunca têm uma palavra amiga, de reconforto e estímulo 
para os médiuns. 
São aqueles que não possuem elementares recursos de paciência para 
com os sofredores ou endurecidos, trazidos, pelo devotamento dos guias, ao 
serviço de consolação ou esclarecimento, segundo o caso. 
São aqueles que, hiperbólicos e insofreáveis no seu entusiasmo, não 
sabem dosar a palavra incentivadora ao medianeiro iniciante, estiolando, pelo 
elogio indiscriminado e inconseqüente, preciosas faculdades medianímicas. 
São aqueles que mais se parecem com «funcionários de cadastro» das 
organizações do mundo. Indagam, a todo o custo e sem qualquer objetivo 
edificante, o nome do comunicante, onde nasceu e em qual cartório será 
encontrado o seu registro de nascimento; em qual igreja poderá ser 
examinado o batistério, quanto ganhava no último emprego que ocupou na 
Terra e qual o número da Carteira Profissional; o nome da esposa do chefe da 
secção, qual a penúltima cidade onde viveu, nome da rua e a respectiva 
numeração, quem era o vizinho da direita e se o filho mais velho do vizinho da 
esquerda era aplicado nos estudos e se tinha boa caligrafia... 
São esses os “desmanchadores”, encarnados, que colaboram, por falta de 
compreensão dos deveres de fraternidade, preceituados no Evangelho, com 
os desencarnados que, poderosamente organizados no Espaço, assediam os 
núcleos espíritas de esclarecimento. 
Meditemos, todos, na admirável apresentação do dirigente Raul Silva. 
Analisemos, uma a uma, as referências em torno da sua pessoa. 
Devoção à fraternidade, correção no cumprimento dos deveres, 
pontualidade, fé ardorosa, compreensão, boa vontade, equilíbrio, prudência e 
muito amor no coração — eis as apreciáveis qualidades que exornam a sua 
personalidade. 
Simboliza, ele, o trabalhador sincero e bem intencionado. 
Representa, ele, o tipo ideal do dirigente de reuniões mediúnicas ou do 
presidente de instituições espíritas. 
Tomemo-lo, pois, por modelo, afeiçoando, paulatina-mente, a nossa à sua 
conduta evangélica, e veremos, então, fora de qualquer dúvida, o progresso 
cada vez maior dos núcleos que o Senhor Jesus nos confiou ao coração 
necessitado de luz e ascensão. 
Raul Silva é, como acentua o Assistente Áulus, pessoa comum. 
Não é um santo, nem um herói extraordinário, transitando, singularmente, 
 25 
pelo mundo. 
Come, bebe e veste-se normalmente. Na Terra, nos labores de cada dia, 
nenhuma diferenciação apresenta das demais criaturas. 
Esforça-se, contudo, para melhorar-se, a fim de retratar», dos benfeitores 
espirituais, as instruções necessárias ao serviço de amparo aos companheiros 
desencarnados trazidos à incorporação. 
É sincero e ama o seu trabalho. 
Cultiva a bondade com todos, não se enerva e nem se impacienta com 
aqueles que ainda não podem compreender os alevantados objetivos do 
Espiritismo Cristão. 
Procura amar a todos, pequenos e grandes, pobres e ricos, pretos e 
brancos, pela convicção de que não poderá dirigir ou orientar quaisquer 
agrupamentos quem não tiver muito amor para ofertar, desinteressadamente, 
inclusive com o sacrifício próprio, conforme depreendemos das três famosas 
perguntas de Jesus ao velho apóstolo galileu: 
Pedro, tu me amas ? 
E, ante a resposta afirmativa do venerando pescador, recomenda-lhe, 
jubiloso, com a alma inundada de esperança: 
“Se me amas, Pedro, apascenta as minhas ovelhas.” 
Um grupo mediúnico é, em miniatura, um rebanho de ovelhas. 
 Se o dirigente não amar bastante, a fim de «equilibrar o grupo na onda de 
compreensão e boa vontade», nunca poderá apascentá-las, nem conduzi-las 
ao aprisco da paz e do trabalho. 
 Deixá-las-á desamparadas, à mercê dos temporais e das surpresas do 
mundo das sombras. 
 26 
7 
Médiuns 
 
 Focalizando a pessoa de Raul Silva, tecemos considerações de ordem 
moral, relativamente às qualidades que reputamos indispensáveis ao dirigente 
de sessões mediúnicas que deseja tornar-se, de fato, eficiente, com-
preendendo-se, naturalmente, que o vocábulo «eficiente» terá em nossos 
estudos significado diverso do habitualmente conhecido. 
 Eficiente, sob o ponto de vista espiritual, será aquele trabalhador que 
melhor se harmonizar com a Vontade do Pai Celestial. 
 Será aquele que se destacar pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do 
devotamento e da confiança, da boa vontade e da compreensão. 
 Raul Silva é o modelo do eficiente condutor, encarnado, de tarefas 
mediúnicas. 
 A fim de que os estudos se processem numa sequência que facilite a 
consecução de nossos objetivos, qual seja o de elucidar, em linguagem 
simplíssima, os pormenores do livro Nos Domínios da Mediunidade, extraindo 
de tais pormenores conclusões que favoreçam a melhor compreensão do 
elevado sentido do mediunismo, é justo e oportuno recordemos a 
apresentação feita pelo Assistente Áulus dos companheiros que, com Raul 
Silva, integram o núcleo de serviços cristãos. 
 Eugênia: «médium de grande docilidade, que promete brilhante futuro na 
expansão do bem», tem a vantagem de conservar-se consciente» enquanto 
empresta a organização mediúnica aos Espíritos. 
Anélio: vem conquistando gradativo progresso na clarividência, na 
clariaudiência e na psicografia». 
Antônio Castro: é médium sonâmbulo. 
Celina: é clarividente e audiente, além de ser médium de incorporação e 
de desdobramento. 
Pelas observações do Assistente Áulus, e pelo que apreciaremos nos 
capítulos subsequentes, perceber-se-á que Celina é uma colaboradora 
devotadíssima, conduzindo valiosos títulos de benemerência espiritual. 
Diante de companheiros tão respeitáveis, pela abnegação e pelo espírito 
de sacrifício, Hilário não resistiu ao desejo de indagar se seria lícito aceitar a 
possibilidade de ser o campo mental de tais servidores, especialmente da 
irmã Celina, invadido por Espíritos menos esclarecidos, respondendo Áulus 
que sim, uma vez que a referida médium está numa prova de longo curso e 
que, nos encargos de aprendiz, ainda se encontra muito longe de terminar a 
lição.” 
E depois de meditar um instante, conclui: 
«Numa viagem de cem léguas podem ocorrer muitas surpresas no 
derradeiro quilômetro do caminho.» 
Esta observação é oportuna e constitui valiosa advertência aos obreiros 
da Seara Cristã, especialmente àqueles que foram convocados ao trabalho no 
setor da mediunidade. 
Assim como há companheiros que se julgam intangíveis ou invulneráveis, 
 27 
também há médiuns que se julgam isentos de qualquer influenciação menos 
elevada. 
Fazer-lhes sentir que tais influenciações são ocorrência natural e 
corriqueira na vida de todos nós, almas necessitadas e ainda empenhadas em 
dolorosos resgates, significa, quase sempre, ferir suscetibilidades e, às vezes, 
contrair antipatias. 
Guardemos, porém, para uso próprio, a filosófica tirada do benevolente 
Instrutor: 
«Numa viagem de cem léguas podem ocorrer muitas surpresas no 
derradeiro quilômetro do caminho. » 
O médium, por excelente que seja a sua assistência espiritual, não deve 
descurar-se da própria vigilância, lembrando sempre de que é uma criatura 
humana, sujeita, por isso, a oscilaçõesvibratórias, a pensamentos e desejos 
inadequados. 
Devemos ter sempre na lembrança a palavra de 
Emmanuel: 
«Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção 
comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que 
contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob 
o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o 
passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra 
enodoado de graves deslizes e erros clamorosos.» 
Quando o médium guarda a noção de fragilidade e pequenez, pela 
convicção de que é uma alma em processo de redenção e aperfeiçoamento, 
pelo trabalho e pelo estudo, está-se preparando, com segurança, para o triun-
fo nas lides do Espírito Eterno. 
Entretanto, quando começa a pensar que é um missionário, um 
privilegiado dos Céus e que os próprios Espíritos Superiores se sentem 
honrados e distinguidos por assisti-lo, é, sem dúvida, um companheiro em 
perigo. 
É um forte candidato à obsessão e ao fracasso. 
A vaidade é o primeiro passo que o médium dá no caminho da 
desventura. 
A senda do desequilíbrio se abre, larga e sedutoramente, ao medianeiro 
encarnado que entroniza, no altar do coração invigilante, a imponente figura 
de Sua Majestade — O EGOISMO. 
Esforcemo-nos, portanto, no sentido de realizar a humildade e o espírito de 
serviço, em benefício da nossa paz, porque, em verdade, nenhum de nós 
venceu, ainda, a si mesmo. 
 28 
8 
Tomadas mentais 
 
O Capítulo nº 4 do livro ora em estudo apresenta problemas de suma 
importância para todos os que nos achamos empenhados no esforço de auto-
renovação com o Mestre. 
Analisando aquele magistral capítulo, melhor se consolidou velha 
impressão de que, em vários casos, nem sempre o obsessor é o 
desencarnado, mas sim o encarnado. 
Existem inúmeros casos em que o Espírito luta, titânicamente, para 
desvencilhar-se da prisão mental que o encarnado estabelece em torno dele, 
conservando-o cativo e subjugado a pensamentos dolorosos e enfermiços. 
Para maior facilidade, estudemos o assunto à luz do diagrama seguinte: 
PRISÕES MENTAIS = {Pessoas, situações, coisas. 
FRUTOS DA DOUTRINAÇÃO = {Desligamento de “tomadas mentais”, através 
dos princípios libertadores que doutrinadores distribuem da esfera do 
pensamento. 
CONSOLIDAÇÃO DO EQUILÍBRIO = {Estudo + meditação = renovação + 
trabalho = libertação. 
DESPEJO = {Ausência de afinidade, em virtude de o encarnado modificar os 
centros mentais. 
Como sabemos, a influenciação dos Espíritos, sobre os encarnados, se 
exerce pela sintonia. 
Pessoa cujos pensamentos, palavras e ações determinam um padrão 
vibratório inferiorizado, estará, a qualquer tempo, a mercê das entidades 
perturbadas e perturbadoras. 
Em síntese: o efeito das obsessões se faz sentir, invariavelmente, através 
de um traço de união entre nós e os Espíritos. Entre a mente encarnada e a 
desencarnada. 
Vinculamo-nos aos Espíritos pela fusão magnética, o que implica em 
reconhecermos o acentuado coeficiente de responsabilidade que nos cabe, 
por permitirmos que a nossa casa mental» seja ocupada por hóspedes, me-
nos esclarecidos. 
Existindo afinidade, haverá, logicamente, fusão magnética. 
A reciprocidade vibratória ergue uma ponte entre a nossa e a mente dos 
desencarnados. 
Quando deixar de existir esta compensação vibratória», em virtude do 
esclarecimento nosso ou do desencarnado, a quem muitas vezes 
impropriamente denominamos de «perseguidor», haverá, então, o despejo» 
do «hóspede» inoportuno, à maneira do senhorio que manda embora o 
inquilino que lhe não pagou os aluguéis combinados. 
Despejado, o Espírito irá em busca de outra casa mental», se as bênçãos 
do esclarecimento não repercutirem no seu mundo interior. 
Figuremos um ferro elétrico, de passar roupa. 
Quando desejamos que o ferro se aqueça, que a temperatura se eleve, 
ligamos o fio condutor de eletricidade à respectiva tomada; concluida a tarefa, 
 29 
desligamos o fio e o ferro vai perdendo o calor e volta à temperatura normal. 
O ferro de engomar, somos nós. 
A eletricidade, é a projeção mental do desencarnado. 
O fio condutor, são as duas mentes irmanadas, vinculadas, justapostas. 
Raciocinando desta forma, somos compelidos a crer que o estudo e a 
meditação serão forças valiosas no processo de nossa renovação espiritual. 
Modificado o centro mental, nossa alma pode agir com mais desenvoltura. 
Substituidos os pensamentos enfermiços ou malévolos por ideais 
enobrecedores, o encetamento de atividades edificantes ser-nos-á penhor de 
integral e definitiva libertação do incômodo jugo das entidades menos escla-
recidas. 
O estudo, a meditação e o trabalho no Bem serão, assim, os nobres 
instrumentos com que desligaremos as «tomadas mentais», efetuando, por 
conseguinte, o «despejo» dos desencarnados. 
Para isso, poderá exercer decisiva e salutar influência a palavra 
esclarecida dos doutrinadores encarnados, que projetará para as nossas 
mentes necessitadas os princípios libertadores a que alude o Assistente 
Áulus. 
Inúmeras curas de obsessões têm-se verificado com o simples 
comparecimento dos interessados a reuniões de estudo. 
Em tais reuniões não somente se beneficiam os encarnados; os seus 
acompanhantes compartilham, também, do abençoado ensejo de 
reeducação. 
Naturalmente que há obsessões cujas raízes se aprofundam na noite 
escura e tormentosa dos séculos e milênios, quê pedem assistência direta e 
específica. Ninguém contestará esta verdade, acreditamos. 
As obsessões podem cessar, entre outros, por um dos seguintes motivos: 
a) — Pelo esclarecimento do encarnado, que despejará de sua casa 
mental» o hóspede invisível. 
b) — Pelo esclarecimento do desencarnado, que se libertará da prisão 
mental que o encarnado lhe vinha impondo. 
c) — Pela melhoria de ambos. 
Catalogamos, apenas, os motivos que apresentam conexão com as 
considerações ora formuladas. 
No atual estágio evolutivo do homem, em que o comando da nossa 
própria mente ainda é problema dos mais árduos e difíceis, costumamos, pela 
invigilância, construir, para nós mesmos, perigosOs cárceres mentais, 
representados por pessoas que prezamos, situações que nos agradam e 
coisas que nos deliciam os sentidos. 
Há, por exemplo, os que se apegam de tal maneira a situações 
transitórias, em nome de um amor falsamente concebido, que sobrevindo 
inevitàvelmente a desencarnação, para um ou para ambos, a prisão mental se 
prolongará por muito tempo. 
Conhecemos o caso de uma senhora que permaneceu em sua residência 
durante mais de um ano, após a desencarnação. 
Observada por um médium vidente que transitava diàriamente pela porta 
de sua antiga residência, afirmou estar absolutamente certa de que tinha 
 30 
morrido, acrescentando, então: — “Oh! meu amigo, como está sendo difícil 
deixar a casinha, esta varanda tão gostosa, os familiares, os objetos”! 
E por muito tempo, ainda, o nosso companheiro a viu na varanda, 
calmamente sentada numa cadeira de balanço. 
Tal vida, tal morte — diziam os antigos. 
E nós repetimos, com os instrutores espirituais, que diàriamente 
desencarnam milhares de pessoas, porém só algumas se libertam... 
O Espiritismo Cristão oferece-nos, exuberantemente, os meios de 
destruirmos esses grilhões. 
Será pelo estudo doutrinário e pelo trabalho evangélico, que superaremos 
esse e outros obstáculos. 
Será pelo cultivo da fraternidade e dos sentimentos superiores que 
marcharemos, com segurança, para o Tabor de nossa redenção, onde o 
Senhor da Galileia nos aguarda. 
Sem a renovação moral e espiritual, o problema da nossa libertação será 
muito difícil. 
Sem que o verbo dos instrutores espirituais e a palavra dos pregadores e 
doutrinadores esclarecidos encontrem ressonância em nosso mundo íntimo, 
muito reduzidas ficarão as probabilidades dos grupos mediúnicos, mesmo os 
bem orientados, que trabalharem a nosso favor, isto porque muito dependerá 
do nossocoração e da nossa boa vontade afeiçoar-nos ou não aos princípios 
libertadores da Boa Nova, trazida ao Mundo pelo Divino Amigo, e pelo 
Espiritismo restaurada na plenitude de sua pureza e sublimidade. 
O assistente Áulus, respondendo a uma indagação de Hilário, o simpático 
companheiro de André Luiz, explica que os encarnados que não prestam 
atenção aos ensinamentos ouvidos, nos variados setores da fé, nos círculos 
espíritas, católicos ou protestantes, “passam pelos santuários da fé na 
condição de urnas cerradas. Impermeáveis ao bom aviso, continuam 
inacessíveis à mudança necessária. 
“A palavra desempenha significativo papel nas construções do espírito. 
Um pormenor que não pode deixar de ser referido neste livro, é o que se 
reporta à ação das entidades interessadas em que os encarnados não ouçam 
os ensinamentos veiculados pelos doutrinadores, nas reuniões. 
Envolvem os ouvintes em fluidos entorpecedores, conduzindo-os ao sono 
provocado “para que se lhes adie a renovação. 
Esta notícia explica o motivo por que muita gente dorme, pesadamente, 
nas sessões espíritas. 
Temos ouvido, frequentes vezes, exclamações semelhantes a esta: (Não 
sei o que tinha hoje! os olhos estavam pesados e as pálpebras pareciam de 
chumbo. 
Excetuando-se os poucos casos de esgotamento físico, em virtude de 
noites perdidas ou de excesso de trabalho, podemos guardar a certeza de 
que os acompanhantes desencarnados estão operando, magneticamente, no 
sentido de que tais pessoas, adormecendo, nada vejam, nem ouçam. 
E nada ouvindo, nem vendo, ficarão, longo tempo, àmercê de sua 
incômoda e vampirizante influenciação... 
 31 
9 
Incorporação 
 
Com o sugestivo nome de psicofonia, a mediunidade de Incorporação foi 
magnificamente estudada em Nos Domínios da Mediunidade. 
Que é a incorporação ou psicofonia? 
É a faculdade que permite aos Espíritos, utilizando os órgãos vocais do 
encarnado, transmitirem a palavra audível a todos que presentes se 
encontrem. 
É a faculdade mais frequente em nosso movimento de intercâmbio com o 
mundo extracorpóreo. 
É através dela que os desencarnados narram, quando desejam, os seus 
aflitivos problemas, recebendo dos doutrinadores, em nome da fraternidade 
cristã, a palavra do esclarecimento e da consolação. 
Se não houvesse essas reuniões, que possibilitam a incorporação ou 
comunicação psicofônica, os obreiros da Espiritualidade teriam as suas 
tarefas aumentadas com o serviço de socorro às entidades que, nas regiões 
de sofrimento, carpem as aflições do remorso e do rancor. 
Entidades superiores teriam que reduzir as próprias vibrações, a fim de se 
tornarem visíveis ou de se fazerem ouvidas aos irmãos Infortunados, e 
transmitir-lhes o verbo do reconforto, como, certamente, ocorria antes do 
advento do Espiritismo, que trouxe aos homens de boa vontade, através da 
oportunidade do serviço mediúnico, sublime campo para a exercitação do 
amor. 
Os grupos mediúnicos têm, assim, valioso ensejo de colaboração na obra 
de esclarecimento dos Espíritos endurecidos, tornando-se legatários da 
majestosa tarefa que, antes, pertencia exclusivamente aos obreiros desen-
carnados. 
Referindo-se aos benefícios recebidos pelos Espíritos nas sessões 
mediúnicas, é oportuno lembrarmos o que afirmam mentores abalizados. 
Léon Denis, por exemplo, acentua que, no Espaço, sem a bênção da 
incorporação, os seus fluidos, ainda grosseiros, «não lhes permitem entrar em 
relação com Espíritos mais adiantados. 
O Assistente Áulus, focalizando o assunto, esclarece que eles «trazem 
ainda a mente em teor vibratório idêntico ao da existência na carne, 
respirando na mesma faixa de impressões». 
Emmanuel, com a sua palavra sempre acatada, salienta a necessidade do 
serviço de esclarecimento aos desencarnados, uma vez que se conservam, 
por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do plano espiritual 
superiOr». 
Evidentemente, embora vazadas em termos diferentes, há perfeita 
concordância nas três opiniões, o que vem confirmar o que para nós não 
constitui nenhuma novidade: a universalidade do ensino dos Espíritos Su-
periores. 
No gráfico que ilustra o presente capítulo, tomamos por base uma 
comunicação grosseira, isto é, de entidade não esclarecida que, incapaz de 
 32 
perceber vibrações mais sutis, necessita da incorporação a fim de ver pelos 
olhos do médium, ouvir pelos ouvidos do médium, falar pela boca do 
médium... 
Se os postulados da Doutrina nos ensinam semelhante verdade, os novos 
conhecimentos trazidos por André Luiz, inclusive através de «Nos Domínios 
da Mediunidade», levam-nos a aceitá-la pacificamente. 
Vejamos como esse Amigo Espiritual descreve a incorporação de 
entidade de baixo padrão vibratório: 
«Notamos que Eugênia-alma afastou-se do corpo, mantendo-se junto 
dele, a distância de alguns centímetros, enquanto que, amparado pelos 
amigos que o assistiam, o visitante sentava-se rente, inclinando-se sobre o 
equipamento mediúnico ao qual se justapunha, à maneira de alguém a 
DEBRUÇAR-SE NUMA JANELA.» A verdade doutrinária não se altera, pois 
inamovíveis são os fundamentos do Espiritismo: quanto mais materialidade, 
menos distância; quanto mais espiritualidade, mais distância. 
A circunstância de verificar-se tão acentuada ímantação entre Espírito e 
médium, nas comunicações dessa natureza, aliada ao fato de o medianeiro 
refletir, em virtude da íntima e profunda associação das duas mentes, os 
pesares, rancores, aflições, ódios e demais sentimentos do comunicante, com 
dolorosa repercussão no organismo físico, induz-nos a opinar pelas seguintes 
abstenções de senhoras-médiuns nas tarefas de desobsessões: 
a) — A partir do 3º mês de gestação. 
b) — Pelo menos uma vez, ao mês, em dia por ela julgado inoportuno à 
realização de serviços mediúnicos mais pesados. 
A abstenção referida na alínea «a» objetiva, inclusive, preservar o 
reencarnante das vibrações pesadas do comunicante, atendendo a que, 
estando a mente do filhinho intimamente associada à da futura mãe, natural-
mente se associará, também, à do Espírito, já ligada a do médium consoante 
demonstração gráfica. 
Se o médium tivesse sempre a certeza de que a sua faculdade seria 
utilizada, exclusivamente, por Espíritos Superiores, teríamos, evidentemente, 
suprimido a abstenção da alínea «a». 
Na incorporação o médium cede o corpo ao comunicante, mas, de acordo 
com os seus próprios recursos, pode comandar a comunicação, fiscalizando 
os pensamentos, disciplinando os gestos e controlando o vocabulário do 
Espírito. 
Reconhecemos — é bom que se diga — haver casos em que o médium 
não consegue exercer esse controle, por ser a vontade do comunicante mais 
firme do que a sua; todavia, temos de convir que o médium terá sempre meios 
de cultivar a sua faculdade, educando-a no sentido de, na própria expressão 
de Áulus, agir qual se fosse enfermeiro «concordando com os caprichos de 
um doente, no objetivo de ajudá-lo. Esse capricho, porém, deve ser limitado, 
porque, consciente de todas as intenções do companheiro infortunado a 
quem empresta o seu carro físico», o médium deve reservar-se ao direito de 
corrigi-lo em qualquer inconveniência». 
O pensamento do Espírito, antes de chegar ao cérebro físico do médium, 
passa pelo cérebro perispirítico, resultando disso a propriedade que tem o 
 33 
medianeiro, EM TESE, de fazer ou não fazer o que a entidade pretende. 
A prova desse controle, que o médium desenvolvido exerce, está na 
revolta demonstrada pelo Espírito, ao completar-se a incorporação: 
Vejo! Vejo!... Mas por que encantamento ME PRENDEM AQUI? que 
ALGEMAS ME AFIVELAM a este móvel pesado?» 
A explicação encontra-se na palavra do Assistente: 
“O sofredor — disse o Assistente, convicto —, ao contacto das forças 
nervosas da médium, revive os próprios sentidos e deslumbra-se. Queixa-se 
das cadeias que o prendem, cadeias essas que em cinqüenta por cem de-
correm da contenção cautelosa de Eugênia.» 
Mais adiante, outra exclamação do Espírito: 
«Quem poderá suportar esta situação? Alguém me hipnotiza? Quem me 
fiscaliza o pensamento? Valerá restituir-me a visão, manietando-me os braços? 
«Fixando-o com simpatia fraterna, o Assistente informou-nos: 
— «Queixa-se ele do controle a que é submetido pela vontade cuidadosa 
de Eugênia. » 
A conclusão que o fato nos deixa é a de que a entidade, realmente 
alucinada, desejaria bater à mesa, gritar, expandir-se, etc.; entretanto, a 
vontade firme da médium a impede de realizar o seu objetivo. 
A educação mediúnica, aliada à melhoria interior, sob o ponto de vista 
moral, possibilita, indiscutivelmente, a disciplina do comunicado. 
O médium negligente, ainda não suficientemente educado, favorece a 
turbulência nas comunicações de Espíritos violentos. 
 Sem exigir-se o impossível dos médiuns, porque ninguém se julgará com 
direito, em sã consciência, a semelhante exigência, é justo lhes seja lembrado 
que o aprimoramento espiritual, o devotamento, a bondade.. com todos e o 
desejo de servir conduzem o medianeiro ao maior controle da própria 
vontade, assegurando, assim, o êxito da tarefa. 
 34 
10 
Mecanismo das comunicações 
 
O capítulo 5º do livro ora comentado representa integral confirmação do 
que, a respeito do mecanismo das comunicações, escreveram os clássicos 
do Espiritismo, sob a inspiração de Mais Alto, particularmente Léon Denis. 
Para que um Espírito se comunique, é mister se estabeleça a sintonia da 
mente encarnada com a desencarnada. Essa realidade é pacífica. 
É necessário que ambos passem a emitir vibrações equivalentes; que o 
teor das circunvoluções seja idêntico; que o pensamento e a vontade de 
ambos se graduem na mesma faixa. 
Esse o mecanismo das comunicações espíritas, mecanismo básico que se 
desdobra, todavia, em nuances infinitas, de acordo com o tipo de 
mediunidade, estado psíquico dos agentes — ativo e passivo —, valores es-
pirituais, etc... 
Sintonizado o comunicante com o medianeiro, o pensamento do primeiro 
se exterioriza através do campo físico do segundo, em forma de mensagem 
grafada ou audível. 
Quanto mais evoluído o ser, mais acelerado o estado vibratório. 
Assim sendo, em face das constantes modificações vibratórias, verificar-
se-á sempre, em todos os comunicados, o imperativo da redução ou do 
aumento das vibrações para que eles se dêem com maior fidelidade. 
Mais uma vez, pois, somos compelidos a nos referirmos ao fenômeno 
magnético das vibrações compensadas. 
Mais uma vez, surge a necessidade de reportarmo-nos ao problema da 
sintonia. 
Mais uma vez, enfim, a questão da afinidade tem que ser, de novo, 
comentada. 
E se assim procedemos é porque não devemos esquecer que «a mente 
permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos». 
Recorramos, pois, a outros campos, em que a mesma lei de sintonia 
funciona para que os fenômenos se expressem. 
A luz e o som são resultado de modificações vibratórias, que facultam a 
sua percepção por nós e por outros seres. 
O ouvido humano é incapaz de perceber o som produzido por menos de 
40 vibrações por segundo. 
Cinqüenta vibrações, porém, produzem um som que o ouvido humano 
percebe, sente, ouve. 
Trinta vibrações produzem um som que o ouvido humano não ouve, não 
sente, não percebe. 
O mínimo, por conseguinte, de vibrações percebíveis é de quarenta por 
segundo, e o máximo de trinta e seis mil. 
Trinta e cinco mil e quinhentas vibrações produzem um som que o nosso 
ouvido percebe. 
Trinta e seis mil e duzentas vibrações produzem um som que ultrapassa 
os limites de nossa acústica. 
 35 
Com a luz, o fenômeno é semelhante. 
O mínimo de vibrações percebíveis é de quatrocentos e cinqüenta e oito 
milhões e o máximo de setecentos e vinte e sete trilhões por segundo. 
Assim sendo, a nossa capacidade visual não percebe a luz produzida por 
vibrações menores de quatrocentos e cinqüenta e oito milhões, da mesma 
forma que nos escapará, à visão, a luz produzida por mais de setecentos e 
vinte e sete trilhões de vibrações. (1) 
Essa mesma lei, de equivalência, funciona e opera em todas as 
manifestações vibracionais da Natureza, inclusive, 
 
Nota do Autor — Esses números extraímo-los do livro Narrações do Infinito”, 
de Camilo Flammarion, edição da FEB, pág. 98. 
 
como não podia deixar de ser, nos fenômenos psíquicos ou mediúnicos. 
Deixando à margem tais considerações, analisemos, agora, os fatores 
morais que, além de serem os de nosso maior interesse, motivam a 
publicação deste livro. 
Se essa mesma lei de afinidade comanda inteiramente os fenômenos 
psíquicos, não há dificuldade em compreendermos porque as entidades 
luminosas ou iluminadas são compelidas a reduzir o seu tom vibratório a fim 
de, tornando mais densos os seus perispíritos, serem observadas pelos 
Espíritos menos evolvidos. 
Os Espíritos, cujas vibrações se processam aceleradamente, devido à sua 
evolução, graduam o pensamento e densificam o perispírito quando desejam 
transmitir as comunicações, inspirar os dirigentes de trabalhos mediúnicos ou 
os pregadores e expositores do Evangelho e da Doutrina, como no caso de 
Raul Silva, que recebe a benéfica influenciação do instrutor Clementino, a fim 
de melhor conduzir a doutrinação de desventurado Espírito. 
Clementino graduou o pensamento e a expressão de acordo com a 
capacidade do nosso Raul e do ambiente que o cerca, ajustando-se-lhe 
às possibilidades. 
Cada vaso recebe de conformidade com a estrutura que lhe é 
própria. 
Referindo-se à densificação do perispírito do irmão Clementino, atento ao 
imperativo de cooperar com o dirigente dos trabalhos, para que as suas 
palavras obedecessem à inspiração superior, transcrevemos a observação de 
André Luiz: 
Nesse instante, o irmão Clementino pousou a destra na fronte do 
amigo que comandava a assembléia, mostrando-se-nos mais humanizado, 
quase obscuro. » 
Os grifos são nossos e objetivam levar a atenção do leitor para o fato da 
redução do tom vibratório, a fim de ajustar-se ao calibre mediúnico» de Raul 
Silva. 
Com a palavra, o Assistente Áulus explicou o fenômeno, que surpreendia 
André Luiz e Hilário: 
«O benfeitor espiritual, que ora nos dirige, afigura-se-nos mais pesado 
porque amorteceu o elevado tom vibratório em que respira habitualmente, 
 36 
descendo à posição de Raul, tanto quanto lhe é possível, para benefício 
do trabalho começante. » 
Ainda com a palavra o Assistente, para fazer uma comparação que atende 
à compreensão geral: 
«Influencia agora a vida cerebral do condutor da casa, à maneira dum 
musicista emérito manobrando, respeitoso, um violino de alto valor, do 
qual conhece a firmeza e a harmonia. » 
Esse quadro é de extraordinária beleza espiritual e de profundo conteúdo 
moral. 
Mostra-nos que um dirigente de trabalhos mediúnicos deve ser pessoa de 
responsabilidade, amável, sincera, dedicada, harmonizada consigo mesma, 
através de uma consciência reta e de um coração puro, e com muito boa 
vontade para ajudar em nome do Senhor Jesus. 
Imaginemos quantos obstáculos encontram os Espíritos Superiores, 
quando buscam inspirar um dirigente pretensioso e auto-suficiente e que 
desliga as (antenas psíquicas», guardando o único objetivo de atirar sobre o 
Espírito sofredor ou endurecido, a pretexto de doutrinamento, uma sequência 
de palavras vazias de bondade. 
Quanto mais evangelizado o dirigente, maior receptividade oferecerá aos 
instrutores, deles exigindo menor sacrifício. 
Quanto mais esclarecido e bondoso o médium, maior a sintonia com os 
Espíritos elevados, reduzindo, igualmente, a quota de sacrifício dos 
abnegados instrutores. 
Sem Evangelho no coração, todo trabalho ressentir-se-á de deficiência. 
Mesmo que dirigente e médiuns «conheçam» a Doutrina, sem que, 
entretanto, o sentimento cristão lhes tenha lançado à alma o perfume da 
caridade, os frutos serão bem precários. 
A prática evangélica aprimora o coração. 
O conhecimento

Outros materiais