Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ARQUITETURA Betina Conte Cornetet Planejamento do ambiente construído Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as fases do projeto de um ambiente construído. � Identificar os quesitos que devem ser analisados e estudados para o planejamento e desenvolvimento do projeto. � Demonstrar a fase inicial de planejamento do projeto. Introdução Você sabia que são várias as considerações e análises que devem ser feitas ao planejar e desenvolver uma edificação? Neste texto, você vai compreender o desenvolvimento de um pro- jeto com ênfase no planejamento inicial. Vai aprender também sobre o planejamento de um ambiente construído; ou seja, o planejamento e, consequentemente, o desenvolvimento de um projeto. É impor- tante, porém, que você saiba que um conjunto de edificações, uma cidade ou até mesmo um ambiente que, a princípio, pode parecer isolado, deve ser pensado nas ligações com o entorno, como o clima, o fluxo de pessoas e outras implicações. As fases de um projeto arquitetônico O projeto arquitetônico consiste no conjunto de documentos necessários para representar previamente, através de desenhos e textos, a configuração arquite- tônica do edifício ou ambiente que se pretende construir. Essa documentação deve ser elaborada com base nas condições levantadas do terreno (ou edificação existente, se for o caso), no programa de necessidades elaborado para atender às demandas do cliente, nas condicionantes legais e em outros itens que possam ser particularmente importantes em cada caso. Segundo a NBR 13532 (ASSO- CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995), que regulamenta as condições exigíveis para a elaboração de projetos de arquitetura para a cons- trução de edificações, as principais etapas do projeto são: a. Levantamento de dados para arquitetura. b. Programa de necessidades de arquitetura. c. Estudo de viabilidade de arquitetura. d. Estudo preliminar de arquitetura. e. Anteprojeto de arquitetura ou de pré-execução. f. Projeto legal de arquitetura. g. Projeto básico de arquitetura (opcional). h. Projeto para execução de arquitetura. Você vai ver todas essas etapas, e também o material que deve ser produ- zido em cada momento do desenvolvimento do projeto. Os atributos funcio- nais, formais e técnicos devem estar informados para cada item projetado, atendendo às exigências do programa, das normativas legais e de desempenho da edificação. Você ainda deve garantir a coordenação e compatibilização entre as decisões do projeto de arquitetura e todos os demais projetos comple- mentares realizados por outros colaboradores. Levantamento de dados para arquitetura Para a realização do levantamento de dados de arquitetura, você deve levar em consideração as condicionantes do terreno em que vai intervir; isto é, orientação solar, topografia, ventos predominantes, entorno, infraestrutura urbana, e as exigências legais. Deve ainda verificar a geometria correta do terreno através do levantamento cadastral desse terreno. Nesta etapa, você deve produzir os desenhos levantados do terreno ou da edificação – implantação, plantas, cortes, elevações e o que for adequado para registrar todas as informações – em escala apropriada, além do relatório de vistoria do terreno, contendo dados importantes, levantamento fotográ- fico e números de protocolos de consulta nos órgãos competentes. Outras documentações necessárias referentes a condições específicas de cada projeto também podem ser incluídas na documentação. Veja um exemplo de levanta- mento fotográfico na Figura 1. Arquitetura44 Programa de necessidades de arquitetura Com base na documentação produzida na etapa de levantamento e conhecendo as necessidades do cliente com relação à dimensão da edificação, usos, público- -alvo, dinâmica dos espaços, características formais, entre outros, o arquiteto pode elaborar um programa de necessidades. Esse programa deve conter as in- formações básicas necessárias para que seja possível realizar a próxima etapa, e verificar a viabilidade da implantação do projeto naquele local. Para demonstrar o programa de necessidades, você deve organizar as infor- mações em forma de organograma funcional e diagramas básicos de estudo; des- crever, em um memorial, informações relevantes; e apresentar planilhas contendo dimensões, exigências, relações entre as atividades e quantidades desejadas. Estudo de viabilidade de arquitetura Para realizar o estudo de viabilidade, você precisa cruzar as informações ob- tidas no levantamento de arquitetura e no programa de necessidades elaborado com as informações geradas pelos colaboradores que realizam levantamentos específicos para cada disciplina complementar. O objetivo desta etapa é testar alternativas volumétricas que atendam às exigências legais e às solicitações do cliente. Após a realização de quantos estudos forem necessários, você vai conseguir chegar a algumas conclusões e elaborar recomendações para o de- senvolvimento do projeto. Nesta etapa, é possível concluir que o terreno e suas condicionantes inviabilizam o projeto nas condições desejadas pelo cliente. Figura 1. Exemplo de levantamento fotográfico de edificação e terreno. Fonte: Farrelly (2014, p. 164). 45Planejamento do ambiente construído Os documentos técnicos produzidos nesta etapa para apresentar as conclu- sões do estudo de viabilidade para o cliente são desenhos esquemáticos, dia- gramas, esquemas, e outras representações necessárias em escala adequada, além de um relatório conclusivo. Estudo preliminar de arquitetura Se o resultado do estudo de viabilidade for aprovado, a próxima etapa de desen- volvimento é a do estudo preliminar, e podemos dizer que é a primeira etapa do projeto propriamente dito. Nesse momento, você vai utilizar todo o material de- senvolvido nas etapas anteriores como embasamento para as decisões projetuais de lançamento de um partido ou conceito arquitetônico. Além disso, nesta etapa, você deve realizar uma consulta aos colaboradores das demais disciplinas, a fim de verificar quaisquer necessidades específicas identificadas por eles. Para saber mais sobre lançamento de partido arquitetônico, consulte o livro Composição, Partido e Programa: uma revisão crítica de conceitos em mutação (CANEZ; SILVA, 2010). O estudo preliminar consiste em uma proposta resumida do que entendemos ser o partido mais adequado para o projeto. Já devem constar indicações das funções, dos usos, das formas, das dimensões, da relação entre os ambientes e das tecnologias adotadas. É possível a realização de mais de um estudo pre- liminar, para que, junto com o cliente e os demais colaboradores, você possa definir qual dos estudos é o mais adequado para atender às necessidades de todos. Veja um exemplo de planta baixa de um estudo preliminar na Figura 2. Para demonstrar graficamente o estudo preliminar, você tem de apresentar um conjunto de desenhos, como a planta geral de implantação, plantas dos pa- vimentos, planta da cobertura, cortes longitudinais e transversais, elevações e detalhes construtivos, quando for necessário. Também é desejável a apresen- tação de um memorial com as justificativas para as tomadas de decisão, além de recursos tridimensionais, como perspectivas, maquetes, fotomontagens e outros recursos gráficos. Arquitetura46 Anteprojeto de arquitetura ou de pré-execução Com o estudo preliminar aprovado, a etapa de anteprojeto, ou projeto pré- -executivo, será a primeira etapa de desenvolvimento da proposta. Você deve produzir informações técnicas relativas à edificação, seus ambientes internos e externos, a todos os seus elementos e a seus componentes construtivos re- levantes. O material a ser produzido nesta etapa é muito semelhante à listagem que se apresenta para o estudo preliminar. A diferença, porém, é a quantidade de informações em cada desenho. À medida que o desenvolvimento do projeto avança, aumenta a complexidade das informações necessárias para demons-trar as decisões de projeto que foram tomadas. Os documentos são os de- senhos e os textos. Os desenhos consistem em planta geral de implantação, planta de terraplenagem, cortes de terraplenagem, plantas dos pavimentos, plantas das coberturas, cortes longitudinais e transversais, elevações, deta- lhes de elementos da edificação e de seus componentes construtivos; e os textos em memorial descritivo da edificação e de seus elementos, dos compo- nentes construtivos e dos materiais de construção. Figura 2. Exemplo de estudo preliminar. Fonte: Farrelly (2014, p. 164). 47Planejamento do ambiente construído Projeto legal de arquitetura Para a elaboração do projeto legal de arquitetura, você precisa verificar a legis- lação municipal, a estadual e a federal pertinentes (leis, decretos, portarias e normas), além de consultar as normas técnicas do INMETRO e a ABNT. Nesta etapa, você precisa produzir informações suficientes para atender aos proce- dimentos de análise e aprovação do projeto e da construção nos órgãos com- petentes: órgãos públicos, concessionárias de serviços públicos, conselho do patrimônio, autoridades estaduais e federais de meio ambiente, departamento de aeronáutica e todas as demais entidades reguladoras às quais o projeto espe- cífico deva ser submetido. Os documentos técnicos para esta etapa podem ser uma exigência específica de cada órgão. Assim, seria interessante realizar uma consulta prévia para verificar a listagem de documentos exigidos. Projeto básico de arquitetura (opcional) O projeto básico de arquitetura é uma etapa intermediária e opcional. Geral- mente, nesta etapa, é elaborado o projeto básico para direcionar o desenvol- vimento do projeto executivo; em especial, quando este não foi desenvolvido pela mesma equipe que trabalhou no projeto até o momento, ou ainda quando não há previsão para o início da próxima etapa. Nesta etapa, você deve apre- sentar o conjunto de elementos obrigatórios de desenhos e textos, e, se pos- sível, também os recursos de representação tridimensional. O conjunto de desenhos devem conter: planta geral de implantação, planta de terraplenagem, cortes de terraplenagem, planta dos pavimentos, planta das coberturas, cortes longitudinais e transversais, elevações frontais, posteriores e laterais, plantas, cortes e elevações de ambientes especiais, como banheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e lavanderias, e detalhes de elementos da edifi- cação e de seus componentes construtivos – portas, janelas, bancadas, grades, forros, beirais, parapeitos, revestimentos e seus encontros, impermeabiliza- ções e proteções. Com relação aos textos, você deve apresentar o memorial descritivo da edificação, o memorial descritivo dos elementos da edificação, das instalações prediais (aspectos arquitetônicos), dos componentes constru- tivos e dos materiais de construção, e o memorial quantitativo dos compo- nentes construtivos e dos materiais de construção. Arquitetura48 Projeto para execução de arquitetura O projeto executivo é a última etapa do processo de projeto e deve garantir que todas as intenções de arquitetura e das demais disciplinas estejam documen- tadas, para que não haja deficiências de informação que possam comprometer a qualidade da construção. Quanto mais completo e mais bem elaborado for o projeto executivo, menores as chances de erro na construção ou equívocos de interpretação. Para a elaboração desta etapa, você deve ter todas as infor- mações geradas em todas as etapas anteriores e por todos os colaboradores responsáveis pelas demais disciplinas, compatibilizadas em um conjunto de documentos. Na Figura 3, veja um exemplo do edifício já apresentado no le- vantamento e estudo preliminar, executado conforme informações de projeto. Figura 3. Imagens da execução conforme informações de projeto. Fonte: Farrelly (2014, p. 164). Os documentos técnicos mínimos desta etapa são desenhos completos e em escala adequada, apresentando planta geral de implantação, planta de terraple- nagem, cortes de terraplenagem, plantas das coberturas, cortes longitudinais e transversais, elevações frontais, posteriores e laterais, plantas, cortes e eleva- ções de ambientes especiais, como banheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e lavanderias, e detalhes de todos os elementos da edificação e de seus compo- nentes construtivos – portas, janelas, bancadas, grades, forros, beirais, para- peitos, pisos, revestimentos e seus encontros, impermeabilizações e proteções. Também é necessário o desenvolvimento de memorial descritivo da edi- ficação, de memorial descritivo dos elementos da edificação, das instalações prediais em relação aos aspectos arquitetônicos, dos componentes construtivos e dos materiais de construção, além de memorial quantitativo dos componentes construtivos e dos materiais de construção. Recursos de representação tridi- mensionais são opcionais, porém desejáveis para facilitar a comunicação. 49Planejamento do ambiente construído Para saber a respeito da capacitação e das atribuições de cada profissional, é importante consultar os conselhos de classe. Para conhecer as atividades, atribuições e campos de atuação privativos dos arquitetos e urbanistas, consulte a Resolução N° 51, de 12 de julho de 2013 (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2013). As demais atribui- ções compartilhadas entre arquitetos e outras profissões regulamentadas e legalmente habilitadas podem ser conhecidas consultando a Lei n° 12.378, de 2010 (BRASIL, 2010). Para o desenvolvimento de projetos de arquitetura, é comum que a equipe conte com a participação de colaboradores de diferentes disciplinas, uma vez que se trata de uma ativi- dade com características multidisciplinares. No livro Fundamentos de Arquitetura (FARRELLY, 2014) foram listados alguns colaborares e seus papéis no processo de projeto. São eles: � O CLIENTE: Responsável pela idealização do projeto, financia a construção e pode ser também o próprio usuário final da edificação. � O TOPÓGRAFO: Ele é responsável pelo levantamento dos níveis das característi- cas topográficas existentes, além de verificar os limites dos terrenos e a posição exata dos elementos. O topógrafo pode ainda verificar os materiais e sistemas da arquitetura, desenhando uma edificação existente (quando houver) no terreno ou a sua localização. � O ORÇAMENTISTA: O orçamentista avalia os materiais usados na construção e suas quantidades, busca a precificação de mercado adequada e prepara um or- çamento dos custos da construção. � OS ENGENHEIROS: Dependendo da complexidade do projeto, pode ser neces- sário contar com a colaboração de especialistas em determinadas disciplinas. Os engenheiros possuem formação específica e detêm conhecimentos científicos e técnicos para suas respectivas disciplinas. Os engenheiros trabalham em con- junto com o arquiteto e podem ser responsáveis por disciplinas relacionadas à estrutura da edificação ou às instalações de calefação e refrigeração, ventilação, eletricidade, água, esgoto, telefonia, etc. � OS CONSTRUTORES E EMPREITEIROS: Os construtores e empreiteiros da constru- ção civil são responsáveis pela execução dos projetos com base nas informações fornecidas pelos engenheiros, arquitetos, topógrafos e orçamentistas. Os cons- trutores e empreiteiros seguem um cronograma de obra que é elaborado no início da execução e são supervisionados por um gerente de obras ou arquiteto que fica no local verificando se a execução permanece fiel ao projeto e sanando quaisquer dúvidas que possam surgir. Arquitetura50 Atualmente, o processo de projeto vem sendo revisto a partir de uma nova lógica projetual baseada na modelagem da informação (sistema BIM – Building Modeling Information). Conheça mais sobre essa nova plataforma que está alterando o processo linear de desenvolvimento de projetos em Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores (EASTMAN et al.,2013). Condicionantes que devem ser analisadas e estudadas para o planejamento e desenvolvimento do projeto Na fase de levantamento, é quando haverá o primeiro contato do profissional contratado para elaborar o projeto arquitetônico com a problemática apresen- tada. Nesse momento, é importante levantar, verificar, analisar e estudar o maior número de informações possíveis, a fim de conhecer as condicionantes que poderão interferir nas definições de projeto. Cada sítio oferece situações particulares de deficiências e potenciais que podem ser explorados em di- ferentes tipos de projeto. No entanto, é usual que sejam verificados alguns parâmetros, como as relações com o entorno, situações climáticas, o fluxo de pessoas e outras implicações. Para demonstrar isso, dividimos as condicio- nantes mais comuns nestes quatro grupos: O terreno e região Conhecer o contexto da implantação do projeto é um fator fundamental. Para compreender esse entorno, você primeiro deve identificar a localização do terreno ou sítio. Uma breve análise do conjunto ao qual o terreno pertence deve ser realizada a fim de resgatar a identidade do local. Você deve iden- tificar as características das edificações vizinhas, os fluxos e acessos, suas alturas, a materialidade e as técnicas construtivas utilizadas. A partir dessas informações, o projetista pode optar por uma estratégia de opor-se ao tecido urbano, ou ainda integrar-se a ele. Veja um exemplo de mapa de figura e fundo, que revela a densidade edilícia do terreno, na Figura 4. 51Planejamento do ambiente construído Figura 4. Exemplo de levantamento da densidade construída através do mapa de figura e fundo. Fonte: Farrelly (2014, p. 16). A orientação solar do terreno deve ser avaliada para que seja possível definir a direção das janelas conforme a necessidade de insolação dos am- bientes, além de verificar a necessidade de elementos de proteção. A rosa dos ventos deve indicar a orientação dos ventos predominantes naquele local. Assim, é possível verificar a possibilidade de se obter a desejada ventilação natural dos ambientes. As curvas de nível vão revelar os desníveis presentes no terreno, que devem ser verificados através da topografia. Elas também vão sugerir possibilidades ou barreiras de projeto. É importante verificar ainda a implicação da topografia e das construções mais próximas em relação ao edifício que será projetado, analisando se isso interfere na incidência de sol e vento. Veja uma opção de representação das curvas de nível, através de ma- quete topográfica, na Figura 5. Também é interessante verificar as instalações de infraestrutura do ter- reno. Assim, você fica sabendo se existem esperas de instalações de luz e água, se a posição de postes ou árvores no passeio podem determinar ou con- dicionar a relação com a rua, além de outras particularidades. O conjunto das informações levantadas pode ser reunido em um mapeamento com a síntese de levantamento. Veja um exemplo na Figura 6. Arquitetura52 Figura 5. Exemplo de maquete demons- trando as edificações do entorno, a topo- grafia do terreno e o traçado viário. Fonte: Farrelly (2014, p. 18). Figura 6. Exemplo de diagrama síntese dos elementos levantados no terreno de projeto. Fonte: Farrelly (2014, p. 17). 53Planejamento do ambiente construído Objetivos do cliente Conhecer as intenções do cliente é um ponto de partida importante para a ela- boração do programa de necessidades. Em algumas reuniões, é possível fazer um levantamento dos espaços que são necessários e ainda compreender as expectativas com relação a forma, fluxos, usos, funcionalidades dos espaços e demais fatores importantes para o cliente. É fundamental que o projetista compreenda quais elementos são essenciais para o cliente, e quais elementos possuem alguma liberdade propositiva. Programa de necessidades Tendo o domínio do terreno, através do complexo levantamento que foi reali- zado previamente, e compreendendo as expectativas do cliente, você poderá desenvolver o programa de necessidades. Nesta etapa, ainda é importante que sejam conhecidas as condicionantes legais e, se houver, as normas internas do condomínio para o desenvolvimento do projeto. O programa de necessidades, diferentemente dos objetivos do cliente, passa pela interpretação do arquiteto. Com base no seu repertório profissional, nos conhecimentos técnicos, culturais, na análise do terreno, no domínio das condicionantes legais e da interpretação dos objetivos do cliente, o arquiteto desenvolve o programa. O programa de necessidades deverá ser a base para o lançamento do partido arquitetônico, que visa responder às perguntas por ele sugeridas. Função da construção Compreender que função terá o edifício permite verificar as condicionantes legais que se aplicam ao seu uso. Depois disso, você vai precisar verificar todos os projetos para a elaboração do projeto legal. Porém, é importante fazer uma primeira consulta previamente para ter certeza de que o terreno pode abrigar determinados usos. É necessário também realizar consultas em órgãos competentes, como órgãos públicos, concessionárias de serviços públicos, conselho do patrimônio, autoridades estaduais e federais de meio ambiente, departamento de aeronáutica e todas as demais entidades regula- doras às quais o projeto específico deva ser submetido, e verificar se existem condicionantes condominiais. Arquitetura54 1. Para contextualizar o ambiente a ser construído, o terreno deve ser anali- sado e nele devemos verificar estes itens, EXCETO: a) A orientação solar. b) As curvas de nível. c) A história do local. d) A sondagem. e) Os acessos. 2. Gordon Cullen, no livro Concise Townscape, de 1961, descreveu o conceito por ele proposto da “visão serial”. Tal conceito consiste em: a) Uma montagem de fotos tiradas em série do entorno do terreno analisado. b) Um croqui de todo o entorno, na visão do arquiteto, na forma de mapa, apontando pontos estratégicos. c) Um vídeo mostrando todo o entorno. d) Um desenho do terreno com as medidas e anotações do arquiteto sobre as características do espaço. e) Uma montagem de fotos e croqui da visão do arquiteto do entorno a ser trabalhado. 3. Segundo o livro Fundamentos de arquitetura (FARRELLY, 2014), o projeto a ser realizado pode ser contextualizado com o local de várias maneiras, as quais estão citadas nas alternativas. Analise- -as e assinale a correta. a) O levantamento e o mapeamento do terreno consistem em localizar o terreno a ser trabalhado no mapa da cidade. b) O estudo de figura e do fundo auxilia na identificação dos vazios e das altas concentrações de construções. c) O levantamento histórico do ter- reno é fundamental e deve ser feito na prefeitura municipal para obter as certidões negativas. d) O contexto da paisagem consiste em um levantamento da vege- tação existente no local. e) O levantamento topográfico fornece apenas os desníveis do terreno. 55Planejamento do ambiente construído 4. Para o planejamento e desenvolvi- mento de um projeto e, consequente- mente, de uma construção, é neces- sário o trabalho em conjunto de alguns profissionais, cada um exercendo o seu papel. Muitos colaboradores participam desta etapa. Observe as alternativas e aponte a que não cita o profissional e a função correspondente. a) O topógrafo passa para o papel in- formações precisas, como desníveis no terreno e construções vizinhas existentes. b) O arquiteto transmite para o papel os anseios e desejos dos clientes aliados à função da edificação a ser projetada. c) Os engenheiros trabalham em con- junto com os arquitetos, estando relacionados à estrutura e sistemas hidráulicos e elétricos da edificação. d) Os construtores e empreiteiros executam o projeto desenvolvido pelo arquiteto e engenheiro. Caso seja necessário na obra, ele tem autonomia para modificações em imprevistos de projeto. e) Os orçamentistas contribuem com a elaboração de contratos. 5. Aindasobre as áreas de atuação, conforme a Resolução nº 51, de 12 de julho de 2013 (CONSELHO DE ARQUITE- TURA E URBANISMO DO BRASIL, 2013), que dispõe sobre as áreas de atuação privativas dos arquitetos e urbanistas, e as áreas de atuação compartilhadas com outras profissões regulamentadas, é correto fazer a seguinte afirmação: a) O arquiteto e também o enge- nheiro podem realizar o projeto de parcelamento do solo me- diante loteamento. b) O projeto arquitetônico leva este nome, mas pode também ser realizado pelo engenheiro civil. c) Os projetos de acessibilidade e ergonomia de uma edificação existente podem ser realizados tanto pelo arquiteto quanto pelo engenheiro. d) O ensino em graduação da dis- ciplina de projeto de arquitetura pode ser realizado por arquiteto ou engenheiro, desde que ele seja apto. e) Os projetos urbanísticos e do sis- tema viário são atribuição exclu- siva do arquiteto e urbanista. Arquitetura56 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532: elaboração de projetos de edificações: arquitetura. São Paulo: ABNT, 1995. BRASIL. Lei n° 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR e os Con- selhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal – CAUs; e dá outras providências. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.caubr.gov.br/wp-content/ uploads/2012/07/L12378.pdf>. Acesso em: 17 set. 2016. CANEZ, Anna Paula; SILVA, Cairo Albuquerque. Composição, partido e programa: uma revisão crítica de conceitos em mutação. Porto Alegre: UniRitter, 2010. CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL. Resolução nº 51, de 12 de ju- lho de 2013. Dispõe sobre as áreas de atuação privativas dos arquitetos e urbanistas e as áreas de atuação compartilhadas com outras profissões regulamentadas, e dá ou- tras providências. Brasília, DF, 2013. Disponível em: <http://www.caubr.gov.br/?page_ id=40739>. Acesso em: 17 set. 2016. CULLEN, Gordon. Concise townscape. [S.l.]: Architectural, 1961. EASTMAN, Chuck et al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da cons- trução para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2013. FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 57Planejamento do ambiente construído http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2012/07/L12378.pdf http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2012/07/L12378.pdf http://www.caubr.gov.br/?page_id=40739 http://www.caubr.gov.br/?page_id=40739 Conteúdo:
Compartilhar