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Formas farmacêuticas para uso oral LUANA FERREIRA As drágeas são comprimidos revestidos. O núcleo da drágea (ou comprimido) é revestido, por exemplo, com uma camada de cera que serve para (1) proteger fármacos perecíveis da decomposição, (2) mascarar gosto ou odor desagradáveis, (3) facilitar a deglutição ou (4) permitir codificação por coloração. As cápsulas, na maioria das vezes, são formadas por um invólucro oblongo - na maioria das vezes, feito de gelatina – que contém, em seu interior, o fármaco em forma de pó, granulado ou, mais raramente, líquido. No comprimido tipo matriz, o fármaco é incorporado a uma malha, da qual se difunde para o meio circunvizinho depois de umedecido. Diferentemente das soluções, que permitem a absorção direta do fármaco, o uso de formas sólidas requer que os comprimidos inicialmente se desagreguem ou que as cápsulas se abram (desintegração) antes que o fármaco possa se dissolver (dissolução) e, assim, atravessar a mucosa gastrintestinal e alcançar a corrente sanguínea (absorção). Como a desintegração do comprimido e a dissolução do fármaco consomem um determinado tem- po, a absorção ocorre principalmente no intestino. No caso de uma solução, a absorção já inicia no estômago. Para proteger fármacos ácido-lábeis, pode-se usar uma cobertura de cera ou de polímero de acetato de celulose, a qual evita a desintegração da forma sólida no estômago. A desintegração e a dissolução ocorrem no duodeno de modo inalterado e rápido, ou seja, a liberação do fármaco em si não é retardada. A liberação do fármaco e, consequentemente, o local e a velocidade da absorção podem ser regulados por métodos apropriados de produção de comprimidos do tipo matriz, drágeas, comprimidos revestidos e cápsulas. No caso de comprimidos tipo matriz, isso é feito pela incorporação do fármaco a uma malha de onde ele pode se difundir lentamente para os líquidos gastrintestinais. Pelo transporte do comprimido tipo matriz, a liberação do fármaco e sua absorção ocorrem no percurso ao longo dos segmentos intestinais. O formato do comprimido não se altera durante o percurso. No caso de comprimidos revestidos (ou drágeas), a espessura do revestimento pode ser feita de forma que a liberação e a absorção do fármaco ocorram no intestino proximal ou somente a partir dos segmentos mais distais. Assim, escolhendo um tempo de dissolução que corresponde ao tempo de trânsito no intestino delgado, a liberação do fármaco pode ser programada para ocorrer no colo. O prolongamento da liberação do fármaco (retardação) e, consequentemente, da absorção também pode ser obtido quando o fármaco é apresentado como granulado em uma cápsula e revestido com película de diferentes espessuras (p. ex., de cera). Dependendo da espessura da película, ocorre dissolução gradual durante o trânsito intestinal, liberando o fármaco em velocidades variáveis para absorção. Esse princípio também pode ser aplicado aos comprimidos. Nesse caso, grânulos de fármaco revestidos com películas de várias espessuras são usados para produzir o comprimido. Em comparação com as cápsulas de liberação programada, os comprimidos de liberação lenta têm a vantagem de ser divisíveis à vontade, permitindo administrar frações da dose presente no comprimido inteiro. Esse tipo de liberação retardada do fármaco é empregado quando o aumento rápido dos níveis séricos do fármaco é indesejado ou quando a absorção deve ser mais lenta para prolongar a ação de fármacos que têm permanência curta no organismo.
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