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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
CARNAVAL: TURISMO E NEGÓCIOS 
 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
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Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842c Carnaval: turismo e negócios / Portal Educação. - Campo Grande: Portal 
Educação, 2012. 
 111p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-234-3 
 1. Carnaval – História. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 394.250981 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 ORIGEM DO CARNAVAL .......................................................................................................... 4 
2 PERÍODO DE DURAÇÃO DO CARNAVAL.............................................................................. 12 
3 O CARNAVAL NO BRASIL ...................................................................................................... 15 
3.1 Entrudo ..................................................................................................................................... 18 
3.2 Zé-Pereira ................................................................................................................................. 21 
3.3 Bailes ........................................................................................................................................ 23 
3.4 Fantasias e Máscaras .............................................................................................................. 26 
3.5 Corso ........................................................................................................................................ 29 
3.6 Cordões, Ranchos e Blocos ................................................................................................... 31 
3.7 As Grandes Sociedades .......................................................................................................... 33 
3.8 As Escolas de Samba .............................................................................................................. 36 
3.9 O Carnaval na Bahia ................................................................................................................ 41 
3.10 O Carnaval de Pernambuco-Recife ........................................................................................ 42 
4 MONTANDO A ESCOLA DE SAMBA ...................................................................................... 45 
4.1 Primeiras Providências para a Montagem da Escola: Contratação do Carnavalesco e 
a Escolha do Enredo ......................................................................................................................... 45 
4.2 Compondo o Samba Enredo................................................................................................... 46 
4.3 Elaborando os Figurinos, Pesquisando os Materiais e Executando as Peças Pilotos ..... 47 
4.4 Reproduzindo as Fantasias nos Ateliês ................................................................................ 49 
4.5 Elaborando os Carros Alegóricos e o Inicio o Trabalho no Barracão ................................ 50 
4.6 Lançando o CD Oficial Contendo os Sambas Enredos, o Início dos Ensaios nas 
Quadras, o Excesso de Trabalho e a Geração de Empregos ......................................................... 52 
4.7 Convivendo com as Adversidades Culturais, a Inclusão Social e os Trabalhos na 
Reta Final ............................................................................................................................................ 54 
 
 
3 
 
4.8 Transportando os Carros Alegóricos do Barracão para a Concentração .......................... 60 
4.9 É Chegado o Grande Dia do Desfile Oficial ........................................................................... 62 
5 O JULGAMENTO DOS QUESITOS DA ESCOLA DE SAMBA ................................................ 69 
5.1 Enredo ..................................................................................................................................... 71 
5.2 Samba Enredo ......................................................................................................................... 75 
5.3 Bateria ...................................................................................................................................... 79 
5.4 Fantasia .................................................................................................................................... 82 
5.5 Alegorias e Adereços .............................................................................................................. 85 
5.6 Mestre-Sala e Porta-Bandeira ................................................................................................. 91 
5.7 Comissão de Frente ................................................................................................................ 94 
5.8 Evolução ................................................................................................................................... 99 
5.9 Harmonia ................................................................................................................................ 102 
5.10 Conjunto .................................................................................................................................. 104 
6 FINAL DO DESFILE NA DISPERSÃO ................................................................................... 106 
7 O CARNAVAL COMO TURISMO E NEGÓCIO ....................................................................... 108 
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 111 
REFERENCIAS .................................................................................................................................. 114 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 ORIGEM DO CARNAVAL 
 
Conhecida mundialmente como uma das maiores festas popular do mundo e, sem 
dúvida alguma no Brasil a maior e que sobrevive e se renova ao tempo e espaço, o carnaval 
ainda possui as suas origens indefinidas, sendo objeto de estudos de muitos pesquisadores, no 
sentido de remontar a sua origem à antiguidade, aos mitos e ritos egípcios, gregos e romanos, 
sendo assim, a história do Carnaval começa há mais de quatro mil anos antes de Cristo, com 
festas promovidas no antigo Egito, como as festas de culto a Ísis. 
Figura 01: Fotos do final do século XIX e início do século XX. 
 
Fonte: Bem Paraná. 
Então, desde essa época as pessoas já pintavam os rostos, dançavam e bebiam. 
Porém, há a necessidade de se considerar que muitas outras manifestações populares 
possuíam origens em comum, no entanto com conceitos diferenciados, conforme cita Felipe 
Ferreira em sua obra denominada O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro: 
 
 
5 
 
“(...). É claro que a festa carnavalesca é a maior celebração de felicidade do planeta. Algo que 
nós, brasileiros, conhecemos como poucos outros povos, alias. Resta também pouca dúvida 
com relação à ligação entre as celebrações festivas das antigas civilizações e as loucuras da 
folia contemporânea. Apesar disso, não dá pra se afirmar que já existia Carnaval no Antigo Egito 
ou nas civilizações greco-romanas, como muita genteboa já escreveu por aí. Exemplificando 
melhor: as festas em homenagem à deusa Ísis egípcia ou ao deus Baco romano, entre outras 
tantas, não são festas carnavalescas nem precursoras somente do Carnaval, mas sim de todos 
os tipos de festas públicas populares que o mundo conheceu depois delas, incluindo as festas 
juninas, os rodeios e até mesmo o Natal ou Halloween. Ou seja, muitas dessas festas possuem 
uma origem em comum, mas não são necessariamente Carnavais, do mesmo modo que o 
homem e o chimpanzé possuem uma mesma origem mas não são, obviamente, a mesma coisa. 
(FERREIRA, 2004, p.16-17)”. 
 
Contudo, não podemos desprezar as considerações efetuadas por diversos estudiosos 
no assunto, que definem a origem do carnaval como obscura e indefinida, nesse sentido, sendo 
possível que as suas raízes se encontrem principalmente nos eventos relacionados aos 
acontecimentos religiosos primitivos e rituais agrários, na época da colheita de grandes safras, 
pagão, que homenageava o início do ano novo e o ressurgimento da natureza, por meio de 
comemorações dos cultos rituais, em louvação ao afastamento das coisas, mas que prejudicava 
o processo do cotidiano como: o inverno, as enchentes, as tempestades, etc. 
Não obstante, esse mesmo povo homenageava o que entendia como o bem ofertado 
pela natureza, como por exemplo: o término das enchentes, a chegada da primavera, o pôr do 
sol, etc. Portanto, tais homenagens eram realizadas em forma de cantos e danças em torno de 
uma fogueira, com o objetivo de espantar as forças negativas ocultas que prejudicavam o 
plantio. 
Dentre esses cultos, existem versões ditas que as primeiras manifestações ocorreram 
no Antigo Egito, com a procissão do boi Ápis que consistia numa procissão em que um boi era 
enfeitado, o seu chifre pintado e seu corpo envolvia-se fitas coloridas, assim, percorria as ruas 
da cidade com uma criança sobre o seu lombo, sendo assim, o mesmo era seguido por grupo de 
pessoas fantasiadas e mascaradas. 
Essa farra durava sete dias, e nessas comemorações havia muita dança, canto, 
banquetes e diversão, era literalmente a festa para a carne. Também nesse período havia a 
celebração das sacéias babilônicas, que duravam em torno de cinco dias e que era 
 
 
6 
 
caracterizada pela inversão do papel social e de seus valores. Sendo assim, os escravos é quem 
davam as ordens aos seus donos e um prisioneiro era escolhido para exercer o papel de rei. 
Então, podemos concluir que, ainda que, de forma velada e indiretamente já se exercia 
uma espécie de punição e penitência aos prazeres da carne como a luxúria, o sexo, a comilança 
a bebedeira, etc., porém, com um detalhe, o verdadeiro rei oferecia como holocausto o escravo 
nas sacéias babilônicas, conforme afirma FERREIRA (2004, p. 20): 
 
“(...) Durante o período festivo, o novo “rei” exibia-se no trono, comia as mais finas iguarias e 
dormia com as esposas reais. No último dia o escolhido era despojado de suas roupas, 
chicoteado e, por fim enforcado. Um triste fim que marcava o retorno da sociedade às regras 
normais de conduta” 
 
Também existiam as denominadas festas pagãs, como o culto à deusa Ísis durante a 
primavera, que ultrapassou as fronteiras pela bacia do Mediterrâneo no mundo antigo. A deusa 
Ísis como uma figura paradigmática de mãe, sendo considerada protetora das crianças, e era 
invocada a deusa da castidade para superar grandes e pequenas tragédias do dia-a-dia, sendo 
assim, essa comemoração não se configura somente em uma manifestação de bacanais e 
orgias, conforme afirma Hiran Araújo em seu livro denominado Carnaval – Seis Milênios de 
História (2003, p. 4). 
Assim, a cidade toda lotava com o povo aparecendo em massa para ver a procissão e 
os mesmos se disfarçavam com trajes diversos de soldados, caçadores, gladiadores, sábios, 
filósofos, mestre, ou mesmo travestidos de mulheres, na seqüência linear da procissão vinham 
os sacerdotes, os músicos e o povo em geral. 
E o principal foco do rito consistia em levar uma espécie de maquete de navio sobre 
rodas e lançá-la ao mar como oferenda à deusa, que também era tida como a protetora dos 
navegadores. Essa festa era denominada de Navigium Isidis (o Barco Lançado) ou ploiaphesia 
(Festa do Barco Lançado). 
Outra prática comum era a de incorporar charretes em forma de pequenos navios às 
procissões em outras comemorações, como as Pantenéias (espécie de sistema filosófico que 
 
 
7 
 
identifica à divindade com o mundo e segundo o qual Deus é o conjunto de tudo o que existe), 
que aconteciam em Atenas, conforme FERREIRA (2004, p.19), onde também encontramos a 
seguinte citação: 
 
“(...). É a presença, nas festas, desses pequenos barcos com rodas que acabou por fazer com 
que alguns pesquisadores considerassem tais celebrações como um exemplo de folia 
carnavalesca da Antiguidade, ao imaginar que o nome “Carnaval” teria origem em carrus 
navalis, ou seja, um carro em forma de navio. Hipótese que, anos mais tarde, foi suplantada por 
outra teoria que associa a palavra Carnaval à carne vale, ou “adeus carne” (...)”. 
 
Contudo, a figura do arquétipo do rei Momo é uma das formas de Dionísio, conhecido 
como o deus Baco (que num primeiro momento possui esse apelido por ser romano e num 
segundo momento ele é morto e renasce da coxa de Zeus, para ganhar o status de grego, pois o 
grego não aceitava interferências de outras culturas em sua cultura), patrono do vinho e do seu 
cultivo, logo, faz remontar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que 
honravam a colheita. E se comemorava essa prática greco-romana na Antiguidade, 
contextualizada nas transgressões, exageros e inversões de regras sociais, isso tudo com muita 
alegria, comilança e bebedeira, sendo, portanto, na mais ampla concepção da palavra uma 
verdadeira farra ou bagunça. 
Assim sendo, as principais dessas comemorações além das dionisíacas acima 
mencionadas, que eram celebradas no mês de março, as chamadas calendas de março 
(primeiro dia de cada mês romano, na antiguidade), que marcavam o início do ano da Antiga 
Roma, essas festas dionisíacas festejavam o deus Dionísio e eram caracterizadas por 
procissões e mascarados cobertos de peles e galhos, disfarçados de animais. Existiam também 
as festas denominadas de lupercais e as saturnais. (FERREIRA, 2004, p.19). 
As festas lupercais aconteciam no mês de fevereiro e eram realizadas em honra ao 
deus Pã (também conhecido como Luperco), protetor dos rebanhos, festa essa caracterizada por 
sacerdotes do deus e segundo o seu rito, consistia em correrem seminus por toda cidade 
batendo galhos de árvores em quem estivessem em seu caminho, tal açoite se dava, no sentido 
de se acreditar que tal ato, trazia a fecundidade às mulheres mais jovens e facilitava o parto às 
 
 
8 
 
grávidas. Diante disso, seguia-se um grande cortejo com a presença de charretes enfeitadas e 
pessoas mascaradas em que reinava uma grande licenciosidade. (FERREIRA, 2004, p.19). 
Já as comemorações saturnais, aconteciam aos redores de Roma, em meados de 
dezembro, cujo objetivo principal era o de celebrar o fim do ano lunar, todo seu contexto festivo 
era dedicado a Saturno, conhecido como o deus da agricultura e das sementes, assim, este 
divertimento relacionava cantos e danças com trocas de presentes e grandes comilanças e 
bebedeiras. (FERREIRA, 2004, p.20). 
Sendo assim, não é apenas uma coincidência ou por mero acaso que essas festas que 
se davam aos deuses Saturno, Luperco e Dionísio acontecerem entre os meses de dezembro e 
março, período em que hoje brincamos o carnaval, mesmo porque era o período de término de 
um ciclo solar e o início de um novo tempo, conforme afirma FERREIRA (2004, p.20). 
Na Era Cristã, a Igreja começou a tentar conter esses excessos e essas inversões dos 
padrões tidos como “normais” do povo nestas festas pagãs. Uma solução foi à inclusão do 
período momesco no calendário religioso. 
Os cristãoscostumavam iniciar as comemorações do Carnaval na época de Natal, Ano 
Novo e festa de Reis. Contudo, estas se acentuavam no período que antecedia a terça-feira 
gorda (assim chamada porque era o último dia em que os cristãos comiam carne antes do jejum 
da quaresma, no qual também havia, tradicionalmente, a abstinência de sexo e até mesmo das 
diversões, como circo, teatro ou festas). 
Antecedendo, portanto, a Quaresma, o Carnaval ficou sendo uma festa que termina em 
penitência na quarta feira de cinzas. Sendo assim, a própria definição do termo carnaval, como 
já relatamos neste trabalho, é de origem incerta e indefinida, no entanto já era encontrado no 
latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavras estas, dos séculos XI e XII, que 
significava terça-feira gorda a véspera da quarta-feira de cinzas, ou seja, à hora em que 
começava a abstinência da carne durante os quarenta dias, relembrando os dias de jejum e 
provações que Jesus Cristo passou no deserto, sendo que no passado, como mencionado acima 
os fiéis da igreja católica eram proibidos, inclusive de comerem carnes. 
 
 
 
9 
 
Essa história pode classificá-la assim como “oficial”, foi proclamado a partir de uma 
deliberação do papa Gregório I no ano de 604. 
Portanto, os fiéis deveriam se abstiver da vida normal numa determinada época do ano 
para se dedicarem única e exclusivamente as questões espirituais, no sentido de purificação e 
libertação da alma dos pecados carnais, oriundos das franquezas espirituais, também dos 
excessos e das inversões dos valores sociais. 
Há de se frisar que o termo quaresma ou quaresmeira surge desse evento conforme 
cita FERREIRA (2004, p.24): 
 
“Por causa disso o período ficou com o nome de “quadragésima” ou “quaresma”. A usança foi-se 
espelhando, até que no ano de 1.091, época do papa Urbano II, foi realizada uma reunião dos 
representantes da Igreja – chamada de Símbolo de Benevento – na qual se decidiu, entre 
muitas outras coisas, que estava na hora de se escolher a data oficial para o período da 
Quaresma. O primeiro dessa seqüência de dias passa a ser chamado de Quarta-feira de Cinzas, 
em vista do costume, que até hoje perdura, de se marcar a testa dos fiéis com uma cruz feita 
com as cinzas de uma fogueira, em sinal de penitência”. 
 
Daí ser encontrada em nossos dicionários a definição para o termo carnaval como os 
três dias que antecedem a quarta-feira de cinzas, conforme o Minidicionário Ediouro, (1999, 
p.145) define-se: carnaval s.m. 1. Os três dias que antecedem a quarta-feira de cinzas. 2. A festa 
popular que se realiza nesse dia. Já no Pequeno Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa 
Ilustrado: carnaval s.m. 1. Os três dias que antecedem a quarta-feira de cinzas; entrudo. 
Encontramos ainda, na Nova Enciclopédia Barsa (1996, p. 204): Carnaval. Período de 
festa popular compreendido, segundo o calendário cristão, entre o dia de Reis e a Quaresma, 
com destaque para os três dias que precedem à quarta-feira de cinzas. 
Podemos, então, definir que é a partir dessa deliberação da igreja católica é que o 
carnaval se firma, no sentido de conceito e da definição da data oficial, bem como o evento do 
ritual das cinzas, simbolicamente no sentido de concretizar como um ato de queimar as 
impurezas dos pecados gerados pela carne, por meio da abstinência e dos sacrifícios carnais, 
libertando o espírito dos prazeres da carne, como a farra, a bebedeira, a comilança e o sexo. 
 
 
10 
 
Remetendo assim, aos quarenta dias e as quarenta noites que Jesus Cristo foi tentado e 
perseguido pelo diabo no deserto. 
No tocante as máscaras mais famosas e tradicionais que sobrevivem ao tempo e ao 
espaço são as confeccionadas em Veneza e Florença, muito utilizadas pelas damas da nobreza 
no século XVIII, no sentido de se caracterizar como o símbolo máximo da sedução. Outra 
curiosidade que aparece nessa época e que se tornaram os três grandes ícones românticos do 
carnaval são os personagens do Carnaval: a Colombina, o Pierrô e o Arlequim, que tem origem 
na Comédia Italiana, companhia de atores que se instalou na França para difundir a Commedia 
dell'Arte. 
Assim sendo, o discurso poético se dá em torno do Pierrô que é uma figura ingênua, 
sentimental e romântica, por sua vez o mesmo é apaixonado pela Colombina, que era uma 
caricatura das antigas criadas de quarto, sedutoras e volúveis. Ela é a amante de Arlequim, rival 
do Pierrô, que representa o palhaço farsante e cômico, segundo Monique Cardoso, em seu 
artigo “História do Carnaval”. 
 
Figura 02: O carnaval de Veneza reúne, até hoje, os mais elegantes mascarados da Europa. 
 
Fonte: http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm 
 
 
11 
 
Na Europa um dos principais rituais de Carnaval foi o Entrudo. A palavra vem do latim 
e significa início, começo, a abertura da Quaresma. Existe desde 590 d.C., quando o carnaval 
cristão foi oficializado. O povo comemorava comendo e bebendo para compensar o jejum. Mas, 
aos poucos, o ritual foi se tornando bruto e grosseiro e o máximo de sua violência e falta de 
respeito aconteceu em Portugal, nos séculos XVII e XVIII. Homens e mulheres atiravam água 
suja e ovos das janelas dos velhos sobrados e balcões. Nas ruas havia guerra de laranjas 
podres e restos de comida e se cometia todo tipo de abusos e atrocidades, conforme menciona 
ARAÚJO (2.003, p.38). 
Concluímos então que o carnaval é uma miscelânea de festividades populares que 
ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da quaresma, 
principalmente do domingo da qüinquagésima à chamada terça-feira gorda, data oficial do 
carnaval brasileiro, contudo há de se frisar que, muito embora façam parte do contexto do 
carnaval à música, a dança, o disfarce, a folia, a inversão de valores, a desordem, a alegria 
coletiva, a farra, a bagunça, etc. 
O mesmo possui características peculiares em cada país que o projetou, inclusive em 
várias cidades brasileiras, como por exemplo: Rio de Janeiro – RJ (que para quem não conhece, 
existem várias formas de manifestações carnavalescas tradicionais e não somente o desfile de 
escolas de samba que o tornou conhecido mundialmente), Salvador, BA, Recife e Olinda, PE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2 PERÍODO DE DURAÇÃO DO CARNAVAL 
 
Conforme Miniweb (2008) o carnaval é uma festa popular que ocorre nas regiões 
católicas, mas sua origem é obscura e indefinida, portanto, os dias exatos do início e fim da 
estação carnavalesca variam de acordo com as tradições nacionais e locais, logo, têm-se 
adaptado e se alterado no tempo e no espaço. 
Já o calendário gregoriano, utilizado oficialmente na maior parte do mundo, o Carnaval 
é uma festa móvel porque é indicado pelo domingo de Páscoa, também no intuito de não 
coincidir com a páscoa dos judeus. Assim, para saber em que dia cairão as duas festas, 
determina-se primeiro o equinócio (ponto da órbita da terra em que se registra igual duração do 
dia e da noite: verifica-se no dia 21 de março e 23 de setembro) da Primavera (no Brasil é 
Outono). Não se pode esquecer que o calendário segue as estações do ano de acordo com o 
hemisfério norte, onde foi criado. O primeiro domingo após a lua cheia posterior ao equinócio da 
primavera é o domingo de Páscoa. Mediante a essa regra, o domingo de carnaval cairá sempre 
no 7º domingo que antecede à Páscoa. A quaresma tem início na quarta-feira de cinzas e como 
o próprio nome diz, tem duração de 40 dias, conforme menciona ARAÚJO (2003, p. 29). 
Assim, em Munique e na Baviera (Alemanha), ela começa na festa da Epifania, 6 de 
janeiro (dia dos Reis Magos), enquanto que na Colônia e na Renânia, também na Alemanha, o 
carnaval começa às 11h11min do dia 11 de novembro (undécimo mês do ano). Por outro lado na 
França, à celebração se restringe à terça-feira gorda e à mi-carême, quinta-feira da terceira 
semana da quaresma. 
Nos Estados Unidos, festeja-se o carnavalprincipalmente de 6 de janeiro à terça-feira 
gorda (mardi-gras em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na 
Louisiana), enquanto na Espanha a quarta-feira de cinzas se inclui no período momesco, como 
lembrança de uma fase em que esse dia não fazia parte da Quaresma. (Miniweb, 2008). 
No Brasil, até a década de 1.940, sobretudo no Rio de Janeiro, as festas pré-
carnavalescas iniciavam-se em outubro, na comemoração de Nossa Senhora da Penha, crescia 
durante a passagem de ano e atingia o auge nos quatro dias anteriores às cinzas, ou seja: 
 
 
13 
 
sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. Não obstante, hoje em dia, tanto em Recife 
(Pernambuco), quanto em Salvador (Bahia), o carnaval inclui a quarta-feira de cinzas e dias 
subseqüentes, chegando atualmente inclusive a incluir o sábado de Aleluia. 
Concluímos, portanto, diante do exposto que o carnaval por ironia ou não do destino, o 
carnaval se organiza no sentido de datas permanentes, a partir de uma deliberação da igreja 
católica e o mesmo a cada ano que se passa vem ganhando forças, se adaptando, se ajustando 
a cada realidade e cultura. 
Também podemos considerar que, oficialmente quem concretiza o carnaval para o 
mundo é a igreja católica, diante das afirmações acima mencionadas e da necessidade de 
justificar os desejos do povo, visto que era uma maneira de manter a tradição antiga e agradar 
os mesmos, porém com uma nova roupagem e encontrando uma forma de ser perdoados, 
através das Cinzas e da penitência pelo processo da quaresma, dos exageros dos prazeres 
carnais cometidos e pela a inversão dos valores sociais. 
Estes cultuados pelas festas pagãs, estas vistas pela igreja como manifestações com 
caráter de celebrações demoníacas, onde se encontravam os mascarados e fantasiados. 
Ressaltamos também que essa concepção de que todo o excesso, alegria coletiva, 
desordem, farra, inversão de valores caricatura, humor, ou seja, a manifestação maior do lado 
“dionisíaco” e não “apolíneo” do ser humano ser considerado um “carnaval” é antiga, conforme 
cita FERREIRA (2004, p.22): 
“(...). Ela surge já nos primeiros anos depois de Cristo, quando os chamados Pais da Igreja 
(geralmente bispos que evangelizavam nos primeiros séculos do cristianismo, como Santo 
Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo) se recusavam a perceber a diferença entre as 
várias festas pagãs que aconteciam no final e início do ano. Todas essas celebrações com 
máscaras e fantasias eram vistas igualmente como manifestações demoníacas e por eles 
denominadas genericamente de “paganismo”, outro nome para “bagunça”, “folia” ou “carnaval”. 
Até o século XVIII, todas as festas que aconteciam nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro 
– como as saturnais, os ritos de inversão, as festas de loucos e os carnavais – eram vistas como 
se fossem uma mesma e, muitas vezes, condenável manifestação do populacho, ou seja, um 
“carnaval”. Essa maneira de pensar chegou até nós e ganhou muita força a partir de meados do 
século XX. Nessa época, um estudioso russo chamado Bakhtin resolveu pesquisar o trabalho de 
Rabelais, escritor francês muito famoso que viveu no século XVI. Essa pesquisa acabou se 
transformando num livro que foi publicado em inglês, na década de 1960, no qual Bakhtin, entre 
outras coisas, falava sobre a idéia de “carnavalização”. Para ele, as aventuras que Rabealis nos 
contava em sua série de livros sobre as peripécias dos gigantes Gargântua e de seu filho 
Pantagruel seriam uma verdadeira enciclopédia da cultura popular do século XVI na Europa. As 
cenas relatadas no livro mostram histórias exageradas, com situações que falam de um mundo 
 
 
14 
 
divertido, cheio de personagens amalucados, um mundo que parece funcionar ao contrário 
daquilo que conhecemos normalmente. 
(...). A esse conjunto de comportamentos ele deu o nome de “carnavalização”. Quer dizer, para 
Bakhtin, a carnavalização não está ligada somente ao período do Carnaval e as suas festas. 
Para ele, o mundo carnavalizado é um mundo de festas do povo, das brincadeiras grosseiras e 
das inversões típicas das brincadeiras populares do fim da Idade Média. Essa barafunda entre o 
conceito de “carnaval” e o de “carnavalização” vai fazer com que as duas idéias acabem se 
misturando, influenciando alguns estudiosos que acabam por concluir que onde tem festa, 
exagero e inversão, também tem carnaval. Porém, isso não é necessariamente verdadeiro. O 
espírito da carnavalização, estudado por Bakhtin, pode se manifestar em qualquer época do ano 
e em qualquer lugar seja nas comemorações da Segunda Guerra Mundial na Europa ou na festa 
de Purin entre os judeus. Já o carnaval é uma coisa diferente se apresenta como uma festa com 
data determinada, que acontece em certos países e em determinadas cidades do planeta. Por 
exemplo, em suma, “no Carnaval existe carnavalização, mas nem toda a carnavalização é um 
Carnaval”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3 O CARNAVAL NO BRASIL 
 
Na intenção de afastar o monoteísmo e o tédio do cotidiano, desde os tempos da 
colônia e do Império, no Brasil. Devido à demora do progresso e o “vasto tempo ócio” tudo era 
motivo para festas e comemorações, sendo assim, possuía o objetivo principal distrair a corte e a 
plebe, diante desse fato, montavam-se eventos de caráter religioso como as procissões. Por 
outro lado qualquer acontecimento na corte em Portugal, ou aqui, era motivo de serem 
comemorados com festas, passeatas e desfiles, segundo afirma ARAÚJO (2003, p.51). 
Porém, por causa das atuais maneiras de se brincar o Carnaval muita gente pensa que 
esta festa tem origem na cultura trazida pelos escravos africanos. Entretanto, ao contrário disso, 
o carnaval brasileiro se origina no entrudo português e aqui chegou com as primeiras caravelas 
da colonização. 
 
Figura 04: “Carnaval de 1.880”, litografia de Ângelo Agostini: em cima, à esquerda, entrudo em uma 
casa de família; à direita, batalha de água. 
 
Fonte: (Barsa – Macropédia - v.3.p.453). 
Uma característica marcante de importância antropológica e social ímpar é que o 
carnaval brasileiro também acontece paralelamente com a evolução histórica. Como não havia 
 
 
16 
 
um gênero próprio peculiar e genuíno brasileiro de música carnavalesca, inicialmente as 
brincadeiras eram acompanhadas pela Polca. 
Na seqüência, o ritmo que definiria a brincadeira passou a ser direcionado pelas 
quadrilhas, valsas, tangos, e o maxixe, sempre executados somente com a composição musical 
instrumental, sem a poesia ou letra. Assim, em 1.880 é que vão surgir às produções musicais 
cantadas, que num primeiro momento eram cantadas por coros, pelas pastoras, etc. Então, se 
firmam, criam identidade, ganham projeções e invadem os salões. 
 
Figura 05: Chiquinha Gonzaga (1847–1934) – a pioneira da cantiga carnavalesca. Compôs para o 
carnaval de 1899 a marcha rancho “Ô abre alas”. 
 
Fonte: Livro “O Carnaval Carioca Através da Música” (1980, p.87). 
 
 
 
 
17 
 
A primeira música feita exclusivamente para o carnaval foi uma marcha denominada: 
"Ó abre alas", composta para o cordão Rosa de Ouro pela irreverente e revolucionária em sua 
época, maestrina Chiquinha Gonzaga em 1.899 e inspirada pela cadência rítmica dos ranchos e 
cordões. Desde então este gênero, rapidamente caiu no gosto popular (ALENCAR, 1980, p. 84). 
Assim, se popularizaram como música carnavalesca: samba, marcha-rancho, batucada 
e samba enredo, que permaneceram como o ritmo que os cariocas mais gostavam, portanto, 
passou a animar os carnavais cariocas. Elas sobreviveram por um longo tempo, se consagrando 
como um fenômeno cultural e musical específico, logo, se firmou como gênero. 
Os concursos promovidos pela Rádio Nacional, a cada ano tornavam-se 
disputadíssimos, portanto, grandes composições se consagravam e ganhavam os bailes e as 
ruas como as clássicas: Cidade Maravilhosa, Mamãe eu quero e Jardineira. Logo, não sepoderia associar a alegria do Rio de Janeiro sem os cânticos do povo, nos bailes, nas casas de 
shows, teatros, praças e ruas. 
Porém, aos poucos as marchinhas tão populares e que eram tocadas nas rádios no 
início da década de 60, foram sendo substituídas pelos samba enredo e no final dos anos 60, as 
rádios, as gravadoras de discos e a recente televisão ganhava espaço, não obstante passava a 
promover a transmissão do ponto alto do carnaval que era o desfile das escolas de samba, para 
todo país, exaltando o aspecto visual (Enciclopédia Barsa, 1996, p. 454). 
Portanto, o carnaval brasileiro recebeu também muitas influências das mascaradas 
italianas e somente no século XX e dos elementos africanos, considerados fundamentais para 
seu desenvolvimento, principalmente no tocante as origens do samba, que é definido como uma 
dança e música de origens africanas, desenvolvidas no Rio de Janeiro para uns e para outros na 
Bahia, mas comuns em um ponto, no sentido de classificá-lo como um gênero carnavalesco e 
genuinamente brasileiro. 
Há de se frisar que não se sabe exatamente quando surgiu o samba enredo, conforme 
afirma Edigar de Alencar, em sua obra denominada O Carnaval Carioca Através da Música 
(1980, p. 51): 
“Não se pode precisar exatamente a data em que teria surgido o primeiro samba-enredo. Mas 
com a oficialização do carnaval em 1935, foi regulamentado o desfile das escolas de samba. E 
 
 
18 
 
em meio às normas a que se obrigariam estava a de versarem seus enredos na História do 
Brasil. É, pois, a partir daquele ano que aparece a nova modalidade de samba. Diga-se, 
entretanto, que de início tais sambas permanecem quase desconhecidos. Não são gravados 
nem editados e apenas a Escola os executa e canta nos seus desfiles. Parece que o primeiro 
samba-enredo que consegue sobreviver ao carnaval é Tiradentes (1.955), de Estanislau Silva, 
Décio Carlos e Penteado”. 
 
E hoje, é uma das manifestações mais populares do país, sendo festejado em todo o 
território nacional, e, com essa mistura de costumes e tradições tão vastas e ecléticas, o 
Carnaval do Brasil é um dos mais famosos do mundo e com esse diferencial, todos os anos, 
atrai milhares de turistas dos cinco continentes. Ao contrário do que acontecia em sua época de 
ouro, do fim do século XIX até a década de 1950, nem um décimo do povo participa hoje 
ativamente do carnaval. 
Contudo, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, se não 
o melhor, quer seja pela avaliação dos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros 
que amam essa parte de nossa cultura, principalmente o público jovem que não conseguiu 
contemplar a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara 
Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, 
paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1.922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, 
catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto" (Miniweb, 2008). 
 
 
3.1 Entrudo 
 
 
O Entrudo desembarcou no Brasil em 1641, na cidade do Rio de Janeiro, mais 
precisamente no dia 31 de março, num Domingo de Páscoa e realizou-se na Rua Direita (hoje 
conhecida como 1º de março). Alguns estudiosos consideram esse evento como o primeiro 
desfile carnavalesco, ou seja, o Marco Zero do Carnaval Carioca, em homenagem ao rei Dom 
João IV, restaurador do trono de Portugal. Animado pelas músicas do licenciado João Fernandes 
de Souza, à luz de archotes (facho revestido de breu que se acende para iluminar), nas ruas 
 
 
19 
 
cheias de gente, desfilaram 161 cavaleiros encamisados (cobertos por longas camisas brancas) 
com dois carros alegóricos evocativos à coroação de El Rey Dom João IV, que foi o primeiro 
monarca português a favor da restauração (libertação de Portugal do domínio espanhol) 
(ARAÚJO, 2003, p.51). 
 
 Figura 06: “Dia do Entrudo”, desenho de Jean-Batiste Debret. 
 
Fonte: Fundação Raimundo Ottoni de Castro Maia, Rio de Janeiro (Barsa – Macropédia –v.3.p.453). 
 
Portanto, o entrudo foi importado dos Açores de Portugal. Assim como do seu local de 
origem, era uma festa cheia de inconveniências da qual participavam tanto os escravos quanto 
as famílias brancas. Sendo ele o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador 
português, caracterizava-se pela forma grosseira, suja e violenta de se expressar o carnaval. 
Contextualiza-se na maneira mais generalizada de brincar no período colonial e 
monárquico, contudo, também a mais popular. Manifestava-se em lançar, sobre os outros 
foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões de cheiro (feitos ambos de cera), pó de 
cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e 
 
 
20 
 
vários outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas 
(Miniweb, 2008). 
Devido às características deselegantes, o modo grosseiro de se brincar, e, após, 
insistentes intervenções e advertências da Igreja Católica, os banhos de água suja foram sendo 
substituídas por limões de cheiro, esferas de cera com água perfumada ou água de rosas e 
bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Esses frascos deram origem ao lança-perfume, 
que se constitui numa bisnaga ou vidro de éter perfumado de origem francesa. Sendo assim, ele 
foi criado em 1885 e chegou ao Brasil nos primeiros anos do século XX. (Miniweb, 2008). 
Substituindo então, as grosserias, vieram às batalhas de flores, confetes, serpentinas, 
os lança-perfumes e os desfiles em carros alegóricos, de origem européia. Uma das figuras mais 
marcantes da festa, no arquétipo Rei Momo (como nas festas saturnais romanas, 
simbolicamente o Reio Momo é morto após o carnaval, elegendo-se um novo monarca no ano 
seguinte, segundo ARAÚJO (2003, p. 170), inspirada nos bufões, atores portugueses que 
costumavam representar comédias teatrais para divertir os nobres. Conforme citação da 
Enciclopédia Barsa (1996, p. 452): 
 
“O entrudo português constitui, no Brasil colonial e monárquico, a forma mais comum de brincar 
o carnaval. Consistia num folguedo violento: eram atiradas sobre as pessoas água, farinha, cal e 
outras substâncias que molhavam e sujavam o transeunte. Proibido no Rio de Janeiro pelo 
Prefeito Pereira Passos, em 1904, e alvo de protestos na imprensa, o entrudo civilizou-se 
progressivamente até o aparecimento de outros instrumentos de brincadeiras: o confete a 
serpentina e o lança perfume”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Figura 04: Representação da figura do Rei Momo, na alegoria 4 denominada “Dragões de Momo”, da 
Estação Primeira de Mangueira, Marquês de Sapucaí, RJ – 04/02/2008. 
 
Foto: Alexandre Polini 
 
3.2 Zé-Pereira 
 
 
Em todo o Brasil, mas precisamente no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar 
homenagem galhofeira, ou seja, zombar a expressivos tipos populares de cada cidade ou vila do 
país durante os festejos de Momo. 
Sendo assim, o mais famoso arquétipo carioca foi um sapateiro português, chamado 
José Nogueira de Azevedo Paredes – o “Zé Pereira” – surgiu em 1846 e revolucionou o carnaval 
carioca era, tocador de bumbo ou zabumba e tambores, animava a folia em passeatas pelas 
ruas, como se fazia em sua terra. 
 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
22 
 
Então, com sua origem portuguesa, conseguiu o ápice de sua notoriedade no século 
XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca, tendo sido 
esquecido no começo do século XX, cedendo a sua vez para os ritmistas que acompanhavam os 
blocos dos sujos tocando outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a 
cuíca, o triângulo e as "frigideiras". (Miniweb, 2008).. 
 
Segundo citação da Enciclopédia Barsa, (1996, p.452): 
 
“O Zé-pereira (tocador de Bombo) marcou época nos antigos carnavais do Rio de Janeiro.O 
sapateiro português José Nogueira de Azevedo, teria sido o introdutor, em 1846, do hábito de 
animar a folia carnavalesca com zabumbas e tambores, percutidos em passeata pelas ruas. 
Meio século mais tarde, o ator Francis Correia Vasques encenou uma paródia de Les Pompiers 
de Nanterre (Os bombeiros de Nanterre), na qual cantou a quadrinha que celebrizou o já 
consagrado personagem carnavalesco: “E viva o zé-pereira / Pois que a ninguém faz mal / Viva 
a bebedeira / Nos dias de carnaval.” 
 
 
 
 
23 
 
Figura 08: Representação da figura do Zé Pereira, na alegoria 2 denominada “Zé Pereira”, da Estação 
Primeira de Mangueira, Marquês de Sapucaí, RJ – 04/02/2008. 
 
Foto: Alexandre Polini 
 
3.3 Bailes 
 
 
O primeiro baile de máscaras do Brasil foi realizado pelo Hotel Itália, no Largo do 
Rocio, Rio de Janeiro, precisamente no dia 22 de janeiro de 1840, no mesmo local em que se 
ergueria depois o teatro e depois cinema São José, na Praça Tiradentes, no Rio. A entrada 
custava dois mil réis, com direito à ceia. 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
24 
 
Esse modelo de se brincar o carnaval logo virou um moda e contagiou a cidade. No 
entanto, apesar de ser uma maneira sadia e alegre de se brincar o carnaval, contribuiu para 
marcar as já latentes diferenças sociais que aqui sempre existiram. 
 
No entanto, a efervescência dos bailes carnavalescos em casas de espetáculos só se 
generalizou na década de 1870. Aderiram à moda o Teatro Pedro II, o Teatro Santana, e aí até 
os estabelecimentos populares entraram na dança, no Skating Rink, o Clube Guanabara, o 
Clube do Rio Comprido, a Societé Française de Gymnastique, em teatros que se alinhavam ao 
lado dos bailes públicos, mas em área social selecionada. 
 
Figura 09: Decoração do salão de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 
 
Fonte: Livro ENEIDA – História do Carnaval Carioca de Eneida de Moraes. (Nova Edição Atualizada por 
Haroldo Costa). 1958. Rio de Janeiro, Record. p. 210. 
 
O carnaval dos salões veio para agradar a elite e a classe emergente do país, o povo 
ficava do lado de fora, nas festas de rua ao ar livre. E mesmo com o grande sucesso dos bailes 
de salão, foi nas ruas com a formatação popular que o carnaval adquiriu formas genuinamente 
autênticas e brasileiras. Segundo citação da Enciclopédia Barsa (1996, p.452): 
 
 
 
25 
 
“O primeiro baile carnavalesco carioca realizou-se no Hotel Itália, na atual praça Tiradentes, por 
iniciativa dos proprietários, animados pelas notícias do sucesso dos bailes de máscaras 
europeus. Em1846, a atriz Clara Dalmastro organizou um baile de máscaras no teatro São 
Januário, dando início à moda dos bailes em casas de espetáculos, generalizada por volta de 
1870. No final do século, cerca de cem bailes eram oferecidos aos carnavalescos da cidade, em 
teatros e clubes. Celebrizaram-se os bailes do Teatro Municipal, realizados de 1932 a 1975, e os 
dos hotéis de luxo como Glória, o Copacabana Palace e o Quitandinha, em Petrópolis”. 
 
Desta forma, o desenvolve-se de maneira espantosa, e então, surgem os "arrastados" 
em casas de família, bailes ao ar livre, bailes infantis e os pré-carnavalescos, bailes em circos, 
matinês dançantes. Afinal, certos bailes ganharam fama nacional e até internacional, realizados 
em grandes clubes, hotéis ou teatros: em 1908 houve o primeiro dos bailes do High-Life, que 
chegaram ao fim nos anos 40; em 1918 iniciou-se a tradição do baile dos Artistas, no teatro 
Fênix; em 1932, o primeiro grande baile oficializado, o do Teatro Municipal, abriu caminho para 
muitos outros; e logo vieram os do Glória, Palácio Teatro, Copacabana Palace, Palace Hotel, 
Cassino da Urca, Cassino Atlântico, Cassino Copacabana, Quitandinha (em Petrópolis), 
Automóvel Clube do Brasil. 
E no ano de 1935, o Cordão dos Laranjas construiu um salão, em forma de navio, que 
"atracou" na Esplanada do Castelo, e ali se realizariam alguns dos mais alegres bailes de três ou 
quatro carnavais. 
E enquanto o Municipal iniciava concursos de fantasias de luxo (a princípio só 
femininas, e, depois dos anos 50, masculinas), os bailes que atraíam multidões eram os do 
Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama, América. Bem familiares em suas primeiras 
versões, reunindo a sociedade abastada em trajes de gala, foram-se tornando cada vez menos 
bailes de fantasia. Já não se conseguia dançar, apenas pular, e à casaca e ao smoking 
juntavam-se o traje-esporte e o mulherio seminu. 
Também havia os bailes dos grêmios como o das Atrizes, o Vermelho e Negro, o dos 
Pierrôs, etc. (Miniweb, 2008). 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 10: As fantasias elegantes dos bailes do Teatro Municipal dos anos 50 (Arquivo JB.) 
 
Fonte: Livro ENEIDA – História do Carnaval Carioca de Eneida de Moraes. (nova edição atualizada por 
Haroldo Costa). 1958. Rio de Janeiro, Record. p. 37. 
 
 
3.4 As Fantasias e Máscaras 
 
 
O uso de fantasias, compreendida neste trabalho como roupas de disfarce e máscaras 
que possuem várias definições pelos dicionários, porém, a mais pertinente é: Máscara: Objeto de 
cartão, pano ou madeira, que representa uma cara ou parte dela, que possuía a função de cobrir 
o rosto, para disfarçar a pessoa que a põe, teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de 
sucesso – de 1870 até início do decênio de 1.950. Começou a declinar depois de 1930, quando 
 
 
27 
 
encareceram os materiais para confeccionar as fantasias (fazendas e ornamentos), sapatilhas, 
botinas, quepes, boinas, bonés, etc. 
 
Portanto, as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo 
reduzido ao mais compacto possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga, devido ao 
calor do verão que é o período mais quente do ano, diante disso, foi desaparecendo os disfarces 
mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com 
orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o 
rajá, o marajá. 
 
Figura 08: Máscara Carnavalesca. 
 
Fonte: (Barsa – Macropédia – v.3.p.451). 
 
Posteriormente chegando às requintadas e riquíssimas fantasias, apresentadas nos 
concursos de fantasias do Hotel Glória e do Teatro Municipal no Rio de Janeiro, chegando a ser 
transmitida pela extinta TV Manchete e que projetou grandes nomes ao carnaval carioca das 
escolas de samba. 
 
 
28 
 
Apesar disso, algumas vezes havia homenagens às fantasias clássicas da commedia 
dell’Arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina. Porém, na década de 1930, muitas 
daquelas fantasias ainda eram utilizadas, inclusive com máscaras. Conforme Enciclopédia Barsa 
– Macropédia. Vol. 3, Companhia Melhoramentos. São Paulo, (1.996, p.452 e 453): 
 
“Até a década de 1.930, era costume de brincar o carnaval com fantasias ou máscaras, estas 
introduzidas em 1834 por influência francesa. As ricas máscaras de veludo ou cetim, assim 
como as fantasias de marinheiro, pierrô colombina, arlequim usadas nos bailes, foram 
progressivamente abandonadas e substituídas por trajes sumários confortáveis. Sobreviveram 
nas ruas os foliões vestidos de mulher, autênticos travestis ou brincalhões, grotescamente 
disfarçados, hábito já registrado em carnavais de meados do século XIX. Outros personagens 
são encarnados especialmente por crianças, como super-heróis da televisão, os palhaços e o 
bate-bola. Em meados do século XX despertaram admiração os desfiles de riquíssimas, restritos 
aos salões, em que se atribuíam prêmios nas categorias luxo e originalidade”. 
 
Figura 12: Em 1916, grupo de “clóvis” e mascarados (Augusto César Malta, Museu da Imagem e do Som 
– RJ). 
 
Fonte: Livro ENEIDA – História do Carnaval Carioca de Eneida de Moraes. (Nova Edição Atualizada por Haroldo 
Costa). 1958. Rio de Janeiro, Record. p. 82 
 
Entre elas estavam as de apache, gigolô, gigolete, malandro (camiseta de listras 
horizontais,calça branca, chapéu de palhinha, lenço vermelho no pescoço), dama antiga, 
espanhola, camponesa, palhaço, tirolesa, havaiana, baiana. Com o passar dos tempos, aos 
poucos, os homens foram preferindo a calça branca e a camisa-esporte, até chegar à bermuda e 
 
 
29 
 
ao busto nu, mas isso só depois da década de 1950; as mulheres passaram às fantasias mais 
leves, atingindo, depois, o maiô de duas peças e alguns colares de enfeite, logo o biquíni, o 
busto descoberto, etc. Como no caso da concepção do gênero musical, o processo das 
indumentárias, também seguiram-se por um contexto histórico, e até mesmo podemos associar 
à evolução da moda das vestimentas no Brasil. (Miniweb, 2008). 
 
 
3.5 Corso 
 
 
Mobilizando multidões aproximadamente durante três décadas, e inventado em fins da 
década de 1900, o Corso era caracterizado por uma grande passeata de carros conversíveis e 
enfeitado, que conduzia os foliões que brincavam entre si e interagiam com os pedestres. 
Então, com a capota arriada, sobretudo as moças fantasiadas de saias bem curtas, 
cantando e/ou jogando serpentinas e confetes nos pedestres, que se amontoavam nas beiras 
das calçadas para vê-las passar. 
Assim, munidos do confete, da serpentina e do lança-perfume, sendo que esses três 
elementos, também cooperaram para a maior expressão dos corsos que deram vida ao carnaval 
de rua. Além de já haver contribuído nos bailes de salão. Conforme Enciclopédia Barsa (1996, 
p.453): 
 
“A moda do corso, lançada em fins da década de 1900, mobilizou multidões durante 
aproximadamente trinta anos. Consistia numa passeata carnavalesca de automóveis enfeitados 
que conduziam foliões, os quais brincavam com os demais participantes e com os pedestres. 
Confete, serpentina e lança-perfume eram usados em profusão, enquanto se cantavam os 
sucessos musicais do ano ou de anos anteriores. O corso iniciava-se às quatro horas da tarde 
de domingo de carnaval e se prolongava pela madrugada. Essa modalidade carnavalesca 
desapareceu com o advento dos carros fechados, que substituíram conversíveis usados nos 
corsos”. Nas batalhas de confete e serpentina, se desenvolvia o momento muito efervescente, 
portanto, a moda do corso, iniciada timidamente logo após a chegada dos primeiros automóveis, 
atingiria seus momentos de glória entre 1928 e a década de 1940. 
 
 
30 
 
Figura 10: No Corso, os carros abertos desfilavam nas principais ruas das grandes cidades. 
 
Fonte: http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm 
 
As cidades possuíam seu local específico para a realização do corso, e, o do Rio de 
Janeiro era realizado, com maior expressão, na Avenida Rio Branco, antiga Avenida Central, não 
obstante, a certa altura da brincadeira, em vários carnavais o corso se estendia em seu trajeto e 
ganhava à Avenida Beira-Mar, atingindo o Flamengo e Botafogo até o Pavilhão Mourisco, no 
final da praia. Mas, com a chegada das limusines e carros fechados, o corso foi perdendo a força 
e mais uma vez o carnaval se funde no tempo e espaço, dessa vez com a história do avento do 
automóvel influenciando na forma de se praticar a cultura popular. 
Então, as batalhas de confete e serpentina ocorriam em locais definidos e que 
possuíssem torcidas de bairros organizadas ou blocos fortes para desenvolver a disputa. Logo, 
se caracterizou numa forma de competição de músicas e canto, dança na rua e corso. Assim, as 
torcidas ou blocos organizavam as festas em que se gastavam quilos de confete e serpentina, 
litros de lança-perfume, e em que se dava a disputa entre as preferidas de cada agremiação. As 
batalhas se prolongavam, às vezes, até o amanhecer, algumas superando a empolgação dos 
dias de carnaval por excelência. 
Também podemos considerar que já havia uma forma de divisão de classes sociais, 
pois os brincantes dos carros pertenciam a uma classe social privilegiada, diferente do nível 
social dos brincantes pedestres, que enchiam as ruas para ver a passeata dos carros, o que era 
o privilégio de consumo de uma minoria. Assim, de maneira inconsciente e coletiva, na forma de 
se brincar o carnaval ganhava força e espaço os cordões, os blocos e os ranchos. (Miniweb, 
2008). 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
31 
 
3.6 Cordões, Ranchos e Blocos 
 
 
Os cordões começam a participar do carnaval carioca só no final século XIX, por volta 
do ano de 1870 e 1980, que ainda predominava o entrudo, e, porém, já convivendo como o Zé 
Pereira e desaparecem nos primeiros anos do século XX, assim, era comum no carnaval de rua 
a presença dos mascarados, cantando e dançando, fantasiados de palhaços, reis, diabos e 
baianas, bem como o "trote" e os blocos de sujos. 
Com o desaparecimento dos cordões os foliões que não aderiram aos ranchos 
carnavalescos se uniam aos grupos mais simples, que não apresentavam as características 
cênicas, sem fantasias elaboradas e sem alegorias, que existiam paralelos aos cordões que 
eram os blocos, segundo ARAÚJO (2.003, p.116). 
O encontro de blocos resultava, às vezes, em batalhas campais de sopapos. Nos 
desfiles, entre os anos 1919 e 1939, destacavam-se tradicionais ranchos, que desfilavam as 
segundas-feiras. Segundo informações contidas na Enciclopédia Barsa (1996, p.453): 
 
“Os cordões começaram a participar dos festejos carnavalescos da cidade por volta de 1880, 
para desaparecer nos primeiros anos do século XX. Entre esses primeiros grupos de 
mascarados, em que saiam palhaços, reis, diabos e baianas, contavam-se o Flor de São 
Lourenço, o Cordão dos Invisíveis, o Estrela da Aurora e a Sociedade Carnavalesca Triunfo dos 
Cucumbis. Estruturavam-se segundo uma mesma norma: um conjunto de foliões fantasiados, 
conduzidos por um mestre munido do apito de comando, dançava e cantava ao som de 
instrumentos de percussão. Era costume expor estandartes dos cordões nas sedes dos jornais, 
antes do carnaval. 
Os blocos, grupos de foliões fantasiados que se divertem em passeatas carnavalescas pelas 
ruas, dançando e cantando ao som de baterias, é outra tradição do carnaval carioca e de outras 
cidades do Brasil. Os ranchos carnavalescos, originados do rancho de Reis nordestino, 
começaram a aparecer no carnaval carioca no início do século XX como cortejo mais organizado 
e evoluído que o cordão e o bloco. “Desfrutaram de grande popularidade junto aos apreciadores 
de carnaval de rua o Flor de Abacate, Ameno Resedá, Mamãe Lá Vou Eu e o Rosa de Ouro”. 
 
 
 
 
32 
 
Figura 14: O Rancho Flor de Abacate, vencedor do carnaval carioca de 1932. 
 
Fonte: http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm. 
 
Então, podemos considerar que todo o lamento característico dos ranchos, 
demonstrado pelo sofrimento da paixão ardente, estão próximos e os relacionamos aos temas 
folclóricos das canções de lamentos nordestinos, como: o misticismo, as lendas, o romantismo, a 
forma das poesias e do andamento musical da melodia, são essências peculiares do processo 
de suas origens, daí os Ranchos serem nostálgicos, embriagarem foliões e multidões em seu 
romantismo implícito nas suas letras, como as clássicas e imortais canções: Bandeira Branca, As 
Pastorinhas, Máscara Negra, Bloco Solidão, etc. No entanto, afirma Iram Araújo (2.003, p.134). 
“Com os emblemas e símbolos, formavam cortejos cantando chulas ingênuas de origem 
africanas, uma espécie de lundu sapateado, acompanhados por uma orquestra composta de 
violões, violas, ganzás, pratos, castanholas e, às vezes, flautas.” 
 
 
 
 
 
 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
33 
 
 Figura 15: A beleza bem comportada dos Ranchos 
 
Fonte: Livro ENEIDA – História do Carnaval Carioca de Eneida de Moraes. (Nova Edição Atualizada por Haroldo 
Costa). 1958. Rio de Janeiro, Record. p. 114 
 
Também, há a necessidade de se destacar que uma das principais característicasdos 
ranchos era o desenvolvimento de uma dança dramática, temática, ou seja, contendo enredo. 
 
 
3.7 As Grandes Sociedades 
 
 
 
 
 
34 
 
Caracterizadas como um clube e que atuavam na vida social e política, e se inseriam 
no contexto-histórico do país, as grandes sociedades surgiram na segunda metade do século 
XIX, assim republicanos e abolicionistas, além de possuírem as peculiaridades de associação 
voltadas para as artes literárias e musicais, onde exerciam como função principal a crítica aos 
abusos e erros das autoridades, conforme Enciclopédia Barsa (1996, p. 453): 
 
As grandes sociedades que apareceram na segunda metade do século XIX não se limitavam 
aos desfiles carnavalescos. Seu prestígio se apoiava também em atividades sociais e políticas. 
Os integrantes das sociedades eram cidadãos participantes da vida nacional, abolicionistas e 
republicanos, e os grandes clubes funcionavam também como sociedades literárias e musicais. 
Nos chamados carros de crítica, tomavam posição contra abusos e erros das autoridades ou a 
propósito e questões em que a coletividade estivesse empenhada. 
O Congresso das Sumidades Carnavalescas foi responsável pelo primeiro desfile do gênero, em 
1855. Surgiu logo depois a União Veneziana, de curta duração, e duas dissidências do 
Congresso Sumidades; Euterpe Comercial e os Zuavos Carnavalescos. Os Tenentes do Diabo 
desfilavam em préstito pela primeira vez em 1867 e fizeram história como uma das mais 
populares sociedades carnavalescas. Seus aficionados eram chamados beatas. Outras 
sociedades muito populares foram os Democráticos, cujos admiradores se chamavam 
carapicus, e os Fenianos, cujo nome é uma referência aos revolucionários irlandeses que 
lutaram contra os britânicos, aplaudidos pelos “gatos”. A Embaixada do Sossego, o Clube dos 
Embaixadores, os Pierrôs da Caverna, o Clube dos Cariocas e os Turunas de Monte Alegre, 
também saiam em préstitos, formados por batedores, carro abre-alas, uma comissão de frente 
montada, um carro-chefe, carro alegóricos e de crítica a banda de clarins. 
 
Assim, as grandes sociedades, surgiram em 1855, novidade publicada em 14 de 
janeiro, pelo Jornal Correio Mercantil, em crônica assinada pelo romancista José de Alencar, 
conforme define ARAÚJO (2003, p. 124), Logo, construíam os seus carros alegóricos com 
concepções temáticas mitológicas, históricas e cívicas, colocavam muitas mulheres bonitas, com 
os carros caracterizados pelos temas que criticavam a política, encerravam as festividades, no 
fim da noite de terça-feira gorda, os festejos. 
Como sempre no reduto das áreas centrais do Rio de Janeiro, a grande concentração 
popular se fazia na Avenida Rio Branco, da Cinelândia, até a Rua do Ouvidor. A classe média 
alta preferia as imediações do Jóquei Clube, entre a Avenida Almirante Barroso e a Rua Araújo 
Porto Alegre. Para ver o desfile passar, algumas pessoas levavam os seus próprios assentos, 
cadeiras e banquinhos, posteriormente substituídos por palanques e arquibancadas montados 
pela prefeitura. 
 
 
35 
 
Figura 16: Em 1938, as grandes sociedades, ainda famosas, desfilavam com carros alegóricos, o luxo e 
preciosismo (Arquivo JB.) 
 
Fonte: Livro ENEIDA – História do Carnaval Carioca de Eneida de Moraes. (Nova Edição Atualizada por Haroldo 
Costa). 1958. Rio de Janeiro, Record. p. 46. 
 
A segunda-feira era célebre não só pelo desfile de ranchos, mas também porque os 
freqüentadores do baile do Municipal eram observados pelo populacho, que ia admirar-lhes as 
fantasias. No edifício da Galeria Cruzeiro, hoje edifício Avenida Central, era o ponto focal do 
trecho entre a Rua São José e a Avenida Almirante Barroso, a área de maior animação dos 
carnavalescos tradicionais, que cantavam e dançavam ao som das músicas lançadas nos palcos 
dos teatros de revista e nas emissoras de rádio. (Miniweb, 2008). 
Portanto, podemos afirmar que a grande precursora do atual modelo de desfile das 
escolas de samba, bem como, da concepção em sua função social e de crítica, se dá por meio 
da existência das grandes sociedades, assim, é de fundamental importância considerar essa 
manifestação como uma grande forma da expressão popular, no sentido de se inteirar com o 
processo político, social e histórico que viveu o país nesse período, mediante os grandes 
acontecimentos. 
Sendo assim, percebemos que desde o início o carnaval tem exercido grande 
importância na vida da sociedade brasileira, principalmente no estado do Rio de Janeiro, na 
 
 
36 
 
época, estado da Guanabara, onde também era a sede do governo federal, ou seja, a cidade do 
Rio de Janeiro era a capital do Brasil. 
 
 
3.8 As Escolas de Samba 
 
 
Com o objetivo de se juntarem para preservar a memória e as tradições africanas, os 
negros se reuniam para cultivar a música e a dança do samba e outros costumes herdados da 
cultura africana, porém quase sempre enfrentavam ostensiva repressão policial. Os participantes 
resolveram acabar com as brigas e arruaças, que sempre eram promovidas quando saía à rua, 
uma idéia surgiu, porque não imitar os ranchos carnavalescos? Conforme afirma ARAÚJO 
(2003, p. 219). 
Então, um grupo de sambistas composto por bambas do bairro do Estácio, inspirados 
na turma dos Ranchos, resolveu formar uma agremiação que fosse capaz de angariar o respeito 
e a admiração de todos, portanto, as "escolas de samba" surgiram dos redutos de diversão das 
camadas mais pobres da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade composta por 
negros. 
Também muito contribui para a formação desses redutos a migração de populações 
rurais nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século XIX, introduziram um mínimo 
de organização e de sentido grupal ao carnaval carioca, como já mencionada neste trabalho, até 
então, herdeiro do entrudo português. 
O termo “escola”, segundo ARAÚJO (2003, p.219), surge da idéia do fato de que o 
grupo se reunia próximo de uma escola normal, na esquina da Rua Joaquim Palhares com 
Machado Coelho, logo relacionaram o pensamento: “Se quem ensina às crianças são chamados 
professores, nós que sabemos tudo de samba também somos mestre e formamos uma escola, 
escola de samba”. Porém também existe a versão de que Ismael Silva (1905-1978), o principal 
fundador da primeira escola de samba, a Deixa Falar atribui a autoria do termo para si: “Quem 
 
 
37 
 
inventou a expressão escola de samba fui eu”, também focada pelo mesmo raciocínio: “Deixa 
falar, é daqui que saem os professores”, finaliza Ismael Silva. 
Porém, segundo alguns pesquisadores e estudiosos no assunto, a Deixa Falar nunca 
foi escola de samba, assim desacreditava em si mesma e no próprio samba, nesse período 
ainda relacionado à marginalidade e malandragem. No entanto, com o seu crescimento surgiu à 
idéia de transformá-la em Rancho e quatro anos depois do seu aparecimento saiu à rua pela 
última vez, não mais com a alegria dos sambas de Ismael e Bidê, marcados em tamborins, mas 
na tristeza de uma marcha rancho, afirma ARAÚJO (2003, p. 221). 
Não obstante, surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela em 11 de abril 
1923, Mangueira 28 de abril de 1928, e Unidos da Tijuca em 31 de dezembro de 1931. 
Inicialmente não havia uma formatação peculiar, assim, pouco se distinguiam dos blocos e 
cordões, com a ausência de aspectos coreográficos e sem qualquer caráter competitivo. 
Conforme Enciclopédia Barsa (1996, p. 453 e 454): 
 
A Deixa Falar, do bairro do Estácio, que reunia os sambistas Nilton Bastos, Ismael Silva e 
Alcebíades Barcelos (Bidê), foi à primeira escola de Samba do Rio de Janeiro, fundada em 
1928. A praça Onze foi eleita pelos sambista para as concentrações nos domingos e terças-
feiras de carnaval. Logo se multiplicaram as agremiações, algumas das quais desapareceram 
com pouco tempo de existência e outras prosperaram, como a Estação Primeira, do morro da 
Mangueira; a Vai Como Pode, futura Portela,do bairro de Madureira, e outras. 
As escolas de samba da atualidade são sociedades civis legalmente registradas, elegem 
dirigentes e dispõem de órgãos representativos. As mais importantes têm sede própria, 
denominada quadra, onde se realizam bailes e ensaios durante os meses que precedem o 
carnaval. Algumas desenvolvem atividades assistenciais, principalmente com as crianças da 
comunidade. 
Uma escola de samba, ao desfilar, dispõe em certa ordem os elementos que a constituem. O 
carro abre-alas inicia o desfile, seguido da comissão de frente, que representa a direção da 
escola. A porta-bandeira leva o estandarte da escola e executa, com o mestre sala uma 
coreografia especial. A dupla representa os anfitriões da escola. Os mais hábeis sambistas da 
escola, os passistas, desfilam a frente das alas. A bateria das grandes escolas se compõe de 
centenas de ritmistas que tocam surdos, taróis, pandeiros, tamborins, cuícas de outros 
instrumentos de percussão. Os grandes grupos de componente fantasiados denominam-se alas 
e são intercalados pelas alegorias, montadas sobre carretas. 
 
Em 1935, a prefeitura do Rio de Janeiro oficializa os desfiles, as agremiações passam 
a receber subsídios, assim, no ano de 1952, transformam-se em sociedades civis, com 
 
 
38 
 
regulamento e sede, elegendo periodicamente suas diretorias, mediante estatuto, com 
personalidade jurídica. 
Com o tempo, desenvolveram-se com as características de associações recreativas e 
culturais e de livre acesso, cujo objetivo maior é competir nos desfiles carnavalescos, 
transformados em atração máxima do turismo carioca, com o apoio do governo e da mídia. 
E, a partir da década de 1960, mais precisamente no ano de 1964, se firmam com o 
formato de empresa e começa a funcionar o ano todo, promovendo inúmeros eventos com 
entrada pagã, objetivando angariar fundos para a instituição, como: as rodas de samba, ensaios 
nas quadras feijoadas, festas temáticas. Cuja meta principal de manter os gastos da agremiação 
e dos preparativos para os desfiles. 
Conforme afirma Edigar de Alencar, em sua obra denominada O Carnaval Carioca 
Através da Música (1980, p.445): 
“As escolas de samba realizam ensaios pagos, com grande concorrência de grã-finos e turistas. 
É chique ir a esses ensaios aos sábados e aos domingos. De tal forma está comercializado o 
carnaval de escolas e blocos que aparecem anúncios dessas exibições pré-carnavalescas”. 
 
Ainda, segundo ARAÚJO (2003, p.225), as primeiras escolas de samba eram 
pequenos grupamentos de sambista composto por 70 a 100 pessoas que apresentavam uma 
estrutura muito simples, e então, a escola desfilava precedida: 
1. Pede Passagem (abre-alas) – Tabuleta com o símbolo, nome da escola e o 
tema, agradecimento às autoridades e imprensa falada e escrita; 
2. Comissão de Frente – formada pelos mais importantes integrantes da 
agremiação, representando simbolicamente a diretoria da escola; 
3. Primeiro Mestre-Sala e Primeira Porta-Bandeira – Desenvolvendo dança 
característica; 
4. Primeiro Puxador e Primeiro Versador – O puxador ajuda o coro na primeira 
parte do samba e o versador improvisa os versos, alternando-se na segunda 
com o outro versador; 
5. Caramanchão – Onde ficam algumas figuras convidadas da escola; 
 
 
39 
 
6. O Coro – geralmente formado por vozes femininas, evoluindo em torno do 
caramanchão; 
7. Segundo Puxador e Segundo Versador – Funções idênticas às dos primeiros; 
8. Bateria – Composto por instrumentos de percussão, tendo à frente o seu diretor 
9. Baianas de Linha – Ladeando a escola, baianas protegendo a agremiação. As 
“baianas” eram em geral homens, com navalhas nas pernas. 
Figura 17: Desfile da G.R.E.S. Unidos da Tijuca, detalhe da escola na passarela e da alegoria 
2, denominada “Coleção de Pingüins de Geladeira”, Marquês de Sapucaí, RJ – 04/02/2008. 
 
Fonte: Alexandre Polini 
 
 
 
 
40 
 
Até 1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas limitavam-se a percorrer 
livremente as ruas, acompanhadas pela população. Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo 
organizou um desfile na Praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo vitoriosa a 
Estação Primeira de Mangueira. 
No ano seguinte o número de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo 
jornal O Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira. Em 1934, ano em que foi fundada a 
União Geral das Escolas de Samba, a competição foi realizada no dia 20 de janeiro, em 
homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato. 
 
Figura 18: Ala de baianas numa primitiva escola de samba aguardando o desfile, em 1931. 
 
Fonte: http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm. 
 
Assim, o interesse em estimular a competição com atração turística começou em 1935, 
quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura do então Distrito Federal, 
obtendo a Portela sua primeira vitória, ainda com o nome de Vai Como Pode. 
A partir daí, já estabelecido como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi 
realizado sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas impediram a 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
41 
 
promoção. O modelo se estendeu as outras capitais brasileiras, exceto em duas: Salvador da 
Bahia e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco, que possuem características próprias e 
regionais de se brincar o carnaval. (Miniweb, 2008). 
 
 
3.9 O Carnaval na Bahia 
 
 
Devido à grande promoção dos desfiles das escolas de samba, o carnaval de salão e o 
de rua, foi desaparecendo, devido à popularidade das escolas de samba e a grandiosidade dos 
espetáculos produzidos pelos desfiles. No entanto, em Salvador na Bahia, aconteceu o inverso 
desse contexto, conforme menciona Monique Cardoso em seu artigo denominado: “História do 
Carnaval”, que se encontra disponível na 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm: 
 
“O carnaval de Salvador, a primeira capital do Brasil, evoluiu como no Rio de janeiro e em 
diversas outras partes do país. As iniciativas tomadas para conter os abusos do entrudo 
português fizeram surgir os bailes dos salões, com grande destaque para as festas à fantasia do 
teatro São João, o corso, os cordões e blocos diversos. O ano de 1884 é considerado um marco 
pelos baianos devido à organização apresentada pelas manifestações populares a partir deste 
ano. No finalzinho do século XIX, por volta de 1894, 1895, surgiu o Afoxé, um tipo de grupo 
formado por negros que representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas 
cantando e recitando seqüências de músicas e letras. Os afoxés exibiam-se na Baixa dos 
Sapateiros, Taboão, Barroquinha e Pelourinho, enquanto os grandes clubes desfilavam em 
áreas mais nobres. O mais famoso afoxé é o "Filhos de Gandhy", criado em 1949 - ano do IV 
centenário da cidade - pelos estivadores do Porto de Salvador. O nome é uma homenagem ao 
pacifista indiano Mahatma Gandhy, assassinado um ano antes. 
A maior inovação do Carnaval da Bahia, porém foi o Trio Elétrico de Dodô e Osmar, que surgiu 
em 1950 e representa a consagração do carnaval de rua. A primeira apresentação foi feita em 
cima de um Ford 1929, com guitarras elétricas e som amplificado por alto-falantes, às cinco da 
tarde do Domingo de carnaval. O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma 
verdadeira multidão. Na verdade, o nome "trio elétrico" só surgiu mesmo no ano seguinte, 
quando três músicos se apresentaram em cima do tal carro. Nos anos 70 o carnaval presenciou 
o nascimento de grupos históricos, como os Novos Baianos e o bloco afro Ilê Aiyê, além do 
renascimento de o Filhos de Gandhy. Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de 
Salvador, que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o racismo. “Na década de 80, 
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm
 
 
42 
 
gruposcomo Camaleão, Eva e Olodum escreveram seus nomes na história da festa mais 
popular da Bahia”. 
 
Figura 16: Detalhe do Carnaval da Bahia 
 
Fonte: http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/trio.html 
 
 
3.10 Carnaval de Pernambuco – Recife 
 
 
O carnaval pernambucano hoje é perpetuado mais no local, porém houve tempos em 
que o frevo era tocado no país inteiro, no entanto, mas precisamente em Olinda e Recife, esse 
modelo de carnaval é um dos mais animados do país, e essa característica cresceu 
paralelamente à extinção do carnaval de rua na maior parte das cidades brasileiras, por causa 
do desfile das escolas de samba, novamente o grande espetáculo, apoiado pela mídia, reforça o 
carnaval regional, definindo o registro característico de cada região. As principais atrações do 
carnaval pernambucano — cujos bailes também são os mais animados — são, na rua, o frevo, o 
maracatu, as agremiações de caboclinhos, a imensa participação popular nos blocos 
http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/trio.html
 
 
43 
 
(reminiscências modernizadas dos antigos "cordões") e os clubes de frevo. Em Recife e Olinda 
os foliões cantam e dançam, mesmo sem uniformes ou fantasias, ao som das orquestras e 
bandas que fazem a festa. 
Os conjuntos de frevo mais animados são os Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores e 
outros. Lembrando, pela cadência, os velhos ranchos, os maracatus estão ligados às tradições 
afro-brasileiras. Já os caboclinhos constituem outro tipo de agremiação folclórica, cujos desfiles 
são apenas vistos e aplaudidos. 
Músicas de carnaval, durante o império, as músicas cantadas no período carnavalesco, 
no Brasil, eram árias de operetas, depois lundus, tanguinhos, polcas e até valsas. No início do 
século XX, predominaram, nas ruas, as cantigas de cordões e ranchos e, nos bailes, chorinhos 
lentos, polcas-chulas, marchas, fados, polcas-tangos, toadas e canções. 
 
Figura 20: Os bonecos de Olinda, embalados pelo frevo. 
 
Fonte: http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/57HistCarn.htm 
 
Logo após a Primeira Guerra Mundial, os palcos dos teatros de revista tornaram-se os 
lançadores das músicas de carnaval e iniciou-se, então, o domínio das marchinhas, maxixes, 
marchas-chulas, cateretês e batucadas. E também do samba, que, na era do rádio, entre 1930 e 
 
 
44 
 
1960, dividiu os louros com a marchinha, embora, às vezes, cedesse ao sucesso de um jongo, 
de uma valsa ou de uma batucada. O samba, nos salões e na rua, era absoluto. 
Mas desde fins do decênio de 1960, com a consolidação do desfile das escolas de 
samba, o samba e a marcha mergulharam no ostracismo, trocados pelo samba-enredo das 
escolas de samba. (Miniweb, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
4 MONTANDO A ESCOLA DE SAMBA 
 
 
Contextualizado pelo grande espetáculo grandioso de luxo, cores, delírios, mulheres 
bonitas e seminuas, assim é o desfile de uma escola de samba, que normalmente começa na 
quarta-feira de cinzas. Mas, para ser realizado são percorridos vários caminhos para o processo 
de acontecimento desse grandioso espetáculo. 
Assim, neste trabalho iremos mostrar trajetos para a elaboração do desfile de uma 
escola de samba, desde o primeiro momento, onde se inicia os trabalhos, até a conclusão do 
desfile na avenida. Procuraremos desvendar os mistérios desse fenômeno chamado de escola 
de samba de tal grandeza, a ponto de ser considerada a maior fábrica de sonhos e ilusão. 
 
 
4.1 Primeiras Providências para a Montagem da Escola: Contratação do Carnavalesco e a 
Escolha do Enredo 
 
 
Portanto, a primeira providência a ser tomada pelos dirigentes para se dar início a 
elaboração do desfile de uma escola de samba é a contratação do carnavalesco, esse 
profissional tem o perfil similar de um diretor artístico, ele é a figura principal no desenvolvimento 
geral de toda a concepção literária e plástica do enredo a ser desenvolvido pela escola. 
Contudo, há de se ressaltar que, esse enredo pode ser sugerido pela diretoria da 
escola, por meio do seu departamento cultural ou pelo carnavalesco, que é o que geralmente 
acontece. Conforme afirmou durante sua entrevista Augusto César de Oliveira, carnavalesco da 
Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, no carnaval de 2008, sendo o profissional que mais 
 
 
46 
 
títulos conquistou na era do sambódromo de São Paulo, com as agremiações: Camisa Verde e 
Branco, X9- Paulistana e Nenê da Vila Matilde. “(...) na verdade a gente passa por todo um o 
processo de escolha de uma história que vai ser contada, isso antes de elaborar qualquer 
pesquisa”. 
Sendo assim, após a escolha do tema, começasse a desenvolvê-lo, com a parte dos 
trabalhos de pesquisa, criação dos figurinos, dos carros alegóricos e a partir daí iniciar a 
produção propriamente dita, que são a execução dos protótipos das fantasias e o 
acompanhamento da construção dos carros alegóricos, com todos os profissionais que estão 
envolvidos. 
As etapas acontecem da seguinte maneira: primeiro cria-se o tema que pode ser 
histórico ou abstrato. Posteriormente elabora-se um release a princípio, depois um histórico e 
desse histórico retira-se à sinopse. Por sua vez, a sinopse é entregue ao grupo de compositores 
pertencentes à escola, conhecida na linguagem das escolas de samba como ala dos 
compositores. 
 
 
4.2 Compondo o Samba Enredo 
 
 
Conforme o mencionado acima, munidos da sinopse do enredo, esses compositores 
dividem-se em vários grupos ou mesmo só e compõem vários sambas, devendo ser o espelho 
da sinopse de forma resumida, ou seja, reproduzir fielmente a proposta do enredo em sua 
composição, compondo o samba de enredo que é a música, melodia e letra, que possui a função 
de acompanhar e contar essa história na boca dos seus participantes. 
Em algumas escolas essas composições chegam a um número de 100 e são avaliadas 
em forma de eliminatórias semanais que duram em média 8 á 12 semanas, até que se escolha a 
composição que vai representar a escola na avenida, ou seja, o samba campeão. Portanto, o 
 
 
47 
 
samba escolhido será a trilha sonora do enredo que estará sendo desenvolvido. Segundo 
OLIVEIRA em entrevista no dia 05 de Novembro de 2.007. 
 
“(...) Porque que tem que se conceber um histórico, um release a princípio, depois um histórico e 
desse histórico se retira à sinopse, que é o que vai para o compositor. E o compositor por sua 
vez que é quem cria o samba, que é a música, melodia e letra. E vai acompanhar e contar essa 
história na boca dos seus participantes.” 
 
Com o início das eliminatórias, iniciam-se também os ensaios nas quadras, locais onde 
acontecem também eventos, objetivando o entretenimento e o lazer da comunidade a qual 
pertence à escola e a qualquer outra pessoa que deseja participar dessas festas animadas. Os 
fundos arrecadados nestas festas são aplicados na elaboração das fantasias, carros alegóricos e 
manutenção da escola. 
 
 
4.3 Elaborando os Figurinos, Pesquisando os Materiais e Executando as Peças Pilotos 
 
 
Então, após a concepção literária do enredo, o carnavalesco irá se preocupar com a 
criação plástica do enredo propriamente dita, ou seja, vai dar forma, materializar a sua idéia, que 
se inicia com a concepção dos figurinos que é a primeira etapa, antes até de conceber os carros 
alegóricos. Nesse momento, muitos carnavalescos podem desenhá-los ou não, daí entra em 
cena o profissional do figurinista que possui função de desenhar para o carnavalesco o que ele 
imagina. 
Como segunda etapa e com os desenhos dos figurinos prontos, o carnavalesco e sua 
equipe, deverão partir para o trabalho de pesquisa dos materiais a serem utilizados na confecção 
dos mesmos. Nesse trajeto, constituem-se como fatores importantes e determinantes para a 
escola de samba: o custo e o peso do material, a inovação diante de novas alternativas e efeitos 
visuais.

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