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AÇÃO POPULAR - PEÇA PRÁTICA ÍNDICE 1. AÇÃO POPULAR ................................................................................................................3 Ato ou Contrato Lesivo ......................................................................................................................................................4 Hipóteses de Nulidade dos Atos Lesivos ...................................................................................................................4 Hipóteses de Anulabilidade dos Atos Lesivos .........................................................................................................5 Medida Cautelar na Ação Popular ..................................................................................................................................7 Apontamentos Finais ..........................................................................................................................................................7 Identificando a Ação Popular na Prova .......................................................................................................................8 Como Escrever uma Ação Popular? .......................................................................................................................... 10 www.trilhante.com.br 3 1. Ação Popular Ação Popular é um Remédio Constitucional cujo intuito é assegurar direitos difusos ou coletivos. Antes de entrarmos na análise deste remédio específico, vejamos do que se tratam os remédios constitucionais em geral: são instrumentos de que alguém pode se valer para exigir a tutela de determinado direito seu que tenha sido desrespeitado pelo Estado, ou seja, é a forma que se tem de impetrar contra o Estado por motivos de inobservância de algum direito. A ação popular é considerada um instrumento de democracia direta, em que a população interfere ou participa das decisões políticas. Art. 5º, LXXIII, CF - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Regulamentada também pela Lei 4.717/65. Cabimento: a Ação Popular é cabível quando o cidadão quiser pleitear a nulidade ou anulabilidade de ato lesivo ao patrimônio público. O ato lesivo pode ser comissivo ou omissivo Patrimônio público é definido no art. 1º, §1º da Lei 4.717/65 – ”Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.” Referido patrimônio público deve ser pertencente à Administração Direta ou Indireta, ou à entidade subvencionada por cofres públicos, conforme artigo 1º da Lei 4.717/65: Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. www.trilhante.com.br 4 Ato ou Contrato Lesivo O Ato ou Contrato Lesivo que podem ser objetos da Ação Popular devem ter ferido direitos difusos ou coletivos, ou seja, devem ter prejudicado a sociedade com um todo. A lesão que se quer reclamar contra na Ação Popular pode ser em: 1. Patrimônio Público 2. Entidade em que o Estado participe 3. Meio ambiente 4. Moralidade administrativa A lesividade e ilegalidade do ato ou contrato de certa forma se confundem, pois, uma vez que o ato causa lesão a um dos itens expostos, ele também será ilegal. Assim relacionam-se as duas coisas. Convém dizer, entretanto, que a recíproca não se faz verdadeira: nem sempre que um ato for ilegal, ele será também lesivo. Hipóteses de Nulidade dos Atos Lesivos Artigos 2º e 4º da Lei nº 4.717/65. São nulos os atos em casos de: a) incompetência: caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. b) vício de forma: consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. c) ilegalidade do objeto: ocorre quando o resultado do ato importa violação de lei, regulamento ou outro ato normativo. d) inexistência dos motivos: verifica-se quando a matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido. e) desvio de finalidade: acontece quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. f) admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. g) realização de operação bancária ou de crédito real, quando: I) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas; II) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. www.trilhante.com.br 5 h) A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: I) O respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; I) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter competitivo; II) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das possibilidades normais de competição. j) As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor do adjudicatário durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos., k) A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou administrativa, quando: I) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais; II) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; III) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. l) A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando: I) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens de serviço; II) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. m) A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. n) O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: I) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares, regimentais ou constantes de instruções gerias: II) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. o) A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a espécie. Hipóteses de Anulabilidade dos Atos Lesivos Art. 3º da Lei 4.717/65. São anuláveis os atos lesivos que não se enquadrarem nas hipóteses de nulidade descritas. www.trilhante.com.br 6 Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidadesmencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. Legitimidade ativa: Qualquer cidadão brasileiro, no gozo de seus direitos políticos. Prova é feita por título de eleitor ou documento correspondente. Vedados: estrangeiros, apátridas, pessoa jurídica ou pessoa física com direitos políticos suspensos ou perdidos. Legitimidade passiva: O agente que praticou o ato lesivo, a entidade lesada, o beneficiário do ato ou contrato lesivo. Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. Competência: depende da origem do ato ou contrato. Origem do ato/contrato Órgão Competente União ou entes da sua administração indireta Justiça Federal Estados, DF e Municípios ou entes da sua administração indireta Justiça Comum Se houver mais de um ente interessado, prevalece o de hierarquia superior. Ex: União e Estado – competência será da Justiça Federal. Em regra, a Ação Popular será proposta no juízo de 1º grau. A Ação Popular só será julgada pelo STF nos casos do artigo 102, I, “f” e “n” da CF: [...] f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; [...] www.trilhante.com.br 7 Medida Cautelar na Ação Popular Art. 5º. § 4º da Lei 4.717/65: Na defesa do patrimônio público, caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. Os requisitos para concessão da medida cautelar são os de praxe, o fumus boni iuris e o periculum in mora. Apontamentos Finais 1. Ação popular pode ser preventiva (ajuizada antes que ato ou contrato se realize ou produza efeitos, já havendo risco de tal) ou repressiva (após realização ou efeitos do ato ou contrato); 2. Prazo prescricional de 5 anos; Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos. Lei 4.717/65 3. Ação é gratuita, salvo má-fé; Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Constituição Federal 4. Bom. Se o autor que entrou com a ação perde a causa, ele está livre de pagar sucumbências. Entretanto, pode haver condenação com sucumbência do réu se este for o perdedor da causa, o que deve ser requerido da petição inicial pelo autor; Art. 12. A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor, das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de advogado. Lei 4.717/65 5. A lei de ação popular indica que o processo correrá pelo procedimento ordinário. Atualmente, o CPC prevê apenas o procedimento comum, de forma que a Ação Popular tramitará também pelo procedimento comum; 6. O Código de Processo Civil se aplicará à Ação Popular no que couber; http://www.normaslegais.com.br/juridico/medida-cautelar.htm www.trilhante.com.br 8 Art. 22. Aplicam-se à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação. Lei 4.717/65 7. O Ministério Público deve participar do processo como fiscal da ordem jurídica. Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas: I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público; Lei 4.717/65 Por ser um remédio constitucional, a Ação Popular só se aplica a casos concretos. Se o problema da sua prova trouxer a necessidade de correção de uma lei, em abstrato, a petição adequada não será um Remédio Constitucional! Atenção a isto. No mais, lembre-se: apenas o cidadão brasileiro, no gozo de todos os seus direitos políticos, pode ajuizar Ação Popular. Identificando a Ação Popular na Prova O intuito da Ação Popular é anular ato ou contrato ilegal ou que cause lesão ao patrimônio na coletividade, como patrimônio público (ou de entidade de que o Estado participe), moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio histórico cultural. CASO 1 - OAB 2009.3 - CESPE A empresa pública Água Para Todos, criada para a produção dos materiais e a prestação dos serviços pertinentes à instalação de rede hidráulica no município X, é, atualmente, presidida por Moura, que tem estreita relação de amizade com Ferreira, prefeito do referido município. Moura observou que grande parte da receita do município X decorria do imposto sobre serviços (ISS) recolhido pela empresa Água Para Todos. Assim, valendo-se desse fato e de sua grande amizade com o prefeito, pediu-lhe que, independentemente de aprovação em concurso público, nomeasse seu filho, Moura Júnior, para o cargo efetivo de analista administrativo da prefeitura municipal. O pedido foi atendido e Moura Júnior tomou posse, só comparecendo à prefeitura ao final de cada mês para assinar o ponto. Em retribuição ao gesto de amizade, Moura determinou ao departamento de divulgação da empresa Água Para Todos, representado por Correa, que promovesse uma homenagem ao prefeito, em veículo de comunicação de massa, parabenizando-o por seu aniversário. A empresa Água Para Todos contratou uma produtora de mídia e um minuto em horário nobre na emissora de maior visibilidade local para a veiculação da propaganda. No dia do aniversário do prefeito, a propaganda foi veiculada, mencionando as realizações da prefeitura municipal na gestão de http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del1608.htm www.trilhante.com.br 9 Ferreira, tendo sido divulgada, ao final, a seguinte mensagem: “A Água Para Todos parabeniza o prefeito Ferreira pelo seu aniversário”. Tendo tomado conhecimento dos fatos, Durval, vereador e líder comunitário, resolveu tomar providências contra o que estava ocorrendo no município e, para tanto, procurou auxílio de profissional da advocacia. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) constituído(a) por Durval, redija a peça processual cabível para pleitear a declaração de nulidade do ato de nomeação de Moura Júnior, com o seu imediato afastamento do cargo, e do processo administrativo que culminou na contratação da propaganda, com a respectiva reparação do patrimônio público lesado. Observações-chave: 1. Caso concreto 2. Empresa pública 3. Gasto de recursos públicos para promover mensagem de cunho pessoal – fere a Moralidade da Administração Pública 4. Não observação de concurso público para integrar a Administração – fere ordem constitucional 5. Ação será proposta por Vereador – o que implica que é cidadão e goza de seus direitos políticos. 6. Competência da Justiça Estadual CASO 2 A Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, após denúncia de um servidor, instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na construção de um novo prédio do Tribunal de Justiça do Estado. Segundo o relatório produzido na CPI, ficou constatada uma fraude no valor de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), em contratos superfaturados. Além disso, verificou-se a aquisição de monumentos decorativos de valores exorbitantes, como uma estátua da deusa Justitiafeita em outro, no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), além de inúmeros utensílios de uso rotineiro banhados em prata, destinados às comodidades de todos os desembargadores do Tribunal. Apesar do relatório da CPI, o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado não tomaram medidas para suspender as obras fraudulentas e os gastos abusivos. Tais informações foram noticiadas pela imprensa até chegar aos ouvidos de Carlos, professor aposentado que, inconformado, procura você, advogado(a), a fim de tomar as medidas cabíveis para anular os referidos contratos, reparar os danos e acabar com as imoralidades realizadas com dinheiro público. Observações: www.trilhante.com.br 10 1. Competência do STF – desembargadores são interessados na causa 2. Lesão ao patrimônio público, em razão dos ornamentos com valores exorbitantes – afronta à moralidade administrativa 3. Fraude em contratos públicos, em razão de superfaturamento 4. Considera-se que Calor seja cidadão, pois inexiste qualquer ressalva sobre tanto CASO 3 Prefeito Luís Alberto, do Município Z, Estado do Piauí, teve como promessa de campanha trazer maiores investimentos à sua cidade. Visando cumprir o prometido, montou um plano para atração de possíveis investidores interessados na construção de um enorme parque aquático municipal – uma sociedade de economia mista a ser criada mediante lei. Para dar maior segurança ao negócio e garantia que os planos prosseguiriam, editou, desde já, um decreto municipal revogando uma Área de Preservação Permanente (APP) localizada no Parque Nacional Sete Cidades, local que receberia o futuro empreendimento aquático, além de determinar a terraplanagem e “limpeza” preparatória do terreno. Acontece que o Parque Nacional Sete Cidades, além de importante reserva ambiental, também conta com ricas pinturas e inscrições rupestres em suas pedras e cavernas, datadas com mais de 6000 (seis mil) anos de idade e de imensurável valor histórico. O referido decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado, no qual constava que passaria a produzir efeitos em 60 dias a partir de sua publicação. Nilza, cidadã brasileira, bióloga e ativista da causa ambiental ficou sabendo do referido decreto após 20 dias de sua publicação. Preocupada, procura você, advogado(a), para adotar a medida judicial cabível para anular o decreto e impedir sua produção de efeitos, o que causaria um grande dano ao patrimônio natural e histórico da sociedade. Observações: 1. Ato lesivo que parte de órgão da Administração Direta - prefeitura 2. Revogação de Área de Preservação Permanente, “limpeza” e terraplanagem – fere o meio ambiente 3. Revogação de APP Nacional por um Prefeito, o qual não possui competência para tanto 4. Destruição de pinturas e gravuras rupestres – fere patrimônio histórico 5. Competência da Justiça Estadual 6. Caso concreto Como Escrever uma Ação Popular? Divisão em 3 etapas: 1. Inicial – endereçamento, qualificação das partes, nome da ação. 2. Desenvolvimento 3. Pedidos e requerimentos www.trilhante.com.br 11 ETAPA 01 – IDENTIFICAR INFORMAÇÕES RELEVANTES E REDIGIR A PARTE INICIAL (ENDEREÇAMENTO, QUALIFICAÇÕES, NOME DA PEÇA). OAB/FGV 2016.01 – 2ª Fase de Constitucional – Exame XVIII Após receber “denúncia de irregularidades” em contratos administrativos celebrados pela Autarquia Federal A, que possui sede no Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal determina a abertura de inquérito civil e penal para apurar os fatos. Neste âmbito, são colhidas provas robustas de superfaturamento e fraude nos quatro últimos contratos celebrados por esta Autarquia Federal, sendo certo que estes fatos e grande parte destas provas acabaram divulgados na imprensa. Assim é que o cidadão Pedro da Silva, indignado, procura se inteirar mais sobre o acontecido, e acaba ficando ciente de que estes contratos foram realizados nos últimos 2 (dois) anos com a multinacional M e ainda estão em fase de execução. Mas não só. Pedro obtém, também, documentos que comprovam, mais ainda, a fraude e a lesão, além de evidenciarem a participação do presidente da Autarquia A, de um Ministro de Estado e do presidente da comissão de licitação, bem como do diretor executivo da multinacional M. Diante deste quadro, Pedro, eleitor regular e ativo do Município do Rio de Janeiro/RJ, indignado com o descaso pela moralidade administrativa na gestão do dinheiro público, pretende mover ação judicial em face dos envolvidos nos escândalos citados, objetivando desfazer os atos ilegais, com a restituição à Administração dos gastos indevidos, bem como a sustação imediata dos atos lesivos ao patrimônio público. Na condição de advogado (a) contratado (a) por Pedro, considerando os dados acima, elabore a medida judicial cabível, utilizando-se do instrumento constitucional adequado. Observações: 1. Contrato administrativo fraudulento com provas de lesão 2. Sujeito ativo – cidadão 3. Intenção de desfazer atos ilegais, restituir os gastos aos cofres públicos e sustar imediatamente atos lesivos ao patrimônio público Estas características permitem concluir que a ação cabível é a Ação Popular. Parte Inicial: 1. Endereçamento/competência Depende da origem do ato ou do contrato. Neste caso, diz respeito a uma autarquia federal, de modo que a competência será da Justiça Federal. A competência da Ação Popular é sempre do juízo de primeiro grau. www.trilhante.com.br 12 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO/ RJ 2. Qualificação do legitimado ativo Qualificar o impetrante e indicar o fundamento legal, genérico, de embasamento da peça. Pedro da Silva, brasileiro, portador da carteira de identidade n. _____, inscrito no CPF nº ______; residente e domiciliado à rua _________, nº __, Município do Rio de Janeiro/RJ; e endereço eletrônico ______; vem, mui respeitosamente, perante V. Exa., por meio de seu advogado que esta subscreve, com procuração e endereços anexos, nos termos do art. 5º, LXXIII, da Constituição Federal, e na Lei 4.717/65, impetrar a presente: 3. Nome da peça Ação Popular 4. Qualificação do legitimado passivo Qualificar o(s) agente(s) que praticaram/celebraram/emitiram o ato ou contrato que lesionou o patrimônio público/moralidade administrativa. Em face da AUTARQUIA FEDERAL A, pessoa jurídica de direito público e seu presidente ______; a MULTINACIONAL M, pessoa jurídica de direito privado e seu diretor executivo ______; o senhor Ministro de Estado ______; e o presidente da comissão de licitação, senhor ______; pelas razões de fato e de direito que se passa a expor: ETAPA 02 – REDIGIR OS FATOS, E TÓPICOS PRELIMINARES (LEGITIMIDADE E CABIMENTO). Desenvolvimento: 1. Inicialmente 1.1. Legitimidade ativa e passiva Falar a respeito da legitimidade ativa do cidadão, indicando o dispositivo legal (art. 5º, LXXXIII da CF). Comprovar a cidadania mediante a juntada do título de eleitor do cidadão (comprova a cidadania e o gozo dos direitos políticos). Indicar que todas as pessoas públicas e privadas que, por ação ou omissão, tiverem dado causa à lesão que fundamenta a ação popular devem estar no polo passivo da ação, indicando os dispositivos legais (arts. 1º e 6º da Lei 4.717/65) 2. Fatos Reescrever os fatos de acordo com o problema narrado na prova, em aproximadamente 10 linhas. www.trilhante.com.br 13 Dica: Não perder tempo e espaço nos fatos, pois não valem pontos na prova. 3. Cabimento Nos fatos, ou em tópico próprio, indicar os pontos importantes que fazem com que a Ação Popular seja a peça adequada para pleitear o quanto pretendido. ETAPA 03 – INDICAR OS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS QUE EMBASAM O DIREITO QUE SE PRETENDE TUTELAR E EXPLICÁ-LOS. Desenvolvimento: 3. Do direito – fundamentação legal Indicar que Ação Popular é remédio constitucional apto para o patrimônio público e a moralidade administrativa, que é o que se pretende tutelar no caso exposto. Indicar os dispositivos constitucionais e a legislaçãoespecífica que legitimam a propositura desta ação: art. 5º LXXIII da CF e art. 1º da Lei 4.717/65. É sempre importante explicar o que estes dispositivos querem transmitir. Nesta parte, é permitido transcrever, mas explicar com suas próprias palavras é melhor! Lembre-se: a pontuação na OAB vem com a fundamentação seguida do dispositivo legal! Discorrer sobre o prazo prescricional de 5 anos, indicando o artigo da Lei 4.717/65. Também pode ser mencionado na parte inicial, junto com as legitimidades. Falar sobre a matéria de mérito, qual seja, a lesão ao patrimônio público e à moralidade administrativa. A moralidade administrativa tem sua proteção constitucional no artigo 37, caput, da CF, pois se trata de um princípio da Administração Pública. O patrimônio público, por sua vez, é protegido pelo artigo 2º, “c” e parágrafo único da Lei 4.717/65, o qual indica a nulidade do ato lesivo ao patrimônio público. Indicar ainda que, mesmo que não seja constatada a ilegalidade e, consequentemente, a nulidade, requer-se a anulabilidade do ato, em razão do artigo 3º da Lei 4.717/65. Neste caso, em razão do contrato fraudulento, pode ser indicado o artigo 4º, III, “c” da Lei 4.717/65. Lembre-se: na dúvida, indique a maior quantidade de fundamentações pertinentes possíveis. Fazer uma fundamentação errada, não necessariamente tirará pontos, apesar de não ser nada recomendável. Porém, deixar de fazer fundamentação te impedirá de pontuar com certeza. www.trilhante.com.br 14 ETAPA 04 – VERIFICAR A NECESSIDADE DE REQUERIMENTO LIMINAR, EMBASANDO-O CONFORME OS REQUISITOS. FORMULAR PEDIDOS E REQUERIMENTOS. Desenvolvimento: 4. Medida cautelar Fazer curta explicação do que é a medida cautelar, incluindo os requisitos para concessão da medida (fumus boni iuris e periculum in mora), bem como demonstrar que eles estão presentes. Fumus boni iuris, neste caso, está fundamentado nas provas produzidas, e o periculum in mora se verifica por conta da lesão ocasionada pela execução do contrato fraudulento. Requerer a concessão da medida, alegando que não é possível esperar até o fim da demanda para obter a medida de bloqueio dos efeitos do contrato, em razão do agravamento da situação lesiva. Pedidos: Separar os pedidos em item (letras ou números). 1. Requerer o deferimento da liminar para suspensão da execução dos contratos; 2. Requerer a citação das pessoas que integram o polo passivo, bem como requerer a intimação do MP, conforme o artigo 7º, I, a da Lei nº 4.717/65; 3. Requerer a procedência da ação, para que sejam declarados nulos os contratos objeto da Ação Popular; 4. Requerer que os réus sejam condenados ao ressarcimento dos danos causados ao erário público, conforme o artigo 11 da Lei nº 4.717/65; 5. Requerer a condenação dos réus no ônus da sucumbência, conforme artigo 12 da Lei nº 4.717/65; 6. Requerer a juntada dos documentos que instruem a inicial. Pode mencionar o título de eleitor, que dá legitimidade ao autor por ser cidadão. 7. Dar valor da causa! Mesmo que a ação seja gratuita, é necessário colocar o valor da causa. Finalização: Nestes termos, Pede deferimento. Local e Data Advogado/OAB Não se esqueça: não coloque local, data, nome, número, etc. www.trilhante.com.br 15 Qualquer dado que possa ser entendido como identificação causará eliminação do candidato! www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Ação Popular - Peça Prática http://www.facebook.com/trilhante http://www.instagram.com/trilhante http://www.facebook.com/trilhante http://instagram.com/trilhante http://www.youtube.com/trilhante 1. Ação Popular Ato ou Contrato Lesivo Hipóteses de Nulidade dos Atos Lesivos Hipóteses de Anulabilidade dos Atos Lesivos Medida Cautelar na Ação Popular Apontamentos Finais Identificando a Ação Popular na Prova Como Escrever uma Ação Popular?
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