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AULA 1 – A EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA E NA IDADE MÉDIA • Reconhecer e interpretar a história das ideias pedagógicas desenvolvidas pelos orientais e por outros povos antigos, especialmente gregos e romanos. • Apontar os principais representantes e ideias pedagógicas da Antiguidade a Idade Média. CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM Antes de iniciarmos nossos estudos sobre educação na Antiguidade, é preciso ter em mente que essa volta ao passado nos permitirá compreender melhor o presente, ao acompanharmos o desenvolvimento histórico da educação até os dias atuais. Nesse contexto, o foco desta primeira aula está na reflexão crítica que será proporcionada pelo conhecimento e análise das ideias dos principais pensadores da Antiguidade. Ao longo desse percurso, você poderá se surpreender ao perceber que questões debatidas há mais de dois milênios ainda podem ser bastante atuais. Dando início à nossa jornada, é preciso chamar a atenção para a seguinte questão: você sabia que a educação, tanto em seus aspectos ideológicos quanto metodológicos, sofreu influência não apenas da religião, como também da política e da filosofia ao longo dos tempos? Sendo assim, nossa intenção é levantar questionamentos e provocar a reflexão, levando você a perceber e compreender, a partir de uma análise contrastiva das diversas culturas, como diferenças religiosas e político-econômicas de diferentes sociedades, influenciaram a educação em cada uma delas no que se refere às suas tendências ideológicas e filosóficas, pedagógicas e didáticas. Ademais, esta aula que ora se inicia será uma oportunidade para responder a alguns questionamentos, como: • Como era a educação nas civilizações orientais da Antiguidade, especialmente na China? • Como era a Educação na Mesopotâmia e no Egito Antigo? E a educação dos hebreus na Antiguidade, quais eram suas características? • Como se deu a educação na Grécia Antiga? Quais eram as ideias sobre educação de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles? Atualmente, nossas práticas educacionais ainda são influenciadas por esses e outros pensadores gregos da Antiguidade? • Quais eram as características da educação na Roma Antiga com sua filosofia humanista? • E na famosa “Idade Média”, aquele período da história que compreendeu mil anos, estendendo-se do século V ao século XV, como era a educação? Ao longo de nossos estudos, buscaremos compreender como a política e a economia tiveram forte impacto nas concepções educacionais durante a Idade Média e, sobretudo, vamos perceber a influência exercida pelo cristianismo na educação em um mundo em que o conhecimento passa a ser monopolizado pela Igreja. Pronto para o desafio de construir conhecimentos sobre os primórdios da história da educação até a era medieval? Estaremos com você durante esta jornada! Bons estudos! Mapa mental panorâmico Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você estudará na Aula 1, bem como entender a inter- relação entre eles, é importante que se atente para o Mapa Mental, apresentado a seguir: A EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA E NA IDADE MÉDIA 1 A EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA 1.1 O CONFUCIONISMO E A EDUCAÇÃO DOS ORIENTAIS 3.2 A EDUCAÇÃO NO JAPÃO 3.3 A EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA 3.4 A EDUCAÇÃO NO EGITO 1.5 A EDUCAÇÃO DOS HEBREUS 3.6 A ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL NA GRÉCIA ANTIGA 1.7 A EDUCAÇÃO DOS ROMANOS 2 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 2.1 O MOSTEIRO COMO LUGAR DE CULTURA E EDUCAÇÃO 2.2 O PAPEL DA MULHER NOS MOSTEIROS 2.3 SANTO AGOSTINHO E A EDUCAÇÃO CRISTÃ 2.4 A EDUCAÇÃO DURANTE O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO 2.5 SÃO TOMÁS DE AQUINO E A PEDAGOGIA MEDIEVAL 2.6 A EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA A EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA E NA IDADE MÉDIA 1 A EDUCAÇÃO NA IDADE ANTIGA 1.1 O CONFUCIONISMO E A EDUCAÇÃO DOS ORIENTAIS Confúcio foi um célebre filósofo chinês que viveu de 551 a.C. a 479 a.C. Sua filosofia valorizava a família, sobretudo o respeito aos pais, priorizando a ética nas relações sociais. O sistema moral criado por Confúcio ressaltava a tradição, o ensino da virtude, o altruísmo, a ausência de violência e o culto aos mortos. Os princípios de Confúcio partem dos preceitos do Taoísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, a qual valoriza a vida serena e pacífica, enfatizando a compaixão, a moderação e a humildade. Vale salientar que “Tao” significa “caminho”, e este é o princípio pedagógico mais antigo por nós conhecido. A obra que contém os princípios do Taoísmo é o Tao Te Ching, texto atribuído ao filósofo Lao-Tsé. O título dessa obra pode ser traduzido como Caminho da Retidão. Assim, segundo os ensinamentos do Tao Te Ching, é possível realizar grandes feitos a partir de pequenos gestos. Uma das frases mais célebres contidas nesse texto é a seguinte: “Uma jornada começa com um único passo”. De acordo com os preceitos Taoístas, os opostos, antes de serem antagônicos, são complementares: ser e não ser, claro e escuro, dificuldade e facilidade. Outro par de opostos que se complementam de acordo com o Taoísmo é o princípio feminino e o princípio masculino, os quais podem ser representados pelo yin e yang, conceitos que se referem à dualidade de tudo o que existe no cosmo. O equilíbrio entre os opostos leva à harmonia do universo. O caminho para a iluminação pode ser alcançado pela meditação, sendo o materialismo rejeitado como ameaça a esse propósito. Você pode pensar: mas o que isso tem a ver com a educação na China Antiga? Pois bem, a cultura chinesa é uma das mais tradicionais do mundo, mantendo-se praticamente inalterada até os nossos dias. Isso faz com que a Educação Chinesa assuma um caráter conservador, baseando-se na transmissão da sabedoria. Educar significava, portanto, transmitir aos indivíduos, desde a infância, um conjunto de práticas, costumes e conhecimentos enraizados nesta tradição milenar. Na época de Confúcio, a China não dispunha de um sistema de ensino regulamentado. Sendo assim, a educação inicial cabia à própria família. Era papel do pai ensinar os filhos desde a manter-se de pé, caminhar e falar, até a conhecer seus deveres e viver em sociedade. A educação familiar era tão valorizada na China porque a família estava na base da organização social. Se a vida familiar estivesse bem estruturada, o Estado também estaria. Além disso, a obediência à hierarquia familiar, representada pelo respeito ao pai, significava que o mesmo respeito e veneração seriam dirigidos ao Imperador. Este era detentor de um poder absoluto, e suas ordens deveriam ser acatadas e cumpridas. Da mesma forma, trazendo o modelo hierárquico para a estrutura familiar, o pai dispunha de poderes ilimitados sobre os demais membros da família. Havia também a submissão ao poder dos mandarins, como eram chamados os funcionários públicos na China. Mais uma vez, o ensino tradicional cultivado na cultura chinesa visava reproduzir esse sistema hierárquico de forma bastante rígida. Ainda que o ensino na China não estivesse regulamentado, a tradição estabeleceu a distinção entre ensino elementar e superior. O primeiro destinava-se ao ensino da leitura e da escrita, além de algumas noções de cálculo. As aulas eram ministradas em pequenas escolas ou na própria casa do aluno por professores particulares. Esses estudos tinham início aos sete anos de idade e não eram obrigatórios. O objetivo da escola elementar era perpetuar os conhecimentos e tradições milenares, além de garantir a unidade da nação, caracterizando-se pelo ensino dogmático e memorizado, baseado no método da repetição. Aos alunos cabia repetir exatamente as palavras do professor para que, assim, pudessem memorizar a lição. A complexidade do sistema de escrita dos chineses fazia com que essa tarefa fosse extremamente árdua e se prolongasse por vários anos da vida do indivíduo. Aqueles que visavam seguir uma carreira profissional como funcionários e mandatários do Estado podiam continuar seus estudos no ensino superior. Dentre as matérias a serem estudadas nesse nível de ensinoestava a Filosofia de Confúcio e as Ciências Naturais, assim como os Salmos e a História Chinesa. Com tais conhecimentos, vamos estudar agora, alguns pressupostos sobre a educação e suas características no Japão Antigo. 3.2 A EDUCAÇÃO NO JAPÃO Como era a Educação no Japão Antigo? Considerando que a religião e a educação tiveram relações próximas em muitas épocas, a Educação Japonesa antiga tinha alguma ligação com a religião japonesa mais praticada na época? Para responder a estes questionamentos, vamos começar entendendo o contexto religioso e sua relação com a educação no Japão Antigo. O Xintoísmo é a religião japonesa mais antiga que se tem notícia. Ele já era praticado no século VII a.C. quando da fundação do Império japonês. “Xinto” quer dizer “caminho dos deuses”. O Xintoísmo se baseia, pois, não apenas na veneração dos ancestrais da Casa Imperial, mas também na crença em divindades que representam as forças da natureza. Enfatiza a pureza espiritual e busca honrar o Kami, ou seja, o “espírito” ou a “essência”, o qual está associado a elementos sagrados e divinos que estão interligados às pessoas, compartilhando com esta sua existência neste mundo. A disciplina História e Filosofia da Educação tanto neste tópico de estudos da Aula 1 como em outros momentos, além do estudo de temas históricos e filosóficos que fazem parte de seu escopo, estabelece conexão com temas provenientes das Ciências da Religião e da Sociologia, dentre outros. A partir do século VI, chegam ao Japão o Taoísmo, o Budismo e o Confucionismo. A influência da cultura chinesa se reflete, ainda, na introdução e difusão de sua forma de escrita entre os japoneses. Entre os 13 e 16 anos de idade, tinha início a educação dos japoneses, a qual, segundo Claudino e Nelson Piletti (2012), se fundamentava em dois livros: o Kotio, ou livro dos deveres familiares, e o Rongo, a filosofia de Confúcio. É importante, ainda, salientar a fundação da Universidade de Tóquio, no século VII, “onde se ensinava Ciência Política, Jurisprudência, Matemática, Medicina, Astronomia, e os clássicos chineses. Mais tarde a Universidade foi substituída pelo Colégio de Confúcio, que chegou a ter até três mil alunos” (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 20). Agora, vamos avançar em nossos estudos, conhecendo e compreendendo alguns pressupostos históricos sobre a educação na antiga Mesopotâmia. 3.3 A EDUCAÇÃO NA MESOPOTÂMIA Você sabe qual região era a mesopotâmia na antiguidade e porque a educação daquele povo vale a pena ser lembrada e estudada? Vamos descobrir juntos! A região da Mesopotâmia foi ocupada por diversos povos, de diferentes culturas e religiões, ao longo do tempo. Abrange o território compreendido entre os rios Tigre e Eufrates, o qual corresponde atualmente ao Iraque. Dentre os povos que habitaram a Mesopotâmia estão os sumérios, aos quais é atribuído um dos sistemas de escrita mais antigos que se tem notícia, a Escrita Cuneiforme ; os amoritas, fundadores do Império Babilônico; os assírios, responsáveis pela criação da Biblioteca de Nínive, que possuía um grande acervo de plaquetas de argila; os caudeus, os quais fundaram o Segundo Império Babilônico. Na Mesopotâmia, a transmissão do conhecimento era feita de forma oral. O desenvolvimento da Escrita Cuneiforme foi, portanto, um grande avanço para essa civilização. No entanto, a escrita se restringia, no início, aos templos religiosos, sendo monopolizada pelos sacerdotes, os quais dominavam a leitura, a escrita e os cálculos matemáticos, desenvolvendo a literatura, a astronomia e a geometria. Para adquirir o domínio sobre a Escrita Cuneiforme, tornando-se um escriba, era necessário superar um longo e rígido processo de ensino-aprendizagem. Era atribuída, ainda, grande importância ao ensino de literatura, a qual abrangia textos religiosos, assim como os códigos de direito que estabeleciam os padrões de conduta a serem seguidos pela sociedade. Agora que entendemos a educação na mesopotâmia emerge um questionamento: e no Egito Antigo, aquele povo que tanto contribuiu para a história geral, como era a educação? Será que a educação tinha algum especial que levaram os egípcios antigos a realizarem tanto feitos em várias áreas do conhecimento humano? Vejamos no próximo tópico de estudo da Aula! 3.4 A EDUCAÇÃO NO EGITO No Egito Antigo, o faraó era o líder supremo, sendo considerado o representante dos deuses na terra, o que caracterizava o sistema de governo egípcio como uma monarquia teocrática. A religião ocupava um lugar de grande importância na cultura egípcia. As pessoas no Egito Antigo cultuavam vários deuses. Também acreditavam que o espírito necessitava de seu corpo físico após a morte, o que resultou no desenvolvimento de diversas técnicas de mumificação. Os egípcios se destacaram, ainda, por seus avanços na engenharia, medicina, matemática e astronomia. Os egípcios desenvolveram o sistema de escrita hieroglífico, um dos mais antigos do mundo. Também criaram o papiro como material de suporte para a escrita. Segundo Márcia Terra (2014), a educação no Egito era hierarquizada. Os conhecimentos e técnicas sagrados eram acessíveis apenas aos sacerdotes. O estudo de ciências como geometria, química, astronomia e política cabia à nobreza, enquanto às classes mais baixas competia o aprendizado de ofícios artesanais e também práticas de guerra. Nesse último caso, a educação familiar era muito importante, já que tais ofícios e práticas eram, na maior parte das vezes, transmitidos pelos próprios pais. A civilização egípcia guarda os registros históricos sobre educação mais antigos que se tem notícia. O respeito à autoridade dos adultos era um dos preceitos mais importantes. O ensino era baseado na repetição de normas morais e na recitação de textos. Mais tarde, a educação foi confiada aos escribas, pois estes dominavam a técnica da escrita e tinham a competência necessária para formar os jovens para a administração da sociedade. O conceito de educação desenvolvido no Egito tinha como base a ideia de que a instrução diferenciava os indivíduos, pois aqueles que dominavam as letras e as ciências não praticavam os trabalhos pesados, que deveriam ser feitos por quem não tinha acesso à educação. A escrita, como era dominada por poucos, não teve um papel central na educação egípcia, mas, no que tange a religiosidade, ela foi fundamental para a conservação da história desse povo (JÉLVEZ, 2012, p. 17). Mas enquanto no Egito Antigo a educação era como estudamos, como era a educação dos Hebreus? Vamos descobrir juntos no próximo tópico de estudo! 1.5 A EDUCAÇÃO DOS HEBREUS A Educação Hebraica se caracterizava por sua rigidez, obediência aos pais e temor a Deus. A religião exerceu um papel fundamental na Educação Hebraica, tendo sido preservada ao longo das gerações. A educação centrava-se na família, tendo na figura do pai um exemplo da sabedoria. Após o período de escravidão no Egito, foram criadas as “Escolas dos Profetas”, nas quais eram ensinadas as Sagradas Escrituras, além de legislação, medicina e artes. O ensino era baseado na repetição para memorização, havendo largo uso dos diálogos. Também era comum o ensino de um ofício envolvendo trabalhos manuais. No intuito de transmitir de uma geração para a outra a história e a cultura hebraicas, principalmente após o Êxodo do Egito, foram institucionalizadas as profissões de escriba e doutor da lei. Ao primeiro cabia “conservar as narrativas, enquanto o doutor da lei estudava as parábolas e investigava o sentido oculto dos provérbios nos textos sagrados” (TERRA, 2014, p. 19). A partir dessas constatações, podemos perceber como a religião estava atrelada à educação nas sociedades antigas do Oriente e Oriente Médio. Destacamos também a necessidade desses povos em preservar suas tradições e valores, transmitindo-os de geração em geração por meio da educação. Como já vimos como se deu a educação dos Hebreus, agora vamos tratar sobre a educação na Grécia Antiga, civilização que representaa gênese da educação como a reconhecemos na atualidade! 3.6 A ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL NA GRÉCIA ANTIGA Vários conceitos básicos que perduram na cultura ocidental até os nossos dias tiveram origem na cultura grega, como a cidadania, a filosofia, a história, o teatro e a liberdade política. Também a ideia de educação, conforme a concebemos hoje, se deve, em grande medida, às ideias desenvolvidas na Grécia de Sócrates, Platão e Aristóteles. Esparta e Atenas foram as cidades-Estado mais importantes na Grécia Antiga. A primeira tinha um conceito de educação voltado para a preparação física do indivíduo, formando-o para a guerra. A Educação Espartana priorizava, portanto, a disciplina e a obediência. A ginástica consistia no treinamento dos guerreiros. A família devia ensinar disciplina às crianças e iniciá-las nos exercícios físicos até os sete anos de idade, quando elas deviam ir à escola para receber treinamento militar e aprender táticas de guerra. Atenas priorizava, no ensino, a filosofia e a retórica, a arte e as ciências, sem deixar de lado a ginástica. De todas as formas, a educação era direito apenas dos homens livres. Em uma sociedade escravocrata, isso significava que grande parte da população não tinha acesso à educação. Quando os mitos e valores gregos começam a ser questionados enquanto verdades absolutas, surgem os sofistas com seus métodos de ensino pautados nas habilidades argumentativas e persuasivas, elementos indispensáveis para a democracia ateniense. Durante o século V a.C., os sofistas destacaram-se nos aspectos culturais e educacionais do mundo grego. Estes se ocupavam do ensino e eram pagos por seus serviços. A ênfase de seus ensinamentos recaia sobre a retórica e a oratória. Um dos principais sofistas foi Protágoras de Abdera (485-411 a.C.). Na concepção dos sofistas, o saber é construído na luta de ideias opostas. Além disso, declaram que os valores e costumes não são naturais, mas convenções criadas pela sociedade. Eles entendiam a educação como responsável pela formação humana, a qual se dava pela aquisição da cultura acumulada pelas gerações e na maestria no uso da palavra. No entanto, as ideias dos sofistas serão questionadas por filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles que irão influenciar os métodos e conteúdos de ensino da época, fazendo com que a educação grega fosse repensada. Caso queira ampliar seus conhecimentos sobre a educação na Grécia Antiga, sugerimos que assista aos vídeos referenciados a seguir: •NOVA ACRÓPOLE. Paideia: o ideal da educação na Grécia Clássica. https://www.youtube.com/watch?v=fFNDdEjmki0 Agora, vamos entender como era a educação em outra civilização antiga que também deixou um legado para a educação atual: a educação da Roma Antiga! 1.7 A EDUCAÇÃO DOS ROMANOS https://www.youtube.com/watch?v=fFNDdEjmki0 Com a conquista da Grécia pelos romanos, vários aspectos da cultura grega são assimilados por Roma, ao mesmo tempo em que são transformados ao longo desse processo de entrecruzamento das duas culturas. Os romanos se inspiraram na arte grega para produzir suas próprias obras, ou mesmo a reproduziram na forma de cópias idênticas de originais gregos, muitos dos quais foram preservados até os nossos dias. Isso nos permitiu ter uma visão mais abrangente da cultura grega, mesmo que de forma indireta. Os romanos também assimilaram os conhecimentos gregos sobre as ciências, a religião e a filosofia. Na concepção dos romanos, o propósito da educação era formar o homem racional. Essas ideias também foram resultado da influência do pensamento grego sobre Roma. A educação dos romanos volta-se principalmente para a oratória, a retórica e a preparação do indivíduo para a vida pública. Mais tarde surgiram as escolas de direito e filosofia. No Império Romano, tanto o ensino elementar quanto o superior tiveram a atenção dos imperadores. O sistema de ensino na Roma Antiga era dividido da seguinte forma: “as escolas dos ludi-magister, para a educação elementar; as escolas do gramático, equivalentes ao atual curso secundário; o ensino superior, em que as escolas de Retórica incorporaram o ensino de direito e filosofia e se transformaram em universidades” (TERRA, 2014, p. 25). Vejamos uma ilustração sobre como a educação acontecia no contexto prático: Figura 1 – A educação dos gregos e romanos na Antiguidade Fonte: Disponível em Créditos No Império Romano, as ideias sobre educação foram marcadas pelas proposições de pensadores influentes em seu tempo, como Cícero, Sêneca e Plutarco. Até aqui, construímos conhecimentos sobre a educação na Idade Antiga e vimos o quanto os povos contribuíram para o contexto educacional contemporâneo. Agora, vamos avançar em nossos estudos e conhecer a história da educação durante a era medieval. 2 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA A Idade Média compreende um período de mil anos que se estende do século V ao XV. O período medieval se caracterizou pela grande influência da Igreja na cultura ocidental, incluindo a política e a economia, a arte e a filosofia, e, até mesmo, a educação. Nesse momento, prevalecia o sistema feudal, o qual era essencialmente agrário, baseando-se no modelo de subsistência. Os senhores feudais eram detentores de grandes extensões de terra, nas quais trabalhavam os servos em troca de proteção. Com as inúmeras guerras que marcaram o declínio do Império Romano, bem como a disseminação de epidemias, a população das cidades diminuiu, o que acarretou na redução do comércio e da circulação monetária. Nesse contexto, a Igreja acumula, cada vez mais, poder e riquezas, monopolizando o saber e o conhecimento, processo que tem início com o reconhecimento da fé cristã pelo imperador romano Constantino (285-337). Durante o período conhecido como Alta Idade Média, que se estende da tomada de Roma por Odoacro, rei dos hérulos, em 476 até as profundas mudanças que se operam na civilização medieval no século XII, o cenário foi marcado por guerras e invasões, medo e insegurança. Durante esse período, os povos bárbaros converteram-se à doutrina cristã, além de assimilarem vários aspectos da cultura romana, como a literatura e o direito, sendo que o ensino de filosofia enfraquece nesse momento. Esse é o cenário que se desenrola nos antigos territórios do Império Romano do Ocidente, já que no Império Bizantino, além de literatura, direito e filosofia, desenvolveram-se as ciências ao longo dos séculos. Esse conhecimento seria perpetuado pelos árabes quando da conquista de Bizâncio, levando uma vida de intensa atividade cultural e comercial desenvolvida em antigos centros urbanos. Por outro lado, os povos germânicos que se estabeleceram na parte oeste da Europa, basearam sua economia na agricultura, vivendo sob a ameaça constante de guerras e invasões. No entanto, como ressalta Rui Afonso Nunes, em seu livro História da Educação na Idade Média, o cenário que se desenrola no período medieval, em nada condiz com a visão de “idade das trevas” que alguns historiadores lhe atribuíram. De fato, esse é um legado do Renascimento, o qual cunhou esse período de mil anos como uma ponte obscura de passagem que os ligava ao saber e à cultura da Antiguidade Clássica. Esse preconceito se difundiu, portanto, a partir do século XVI, fazendo com que ideias errôneas e, muitas vezes, fantasiosas e absurdas a respeito do período medieval, fossem propagadas ao longo dos tempos. Contudo, como nos lembra Rui Afonso Nunes, foi na Idade Média que “formaram-se as línguas e as literaturas das nações modernas, como a portuguesa”; além disso, foi nesse período que “forjou-se uma nova e pujante civilização com as suas instituições típicas, tais como o parlamento, o júri, a universidade, a arte gótica e as catedrais que assinalaram a civilização europeia” (NUNES, s/d, p. 15). Mas como tudo isso aconteceu? Vejamos nos próximos tópicos de estudo da Aula 1! 2.1 O MOSTEIRO COMO LUGAR DE CULTURA E EDUCAÇÃO Os mosteiros beneditinos foram por muito tempo alguns dos poucos locais onde se praticavao ensino. Este visava à formação de religiosos, mas também era frequentado por leigos em busca de instrução. Paróquias e mosteiros recebiam crianças para serem educadas, sendo comuns, nesses espaços, os castigos físicos. Entre os séculos IV e V, o declínio do Império Romano se fazia sentir também na educação. Nessa época, a decadência do sistema oficial de ensino romano chega a tal ponto degradante, que provoca o fechamento da maioria dos estabelecimentos, exigindo-se a efetivação de certas mudanças. Nesse contexto, surgem as escolas paroquiais, responsáveis pelo nível elementar de ensino e as escolas episcopais, que se referiam ao nível superior, sendo ambas administradas pela Igreja. O intuito dessas escolas era garantir a formação dos futuros sacerdotes. Entretanto, devido à falta de estabelecimentos de ensino tanto públicos quanto particulares, essas escolas passaram a admitir também estudantes que não tinham a intenção de seguirem pela via do sacerdócio. Também nos mosteiros beneditinos, o importante trabalho dos copistas permitiu que escritos gregos e romanos fossem preservados ao longo dos tempos e chegassem até nossos dias. O árduo trabalho de copiar, restaurar e traduzir os textos exigia muito tempo e esforço dos monges, mas seu legado para a posteridade é incalculável. O suporte utilizado era o pergaminho feito de couro, o qual podia ser reaproveitado, raspando-se a superfície de folhas já escritas por ser um material muito caro. Quando o manuscrito estava terminado, poderia ser ilustrado com iluminuras, pequenas pinturas que remetiam a cenas religiosas ou cotidianas. Por fim, os pergaminhos eram encadernados. Na Europa medieval, abadias e mosteiros concentravam grandes acervos de manuscritos, configurando-se como os centros da cultura letrada na época. Figura 2 - Os monges copistas Fonte: Disponível em Créditos Mas e as mulheres? Elas tinham espaço dentro dos mosteiros? Qual era exatamente o papel das mulheres naquele contexto, naquela época? 2.2 O PAPEL DA MULHER NOS MOSTEIROS Os mosteiros medievais representaram um espaço em que era possível fazer com que, de certo modo, a voz feminina fosse ouvida. De acordo com Andrea Miranda (2006), durante a Idade Média a mulher poderia, em tese, escolher dentre as duas opções que a sociedade lhe impunha: casar-se e constituir família, ou dedicar-se ao celibato, seguindo os passos da Virgem Maria ao confinar-se em um mosteiro: “e, ainda que tenha sido subjugada, é nesse contexto religioso, dos monastérios, que a mulher, conseguiria, entre altos e baixos, alcançar algum espaço de expressão, deixando-nos registros da sua identidade” (MIRANDA, 2006, p. 5-6). Segundo Andrea Miranda (2006), ao longo dos séculos VII e VIII, houve grande incentivo por parte das autoridades eclesiásticas e também das lideranças políticas para a criação de mosteiros femininos. Nesses espaços, o direito à leitura e à escrita, a princípio negado às mulheres, passa a uma realidade mais tangível, fazendo com que essas mulheres alcancem altos níveis de cultura e saber. 2.3 SANTO AGOSTINHO E A EDUCAÇÃO CRISTÃ Você pode pensar: vamos estudar um santo católico para tratar sobre educação medieval? Sim! Na Idade Média a religião católica e o cristianismo influenciaram vários setores da sociedade, inclusive a educação. Assim, vamos começar nossos estudos por um filósofo conhecido na contemporaneidade como Santo Agostinho! A obra de Santo Agostinho (354-430) De Doctrina Christiana irá exercer grande influência na pedagogia medieval. Segundo Rui Afonso Nunes, esse texto “serviu de roteiro para os estudos dos intelectuais cristãos e de ideário e programa para as escolas” (NUNES, s/d, p. 67). Para que você tenha uma visão mais ampla de como funcionava o trabalho dos copistas em uma abadia ou mosteiro, bem como uma noção da grandiosidade e importância de suas bibliotecas, recomendamos a leitura do romance O nome da rosa, do escritor italiano Umberto Eco, e/ou que você assista o filme homônimo baseado nessa mesma obra, dirigido por Jean-Jacques Annaud. De acordo com o Mestre de Hipona, o centro da aprendizagem é a Sagrada Escritura e para ela se volta todo o interesse que possam merecer as artes liberais, as línguas e as ciências, enquanto o termo filosofia se conserva para designar principalmente a concepção cristã da vida na acepção consagrada pelos Santos Padres e adotada pelos autores monásticos (NUNES, s/d, p. 67). “No ocidente, Agostinho encarnou o modelo da inteligência cristã. Através dele se opera a principal apropriação da Grécia pelo cristianismo”, já que “Agostinho faz a ligação entre os conceitos herdados dos filósofos gregos e as crenças da fé cristã” (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 43). As ideias de Santo Agostinho irão exercer grande influência no período medieval. Com ele, surge a subjetividade, a interioridade e a introspecção, noções que não existiam no mundo grego, as quais serão expressas no novo gênero da autobiografia trazido por Santo Agostinho em Confissões. Isso altera profundamente a concepção de culpa e desejo, e o modo de se lidar com esses sentimentos, que passam a ser categorias que se debatem no íntimo do indivíduo. De acordo com Claudino e Nelson Piletti (2012), Santo Agostinho vive e desenvolve suas ideias em um período denominado pela Igreja Católica de Patrística, que se estende do século II ao VIII, sendo este o período dos Pais da Igreja, o que exerceu grande influência na educação. Segundo Claudino e Nelson Piletti (2012), ao contrário do ensino praticado nos dias de hoje, o sistema de ensino, de acordo com a filosofia agostiniana, baseia-se nos preceitos cristãos, não havendo distinção entre fé e razão. Agora emerge um questionamento: e depois de Santo Agostinho, como a educação era concebida? Vamos descobrir com o estudo proposto a seguir! 2.4 A EDUCAÇÃO DURANTE O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO Carlos Magno (742-814) ascende ao poder em 771 dando início ao período que ficou conhecido na história como “Renascimento Carolíngio”. Em uma época de guerras, invasões e conquistas, em um mundo caracterizado pela instabilidade e insegurança, Carlos Magno, pertencente à Dinastia Franca, recebe a coroa das mãos do Papa Leão III, que o consagra imperador do Sacro Império Romano-Germânico, o que assinala a aliança da Igreja com a Coroa. Carlos Magno empreendeu reformas internas e propiciou a revitalização das artes, letras e cultura, o que ficou conhecido como “Renascimento Carolíngio”. Visando a unificação e o fortalecimento do império, Carlos Magno realizou uma reforma na educação, buscando sua base nos preceitos clássicos das artes liberais estabelecidas como o trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Foram construídas escolas em todo o império, que poderiam estar a cargo dos mosteiros (escolas monacais) ou das cortes palacianas (escolas palatinas). Surgem, ainda, novas escolas catedrais, que estavam conectadas à sede dos bispados, tornando-se cada vez mais complexas e sofisticadas. Essas reformas foram de extrema importância para o ensino, pois recuperaram saberes da Antiguidade Clássica como a dialética e o raciocínio, o que abriu caminho para o delineamento da filosofia escolástica. Prosseguindo, vamos estudar outro filósofo medieval e suas influências na educação medieval. 2.5 SÃO TOMÁS DE AQUINO E A PEDAGOGIA MEDIEVAL São Tomás de Aquino (1225-1274) cria um sistema filosófico que busca a conciliação entre a fé cristã e as ideias de Aristóteles, combinação que poderia ser, inclusive, considerada uma heresia na época. Para Aristóteles, que pertencia à vertente realista do pensamento, o conhecimento está no mundo real e tangível. Foi justamente essa concepção que São Tomás de Aquino utilizou como ponto de partida para a articulação de seu pensamento. Como nos lembram Claudino e Nelson Piletti (2012), esse pensamento poderia ser considerado muito ousado para a época, mais ainda pelo fato deste opor-se às ideias de SantoAgostinho, as quais dominavam por séculos o pensamento medieval. No cerne do pensamento de São Tomás de Aquino, está o embate entre razão e fé, sendo que a primeira não está essencialmente atrelada à segunda. Sua capacidade de raciocínio e a perspicácia de seu intelecto permitiram a Santo Agostinho assimilar os autores antigos para que, conciliando ideias até mesmo aparentemente opostas, pudesse formular seu pensamento filosófico. Com isso, fez de uma doutrina que poderia ser considerada, sob um primeiro olhar, contrária aos preceitos cristãos, uma referência para a cristandade. Em relação ao ensino, como sintetiza Márcia Terra (2014), São Tomás de Aquino afirma que “Deus é o verdadeiro mestre que ensina, porém as deduções são obra da natureza do homem” (TERRA, 2014, p. 29). Para São Tomás de Aquino, Deus é o único mestre, sendo Ele capaz de ensinar dentro da própria alma do homem. Isso significa que não é possível ao professor transmitir o conhecimento ao aluno, estando unicamente a cargo deste último garantir a própria aprendizagem. O professor apenas auxilia o trabalho do verdadeiro mestre que é Deus. Esse também é o período do surgimento da Escolástica – movimento de fundação das primeiras escolas - a qual corrobora e estende o pensamento da Patrística, “pois tratou de defender o Cristianismo contra seus novos rivais, tanto internos quanto externos: no plano interno, serviu para combater as heresias e, no plano externo, para intimidar os ataques intelectuais de doutrinas de orientação não cristã” (BATISTA, 2010, p. 87). Com tais conhecimentos, vamos entender agora como se deu a gênese da educação que você está realizando neste momento: a Educação Universitária! 2.6 A EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA No século XII são fundadas as primeiras universidades medievais, as quais serviram de modelo para as universidades atuais. Assim como hoje, nas universidades medievais, era praticado o ensino e a pesquisa, além de ser palco de debates e discussões. Mais uma vez, o ensino pautava-se no estudo das artes liberais, representadas pelo trivium (gramática, retórica e dialética) e pelo quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). As primeiras universidades europeias foram fundadas nas regiões que hoje correspondem à Itália e a França, tendo como primeiras disciplinas o direito, a medicina e a teologia. A origem dessas universidades remonta à época de Carlos Magno e do “Renascimento Carolíngio”, surgindo sobretudo das escolas catedrais, nas quais já era praticado um alto nível de ensino. O processo de reurbanização que se verifica já a partir do século XI propicia o aparecimento não apenas das universidades, como também de novos colégios. A revitalização dos centros urbanos, a ampliação de instituições especializadas na transmissão do conhecimento e a necessidade de disponibilizar textos escritos compuseram o conjunto dinâmico de novas redes de sociabilidade em constituição. (...) Nas cidades justapunham-se diferentes populações, habitantes fixos ou não, estrangeiros ou moradores dos subúrbios: mercadores, burgueses, banqueiros, clérigos, funcionários administrativos, trabalhadores que não pertenciam a corporações, artesãos, agricultores. (...) As cidades eram, pois, espaços de trocas múltiplas – materiais, afetivas, espirituais, intelectuais – que se davam nas festas, mercados, tabernas, igrejas e escolas, não sem conflitos e discriminações. Também a partir das necessidades urbanas abriram-se novas carreiras profissionais (VEIGA, 2007, p. 16-17). Observe: Figura 3 - As universidades medievais Fonte: Disponível em Créditos É nesse período de efervescência cultural que surge um novo estilo arquitetônico nas cidades, o gótico, e, com ele, sua máxima expressão nas catedrais medievais. Veja: Figura 4 – Catedral medieval gótica: A catedral de Notre-Dame em Paris. Fonte: Disponível em Créditos A catedral de Notre-Dame de Paris foi construída em estilo gótico. Sua construção teve início em 1163, sendo um dos melhores exemplos do estilo arquitetônico medieval do século XII. Suas torres pontiagudas elevando-se ao céu estão relacionadas à ascensão do espírito e a maior proximidade de Deus. Além disso, os vitrais coloridos que deixam a luz entrar na nave garantem um tom de misticismo. O esplendor da catedral reflete os anseios da elite naquele período, sendo, ainda, um símbolo da prosperidade urbana renascente. Como era a educação e quais eram as principais ideias pedagógicas desenvolvidas pelos orientais e por outros povos antigos, especialmente gregos e romanos? Quem foram os principais representantes e ideias pedagógicas da Antiguidade a Idade Média? Caso você consiga responder a estas questões, parabéns! Você atingiu os objetivos propostos a partir dos Estudos da Aula 1. Caso esteja enfrentando dificuldades para responder, não se aflija! Aproveite o momento para reler o conteúdo das aulas e para acessar o UNIARAXÁ VIRTUAL e interagir com seus colegas de turma, com o Tutor(a) do Curso e com o(a) Professor(a) da disciplina. Lembre-se de que você não está sozinho nesta caminhada rumo ao saber! Conte conosco! https://player.vimeo.com/video/284832427?h=74d621e505 Chegou o momento de complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e acesse esta aula para assistir a Video Aula RECAPITULANDO Durante nossa primeira aula, pudemos entrar em contato com ideias e práticas pedagógicas de diversos povos da Antiguidade, entendendo como religião, política e filosofia influenciaram suas concepções sobre educação. Visitando os povos orientais, iniciamos nossos estudos partindo de uma das civilizações mais antigas do mundo, a China. Entendemos como o confucionismo aliava preceitos do Taismoaoísmo com os princípios da obediência às regras e padrões de conduta. Continuamos pelo Japão para entendermos a influência do xintoísmo na concepção de ensino nesse país. Também vimos como a região da Mesopotâmia foi ocupada por diversas civilizações na Antiguidade. Dentre estas estão os sumérios, os quais desenvolveram a Escrita Cuneiforme, uma das mais antigas do mundo. Esta se restringia aos sacerdotes, os quais monopolizavam o conhecimento. No Egito também foi desenvolvido um sistema de escrita milenar: o hieroglífico. Coube, ainda, aos egípcios a invenção do papiro. A educação no Egito era estratificada, sendo que as letras e as ciências eram dominadas pelos nobres, enquanto às classes mais baixas cabia o aprendizado de ofícios manuais. Finalmente, os hebreus desenvolveram uma concepção de ensino baseada na rigidez, obediência aos pais e temor a Deus. Para os hebreus, a família era responsável pela educação dos filhos, tendo na figura paterna um exemplo de sabedoria. O ensino era baseado na repetição e na memorização e visava transmitir a cultura hebraica através das gerações. Na Grécia Antiga, importantes filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas ideias sobre educação. De acordo com a escola socrática, era necessário fazer com que o indivíduo desenvolvesse sua capacidade de raciocínio, instigando-o ao questionamento e ao debate para se chegar à verdade. Muitas das ideias desenvolvidas pelos filósofos gregos são ainda muito atuais. Na Roma Antiga, aspectos relacionados não só à política, à religião e à filosofia gregas, foram assimilados pelos latinos, mas também concepções e práticas pedagógicas. Para os romanos, a educação visava formar o homem racional. Voltava-se sobretudo para a oratória e a retórica, com o intuito de preparar o indivíduo para a vida pública. Pensadores como Cícero, Sêneca e Plutarco deixaram sua contribuição para a posteridade na forma de ideias que iriam influenciar gerações futuras até nossos dias. Após as invasões bárbaras, chega ao fim o Império Romano e começa a se delinear o período medieval. Esse período será marcado pela propagação e afirmação da fé cristã pela Europa e pelo poderio da Igreja Católica Romana, a qual irá monopolizar não apenas a educação, mas a cultura comoum todo. Esse será o tema sobre o qual iremos nos deter em nossa próxima aula. Entramos em contato com o mundo medieval, com suas particularidades e peculiaridades, mas sempre tendo em vista que este foi um período fecundo da história em nada lhe cabendo a visão pejorativa que alguns historiadores lhe atribuem de “idade das trevas”. Também discutimos a partir do posicionamento de Rui Afonso Nunes que o termo Idade Média é essencialmente inadequado para se referir ao período, o qual continuamos a empregar por termos de convenção. De fato, essa denominação carrega um estigma que pode ser traduzido como um período de transição ou como uma ponte que ligaria a Antiguidade ao Renascimento do século XVI, visão preconceituosa que procuramos descartar. https://player.vimeo.com/video/284832427?h=74d621e505 Também percebemos como a Igreja exerceu seu domínio sobre a política, a economia, a arte e a educação durante os mil anos em que se estende o período medieval. De fato, os mosteiros figuraram-se como espaço privilegiado do conhecimento durante a Idade Média. Neles, desenvolveram-se as escolas medievais, voltadas para a formação do clero, mas que também poderiam admitir não religiosos para que estes pudessem completar seus estudos. Os mosteiros beneditinos também exerceram papel fundamental para a transmissão do legado greco-romano devido ao árduo trabalho dos copistas que empregavam seu tempo na cópia, conservação e tradução de manuscritos da Antiguidade, o que permitiu que esse conhecimento fosse preservado até os dias de hoje. Nos mosteiros, também era praticada a prática da encadernação e a arte da iluminura, pequenas ilustrações feitas nos manuscritos retratando cenas religiosas e cotidianas. Durante a Baixa Idade Média – século IX ao XIV, várias mudanças ocorreram na vida dos europeus. As cidades voltaram a crescer e a se modernizar. O estilo gótico das catedrais refletia os anseios das elites como símbolo da prosperidade urbana renascente. Essas profundas transformações que se verificaram tanto na economia quanto na política, na arte e na filosofia e, certamente, na educação abrem caminho para as mudanças de paradigma que levariam a humanidade até a Era Moderna. CRÉDITOS Capa: https://br.freepik.com/fotos-gratis/reserve-na-biblioteca-com-livro- aberto_3737797.htm#page=1&query=historia%20de%20educa%C3%A7%C3%A3o&position=1&from_view=search Figura 1 - A educação dos gregos e romanos na Antiguidade. Fonte: TAVARES, F. M. Os processos educacionais de gregos e romanos. Disponível em: <https://biotavares.blogspot.com/2011/07/os-processos-educacionais-gregos-e.html>. Acesso em: 25 jul. 2018. Figura 2 - Os monges copistas. Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/monges-copistas/>. Acesso em: 25 jul. 2018. Figura 3 - As universidades medievais. Fonte: SOUZA, R. Universidades medievais. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/universidades-medievais.htm>. Acesso em: 25 jul. 2018. Figura 4 - Catedral medieval gótica: A catedral de Notre-Dame em Paris. Fonte: INFOESCOLA. Catedral de Notre Dame. Disponível em: <https://www.infoescola.com/franca/catedral-de-notre-dame/>. Acesso em: 14 de mai. 2018. REFERÊNCIAS A HISTÓRIA. 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