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Os ciganos

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- Hino internacional cigano - aprovado no 1º congresso Romani (Londres 1971)
Mas ainda continuariam sem terra, um Estado, um território, mas teriam um hino pra representar diante de outras nações.
Três grandes subgrupos
1º ) Rom ou Roma ( língua Romani, subgrupos kalderash, matchuaia, lovara, curara, horahanei etc., predominantes nos países balcânicos e no leste europeu, mas tbm migraram para países da Europa e para as América.
2º) Sinti, conhecido manouch ( língua sintó, encontrados na Alemanha, Itália e França)
3º) Calon ou Kalé, falam caló, vivem em Portugal a na Espanha, mas também países da Europa e América do Sul.
Sobrevivência, diferenças, assimilação de culturas e proteção mútua
O que para eles é fundamental é conseguir sobreviver em meio a uma sociedade que não os deseja. Diferenças existem de grupo para grupo; a necessidade fez que a assimilação de algumas culturas fosse necessária para a sua permanência em determinadas regiões.. Proteção mútua é uma característica determinante para entendermos sua longevidade histórica.
Nômades ou sedentários
Segredos, gadjés e emancipação individual
segredos passaram a ser uma das mais importantes armas que possuem para se protegerem dos gadjés (não ciganos).
A quebra desses segredos leva os rom a condenações duras, até mesmo à expulsão do grupo. Os romani proíbem a emancipação individual como forma de preservação da coletividade.
Reconhecimento e respeito entre os ciganos
Jamais um cigano ensina a um gadjé tudo sobre sua língua, pois o reconhecimento entre eles está na lingua falada, da oralidade, já que nunca se fixou na escrita. 
Os contadores de histórias entre os ciganos são membros respeitadíssimos na comunidade. Nada mais desprezível para um cigano do que encontrar outro cigano que perdeu contato com a língua original.
Nação e nomadismo
Não pertencimento a uma Nação.(utilizam o termo brasileiros como não fossem)
A sociedade sedentária acreditava ser necessário combater e dominar os grupos nômades considerados antiéticos perante o Estado Moderno.
Ondas migratórias
os ciganos que saem da Índia por volta do ano 1000 e, depois, 
Migram nos séculos XV e XIX, se espalham pelo mundo levando consigo sua cultura.
Ciganologia
A historiografia mundial, e em especial a brasileira, muito pouco se debruçou sobre esse povo.
O estudo sobre os ciganos, desenvolveu-se na Inglaterra, com a criação da Gypsy Lore Society (1888). Essa instituição ainda existe; promove encontros sobre a cultura cigana, divulga eventos e dá assistência a grupos romani espalhados pelo mundo.
A falta da história escrita
Os ciganos não têm mitos sobre a criação do mundo, nem sobre suas próprias origens; não têm grande sentido de passado histórico. Com muita frequência suas memórias não abrangem mais do que três ou quatro gerações
Ciganólogos europeus
- Heinrich Grellmann (1753-1804) , literatura anti-cigana referência.
teve pouco contato com os ciganos e escreveu seus textos utilizando outros autores menos conhecidos e textos sensacionalistas. 
Identificou ciganos como antropófagos, o que gerou a prisão de 84 deles, 41 dos quais foram decapitados, enforcados e esquartejados. Depois se descobriu que essas prisões e mortes foram desnecessárias, já que os supostos mortos pelos ciganos reapareceram. 
O autor descreve os ciganos como tagarelas, inconstantes, infiéis, ingratos, medrosos, submissos, cruéis, orgulhosos, superficiais, preguiçosos, anti-higiênicos, ladrões, mentirosos, alcoólatras. E ainda informa que comem carne imprópria para consumo, que não possuem sentimento de vergonha ou honra, que sua inteligência é infantil, não têm noção de pecado, as mulheres são imorais, vivem como animais em tocas, que suas crianças são mimadas demais e que são completamente indiferentes à religião.
George Borrow (1803-1881) - referÊncia para autores
 Esteve em contato com alguns grupos de ciganos quando viajou para vários países do mundo.
 Se autoproclamava amigo dos ciganos. Descreve os ciganos, em sua maioria os da Espanha, como "o mais vil, degenerado e miserável povo da Terra", e as ciganas como "bruxas diabólicas".
Plagiado de um livro de viagem de Richard Bright, pouco conhecido na época.
Os ciganos no Brasil
chegada do primeiro cigano ao país, em 1574.
João de Torres e sua mulher Angelina foram condenados em Portugal por serem ciganos. Não se sabe muito sobre sua vinda e permanência no país.
A partir de 1686,Portugal para limpar o país dos indesejáveis ciganos utiliza uma política de degredo, onde os ciganos passaram a ser enviados para o Maranhão, local distante das maiores cidades do país Salvador e Rio de Janeiro .
A partir de 1718, o envio de ciganos passou a ser efetuado também para outras províncias, como Pernambuco, Ceará, Sergipe e Bahia, e através delas chegaram a outros locais, como Minas Gerais e São Paulo, e posteriormente se espalharam por todo o país.
Um dos lugares mais importantes para os ciganos, no século XVIII, foi o Campo de Santana, no Rio de Janeiro, que ficou conhecido como o "Campo dos Ciganos" (atual praça da República), lugar onde eles se encontravam e comercializavam diversos produtos. 
no século XIX, passaram a atuar como meirinhos e foram se concentrar na "rua dos Ciganos" (atual rua da Constituição).
Repressão à língua cigana
 Coroa Portuguesa, exigÊncia das autoridades locais a repressão à língua, impedir a perpetuação da cultura.(opressão policial -->> correria de ciganos)
Tiradentes, "comandou por mais de uma vez a tropa de assalto ao reduto dos ciganos, prendendo e matando-os.
Leis contra os ciganos e política de ‘'mantenha-os em movimento’’
MG -->> SP --> RJ ->> ES --> MG
Na Bahia em 1898,  ciganos recém-chegados era proibido 'falarem da gíria e ensiná-la a seus filhos.
Em 1718, D. Joao V envia documento para vice-rei sobre a proibição do uso da língua cigana.
Em 1723, um documento em MG ressaltava o banimento dos ciganos do territorio e todos aqueles que ajudassem a eles. Já aquele que os entregasse poderia ficar com seus bens.
 Em 1726 e 1760, leis e determinações dos vereadores paulistanos exigiam que saíssem da cidade em 24 horas, sob pena de prisão. Esses haviam acabado de ser expulsos de MG, obrigando eles a serem nomades.
Constituição Brasileira de 1988, artigo 5º . tenha definido que todos têm direito a se locomover no território nacional
Obras depreciativas
- A Farsa das Ciganas, de Gil Vicente,1521 encenada ao rei d. João III, na cidade de Évora: ciganas como trapaceiras, embusteiras e bruxas que viviam de ler a sorte.
- Carmen (1847), de Prosper Mérimée. Carmen é mostrada como uma mulher sedutora, selvagem, indomável, ladra e assassina.
- Jean Baptiste Debret (1989), ciganos Abandonam por completo a educação de seus filhos ... sem nenhum preceito de moral ... preguiçosos etc
Rio grande do Norte - Pesquisa projeto  "Ciganos no Seridó Potiguar"
Todos os que vivem nessa região são do grupo calon e se enquadram na condição de seminômades ou semissedentários. (casas simples em várias cidades, condição de pobreza, pedintes e pequenos negócios).
Processos criminais
- 1880 em Jucurutu, roubo de cavalos sem provas, réus não encontrados e processo arquivado.
- 1907 em Caicó, briga que resultou em morte de 3 ciganos,desavença entre grupos.(réu inocentado) 
- 1937 em Caicó, 2 ciganas processadas por roubo e enganação relativa a cura de doenças.
TrÊs processos julgando apenas com os discursos dos acusadores, desinteresse em ouvir a defesa. 
Matérias da Imprensa
- 11 de junho de 1955 no jornal A Folha de Caicó, "Aí estão os ciganos..." por Vale Sobrinho.
Destaca o uso da magia utilizada pelos ciganos e ciganas para ludibriar os caicoenses, proponto tambem ao estado que crie lei que combata seu nomadismo e suas práticas culturais.
- 11 de agosto de 1962 jornal A Folha, por Vergniaud L. Monteiro - "O Cigano".
Apelando para os Poderes Públicos, demonstrando a abominação aos ciganos e à sua permanência na região do Seridó Potiguar (RN).
Os dois artigos questionam as autoridades por nao punirem e proibirem os ciganos de transitaremna região. 
Assassinatos e violência
Muitos processos arquivados por nao encontrarem os assassinos ou mandatários.
Entre 2011 e 2013 : 2 cigana e 5 ciganos assassinados .
Em todos os casos as informações sobre as vítimas são imprecisas, e não se sabem as causas que levaram às mortes. Sabe-se que não houve resistência, foram pegos de surpresa.
Em 1993, uma pesquisa realizada na Paraíba a pedido da Procuradoria da República, mostrou que três mulheres ciganas, num total de dez , foram esterilizadas por laqueaduras, após cesariana, sem conhecimento e autorização dos casais, COM argumentos de saúde e condições de vida.
Políticas públicas em Portugal
Plano de integração a nível nacional, da responsabilidade do Estado, visando a promoção do bem-estar e da igualdade real entre os portugueses (art. 9° da Constituição), em diálogo com os representantes das organizações ciganas.
Relato divulgado pela pesquisadora e jornalista Isabel Fonseca (1996) num livro cujo título foi inspirado em fala do cigano Ao deparar com a condição miserável dos ciganos na região de Sófia.
Enterrem-me em pé. Passei de joelhos toda a minha vida.- Manush Romanov
ANDRADE JÚNIOR, Lourival. Os ciganos e os processos de exclusão. Revista Brasileira de História, v. 33, p. 95-112, 2013.
A luta dos ciganos pelo direito à Educação
https://novaescola.org.br/conteudo/3565/a-luta-dos-ciganos-pelo-direito-a-educacao
EDUCAÇÃO DOS POVOS CIGANOS com FLÁVIO GIFFONI
https://www.youtube.com/watch?v=ukxiczbO4Ig
Educação e Exclusão Social: a perspectiva dos ciganos e dos não ciganos
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/13520/1/2013_LucianaCamaraFernandesBareicha.pdf (analise e discussão dos resultados pag 177)
BAREICHA, Luciana Câmara Fernandes. Educação e exclusão social: a perspectiva dos ciganos e dos não ciganos. 2013.

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