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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Traumatismo Raquimedular Caso Clínico 1 1) Reflexo bulbo-cavernoso Reflexo mais distal/caudal da coluna. - A saúde de um reflexo é um indicativo da saúde da medula. 2) Trauma de medula Déficit neurológico agudo e focal (localizado). 3) Depende da resposta do reflexo. Anatomia do neuroeixo Traumatismo raquimedular: trauma que ocorre em um local da coluna onde tem medula. Medula: inicia após o bulbo e vai até o início da cauda equina, no disco entre L1-L2. Os sintomas manifestos resultam de lesão na medula espinhal ou disfunção da raiz e incluem paresia, alterações sensitivas ou perda de sensibilidade e disfunção esfincteriana (urinária ou anal) e erétil. Epidemiologia Homens 4:1 Mulher. Adultos jovens (~25 anos). Grupos de risco: uso de álcool e idosos (não por exposição, mas sim pela fragilidade óssea). Causas mais comuns: 1ª acidentes automobilísticos; 2ª mergulho em água rasa; VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3ª arma de fogo; 4ª esportes de contato. - Coluna torácica é a mais rígida, sendo protegida pela arcabouço da caixa torácica e pelos músculos. - Áreas de transição (do móvel para o rígido) são mais vulneráveis (C7-T1, T12-L1). Lesões Lesão primária (insulto inicial): Aquela causada diretamente pelo impacto. Atuação por meio da PREVENÇÃO (usar cinto de segurança, capacete, não dirigir após ingerir bebida alcóolica). Lesão secundária: Consequências do trauma, como a inflamação/ síndrome compartimental, na área próxima ao do trauma primário; o dano secundário é praticamente desprezível quando comparado com o dano da lesão primária. Contusão: não partiu nenhum axônio. Laceração: lesou o axônio. Secção: rompeu totalmente o axônio. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Choque medular Choque medular (é um “reiniciar” da medula – despolarização da medula): Dura aproximadamente 24 a 48 horas (pode durar menos, pode durar mais e também pode nunca acabar), caracterizado por ausência completa de motricidade/sensibilidade/reflexos do nível lesada para baixo. Após o choque medular Se houver retorno, ele será progressivo e do mais caudal para o mais cranial. - O reflexo bulbo-cavernoso é o mais caudal e é o primeiro a ser testado. - Resposta que eu quero com esse reflexo é a contração dos músculos do esfíncter anal, através do toque retal. Faz- se um estímulo (tração da sonda vesical ou se paciente não sondado faz-se estímulo no órgão sexual – apertar a glande ou tapa no clitóris) e se sentir a contração da musculatura anal teste é positivo. - Se o reflexo bulbo-cavernoso está AUSENTE: paciente ESTÁ em choque medular. - Se o reflexo bulbo-cavernoso estiver PRESENTE: paciente SAIU do choque medular. - Pode executar o teste do reflexo quando o paciente chegar, após 24-48 horas até que tenha certeza que o paciente não sairá do choque medular. O choque neurogênico resulta de uma disfunção autonómica com repercussões vasomotoras e cardíacas; enquanto o choque medular se caracteriza por uma diminuição ou abolição sensorial, motora e refléxica abaixo do nível da lesão. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Espasticidade: dura // Hipersensibilidade: pouco estímulo torna-se doloroso // Flacidez: mole, “perna de pano”. Dermátomos área de inervação cutânea correspondente a um segmento medular. A partir da alteração na sensibilidade dos dermátomos é possível delimitar a lesão. Por exemplo, se um paciente apresenta ausência de sensibilidade abaixo da linha umbilical, a lesão provavelmente se encontra a nível de T10. C4: deltoides. C5: face lateral do braço. C6: face lateral do antebraço e do polegar. C7: dedo médio. C8: dedo mínimo. T1: face medial do antebraço. T4: linha mamilar. T10: linha do umbigo. L1: região inguinal. L2: face medial da coxa. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C L3: face medial do joelho. L4: face medial da perna e maléolo medial. L5: face lateral da perna e do hálux. S1: parte plantar e região lateral do pé. Miótomos são grupos musculares que melhor representam um segmento específico da medula. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Classificação da lesão medular Nível neurológico (NN): Nível mais caudal que tem sensibilidade normal E motricidade normal BILATERAL (lado direito e esquerdo normais). Ex: se C5 é meu nível neurológico, quer dizer que de C5 para cima a sensibilidade e a motricidade estão normais e que a lesão medular está próxima a C5. Nível motor (NM): Nível mais caudal em que eu tenho apenas motricidade normal bilateralmente. Nível sensitivo (NS): Nível mais caudal em que tenho apenas a sensibilidade normal bilateralmente. A avaliação clínica dos pacientes determina o nível de lesão neurológica, que é considerado o segmento mais caudal da medula espinal que apresenta as funções sensitivas e motoras normais de ambos os lados. Quando o termo nível sensitivo é utilizado, ele se refere ao nível mais caudal da medula espinal que apresenta sensibilidade normal, podendo, do mesmo modo, ser definido o nível motor. REFLEXOS PATOLÓGICOS (quando presentes, SUGEREM lesão medular) 1) Reflexo radial invertido Flexão de punho e dos dedos. 2) Reflexo cutâneo-plantar lateral: sinal de Babinski e Oppenheim Com uma ponta romba, fazer pressão no calcâneo pela face lateral do pé, passando pelas cabeças dos metatarsos (de lateral para medial). O normal seria a flexão dos dedos do pé. O patológico (sinal de babinski) é extensão dos artelhos e do hálux. - O sinal de Babinski é o reflexo plantar anormal que consiste em extensão (movimento para cima) do hálux sob estimulação plantar lateral, começando do calcanhar até a base dos pododáctilos Sinal de Oppenheim: Fricção na crista da tíbia. Resposta patológica é flexão dos artelhos e extensão do hálux. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3) Sinal de Hoffmann Colocar o dedo médio da pessoa em extensão total. Ao flexionar a articulação interfalangiana distal, o polegar e o indicador fazem movimento de pinça. Pode estar presente em pessoa ansiosas, sendo simétrico e bilateral. Classificação da lesão medular: Classificação de Frankel Descreve pacientes paraplégicos A Escala de Frankel serve para classificação clínica do paciente com traumatismo raquimedular, sendo dividida em A, B, C, D ou E. Essa escala classifica o paciente do mais grave possível (A – rotura completa medular) ao paciente menos grave (E – Normal) de acordo com os critérios clínicos de função motora e sensitiva observados. A: ausente (tanto força quanto sensibilidade); sem capacidade de deambulação. B: sem capacidade de deambulação. C: Contração que não vence a gravidade; sem capacidade de deambulação. D: Tem a possibilidade de andar, pois tem força para vencer a gravidade. E: excelente (tudo preservado); paciente anda. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Síndromes medulares As lesões medulares implicam em síndromes específicas a depender da topografia de acometimento: - Região anterior da medula: motricidade trauma anterior: muito provavelmente maior comprometimento motor do que sensitivo. - Região posterior da medula: sensibilidade. - Região central da medula: MMSS. - Região mais periférica da medula: MMII. a) Síndrome medular central Típico em idosos com estenose de canal ou osteoartrose avançada. A síndrome da medula central ocorre principalmente na região cervical e apresenta comprometimento dos membros superiores (paralisia flácida) mais acentuado que dos membros inferiores (paralisia espástica). Bom prognóstico. Incompleta: preserva a região perineal Completa: não preserva a região perineal VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C b) Síndrome medular anterior Há perda de sensibilidade térmicae dolorosa e paralisia abaixo do nível da lesão, com diminuição da sensibilidade tátil, vibratória e da propriocepção. c) Síndrome medular posterior Rara. A função motora e a sensibilidade a dor e a tato estão preservadas, enquanto a sensibilidade vibratória e a propriocepção estão alteradas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C d) Síndrome de Brown-Sequard Lesão de metade da medula. Deficiência de motricidade e de propriocepção do mesmo lado da lesão. Deficiência de dor e temperatura do outro lado da lesão. Ou seja: a hemissecção da medula ocasiona perda das funções motora e proprioceptiva do lado da lesão e perda da sensibilidade a dor e a temperatura do lado oposto. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tratamento: O tratamento de traumatismos raquimedulares deve ser instituído no momento do atendimento inicial, ainda fora do ambiente hospitalar, durante o resgate e o transporte do paciente, com o objetivo de evitar lesões adicionais ou a ampliação das lesões já existentes. A imobilização da coluna cervical deve ser realizada em todos os indivíduos politraumatizados e retirada somente após a confirmação da ausência de lesão. Cuidados especiais devem ser tomados durante o transporte dos pacientes e a retirada de capacetes de ciclistas ou motociclistas vítimas de acidente Suporte Clínico: - Monitorização. - Correção da anemia. - Manter PA sistólica > 90 mmHg. - Manter saturação O2 a 100%. Suporte cirúrgico: descompressão e estabilização. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Caso clínico 2 APÓS 24 HORAS O PACIENTE APRESENTA MELHORA PARCIAL DOS SINTOMAS. APRESENTA SENSIBILIDADE PRESERVADA ACIMA DA LINHA UMBILICAL E APRESENTA AUSÊNCIA COMPLETA DE SENSIBILIDADE E MOTRICIDADE ABAIXO DESSA LINHA, EXCETO REGIÃO PERINEAL. 1) O QUE É ESPERADO ENCONTRAR NO EXAME NEUROLÓGICO DOS MEMBROS SUPERIORES? Preservado. 2) O QUE SE PODE ENCONTRAR NOS REFLEXOS DESSE PACIENTE, NOS MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES RESPECTIVAMENTE? MMSS nada. Em MMII pode haver reflexo patológico e Hiperreflexia. 3) ONDE PROVAVELMENTE SE ENCONTRA A LESÃO? Provavelmente em T10. 4) QUE TIPO DE LESÃO É ESSA? Incompleta 5) COMO CLASSIFICAR A FUNÇÃO DESSE PACIENTE? Escala de Frankel.