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SISTEMAS ELÉTRICOS (FUNDAMENTOS, MATERIAIS E PROTEÇÃO) W BA 07 56 _v 1. 1 22 © 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Rogério Bragato Cuenca Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sanches, Heverton Bacca S211s Sistemas elétricos (fundamentos, materiais e proteção)/ Heverton Bacca Sanches, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 127 p. ISBN 978-85-522-1531-8 1. Instalações elétricas. 2. Automação. I. Sanches, Heverton Bacca. Título. CDD 620 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ 3 3 SISTEMAS ELÉTRICOS (FUNDAMENTOS, MATERIAIS E PROTEÇÃO) SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 Instalações elétricas industriais 5 Proteção de sistemas elétricos 22 Dispositivos de proteção 39 Relés nos sistemas de potência 56 Esquemas de proteção e diagramas elétricos 72 Desempenho das instalações elétricas e suas proteções 92 Automação e controle em sistemas elétricos 108 44 Apresentação da disciplina Em um mundo cada vez mais dependente de energia elétrica, conhecer os fundamentos dos sistemas elétricos ajuda a fazer o melhor uso dos seus equipamentos ou componentes e, melhor do que isso, garantir a disponibilidade de energia elétrica aos consumidores industriais, residenciais, comerciais e outros. Conhecer os componentes das instalações elétricas, como materiais, acessórios, dispositivos, instrumentos, equipamentos (de geração, conversão, transformação, transmissão, armazenamento, distribuição ou utilização de eletricidade), máquinas, conjuntos ou mesmo segmentos ou partes da instalação, como linhas elétricas, ajudará no desenvolvimento de projetos mais eficientes. Entender a natureza das falhas nesses componentes das instalações elétricas permitirá a configuração de um projeto de proteção mais adequado às características das cargas elétricas. Adotar como referência as normas brasileiras e das concessionárias que fazem o suprimento de energia elétrica é indispensável para a realização de um projeto de instalações elétricas, portanto, as normas mais utilizadas serão a NBR 5.410 – Instalações elétricas de baixa tensão, NBR 14.039 – Instalações elétricas de média tensão de 1 a 36 kV, NBR 5.419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, dentre outras normas internacionais, IEC – International Electrotechnical Commission, que, na falta de normas brasileiras, ajudam na especificação de materiais e equipamentos elétricos. Observando as condições de fornecimento de energia elétrica, as características das cargas e sua distribuição na planta industrial, podemos lançar mão da utilização dos fundamentos dos sistemas elétricos e das normas para determinar a melhor configuração do projeto de instalações elétricas e a busca da qualidade de energia e eficiência energética. 55 5 Instalações elétricas industriais Autor: Heverton Bacca Sanches Objetivos Antes de especificar ou mesmo configurar qualquer equipamento ou componente de um sistema elétrico, é importantíssimo conhecer os seus principais fundamentos: • As condições de fornecimento de energia elétrica; • As características das cargas e sua distribuição na planta industrial; • Os principais componentes de instalações elétricas; • Como escolher e configurar os condutores elétricos; • Como se dá a correção do fator de potência. 66 1. O fornecimento de energia elétrica Para um bom projeto elétrico, é importante conhecer os dados relacionados ao suprimento local de energia elétrica e as características funcionais da área industrial, administrativa, comercial ou residencial. Uma planta contendo detalhes sobre a situação da obra no contexto urbano, da arquitetura do prédio, do arranjo das máquinas ou equipamentos e suas cargas, bem como possíveis expansões e melhorias, também ajudam no desenvolvimento do projeto elétrico. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) estabelece de forma atualizada e consolidada as condições gerais de fornecimento de energia elétrica e essas disposições devem ser observadas pelas distribuidoras de energia elétrica e seus consumidores. Composto por uma rede elétrica e o conjunto de instalações e equipamentos elétricos que operam em níveis de alta (superior a 69 kV e inferior a 230 kV), média (superior a 1 kV e inferior a 69 kV) e baixa (igual ou inferior a 1 kV) tensão, o sistema de distribuição é o segmento dedicado ao rebaixamento da tensão proveniente do sistema de transmissão, à conexão de centrais geradoras e ao fornecimento de energia elétrica ao consumidor. O órgão responsável pela regulação dos serviços de distribuição é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) por meio da Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD (ANEEL, 2010). Após conhecer os detalhes do fornecimento de energia elétrica, com a análise do consumo e a demanda de energia elétrica, você encontra a relação entre hábitos e consumo de uma instalação industrial, comercial ou residencial, assim, compreendendo como a energia elétrica é cobrada e como as faturas são calculadas, você terá dados para definição de ações de projetos de sistemas elétricos que visam o uso mais eficiente dessa energia (PROCEL, 2011). 77 7 2. O projeto elétrico O projeto elétrico deve admitir a possibilidade de mudanças na localização das máquinas e dos equipamentos, facilitar a acessibilidade aos dispositivos de segurança e manobra das instalações, mas, principalmente, devem garantir a disponibilidade dos equipamentos, evitando falhas, interrupções ou mesmo defeitos no sistema elétrico. Para evitar interrupções totais ou em partes do circuito elétrico, podemos utilizar redundâncias na alimentação da indústria, do comércio ou da residência. Quanto mais informações da planta industrial, comercial ou residencial, melhor o projeto elétrico e, para isso, conforme vemos na Figura 1, contamos com softwares que nos ajudam no desenvolvimento, na organização e no controle desses projetos. Figura 1 – Informações da planta industrial, comercial ou residencial Fonte: cosmin4000/iStock.com. A concessionária local é responsável pelo fornecimento de energia elétrica com garantia de suprimento satisfatório de carga, tensão nominal do sistema elétrico, tipo de suprimento, restrições do sistema quanto a sua capacidade de fornecimento e potência, capacidade de curto-circuito e impedância equivalente na conexão do sistema. 88 A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL, 2019), por exemplo, é a concessionária do serviço público de energia elétrica que atua principalmente na distribuição para 234 municípios do interior do estado de São Paulo, atendendo mais de 4 milhões de consumidores. Ela possui um conjunto de normas técnicas que esclarece os requisitos para conexão de cargas,fornecimento de tensão secundária, construção e projeto de redes, projeto de iluminação pública, etc. Nos sites das concessionárias de energia elétrica, podemos encontrar uma série de orientações técnicas, como especificações, normas, padrões técnicos e documentos padrões. No site da Aneel encontramos o registro e link de acesso para cada uma das concessionárias espalhadas pelo Brasil. A adoção das normas garante segurança e durabilidade das instalações elétricas. As normas mais utilizadas nos projetos de instalações elétricas industriais são: • NBR 5.410 – Instalações elétricas de baixa tensão; • NBR 14.039 – Instalações elétricas de média tensão de 1 a 36 kV; • NBR 5.419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Além das normas técnicas brasileiras, o projetista deve conhecer as normas técnicas internacionais IEC (International Electrotechnical Commission), principalmente quanto às especificações de cabos, transformadores de potência e medida, painéis elétricos, conectores, dentre outros componentes ou dispositivos elétricos. A NR 10 (BRASIL, 2016) estabelece requisitos e condições mínimas para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Essa norma 99 9 trata, em seu item 10.3, da segurança em projetos e orienta sobre a obrigatoriedade de dispositivo de desligamento de circuitos, seccionamento de ação simultânea, identificação, aterramento, etc. O site do Ministério do Trabalho apresenta a norma NR 10 e muitas outras na íntegra, como, por exemplo a NR 12 (BRASIL, 2018), que trata da segurança de máquinas e equipamentos. 3. Características das cargas Conhecer a tensão, corrente, potência e frequência nominal das cargas, assim como número de fases, ligações possíveis, regime de funcionamento, fator de severidade, é importante para o desenvolvimento do projeto elétrico. Essas informações podem ser obtidas no manual de especificações dos equipamentos. As concessionárias de distribuição de energia elétrica tratam o Forno a Arco, por exemplo, como uma carga elétrica especial, estabelecendo um modelo de cálculo para esse tipo de carga a fim de quantificar o padrão de variação de tensão causado pelo seu acionamento e assegurar a manutenção do fornecimento de energia elétrica. Uma das cargas mais comuns no meio industrial são os motores elétricos, como podemos ver na Figura 2. Os motores elétricos são responsáveis por quase 70% de toda a energia elétrica consumida na indústria (ELETROBRAS, 2005), por isso, vale a pena conhecer e controlar essa carga adequadamente, muitas vezes utilizando dispositivos de partida, parada e controle de velocidade, como Soft-Starts (equipamento utilizado para partida e parada) e inversores de frequência, não só para partida e parada como controle de velocidade. Um motor configurado de acordo com a sua carga de utilização real, com proteções e dispositivos de acionamento adequado, levam a um uso mais eficiente da energia elétrica, além de prolongar sua vida útil. 1010 Figura 2 – Motores elétricos em uma planta industrial Fonte: parys/iStock.com. Algumas cargas, como máquinas de soldas, fornos de indução, máquinas acionadas por sistemas computadorizados, entre outras, requerem um estudo particular do projetista de sistemas elétricos, sempre considerando a utilização das normas e especificações técnicas da concessionária de distribuição de energia, conforme você viu no capítulo anterior. ASSIMILE As cargas elétricas devem ser divididas em blocos ou setor de carga, que normalmente correspondem a um quadro de distribuição com terminal com alimentação, comando e proteção individualizados. Lembramos que esses quadros e seus componentes, segundo a NR10, devem ser devidamente identificados para garantir a segurança de quem utiliza essas instalações. 1111 11 4. Componentes das instalações elétricas A NBR 5.410 (ABNT, 2004) define o componente de uma instalação elétrica como materiais, acessórios, dispositivos, instrumentos, equipamentos (de geração, conversão, transformação, transmissão, armazenamento, distribuição ou utilização de eletricidade), máquinas, conjuntos ou mesmo segmentos ou partes da instalação, como linhas elétricas, por exemplo. Na Figura 3, temos exemplos de bornes, terminais, relés, contatores, fusíveis, disjuntores, controladores, cabos, canaletas e outros componentes de um painel elétrico de comando. Figura 3 – Componentes de instalações elétricas em um painel elétrico Fonte: AndreyPopov/iStock.com. 5. Os condutores elétricos Condutor elétrico é um produto metálico, de seção transversal invariável e de comprimento muito maior do que a maior dimensão transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou transmitir sinais elétricos. Os condutores elétricos mais utilizados são de cobre ou alumínio, podendo ser isolados ou não. Os condutores elétricos são classificados em: 1212 • Fio: condutor maciço rígido composto de uma única via. • Cabo: condutor composto de um conjunto de fios encordoados, isolados ou não entre si. • Barra: condutor rígido de seção transversal retangular. Para o dimensionamento completo e correto de um circuito elétrico, adotamos seis critérios de dimensionamento: • Seção mínima (considerando condutores de cobre, nos circuitos de iluminação, a seção mínima é de 1,5 mm², e para circuitos de força, é de 2,5 mm²); • Capacidade de condução de corrente; • Queda de tensão (4% para ramais de baixa tensão ou circuitos terminais e 7% para substação ou geração própria); • Proteção contra sobrecargas; • Proteção contra curtos-circuitos; • Proteção contra contatos indiretos (aplicável apenas quando se usam dispositivos a sobrecorrente na função de seccionamento automático). A principal razão para a utilização do cobre em sistemas elétricos é sua excelente condutividade elétrica. O cobre apresenta a resistência elétrica mais baixa entre todos os metais não preciosos. A resistividade do alumínio é 65% mais alta que a do cobre e, por consequência, para conduzir a mesma corrente elétrica, um cabo com condutor de cobre utiliza uma seção nominal menor do que a de um cabo de alumínio. Outras razões para a utilização do cobre é sua alta resistência à corrosão e a facilidade e confiabilidade da execução de emendas e terminações. Considerando que os cabos dissipam potência em forma de calor devido à sua resistência, podemos considerar o aumento da seção do condutor para que essas perdas sejam menores e, portanto, além 1313 13 do dimensionamento técnico, podemos adotar o dimensionamento econômico que consta na IEC 60287-3-2 (INTERNATIONAL STANDARD, 2012). Assim a seção econômica de um circuito é aquela que resulta no menor custo total de instalação e operação de um condutor elétrico durante sua vida econômica considerada. A Associação Internacional do Cobre, Copper Alliance, reúne a indústria global de cobre para desenvolver e defender o mercado do cobre e contribuir para as metas de desenvolvimento sustentável da sociedade. A Copper Alliance tem diversas publicações que podem ajudar na tarefa de dimensionamento de circuitos, entre elas Dimensionamento econômico e ambiental de condutores elétricos (COPPER, 2016) e diversas outras publicações, como estudos de caso, artigos técnicos, softwares e outras ferramentas que podem ajudar na tarefa de dimensionamento de circuitos. É importante salientar, também, que aumentar a seção dos condutores elétricos pode contribuir para a redução da emissão de CO2 na atmosfera. Mas devemos observar que o dimensionamento econômico costuma ser interessante para circuitos com cargas relativamente elevadas e que funcionam por longos períodos durante o dia, como, por exemplo, grandes motores elétricos, torres de resfriamento, sistemas de ar-condicionado, etc. Para combinar os custos iniciais de compra e instalação com os custos de perdas de energia que surgem durante a vida econômica de um condutorelétrico, é necessário expressá-los em valores econômicos comparáveis, que são os valores que se referem ao mesmo ponto no tempo. 6. Correção do fator de potência A legislação brasileira permite às concessionárias calcular as faturas em função do consumo (kWh), da demanda (kW), do fator de potência e diferentes tipos de tarifa que dependem do perfil do consumidor, 1414 conforme exemplificado na Tabela 1. Essa mesma legislação diz que o fator de potência deverá ter o limite mínimo de 0,92, caso ocorram valores menores, o consumidor será penalizado. Para medição do fator de potência, adota-se um intervalo de tempo (15 min ou 1h, por exemplo) para realização da medição. O menor valor será considerado para a cobrança do excedente de reativo na fatura no mês. Tabela 1 – Perfis de consumidores de energia elétrica Grupo A – Alta tensão Grupo B – Baixa tensão A-1 – 230 kV ou mais B-1 – Residencial A-2 – 88 a 138 kV B-1 – Residencial baixa renda A-3 – 69 kV B-2 – Rural A-3a – 30 a 44 kV B-3 – Não residencial nem rural A-4 – 2,3 a 13,8 kV B-4 – Iluminação pública A.S. – 2,3 a 13,8 KV (subterrâneo) Fonte: elaborado pelo autor. A resolução normativa de número 414 (ANEEL, 2010) estabelece as condições gerais de fornecimento de energia elétrica de forma atualizada e consolidada. Nessa resolução, os termos e características consideradas pela Aneel para a regulamentação do fornecimento de energia elétrica, inclusive as questões relacionadas com o fator de potência, são descritas detalhadamente. As principais causas para o baixo fator de potência são: • Transformadores operando “em vazio”; • Motores superdimensionados; • Grande número de motores; • Utilização de reatores para lâmpadas de descarga com baixo fator de potência; 1515 15 • Fornos de indução eletromagnética; • Máquina de solda a transformador. As principais consequências de um baixo fator de potência: • Consumo excedente na conta de energia elétrica; • Aumento das perdas elétricas nos condutores pelo efeito Joule; • Necessidade de aumento do diâmetro dos condutores; • Queda e flutuação de tensão; • Sobrecarga dos equipamentos de manobra; • Limitação da capacidade dos transformadores de alimentação. Vale a pena lembrar que potência é o trabalho realizado em um determinado tempo e é expressa na unidade de potência que é o watt, símbolo W. Uma potência de 500 W significa que foi realizado um trabalho de 500 Joules em 1 segundo. A energia elétrica é o uso de potência elétrica em um determinado intervalo de tempo e sua unidade é o watt-hora, ou seja, Wh. Mas para clientes industriais, temos que considerar a potência aparente, a ativa e a reativa, conforme mostrado na Figura 4. Figura 4 – Relação das potências Fonte: elaborado pelo autor. A parcela P (potência ativa) quantifica o trabalho útil produzido pelo circuito, ou seja, mecânico nos motores, térmico nos aquecedores e luminoso nas lâmpadas. A parcela Q (potência reativa) representa 1616 quanto da potência aparente foi transformada em campo magnético ou campo elétrico, ou seja, ela não produz trabalho e circula entre a carga e a fonte, ocupando espaço no sistema elétrico que poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa. A parcela S (potência aparente) é a relação das potências ativa e reativa. A Figura 5 demonstra o triângulo das potências e como se dá a correção do fator de potência por meio do uso de capacitores, que são equipamentos capazes de armazenar energia elétrica, assim, ele não devolve à fonte externa a energia reativa consumida, ou seja, a troca de energia reativa não é feita entre a indústria e a fonte geradora, mas entre a indústria e os capacitores. Figura 5 – Correção do fator de potência Fonte: elaborado pelo autor. PARA SABER MAIS A empresa brasileira WEG possui uma ampla linha de capacitores, contatores especiais e fusíveis apropriados para a correção do fator de potência e em conformidade com as normas e os padrões de qualidade nacionais e internacionais. 1717 17 Para entender melhor as técnicas de projeto de bancos capacitores, vale a pena pesquisar essa empresa e a longa lista de catálogos, manuais e softwares que ela oferece em seu site. Exemplo disso é o seu Manual para correção de fator de potência (WEG, 2009). TEORIA EM PRÁTICA As tarifas de energia refletem peculiaridades de cada região, como número de consumidores, quilômetros de rede e tamanho do mercado (quantidade de energia atendida por uma determinada infraestrutura), custo da energia comprada, tributos estaduais e outros. O ideal é que a tarifa seja suficiente para garantir o fornecimento de energia com qualidade e assegure aos prestadores de serviços ganhos suficientes para cobrir custos operacionais eficientes e remuneração dos investimentos necessários para expandir a capacidade e garantir boa qualidade de atendimento. O Ministério de Minas e Energia tem um Plano de Eficiência Energética nos Prédios Públicos e orienta sobre a melhor forma de entender a fatura de energia elétrica e quais as análises que podem ser feitas para usar melhor essa energia e reduzir o custo do cliente consumidor de eletricidade (PROCEL, 2011). Como um profissional conhecedor da configuração das tarifas de energia elétrica e as informações que nela constam, que itens você consideraria para a criação de um relatório de análise do sistema elétrico de um cliente que tem consumido muita energia elétrica e gostaria de contar com um parecer técnico para a busca de mais eficiência energética? 1818 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A conta de energia elétrica de um cliente industrial mediu uma demanda de 500 kW de energia, porém, ele tem utilizado 650 kW nos últimos meses, qual a sua sugestão para reduzir o valor da tarifa? a. Corrigir o fator de potência. b. Evitar o uso de energia elétrica no horário de ponta. c. Ajustar o valor da demanda contratual da conta de energia. d. Evitar o uso de energia elétrica no horário fora de ponta. e. Pedir a revisão da tarifa de sazonalidade. 2. A mesma conta de energia conta ainda com um fator de potência de 0,86, o que você indicaria para esse cliente industrial? a. Ajustar o valor da demanda contratual da conta de energia. b. Corrigir o fator de potência. c. Pedir a revisão da tarifa de sazonalidade. d. Evitar o uso de energia elétrica no horário de ponta. e. Evitar o uso de energia elétrica no horário fora de ponta. 1919 19 3. Com multa por ultrapassar a demanda contratual, fator de potência de 0,86 e eventuais multas devido à inadequação do contrato com a concessionária de energia elétrica, quais ações você sugeriria para essa instalação elétrica industrial? a. Utilização de banco capacitor para correção do fator de potência. b. Instalação de dispositivos de controle de partida nos motores para controle da demanda de pico de energia. c. Análise das cargas dessa instalação industrial para busca de alternativas com consumo menor ou mesmo melhores prática de projeto elétrico. d. Revisão da demanda contratada junto à concessionária de energia elétrica. e. Todas as alternativas são corretas. Referências bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução Normativa N° 414, de 9 de setembro de 2010. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ ren2010414.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410 – Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BRASIL. Portaria MTPS nº 508, de 29 de abril de 2016. NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Disponível em: http://trabalho.gov.br/ images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf. Acesso em: 26 fev. 2019. . Portaria MTPS nº 1.083, de 18 de dezembro de 2018. NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Disponível em: http://trabalho.gov.br/ images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-12.pdf. Acesso em: 1 mar. 2019. 2020 COPPER ALLIANCE. Dimensionamento econômico e ambiental de condutores elétricos. 2016.Disponível em: https://www.procobre.org/pt/wp-content/uploads/ sites/4/2018/03/manual-de-dimensionamento-economico-ambiental-rev.-jan-2016. pdf. Acesso em: 22 fev. 2019. CPFL ENERGIA. Orientações técnicas. Disponível em: https://www.cpfl.com.br/ atendimento-a-consumidores/orientacoes-tecnicas/publicacoes-tecnicas/Paginas/ normas-tecnicas.aspx. Acesso em: 26 fev. 2019. CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. ELETROBRAS. Avaliação do mercado de Eficiência Energética no Brasil. 2005. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/services/procel-info/Simuladores/ DownloadSimulator.asp?DocumentID=%7B2FC65B57%2D33B1%2D47F7%2DAB3A %2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90 04%2D3D59B20BEA4F%7D. Acesso em: 26 fev. 2019. INTERNATIONAL STANDARD. Electric cables – Calculation of the current rating – Part 3: Sections on operating – Section 2: Economic optimization of power cable size. International Eletrotechnical Commission, 2012. MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011 MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – PROCEL. Manual de tarifação de energia elétrica. Agosto/2011. Disponível em: http://www.mme. gov.br/documents/10584/1985241/Manual%20de%20Tarif%20En%20El%20-%20 Procel_EPP%20-%20Agosto-2011.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019. WEG. Manual para correção de fator de potência. Disponível em: https://static. weg.net/medias/downloadcenter/hea/h8b/WEG-correcao-do-fator-de-potencia-958- manual-portugues-br.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta C Como a demanda de energia tem sido maior do que a contratada pela indústria do exemplo, é necessário considerar a revisão da demanda de energia elétrica contratada. Questão 2 – Resposta B O fator de potência tem que ser corrigido pelo uso de bancos capacitores, pois a lei determina um fator de potência acima de 0,92. 2121 21 Questão 3 – Resposta E Essa planta industrial deve ter todo o seu sistema elétrico revisado, ou seja, deve instalar bancos capacitores para corrigir o fator de potência, deve investir em reequipamento de controle de partida dos motores, deve analisar as cargas para melhor aplicação de tecnologias que melhorem a característica de consumo de energia elétrica e deve revisar a tarifa de energia elétrica devido à utilização de uma demanda acima da contratada. 222222 Proteção de sistemas elétricos Autor: Heverton Bacca Sanches Objetivos Para configurar a devida proteção dos sistemas elétricos, é importante conhecer: • Os sistemas de proteção; • Os dispositivos mais comuns no projeto dos sistemas de proteção; • As características de um sistema de aterramento; • Os componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas. 2323 23 1. Os sistemas de proteção A operação de um sistema elétrico está sujeita a falhas em seus componentes que podem levar à descontinuidade no fornecimento de energia às suas cargas. Para evitar a interrupção, você deve conhecer a natureza dessas falhas, ou seja, se elas ocorreram: • Por curto-circuito; • Por sobrecarga; • Por sub e sobretensões. Para garantir a continuidade do fornecimento de energia ou para evitar a desconexão total do sistema elétrico junto ao seu fornecedor, é necessário projetar um sistema de proteção para a sua instalação elétrica. Assim, você deve estabelecer uma estratégia de proteção, selecionar os dispositivos de atuação adequados e calibrá-los para que operem corretamente. Sabendo disso, você percebe que, para cumprir a sua função, o sistema de proteção deve ser capaz de selecionar a parte danificada da rede e retirá-la de serviço sem afertar os circuitos que estão funcionando sem falhas ou anormalidades. O projeto do sistema de proteção deve garantir a exatidão e segurança do sistema, ou seja, uma alta confiabilidade operativa. Para isso, você deve ajustar a sensibilidade para a faixa de operação e não operação dos dispositivos de proteção. 2. O projeto de proteção Para projetar um sistema de proteção, você deve lançar mão de dispositivos que desconectem o circuito afetado pela falha da fonte supridora de energia elétrica. Os principais dispositivos que realizam essa função são os fusíveis, disjuntores e relés. 2424 A detecção dessas falhas ou anomalias pode ser obtida pela observação da elevação das correntes, elevação e redução da tensão, inversão do sentido da corrente, alteração da impedância do sistema e comparação de módulo e ângulo de fase na entrada e na saída do sistema. A proteção do sistema elétrico de baixa tensão deve ser configurada para proteger condutores e equipamentos da instalação industrial, comercial ou residencial normalmente submetidos a sobrecarga, corrente de curto-circuito, sobretensões e subtensões. Assim, os principais dispositivos utilizados são os fusíveis diazed (Figura 6), os fusíveis NH e os disjuntores (Figura 7) e os relés térmicos. Figura 6 – Exemplo de fusível diazed Fonte: phanasitti/iStock.com. Figura 7 – Fusíveis NH e disjuntor termomagnético Fonte: DenBoma/iStock.com. 2525 25 ASSIMILE Uma instalação elétrica está devidamente protegida contra sobrecorrentes quando condutores, chaves e outros dispositivos estiverem com suas capacidades térmica e dinâmica iguais ou superiores aos valores limitados pelos dispositivos de proteção. A proteção contra sobrecorrentes, seja ela uma sobrecarga ou um curto- circuito, ocorre com a utilização de dispositivos fusíveis e disjuntores. Um dispositivo fusível é constituido de base, porta-fusível, indicador e, eventualmente, percussor. O disjuntor opera por meio de disparadores que podem ser térmicos, magnéticos e eletrônicos. A NBR 5.410 (ABNT, 2004) sugere que a seleção do dispositivo de proteção deve satisfazer às seguintes condições: 1 – IB ≤ In 2 – In ≤ IZ 3 – I2 ≤ 1,45 IZ Onde: IB = corrente de projeto do circuito; In = corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de ajuste, para dispositivos ajustáveis); IZ = capacidade de condução de corrente dos condutores; I2 = corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente convencional de fusão, para fusíveis. 2626 Considerando ainda os fusíveis e disjuntores operando em baixa tensão, para proteger contra curto-circuitos, você deve garantir que o dispositivo tenha capacidade de interrupção (Icn) não inferior à corrente de curto- circuito presumida no ponto em que será instalado (Ik), ou seja: Icn ≥ Ik A verificação da coordenação entre condutores e dispositivos de proteção é feita pela integral de Joule. As curvas dessa integral em função da corrente, I².t = f(I), de cabos e dispositivos de proteção são uma ferramenta valiosa no estudo da proteção dos condutores contra sobrecorrentes e da coordenação deletiva entre dispositivos. Para você verificar a seletividade entre dispositivos, você utiliza as características de I².t, assim, como mostrado na Figura 8, se a corrente I for inferior a Is (intersecção das curvas C e A), o disjuntor atuará sem que seja afetado o fusível. Se I for superior a IB (intersecção das curvas C e B), o fusível atuará antes do disjuntor. Para I entre Is e IB, o disjuntor atuará, no entanto, o fusível poderá ser afetado. Figura 8 – Verificação da seletividade entre disjuntor e fusível usando as curvas I².t Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001). 2727 27 Ainda é importante você analisar as sobrecorrentes e os tempos associados à resposta efetiva da proteção, ou seja, devemos considerar os efeitos térmicos desenvolvidos pelas correntes de curto-circuito, que é dado pela equação: Onde: ICS = corrente de curto-circuito que atravessa o dispositivo de proteção; T = tempo de duração da corrente de curto-circuito. Como a norma NBR 5.410 (ABNT, 2004) estabelece que a integral de Joule a qual o dispositivo deve deixar passar não pode ser superior à integralde Joule necessária para aquecer o condutor para que ambos continuem funcionando, temos: Onde: K2 x S2 = integral de Joule para aquecimento do condutor, desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a temperatura de curto-circuito, admitindo aquecimento adiabático; K = 115 para condutores de cobre com isolação de PVC e seção inferior ou igual a 300 mm²; K = 103 para condutores de cobre com isolação de PVC e seção superior a 300 mm²; K = 143 para condutores de cobre com isolação de EPR ou XLPE; S = seção do condutor, em mm². 2828 Portanto, você pode determinar o tempo máximo que um condutor pode suportar a corrente de curto-circuito: Para proteger os usuários de energia elétrica que entram em contato direto ou indireto com partes vivas ou partes metálicas não energizadas em operação normal, utilizamos um dispositivo de proteção à corrente diferencial-residual, mais conhecido como DR. Esse dispositivo pode ser dividido em três partes funcionais: • Transformador toroidal para detecção das correntes de falta fase-terra; • Disparador que transforma uma grandeza elétrica em ação mecânica; • Mecanismo móvel e os respectivos elementos de contato. Existem dois tipos de DR, os mais sensíveis que detectam correntes de falta de até 30 mA e os com sensibilidade de corrente de falta superior a 30 mA. O primeiro assegura a proteção contra contatos diretos e indiretos, já o segundo deve ser empregado somente contra contatos indiretos e contra incêndio. Figura 9 – Detalhe da instalação de um DR em um painel de distribuição elétrica Fonte: suravikin/iStock.com. 2929 29 As instalações industriais contam com uma grande quantidade de motores elétricos e, por suas características peculiares, como a corrente absorvida pelo motor durante a partida, que é superior à de funcionamento normal, e a potência absorvida em funcionamento, que é determinada pela potência mecânica no eixo do motor e que pode resultar em sobrecarga no circuito de alimentação, devemos tratá-los de forma especial quanto à configuração de suas proteções. A NBR 5.410 (ABNT, 2004) trata essas peculiaridades e define dispositivos de proteção para atendê-las. É o caso dos relés térmicos de sobrecarga que trabalham em conjunto com os contatores e os dispositivos de proteção contra curto-circuitos, que normalmente são disjuntores dotados apenas de disparador magnético e fusíveis aM. A Tabela 2 mostra os dispositivos em diferentes configurações de instalação que devem ser utilizados em um circuito terminal de motor. Tabela 2 – Funções e dispositivos num circuito terminal de motor Função Dispositivos 1 2 3 4 Seccionamento Seccionador Seccionador- fusível ou disjuntor apenas magnético Contator com relé termico Disjuntor- motor Disjuntor- contator Proteção contra correntes de curto-circuito Dispositivo fusível Proteção contra correntes de sobrecarga Relé térmico Comando funcional Contator Contator Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001). O projeto de proteção de sistema primário, ou seja, instalação com capacidade igual ou inferior a 300 kVA e superiores a 300 kVA, deve ser realizada por meio de um disjuntor acionado por relés secundários dotados de unidades instantâneas e temporizadas de fase e de neutro. Sendo que, para as instalações com capacidade igual ou inferior, pode ser empregada chave seccionadora e fusível, porém, sendo obrigatória 3030 a utilização de disjuntor como proteção geral do lado da baixa tensão. Nessas aplicações de média e alta tensão, são necessários os relés, dispositivos de proteção com as mais diferentes formas de construção e funções incorporadas para as mais diversas aplicações e que dependem da importância, do porte e da segurança da instalação projetada. Os relés atuam sobre o equipamento responsável pela desconexão do circuito elétrico afetado por uma falha causada por sobrecarga, curto- circuito, sobretensão, subtensão e outros eventos, esse equipamento normalmente é um disjuntor ou um religador. 3. Sistema de aterramento O projeto de um sistema elétrico deve considerar um sistema de aterramento dimensionado adequadamente para satisfazer as condições de segurança de atuação da proteção, a proteção contra descagas atmosféricas, a proteção dos indivíduos contra contato em partes metálicas energizadas e a uniformização do potencial em toda a área do projeto. A NBR 5.419 (ABNT, 2015) sugere que você deve considerar a instalação de três malhas de terra nos projetos industriais, interligadas entre si e com as seguintes partes do sistema elétrico: • Neutro do transformador de potência; • Para-raios instalados nas extremidades do ramal de ligação; • Carcaça metálica dos equipamentos elétricos; • Suportes metálicos; • Estruturas de quadros de distribuição de luz e força; • Estruturas metálicas em geral. Os principais elementos de uma malha de terra são: • Eletrodos de terra, também chamados de eletrodos verticais, normalmente são constituidos de aço galvanizado ou aço cobreado; 3131 31 • Condutor de aterramento de seção não inferior a 16 mm²; • Conexões que são utilizadas para conectar os condutores nas emendas ou derivações, sendo conectores aparafusados ou conexão exotérmica; • Condutor de proteção que é utilizado para a ligação das massas. A resistência de um sistema de aterramento é relativa às conexões existentes entre os eletrodos de terra (hastes e cabos), ao contato entre os eletrodos e a superfície do terreno em torno dos mesmos e ao terreno nas imediações dos eletrodos de terra chama resistência de dispersão. Para medir a resistividade do solo, você deve utilizar um instrumento chamado Megger, dotado de quatro eletrodos, sendo dois terminais de corrente e dois terminais de potencial que são enterrados no solo com uma profundidade de 20 cm e variando a distância em 2, 4, 8, 16 e 32 m, obtendo uma resistividade média, segundo método de medição de Wenner. 4. Proteção contra descargas atmosféricas A NBR 5.410 (ABNT, 2004) menciona que as pessoas, os animais domésticos e os bens devem ser protegidos contra as consequências e os danos decorrentes de uma falha elétrica entre partes vivas do circuito com tensões nominais diferentes e outras causas que possam resultar em sobretensões, como os fenômenos atmosféricos, sobretensões de manobra, entre outros eventos. As decargas atmosféricas são um exemplo de surto de tensão que chega a centenas de kV nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica. É necessário, portanto, instalar na origem da instalação dispositivos adequados de proteção contra sobretensões, do tipo não curto-circuitante, tais como para-raios de resistência não linear de baixa tensão, ou seja, para-raios secundários. 3232 A norma NBR 5.410 (ABNT, 2004) diz que os dispositivos de proteção contra surtos (DPS) têm o objetivo de detectar sobretensões transitórias na rede elétrica e desviar as correntes de surto, sendo instalados conforme o esquema elétrico mostrado na Figura 10. Essas sobretensões transitórias na rede são drenadas para o sistema de aterramento antes que atinjam os equipamentos eletroeletrônicos. Os DPS podem ser de três tipos: • Classe I – Instalados em quadros primários de distribuição para proteção contra descargas atmosféricas. • Classe II – Instalados em quadros secundários de distribuição. • Classe III – Instalados próximos aos equipamentos como linhas de dados e linhas telefônicas. Figura 10 – Exemplo de instalação de dispositivo de proteção contra sobretensões (DPS) em esquemas TN Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001). 3333 33 Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) protegem as edificações e estruturas industriais do contato direto das descargas elétricas provenientes dos fenômenos atmosféricos, e seus principais componentes são: • Terminais aéreos; • Condutores de descida; • Terminais de aterramento; • Condutores de ligação equipotencial. Dependendo da região onde está localizadaa edificação ou estrutura, das suas características físicas, ou seja, se é edifício, torres ou tanques de aço, para se obter o valor do número de descargas atmosféricas a partir de sua densidade, você pode consultar o site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2019). Um conjunto de equações descritas na NBR 5.419 (ABNT, 2015) ajuda a determinar a área de exposição equivalente e adjacente da estrutura retangular ou complexa da estrutura, e a partir da densidade das descargas atmosféricas e das características físicas da edificação ou estrutura, podemos determinar o número de eventos perigosos. Além disso, você pode determinar a probabilidade de danos, ou seja, a probabilidade de a descarga atingir uma estrutura e causar ferimentos a seres vivos, causar danos físicos à estrutura e falhas a sistemas internos. Você pode analisar, ainda, considerando a mesma norma, as perdas de vidas humanas, perdas inaceitáveis em serviço público e patrimônio cultural. Podemos utilizar como elementos condutores para capturar raios e conduzir as correntes de descarga atmosféricas subsistemas de captores naturais, como coberturas metálicas de edificações, mastros, calhas, tubulações e chapas metálicas com dimensões que respeitem as definições da NBR 5.419 (ABNT, 2015). 3434 Se não existem elementos condutores naturais, a NBR 5.419 (ABNT, 2015) determina que você deve considerar a utilização de subsistemas de captação não natural como captores de haste de ponta e captor do tipo Franklin, e subsistemas de descida não natural com condutores de cobre nus, alumínio, aço cobreado IACS 30%, aço galvanizado a quente e aço inoxidável. PARA SABER MAIS O ELAT, Grupo de Eletricidade Atmosfética (INPE, 2019), é um grupo de pesquisas sobre raios e que faz parte do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. No site do ELAT, você encontra pesquisas, artigos, resultados, notícias, relatórios, monitoramento em tempo real e a densidade de descargas atmosféricas para a terra segundo dados publicados na NBR 5.419 (ABNT, 2015). TEORIA EM PRÁTICA Os motores elétricos são a principal carga elétrica nas indústrias, e segundo dados da Abinee, Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, o número de motores em operação no Brasil só deve aumentar (SOUZA et al., 2019). Sabendo que um dos componentes para a proteção de circuitos motores é o relé de proteção de sobrecarga térmica, determine o ajuste desse componente para um motor de 50 cv, 380 V/IV polos, em regime 3535 35 de funcionamento S1 e tempo de partida de 3 s alimentado por um circuito condutor unipolar de cobre, com isolação do tipo PVC de seção de 25 mm², em canaleta fechada embutida. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Quais ações você deve tomar para garantir a continuidade do fornecimento de energia ou para evitar a desconexão total do sistema elétrico junto ao seu sistema fornecedor? a. Projetar um sistema de proteção para a instalação elétrica. b. Estabelecer uma estratégia de proteção. c. Selecionar os dispositivos de atuação adequados. d. Calibrar os dispositivos para que operem corretamente. e. Todas essas ações devem ser tomadas. 2. A proteção do sistema elétrico de baixa tensão deve ser configurada para proteger condutores e equipamentos da instalação industrial, comercial ou residencial normalmente submetidos a sobrecarga, corrente de curto-circuito, sobretensões e subtensões. Quais são os principais dispositivos utilizados nessa proteção? a. Fusíveis diazed e NH, os disjuntores e os relés térmicos. 3636 b. Cabos, conexões e canaletas. c. Contatores, inversores de frequência e transformadores. d. Motores elétricos, resistências e outras cargas. e. Todos são dispositivos usados na proteção do sistema elétrico. 3. Um sistema de aterramento deve satisfazer as condições de segurança de atuação da proteção, a proteção contra descagas atmosféricas, a proteção dos indivíduos contra contato em parte metálicas energizadas e a uniformização do potencial em toda a área do projeto. Qual não é um elemento de uma malha de terra? a. Eletrodos de terra ou eletrodos verticais. b. Condutor de aterramento. c. Conectores aparafusados ou conexão exotérmica. d. Disjuntor termomagnético. e. Condutor de proteção. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. . NBR 5.419: proteção contra descargas atmosféricas: parte 1: princípios gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 3737 37 ELETROBRAS. Avaliação do mercado de Eficiência Energética no Brasil. 2005. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/services/procel-info/Simuladores/ DownloadSimulator.asp?DocumentID=%7B2FC65B57%2D33B1%2D47F7%2DAB3A %2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90 04%2D3D59B20BEA4F%7D. Acesso em: 26 fev. 2019. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE. ELAT – Grupo de Eletricidade Atmosférica. 2019. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/ homepage/. Acesso em: 26 fev. 2019. MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011 MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2011. SOUZA, J. R. A. de; MORENO, H. Guia EM da NBR 5410. Revista Eletricidade Moderna. 1. ed. São Paulo, 2001. SOUZA, R. C.; CALILI, R. F.; VIEIRA, R. S.; TEIXEIRA, R. S. D. Pesquisa mercadológica sobre motores recondicionados. 2019. Disponível em: https://www.procobre.org/ pt/publicacion/pesquisa-mercadologica-sobre-motores-recondicionados/. Acesso em: 18 fev. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta E As principais ações para garantir a continuidade do fornecimento de energia ou para evitar a desconexão total do sistema elétrico junto a sua fonte é projetar um sistema de proteção para a sua instalação elétrica, estabelecer uma estratégia de proteção, selecionar os dispositivos de atuação adequados e calibrá-los para que operem corretamente. Questão 2 – Resposta A Os principais dispositivos utilizados para a proteção do sistema elétrico de baixa tensão para proteger condutores e equipamentos da instalação industrial, comercial ou residencial normalmente submetidos a sobrecarga, corrente de curto- circuito, sobretensões e subtensões são os fusíveis diazed e NH, os disjuntores e os relés térmicos. 3838 Questão 3 – Resposta D Os principais elementos de uma malha de terra são os eletrodos de terra, também chamados de eletrodos verticais, normalmente são constituídos de aço galvanizado ou aço cobreado, o condutor de aterramento de seção não inferior a 16 mm², as conexões que são utilizadas para conectar os condutores nas emendas ou derivações, sendo conectores aparafusados ou conexão exotérmica e o condutor de proteção que é utilizado para a ligação das massas. 3939 39 Dispositivos de proteção Autor: Heverton Bacca Sanches Objetivos Para estabelecer a estratégia de proteção que resulte em uma ótima qualidade da instalação elétrica, você vai estudar mais profundamente: • Como classificar, como configurar e onde empregar os fusíveis; • Os tipos, configurações e tempo de atuação dos religadores; • Uma introdução aos relés de proteção. 4040 1. Os fusíveis O dimensionamento e a especificação dos dispositivos de proteção determinam o resultado do funcionamento correto e ótima qualidade de uma instalação elétrica industrial. Você deve conhecer os requisitos necessários para a devida configuração dos dispositivos mais frequentemente utilizados na proteção das instalações elétricas industriais, como descrevê-los resumidamente e como relacioná-los. O dispositivo fusível é destinado para a proteção dos circuitos elétricos e se funde quando percorrido por uma corrente de valor superior à que foi efetivamenteprojetado. Esse dispositivo normalmente é composto de base, com contatos e terminais, porta-fusível, onde o fusível é acondicionado, indicador que oferece uma indicação visível de que o fusível operou e, em alguns casos, percursor, que é um dispositivo mecânico que aciona outros dispositivos indicadores ou dispositivos responsáveis por algum tipo de intertravamento. Figura 11 – Exemplo de fusível do tipo diazed e suas partes como porta-fusível e indicador Fonte: SangSanit/iStock.com. O dispositivo fusível deve atender às condições de proteção contra as correntes de curto-circuito implementando a segurança de todos os 4141 41 elementos localizados após o seu ponto de instalação, ou seja, a chave seccionadora, o contator, o relé térmico de sobrecarga e a isolação do condutor, por exemplo. Os critérios mais usados para classificação dos fusíveis são: • A tensão de alimentação (alta ou baixa tensão); • As características de interrupção ultrarrápidos (que são empregados na proteção de dispositivos eletrônicos, como inversores de frequência, soft-starters, entre outros) ou retardados. Os dispositivos fusíveis para uso industrial podem ser do tipo gG, indicados para a proteção de circuitos elétricos contra correntes de sobrecarga e correntes de curto-circuito, e gM ou aM, indicados para a proteção contra correntes de curto-circuito, portanto, são recomendados para a proteção de circuitos terminais de motores. Você deve observar dois parâmetros importantíssimos na composição das zonas tempo-corrente, que é a curva de tempo mínimo de fusão-corrente, que fica à esquerda, e a curva de tempo máximo de interrupção-corrente, que fica à direita, conforme pode ser observado na Figura 12. Figura 12 – Zonas tempo-corrrente para fusíveis gG de 4, 10, 20, 32, 63 e 100 A Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001). 4242 A corrente convencional de não fusão Inf é o valor da corrente que o dispositivo fusível pode suportar sem se fundir durante um tempo definido, também conhecido como tempo convencional. A corrente convencional de fusão I2 é a que leva a fusão do dispositivo fusível antes que ocorra o tempo convencional. Os fusíveis “industriais” são contruídos normalmente com contatos cilíndricos e frequentemente chamados de “cartuchos tipo industrial”; existem os fusíveis com contatos tipo faca, também denominados NH e os com contatos aparafusados. Já os fusíveis usados em instalações prediais são tipicamento do tipo cartucho e tipo D, também conhecidos comumente como “diazed”. Os fusíveis gG, gM e aM são limitadores de corrente, sendo assim, na iminência da fusão do dispositivo fusível na faixa de correntes especificadas, esses fusíveis limitam a corrente a um valor substancialmente mais baixo que o valor de crista da corrente presumida, conforme você pode observar na Figura 13. Figura 13 – Limitação de corrente pelo fusível Fonte: adaptado de Mamede Filho (2017). Você deve lembrar que os fusíveis são importantes na proteção dos circuitos elétricos contra correntes de curto-circuito, sendo assim, devem considerar a proteção dos seguintes circuitos elétricos: 4343 43 • Circuitos terminais de motores; • Circuitos de distribuição de motores; • Circuitos de distribuição de apararelhos e cargas mistas; • Circuitos de banco capacitores; • Isolação dos condutores elétricos dos circuitos terminais e de distribuição; • Circuitos com dispositivos de comando e manobra. Para circuitos terminais motores, por exemplo, os fusíveis garantem a interrupção das correntes de curto-circuito nos condutores que os alimentam. Para configurar esses fusíveis, você deve conhecer a corrente de rotor bloqueado ou corrente de partida, Ipm, que é dada pela relação entre a corrente nominal do motor, Inm, e a relação entre a corrente de partida e a corrente nominal, Rcpm, conforme você pode observar na Equação 1: Ipm = Inm × Rcpm Eq. 1 É importante lembrar que corrente de projeto do circuito, Ic, é igual à corrente nominal do motor, Inm, portanto, temos a Equação 2: Inm = Ic Eq. 2 Conhecendo a corrente do circuito, você pode calcular a corrente nominal do fusível, Inf, que será determinada pela relação com o fator de multiplicação para roto bloqueado K, dependente da corrente de partida do motor, assim: Para Ipm ≤ 40 A g K = 0,5 Para 40 A < Ipm ≤ 500 A g K =0,4 Para Ipm > 500 A g K = 0,3 4444 Por fim, chegamos a Equação 3: Inf ≤ Ipm × K Eq. 3 Para os sistemas primários, ou seja, para proteção de subestações industriais de pequeno porte, utilizamos fusíveis primários para interrupção de correntes de curto-circuito. A proteção utilizando fusíveis primários pode ser de dois tipos: • Fusíveis limitadores de corrente; • Elos fusíveis. Enquando os fusíveis limitadores de corrente são usados em pequenas subestações industriais, os elos fusíveis são usados em subestações industriais do tipo aéreo. 2. Religadores Os religadores são dispositivos que interrompem automaticamente a corrente elétrica de acordo com um limite de operações de abertura e fechamento do circuito elétrico na ocorrência de falha. Esses dispositivos são normalmente aplicados nas redes de distribuição aéreas das concessionárias de energia elétrica, uma vez que ajudam a eliminar os defeitos transitórios, ou seja, defeitos que aparecem e desaparecem eventualmente. Diferentemente dos disjuntores que são fornecidos sem transformadores de corrente, circuitos de controle e dispositivos de proteção, os religadores são fornecidos com todos esses elementos integrados, o que os torna uma escolha financeiramente mais interessante. Os religadores para subestação podem ser de três tipos se consideramos o meio extintor do arco: 4545 45 • Religadores a óleo; • Religadores a vácuo; • Religadores a SF6 (hexafluoreto de enxofre). Figura 14 – Religadores em subestação de energia elétrica Fonte: silkwayrain/iStock.com. ASSIMILE Na busca da redução dos custos de investimento na construção de canaletas, instalação de cabos de controle e aquisição de sensores, os religadores substituíram os disjuntores nas subestações para proteção dos alimentadores de distribuição de energia elétrica. Para o devido ajuste dos religadores em subestações, você deve se preocupar com quatro parâmetros básicos: • A corrente de acionamento; • A sequência de operação; 4646 • O tempo de religamento; • O tempo de rearme. As unidades de proteção digital para proteção de fase e terra dos religadores protegem tanto a fase como o neutro com unidades instantâneas ou tempo definido (curvas rápidas) e unidade temporizada (curvas rápidas e lentas). Para o ajuste dos tempos de religamento dos dispositivos religadores, você deve considerar a coordenação seletiva entre os equipamentos de proteção instalados antes e depois dos religadores. O tempo de rearme que ocorre na sequência de operações é definido pela Equação 4: Tre = 1,10 × Tto + 1,15 × Tti Eq. 4 Onde: Tre é o tempo de rearme em segundos; Tto é o tempo total de todas as operações de abertura considerando a corrente mínima de acionamento; Tti é o tempo total dos intervalos de religamento. O religador trabalha em conjunto com o elo fusível, porém, na primeira e segunda tentativas, o religador deve operar na expectativa que a falha seja temporária, ou seja, que um objeto que ocasiona a falha na rede elétrica seja removido naturalmente. Já a operação na terceira e quarta tentativas aciona o elo fusível quando as condições térmicas relacionadas às correntes de curto-circuito ocorrem. Na Figura 15, você pode observar que o ponto máximo de coordenação entre o religador e o elo fusível é definido pela intersecão da curva rápida do religador deslocada pelo fator K, e a curva de tempo mínimo de fusão do elo fusível que é definida no limiar da faixa superior de coordenação. 4747 47 Esse fator K determina o número de operações rápidas do religador com seus tempos de religamento, corrigindo, ainda, o tempo de operação do elo fusívelnessas operações devido ao seu efetivo aquecimento. Figura 15 – Coordenação entre o religador de subestação e elo fusível com fator K Fonte: MAMEDE FILHO, 2011. Quando você não conhece o valor do fator K, a faixa de coordenação deve ser obtida conforme as interseções das curvas da Figura 15, porém, considerando o limite inferior da faixa como o tempo mínimo de atuação do religador. 4848 Um exemplo de aplicação de religadores de subestação é com a utilização em conjunto com seccionadores e elos fusíveis. Para a coordenação desses dispositivos, o seccionador deve ser instalado após o religador e antes da chave fusível. A chave fusível deve ser instalada após o seccionador. E por fim, o religador pode ser ajustado para atuar em uma operação rápida e três temporizadas. Existem ainda os religadores de distribuição que são aplicados na proteção das redes de distribuição rurais e raramente nas redes de distribuição urbana. A aplicação desses religadores também é feita para a interrupção de correntes de defeito em redes aéreas, sempre após cumprir um ciclo de religamento devidamente configurado. Figura 16 – Exemplo de um religador em uma rede de distribuição de energia elétrica Fonte: adaptada de chrissmith/iStock.com. 3. Relés de proteção De acordo com a norma NBR 14.039, deve existir um dispositivo situado entre o ponto de entrega de energia e a origem da instalação para a proteção geral de uma instalação de média tensão. 4949 49 Essa proteção deve ser realizada por meio de disjuntores acionados por relés secundários dotados de unidades instantâneas e temporizadas de fase e de neutro, principalmente em instalações com capacidade superior a 300 kVA. Essa mesma norma, NBR 14.039, determina a não utilização de relés de ação direta na proteção geral da subestação, portanto, é importante que esses relés sejam substituídos por relés digitais para que você obtenha uma melhor qualidade na instalação. No entanto, esses relés podem ser usados na proteção dos sistemas internos à unidade consumidora. Esses relés de proteção contra sobrecorrente também são usados na proteção de circuitos terminais, onde são necessários tempos de operação inversamente proporcionais às correntes que circulam no circuito elétrico, como, por exemplo, motores, geradores, reatores e capacitores. A atuação dos relés primários ocorre por meio de varetas isolantes sobre o disjuntor de forma mecânica. Já os relés secundários fecham um contato interno para acionar os disjuntores, inserindo, assim, uma fonte externa de corrente contínua oriunda de baterias, por exemplo, na bobina de abertura desse disjuntor. Apesar de serem de uma tecnologia obsoleta e não serem mais fabricados, ainda encontramos os relés primários de ação direta em instalações industriais, por isso é importante estudá-los. Os relés primários de ação direta mais utilizados são: • Os relés fluidodinâmicos; • Os relés de sobrecorrente estáticos ou eletrônicos. Os relés fluidodinâmicos, dispositivos robustos e de baixo custo, são constituídos de uma bobina formada por grossas espirais de condutores de cobre por onde passa a corrente do circuito primário. Na parte inferior desses relés, existe um recipiente contendo fluido que provoca a sua temporização de atuação. 5050 A corrente de regulação dos relés fluidodinâmicos é ajustada pela Equação 5: Ia = (1,3 a 1,5) × Itr (A) Eq. 5 Onde: Ia é a corrente de regulação dos relés em amperes (A); Itr é a soma das correntes nominais primárias dos transformadores da subestação em amperes (A). Os relés de sobrecorrente estáticos são montados em caixa metálica blindada para impedir a interferência de campos magnetivos provenientes dos condutores de alta tensão. Figura 17 – Exemplo de um relé trifásico de sobrecorrente modelo CAG 39 da G.E.C. da Inglaterra Fonte: Marco Rosario Venturini Autieri/iStock.com. Esses relés de sobrecorrente estáticos são constituídos de transformadores de corrente, circuitos eletrônicos responsáveis pela lógica de atuação do relé e dispositivo de saída mecânico que atua de acordo com o sinal elétrico enviado pelo circuito eletrônico. 5151 51 ASSIMILE Os relés de sobrecorrente estáticos possuem unidades de atuação instantânea e temporizada, assim protegem contra curto-circuito de tempo definido ou de tempo independente da corrente. Quando a corrente supera o valor ajustado, um contator de tempo de retardo é acionado para desligar o sistema elétrico; se a corrente retornar ao valor ajustado antes desse tempo de retardo, o relé retorna ao estado de repouso, ficando preparado para uma eventual falha. Os relés secundários de sobrecorrente digitais, além de proteger o sistema elétrico, armazenam informações capazes de interligar um computador programado para receber essas informações, processá-las e emitir ordem baseadas nelas. Esses relés são dotados de proteção de sobrecorrente de fase e de neutro, proteção contra falha do disjuntor, registro dos últimos eventos, curvas de tempo de operação, ajuste e reajuste de parâmetros e comunicação serial por fibra ótica ou cabo para troca de informações com o computador. PARA SABER MAIS A empresa Siemens apresenta em seu site uma variedade de artigos técnicos a respeito da proteção, controle e automação de subestações. No artigo “Proteção, controle e automação de subestações com o uso da norma IEC61850” (MAGALHÃES et. al., 2015) são apresentados os principais conceitos da norma, visando a melhor performance e confiabilidade do sistema elétrico. 5252 TEORIA EM PRÁTICA Como medida de proteção, você deve adotar dispositivos que garantam a interrupção das correntes de curto-circuito nos condutores que alimentam os circuitos terminais de motores. Sabendo que um motor de 50 cv, 380 V/IV polos, em regime de funcionamento S1 com corrente nominal de 68,8 A deve proteger o circuito terminal de uma eventual sobrecarga devido à possibilidade de ter seu rotor bloqueado. Determine a corrente nominal dos fusíveis que devem ser aplicados nessa proteção. VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. O dispositivo fusível é um dos elementos mais tradicionais das instalações elétricas. Apesar de sua utilização ser comum nos circuitos elétricos, qual é o principal motivo para a sua aplicação nos sistemas elétricos? a. O dispositivo fusível deve atender aos requisitos de proteção contra as correntes de curto-circuito, oferecendo segurança a todos os elementos localizados a montante do seu ponto de instalação. b. O dispositivo fusível deve atender aos requisitos de proteção contra as correntes de curto-circuito, oferecendo segurança a todos os elementos localizados a jusante do seu ponto de instalação. c. O dispositivo fusível não é mais utilizado após a invenção dos disjuntores termomagnéticos. 5353 53 d. O dispositivo fusível tem o objetivo de proteger somente os condutores de uma instalação elétrica. e. O dispositivo fusível só é usado para proteger linhas da distribuição de energia elétrica. 2. Os religadores são equipamentos automáticos de interrupção da corrente elétrica com limite de operações de abertura e fechamento do circuito elétrico na ocorrência de falha. Consideramos o meio extintor do arco, temos três tipos de religadores para subestação, quais são eles? a. Religadores a óleo, a vácuo e a SF6 (hexafluoreto de enxofre). b. Religadores a óleo, a seco e a SF6 (hexafluoreto de cloro). c. Religadores a relé, digitais e fluidodinâmicos. d. Religadores de carga, de motor e seccionadores. e. Religadores de linha, de subestação e secundários. 3. Qual a principal diferença entre os relés de sobrecorrente estáticos e os relés secundários de sobrecorrente digitais? a. Não existe diferença entre os relés secundários de sobrecorrente digitais e os relés de sobrecorrente estáticos. b. Os relés de sobrecorrente estáticos não permitem ajustar os parâmetros de proteção contra sobrecorrentes. 5454 c. Os relés secundários de sobrecorrentes digitais nãopermitem o ajuste de parâmetros de proteção contra sobrecorrentes, pois já vêm configurados de fábrica. d. Apesar dos relés secundários estáticos contarem com comunicação com um computador, eles não contam com capacidade de armazenar, processar e emitir ordens para atuação no sistema elétrico. e. Os relés secundários de sobrecorrente digitais, além de protegerem o sistema elétrico como os relés de sobrecorrente estáticos, armazenam informações capazes de interligar um computador programado para receber essas informações, processá-las e emitir ordem baseada nelas. Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. . NBR 5.419: proteção contra descargas atmosféricas: parte 1: princípios gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. ELETROBRAS. Avaliação do mercado de Eficiência Energética no Brasil. 2005. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/services/procel-info/Simuladores/ DownloadSimulator.asp?DocumentID=%7B2FC65B57%2D33B1%2D47F7%2DAB3A %2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90 04%2D3D59B20BEA4F%7D. Acesso em: 26 fev. 2019. MAGALHÃES, F. L. S.; SILVA, B. A. C.; NAZARETH, P. R. P. Proteção, controle e automação de subestação com uso da norma IEC61850. Revista Acadêmica Multidisciplinar – MULTICES, Minas Gerais, CES-CL, ano 3, n. 3, 2015. MAMEDE FILHO J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 5555 55 MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011. SOUZA, J. R. A. de; MORENO, H. Guia EM da NBR 5410. Revista Eletricidade Moderna. 1. ed. São Paulo, 2001. SOUZA, R. C.; CALILI, R. F.; VIEIRA, R. S.; TEIXEIRA, R. S. D. Pesquisa mercadológica sobre motores recondicionados. 2019. Disponível em: https://www.procobre.org/ pt/publicacion/pesquisa-mercadologica-sobre-motores-recondicionados/. Acesso em: 18 fev. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta B O dispositivo fusível deve atender aos requisitos de proteção contra as correntes de curto-circuito, oferecendo segurança a todos os elementos localizados a jusante do seu ponto de instalação, ou seja, a chave seccionadora, o contator, o relé térmico de sobrecarga e a isolação do condutor. Questão 2 – Resposta A Os três tipos de religadores, se consideramos o meio extintor do arco, são os religadores a óleo, a vácuo e a SF6 (hexafluoreto de enxofre). Questão 3 – Resposta E A principal diferença é que os relés secundários de sobrecorrente digitais, além de protegerem o sistema elétrico como os relés de sobrecorrente estáticos, armazenam informações capazes de interligar um computador programado para receber essas informações, processá-las e emitir ordem baseada nelas. 565656 Relés nos sistemas de potência Autor: Heverton Bacca Sanches Objetivos Os relés são muito utilizados para a proteção dos sistemas de potência, por isso, você estudará neste conteúdo: • O uso dos relés na proteção das instalações elétricas de potência; • Os relés secundários digitais; • As curvas de temporização dos relés; • Norma ANSI (American National Standards Institute) aplicadas aos relés; • Fontes de tensão auxiliares para operação dos relés. 5757 57 1. Uso de relés para proteção Os sistemas de controle frequentemente utilizam relés para proteção das instalações elétricas de potência, provendo a separação galvânica entre diferentes circuitos elétricos na ocorrência de falhas como sobrecargas, correntes irregulares e outros problemas que podem surgir nas instalações elétricas. A norma NBR 14.039 (ABNT, 2005) determina que, para subestação com capacidade superior a 300kVA, a proteção geral deve ocorrer por meio de disjuntor acionado por relés secundários, exclusivamente. O objetivo fundamental da proteção do sistema é fornecer o isolamento do circuito elétrico submetido a uma falha, evitando que o restante do sistema elétrico seja impactado. No entanto, para evitar a indisponibilidade do sistema elétrico, mais do que proteger, é importantíssimo ter o máximo de informações do sistema elétrico. Conforme você pode ver na Figura 18, colher essas informações no campo ou remotamente ajudará na segurança do sistema elétrico. Figura 18 – Operador do sistema elétrico obtendo informações dos dispositivos Fonte: Shinyfamily/iStock.com. 5858 Os cinco requisitos básicos para a aplicação do relé são: • Confiabilidade: garantia de que a proteção funcionará corretamente. • Seletividade: alta continuidade do serviço com a mínima desconexão do sistema elétrico. • Velocidade de operação: duração mínima da falta e consequente dano do equipamento e instabilidade do sistema. • Simplicidade: mínimo de dispositivos ou circuitos de proteção para atingir os objetivos de proteção. • Economia: proteção máxima a um custo total mínimo. Os relés podem ser classificados pelas grandezas elétricas as quais são sensibilizados, ou seja, as grandezas elétricas que medem conforme as descrições abaixo: • Relés de tensão que são divididos em relés de sobre e de subtensão; • Relés de corrente que são os mais empregados nos sistemas elétricos na proteção de sobrecargas e curto-circuitos; • Relés de frequência que desligam o disjuntor que operam caso ocorra uma diferença no valor parametrizado pelo operador do sistema elétrico; • Relés direcionais que têm pouco uso em sistemas elétricos de pequeno e médio porte, porém, são obrigatórios em instalações de grande porte cujo abastecimento de energia elétrica ocorre por duas ou mais fontes. Esses relés são sensibilizados pelo fluxo reverso de corrente elétrica no circuito elétrico em que estão instalados. • Relé de impedância, que são utilizados para a proteção das linhas de transmissão de energia elétrica, principalmente pelas concessionárias de energia elétrica. 5959 59 Considerando a disponibilidade e vantagens em relação aos relés eletromecânicos, vale a pena estudar mais a fundo os relés digitais. Esses relés oferecem as mesmas funções dos relés eletromecânicos, no entanto, adicionam novas funções, como maior velocidade de operação, sensibilidade mais apurada aos sinais analógicos de medida, interface mais amigável com o usuário, possibilidade de acesso remoto, armazenamento das informações, entre outras funções. Os relés de proteção são constituídos pelos seguintes elementos: • Unidade de entrada, que recebe as informações das falhas elétricas (transformadores de corrente e potencial); • Unidade de conversão de sinal, que padroniza os sinais da unidade de entrada; • Unidade de medida, que compara os sinais da unidade de conversão com os valores de referência parametrizados; • Fonte de tensão auxiliar que alimenta as unidades de operação do relé de proteção; • Unidade de saída, que é um contato auxiliar acionado por uma bobina ou uma chave eletrônica semicondutora; • Unidade de acionamento, que pode ser um disjuntor ou interruptor. Como você pode ver, os elementos do relé digital buscam fazer a aquisição e avaliação das medidas obtidas no circuito elétrico, pemitindo a oferta de eventos, alarmes e comandos para o sistema de controle. Essas informações, inclusive, podem ser transportadas por uma interface serial, por fibra ótica ou fio metálico, que permite a troca de informação com sistemas de controle centrais. As características técnicas e operacionais mais importantes dos relés digitais são a proteção de sobrecorrente de fase e neutro, proteção contra falha do disjuntor e a proteção de sobrecorrente 6060 instantânea e temporizada. Além dessas funções de proteção, podemos destacar a possibilidade de registro de parâmetros relacionados aos eventos de falhas, possibilidade de ajuste de parâmetros durante a operação do relé. 2. Relés secundários digitais Diferentemente dos relés eletromecânicos que exercem ações unicamente de proteção, osrelés digitais, além disso, são capazes de armazenar informações de forma integrada a um computador com um programa operacional que remete ordens para disjuntores ou chaves de seccionamento do circuito elétrico de forma inteligente. As principais vantagens na utilização de relés digitais são: • Baixo consumo de energia; • Interface de comunicação com outros dispositivos e sistemas computacionais e supervisórios; • Controle remoto de diferentes partes do sistema elétrico; • Diagnóstico de falha devido ao armazenamento de informações de eventos no sistema elétrico; • Ocupa um pequeno espaço físico nas instalações elétricas; • Parametrização em estado de operação; • Ajuste operacional remoto; • Sistemas de autossupervisão altamente confiável. • Possibilidade de definição de senhas de operação para usuários. Mas os relés digitais não deixaram de ter a necessidade de medir os sinais analógicos do sistema elétrico utilizando transformadores de corrente (TCs) e transformadores de potência (TPs) e convertendo esses sinais 6161 61 com a utilização de conversores analógico/digitais (A/D) para o seu devido processamento e ação de manobra. Esses relés são providos de elementos de indicação e operação como mostrado na Figura 19 e descrito a seguir: • Tela alfanumérica que mostra os valores de ajuste, dados de memória e informações do relé; • Teclas de configuração ou parametrização do relé. Figura 19 – Elementos de indicação e operação de relé digital Fonte: Shinyfamily/iStock.com. ASSIMILE As principais funções operacionais dos relés digitais, que podem ser comercializados como dispositivos monofáricos ou trifásicos, atuando na proteção de componentes como transformadores, motores e geradores, são: • Proteção diferencial trifásica, proteção de sobrecorrente de neutro, proteção de tempo definido e proteção de sobrecarga térmica; 6262 • Compensação de tapes para ajuste dos enrolamentos e compensação do grupo de conexão do transformador, que corrige a diferença de corrente entre o primário e secundário dos transformadores; • Restrição por harmônicas, contra saturação dos transformadores de corrente e de corrente de magnetização; • Filtro de sequência zero. 3. Curvas de temporização É importante conhecer as características das curvas de temporização dos relés digitais para promover a devida parametrização das suas aplicações. Essas curvas de tempo em relação à corrente permitem especificar o relé para o esquema de proteção desejado ou de acordo com sua funcionalidade, conforme abaixo: • Relés de tempo curto atuam rapidamente e impedem danos nos equipamentos; • Relés de tempo longo não operam imediatamente na eminência de uma intensa sobrecarga ou sobrecorrente; • Relés de tempo moderadamente inverso atuam de forma constante sobre as sobrecorrentes de valores elevados; • Relés de tempo inverso ou muito inverso operam rapidamente sobre altos valores de corrente de falha. A Figura 20 apresenta as premissas que devem ser analisadas nos relés de acordo com sua temporização, sendo: • Relés de temporização muito inversa atuam em sistemas elétricos com corrente de curto-circuito que depende do ponto onde ocorreu a falha e varia pouco em relação à capacidade da fonte de geração de energia elétrica; 6363 63 • Relés de temporização inversa são aplicados em sistemas elétricos em que a corrente de curto-circuito depende da capacidade da fonte de geração de energia elétrica; • Relés de temporização extremamente inversa são usados em sistemas de distribuição onde ocorrem elevadas correntes transitórias, ou seja, com cargas indutivas pequenas; • Relés de temporização inversa longa atuam em partidas de grandes motores de indução ou sistemas com sobrecarga moderada, eliminando a atuação do disjuntor em sobrecargas elevadas. Figura 20 – Curvas de temporização de acionamento de relés Fonte: MAMEDE FILHO, 2011. 6464 4. Norma ANSI (American National Standards Institute) Nesse instante, considerando os diferentes tipos de relés e os vários fabricantes desse dispositivo, você já deve ter imaginado que existe uma padronização que codifica as diferentes funções dos dispositivos de proteção, comando e sinalização de sistemas elétricos. É a norma ANSI/ IEC 61.850 (IEC, 2013), que padroniza essa codificação internacionalmente para os fabricantes, projetistas e montadores de circuitos elétricos. A ANSI tem acesso imediato aos processos de desenvolvimento de normas ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission). O ANSI participa de quase todo o programa técnico da ISO e da IEC e administra muitos comitês e subgrupos importantes dessas organizações. Figura 21 – Site com informações, história e divisões da ANSI Fonte: ANSI, 2019. De forma padronizada, os relés são caracterizados de acordo com sua função de proteção e ação de acordo com um código numérico. Um relé monofunção de sobrecorrente instantâneo, por exemplo, é codificado pela função de código 27. Já os códigos de função 50 e 51 determinam em um relé multifunção de sobrecorrente, subtensão e sobretensão. 6565 65 Tabela 3 – Exemplo de códigos ANSI e suas denominações de 1 a 20 TABELA ANSI DE PROTEÇÃO N° Denominação 1 Elemento principal 2 Relé de partida/ fechamento temporizado 3 Relé de verificação ou intertravamento 4 Contator principal 5 Dispositivo de desligamento 6 Disjuntor de partida 7 Relé de taxa de variação 8 Dispositivo de desconexão de controle de energia 9 Dispositivo de reversão 10 Chave de sequência unitária 11 Dispositivo multifunção 12 Dispositivo de sobrevelocidade 13 Dispositivo de rotação síncrona 14 Dispositivo de subvelocidade 15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou frequência 16 Reservado para futura aplicação 17 Chave de derivação ou descarga 18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração 19 Contator de transição partida-marcha 20 Válvula operada eletricamente Fonte: ANSI, 2019. Mais alguns exemplos de codificações e suas funções que complementam a tabela ANSI/IEC 61.850 (IEC, 2013) seguem a seguir: • 50N – sobrecorrente instantâneo de neutro; • 51N – sobrecorrente temporizado de neutro (tempo definido ou curvas inversas); • 50G – sobrecorrente instantâneo de terra (comumente chamado 50GS); • 51G – sobrecorrente temporizado de terra (comumente chamado 51GS e com tempo definido ou curvas inversas); 6666 • 50BF – relé de proteção contra falha de disjuntor (também chamado de 50/62 BF); • 51Q – relé de sobrecorrente temporizado de sequência negativa com tempo definido ou curvas inversas; • 51V – relé de sobrecorrente com restrição de tensão; • 51C – relé de sobrecorrente com controle de torque; • 50 AFD – relé de proteção contra arco voltaico; • 59Q – relé de sobretensão de sequência negativa; • 59N – relé de sobretensão residual ou sobretensão de neutro (também chamado de 64G). Você pode encontrar diferentes documentos de fabricantes de dispositivos de proteção e manobra com a lista dos códigos e das funções-padrão ANSI de 1 a 98 e a sua complementação alfanumérica de 21B a 87M. Aqui foram apresentados alguns códigos e funções de exemplo para que você se familiarize com os conceitos. 5. Fontes de tensão auxiliares Para garantir a operação das funções de proteção dos relés, as subestações precisam de duas fontes de tensão, uma em corrente contínua (CC) e outra em corrente alternada (CA). A fonte de tensão auxiliar mais utilizada é a obtida por banco de baterias que garantem o fornecimento de energia para abertura e fechamento das bobinas dos religadores e disjuntores, bem como para sinalizações dos painéis de controle, dos sistemas de medição e comunicação e outras funções dos relés. Podem ser usados, também, grandes capacitores para alimentar a abertura de disjuntores e religadores, porém, somente com essa função. Usam-se, ainda, geradores auxiliares de corrente alternada no caso de necessidade de reparos
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