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1 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. II CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS III SEMINÁRIO NACIONAL DE TERROTÓRIO E GESTÃO DE POLITICAS SOCIAIS II CONGRESSO DE DIREITO À CIDADE E JUSTIÇA AMBIENTAL Eixo 8 - Direito à Cidade e Justiça Ambiental Arquitetura Padronizada em Edifícios Escolares: Notas para um Debate. Andressa Tonzar Roberto 1 Carolina Buzzo Bechelli 2 Resumo: O conceito de arquitetura padronizada resulta em projetos rígidos que desconsideram totalmente o contexto de implantação, resultando em problemas físicos, funcionais e de conforto ambiental. Os edifícios escolares brasileiros desenvolvidos a partir da década de 1960 refletem a prioridade do Estado em implantar o maior número de edifícios escolares com tempo e orçamento reduzido. Analisa-se que essas edificações escolares não comportam requisitos fundamentais de funcionalidade, flexibilidade e integração, necessários à uma arquitetura escolar de qualidade, que deve ser personalisada de acordo com a realidade de seu entorno e da comunidade que a utilizará. O presente artigo tem como premissa investigar a evolução do contexto de padronização da arquitetura escolar no Brasil, além de discutir seus aspectos positivos e negativos e resgatar os conceitos considerados ideais para a concepção de novas propostas formais para a arquitetura voltada ao ensino no Brasil. Palavras-chave: Arquitetura Escolar, Arquitetura Padronizada, Edifícios Escolares, Flexibilização da Arquitetura. Abstract: The concept of standardized architecture results in rigid designs that totally disregard the deployment context, resulting in physical, functional, and environmental comfort issues. The Brazilian school buildings developed since the 1960s reflect the State's priority in implanting the largest number of school buildings with limited time and budget. It is analyzed that these school buildings do not have fundamental requirements of functionality, flexibility and integration, necessary for a quality school architecture, that must be customized according to the reality of its environment and the community that will use it. The present article has as premise to investigate the evolution of the context of standardization of school architecture in Brazil, as well as to discuss its positive and negative aspects and to rescue the concepts considered ideal for the conception of new formal proposals for architecture focused on teaching in Brazil. Key-words: School Architecture, Standard Architecture, School Buildings, Architecture Flexibility. 1Graduanda, discente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Filadélfia, Londrina-PR, Brasil, andressatonzar@gmail.com 2Arquiteta e Urbanista, Mestra em Geografia; docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Filadélfia, Londrina-PR, Brasil, carolbechelli@gmail.com mailto:andressatonzar@gmail.com mailto:carolbechelli@gmail.com 2 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. A ARQUITETURA COMO OBJETO DE CONSUMO A arquitetura objetificada esta associada à produção em massa, onde são concebidos vários exemplares em série nos moldes dos processos de produção industrial. A sociedade contemporânea é consequência dos hábitos consumistas, no qual, tudo é descartável e efêmero (CIDADE, 2006). Entende-se que o Estado, conforme Corrêa (2003), por ser o agente produtor do espaço responsável pela justiça social, pode considerar interessante essa visão de objeto- arquitetônico, pois contribui com a redução do tempo de execução das etapas previstas na materialiação de edifícios, que vão desde o planejamento, contratações, concepção, e construção. A reprodução de projetos padrão dispensa a necessidade de questões burocráticas como, por exemplo, os processos licitatórios para desenvolvimento do projeto de arquitetura. Nesse sentido, Santos (1979) afirma que o modo de produção abrange interesses políticos ou ideologias, pois é influenciado não somente por relações sociais. A indústria se expande à medida que o consumo aumenta, e assim essa lógica se enquadra a teoria da totalidade, onde segundo Santos (1979), a realidade social é resultado de uma série de combinações estudadas e definidas pelo governo, que considera aspectos específicos para alcançar múltiplos objetivos, como o beneficiamento de setores econômicos. Contudo, a padronização dos materiais e técnicas construtivas empregados em edificações públicas, pode ser reflexo desses objetivos, no qual o interesse pela obtenção de lucro é mais relevante que o produto final. Considera-se que a evolução do espaço físico é determinada pelas transformações sociais, econômicas e políticas, e ainda conforme o mesmo autor, admite-se que é um produto, ao mesmo tempo que reflete os anseios dos usuários, da mesma forma que os condiciona. Ainda Santos completa (1979) que os valores culturais da população são suscetíveis a mudanças quando a totalidade se transforma. Esse processo de manipulação de massas passa por constantes transformações que interferem na “realidade concreta”. “A evolução jamais termina. O fato acabado é pura ilusão” (SANTOS, 1979, p.30). “O espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas transformações são determinadas por necessidades sociais econômicas e politicas” (SANTOS, 1979, p.30). Atualmente observa-e a adoção de preocupações referentes as questões ambientais, prevendo edificações com sistemas de reaproveitamento e de eficiência energética. Considerando esse pensamento talvez esteja relacionado ao conceito atual de pensamento arquitetônico, que prioriza o caráter de uma arquitetura perdurável que atribua qualidades ao espaço físico, e se relaciona tanto com seus usuários, quanto com seu contexto de 3 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. implantação, ao invés de apenas reproduzir edificações inflexíveis e de baixo desempenho quando em uso no cotidiano. TENDÊNCIAS À PADRONIZAÇÃO NA EVOLUÇÃO DOS EDIFÍCIOS EDUCACIONAIS BRASILEIROS A capacitação de mão de obra específica surge no Brasil, segundo o Ministério da Educação-MDE (BRASIL, 2009) durante período Colonial (1530-1822) como resultado da necessidade em qualificar trabalhadores para o exercício de ofícios, como por exemplo a fundição. Em consequência são implantados os Centros de Aprendizagem nos arsenais da Marinha do Brasil. Conforme Azevedo (2011), a educação só passa a ser considerada um aspecto essencial da sociedade brasileira, no final do Império (1889), em decorrência do desenvolvimento urbano e industrial no país. As atividades de ensino foram formalizadas então, na Primeira República, momento em que o governo demostra pela primeira vez preocupação em construir edifícios específicos para o ensino técnico, ou seja, escolas profissionalizantes. Nesse contexto, a padronização arquitetônica está ligada a adoção de estilos formais e de tipologias de planta baixa para a concepção das edificações públicas, com o intuito de criar uma unidade estética e funcional entre as mesmas, momento em que atribui-se identidade ao edifício e enfatiza-se o poder do Estado. Segundo Azevedo (2011), os projetos escolares conhecidos como “tipo” foram utilizados na concepção dos grupos escolares do final do século XIX e início do século XX, e são caracterizados por apresentar programas arquitetônicos semelhantes, distribuídos de maneira tipológica, com planta baixa em formato U e apresentam o mesmo estilo arquitetônico (Eclético). No entanto, ao se comparar diversos projetos semelhantes, as fachadas e volumetrias se diferenciam. Nessa fase, o edifício escolar possuía arquitetura monumental e localização privilegiada no espaço do contexto urbano, como salienta Kowaltowski, Labaki e Pina (2001). A volumetriadessas edificações ecléticas, segundo Castro (2012) é caracterizada pela composição tripartida da fachada, sendo possível definir base, corpo e cobertura, pela platibanda que esconde o telhado, a demarcação da entrada principal e o emprego de elementos clássicos decorativos como colunas jônicas e cornijas. Apresentavam escadarias no acesso principal, diferenciando o espaço do nível da rua, pés direitos altos, e grandes aberturas, como descrevem os autores Kowaltowski, Labaki e Pina (2001). Desta forma, Harvey (1989) acrescenta que pode ser compreensível a predisposição na repetição de “modelos” bem sucedidos, considerando a busca por cidades que transmitam uma imagem positiva. Castro (2012) relata que as edificações escolares construídas na 4 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. primeira metade do século XX, são caracterizadas pela adoção da disposição em planta de tipologias de plantas em U,L,T e E. Enfatiza, ainda que simultaneamente a utilização dessas tipologias, ocorre à relação com estilos arquitetônicos como o Eclétismo, o Art-déco, Neocolonial e moderno. Em relação à construção civil nacional, durante o final década de 1950 torna-se mais acessível a utilização de elementos industrializados, segundo Bastos (2010), devido à consolidação do parque industrial brasileiro e da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, que tinha como uma das diretrizes principais a busca pela modernização do país. Segundo Harvey (1989) essa influência está ligada à uma totalidade, pois acontece devido à expansão do mercado mundial, que possibilitou a troca de tecnologias entre países e a diversificação na quantidade de opções de produtos referentes à construção civil. A arquitetura realizada a partir de novas teorias pedagógicas, surge no Brasil entre as décadas de 1950 e 1960 e acontece em conjunto com a aplicação das primeiras medidas que levaram a sua padronização. Assim sendo, foi criado em 1950 segundo Kowaltowski (2011), a Comissão Executiva do Convênio Escolar que adotam ideais do educador Anísio Teixeira referentes à Escola Nova, traduzindo para propostas arquitetônicas essa metodologia de ensino, por uma equipe de arquitetos, sob responsabilidade do arquiteto Hélio Duarte. Assim, a linguagem arquitetônica adotada pela Escola Nova busca a racionalização construtiva, presentes na arquitetura moderna vigente no período. De acordo com Graça (2002) busca-se nesses edifícios a valorização da funcionalidade, emprego de formas simples, volumetria horizontal, espaços generosos e luminosos, jardins incorporados, tamanho proporcional à escala humana e o desenvolvimento de fachadas convidativas sem que estas se destaquem demais na paisagem urbana. A partir da década de 1970, segundo Kowaltowski, Labaki e Pina (2001), com a criação da Companhia de Construções Escolares de São Paulo – CONESP, ocorre o desenvolvimento de uma arquitetura escolar de padronização modular, que contempla programa arquitetônico básico, considera futuras ampliações e especifica aspectos projetuais. Conforme Azevedo (2011), o motivo pelo qual o governo de São Paulo criou a CONESP, foi o de atender a crescente demanda do período por edificações escolares. Para tanto, optou se nesse momento por racionalizar todo processo construtivo dos edifícios, assim como projeto arquitetônico, afim de agilizar e baratear os custos, o que acabou por evidenciar as limitações arquitetônicas desse tipo de edificação. Como resultado do aperfeiçoamento desse sistema padronizado de projeto e construção, foram elaborados manuais específicos para concepção de edificações escolares públicas, 5 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. que são referência para a concepção desse tipo de edificação até a atualidade (AZEVEDO, 2011). Ferreira e Mello (2006) afirmam que os projetos realizados na gestão da CONESP apresentaram arquitetura Brutalista, de caráter inovador e resultaram em uma qualidade arquitetônica superior em relação às escolas modernistas, feitas no período anterior. Destacaram-se nessa fase, edificações projetadas por arquitetos como Villanova Artigas, Carlos Cascaldi, Paulo Mendes da Rocha e João de Gennaro, consideradas de arquitetura Brutalista, por evidenciar a estrutura da edificação. Para Ferreira e Mello (2006) essas edificações são caraterizadas por um volume único, no qual a estrutura e o sistema construtivo ganham destaque, na utilização de grandes vãos, dimensões generosas, lajes marcadas, pórticos geométricos e o emprego de concreto aparente. Os mesmos autores Ferreira e Mello (2006), destacam que o espaço central nas plantas baixas, induzem à conexão entre as diferentes áreas do edifício, promovendo como consequência a convivência e integração entre os usuários. Em 1987 foi criada a Fundação para o Desenvolvimento de Educação – FDE, com o intuito de assumir as atribuições da CONESP e oferecer suporte para o planejamento físico das unidades escolares. Atualmente os prédios escolares são projetados seguindo a padronização determinada pela FDE e apresentam um sistema construtivo racional que busca tão somente a redução de desperdícios e consequentemente de custos. DIRETRIZES DE PROJETO ARQUITETÔNICO ESCOLAR - PADRÃO FDE Segundo Deliberador (2012) desempenho de conforto ambiental é constantemente apontado como um fator negativo na avaliação pós-ocupação de edifícios atuais de escolas públicas padronizadas, por não se considerar nas primeiras fases de projeto, condicionantes locais, ligadas ao contexto físico e climático de implantação do edifício, aspectos de fonte de ruídos, de insolação, ventilação predominante, entre outras questões que interferem no conforto ambiental lumínico, térmico e acústico de qualquer edificação. Com base em estudos de edificações escolares, Kowaltowski, Labaki e Pina (2001) afirmam que o comportamento do usuário no ambiente escolar é proveniente do conforto ambiental, uma vez que esse trata das características do ambiente físico. Bernardi (2005) argumenta que a valorização ou aceitação do edifício pelo usuário se mostra intimamente ligada ao conforto ambiental adequado e a questões de acessibilidade. Para os autores Graça, Kowaltowski e Petreche (2007), a ausência com a preocupação de possibilitar conforto a ambientes destinados ao ensino, interfere diretamente na prática das atividades desenvolvidas, sendo primordial considerar as três áreas do conforto: o 6 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. acústico, térmico e visual, como o objetivo de possibilitar condições que favoreçam o usuário. O conforto acústico se mostra indispensável, de acordo com Graça, Kowaltowski e Petreche (2007), uma vez que, a qualidade sonora interfere diretamente na prática de ensino. Portanto é necessário analisar a interferência dos ruídos externos, a passagem dos sons entre os ambientes e a qualidade acústica de cada ambiente. Em relação ao conforto térmico, Cosenza et al (2004) defende a adoção de pátios internos, desde que previstos em projeto arquitetônico, por corresponderem a espaços que proporcionam humanização dos ambientes e a valorização dos aspectos bioclimáticos, além de contribuirem de forma positiva para o controle da ventilação, iluminação, temperatura, umidade. Para Deliberador (2010) essa solução arquitetônica, estabelece uma relação entre os ambientes internos e externos, valoriza o potencial destes como estimulante para a atividade de ensino, oficinas e aprendizagem. Enfatiza ainda, que a concepção desses espaços livres deve ser tratada de maneira singular, atribuindo características próprias que os diferencie e que proporcionem identidade. A composição de formas, cores e superfícies constituem na arquitetura uma influência para obter-se o conforto visual. Segundo Alvares (2013) esses aspectos influenciam de maneira mais explícita o comportamento dos usuários, sendo possível evitar atosde vandalismo a partir da simples escolha de materiais, considerando que estes possam despertar laços afetivos entre o usuário e o espaço construído. Atualmente, o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação – FNDE disponibiliza assistência técnica e financeira para estados e municípios na a implantação de edificações escolares, e tem com o intuito principal disponibilizar para a população o máximo de vagas no ensino público (BRASIL, 2009). Para tanto, foi adotada a rotina de reprodução de projetos padronizados, que apresentam tipologias construtivas distintas, selecionados para execução a partir de demandas específicas das localidades. O FNDE (BRASIL,2009) salienta que os projetos arquitetônicos escolares padrões atendem às exigências do Ministério da Educação, em que se emprega requisitos mínimos construtivos, onde se aplica critérios de conforto ambiental e acessibilidade conforme o especificado nas normas técnicas brasileiras. O autor Kowaltowski (2011) se opõe a essa metodologia, afirmando que a utilização de normas não é suficiente para projetar edificações que proporcionem um ensino de qualidade, sendo necessário primeiramente priorizar os conceitos pedagógicos e de conforto ambiental. Segundo FNDE (BRASIL, 2009) o projeto arquitetônico padronizado é adaptado ao local de implantação a partir de um relatório técnico do lote e contexto urbano, em que identifica- 7 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. se a disponibilidade da rede de escoamento pluvial, pavimentação pública, rede elétrica, rede de esgoto, ocorrência de ruídos e poluição entre outros aspectos físicos. Esses levantamentos são realizados a partir de uma visita e um inventário fotográfico. Assim, a reprodução de projetos de maneira indiscriminada conduz à materialização de edificações de implantação equivocada e funcionalmente limitadas. Segundo Kowaltowski (2011) o processo de projeto de uma edificação escolar deve começar pelo estudo do local de implantação e pelo reconhecimento do público alvo. Indica ainda, a extrema importância de considerar como diretrizes as características do entorno e da comunidade, não levando em conta apenas a infraestrutura disponível. No entanto, compreende-se a existência de aspectos positivos na cartilha de implantação de projetos padrão. O item quatro do relatório de vistoria do terreno, na página 6, destaca-se por avaliar a situação econômica e social da localidade, considerando as tipologias construtivas e o padrão de qualidade construtiva. Ainda que itens como, análise de disponibilidade de material e mão de obra, são evidenciados como pontos chaves para envolver aspectos locais, por indicarem a aquisição de materiais construtivos nas proximidades da implantação e por empregar a mão de obra local. (BRASIL, 2009). POR UMA ARQUITETURA ESCOLAR FLEXÍVEL Em relação a concepção de edificações escolares, Benarti (2005) considera imprescindível propor soluções capazes de suprir a tendência atual e as previsões futuras, analisar os anseios sociais e assim garantir o uso adequado do espaço por mais tempo. Santos (1979) completa essa idéia, ao afirmar que a sociedade apresenta caráter mutável, onde não existem funções permanentes ou definitivas. O conceito de flexibilidade em edificações escolares, segundo Souza (2012), relaciona-se com a possibilidade de alterações onde se adequa os ambientes a novos usos e prevê-se futuras ampliações. Assim, o projeto arquitetônico deve apresentar ambientes dimensionados considerando múltiplas funções, além de possuir um sistema construtivo que propicie mudanças nas articulações dos ambientes internos. O conceito de flexibilidade arquitetônica é definido, por Brandão e Heineck (2003) como “liberdade de reformular a organização do espaço interno”. Assim, consideram dois tipos de flexibilidade: a de ocupação inicial e a de utilização. Nesse caso, a última deve ser contínua e o espaço deve ter estrutura que permita novas instalações, serviços e equipamentos, de acordo com possíveis futuras necessidades. Lino (2007) acredita que à utilização dos conceitos do movimento moderno, proporcionaram essa flexibilidade, pois a estrutura livre permitiu a substituição das paredes 8 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. internas que não apresentam função estrutural. Para Brandão e Heineck (2003) a qualidade de um projeto esta na flexibilidade dos ambientes, pois possibilita ajustar as aspirações futuras dos usuários. A BUSCA PELO DESENVOLVIMENTO DE UMA IDENTIDADE ESCOLAR Para Deliberador (2011) o espaço físico escolar influencia diretamente o comportamento e as relações dos usuários, uma vez que interfere na sensação de bem estar físico e emocional. Segundo Harvey (1989) os espaços considerados de representatividade, não são concebidos considerando apenas os aspectos compositivos, mas como estes interferem nas práticas espaciais. Bernardi (2005) ainda argumenta que a valorização ou aceitação do edifício pelo usuário se mostra intimamente ligada ao conforto ambiental adequado e a questões de acessibilidade. Nesse sentido a edificação escolar deve ser o resultado da expressão cultural de uma comunidade, para Kowaltowski (2011), por refletir e expressar aspectos que vão além da sua materialidade, ao apresentar uma arquitetura caracterizada por símbolos e reflexos do contexto sócio-cultural. Segundo Bergan et al (2009) é viável estabelecer as premissas dos projetos de edificações escolares a partir do estudo das representações sociais, onde ocorre a interpretação das características sociais de um grupo onde se considera os valores, experiências, atitudes e aspectos culturais do mesmo. Com isso, é possível adequar o espaço e direcionar o projeto para soluções que promovam qualidade de vida. Por fim, o desafio atual encontrado na concepçao e construção de edifícios escolares, para Deliberador (2010) está na apresentação de propostas criativas, que considerem as necessidades atuais e futuras, e sejam ancoradas nas particularidades e exigências de cada caso em específico, onde se evidencie o potencial cultural de cada comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil a consolidação da indústria, na década de 1960, além de proporcionar o acesso rápido às novas tecnologias disseminou o conceito de produção industrial, onde a reprodução em massa significou rapidez e lucro. Esse conceito espelhou a sociedade em muitos aspectos, e na arquitetura, pode ter impulsionado a produção de projetos padrão, tornando-a, primordialmente, um objeto de consumo. Assim considera-se que seja viável investir em projetos desenvolvidos com métodos tradicionais, onde as condicionantes climáticas, físicas e sócias do contexto de inserção, 9 Londrina PR, de 04 a 07 de Julho de 2017. servem como subsídio para a concepção da edificação. Vislumbra-se que o ato de prever o emprego de tecnologias que racionalizem o processo construtivo e ao mesmo tempo apliquem os conceitos pedagógicos e arquitetônicos, tanto quanto a percepção do espaço, memória coletiva, e flexibilidade, deve fazer parte do processo de materialização dos edifícios escolares no Brasil, objeto de estudos futuros. Sugere-se por fim, que a arquitetura escolar no Brasil deve ser pensada como um investimento em longo prazo e uma via de acesso do cidadão ao seu direito à cidade, onde os custos iniciais mais elevados são revertidos em desempenho excelente ao longo da vida útil da edificação, que possivelmente sofrerão poucas intervenções, preservando a integridade funcional e de conforto do conjunto. REFERÊNCIAS ALVARES, S. L; KOWALTOWSKI, D. C. C. K. Programando a arquitetura escolar. IN: ANAIS do XII Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído e VIII Encontro Latino Americano sobre Conforto no Ambiente Construído, Brasília: 2013. AZEVEDO, G. A. N; BASTOS, L. E. G.; BLOWER, H. S. Escolas de ontem, educação hoje: é possívelatualizar usos em projetos padronizados? Periódicos do Caderno do PROARQ 11, Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro: 2007. BASTOS, M. A. J. Brasil: Arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva 2010. BERNARDI,N.; KOWALTOWSKI, D.C.C. K. 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