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Corpo, Gênero e Sexualidade
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Antônio Carlos Vaz
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Cultura e Sexualidade
• Introdução;
• A Cultura Como Processo de Significação;
• As Relações de Poder em Torno das Identidades LGBTT;
• As Relações Entre Escola e Identidades Culturais.
 · Compreender as relações de poder que determinam quais identida-
des são hegemônicas e os processos que as validam;
 · Ser capaz de se posicionar de forma democrática, sinalizando o res-
peito às diferenças;
 · Ser capaz de intervir em seus processos educativos de forma respei-
tosa e estabelecendo uma cultura ética e democrática.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Cultura e Sexualidade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Cultura e Sexualidade
Introdução
Esta Unidade tratará de um assunto extremamente atual para as questões edu-
cacionais. Cada vez mais a questão da sexualidade se torna um assunto relevante 
para a Educação.
Por séculos, nas sociedades ocidentais e nas do oriente próximo, especialmente, 
as de origem cristã e islâmica, as questões da sexualidade se tornaram um tabu. 
Esse tabu, embora tenha sofrido modificações nas últimas décadas, continua a 
alimentar os valores conservadores de uma parte significativa da população brasi-
leira, que se esforça por recriminar, estigmatizar e discriminar as pessoas que não 
se enquadram no padrão heteronormativo.
A heteronormatividade, bem mais do 
que se referir ao desejo e às práticas sexu-
ais, remetendo-se à heterossexualidade, 
compõe-se de prescrições para as pessoas 
em todos os aspectos do viver em Socie-
dade. O sistema heteronormativo presta-se 
a determinar posturas adequadas aos seres 
humanos em diferentes esferas do viver: na 
família, nas escolhas profissionais, na forma 
de sentar, falar, reivindicar, debater e de-
monstrar afeto, entre tantas outras existen-
tes (TATAGIBA, 2018, p. 330).
Heteronormatividade, disponível em: https://goo.gl/YVttNh
Ex
pl
or
Hoje, já se sabe que a homossexualidade não é uma doença e nem uma simples 
escolha. Afinal, quem escolheria ser de um jeito que a Sociedade discrimina?
Você deve conhecer um homem ou mulher que seja homossexual; pergunte a 
ele ou a ela o porquê de ter escolhido esse perfil de sexualidade.
Pergunte a essa pessoa como foi sua vida escolar, se o fato de gostar de pessoas 
do mesmo sexo lhe trouxe algum tipo de problema.
Será que a Escola é um lugar seguro para as pessoas que são diferentes, do ponto de vista 
da sexualidade? Será que um menino gay é bem recebido na Escola? Sente-se protegido em 
seu interior? Seus colegas de classe o respeitam como pessoas?
Ex
pl
or
Agora, passaremos a entender melhor esse fenômeno e seus reflexos na vida 
das pessoas que não se enquadram no perfil dito “normal”, ou, em outras palavras, 
no perfil “heteronormativo”.
8
9
A Cultura Como Processo de Significação
A sexualidade sempre foi um assunto privado, algo que se falava apenas com 
pessoas muito íntimas e de forma reservada. Assim, a sexualidade apresentava 
apenas a dimensão particular, e nunca social (LOURO, 2000).
Guacira Louro (2000) nos deixa algumas questões para refletirmos. Segundo 
ela, viver plenamente a sexualidade era uma prerrogativa apenas da vida adulta, e 
sempre com um parceiro do sexo oposto. 
O que se fazia antes? Havia alguma forma de experimentação? Onde se apren-
dia sobre sexo? O que se sabia?
Mas é evidente que os recortes de classe social, de etnia, de escolaridade, de 
geração, produziram diferenciações nas formas de se compreender e experimentar 
a sexualidade. Cada recorte produz culturas diferentes, em que uma parte valoriza 
certas qualidades nas pessoas, enquanto outra parte pode não dar a menor impor-
tância para aquela característica tão valorizada pela primeira.
Assim, a discussão sobre qualquer característica cultural merece uma compreen-
são do que vem a ser esse processo que cria e modifica aspectos de uma cultura, 
para que se possa entender o jogo político que está contido na valorização ou na 
desvalorização de certas características das pessoas, como, por exemplo, ser hete-
rossexual ou homossexual, gordo ou magro, alto ou baixo.
Em geral, as pessoas consideram a linguagem um reflexo exato das coisas, das 
pessoas. Isso quer dizer que, na visão dessas pessoas, as coisas e, especialmente, 
as pessoas, são como são de maneira definitiva, fixa.
Por vivermos numa Sociedade que usa a linguagem também para diferenciar e, 
por consequência, inferiorizar as pessoas, criou-se um sistema de classificação em 
que parte da população é valorizada por pertencer a um determinado grupo, como 
os brancos, por exemplo, e parte é desvalorizada, como os não brancos.
Para Stuart Hall (1997), a partir da chamada “Virada Linguística”, a linguagem 
passou a ser vista como um elemento fundamental para se questionar a represen-
tação da realidade que circula e que ganha representatividade, caracterizando-a 
como fixa e imutável.
Linguagem
A linguagem passou a ter papel fundamental na compreensão da realidade, pois 
ela não é apenas um agente passivo que descreve o mundo, mas um elemento que 
constitui os fatos, o mundo. Nesse movimento, essa relação entre a linguagem e o 
mundo tem sido radicalmente revista, e a “Virada Linguística” é o movimento que 
passou a questionar a relação entre as palavras usadas para descrever as coisas e as 
próprias coisas, questionando o modo como a linguagem tem sido subordinada aos 
fatos, às coisas e ao mundo (HALL, 1997 apud SÃO PAULO, 2016).
9
UNIDADE Cultura e Sexualidade
Dessa forma, passa a haver uma disputa pelos significados atribuídos, questio-
nando-se as representações tradicionais (HALL, 1997). Admite-se, então, que o 
grupo de pessoas que tem poder para nominar, ou seja, de dar nomes às coisas, 
às pessoas, tem igualmente o poder de classificá-las, exercendo concretamente o 
poder sobre outras pessoas.
Assim, a linguagem se transforma numa significativa ferramenta para a orga-
nização da realidade, ela marca a fronteira entre o “Nós”, tudo de bom, normal, 
desejável, e o “Eles”, estranhos, anormais, indesejáveis. 
Cria-se, aqui, os que gozarão de privilégios e os outros, aquelesque estão em 
desacordo com as normas, dos quais se espera que aceitem passivamente o seu 
lugar, sem privilégios, ao contrário, vendo seu espaço de cidadania diminuído.
Quando pensamos numa Escola que contribua com a formação humana cidadã, 
é preciso enfrentar os problemas que uma pretensa cultura superior coloca para as 
todas as pessoas que não se encaixam dentro do que espera o grupo dominante, 
que pretende decidir o que é certo e o que é errado, o que é aceitável e o que não 
é aceitável para todos.
Uma Escola progressista, emancipatória, deve criar as condições subjetivas e 
objetivas para que seus alunos possam romper com os processos opressivos, e 
descobrir que a linguagem pode ser contestada, que os significados são transitórios, 
podendo ganhar novos sentidos e significados.
Para Du Gay, citado por Hall (1997), a ideia de que as coisas só fa-
zem sentido quando observadas a partir de um quadro de referências, de 
uma classificação, coloca em destaque que as coisas não possuem uma 
existência que independa da realidade social e cultural, e esse fato traz 
consequências profundas para a vida prática. Tudo aquilo que no mundo 
social é tomado como natural, como se possuísse uma essência fixa e, 
portanto, imutável, passa a ser objeto de questionamento, e abre-se, as-
sim, a possibilidade de novas interpretações, de novas representações a 
um mesmo fato, desconstruindo as formas constituídas de classificação ou 
de ordenamento, o que abre espaço, por meio da linguagem, para as res-
significações, para novas elaborações representacionais, com conteúdos 
mais democráticos (SÃO PAULO, 2016, 17-18).
Dessa forma, é importante compreendermos que o significado das coisas não 
é algo imanente, que venha de uma possível essência dessas coisas. Ao contrário, 
todo significado foi atribuído por alguém, por algum grupo, e legitimado por eles 
mesmos para serem estendidos a toda a Sociedade.
Isso significa que determinados termos são impostos e usados como se fossem 
naturais, como se sempre tivessem existido, e como se sempre tivessem sido assim. 
Inclusive, alguns fatos naturais são interpretados por meio da linguagem. 
Uma pessoa magra ou gorda, ou muito magra ou muito gorda, por exemplo, 
recebeu essa denominação de alguém ou de algum grupo que detinha o poder 
para validar essas denominações. Alguém ser magro, gordo e suas variações não 
10
11
existiram desde sempre na vida dos humanos, elas foram criadas a partir de certas 
condições culturais e sociais.
A partir disso, podemos problematizar qualquer nomeação de tipo de pessoas 
presente na Cultura em geral, como homossexual, heterossexual e bissexual, entre 
outras, e na cultura corporal, em especial, como corpo perfeito, habilidoso, craque, 
gordo, magro, capaz, incapaz e estar em forma, entre outros tantos.
Quando se usa o termo problematizar, enfatiza-se que é necessário colocar em 
suspeição algumas verdades com as quais nos deparamos cotidianamente, pois, 
provavelmente, elas não são assim tão verdadeiras. Um bom exercício seria refl e-
tirmos, por exemplo, sobre alguns discursos e práticas que circulam na nossa vida 
cotidianamente e que, se não os problematizarmos, estamos contribuindo para 
reforçá-los (GOELLNER, 2010, p. 77).
A ideia de um corpo perfeito, por exemplo, tão perseguida, não apenas 
pelos jovens, mas todas as gerações, em maior ou menor grau, não se 
esgota em si, ela traz sérias consequências para a vida prática de mulheres 
e homens, que se sentem na obrigação de fazer determinadas coisas, che-
gando, inclusive, a se sacrificar, a fim de fazerem parte do “Nós”, ou seja, 
enquadrar-se nas normas para pertencer ao grupo, para não ficar de fora, 
para não ser um dos “Outros” (SÃO PAULO, 2016, p. 18).
A classificação das pessoas e de suas condutas, por meio da linguagem, diz 
como deve ser os que se semelham e os que se diferem, marcam o que é sagrado 
e o que é profano.
Portanto, cabe sempre refletir, problematizar, sobre os significados que circulam e 
que são legitimados pela sociedade. É preciso, antes de tudo, destacar que nenhuma 
Sociedade é homogênea, com o poder distribuído democraticamente entre todos. 
Ao contrário, há um grupo hegemônico, que dá as cartas, que tem o poder de 
estabelecer os valores, as práticas sociais, que serão tidas como “normais” e, por-
tanto, desejáveis.
Assim, sempre que se tratar de pessoas estigmatizadas, marcadas como inferiores, 
é preciso descobrir o que escondem tais fatos, qual a história dessa marca identitária? 
Nas aulas de Educação Física, por exemplo, os meninos com gestos afeminados 
são claramente desqualificados pelo grupo e inferiorizados socialmente, com refle-
xos na vida social.
Podemos ver, então, que toda e qualquer prática social, ou seja, qualquer ação 
num ambiente de convivência, é mediada por normas que determinam o compor-
tamento de pessoas. E essas normas acabam por produzir efeitos sobre todas as 
pessoas, e aquelas que não se enquadram nesse padrão sofrem.
Sofrem por ser diferentes, sofrem por não conseguirem ser como a “maioria” 
parece ser, sofrem por fazer seus pais sofrerem, sofrem por não poder ser quem 
realmente são.
11
UNIDADE Cultura e Sexualidade
Em uma ação pedagógica progressista, crítica, emancipatória, é de fundamental 
importância que se estabeleça uma prática que leve os estudantes a questionarem 
os significados cristalizados, que foram transformados em essências imutáveis, fixas. 
Para isso é necessário que se desconstruam esses significados apontando para 
os elementos que foram tornados invisíveis na construção cultural desses significa-
dos, mas determinantes para a manutenção das relações de poder e de privilégios.
As Relações de Poder em Torno das 
Identidades LGBTT
Há infinitas formas de se fazer mulher ou homem. Há infinitas possibilidades de 
se desfrutar dos desejos e dos prazeres corporais. Todavia, nem todas as possibili-
dades são igualmente válidas em nossa sociedade. Por serem reguladas, condena-
das ou negadas, parte da população, aquela que não se encaixa no modelo conven-
cional de mulher, de homem, ou mesmo de sexualidade, vê-se obrigada e fingir, a 
disfarçar, a dissimular, para tentar não sofrer nenhum tipo de discriminação.
Desde os anos sessenta, vem crescendo a discussão sobre as identidades de 
gênero e as práticas sexuais. O movimento feminista, os diferentes movimentos 
de gays e de lésbicas, além do apoio de todos aqueles que também se sentiam 
ameaçados, deram grande impulso ao processo de luta pela ressignificação do que 
é ser homem, mulher, gay, lésbica, bissexual, transexual, travesti. Enfim, na luta 
pela dignidade de qualquer grupo social e no reconhecimento de novas identidades 
culturais ligadas à sexualidade:
Se as transformações sociais que construíam novas formas de relaciona-
mento e estilos de vida já se mostravam, nos anos 60, profundas e per-
turbadoras, elas se acelerariam ainda mais nas décadas seguintes, passan-
do a intervir em setores que haviam sido, por muito tempo, considerados 
imutáveis, trans-históricos e universais. As novas tecnologias reprodutivas, 
as possibilidades de transgredir categorias e fronteiras sexuais, as articu-
lações corpo-máquina a cada dia desestabilizam antigas certezas; implo-
dem noções tradicionais de tempo, de espaço, de “realidade”; subvertem 
as formas de gerar, de nascer, de crescer, de amar ou de morrer. Jornais e 
revistas informam, agora, que um jovem casal decidiu congelar o embrião 
que havia gerado, no intuito de adiar o nascimento de seu filho para um 
momento em que disponha de melhores condições para criá-lo; contam 
que mulheres estão dispostas a abrigar o sêmen congelado de um artista 
famoso já morto; revelam a batalha judicial de indivíduos que, submetidos a 
um conjunto complexo de intervenções médicas e psicológicas, reclamam 
uma identidade civil feminina para completar o processo de transexualidade 
que empreenderam. Conectados pela Internet, sujeitos estabelecem rela-
ções amorosas que desprezam dimensões de espaço,de tempo, de gêne-
ro, de sexualidade e estabelecem jogos de identidade múltipla nos quais o 
12
13
anonimato e a troca de identidade são frequentemente utilizados (Kenway, 
1998). Embaladas pela ameaça da AIDS e pelas possibilidades cibernéticas, 
práticas sexuais virtuais substituem ou complementam as práticas face-a-fa-
ce. Por outro lado, adolescentes experimentam, mais cedo, a maternidade 
e a paternidade; uniões afetivas e sexuais estáveis entre sujeitos do mesmo 
sexo se tornam crescentemente visíveis e rotineiras; arranjos familiares se 
multiplicam e se modificam [...](LOURO, 2000, p. 7-8).
Essas transformações afetaram e ainda afetam as formas de viver, pois afetam as 
identidades de gênero e sexuais, que são abaladas em suas convicções cristalizadas.
Tais transformações possibilitam a produção de novas formas de existência para todas 
as pessoas, até mesmo para aqueles que não são afetados diretamente. Esse movi-
mento permite novas perguntas, com novas e desafiantes respostas (LOURO, 2000).
Alguns pontos são fundamentais nesse processo: o primeiro deles se refere à 
compreensão de que a sexualidade é uma questão para além de individual, ela é 
social e política. O segundo se refere ao fato de a sexualidade ser aprendida, ou 
seja, é construída pela própria pessoa ao longo de sua vida, e de suas experiências 
e relações (LOURO, 2000).
Nosso corpo não é apenas um corpo, é também tudo que se relaciona com a 
pessoa, é o seu entorno. Ele não é formado apenas por músculos, ossos, vísceras 
e reflexos, ele também é fonte de expressão, é por meio da gestualidade, da indu-
mentária, como roupas e acessórios, pelas intervenções nele realizadas etc. que as 
pessoas se comunicam, expressam-se. Desse modo, podemos dizer que não são 
as semelhanças biológicas que definem o corpo, mas, certamente, os significados 
atribuídos pela cultura (GOELLNER, 2010).
Assim, quando falamos de corpo, falamos de nós mesmos, ou de pessoas que 
existem concretamente, falamos de nossa subjetividade, daquilo que pensamos e 
daquilo que desejamos ser (GOELLNER, 2010).
Quando falamos de corpo, pela perspectiva cultural, estaremos sempre falando 
de corpos a partir de certos recortes: corpos infantis, jovens, adultos, envelhecidos, 
brancos, não brancos, pobres, femininos, masculinos, obesos, anoréxicos, saudá-
veis, doentes, católicos, evangélicos, umbandistas, homossexuais, heterossexuais, 
com necessidades especiais, atléticos, ou seja, estamos falando de corpos múlti-
plos, ambíguos, inconstantes, circunstanciais e diferentes:
Essas distinções resultam de construções culturais plurais, pois cada cul-
tura elabora corpos desejáveis e/ou corpos não desejáveis. Os desejáveis 
são aqueles que estão adequados às representações que cada cultura elege 
como sendo assim. Na nossa sociedade seriam, por exemplo, os corpos 
magros, saudáveis, malhados, heterossexuais e jovens. Já os corpos in-
desejáveis são inúmeros e, de acordo com o tempo e lugar, multiplicam-
-se em gordos, feios, andróginos, drogados, velhos, deficientes, flácidos, 
inaptos, lentos, gays e tantos outros adjetivos que, ao serem nomeados, 
não expressam apenas uma diferença mas, sobretudo, uma desigualdade 
(GOELLNER, 2010, p. 74-5).
13
UNIDADE Cultura e Sexualidade
Para entendermos do que estamos falando, vamos esclarecer alguns conceitos. 
Por gênero, entende-se o meio pelo qual as pessoas se identificam como masculi-
nas e femininas e, considerando que dentro de cada grupo, feminino e masculino, 
há uma infinidade de possibilidades e não apenas um jeito de sê-lo, diferentemente 
de sexo, que caracteriza as diferenças anatômicas que distinguem as mulheres e os 
homens mutuamente (GOELLNER, 2010).
Portanto, o gênero não está dado ao nascimento, mas será construído social e 
culturalmente, e envolve uma série de experiências de vida que vai marcando seu 
corpo a de sua identificação com o ser masculino e/ou feminino. Assim, pode-se 
dizer que o corpo é generificado, ou seja, várias marcas de gênero vão se inscre-
vendo nele ao longo da vida (GOELLNER, 2010).
Silvana Goellner (2010), com relação à sexualidade, e citando Weeks (1999), 
destaca que a sexualidade envolve crenças, comportamentos, relações e identida-
des historicamente modeladas, que legitimam a homens e mulheres viverem de 
modos determinados seus prazeres e desejos corporais:
Nesse sentido, o termo orientação sexual é utilizado para contemplar a 
diversidade de possibilidades de viver a sexualidade, pois significa a orien-
tação que cada sujeito dá ao exercício da sua sexualidade. Em outras 
palavras: “a direção ou a inclinação do desejo afetivo e erótico” (BRASIL, 
2007), que não necessariamente está dirigido para a heterossexualidade. 
A sexualidade também é plural, o que implica afirmar a inexistência de um 
único modo correto, estável, desejável e sadio de vivenciá-la. Vale lembrar 
que uma mesma pessoa, ao longo de sua vida, pode apresentar mais de 
uma identidade sexual, ou seja, ser heterossexual, homossexual ou bis-
sexual etc. Essas identidades são culturalmente construídas e, na nossa 
cultura, referem-se às formas como os sujeitos vivem sua sexualidade, que 
pode ser com pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou, ainda, com 
ambos os sexos (GOELLNER, 2010, p. 76).
Ao se falar em diversidade, dá-se visibilidade às questões de gênero e da se-
xualidade que foram historicamente silenciadas. Quando citadas, essas questões 
são mais frequentemente entendidas a partir do que é representado como sendo 
o normal, o desejável e o aceitável, reforçando o preconceito, o estereótipo e a 
discriminação (GOELLNER, 2010).
Numa perspectiva crítica da sociedade, é preciso rejeitar os rótulos que aprisio-
nam e fixam as pessoas, amarrando-as a representações que as nomeiam como 
feio ou bonito, apto ou inapto, saudável ou doente, normal ou anormal, masculino 
ou feminino e heterossexual ou homossexual, entre tantas outras.
A Escola sempre representou um espaço em que as práticas sociais cristalizam 
as identidades sociais. Quando crianças e adolescentes expressam marcadores so-
ciais que não combinam com aqueles instituídos para o gênero, em conformidade 
com o sexo, sofrem reações diversas por parte das autoridades escolares, repre-
ensão, conversa com os pais, entre outras, e por parte dos colegas de classe, com 
gozações, perturbações, perseguições e violência (SILVA; MAIO, 2018).
14
15
Para Bauman, citado por Silva e Maio (2018), é necessário descolonizar as 
identidades sociais, entendendo-as a partir do reconhecimento das constantes mu-
danças a que estão submetidas pelos processos sociais mais amplos, que garantem 
condições de redefinição e reinvenção de suas próprias expressões.
Para o autor acima citado, não dá mais para esconder a fragilidade e a provisorie-
dade das identidades culturais, como as ligadas à sexualidade, o segredo foi revelado. 
Silva e Maio (2018) alertam que o diálogo com a Escola, que é um lugar tradi-
cionalmente ligado à imposição normativa, implica problematizar e criar espaços 
para que as pessoas, crianças e adolescentes transgêneros possam se expressar 
com autenticidade, com respeito, com dignidade, sem que sejam inferiorizados, 
ridicularizados ou mesmo vítimas de violência.
Desestabilizar as identidades entendidas como se fosse expressão de uma essên-
cia natural e, portanto, fixa para sempre, pressupõe negociações entre as impo-
sições e as novas possibilidades mais libertárias que emergem a todo instante nas 
escolas, produzindo questionamentos e contestações aos padrões impostos (SILVA; 
MAIO, 2018).
Há uma falta de compromisso da Escola para com a questão das identidades 
sociais de crianças e jovens que se distanciam das normas heteronormativas. Não 
há acolhimento e nem mesmo a elaboração de ações educativas para produzir per-
cursos formativos mais igualitários e equânimes (SILVA; MAIO, 2018).
Quando os adolescentes e jovens trans dão início aos processos de transforma-
ção dos corpos e comportamentos, causam estranhamentonas relações familiares 
e em outros espaços dos quais participam. Arriscam-se ao ultrapassar as fronteiras 
em relação aos gêneros, subvertem a norma da identidade de gênero vinculada ao 
sexo, inscrevendo em si mesmos uma diferença que é vista como negativa pela 
Sociedade (SILVA; MAIO, 2018).
Trans
Utilizamos o conceito de Aimar Suess 
(2010, p. 29), ao dizer que as/os trans 
se referem “A todas as pessoas que ele-
geram uma identidade ou expressão 
de gênero diferente da atribuída ao 
nascer, incluindo pessoas transexuais, 
transgêneros, travestis, crossdressers, 
não gêneros, multigêneros, de gêne-
ro fluído, gênero queer e outras auto-
denominações relacionadas” (SILVA; 
MAIO, 2018, p. 310).
As redes sociais noticiam todos os dias torturas e assassinatos de jovens travestis 
e transexuais. Estamos entre os países que mais matam gays. Essa parece ser uma 
política disseminada, intencional e sistemática de eliminação da população “trans” 
no Brasil, motivada pelo ódio e pelo nojo (BENTO Apud SILVA; MAIO, 2018).
15
UNIDADE Cultura e Sexualidade
Rogério Junqueira, citado por Silva e Maio (2018), afirma que as políticas curricu-
lares ainda não tratam com seriedade as discussões que envolvem as transgeneridades. 
As políticas ainda se mantêm silenciadas com relação a essa importante questão 
social e cultural:
Por mais hierarquizante, sexista e denegada que seja a proposta de edu-
cação, existem trans na escola. Sua presença provoca deslocamentos di-
versos de um centro de práticas docentes conservadoras para promover 
o acesso sem limitações e posturas que desrespeitam a multiplicidade de 
manifestações femininas ou masculinas que elas produzem em suas iden-
tidades (SILVA; MAIO, 2018, p. 312).
Algumas pesquisas mostram as experiências “trans” nas escolas têm sido marca-
das por conflitos contínuos, e as escolas têm se mostrado incapazes de configurar 
uma proposta adequada para receber essas adolescentes. Assim, essas pessoas são 
vistas como desrespeitadoras, transgressoras das normas de gêneros, justificando, 
assim, as diferentes formas de violência, que tem no seu limite a expulsão destes 
jovens dos processos de escolarização (SILVA; MAIO, 2018).
Franco e Cicillini, citados por Silva e Maio (2018), afirmam que entre a popu-
lação LGBT presente na Escola, as travestis e as transexuais são as que, historica-
mente, estão mais expostas às mais variadas formas de vulnerabilidades e exclusão.
Marina Reidel, também citada por Silva e Maio (2018), acredita que houve avan-
ços na questão “trans”, como o reconhecimento do nome social e do uso do ba-
nheiro de acordo com a identidade de gênero; entretanto, há muito a percorrer. 
Ainda são altos os índices de abandono e evasão das meninas da escola por conta 
do preconceito e discriminação:
A autora assinala que esse agravante se torna potente de exclusão quan-
do, na luta pela sobrevivência, as trans não conseguem a entrada no 
mercado de trabalho formal, uma vez que a conclusão da escolarização 
não é completada no ensino fundamental. Acrescenta assim que “diversos 
fatores como a pressão, o estigma, o nome ou até mesmo o não saber 
lidar com essa pessoa, fazem com que a fuga da Escola possa acontecer” 
(SILVA; MAIO, 2018, p. 313).
O silenciamento de um grupo social subjugado é uma estratégia dos grupos he-
gemônicos que buscam o sufocamento dessas pessoas, para que elas se enquadrem 
no padrão de normalidade. 
Para as pessoas conservadoras, a expressão de grupos subjugados que desafiam 
a norma estabelecida é considerada como perigosa, pois pode trazer à tona o desve-
lamento da instabilidade das identidades sociais, ou seja, pode levar outras pessoas à 
percepção de que os significados atribuídos aos grupos LGBT, que as desvalorizam, 
são construções sociais, e não representações de essências fixas e imutáveis.
Os jovens que abandonam o percurso esperado da masculinidade padrão vivem 
experiências de anulação e exclusão da Escola, frequentemente mergulhados em 
cenas de desrespeito e intolerância que são naturalizadas no cotidiano escolar:
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Arriscamos dizer que essa população pouco experimenta políticas públicas 
voltadas às suas necessidades, porque isso representaria aceitação dessa 
identidade por parte do Estado e de outras instituições que detêm redes 
amplas de poder. Talvez essa falta de atitude encontra explicação no fato 
de que o reconhecimento político dessa população poderia considerar uma 
suposta aceitação política. Por conta desse silêncio estatal frente à violência 
deliberada com que convivem pessoas trans em vários espaços, não encon-
tramos ações efetivas na redução e prevenção das atitudes discriminatórias 
que se agravam em cenas de transfobias (SILVA; MAIO, 2018, p. 314).
É comum a presença de mecanismos que tornam invisíveis processos vigiados 
que forcem os sujeitos a se constituírem como heterossexuais. As práticas sociais que 
rejeitam a homossexualidade, seja por atitudes, seja por discursos ou comportamen-
tos, são abertamente homofóbicas, e acabam por ter grande peso na construção da 
subjetividade e, portanto, no modo de compreensão do mundo por parte daqueles 
que são afetados por essas práticas (JUNQUEIRA, apud SILVA e MAIO, 2018).
Nas escolas, a presença de adolescentes expressando diferentes modos de 
ser e estar das identidades de gênero consolida a direção do que Bhabha 
(1998) previa e vislumbrava. Ainda que o nosso país seja responsável 
pelos maiores índices de transfobia, a questão da diversidade de gênero 
sempre se pautou, ao longo das décadas, em diferentes bandeiras que 
lutavam/lutam contra o tratamento degradante e violento a que estão 
submetidas mulheres cis e mulheres transgêneras. Muitas delas avança-
ram e criaram novos modos de se relacionar com o mundo e com as 
pessoas, reivindicaram um universo de possibilidades e transformaram 
a vida social. É possível perceber que a transgressão que as trans fazem 
nas normas de gênero podem ser consideradas como um ato político que 
expressa diferentes subjetividades produzidas em diferentes espaços cultu-
rais (SILVA e MAIO, 2018, p. 317).
O que é “Cisgênero”?
A origem do termo “cis” é um tanto quanto incerta, mas sabe-se que a palavra é 
usada pela comunidade “trans” desde a década de 1990. De fato, até hoje, as 
pessoas “trans” encontram bastante utilidade na terminologia “cis”. A defi nição 
mais antiga de “cisgênero” que encontrei é esta: uma vez que defi nimos gênero 
como as características comportamentais, culturais ou psicológicas associadas a 
um sexo, cisgênero literalmente signifi ca: estar do mesmo lado das características 
comportamentais, culturais ou psicológicas associadas a um sexo.
Como alguém que foi designada masculina ao nascer, mas que vive e identifi ca-
se como feminina, eu devo ser descrita como uma mulher transexual, mulher 
transgênera ou mulher trans. Aquelas mulheres que (diferentes de mim) foram 
designadas femininas ao nascer, devem ser descritas como mulheres cissexuais, 
mulheres cisgêneras ou mulheres cis (Dumaresq, 2018).
As jovens “trans” estão fazendo a sua parte, ocupam espaços, contestam, pro-
duzem e interagem com outras pessoas. O espaço escolar já sente sua presença, 
sua ação, parece não ser mais possível eliminá-las dos inúmeros espaços sociais, 
para além das Escolas.
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UNIDADE Cultura e Sexualidade
As Relações Entre Escola e 
Identidades Culturais
A Escola, como qualquer outro espaço social, é também um terreno normativo, que 
se esforça por enquadrar as crianças desde pequenas dentro da cultura dominante. Isso 
implica dizer, na cultura urbana, machista, branca e heterossexual, entre outras.
Para que a escola possa se colocar a serviço da emancipação de seus estudantes, 
dito de outra forma, para que ela crie um ambiente criativo e livre, e, portanto, 
receptivo a todos os alunos e alunas, é preciso que desenvolva ações e projetos 
que colaborem na problematização das normas e regras estabelecidas de uma vez 
por todas, que restringem a participação livre e espontâneade todas as crianças e 
jovens dos mais diferentes grupos culturais e sociais.
Visto que as normas e regras, em geral, tolhem a criatividade e a espontaneidade, 
limitando-as aos parâmetros estabelecidos por elas, problematizá-las, criticá-las, trans-
formá-las, é um dever de uma Escola com pretensões progressistas, ou seja, é preciso 
que se busque flexibilizar as regras e as normas, quando possível, ou mudá-las quando 
necessário, a fim de garantir a noção de pertencimento a todos e a todas que frequen-
tam a Escola, que se sintam estrangeiros na Escola do próprio bairro em que vivem.
Dentre essas normas, encontra-se no centro delas a heteronormatividade. En-
tendendo o currículo como toda a trajetória do estudante em sua relação com a 
Escola, considerando todas as relações sociais presentes no ambiente, e não me-
ramente o conteúdo descrito em Planos de Ensino, vê-se que as normas sociais 
ganham grande destaque no currículo.
Assim, é possível dizer que o machismo, o racismo, a homofobia, que nos in-
teressa discutir neste texto, estão no centro do currículo, pois tais fundamentos da 
Cultura brasileira estão enraizados por todas as Instituições Sociais e, evidentemen-
te, na Escola, que prima pela disciplinarização das pessoas, logo, dos corpos:
Novos sentidos são conferidos às relações entre identidades heteronor-
matizadas e transgêneras, uma contínua relação de disputa em que o pri-
meiro, como dominante, adquire forças sobre o conjunto das explicações 
e das verdades sobre o segundo. Esse ponto de entrecruzamento em que 
dois ou mais modos culturais se relacionam é definido por Bhabha (1998, 
p. 20) como o “entre-lugar” da cultura, que “[...] é a necessidade de passar 
além das narrativas de subjetividades originárias e iniciais e de focalizar 
aqueles momentos ou processos que são produzidos na articulação de 
diferenças culturais” (SILVA; MAIO, 2018, p. 317-8).
A Escola, por se enquadrar, como já dito, entre as Instituições que procuram homo-
geneizar ética, moral e culturalmente as pessoas, não deixa de colocar em movimento 
elementos que promovem a reprodução das hierarquias culturalmente impostas.
Esse trabalho está disperso por várias práticas, como as brincadeiras, as obser-
vações da gestualidade, as piadas, os apelidos, as insinuações, as expressões que 
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desqualificam, as próprias repressões praticadas por professoras, direção, funcio-
nários da escola e colegas de classe. 
Essas práticas se transformam em poderosos instrumentos de dominação sim-
bólica, de silenciamento, marginalização e exclusão (SILVA; MAIO, 2018).
A presença das “trans” nas escolas, que ao enfrentar com honradez a resis-
tência repressiva, como as citadas anteriormente, e esse parece ser um processo 
irreversível, termina por afetar as atividades que ocorrem na Escola, produzindo 
transformações nas práticas docentes e nas rotinas escolares. 
A Escola que, por meio de seu projeto político pedagógico, e, consequente-
mente, de suas práticas pedagógicas e sociais, acolhe as pessoas “trans” com dig-
nidade, além de garantir o processo educativo das pessoas “trans”, sem forçá-las a 
abandonarem a Escola, oferece, ao mesmo tempo, uma formação mais humana, 
mais democrática, menos influenciável aos agenciamentos transfóbicos e a todas as 
outras pessoas que desfrutam dessa convivência.
“Lutar pela igualdade 
sempre que as diferenças nos 
discriminem.
Lutar pela diferença 
sempre que a igualdade nos 
descaracterize.”
Boaventura de Souza Santos
Toda Escola precisa se comprometer com estratégias que estimulem as crianças 
e os jovens a praticarem a difícil arte da convivência respeitosa, especialmente, com 
pessoas estranhas ou com aqueles que apresentem características muito diferentes 
das suas. 
Essa experiência deve ser permanente, pois só assim pode-se pensar em mu-
danças qualitativas na vida da pessoa “trans”, seja homossexual, bissexual, travesti 
ou transexual.
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UNIDADE Cultura e Sexualidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Transliteração
https://goo.gl/cjPwST
 Vídeos
Entenda o que é transexualidade
https://youtu.be/ememyURH6Yg
Transgêneros na Escola
https://youtu.be/Ov1QpcTWTjE
Que corpo é esse? Esteriótipos de gênero
https://youtu.be/Xy116tjSyXs
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Referências
DUMARESQ, Leila. O cisgênero existe. Transliteração. 2014. Disponível em: 
<http://transliteracao.com.br/leiladumaresq/2014/12/o-cisgenero-existe/>. 
Acesso em: 12 jan. 2018.
GOELLNER, Silvana V. A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades e 
o reconhecimento da diversidade, Cadernos de Formação RBCE, p. 71-83, mar. 
2010. Disponível em: <http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/
view/984>.
HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do 
nosso tempo, Educação & Sociedade, Campinas, p. 15-46, jul.-dez. 1997. 
LOURO, Guacira Lopes. Pedagogia da sexualidade. In: _______ (org.). O corpo 
educado. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 7-34.
São Paulo (SP). SME. Coordenadoria Pedagógica. Divisão de Ensino Fundamental 
e Médio. Direitos de aprendizagem dos ciclos interdisciplinar e autoral: 
Educação Física. São Paulo: SME/COPED, 2016.
SILVA, Fernando G. O.; MAIO, Eliane R. O “entre-lugar” das trans na escola. 
Periódicus, n. 8, v. 1, p. 307-324, nov. 2017 - abr. 2018 
TATAGIBA; Ana Paula. Masculinidade e heteronormatividade: temas-desafio 
nas instituições educacionais. Revista de estudos indisciplinares em gêneros e 
sexualidades, Periódicus, Salvador, n. 8, v. 1, nov. 2017-abr. 2018.
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