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Corpo, Gênero e Sexualidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antônio Carlos Vaz Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Educação, Corpo e Relações de Gênero • Introdução; • A Dominação Masculina e seus Movimentos; • A Violência Contra a Mulher; • As Transformações de Curso. · Compreender os processos sociais e culturais que reforçam a do- minação masculina e a consequente desigualdade entre homens e mulheres; · Apreender o movimento de ressignificação dos papéis sociais, que afetam a representação hegemônica de homem e mulher; · Proporcionar a possibilidade de se posicionar democraticamente diante dos conflitos de gênero. OBJETIVO DE APRENDIZADO Educação, Corpo e Relações de Gênero Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Introdução Nesta Unidade, trataremos de uma temática bastante atual; falaremos sobre as relações de gênero e seus impactos na vida e nos corpos de mulheres e homens. Atualmente, alguns movimentos conservadores relutam em ver a Escola escla- recendo sobre as relações de gênero, sobre as relações de poder que existem entre mulheres e homens, e seus reflexos na vida de cada um deles. Esses movimentos defendem que a família é quem deve ensinar sobre o papel do homem e o da mulher na nossa Sociedade, assim, diz, ao mesmo tempo, que as coisas estão boas como estão, e que devem continuar assim. É bom lembrar que vivemos num país que se encontra entre os que mais ma- tam mulheres no mundo. Esse é um dos reflexos da forte influência machista em nossa sociedade. Deixar que as questões de gênero sejam ensinadas apenas pela família é deixar as coisas como estão, sem um horizonte mais amplo para todas as mulheres e ho- mens que buscam outras formas de convivência. A Dominação Masculina e seus Movimentos Para Heleieth Saffioti (2009), a dominação masculina vem atravessando todas as formações sociais desde os tempos mais remotos. Segundo ela, estima-se que essa dominação tenha começado por volta de 70 mil anos atrás. Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Entretanto, ainda segundo a autora, não se pode comparar o que ocorria nas Sociedades da Antiguidade, na Idade Média, com o que ocorre hoje, nas Sociedades Industriais ou, como dizem alguns pós-modernos, numa Socieda- de Pós-industrial. 8 9 Embora haja distinção quanto às formas de dominação do homem sobre a mulher pelos diferentes períodos históricos e das diferentes regiões e culturas, é preciso que fique claro que a dominação masculina não desapareceu de nenhuma sociedade contemporânea. Mesmo que se considere os grandes avanços conquistados pelas mulheres, especialmente, desde as últimas três ou quatro décadas do século passado, ainda hoje vivemos sob a influência da dominação masculina. Nos dias de hoje, final da segunda década do século XXI, a dominação do homem sobre a mulher tem inúmeras faces, não é um fenômeno homogêneo. Em diferentes lugares, se região urbana ou rural, dependendo da influência religiosa: Cristianismo, Islamismo etc., entre outras causas, há uma diferencia- ção no grau de dominação masculina, mas a naturalização da dominação está presente, então, em todos os cantos do Globo. O poder do homem faz parte da estrutura social; trata-se, assim, de um processo macropolítico que perpassa a todos os espaços sociais, influenciando a todas as Instituições e, consequentemente, a todas as pessoas, em maior ou menor medida. E é por meio das práticas cotidianas, mediadas pelas Instituições Sociais, como família, igreja, escola, trabalho, etc., que vai se constituindo o olhar masculino so- bre o mundo como o único possível. Dessa forma, vai se legitimando esse olhar masculino e todas as práticas so- ciais, tanto as institucionais como as individuais ou de grupos, que reproduz in- cansavelmente essa dominação. Mas a dominação masculina não tem uma estrutura rígida, inflexível, imóvel. Ao contrário, como se pode ver fazendo uma simples pesquisa geracional. Você acha que a vida das mulheres jovens de hoje é igual, ou ao menos parecida, com a vida de suas mães, com a mesma idade? E com a vida da avó? Se você consegue perceber claramente essa distinção, é porque você consegue ver que a sociedade não é a mesma; ela está sempre em movimento. Mas ela não muda de acordo com uma ordem natural ou sobrenatural, e sim pela ação humana. Nesse caso, pela ação das próprias mulheres, agindo coletivamente, no caso do mo- vimento de mulheres, do feminismo, ou mesmo pela ação individual, enfrentando as autoridades masculinas, como o pai, às vezes, o irmão, depois o namorado, o noivo, o marido etc. Então, é possível afirmar que o efeito da dominação masculina sobre as mulhe- res não é homogêneo, ou seja, não afeta todas as mulheres da mesma maneira. Há mulheres que resistem mais, outras que resistem menos, mas todas co- locam em movimento diferentes formas de luta com a dominação. Às vezes de forma mais velada, invisível, desobedecendo a uma ordem sem que o dominante perceba; outras vezes, de forma mais veemente, quando enfrenta seus algozes, e produz alterações nas relações de dominação. 9 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Os efeitos mais significativos na luta contra a dominação masculina são aqueles produzidos por coletivos que potencializam a visibilidade de suas ações. Movimentos sociais e ONGs pressionam o Estado a adotar medidas impor- tantes nessa luta, fazendo com que essas novas políticas ampliem a visibilidade da luta e, ao mesmo tempo, os resultados sobre as relações de gênero, criando uma nova cultura de respeito e igualdade entre homens e mulheres. É no dia a dia que a luta contra a dominação masculina se dá de forma mais pragmática. É no exercício dos chamados “Micropoderes”, aqueles que estão pre- sentes nas malhas finas das relações sociais, que atuam a favor dos poderes ma- cropolíticos ou contra eles. Para Saffioti (1992), o macropoder é branco, rico, masculino e heterosse- xual. Assim, qualquer grupo social que não se enquadre nesse modelo macro- político precisará colocar em ação os micropoderes para enfrentar os ditames da macroestrutura. O processo micropolítico “O processo micropolítico,de certa forma, impõe certos limites ao processo ma- cropolítico. É nesse nível de empoderamento que ocorre a atuação da imensa maioria da população e, em especial, da categoria social mulher, aqui estudada. Os processos micropolíticos são tão importantes quanto os macropolíticos, quan- do se quer investigar as relações de poder. Os primeiros apresentam alto poten- cial de subversão, e são capazes de colidir com o macropoder em determinadas situações históricas, conjunturais e, assim, produzir avanços na sociabilidade hu- mana” (VAZ, 2012, p. 33): O uso teórico das categorias macro e micropolíticas dá grande visibili- dade às microrrevoluções, que são concretizadas por meio das relações sociais miúdas, renovadas cotidianamente. Toda grande transformação é resultado de inúmeras relações sociais inovadoras, que compõem o cotidiano de mulheres e homens comuns. E no campo das relações de gênero, isso merece ser destacado, visto que as conquistas são medidas aos milímetros. (SAFFIOTI apud VAZ, 2012, p. 34) As mulheres, segundo Saffioti (1997), são treinadas no exercício do micropoder, pois enfrentam todos os dias o desejo de dominação do pai, do marido, do namo- rado, do irmão e do chefe, entre outros, e para não sucumbirem às vontades deles, para não serem pessoas que apenas reproduzem o que esperam dela, precisa agir. E agir, nesse caso, significa ser protagonista de sua própria vida, decidir sobre as coisas que lhes dizem respeito, sem ter de pedir permissão ou licença a qualquer pessoa que seja. Cada vez que uma mulher coloca em ação alguma forma de resistência ao macropoder, nesse caso, a dominação masculina, ela, ao mesmo tempo, impri- me um golpe também no macropoder. 10 11 De certo modo, produz um abalo nesse sistema macropolítico. Seu efeito po- derá ser mais local ou mais global, conforme a visibilidade que ela dará aos even- tos de resistência. Por exemplo, uma mulher que, ao reagir a um desmando do marido, comunica às suas amigas, abre novas possibilidades a elas, que poderão, a partir do acon- tecido, tomar coragem e também encontrar alternativas aos desmandos de pais, namorados e maridos. Uma das principais formas de controle sobre as mulheres é o controle sobre o seu corpo e tudo que o envolve. Em geral, namorados e maridos gostam de controlar as roupas que “suas” mulheres usam. Gostam de controlar os locais que frequentam, como o trabalho, a academia de ginástica, a casa de amigas e os lu- gares de curtição, entre outros. Saias curtas, shorts curtos, blusas decotadas, calças leg, são sempre alvo de namorados e maridos e, em geral, as mulheres têm de enfrentar as “ordens” deles para usá-los. Mas nesse caso, a legitimação da dominação do homem sobre a mulher dá a qualquer homem o direito de mexer com qualquer mulher. Assim, o uso de roupas como as listadas acima, representa uma forma de perigo para essas mulheres. Terão de conviver com o risco de serem molestadas por usarem tais trajes, uma vez que os homens, em geral, acham que uma mulher que use rou- pas “provocantes” quer ser cantada, ou coisa pior. As mulheres enfrentam o poder masculino como podem, promovem mudan- ças mais ou menos significativas em suas vidas, na do marido, e na daqueles com quem convivem. Todavia, nenhuma mudança ocorrerá na velocidade que se deseja. É um pro- cesso espinhoso, cheio de conflitos, com avanços e recuos, como todo processo social, porque ao mesmo tempo em que há pessoas que lutam por uma sociabi- lidade mais democrática, outros lutam igualmente pela manutenção das hierar- quias sociais. As mudanças que ocorrem no plano macropolítico, que afetam a estrutura e o funcionamento de uma sociedade, o seu modo de vida, o seu olhar sobre o que é justo e o que é injusto, sobre o que é digno e o que é indigno, não surgem do nada. São processos lentos que partem das percepções das pessoas de sua condição de inferioridade, e de quão injusto isso é, como no caso das mulheres. A partir daí, suas ações individuais dão novos sentidos às suas relações com aqueles que pretendem controlá-las, continuar inferiorizando-as. A pressão exercida pelos movimentos sociais força, de certa forma, o Estado a tomar certas medidas em favor dos grupos minoritários. Várias foram as ações implementadas pelo Governo Federal nos últimos 20 anos em favor das mulhe- res, especialmente no que diz respeito à violência contra a mulher. 11 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Lei Maria da Penha Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 Art. 1º - Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do Art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Art. 2º - Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fun- damentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. Art. 3º - Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à mora- dia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1º do art 3º - O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os di- reitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Fonte: https://goo.gl/gYDrMx Para Lucila Scavone (2008), a luta das mulheres e do feminismo é pela visibili- dade dos impactos sociais e políticos de uma sociedade que inferioriza as mulhe- res, os negros e os pobres: Para Foucault, essas práticas seriam novas formas de agir em rela- ção ao mundo, que, ao impedirem a recriação de outras relações de poder, poderiam dar lugar ao cultivo de uma ética fundada em uma estética da existência e realizar uma das premissas paradigmáticas do movimento feminista contemporâneo: a de que o privado também é político. (SCAVONE, 2008, p. 182) Infelizmente, nem todas as lutas resultam diretamente em avanços no nível de sociabilidade de um grupo social. Os avanços só poderão ser considerados enquanto tal, quando o lado empoderado, ou legitimado como hierarquicamente superior, for de fato afetado em seus privilégios. Agir contra os privilégios significa agir contra toda forma de discriminação, vez que o privilégio e a discriminação são as duas faces da mesma moeda; não há uma sem a outra. Para Pierre Bourdieu (1996), todo processo social com suas estruturas obje- tivas são, de certa forma, incorporados pelos indivíduos, isto é, o lugar em que o indivíduo se insere, a posição que ocupa na sociedade constrói o seu modo de ver e agir no mundo. 12 13 Assim, sua capacidade de perceber, de avaliar e de agir está fortemente in- fluenciada por seu próprio lugar nas estruturas sociais. Quer dizer, se uma meni- na apreende o mundo a partir de relações sociais que a colocam em situação de inferioridade, ela tende a interiorizar essa condição, como se naturalizasse a sua inferioridade. A esse processo, o autor dá o nome de habitus. “Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas – o que o operário come, e sobretudo sua maneira de comer, o esporte que pratica e sua ma- neira de praticá-lo, suas opiniões políticas e sua maneira de expressá-las diferem sistematicamente do consumo ou das atividades correspondentesdo empresário industrial; mas são também esquemas classifi catórios, princípios de classifi cação, princípios de visão e de divisão e gostos diferentes. Eles estabelecem as diferenças entre o que é bom e mau, entre o bem e o mal, entre o que é distinto e o que é vulgar etc., mas elas não são as mesmas. Assim, por exemplo, o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou ostentatório para outro e vulgar para um terceiro”. (BOURDIEU, 1996, p. 22) O habitus se transforma numa linguagem, pois ela faz com que as pessoas que vivem sob as mesmas condições, expostas às mesmas estruturas de poder, e que ocupam posições práticas semelhantes, como as mulheres, por exemplo, também apresentem uma visão de mundo e das coisas semelhantes. Já quando se fala de pessoas que ocupam posições hierárquicas diferentes, como os homens, por exemplo, quando comparados às mulheres, percebe-se uma lingua- gem diferente, fruto da posição hierárquica superior que ocupa na vida prática, dá origem, evidentemente, a outra linguagem. Assim, essas duas linguagens exemplifi- cadas acima, produzem-se ao mesmo tempo, como resultado do mesmo processo social que hierarquiza homens e mulheres. (VAZ, 2012) Bourdieu, na mesma obra, afirma que essa linguagem construída socialmente fun- ciona como uma forma de jogo. Como o habitus cria antecipadamente a forma de percepção, avaliação e ação prática, é como se aprendêssemos como o jogo fun- ciona, é como dominar o seu sentido quase que naturalmente, como se ele estivesse inscrito na própria pele. Diante disso, fica mais claro falar de uma linguagem masculina e outra femi- nina, e numa perspectiva crítica, de uma linguagem machista e outra feminista. Enquanto que, para a linguagem machista, é “natural” que o homem decida sobre coisas importantes sobre a vida das mulheres, o feminismo faz o movimento contrá- rio, quer dar às mulheres o direito ao protagonismo, o direito de decidir sobre a sua vida e a vida das pessoas com quem convive. 13 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Evidentemente que uma nova linguagem para as mulheres, não mais aquela que as colocava em posição de inferioridade, mas ao contrário, a fe- minista, que se esforça para enfrentar todas as forças que procuram silenciá-las, conservando-as numa posição de inferioridade, vai produzir um novo estágio de desenvolvimento para as mulheres. Uma mudança no que é ser mulher implica necessariamente uma mudança no que é ser homem, visto tratar-se de duas identidades que se constroem na relação recíproca. Assim, uma mulher que se descobre como protagonista não se submeterá mais a uma ordem social que não a considera como tal. Dessa forma, obrigará aos ho- mens com os quais convive a reverem suas opiniões sobre o que é ser homem e o que é ser mulher. Isso significa que ao mudar o seu entendimento sobre si mesma e sobre o mun- do que a envolve, a mulher força a todos com quem convive a se modificarem também, a ressignificarem os papéis sociais de mulheres e homens. Mas essas mudanças não ocorrerão naturalmente, sempre haverá resistência por parte daqueles que se opõem a essa nova leitura do mundo, que não querem perder seus privilégios, e se sentirão forçados a lutarem pela manutenção da ordem social que inferioriza as mulheres, para que nada mude: No plano pessoal, mulheres e homens vivenciam esta relação de for- ma particular, com os avanços e recuos próprios de qualquer processo social. O que significa, portanto, que homens particulares e mulheres particulares constroem as suas relações sociais – e as de gênero em particular – a partir da sua subjetividade, mediada pelo local na estru- tura social onde se enraizam, considerando as tradições de seu grupo social, as diferentes pressões sociais, tão difundidas por todos os es- paços de socialização, que são, inclusive, parte constitutiva da própria subjetividade. Ou seja, é na tensão dialética entre os planos particular e genérico humano que se estabelece a dança da construção social. Sen- do assim, a visão androcêntrica, ainda hegemônica, exerce, em alguma medida, influência sobre ambos, mas em cada caso poderá apresentar distinções na forma como se concretiza, mas nunca de maneira absolu- tamente arbitrária. (VAZ, 2012, p. 28) Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images 14 15 Criar homens ou mulheres traz expectativas distintas quanto aos papéis so- ciais que os esperam. Quando isso se dá num ambiente marcado pela desigual- dade, em que um é o poderoso e a outra desempoderada já na socialização pri- mária, ou seja, na família, favorece o sentimento de posse, de poder, por parte do homem, mesmo que ainda seja um menino, tentando impor suas vontades, o que mais tarde poderá facilitar um diálogo com a violência, em suas mais varia- das formas, como forma de controle sobre as mulheres: Do homem, em sua própria socialização, espera-se que seja competitivo, que lute por um emprego, por um salário melhor, pela promoção na car- reira, e até pelas atenções de uma mulher. Este traço substantivo na for- mação do homem traz em seu bojo o desenvolvimento da agressividade como elemento fundamental do ser competitivo. Daí que a agressividade acaba por marcar o modelo de macho, que deve ser forte, duro, viril. Na mulher, ao contrário, deve-se inibir qualquer característica agressiva. Deve ser dócil, cordata, passiva. Caso não se enquadre neste modelo, corre o risco de ser perseguida, discriminada, por ser uma mulher dife- rente, e o mesmo ocorre com os homens que não apresentam as carac- terísticas tidas como masculinas. (SAFFIOTI, Apud VAZ, 2012, p. 28-9) Se, para ser homem, o menino não pode chorar, significa que o machismo está lhe roubando um pedaço de sua humanidade. Chorar é uma forma de expressar uma emoção, e todas as pessoas têm o direito de expressá-las. Mas se uma cultura entende o choro como fraqueza, ela o torna proibido aos homens, produzindo neles uma séria limitação como ser humano. Para a cultura machista, a limitação aparece como força, como poder, não se percebendo, assim, o quanto é prejudi- cial ao seu próprio desenvolvimento. (SAFFIOTI, 2000) Você já pensou sobre como a cultura machista implica estabelecer limites ao ser homem e ao ser mulher? Será que isso é bom para uma criança em formação? Você já viu uma cena em aula de Educação Física em que as meninas e os meninos são desestimulados de praticarem uma determinada prática corporal por ela, segundo o professor, não ser adequada ao seu gênero? Ex pl or Mas como vimos até aqui, as questões de gênero não são simples, e para poder- mos atuar como professores, numa perspectiva democrática, temos que ter cons- ciência de uma série de saberes, de situações em que as relações de poder possam ser desconstruídas. A seguir, falaremos sobre um ponto importante desta discussão, que é a violência praticada por homens contra suas namoradas, ficantes, noivas, esposas, ex-esposas, ex-namoradas etc. Você já notou como a violência contra a mulher está presente no dia a dia de todos nós? Como a educação pode ajudar nessa importante questão? Faça uma experiência, observe como seus amigos homens falam das mulheres, de suas namoradas. Tente fi car atento para como os homens usam diversas estratégias para ofender suas parceiras, e observe se elas reagem e como reagem. Isso vai te ajudar a compreender esse fenômeno com mais profundidade. Ex pl or 15 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero A Violência Contra a Mulher Na década de 1990, Saffioti e Almeida (1995) elaboraram um quadro da vio- lência contra a mulher no mundo todo. Relataram, inclusive, os estupros promovi- dos pelos sérvios contra suas vítimas muçulmanas da Bósnia-Herzegovina. Apesar disso não ser uma novidade quando se fala em guerra. As autoras relatam a transversalidade da violência contra as mulheres, em to- das as nações e em todas as culturas, de todas as idades, de todas as religiões, e de todas as classes e camadas sociais. Quase vinte e cincoanos após o referido levantamento, não se pode negar as im- portantes conquistas das mulheres. Primeiramente, no plano individual, em que uma parte das mulheres conseguiu significativos avanços em suas relações com pessoas do sexo masculino, conquistando o respeito de seu companheiro ou de seu pai e irmãos, e ampliando suas possibilidades de intervenção autônoma no mundo. Esse avanço também foi significativo no plano coletivo, com transformações no Estado, com a criação de Leis que garantem mais direitos às mulheres, e com re- flexos no campo profissional, que passa também a atender parte das necessidades das mulheres, como, por exemplo, na defesa de sua integridade, protegendo-as de assédios morais tão comuns ainda hoje, mas agora há instrumentos para lutar e punir seus algozes. Entretanto, os avanços ocorridos não são suficientes para uma vida livre do ma- chismo. A forma mais comum de resistência por parte dos homens é a violência. A violência praticada contra as mulheres continua tendo caráter endêmico, ou seja, tem forte grau de extensão, atinge inúmeras mulheres em todos os lugares do mundo. O Brasil, como se sabe, é um dos países que mais praticam a violência contra as mulheres. Segundo o levantamento do Conselho Nacional de Justiça, em 2017 houve 2.795 processos de femicídio. Isso significa que se matou ou se tentou matar, em média, 8 mulheres por dia no Brasil, apenas em 2017. Todavia, esses dados ainda não representam a totalidade dos processos de femicídio no país; há tribunais que ainda não organizam estatisticamente seus dados sobre a violência contra a mulher. Há algumas varas que ainda trabalham no levantamento desses dados. (DW MADE FOR MINDS, 2018) É importante, ainda, registrar que se trata apenas dos casos que chegaram à Justiça. É de se esperar que um número considerável não tenha sequer sido en- caminhado à Justiça, projetando um cenário ainda mais grave do que esse. 16 17 Femicídio ou feminicídio é um termo de crime de ódio baseado no gênero, amplamente defi nido como o assassinato de mulheres, mas as defi nições variam dependendo do con- texto cultural. A autora feminista Diana E. H. Russell foi uma das primeiras a usar o termo e atualmente defi ne a palavra como “a matança de mulheres por homens, porque elas são mulheres”. Outras feministas colocam ênfase na intenção ou propósito do ato que está sendo dirigido às mulheres especifi camente porque são mulheres. Outros incluem a morte de mulheres por outras mulheres. (MENDONÇA, 2018) Ex pl or O assassinato de mulheres, o femicídio, é a parte mais visível da violência contra mulheres, que sofrem cruelmente apenas pelo fato de serem mulheres. O femicídio é o ápice de um processo constante de violação dos direitos humanos sobre uma mulher. (LAGARDE, 2011) Vaz (2012, p. 105-6) apoiado no trabalho de Lagarde (2011), afirma: O femicídio se torna possível pela supremacia masculina que oprime, discri- mina, explora e exclui meninas e mulheres de uma vida social como cidadãs. É legitimado pela percepção social que desvaloriza as mulheres, hostilizam- -nas e degradam-nas, tornando-as vítimas da arbitrariedade e da desigual- dade social que são potencializadas pela impunidade judicial em torno dos delitos praticados pelos homens contra as mulheres. A violência contra as mulheres está presente, antes do femicídio, sob uma infinidade de formas ao longo da vida. Após o assassinato, continua a violência, só que agora institucional, por meio da impunidade. Saffioti (1999) entende que a pobreza, o consumo de álcool, possa ser um ele- mento desencadeador da violência. Mas não se pode restringir a esses elementos, senão não há como explicar a violência contra a mulher praticada por ricos que, por sinal, há formas de violência quase que exclusivas a esse grupo, quando há a ameaça da perda do patrimônio e, consequentemente, do estilo de vida. As situações de perigo para as mulheres estão sempre à sua volta. A violência doméstica e a violência familiar tornam sua própria casa um local por vezes inseguro. Ambientes públicos, como a escola, o trabalho, as ruas, os locais de lazer e de reunião com pessoas, o transporte público, os caminhos, os bairros, os parques, são poten- cialmente locais não seguros, pois há sempre o risco. (LAGARDE, 2012) Ao longo da vida, as meninas, as adolescentes, as jovens, as mulheres ma- duras e as idosas são objeto de violência sexual, física, emocional, verbal e patrimonial. Para parte da sociedade, esta violência ainda é vista como natural, as mulheres são consideradas vítimas propiciadoras dessas violên- cias, e os homens, seus algozes, não são responsabilizados. Muitas vezes atribui-se a violência ao consumo de álcool, ou drogas em geral, ou a deter- minados traços de caráter ou, ainda, a alterações emocionais, geralmente movidas por ciúmes. (VAZ, 2012, p. 107) 17 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Saffioti (1999) afirma que há uma tolerância da sociedade em relação aos ho- mens exercerem sua vontade utilizando-se da força contra as mulheres. Poderia, diz a autora, ao invés disso, estimular uma virilidade doce e sensível, mais adequa- da para compartilhar e desfrutar. A agressividade permissiva dos homens contra as mulheres, como um traço da cultura, torna esses homens seres incompletos, pois apresentam desenvolvimento aquém de sua potencialidade no que diz respeito à sua amorosidade e afetividade. Fernández-Fuertes; Fuertes y Pulido tipificaram 5 tipos de violência relacional que podem ser aplicadas tanto à violência contra a mulher como a praticada con- tra o homem. São elas: violência verbal-emocional (por exemplo, foi insultada com depre- ciações; ou ridicularizada na frente dos outros); violência relacional (por exem- plo, dizer coisas sobre mim aos meus amigos, espalhar boatos sobre mim); amea- ças (por exemplo, tentar amedrontar de propósito; ameaçar machucar); violência física (por exemplo, jogar algo em mim, ou me empurrar, ou me sacudir); e violência sexual (por exemplo, tocar sexualmente quando eu não queria; ou me beijar quando eu não queria que o fizesse). (VAZ, 2012) Assim, pode-se perceber que há diferentes formas de violência e todas elas compõem esse universo praticado contra as mulheres. Uma forma de violência institucional é aquela em que o próprio funcionamento da Sociedade leva as mulheres a condições que reproduzirão as relações hierárqui- cas, como, por exemplo, a questão salarial praticada em Empresas que atuam em nosso país. Veja na Tabela a seguir como os salários atribuídos às mulheres são substan- cialmente mais baixos. O período de 2012 a 2016 nos mostra que o rendimento das mulheres gira em torno de 73 a 76% do rendimento dos homens. Figura 3 - Rendimento habitual médio de todos os trabalhos e razão de rendimentos, por sexo Fonte: IBGE 18 19 Evidentemente que esse dado traz consequências graves para o desenvolvimento das mulheres, quando comparadas às possibilidades dos homens. Esse fator, que é decisivo na vida de qualquer pessoa, é causa e consequência da desigualdade entre homens e mulheres, produzida pela nossa sociedade. Esse fator estabelece relações de poder entre um casal. Se a dominação mascu- lina é quase que tomada pela maioria das famílias brasileiras como natural, embora esse quadro esteja mudando muito rapidamente, quando junta-se a isso o fato de o homem ter um rendimento superior ao da mulher, reforça-se a condição de domina- dor. Por isso a luta das mulheres por uma remuneração igual para trabalhos iguais é significativa e fundamental para a transformação desse cenário. Na Sociedade, é comum se pensar que a violência é praticada por estranhos; em geral, as meninas são aconselhadas a tomarem cuidado com estranhos. Na verdade, é muito mais comum a violência praticada por conhecidos, fami- liares, ou mesmo por um homem de casa, como o pai, o tio, o avô, o padrinho e o padrasto, entre outros personagens. Em 2009, entre todas as mulheres que registraram queixascomo vítimas de agressão, pouco mais de 43% assinalaram que foram agredidas na própria moradia (DIEESE, 2011): Para se dimensionar um pouco mais a extensão e a gravidade da con- dição da mulher, quando observada pelo fenômeno da violência pra- ticada pelo companheiro, vemos que o número de atendimentos da “Central de Atendimento à Mulher”, o “Ligue 180”, cresce a cada ano: enquanto em 2006, 46.423 mulheres ligaram efetivando a queixa, em 2007, o número subiu pra 204.514; o mesmo se deu em 2008, indo a 271.212 ocorrências; em 2009, o número subiu para 401.729, quase dobrando o número de queixas; e, finalmente, em 2010 houve mais um grande salto no total de comunicações ao Ligue 180, chegando ao total de 734.416. (DIEESE, 2011 apud VAZ, 2012, p. 23) Desse total de 734.416 ligações para o “Ligue 180”, em 2010, 63.831 ocor- rências se referem à agressão física, o que dá em média 174 agressões por dia, ao longo do ano, o que chega a ser um número absurdo para uma sociedade que se pretende democrática. E, é claro que se trata apenas da violência comunicada à Central de Atendimen- to à Mulher, o que é apenas uma parte da violência real ocorrida no Brasil ao longo de 2010. Teixeira; Pinto e Moraes levantaram dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, a partir do registro de boletins de ocorrência, sobre a violência contra a mulher, do ano de 2009. Foram computados os seguintes dados: 3.005 casos de estupro e de atentado violento ao pudor; 47.019 casos de ameaça; 50.399 casos de lesão corporal dolosa, 532 casos de tentativa de femi- cídio e 370 casos de femicídio doloso. (VAZ, 2012) 19 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Disponível em: https://goo.gl/4gk5LL. Ex pl or Esses dados mostram o drama inequívoco que sofrem as mulheres brasileiras. O machismo é uma chaga que está impregnada na cultura brasileira. Há movi- mentos sociais que defendem que as relações de gênero não devem ser discutidas na escola, e sim na família. Uma medida como essa só poderia ser aceita se de fato a família brasileira contri- buísse para uma nova cultura em termos de relações entre homens e mulheres. Mas, infelizmente, o que se vê é o contrário, crescem todos os índices de violên- cia praticado contra as mulheres, e cresce em todas as faixas etárias, em todos os níveis socioeconômicos, em todas as regiões do país; enfim, é uma tragédia, não só para as mulheres, mas para a sociedade como um todo. As Transformações de Curso As relações de gênero, os estudos sobre a violência de gênero ou contra a mu- lher têm avançado cada vez mais, e ganham maior visibilidade a cada dia. Os meios de comunicação sempre repercutem os dados das pesquisas oficiais, muitos projetos educacionais, especialmente, aqueles que colocam como progres- sistas, já trazem a discussão de gênero para dentro da Escola. Claro está que essas ações contribuem para a alteração dessa cultura machista que penaliza metade da população, as mulheres e, de certa forma, sacrifica a outra metade, os homens, que se veem impedidos de vivenciarem suas emoções, sua sensibilidade e, também, suas inseguranças na plenitude. A transformação da nossa Sociedade em uma sociedade mais justa, do ponto de vista das relações entre homens e mulheres, é uma tarefa difícil, inclusive porque toda Sociedade tende a ser conservadora. Mudar a mentalidade de uma Sociedade é algo que requer tempo, luta, paciência e trabalho social contínuo. Os processos de mudança, quando afetam as relações de poder, devem sem- pre estar ligados ao desvendamento ideológico, à desconstrução do pensamento que naturaliza a origem social das relações de poder. 20 21 É nesse aspecto que a Educação é lançada a um posto de vanguarda, ganhan- do importância significativa na construção crítica das identidades feminina e masculina (VAZ, 2012): Todo projeto escolar deve defender uma perspectiva humanizadora para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Toda intervenção no processo de socialização ocorre basicamente de duas maneiras: de modo a se conser- var o status quo, a fim de se reconduzir a criança ao padrão desejável, de acordo, portanto, com a visão hegemônica de mundo, portanto, capitalista, racista, sexista, homofóbica, adultocêntrica etc.; ou de modo a se modificar, levando as meninas e os meninos a pensarem e experimentarem situações que possibilitem a descoberta de novas explicações para os problemas do mundo, o que poderá levar os indivíduos a mudanças na maneira de ver e agir no mundo, facilitando a descoberta da estrutura social que dificulta as mudanças mais significativas da sociedade. (VAZ, 2012, p. 247-8) A Escola dificilmente aborda estas questões aqui expostas de forma sistemáti- ca. Elas aparecem no Processo Educativo, em geral, relegadas a interesses parti- culares de professores ou professoras que assumem a função de problematizar as relações sociais que produzem e reproduzem a desigualdade social. Não se pode negar que, embora tenha havido grandes avanços nos projetos educacionais nas últimas décadas, há ainda muito a percorrer. Exatamente nesse momento, últimos anos da segunda década do século XXI, vivemos um período de grande tensão política, vez que movimentos conservadores, que querem manter a ordem como sempre foi, isto é, silenciando boa parte da po- pulação, como as mulheres, os negros, os pobres e os homossexuais, entre outros. E é justamente nesses momentos que as posições progressistas precisam se fa- zer presentes nos embates políticos que ocorrem na Escola, a fim de resguardarem o que há de progressista no Sistema Educacional. Quanto antes cuidarmos da formação de meninas e meninos, por meio de uma Educação crítica e democrática, buscando contribuir para a construção de uma vida digna, respeitosa e plena entre mulheres e homens, mais rapidamente comemorare- mos o sonho de uma sociedade igualitária, justa e livre da violência. 21 UNIDADE Educação, Corpo e Relações de Gênero Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Vivendo a adolescência Relações de gênero. https://goo.gl/kNxZ5c Leitura Corporeidade e relações de gênero: por uma teoria corporal da ação social e individual https://goo.gl/fctCzw Educação física escolar e relações de gênero: diferentes modos de participar e arriscar-se nos conteúdos de aula https://goo.gl/GTGwX3 22 23 Referências BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Pa- pirus, 1996. DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Anuário das mulheres brasileiras. São Paulo: DIEESE, 2011. DW MADE FOR MINDS. Brasil tem mais processos de violência doméstica. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/brasil-tem-mais-processos-de-viol%- C3%AAncia-dom%C3%A9stica/a-42945486>. Acesso em: 9 jul. 2018. LAGARDE, Marcela. ¿A qué llamamos feminicidio?. Programa Oficial de Posgrao en Estudos de Xénero da Universidade de Vigo. España. Disponível em: <http://webs.uvigo.es/xenero/profesorado/marcela_lagarde/feminicidio.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2011. ________. Identidad de Género y Derechos Humanos: La construcción de las humanas. Programa Oficial de Posgrao en Estudos de Xénero da Universidade de Vigo. España. Disponível em: <http://webs.uvigo.es/xenero/profesorado/ marcela_lagarde/construccion_humanas.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2012. MENDONÇA, Jorge L. Feminicídio ou Femicídio? Disponível em: <https://jor- geluizmendonca.jusbrasil.com.br/artigos/473171337/femicidio-ou-feminicidio>. Acesso em: 9 jul. 2018. SCAVONE, Lucila. 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