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Lazer, Trabalho e Sociedade

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Prévia do material em texto

Lazer, Trabalho 
e Sociedade
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Pedro Fernando Avalone Athayde
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira
Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
• Introdução;
• O Trabalho como Essência Humana;
• Organização do Processo de Trabalho;
• A Produção de Mercadorias;
• O Trabalho Alienado.
 · Compreender que o trabalho é uma categoria fundamental para 
a ontologia;
 · Conhecer as etapas do processo de trabalho;
 · Identificar como é realizada a mais-valia na produção de mercadorias;
 · Conhecer as mudanças no processo de trabalho que o alienam 
do trabalhador.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Conceitos básicos sobre
o trabalho e tempo livre
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Introdução
Estamos iniciando nosso trajeto rumo à compreensão das temáticas que com-
põem a disciplina “Lazer, Trabalho e Sociedade”. Nesta disciplina, nos dedicare-
mos a compreender as interfaces existentes entre esses três fenômenos – algumas 
consensuais, outras bastante conflitantes – buscando sempre fazer o exercício de 
reflexão crítica acerca dessas relações, a fim de melhor entender seus desdobra-
mentos históricos e sociais.
Portanto, para facilitar a reflexão e compreensão, estabelecemos paradas obri-
gatórias nessa trajetória. A primeira unidade de conteúdo se dedicará ao tema dos 
“Conceitos básicos sobre o trabalho e o tempo livre”. Esse momento tem como 
objetivo conhecermos algumas características históricas do trabalho como um ele-
mento importante na constituição dos seres humanos. Além disso, é importante 
percebemos que o trabalho e modo como as coisas são produzidas passam por 
transformações e essas mudanças tem consequências sobre o tempo em que não 
estamos trabalhando, denominado aqui de tempo livre.
Você já percebeu como esperamos ansiosamente por um feriado prolongado 
ou mesmo pelas sonhadas férias de final de ano? Notou como muitas vezes nos 
sentimos divididos como na imagem a seguir, entre a produção material de nossa 
vida, no trabalho e a possibilidade de fruição de outras atividades mais prazerosas? 
Por que isso acontece? Por que nos sentimos tão divididos e temos sentimentos tão 
distintos nesses diferentes momentos de nossa existência?
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
8
9
Questões como essas acima simbolizam algumas das discussões que farão parte 
da nossa primeira parada. Nesta Unidade, almejamos compreender o porquê de 
o trabalho constituir a essência dos seres humanos, sendo o propulsor de nossa 
evolução e nos diferenciando dos outros seres vivos. Além disso, passaremos 
ainda pelo caminho de compreender como o trabalho se desenvolveu, o que ele 
representa e como ele se apresenta na sociedade contemporânea.
E aí, vocês estão prontos para essa viagem? Podemos iniciar esse caminho de 
desafios e aprendizado? Então, vamos lá!
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
O Trabalho como Essência Humana
Vivemos numa sociedade onde o trabalho ainda ocupa um lugar de muito 
destaque. Parece não existir muitas dúvidas sobre essa afirmação. Para comprová-
la, basta olharmos como sofre um pai de família que se encontre numa situação de 
desemprego. Outro dado importante é a quantidade de pessoas que mesmo depois 
de uma certa idade voltam a frequentar uma faculdade, ou um curso técnico com o 
objetivo de ingressar, ou melhor se posicionar no mercado de trabalho. 
No entanto, você alguma vez se perguntou o que é o trabalho? Já teve a curio-
sidade de olhar no dicionário seu significado? Essas perguntas, a priori, parecem 
estranhas e desnecessárias, não é mesmo? Afinal, o trabalho já faz parte de nosso 
cotidiano e a importância dele está internalizada em nosso senso comum. E, por-
tanto, não são necessárias muitas conceituações ou reflexões a seu respeito. Temos 
uma concepção em que o trabalho é a forma de produzirmos nossa vida, ganhando 
dinheiro por nossas atividades, sustentamos nossas famílias com ele, certo?
9
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Mas, se mesmo conhecendo a importância e o valor do trabalho, você insistisse 
em se fazer as perguntas acima, a que respostas chegaria? Para saber a resposta 
a essa questão, é necessário compreendermos melhor as conceituações que foram 
desenvolvidas sobre o trabalho ao longo da nossa história!
Segundo os autores Netto e Braz (2009), o trabalho originalmente é o ato pelo 
qual os indivíduos transformam as matérias naturais em produto que atendam às 
suas necessidades.
Importante!
Perceba que, nesse primeiro momento, compreenderemos o trabalho em uma perspec-
tiva mais abstrata, para então entendermos as transformações e características das for-
mações sociais que passamos e a atual fase de desenvolvimento capitalista.
Importante!
Mas se pararmos para pensar nesse conceito mais geral, podemos lembrar que 
os animais também transformam a natureza para atender as suas necessidades. 
Sendo assim, chegaríamos à conclusão de que eles também trabalham. Estaria 
correta essa analogia? 
A resposta para essa pergunta é “não”. A transformação que outros seres vivos 
realizam na natureza não pode ser considerada trabalho, pois o fazem apenas 
respondendo a determinações genéticas e necessidades biológicas. São atividades 
instintivas, não são intencionais ou idealmente planejadas. 
Entretanto, por meio da observação acima, podemos concluir que apropriar-se 
da natureza e transformá-la não são exclusividades dos seres humanos e também 
não é um elemento capaz de nos diferenciar dos demais seres vivos. Mas, então, 
o quê distingue os homens dos animais nesse aspecto de intervenção sobre a 
natureza? Existem quatro características que fazem essa diferenciação.
1. O trabalho não ocorre de maneira direta sobre a matéria natural – 
Diferente dos animais, o homem precisa de instrumentos para auxiliá-lo 
na tarefa de transformar a natureza. E esses instrumentos se aprimoram à 
medida que o homem se desenvolve. De que forma isso acontece? Vejamos 
um pouco melhor...! Ao agir sobre a natureza, o homem encontra uma 
resistência que, às vezes, faz com que ele altere seu planejamento inicial 
e busque aprimorar suas ferramentas paraobter melhores resultados. 
Em outras palavras, o intercâmbio entre homem e natureza, produz um 
conhecimento acumulado e que será utilizado para o atendimento de novas 
necessidades ou de necessidades antigas de maneira mais eficaz.
10
11
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
2. O trabalho não se realiza cumprindo determinações genéticas –
O trabalho exige que o homem tenha habilidades e conhecimentos que 
vão sendo adquiridos por repetição e experimentação. E, o que é mais 
importante, esses conhecimentos serão posteriormente transmitidos a 
seus semelhantes e gerações futuras por meio do aprendizado e do uso da 
comunicação/linguagem.
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
O grande cientista Isaac Newton tem uma celebre frase na qual diz “Se eu vi mais longe, 
foi por estar sobre ombros de gigantes”. Newton se referia a outros grandes cientistas 
(Galileu Galilei e Johannes Kepler) anteriores a ele e ao conhecimento que deixaram e que 
o possibilitou fazer grandes descobertas. Ou seja, não precisamos reinventar a roda, não é 
mesmo? O processo de socialização de conhecimentos faz com que não iniciemos algo do 
zero. Já existem conhecimentos prévios construídos pela humanidade a serem transmitidos, 
bem como instrumentos cada vez mais desenvolvidos para serem utilizados.
Ex
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or
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UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
3. O trabalho não está preso a uma lista limitada e invariável de 
necessidades – Conforme o homem supre suas necessidades iniciais, 
outras vão surgindo. Mesmo as necessidades biológicas básicas que devem 
ser sempre atendidas (alimentação, reprodução, repouso etc.), acabam 
variando quanto à forma que são efetivadas. A título de exemplo, basta 
olharmos para a maneira como boa parte da cultura ocidental atual senta à 
mesa para se alimentar e perceberemos que ela é muito distinta da forma 
como faziam os homens na Idade Média.
Esta característica de uma permanente construção e reconstrução de necessidades 
demonstra que o trabalho é uma “via de mão dupla”? Ou seja, a medida que o homem 
transforma a natureza, transforma também sua própria natureza!
Ex
pl
or
4. O trabalho é sempre uma atividade coletiva – Esse atributo do trabalho 
é denominado de social. E representa o fator preponderante para o 
desenvolvimento humano e das formas de sociedade. Isso, porque, foi 
graças ao trabalho que a capacidade gregária do homem foi estimulada, 
dando início aos primeiros grupos humanos, o que representou um 
importante salto ontológico no desenvolvimento humano. Portanto, o 
trabalho faz surgir um novo tipo de ser, diferente do ser natural (orgânico 
ou inorgânico): o ser social.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
E o que é esse ser social? Ele corresponde a cada um de nós indivíduos que 
convivemos em sociedades, nas quais estabelecemos relações sociais com outros 
sujeitos, biologicamente iguais, mas distintos em sua história, hábitos e costumes.
12
13
Importante!
Este ser social se diferencia dos demais seres pela sua capacidade de realizar atividades 
teleologicamente orientadas; objetivar-se material e idealmente; comunicar-se 
e expressar-se pela linguagem articulada; tratar suas atividades e a si mesmo de 
modo refl exivo, consciente e autoconsciente; escolher entre alternativas concretas; 
universalizar-se e socializar-se.
Importante!
Pelo que vimos até agora, percebemos porque o trabalho é considerado como 
inerente à “essência humana”, sendo o diferenciador entre os homens e os demais 
animais, carregando em si todo o potencial de evolução e emancipação da espécie 
humana e, ao mesmo tempo, a forma de exteriorização da individualidade dos 
seres. É importante lembrar, no entanto, que por enquanto estamos nos referindo 
ao trabalho em sua gênese e de forma genérica. Nesse sentido, é importante 
conhecermos melhor como se organizava esse trabalho a que nos referimos. 
Organização do Processo de Trabalho 
Pelo que abordamos na seção anterior, foi possível compreender que o trabalho 
representa a essência humana, que é o elemento de distinção entre os seres humanos 
e os animais e que é um aspecto fundamental para o desenvolvimento humano. 
Mas, você pode estar com a sensação de que essa compreensão do trabalho ainda 
está abstrata? Calma... Vamos desenvolver melhor o assunto!
Segundo Marx, trabalho é toda alteração intencional do homem sobre a natureza 
e se desenvolve em três momentos fundamentais: Projeto; Execução e Produto. 
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
13
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
1. Projeto – Neste momento é que se encontra a intencionalidade do 
trabalho. O projeto é a forma de teleologia (pensar previamente) do 
trabalho. Significa que antes de fazer concretamente, já se sabe o que 
fazer, como fazer, o que é necessário para fazer etc. Ou seja, é antecipar 
idealmente (na ideia) o que será realizado. Netto e Braz (2009) denominam 
esse processo de atividade teleologicamente orientada, sendo uma das 
exigências colocadas pelo trabalho para a constituição do ser social.
Aqui cabe destacar que o projeto pode ser mais ou menos elaborado de acordo 
com as condições concretas de apropriação a que o indivíduo está submetido, de 
sua origem, de suas apropriações, dos processos de socialização etc. Em outras 
palavras, a qualidade do projeto está diretamente ligada aos conhecimentos e às 
experiências de quem o projeta.
Importante!
Você lembra a segunda característica que vimos no tópico anterior, sobre o processo de 
socialização dos conhecimentos? Quanto maior for a apropriação que o indivíduo possui, 
mais elaborado será o seu projeto. As relações sociais, portanto, são importantes para 
determinar as condições concretas para essa elaboração. Em nossa sociedade atual, o 
problema se encontra no fato de os produtos humanos – materiais e imateriais – não 
estarem disponíveis a todos os indivíduos.
Importante!
Embora a realização do projeto seja importante para a efetivação do trabalho, 
ela não significa sua realização. Portanto, uma vez elaborado o projeto, temos que 
passar para a execução.
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
2. Execução – Essa fase representa o momento em que se coloca em prática 
o que foi projetado. É o momento em que ocorre a transformação da na-
tureza e, ao mesmo tempo o sujeito acaba também sendo transformado. É 
muito comum que a execução não aconteça exatamente como foi projeta-
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da, pois a natureza impõe uma resistência à sua ação, mas que enriquece 
o sujeito para um novo projeto, com novas habilidades. Então, nessa etapa 
do processo de trabalho, sofrem mudanças a natureza e o homem.
O trabalho, portanto, implica um movimento em dois planos. O primeiro no 
plano subjetivo, já que o projeto se dá nessa dimensão. O planejamento, ainda 
que envolva equipes, é um momento de abstração e de levantamento de ideias e 
possibilidades. Já o segundo plano é objetivo, a execução propriamente dita, que 
consiste na alteração material da natureza. 
Dessa forma, podemos afirmar que a realização do trabalho constitui uma 
objetivação do sujeito que o realiza. Podemos dizer que é o momento em que 
o trabalhador se apresenta ao mundo por meio do produto de sua educação. Ao 
mesmo tempo, é possível afirma que há uma subjetivação da realidade objetiva no 
trabalhador (sujeito), representando os conhecimentos internalizados a partir desse 
intercâmbio com a natureza.
Como assim, uma objetivação do sujeito e uma subjetivação da realidade? Lembram que fala-
mos que o processo de trabalho é uma “via de mão dupla”? Essa afi rmação signifi ca dizer que ao 
fi nalizar o processo de trabalho, o sujeito se identifi ca com o produto do seu trabalho, ou seja, 
se objetiva! Ele se enxerga e se percebe naquele objeto. Do mesmo modo, o produto refl ete 
também toda a subjetivação do sujeito, ou seja, suas relações, seus contextos e sua realidade. 
Ex
pl
or
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
3. Produto – Agora temos a concretização do projeto. O produto representaa fase fi nal do processo de trabalho, que é exatamente a natureza já trans-
formada e a confi guração de um novo momento na realidade. Ou seja, a 
realidade já está diferente do que era.
15
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Essa nova realidade (depois do trabalho realizado) expressa ao mesmo tempo o su-
jeito que trabalhou nela (e se objetivou) e a concretização da humanidade na realidade 
(já que o projeto representa o desenvolvimento humano que o sujeito se apropriou).
Projeto
Pre�guração
Prévia Ideação
Execução
Ação material
do sujeito
Produto
Figura 9
A partir dessa sequência lógica, podemos visualizar o processo de trabalho e 
compreendê-lo como uma atividade adequada a um fim, ou seja, possuirá um valor 
de uso, uma utilidade. Pertencente exclusivamente aos homens, que submetem a 
natureza às suas necessidades.
Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente 
ao homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão 
e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção 
dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior 
arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, 
antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho, obtém-se 
um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador 
e, portanto, idealmente (MARX, 1983, p. 149).
Ao ler esta citação, devemos ter o cuidado de não compreender o trabalho de 
uma maneira simplista, como sendo apenas a exteriorização de uma vontade a 
priori. Devemos considerar aqui o que consta nas três etapas do processo de tra-
balho: as relações de produção, a atividade orientada, os meios de produção, os 
objetos de trabalho e o produto final.
Os meios de produção são a união (soma) dos meios de trabalho e os objetos do trabalho. 
Os meios de trabalho correspondem a tudo aquilo que o homem utiliza para trabalhar 
(ferramentas, instalações, terra etc.), enquanto os objetos do trabalho dizem respeito a tudo 
o que incide trabalho humano.
Ex
pl
or
Não se trata, portanto, de privilegiar a razão sobre o objeto, mas sim de valorizar 
uma relação dialética entre eles, na qual a práxis (a prática refletida) é o conhecimento 
e simultaneamente instrumento de conhecimento. Não existe conhecimento à 
margem da atividade prática do homem. “Conhecer é conhecer objetos que se 
16
17
integram na relação entre o homem e o mundo, ou entre o homem e a natureza, 
relação que se estabelece graças à atividade prática humana” (VÁZQUEZ, 1990: 
153). Em síntese, é na prática que se comprova a verdade do pensamento, pois 
não existe uma verdade em si, circunscrita ao campo do pensamento.
Para a realização do trabalho, temos dois tipos de objetos de trabalho: 1) os 
objetos pré-existentes, ou matérias brutas e 2) os objetos chamados de matéria 
prima. A diferença entre eles é somente se houve ou não intervenção humana. Se 
é ou não resultado de trabalho.
Objeto pré-existente: como o nome já diz, existe previamente. Não é fruto de nenhuma 
intervenção humana. Está em sua condição in natura. Por exemplo, o peixe que não foi 
pescado, a árvore que não foi cortada, o fruto que não foi colhido.
Matéria prima: objeto de trabalho que já passou por uma intervenção anterior. Por exemplo, 
a madeira que já foi cortada, o látex extraído para confecção da borracha etc.
Ex
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or
Ficaram claras quais as diferenças entre os objetos de produção? Para diferenciá-
los é simples, basta você observar se foi resultado de trabalho ou não.
No processo de trabalho, temos também os meios de trabalho, que Vazquez 
(1990) afirma que:
[...] o meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas que o 
trabalhador coloca entre si mesmo e o objeto de trabalho e que lhe serve 
como condutor de sua atividade sobre esse objeto. Ele utiliza propriedades 
as mecânicas, física, químicas das coisas para fazê-las atuar como meios 
de poder sobre as outras coisas conforme seu objetivo. (p. 150).
Importante!
Até esse momento, observamos que para a concretização do trabalho se realiza uma 
transformação na natureza que pretendíamos (projeto) desde o início. Quando o 
processo termina, temos aquilo que havia sido idealizado: o produto – que é a natureza 
trabalhada e adaptada às necessidades humanas. Durante o processo, temos os meios 
de trabalho como meios de produção, o trabalho (a atividade) como trabalho produtivo 
(de valores de uso, por enquanto). 
Demonstramos, também, que uma das implicações do trabalho é o próprio sujeito no tra-
balho. Como assim? Bem, percebemos que o pensar é movimentado pelo fazer e a ob-
jetivação do sujeito concretiza a consciência, mas ao mesmo tempo, a natureza se torna 
particular no sujeito que trabalha. (Mais uma vez, vale lembrar da “via de mão dupla”).
Em Síntese
17
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Embora o trabalho represente tudo o que vimos até aqui, só conseguimos 
compreender toda a sua potencialidade se o considerarmos independentemente de 
qualquer forma social determinada historicamente. 
Vamos nos aprofundar então na compreensão mais contextualizada do 
trabalho na sociedade capitalista? Assim, aproximamos de nossa realidade toda a 
compreensão que tivemos até agora.
 A Produção de Mercadorias
Até agora vimos que o sujeito se objetiva no trabalho, ou seja, se realiza, se 
expressa livremente, demonstra sua subjetividade, se humaniza nesse processo. 
Tais características justificam nossa afirmação de que o trabalho representa a 
essência humana.
Entretanto, será que o trabalho é sempre um instrumento de desenvolvimento 
humano, independente do momento histórico em que se desenvolve e das 
transformações por que passa? O trabalho mantém essas características no 
momento mais contemporâneo? Para responder a essas questões, vejamos o que 
é o trabalho na sociedade capitalista atual.
O capitalismo pode ser caracterizado como a “sociedade das mercadorias”. De 
acordo com o processo histórico de desenvolvimento desse modo de produção, o 
trabalho humano é, fundamentalmente, produtor de mercadorias, assim como seu 
próprio trabalho transforma-se em uma mercadoria, denominada força de trabalho.
Figura 10
Fonte: iStock/Getty Images
A partir dessa transformação, o trabalho, antes espaço e tempo de desenvolvi-
mento das potencialidades do ser humano e de constituição de sua identidade, pas-
sa a ser o oposto disso. O trabalho passa a ser um momento mais representativo 
de “desrealização humana” do que expressão de liberdade, pois ele é tão-somente 
uma mercadoria: a mercadoria força de trabalho – elemento central para o proces-
so de valorização do capital.
18
19
Para melhor compreendermos esse processo no qual o próprio trabalho acaba 
se tornando em uma mercadoria, chamado “mercantilização do trabalho”, é 
necessário antes entendermos o que é a mercadoria e quais as relações que traz 
embutida em sua forma.
Atualmente, somos inundados por um universo de propagandas que nos 
impulsionam a um consumo cada vez maior dentro de um universo amplo e 
diversificado. Diante desse cenário, você alguma vez já parou para pensar: Mas, 
afinal, o que é mercadoria?
A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa a qual pelas 
suas propriedades satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. A 
natureza dessas necessidades, se elas se originam do estômago ou da 
fantasia, não altera nada a coisa. (MARX, 1983, p. 45).
Considerando a citação acima, podermos desenvolver a seguinte refl exão: Se toda merca-
doria atende a uma necessidade humana, é porque ela possui uma utilidade, certo? Pode-
ríamos, então, dizer que elas possuem valor de uso. Sendo assim, temos aqui uma relação 
qualitativa entre o sujeito e a “coisa”. No entanto, será que todos os produtos do trabalho 
humano que tem valor de uso são mercadorias? A resposta a essa pergunta é não. Nem 
todo produto é mercadoria! Nem tudo que possui valor de uso é mercadoria! Passa a ser 
considerada uma mercadoria aquele produto com valorde uso que pode ser reproduzido ou 
replicado em larga escala. Quer um exemplo? Todos nós conhecemos ou já ouvimos falar da 
obra de arte Mona Lisa de Leonardo Da Vinci. A pintura original, embora possa receber um 
valor fi nanceiro, não é uma mercadoria, mas sim uma obra de arte e um patrimônio cultural 
da humanidade. No entanto, as inúmeras cópias do quadro – independentemente de sua 
qualidade - que são comercializadas mundo a fora são mercadorias. Agora fi cou mais fácil 
de compreender, não é mesmo?
Ex
pl
or
O que a reflexão acima coloca em destaque é que para o produto do trabalho 
humano tornar-se mercadoria, há a necessidade de que o objeto tenha, para além 
do valor de uso, um valor de troca. O valor de troca é a capacidade que o objeto 
tem de ser trocado. Em um primeiro momento, no qual ainda não existia uma 
unidade de equivalência universal, essa troca se realiza por outros produtos. Essa 
condição demonstra que dentro do modo de produção da sociedade capitalista, 
o resultado da produção necessita, para sua realização completa, também ser 
“consumido” no momento da circulação. 
Obviamente, você já deve ter percebido que para efetuar a troca entre produtos, 
há a necessidade de que os objetos a serem trocados tenham alguma utilidade 
para as pessoas envolvidas nessa relação. Assim, o valor de troca manifesta-se 
no momento em que os homens estão realizando uma relação de troca de coisas. 
Diferentemente do valor de uso, o valor de troca revela uma mediação entre homens 
possuidores de objetos que serão trocados. Essas trocas se originam da produção 
excedente ao consumo próprio ou familiar.
19
UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Mas, como assim o excedente? Faz sentido eu produzir algo que não vou utilizar 
ou que não tenho necessidade? O que o homem produz para consumo próprio é 
baseado na sua utilidade, ou seja, possui valor de uso. Todavia, por vezes, há sobras 
dessa produção, essa parte que excede não tem mais utilidade para seu produtor. 
Acontece que esse excedente pode vir a ter serventia para outra pessoa e, nesse 
caso, teria também valor de troca. Então, podemos dizer que a mercadoria possui, 
obrigatoriamente, valor de uso e valor de troca.
Para realizar a troca, é necessário equiparar os diferentes produtos. Essa não 
é uma tarefa simples quando pensamos em produtos muito distintos. Como as 
pessoas daquela época faziam para definir o valor de cada um deles? Uma saída para 
essa questão é buscar em cada um dos produtos negociados o que eles possuem em 
comum. E o que eles têm em comum? O que todos os produtos possuem é que eles 
têm embutido em si o trabalho humano. Mesmo produtos agropecuários precisam 
do trabalho humano para se desenvolver e ser cultivado.
Portanto, no início do sistema capitalista de trocas, a equiparação dos pro-
dutos para a troca é feita com base no tempo de trabalho abstrato, necessário 
para produzir aquele objeto que se pretende trocar. É essa quantidade de tempo 
de trabalho que dá valor às coisas. O trabalho humano é, então, o fator que gera 
valor às coisas!
Ao dizer apenas que é o tempo de trabalho que atribui valor aos objetos, poderíamos induzir 
as pessoas a um pensamento equivocado. Vejamos! Se o tempo necessário para produzir 
algo é o que lhe confere valor, poderia imaginar que um trabalhador ao demorar mais para 
produzir algo de forma propositada seria beneficiado com um valor maior de seu produto, ao 
passo que outro trabalhador que se dedicou e conseguiu produzir a mesma coisa em menor 
tempo seria punido. Isso seria verdade se a medida do tempo do trabalho fosse individual 
e não social. Isso porque, o valor de uma mercadoria se dá pelo cálculo da quantidade de 
trabalho socialmente necessário para se produzir determinada mercadoria. 
Ex
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or
Com o passar do tempo, observaremos uma redução do trabalho artesanal 
e a intensificação da atividade comercial. Dentro desse processo histórico, os 
produtores individuais se vinculam às manufaturas e passam a produzir em escala 
industrial. Esse é, sinteticamente, o processo de industrialização.
Como consequência dessa transformação do modo de produção, os trabalhadores 
vão se afastando daquelas etapas do processo de trabalho apresentadas na seção 
anterior. Ao invés de orientar sua produção pelo valor de uso da mercadoria, trocam 
sua força de trabalho por uma remuneração salarial. E é, por isso, que sua força de 
trabalho passa a ser considerada também uma mercadoria.
20
21
O Trabalho Alienado
Quando escutamos a palavra alienado, normalmente pensamos em alguém 
que está desconectado da realidade – ou até mesmo numa condição de insani-
dade mental. Entretanto, o termo alienado também significa separado. Esse é 
o sentido que gostaríamos de enfatizar nesse momento, ao destacar o distancia-
mento do trabalhador das etapas do processo de trabalho – conforme antecipa-
mos na seção anterior.
A seguir uma charge de Thaves, Jornal do Brasil, 19 de Fevereiro de 1997: https://goo.gl/vrvRDZ 
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A primeira separação pode ser vista no momento em que o homem começa 
a produzir para outro e o produto de seu trabalho deixa de lhe pertencer. Aqui 
temos o primeiro momento de negação do homem no trabalho. A separação do 
trabalhador de seu produto. Como assim? Vamos explicar melhor!
Vamos usar como exemplo um artesão que confecciona cadeiras. No início, 
ele mesmo ia até a floresta em busca da madeira, com suas próprias ferramentas, 
produzia a cadeira de acordo com seu planejamento e depois decidia qual seria 
seu fim. Portanto, nesse exemplo, ele detém todo o conhecimento técnico para a 
produção da cadeira do início ao final do processo. E o produto final – a cadeira 
pronta – é representativo de sua subjetividade e criatividade, de acordo com o que 
debatemos na parte inicial desta Unidade. 
Contudo, a partir do momento em que ele foi inserido dentro de uma fábrica, 
o cenário se altera bastante. Os meios de produção (matéria-prima e ferramentas) 
não lhe pertencem mais, nem tampouco o produto final de seu trabalho. A cadeira 
pertence agora a seu empregador, que lhe pagou um salário para adquirir sua força 
de trabalho.
Percebeu que neste exemplo a força de trabalho do artesão/trabalhador 
passou a ser também uma mercadoria? É dessa forma que o trabalhador passa 
a se apresentar ao capitalista (dono da fábrica) e, então, é desenvolvida uma 
nova relação. Nessa nova relação, então, o capitalista fornece a matéria-prima 
e os instrumentos de produção ao trabalhador, compra sua força de trabalho e o 
resultado final, o produto, pertence a ele.
Lembra-se das características da mercadoria, de ter valor de uso e valor de 
troca? Na nova relação descrita acima, ao trabalhador interessa o valor de troca, 
enquanto ao empregador interessa o valor de uso, a utilidade, que para ele será a 
de valorizar cada vez mais o seu capital.
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UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Ao vender a sua força de trabalho, afirmamos que o trabalhador subordina-se 
ao capital. O resultado do seu trabalho não é seu, o destino do produto passa a ser 
decidido por quem pagou seu salário e é o dono da empresa. O trabalhador, então, 
deixa de ser sujeito do processo de produção, passando a submeter-se a quem 
possui os meios de produção e o objeto produzido.
Todo esse processo efetuado pelo capitalista tem um objetivo, uma finalidade: fazer 
com que o seu capital aplicado aumente, ou seja, objetiva a valorização de seu capital.
Já que o objetivo do capitalista é a valorização do seu capital, você já se 
perguntou como esta valorização ocorre? Durante o desenvolvimento do processo 
de industrialização, pudemos verificar a divisão do tempo de produção em dois 
momentos: tempo de trabalho necessário à produção do objeto e o tempo de 
trabalho excedente.
O tempo de trabalho necessário, como o nome já diz, é o tempo em que o 
trabalhador necessita para produzir o objeto. Ele será pago em função desse tempo 
(após a comercialização do objeto que produziu).No entanto, após confeccionar a 
quantidade de cadeiras necessárias para pagar o seu salário, o trabalhador não está 
liberado para ir embora, pois ele deve cumprir com sua jornada de trabalho.
Lembra-se que o objetivo do dono da fábrica é conquistar a valorização do seu 
capital aplicado! Pois então...é aí que está a importância do tempo de trabalho 
excedente. É nesse tempo que o trabalhador continuara a produzir e que, portanto, 
o empregador irá valorizar/aumentar seu capital, extraindo seu lucro sobre o 
trabalhador. A isso chamamos de mais-valia.
Esse primeiro momento de industrialização, ainda guarda muitos resquícios do 
modo de produção artesanal. Sendo assim, ainda é comum encontrarmos uma 
situação na qual o trabalhador desenvolve todas as etapas de produção do objeto. 
Nesse caso, o trabalhador ainda tem um forte controle sobre seu ritmo de produção 
e, por conseguinte, a sua produtividade permanece inalterada, ou seja, ele ainda 
determina o tempo que vai demorar em produzir o objeto. 
Entretanto, na cabeça do dono da fábrica, está a intenção de valorizar seu capital, 
ganhar mais dinheiro a partir da venda dos objetos. Como ele poderia realizar esse 
seu desejo? Uma das formas seria aumentando o tempo de trabalho excedente dos 
seus empregados. Concorda? 
Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images
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Diante dessa primeira alternativa, o que acontece é o aumento/extensão da 
jornada de trabalho desse trabalhador. No começo do processo de industrialização, 
vão ser comuns jornadas de trabalho diárias acima de 12 horas. A esse processo 
de valorização pelo aumento da jornada de trabalho deu-se o nome de mais-valia 
absoluta. Quanto mais horas trabalhadas, maior a valorização do capital.
Importante!
Retomando o exemplo do artesão que faz cadeiras. Suponhamos que ele demore 2 ho-
ras para confeccionar 1 cadeira e que a venda dela é sufi ciente para pagar seu dia de 
trabalho. Ele vai embora da fábrica ao fi nalizá-la? Sabemos que não. Supondo que ele 
trabalhe 8 horas por dia, ele fez ao todo 4 cadeiras no dia, certo? Uma para pagar seu 
dia de trabalho e as outras 3 seriam para aumentar o capital investido, do capitalista. No 
entanto, o empregador percebe que ao fi nal de 8 horas o trabalhador, embora cansado, 
ainda tem condições físicas para produzir mais cadeiras, o que aumentaria seu lucro. 
Dessa forma, decide estender a jornada de trabalho para conseguir que sejam produzi-
das mais cadeiras por dia, sem um aumento salarial proporcional a essa ampliação das 
horas trabalhadas. 
Importante!
Obviamente que esse processo de extensão da jornada de trabalho gerou 
alguns empecilhos ao capitalista. De um lado, os trabalhadores tinham limitações 
fisiológicas, precisavam do tempo de repouso de suas forças físicas para continuar 
produzindo, o que impedia que sua jornada fosse sendo estendida cada vez mais. 
De outro lado, surgiram algumas organizações dos trabalhadores para contrapor a 
essa exploração exacerbada, constituindo os movimentos operários que lutavam 
pela redução da jornada de trabalho.
O dono da fábrica depara-se, então, com a impossibilidade de estender a jornada 
de trabalho até a carga horária que ele desejava. Diante desse obstáculo, ele procura 
outras formas para ampliar a extração da mais-valia, desenvolvendo formas para 
alterar o processo produtivo, diminuindo o tempo necessário para a produção do 
seu objeto. Mas, de que forma ele faz isso?
Para aumentar a produtividade, dividiu-se o processo através da gerência cien-
tífica e da divisão pormenorizada do trabalho. Ou seja, divide-se o processo 
produtivo entre os trabalhadores. Estes deixam de fazer todo o processo e passam 
a fazer somente uma parte. Voltando ao nosso exemplo, o trabalhador deixa de 
fazer toda a cadeira e passa a fazer somente as pernas, enquanto outro faz o as-
sento e outro somente parafusa as partes. Nesse processo, uma cadeira fica pronta 
bem antes das 2 horas necessárias para sua fabricação por apenas um trabalhador. 
Como consequência, o empregador consegue o aumento da produção (maior pro-
dutividade), sem aumentar a jornada de trabalho. Tem-se, aqui, uma nova forma de 
exploração do trabalho baseada no aumento da intensidade: a mais-valia relativa.
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UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Precisamos compreender que a “gerência científica e a divisão pormenorizada do trabal-
ho” se deram em um processo em que o capitalista, que não compreendia o processo de 
produção, designa alguns trabalhadores para essa tarefa de dividir o processo produtivo. 
Com essa divisão, enfraqueceu-se as organizações dos trabalhadores, pois estes passam 
a ser desvalorizados. Não são necessários trabalhadores que conheçam o ofício de ser 
artesão, que conheça todo o processo de confecção de uma cadeira, por exemplo, mas o 
trabalhador que consiga lixar a madeira em um formato já estabelecido, que será parafu-
sada junto ao assento.
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Esse processo de divisão da produção e de pormenorização do trabalho, 
descrito acima, propiciou o surgimento de máquinas que substituíam o homem e 
que facilitavam o processo produtivo. O homem, muitas vezes, passou a ser um 
apêndice da máquina. O trabalho morto sugando o trabalho vivo. Essa condição é 
brilhantemente retrata no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
Figura 12
Fonte: iStock/Getty Images
Logo no início dessa seção, destacamos que a palavra alienado significa separado. 
O homem já havia sido separado do produto final do seu trabalho, perdendo sua 
condição de sujeito, passa agora também a ser separado do processo de trabalho, 
visto que não mais produz cadeiras, mas apenas opera uma máquina que corta a 
madeira no formato dos pés destas.
Nesse processo de alienação do trabalhador, este deixa de ser sujeito no processo 
de produção, estando separado, portanto, de todas as fases do trabalho – primeiro 
do produto, depois da execução e do planejamento. A essa condição chamamos 
de subsunção real do trabalho ao capital. Compreenderemos mais à frente essa 
expressão. Por enquanto, é importante que você tenha compreendido o conceito 
de trabalho e seu processo de alienação.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A Era das Revoluções (1789–1848)
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções (1789–1848). 25. ed. São Paulo: Paz e 
Terra, 2009.
 Filmes
2001: uma odisseia no espaço
Estados Unidos/Inglaterra. 1968. Direção: Stanley Kubrick. Duração: 139 min.
A guerra do fogo
Alemanha/Canadá. 1981. Direção: Jean-Jaques Annaud. Duração: 97min.
Germinal
França/Itália/Bélgica. 1993. Direção: Claude Berri. Duração: 158 min.
Tempos modernos
Estados Unidos. 1936. Direção: Charles Chaplin. Duração: 87 min.
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UNIDADE Conceitos básicos sobre o trabalho e tempo livre
Referências
NETTO, J. P. & BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. 5. ed. São 
Paulo: Cortez, 2009.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 
1983. (Os economistas).
VAZQUEZ, A. S. Filosofia da Práxis. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
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