Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Matéria: Direito Penal Professor: Daniel Bispo Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 2 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Aplicação da Lei Penal Sumário 1 - Lei Penal no Tempo ........................................................................ 4 1.1 – Conflito de Leis Penais no Tempo .................................................... 4 1.1.1 - Novatio Legis in Mellius e Abolitio Criminis ..................................... 5 1.1.2 – Novatio Legis in Pejus e Legis Incriminadora .................................. 8 1.1.3 – Lei Excepcional e Lei Temporária.................................................. 9 1.1.4 – Crime Permanente e Crime Continuado ....................................... 11 1.1.5 – Tempo do Crime...................................................................... 13 2 - Lei Penal no Espaço ...................................................................... 14 2.1 - Territorialidade ........................................................................... 14 2.1.1 – Território Nacional ................................................................... 14 2.2 - Extraterritorialidade .................................................................... 16 2.3 – Princípios Aplicáveis à Extraterritorialidade ..................................... 17 2.4 – Pena Cumprida no Exterior .......................................................... 19 2.5 - Lugar do Crime .......................................................................... 19 3 – Eficácia da Sentença Estrangeira ................................................. 21 4 – Contagem de Prazo ...................................................................... 23 5 – Frações não Computáveis da Pena ............................................... 24 6 – Legislação Especial ...................................................................... 25 7 – Interpretação da Lei Penal ........................................................... 25 7.1 – Quanto ao Método ...................................................................... 26 7.2 – Quanto à Origem ....................................................................... 28 7.3 – Quanto ao Resultado .................................................................. 29 8- Referencial Bibliográfico................................................................ 30 Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 3 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Lista de Esquemas Esquema 1 - Leis penais no tempo .......................................................... 5 Esquema 2 – Lei mais Benéfica .............................................................. 7 Esquema 3 - Lei mais Gravosa ............................................................... 9 Esquema 4 - Lei Excepcional e Lei Temporária ........................................ 10 Esquema 5 - Território Nacional ............................................................ 15 Esquema 6 - Extraterritorialidade ......................................................... 17 Esquema 7 - Princípios / Extraterritorialidade ......................................... 18 Esquema 8 – Lugar e Tempo do Crime .................................................. 20 Esquema 9 - Eficácia de Sentença Estrangeira ........................................ 23 Esquema 10 - Interpretação da Lei Penal ............................................... 26 Esquema 11 - Quanto ao Método .......................................................... 28 Esquema 12 - Quanto à Origem............................................................ 29 Esquema 13 - Quanto ao Resultado ...................................................... 30 Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 4 de 30 www.exponencialconcursos.com.br 1 - Lei Penal no Tempo Assim como tudo que é vivo tem seu tempo de nascer, crescer e morrer, não é diferente com a Lei Penal, passando pelo processo legislativo e após sancionada, entra no período de “vacância” ou vacatio legis (leia-se: vacácio légis), período de publicidade da lei penal, período no qual a lei torna-se conhecida. Na vacatio legis ainda não houve a revogação da lei anterior, que continua produzindo efeitos. Dessa forma, o ius puniendi estatal, ou seja, o direito de punir do Estado, tem nascimento com a entrada em vigor da lei penal. Isso garante ao cidadão de que não será surpreendido com a criminalização de uma conduta que antes era descriminalizada ou com o agravamento de um fato típico, o que também garante a segurança jurídica, ou seja, dá ao cidadão a certeza da correta aplicação da lei ao caso concreto. Vale ressaltar que, conforme doutrina majoritária, a lei penal não produz efeitos enquanto em seu período de vacância, visto que pode nunca entrar em vigor. 1.1 – Conflito de Leis Penais no Tempo Em razão do surgimento de uma nova lei, como fica a aplicabilidade da lei revogada? No caso de haverem duas leis sobre a mesma matéria penal, qual delas deverá ser aplicada ao caso concreto? Em virtude dessas indagações é que surge o conflito de leis penais em razão do tempo. Uma Lei Penal, após seu período de vacância, pode produzir efeitos a fatos posteriores à sua vigência e, mesmo após revogada, pode continuar produzindo efeitos aos atos praticados durante sua vigência, mas que só foram sentenciados após sua revogação. Em razão dessas possibilidades, surge a dúvida sobre a aplicação de leis que se sucedem. Para isso, deve-se observar alguns aspectos da Lei Penal. a) Fenômeno da atividade A lei penal é aplicada a fatos que ocorrem durante seu período de vigência. b) Fenômeno da Extra-atividade A lei penal pode ser aplicada a fatos anteriores ou posteriores ao seu período de vigência. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 5 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 1 - Leis penais no tempo Quando é aplicada a fatos anteriores ao seu período de vigência, diz-se retroatividade; e quando é aplicada a fatos posteriores à sua vigência, diz-se ultra-atividade. Por via de regra, a lei penal deve ser aplicada a fatos ocorridos dentro do seu período de vigência, sendo o fenômeno da extra-atividade uma exceção. Conforme se observa no princípio da irretroatividade da lei penal, também conhecido como princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, insculpido no artigo 5º, XL, da CRFB/88. Dessa forma, apenas a lei penal mais benéfica poderá retroagir. Artigo 5º, XL, da CRFB/88: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.” 1.1.1 - Novatio Legis in Mellius e Abolitio Criminis A lei penal mais benéfica se divide em novatio legis in mellius e abolitio criminis. a) Novatio legis in mellius É a lei penal nova que trás benefícios ao réu como: redução da pena, abrandamento do regime de cumprimento de pena, autorização de concessão de benefícios, redução de prazos prescricionais..., contudo, ainda considerando o fato praticado como crime. •Efeitos Durante a vigência da Lei PenalAtividade •Efeitos Antes (retroatividade) ou Após seu período de Vigência (ultra-atividade)Extra-atividade Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 6 de 30 www.exponencialconcursos.com.br b) Abolitio criminis É a lei penal que descriminaliza uma conduta, tendo como efeito a extinção da punibilidade, conforme art. 107, III, do Código Penal. a) Antes do trânsito em julgado: Quando a abolitio criminis ocorre antes de trânsitoem julgado de sentença penal condenatória, todos os efeitos, penais e extrapenais, ficam impedidos. b) Após o trânsito em julgado: Quando a abolitio criminis se dá após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, ficam impedidos apenas os efeitos penais da condenação, mantendo-se os efeitos extrapenais. Art. 107 do CP - Extingue-se a punibilidade: III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; Como exemplo de abolitio criminis podemos destacar o artigo 240 do Código Penal, revogado pela Lei nº 11.106, de 2005, que previa o crime de adultério, com pena de detenção de 15 dias a 6 meses. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 7 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 2 – Lei mais Benéfica (TJ-SC – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – IESES – 2019) Quanto à aplicação da lei penal e processual penal no tempo e no espaço, é INCORRETO afirmar: a) Com relação ao lugar do crime, para efeito de aplicação da lei brasileira e sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, nos termos do seu art. 6º, considerando praticado o delito no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. b) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, ainda que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. c) Com relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou, nos termos de seu art. 4º, a teoria da atividade, considerando praticado o delito no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. • Fato ainda considerado como crime • Trás benefícios ao réu • Redução de Pena • Abrandamento de regime de cumprimento de pena • Autorização de concessão de benefícios • Redução de prazos prescricionais Novatio Legis in Mellius • Descriminaliza a conduta • Extingue a punibilidade - art. 107, III, do CP Abolitio Criminis Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 8 de 30 www.exponencialconcursos.com.br d) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória, salvo se já transitada em julgado. Resolução: O comando da questão pede a questão incorreta, e exceto a letra D, todas as demais questões estão corretas, de acordo com a legislação de referência. A letra D está incorreta no final da resposta. Ela se refere à abolitio criminis, ou seja, segundo o art. 107, III, do CP, é causa de extinção da punibilidade, independente de transitado em julgado. Gabarito 1: D 1.1.2 – Novatio Legis in Pejus e Legis Incriminadora A lei penal mais gravosa se divide em novatio legis in pejus e legis incriminadora. a) Novatio legis in pejus Se diz da lei nova que dá tratamento mais rigoroso ao réu, contudo, mantendo como crime o fato praticado. É a lei nova que pode suprimir concessão de benefícios, aumenta prazos prescricionais, prevê cumprimento de pena mais severo... b) Legis incriminadora É a lei nova que cria um tipo penal, criminaliza condutas, cria crimes, torna uma conduta que antes era permitida em proibida. Como exemplo de legis incriminadora, foi sancionada a Lei nº 14.132/2021, inserindo o crime de “Perseguição” ou Stalking, no art. 147-A do Código Penal. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 9 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Art. 147-A do Código Penal: “Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando- lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade”. Esquema 3 - Lei mais Gravosa 1.1.3 – Lei Excepcional e Lei Temporária O artigo 3º do Código Penal estabelece aplicabilidade da lei excepcional e lei temporária. Lei excepcional ou temporária Art. 3º, do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. • Tratamento mais rigoroso ao réu • Fato praticado continua sendo crime • Suprimir concessão de benefícios • Aumenta prazos prescricionais • Prevê cumprimento de pena mais severo Novatio Legis in Pejus • Torna proibida conduta antes permitida • Criminaliza condutas • Cria crimes Legis Incriminadora Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 10 de 30 www.exponencialconcursos.com.br a) Lei Excepcional É a lei aplicada em situações de excepcionalidade, como calamidade pública, guerra, epidemia, permanecendo vigente até cessar o fato que a fez entrar em vigor. b) Lei Temporária É a lei que tem sua vigência regulada por um determinado período de tempo. Embora parte da doutrina considere que as leis excepcionais e as leis temporárias são extra-ativas / ultra-ativas, tendo em vista que mesmo após cessadas as condições que determinaram sua criação, são aplicadas a fatos havidos durante sua vigência, contudo, podem não ser revogadas, tendo apenas seu efeito suspenso, até que seja reestabelecida sua condição de aplicabilidade. Dessa forma, não há que se falar em extra-atividade, já que continua vigente, mas com efeitos suspensos. Esquema 4 - Lei Excepcional e Lei Temporária Lei Excepcional Situação Excepcional Tempos de Guerra Calamidade Pública Epidemia Lei Temporária Por determinado período de tempo Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 11 de 30 www.exponencialconcursos.com.br (TJ-PR - Juiz Substituto - CESPE – 2019) Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um exemplo de lei penal a) excepcional. b) temporária. c) corretiva. d) intermediária. Resolução: Em razão do comando da questão informar que a lei geral da copa tem data de vigência, é correto afirmar que tal lei é uma lei temporária. Lei intermediária é aquela que tem data de vigência por um tempo determinado, para que produza efeitos em um período determinado. Gabarito 2: B 1.1.4 – Crime Permanente e Crime Continuado Denomina-se crime permanente todo aquele que tem seu momento consumativo se prolongando no tempo, ou seja, se renova dia a dia, é como se a consumação não cessasse. Sequestro e Cárcere Privado Art. 148, do CP - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado. Assim sendo, enquanto a vítima estiver privada da liberdade, o crime de sequestro e cárcere privado está se renovando. Denomina-se crime continuado ou continuidade delitiva a prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo e lugar, desde que exista uma ligação entre eles e sejam os subsequentes, Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 12 de 30 www.exponencialconcursos.com.br continuação dosanteriores. Cabe ressaltar que ao mencionar que os crimes são da mesma espécie, significa dizer que precisam atingir ao mesmo bem jurídico, desde que obedeçam aos critérios do artigo 71, do CP. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. E como fica a aplicação da lei penal aos crimes permanentes e crimes continuados? Bom, basta que se observe o enunciado da súmula 711 do Supremo Tribunal Federal. Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Fica claro que a lei aplicada ao caso será a lei que esteja em vigor no momento da ocorrência do crime, o que autoriza a aplicação de lei mais gravosa aos crimes permanentes e aos crimes continuados, já que uma lei mais gravosa pode entrar em vigor enquanto não cessar a consumação desses crimes. Vejamos o exemplo do Recurso em Habeas Corpus nº 83.437, de relatoria do ex-ministro Joaquim Barbosa, da 1ª Turma, julgado em 10-2-2004 e publicado em 18-4-2008. 1. A conduta imputada ao paciente é a de impedir o nascimento de nova vegetação (art. 48 da Lei 9.605/1998), e não a de meramente destruir a flora em local de preservação ambiental (art. 38 da Lei Ambiental). A consumação não se dá instantaneamente, mas, ao contrário, se protrai no tempo, pois o bem jurídico tutelado é violado de forma contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-se, portanto, de crime permanente. 2. Não houve violação ao princípio da legalidade ou tipicidade, pois a conduta do paciente já era prevista como crime pelo Código Florestal, anterior à Lei nº Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 13 de 30 www.exponencialconcursos.com.br 9.605/1998. Houve, apenas, uma sucessão de leis no tempo, perfeitamente legítima, nos termos da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal. 3. Tratando- se de crime permanente, o lapso prescricional somente começa a fluir a partir do momento em que cessa a permanência. Prescrição não consumada. RHC 83.437, rel. min. Joaquim Barbosa, 1ª T, j. 10-2-2004, DJE 70 de 18-4- 2008. 1.1.5 – Tempo do Crime É importante a observância do momento do cometimento do crime para que se estabeleça a lei aplicada, que se verifique a imputabilidade ou inimputabilidade do agente. O Código Penal estabelece a teoria da atividade, ou seja, que considera praticado o crime no momento da ação ou omissão, independentemente do momento do resultado. Tempo do crime Art. 4º, do CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. a) Crime Permanente Como sua consumação se prolonga no tempo, existe a possibilidade da entrada em vigor de lei nova, que será aplicada ao fato, respondendo o agente pelo que se estabelece na lei nova (mais gravosa ou mais benéfica). Também importa verificar que caso o agente tenha menos de 18 anos no momento em que se inicia a consumação e complete 18 anos durante a consumação, será considerado plenamente capaz, respondendo criminalmente pela conduta criminosa. b) Crime Continuado Diferente do crime permanente, como o crime continuado importa no cometimento de diversos crimes, caso o agente esteja completando a maioridade penal durante a prática delitiva, responderá por ato infracional pelos atos praticados enquanto menor de 18 anos e responderá por crime, pelos atos praticados após completar a maioridade penal. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 14 de 30 www.exponencialconcursos.com.br 2 - Lei Penal no Espaço 2.1 - Territorialidade O Caput do artigo 5º do Código Penal consagrou o princípio da Territorialidade. Territorialidade Art. 5º, do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Desse modo, em regra, a lei brasileira será aplicada aos crimes cometidos dentro do território nacional. 2.1.1 – Território Nacional Por definição jurídica, entende-se por território nacional: • os limites compreendidos pelas fronteiras nacionais; • o mar territorial brasileiro (faixa que compreende o espaço de 12 milhas contadas da faixa litorânea média — art. 1º da Lei nº 8.617/93); • todo o espaço aéreo subjacente ao nosso território físico e ao mar territorial nacional (princípio da absoluta soberania do país subjacente — Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 11, e Lei nº 8.617/93, art. 2º); • as aeronaves e embarcações: a) brasileiras privadas, em qualquer lugar que se encontrem, salvo em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro; b) brasileiras públicas, onde quer que se encontrem; c) estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 15 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 5 - Território Nacional (PGE-SC – Procurador do Estado – FEPESE – 2018) Sobre a aplicação da lei penal, conforme o Código Penal, assinale a alternativa correta. a) O dia do começo exclui-se no cômputo do prazo. b) Considera-se praticado o crime no momento do resultado lesivo. c) A lei posterior aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. d) A lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, é inaplicável ao fato praticado durante sua vigência se não instaurado o procedimento penal ao tempo da conduta típica por ela regida. e) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Território Nacional Fronteiras Nacionais Mar Territorial Brasileiro Espaço Aéreo sobre Terra e Mar Territorial Aeronaves e Embarcações Brasileiras privadas, em qualquer lugar que se encontrem Salvo em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro Brasileiras públicas, onde quer que se encontrem Estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 16 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: a) Incorreta – O prazo penal tem início no primeiro dia do termo inicial. Art. 10 do CP. b) Incorreta – O código penal adotou a teoria da atividade, considerando-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, mesmo que outro seja o momento do resultado. Art. 4º do CP. c) Incorreta – Apenas a lei benéfica pode retroagir para beneficiar o réu. Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. d) Incorreta – Contraria a súmula 711 do STF e o art. 3º do CP. A lei excepcional ou temporária, ainda que decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, é aplicável ao fato praticado durante sua vigência. e) Correta – É exatamente o que consta no art. 5º, § 2º, do CP. Gabarito 3: E 2.2 - Extraterritorialidade Além dos crimes cometidos nos limites da soberanianacional, segundo o artigo 7º, do Código Penal, para que se evite impunidade em razão de crimes cometidos fora do território nacional, observados alguns critérios definidos no referido artigo, é possível a aplicação da lei brasileira. É importante ressaltar que, respeitado o princípio da soberania nacional, não será possível que se aplique a lei brasileira dentro do território estrangeiro, a menos que haja acordo nesse sentido. Desse modo, a aplicação da lei penal brasileira se dará dentro do território nacional. a) Extraterritorialidade Incondicionada Prevista no inciso I do artigo 7º, do Código Penal. Importante destacar que tais hipóteses são incondicionadas em razão de não haver critérios para sua aplicabilidade. b) Extraterritorialidade Condicionada Prevista no inciso II e no parágrafo 3º do art. 7º, se atendidas as condições do parágrafo 2º e alíneas a e b do parágrafo 3º, do Código Penal. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 17 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 6 - Extraterritorialidade 2.3 – Princípios Aplicáveis à Extraterritorialidade a) Real, da Defesa ou Proteção (art. 7º, I, a, b e c, do CP) A lei brasileira será aplicada quando houver assunto de interesse nacional, como é o caso de crime contra o Presidente da República, contra o patrimônio das unidades da federação, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. b) Justiça Penal Universal (art. 7º, I, d e II, a, do CP) Também conhecido como: Cosmopolita, da Universalidade, da Universalidade do direito de punir. Constitui o direito que todo Estado Nacional tem de punir qualquer crime, independentemente do lugar do ocorrido ou da nacionalidade do agente, desde que tenha o agente adentrado ao seu território. c) Nacionalidade ou Personalidade Ativa (art. 7º, II, b, do CP) Consiste no direito que cada Estado Nacional tem de punir seus nacionais que praticaram crimes, e nesse sentido, não importa a nacionalidade da vítima, tendo em vista que o único critério, nesse caso, é a nacionalidade do agente. • Art. 7º, I do CP • Não há critérios para sua aplicabilidade Incondicionada • Prevista no inciso II e no parágrafo 3º do art. 7º do CP • se atendidas as condições do parágrafo 2º e alíneas a e b do parágrafo 3º do CP Condicionada Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 18 de 30 www.exponencialconcursos.com.br d) Nacionalidade ou Personalidade Passiva (art. 7º, §3º, do CP) Consiste na ideia de que todo cidadão está ligado às leis de seu país, assim sendo, independentemente se o autor for brasileiro ou não, o que importa é a nacionalidade da vítima; e sendo a vítima brasileira, independentemente de ter sido o crime praticado no exterior, será aplicada a lei brasileira. e) Representação ou da Bandeira (art. 7º, II, c, do CP) Consiste na aplicação da lei brasileira quando ocorrido o crime a bordo de aeronaves ou embarcações brasileiras, dentro do território estrangeiro, desde que lá não tenham sido julgados. Esquema 7 - Princípios / Extraterritorialidade Princípios Real, da Defesa ou Proteção (art. 7º, I, a, b e c, do CP) Justiça penal universal (art. 7º, I, d e II, a, do CP) Nacionalidade ou Personalidade Ativa (art. 7º, II, b, do CP) Nacionalidade ou Personalidade Passiva (art. 7º, §3º, do CP) Representação ou da Bandeira (art. 7º, II, c, do CP) Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 19 de 30 www.exponencialconcursos.com.br 2.4 – Pena Cumprida no Exterior Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º do CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Levando-se em conta a extraterritorialidade, e o direito que cada País tem de punir crimes praticados em seu território, que deve-se observar o artigo 8º do CP, para os casos em que haja cumprimento de pena no exterior e aplicação da lei penal brasileira, para que se evite o duplo apenamento pelo mesmo fato, o conhecido princípio do ne bis in idem. Dessa forma, a pena cumprida no exterior possui duas características: a) Atenuar Quando a pena imposta no Brasil for diferente da pena cumprida no exterior, não sendo possível efetuar o desconto da pena já cumprida com a pena imposta no Brasil, deverá ser observada a proporcionalidade e verificado o grau de atenuação da pena a ser imposta no Brasil. b) Computar Ou descontar. Método bem mais simples, em caso da pena cumprida no exterior for idêntica à pena imposta no Brasil, será subtraída a pena já cumprida pela pena imposta no Brasil, devendo o agente cumprir pela quantidade de pena restante. 2.5 - Lugar do Crime Importante se verificar que o Brasil adotou a teoria da “ubiquidade”, ou seja, o lugar do crime pode ser definido como o local da ação ou omissão, assim como o local do resultado, desse modo, se o agente inicia a execução de um crime no território paraguaio, mas a consumação se dá no Brasil, aplica-se a lei brasileira. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 20 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Lugar do crime Art. 6º, do CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Esquema 8 – Lugar e Tempo do Crime (TJ-AC – Juiz de Direito Substituto – VUNESP – 2019) Assinale a alternativa correta quanto à aplicação da lei penal. a) Para efeito de análise sobre o local do crime, a legislação brasileira adota a teoria da ubiquidade. b) É incabível a aplicação retroativa da Lei n° 11.343/2006, ainda que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n° 6.368/76, permitida, no entanto, a combinação das mencionadas leis para beneficiar o agente. c) O Código Penal Brasileiro não adotou o princípio da representação na eficácia espacial da lei penal. d) A lei penal mais grave não se aplica ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. L • Lugar U • Ubiquidade T • Tempo A • Atividade Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 21 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: a) Correta – Segundo o art. 6º do CP, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. b) Incorreta – O artigo 5º, XL, da CRFB/88, instituiu o princípio da retroatividade da lei mais benéfica: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Desse modo, a lei mais benéfica pode retroagir, desde que beneficie o réu. c) Incorreto – O artigo 7º, II, c, do CP, firmou o princípio da representação ou da bandeira. d) Incorreto – Como o crime permanente tem sua consumação se renovando e o crime continuado consiste em uma sucessão de crimes, se faz possível a aplicação de lei mais gravosa aos fatos praticados durante sua vigência. É o que se verifica na súmula 711 do STF. Gabarito 4: A 3 – Eficácia da Sentença Estrangeira O art. 9º do Código Penal estabelece as finalidades da homologação de sentença estrangeira e suas condições. • Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis => Desde que haja pedido da parteinteressada. • Sujeitar o agente a medida de segurança => Desde que exista tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Desse modo, os requisitos para homologação de sentença penal estrangeira dependem do disposto no art. 788 do Código de Processo Penal e são os seguintes: • I - estar revestida das formalidades externas necessárias, segundo a legislação do país de origem; • II - haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a mesma legislação; • III - ter passado em julgado; • IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro; • V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 22 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Cabe ressaltar que, segundo o que dispõe o art. 105, I, i, da CRFB/88, a competência para homologação de sentença estrangeira é do STJ. Art. 105, da CRFB/88. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias Reincidência Para efeitos de reincidência, conforme o artigo 63 do CP, não existe necessidade de homologação de sentença estrangeira. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 23 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 9 - Eficácia de Sentença Estrangeira 4 – Contagem de Prazo O Artigo 10 do CP define como se dará a contagem do prazo penal, que interfere diretamente sobre o poder punitivo do Estado: prescrição, decadência, perempção... Contagem de prazo Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Eficácia de Sentença Estrangeira Finalidade A pedido do interessado Reparação do dano / Restituições / Outros efeitos civis Requisição do Ministro da Justica Sujeitar o agente a medida de segurança Requisitos Formalidades segundo a legislação do país de origem Proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a mesma legislação Ter passado em julgado Devidamente autenticada por cônsul brasileiro Acompanhada de tradução, feita por tradutor público Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 24 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Dessa forma, os prazos penais se iniciam no primeiro dia, ou termo inicial e tem como referência o calendário comum. Já os prazos processuais regem a marcha processual, ou seja, prazos para oferecimento de denúncia, prazos para interposição de recursos, para opor embargos... O artigo 103 do CP é um claro exemplo da contagem do prazo penal: Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 do CP - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Em 22 de dezembro de 2021 foi expedido mandado de prisão de 5 dias, contra João. Ocorre que João só foi localizado às 23:50h do mesmo dia. Termo inicial: 22/12/2021 (quarta-feira); 2º dia => 23/12/2021 (quinta-feira); 3º dia => 24/12/2021 (sexta-feira); 4º dia => 25/12/2021 (sábado); Final => 26/12/2021 (domingo). Independentemente de ter sido localizado no final do dia 22/12/2021, é contado como termo inicial, ou seja, 1º dia. De igual modo, ainda que o mandado de prisão tenha como término o dia 26/12/2021 (domingo), o acusado deverá ser posto em liberdade. 5 – Frações não Computáveis da Pena Frações não computáveis da pena: Art. 11 do CP - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 25 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Desse modo, quis o legislador que as frações do dia (horas) e as frações de dinheiro (centavos) fosse desprezada na execução das penas, não sendo o condenado a cumprir pena de 2 anos e 3 horas, por exemplo, ou ao pagamento de mil reais e quinze centavos. Assim quando da dosimetria da pena (cálculo da pena), em razão do juiz aplicar as causas de aumento ou diminuição em frações, caso a pena total tenha horas na sua composição, essas horas serão desprezadas e computados apenas os dias ou anos. Assim como da aplicação de pena pecuniária, muito embora a lei penal estabeleça o pagamento em “Cruzeiros”, entenda-se na moeda corrente, sendo também desprezados os centavos. 6 – Legislação Especial Legislação especial Art. 12 do CP - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. O artigo 12 do Código Penal faz duas importantes abordagens quanto à aplicação das regras gerais da lei penal às leis especiais. 1º => O código penal será norma subsidiária de norma especial, quando a lei especial for silente em algum aspecto; 2º => Em razão do princípio da especialidade, a norma especial terá prevalência sobre as regras gerais do código penal. Dessa forma, entende-se que as regras gerais do código penal só devem ser aplicadas às leis especiais se estas não possuírem qualquer disposição sobre o assunto. 7 – Interpretação da Lei Penal Interpretar a lei penal é tentar buscar seu efetivo alcance, é tentar compreender o que o legislador quis dizer na elaboração da lei penal, qual a intensidade da lesão se busca reprimir. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 26 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 10 - Interpretação da Lei Penal 7.1 – Quanto ao Método Dentre os métodos de interpretação da lei penal, estão o gramatical ou literal, o histórico, o sistemático e o teleológico. a) Gramatical ou Literal É o principal método de interpretação, contudo, não o único, e nem se esgota nele a atividade interpretativa. É nele que se busca o sentido real das palavras empregadas. b) Histórico Pelo método histórico se verificam os motivos que levaram à elaboração da norma penal. Miguel Reale criou o a teoria tridimensional do Direito com os seguintes elementos: fato, valor e norma, no qual, de forma resumida, um fato deve se tornar relevante, recebendo um valoramento social, culminando na elaboração da norma, sendo assim, há que se admitir que toda norma possui um fundamento social histórico. Interpretação da Lei Penal Quanto ao Método Gramatical ou Literal Histórico Sistemático Teleológico Quanto à Origem Autêntica Doutrinária Judicial Quanto ao Resultado Restritiva Extensiva Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 27 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Capoeiragem Decreto nº 847/1890 - Código Penal de 1890. Art. 402, do Decreto nº 847/1890. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordem, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal. Pena: de prisão celular por dois aseis meses. Parágrafo único. É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dobro O crime de capoeiragem, inserido no código penal de 1890, está intimamente ligado ao período escravocrata no Brasil, já que a capoeira era praticada pelos escravos. A prática da capoeira era bastante estigmatizada e causava certo temor nos “homens bons”, motivo pelo qual se buscou reprimir. c) Sistemático A interpretação sistemática leva em conta tudo o que envolve o tipo penal em questão. O intérprete não observa somente a norma penal, mas o todo onde ela está contida, em consonância com os demais dispositivos legais que a sustentam. O art. 5º, XXXVIII, d, da CRFB/88 estabelece a competência do tribunal do júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida. Art. 5º da CRFB/88 XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Contudo, será que também é de competência do tribunal do júri processar e julgar o crime do art. 129, § 3º, do CP, lesão corporal seguida de morte? E utilizando dos recursos disponíveis, verifica-se que o crime do art. 129 do CP não é um crime contra a vida, é um crime contra a incolumidade do corpo, além do que dispõe o art. 74, § 1º do Código de Processo Penal, que elenca os crimes de competência do Tribunal do Jurí. Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 28 de 30 www.exponencialconcursos.com.br d) Teleológico Com o método teleológico se busca entender o alcance da norma, o objetivo da lei, o que não é possível observando-se apenas o sentido das palavras. Por vezes se aplicam princípios ou utiliza-se da jurisprudência para julgar qual seja o objetivo da lei. Esquema 11 - Quanto ao Método 7.2 – Quanto à Origem a) Interpretação autêntica Diz-se autêntica a interpretação feita pelo próprio texto legal, pelo legislador. b) Interpretação doutrinária Aquela realizada pelos estudiosos da ciência jurídica, pelos pesquisadores, professores doutrinadores. c) Interpretação judicial A interpretação realizada em razão das decisões emanadas pelo poder judiciário. Quanto ao Método Gramatical ou Literal Significado das palavras Histórico Motivo Social- histórico Sistemático Observa-se o todo Teleológico Objetivo da Lei Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 29 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 12 - Quanto à Origem 7.3 – Quanto ao Resultado a) Interpretação restritiva Na interpretação restritiva entende-se que a lei já disse exatamente o que precisava dizer. O alcance da lei é restringido ao seu conteúdo. b) Interpretação extensiva Ocorre quando necessária uma ampliação da extensão da lei para que se possa conhecer seu alcance. Há interpretação extensiva quando se entende que o art. 159 do Código Penal - Extorsão mediante sequestro, se estende à extorsão mediante cárcere privado, já que a condição do sequestrado é a mesma de quem é mantido preso (em cárcere privado). Quanto à Origem Autêntica Feita pelo legislador Doutrinária Feita pelos doutrinadores Judicial Decisões emanadas pelo judiciário Aplicação da Lei Penal – Teoria Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 30 de 30 www.exponencialconcursos.com.br Esquema 13 - Quanto ao Resultado 8- Referencial Bibliográfico BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral 1. 17. ed. rev., ampl. e atual. de acordo com a Lei n. 12.550, de 2011. – São Paulo, Saraiva, 2012. ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado – parte geral. – Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza, Saraiva Educação, São Paulo, 9. ed. 2020. GONÇALVES, Rodrigo Machado; THOMAZ, Rafael Lage; DUTRA, Renan Rodrigues. Privatização dos presídios e a reificação do preso. Lex Humana, v. 10, n. 2, p. 117-137, dez. 2018. ISSN 2175-0947. Disponível em: http://seer.ucp.br/seer/index.php/LexHumana/article/view/1606 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. Impetus, Rio de Janeiro, 17. ed., V. 1, 2015. Quanto ao Resultado Restritiva O alcance da lei é restringido ao seu conteúdo Extensiva Ampliação da extensão da lei para que se possa conhecer seu alcance Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 1 de 19 www.exponencialconcursos.com.br QUESTÕES | Aplicação da Lei Penal Sumário 1- Questões Comentadas ..................................................................... 1 2– Questões não comentadas ............................................................ 13 3- GABARITO ..................................................................................... 19 1- Questões Comentadas 1 - (TJ-SC – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – IESES – 2019) Quanto à aplicação da lei penal e processual penal no tempo e no espaço, é INCORRETO afirmar: a) Com relação ao lugar do crime, para efeito de aplicação da lei brasileira e sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, nos termos do seu art. 6º, considerando praticado o delito no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. b) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, ainda que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. c) Com relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou, nos termos de seu art. 4º, a teoria da atividade, considerando praticado o delito no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. d) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória, salvo se já transitada em julgado. Resolução: O comando da questão pede a questão incorreta, e exceto a letra D, todas as demais questões estão corretas, de acordo com a legislação de referência. A letra D está incorreta no final da resposta. Ela se refere à abolitio criminis, ou seja, segundo o art. 107, III, do CP, é causa de extinção da punibilidade, independente de transitado em julgado. Gabarito 1: D Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 2 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 2 - (TJ-PR - Juiz Substituto - CESPE – 2019) Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um exemplo de lei penal a) excepcional. b) temporária. c) corretiva. d) intermediária. Resolução: Em razão do comando da questão informar que a lei geral da copa tem data de vigência, é correto afirmar que tal lei é uma lei temporária. Lei intermediária é aquela que tem data de vigência por um tempo determinado, para que produza efeitos em um período determinado. Gabarito 2: B 3 - (PGE-SC – Procurador do Estado – FEPESE – 2018) Sobre a aplicação da lei penal, conforme o Código Penal, assinale a alternativa correta. a) O dia do começo exclui-se no cômputodo prazo. b) Considera-se praticado o crime no momento do resultado lesivo. c) A lei posterior aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. d) A lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, é inaplicável ao fato praticado durante sua vigência se não instaurado o procedimento penal ao tempo da conduta típica por ela regida. e) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Resolução: a) Incorreta – O prazo penal tem início no primeiro dia do termo inicial. Art. 10 do CP. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 3 de 19 www.exponencialconcursos.com.br b) Incorreta – O código penal adotou a teoria da atividade, considerando-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, mesmo que outro seja o momento do resultado. Art. 4º do CP. c) Incorreta – Apenas a lei benéfica pode retroagir para beneficiar o réu. Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. d) Incorreta – Contraria a súmula 711 do STF e o art. 3º do CP. A lei excepcional ou temporária, ainda que decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, é aplicável ao fato praticado durante sua vigência. e) Correta – É exatamente o que consta no art. 5º, § 2º, do CP. Gabarito 3: E 4 - (TJ-AC – Juiz de Direito Substituto – VUNESP – 2019) Assinale a alternativa correta quanto à aplicação da lei penal. a) Para efeito de análise sobre o local do crime, a legislação brasileira adota a teoria da ubiquidade. b) É incabível a aplicação retroativa da Lei n° 11.343/2006, ainda que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n° 6.368/76, permitida, no entanto, a combinação das mencionadas leis para beneficiar o agente. c) O Código Penal Brasileiro não adotou o princípio da representação na eficácia espacial da lei penal. d) A lei penal mais grave não se aplica ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Resolução: a) Correta – Segundo o art. 6º do CP, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. b) Incorreta – O artigo 5º, XL, da CRFB/88, instituiu o princípio da retroatividade da lei mais benéfica: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Desse modo, a lei mais benéfica pode retroagir, desde que beneficie o réu. c) Incorreto – O artigo 7º, II, c, do CP, firmou o princípio da representação ou da bandeira. d) Incorreto – Como o crime permanente tem sua consumação se renovando e o crime continuado consiste em uma sucessão de crimes, se faz possível a Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 4 de 19 www.exponencialconcursos.com.br aplicação de lei mais gravosa aos fatos praticados durante sua vigência. É o que se verifica na súmula 711 do STF. Gabarito 4: A 5 - (PGE-PE – Analista Judiciário de Procuradoria – CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão. Resolução: De fato, o art. 4º do CP consagra a teoria da atividade para o tempo do crime. Contudo, em relação ao lugar do crime, o art. 6º do CP consagra a teoria da “ubiquidade”, ou seja, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Gabarito 5: Errado 6 - (PC-PI – Delegado de Polícia Civil – NUCEPE – 2018) Caio cometeu no dia 01 de janeiro de 2016 um fato criminoso punível com pena privativa de liberdade previsto em lei temporária, sendo no dia 05 de dezembro de 2016 condenado a 5 (cinco) anos de reclusão. No ano seguinte decorreu o período de sua duração, findando-se a citada lei no dia 31 de dezembro de 2017. Em relação à aplicação da lei penal indique a opção CORRETA. a) Caio deve ser preso e cumprir a pena estabelecida de cinco anos, aplicando- se ao fato criminoso a lei temporária. b) Ninguém pode ser punido por fato que medida provisória posterior deixa de considerar crime. c) Deve continuar a execução da pena de Caio até o dia 31 de dezembro de 2017. d) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. e) Caio deve ser imediatamente solto. Resolução: Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 5 de 19 www.exponencialconcursos.com.br Para essa questão é necessário que se conheça o que dispõe o art. 3º do CP: “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. a) Correta – Segundo o que dispõe no art. 3º do CP, a lei temporária será aplicada aos fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo após o término de sua duração ou de cessados os motivos que a determinaram. Assim sendo, Caio deverá cumprir a pena estabelecida, de 5 anos. b) Incorreta – Essa alternativa trata do art. 2º do CP, que fala sobre a LEI mais benéfica, não sobre Medida Provisória. Contudo, pelo princípio da legalidade estrita, não se admite a edição de medida provisória em matéria penal, apenas em caso de excepcionalidade, segundo entendimento do STF, se aceita medida provisória em matéria penal, desde que seja mais benéfica ao réu. c) Incorreta – Mesmos fundamentos da alternativa A. d) Incorreta – Essa alternativa é o contrário do que está disposto no parágrafo único do art. 2º do CP: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. Dessa forma se cumpre o que sugere o princípio da retroatividade da lei mais benéfica, disposta no art. 5º, XL: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. e) Incorreta – Mesmos fundamentos da alternativa A. Gabarito 6: A 7 - (TJ-CE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES – 2018) Em relação a aplicação da lei penal, é correto afirmar: I. Considera-se praticado o crime no momento do resultado. II. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. III. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. IV. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, desde que, ainda não decididos por sentença condenatória transitada em julgado. A sequência correta é: a) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. b) Apenas a assertiva I está incorreta. c) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 6 de 19 www.exponencialconcursos.com.br d) Apenas as assertivas II e III estão corretas. Resolução: I – Incorreta – O Direito Penal brasileiro adota ateoria da atividade para o tempo do crime, conforme o que dispõe o art. 4º do Código Penal: “Considera- se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. II – Correta – É exatamente o que dispõe o princípio da territorialidade, insculpido no art. 5º do CP. III – Correta – É a redação do art. 1º do CP, que consagra o princípio da legalidade penal, também conhecido como princípio da reserva legal e o princípio da anterioridade da lei penal. IV – Incorreta – Essa alternativa é o contrário do que está disposto no parágrafo único do art. 2º do CP: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. Dessa forma se cumpre o que sugere o princípio da retroatividade da lei mais benéfica, disposta no art. 5º, XL: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Gabarito 7: D 8 - (PC-RS – Escrivão e de Inspetor de Polícia – Tarde – FUNDATEC – 2018) A regra geral em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). No campo penal, não ocorre de maneira diferente, pois, ao crime cometido em determinada data, aplicar-se-á a lei penal vigente ao dia do fato. Considerando o conceito e o alcance da lei penal no tempo, assinale a alternativa INCORRETA. a) A exceção à regra geral é a extratividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. O fenômeno da extratividade, no campo penal, realiza-se em dois ângulos: retroatividade e ultratividade. b) A ultratividade é a aplicação da norma penal benéfica a fato criminoso acontecido antes do período da sua vigência. c) O Código Penal Brasileiro, no artigo 2º, faz referência somente à retroatividade, pelo fato de estar analisando a aplicação da lei penal sob o ponto de vista da data do fato. Desta maneira, ou se aplica o princípio regra (tempus regit actum), se for o mais benéfico, ou se aplica a lei penal posterior, se for a mais benigna (retroatividade). Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 7 de 19 www.exponencialconcursos.com.br d) Para a definição da lei penal mais favorável, deve-se ter em vista, como marco inicial, a data do cometimento da infração penal, e, como marco final, a extinção da punibilidade pelo cumprimento da pena ou outra causa qualquer. De toda sorte, durante a investigação policial, processo ou execução da pena, toda e qualquer lei penal favorável, desde que possível a sua aplicação, deve ser utilizada em favor do réu. e) A abolição do delito (abolitio criminis) é um fenômeno que ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime determinado fato. Essa hipótese gera a extinção da punibilidade. Resolução: Como o comando da questão pede a alternativa INCORRETA, basta apontarmos para ela e analisarmos seu erro. a) Correta. b) Incorreta – Ultratividade é a aplicação da norma penal ao fato ocorrido APÓS seu período de vigência. A aplicação da norma penal aos fatos ocorridos antes do seu período de vigência se chama “retroatividade”. c) Correta. d) Correta. e) Correta – Conforme art. 107, III, do CP: “Extingue-se a punibilidade: pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso”. Gabarito 8: B 9 - (Prefeitura de Bauru — SP — Procurador Jurídico — VUNESP — 2018) Imagine que o Prefeito Municipal de Bauru, em viagem oficial ao exterior, tenha o computador pessoal que utiliza para trabalho — propriedade da Prefeitura, portanto — subtraído nas dependências do hotel em que se hospedava. Nesse caso, é correto afirmar que o furtador a) não será punido pela Lei Penal Brasileira. b) será punido pela Lei Penal Brasileira, ainda que eventualmente absolvido pela lei do país em que o furto ocorreu. c) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso seja brasileiro. d) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso adentre voluntariamente ao território nacional. e) apenas será punido pela Lei Penal Brasileira, caso seja absolvido pela lei do país em que o furto ocorreu. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 8 de 19 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Para a resolução dessa questão é necessário que se fale sobre extraterritorialidade incondicionada, disposta no art. 7º, I, b, do CP: Art. 7: Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Todas as hipóteses do inciso I do art. 7º do CP, são de extraterritorialidade incondicionada em virtude de não haver critérios para sua aplicação, assim como em razão do § 1º do art. 7º do CP prever que a aplicação da lei brasileira independe de absolvição ou condenação no exterior. Gabarito 9: B 10 - (TJ-AL – Analista Judiciário — Área Judiciária — FGV — 2018) No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga, em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica: a) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar; b) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar; c) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar; d) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para definir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar; e) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 9 de 19 www.exponencialconcursos.com.br Resolução: Segundo o que dispõe o comando da questão, Jéssica efetua disparos de arma de fogo contra Ana um dia antes de completar a maioridade, vindo Ana a falecer após Jéssica completar 18 anos. Contudo, o código penal brasileiro adota a teoria da atividade para o momento do crime, considerando apenas o momento em que Jéssica efetuou os disparos, não importando quando ocorreria o resultado. Desse modo, como Jéssica tinha apenas 17 anos no momento em que efetuou os disparos, não deverá responder pelo crime, já que era inimputável. Art. 4º do CP: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Art. 27 do CP: Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Gabarito 10: A 11 - (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir. A analogia constitui meio para suprir lacuna do direito positivado, mas, em direito penal, só é possível a aplicaçãoanalógica da lei penal in bonam partem, em atenção ao princípio da reserva legal, expresso no artigo primeiro do Código Penal. ( ) Certo ( ) Errado Resolução: Vamos entender. Interpretação analógica é a que se verifica quando a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. É necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e imprevisíveis casos que as situações práticas podem apresentar. Analogia, cuida-se de integração ou colmatação do ordenamento jurídico. No direito penal, somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal. Cleber Masson. Gabarito 11: Certo 12 - (TCE/RN — Auditor — CESPE — 2015) Julgue o item a seguir, referentes à lei penal no tempo e no espaço e aos princípios aplicáveis ao direito penal. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 10 de 19 www.exponencialconcursos.com.br A revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora alcança também os efeitos extrapenais de sentença condenatória penal. Resolução: A questão está incorreta. O art. 2º do Código Penal menciona que a abolitio criminis impede a execução e os efeito penais, por via de regra. Contudo, segundo Cesar Roberto Bitencourt e André Estefam, existem duas possibilidades em relação à abolitio criminis: • Quando a abolitio criminis ocorre antes de trânsito em julgado de sentença penal condenatória, todos os efeitos, penais e extrapenais, ficam impedidos. • Quando a abolitio criminis se dá após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, ficam impedidos apenas os efeitos penais da condenação, mantendo-se os efeitos extrapenais. Dessa forma, essa afirmativa não está correta pois os efeitos extrapenais só estarão impedidos se a abolitio criminis ocorrer antes do trânsito em julgado. Gabarito 12: Errada 13 - (TCM-RJ — Procurador da Procuradoria Especial — FCC — 2015) No que concerne à aplicação da lei penal no espaço, o princípio pelo qual se aplica a lei do país ao fato que atinge bem jurídico nacional, sem nenhuma consideração a respeito do local onde o crime foi praticado ou da nacionalidade do agente, denomina-se princípio a) da nacionalidade. b) da territorialidade. c) de proteção. d) da competência universal. e) de representação. Resolução: Real, da Defesa ou Proteção (art. 7º, I, a, b e c, do CP) A lei brasileira será aplicada quando houver assunto de interesse nacional, como é o caso de crime contra o Presidente da República, contra o patrimônio das unidades da federação, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. Gabarito 13: C Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 11 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 14 - (VII Exame Unificado — FGV — OAB — Maio/2012) John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira: a) não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado de acordo com a lei estadunidense; b) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava atracada em território nacional; c) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estrangeiro, foi praticado por brasileiro; d) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcação estrangeira atracada em território de país diverso. Resolução: Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Em razão de estar a embarcação, de propriedade privada, atracada em porto brasileiro, será considerada território brasileiro por extensão, se aplicada a lei brasileira, de acordo com o disposto no art. 5º, § 2º do CP. Gabarito 14: B 15 - (Procurador Municipal/SP — FCC — 2004) Uma semana antes de completar 18 (dezoito) anos João, durante uma briga, causou graves ferimentos em José. No mesmo dia, sequestrou Maria. Quinze dias após os fatos, José faleceu em razão dos ferimentos e Maria foi libertada em razão do pagamento do resgate. É correto afirmar que João: a) responderá pelo homicídio e pela extorsão mediante sequestro pois, na sistemática de nosso ordena mento jurídico, considera-se praticado o crime quando da ocorrência do resultado; b) responderá pelos crimes de homicídio e de extorsão mediante sequestro pois, embora vigente em nosso sistema a teoria da atividade, ambos os crimes são permanentes; Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 12 de 19 www.exponencialconcursos.com.br c) não responderá nem pelo homicídio nem pela extorsão mediante sequestro, ambos considerados pela doutrina crimes instantâneos de efeitos permanentes, pois era inimputável na data dos fatos; d) não responderá pelo homicídio, crime instantâneo, mas responderá pela extorsão mediante sequestro, crime permanente, pois na sistemática de nosso ordenamento, considera-se praticado o crime indistintamente no momento da ação ou do resultado, vigendo o princípio da ubiquidade; e) não responderá pelo homicídio, crime instantâneo, mas responderá pela extorsão mediante sequestro, crime permanente, pois, na sistemática de nosso ordenamento, considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, vigendo o princípio da atividade. Resolução: Primeiramente deve-se observar que o código penal adotou a teoria da atividade para o tempo do crime, desse modo, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, independentemente do momento do resultado. 2º- Em relação ao crime praticado contra José, independente do resultado morte ter ocorrido após João ter completado 18 anos, pela teoria da atividade, o homicídio foi praticado no momento da ação, ou seja, quando o agente tinha menos de 18 anos, sendo, segundo o art. 27 do CP, considerado inimputável, não respondendo pelo crime de homicídio. 3º- Em relação ao crime de extorsão mediante sequestro, praticado contra Maria, embora tenha sido consumado antes do agente ter completado a maioridade, é crime permanente, tendo sua consumação se prolongando no tempo, até que cessada a permanência. Dessa forma, como a permanência cessou apenas quando o agente completou 18 anos, deverá responder pelo crime de extorsão mediante sequestro. Gabarito 15: E Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 13 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 2– Questões não comentadas 1 - (TJ-SC – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento – IESES – 2019) Quanto à aplicação da lei penal e processual penal no tempo e no espaço, é INCORRETO afirmar: a) Com relação ao lugar do crime, para efeito de aplicação da lei brasileira e sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, nos termos do seu art. 6º, considerando praticado o delito no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. b) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, ainda que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro. c) Com relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou, nos termos de seu art. 4º, a teoria da atividade, considerando praticado o delito no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. d) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória, salvo se já transitada em julgado. 2 - (TJ-PR - Juiz Substituto - CESPE – 2019) Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um exemplo de lei penal a) excepcional. b) temporária. c) corretiva. d) intermediária. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 14 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 3 - (PGE-SC – Procurador do Estado – FEPESE – 2018) Sobre a aplicação da lei penal, conforme o Código Penal, assinale a alternativa correta. a) O dia do começo exclui-se no cômputo do prazo. b) Considera-se praticado o crime no momento do resultado lesivo. c) A lei posterior aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. d) A lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, é inaplicável ao fato praticado durante sua vigência se não instaurado o procedimento penal ao tempo da conduta típica por ela regida. e) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 4 - (TJ-AC – Juiz de Direito Substituto – VUNESP – 2019) Assinale a alternativa correta quanto à aplicação da lei penal. a) Para efeito de análise sobre o local do crime, a legislação brasileira adota a teoria da ubiquidade. b) É incabível a aplicação retroativa da Lei n° 11.343/2006, ainda que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n° 6.368/76, permitida, no entanto, a combinação das mencionadas leis para beneficiar o agente. c) O Código Penal Brasileiro não adotou o princípio da representação na eficácia espacial da lei penal. d) A lei penal mais grave não se aplica ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 5 - (PGE-PE – Analista Judiciário de Procuradoria – CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 15 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 6 - (PC-PI – Delegado de Polícia Civil – NUCEPE – 2018) Caio cometeu no dia 01 de janeiro de 2016 um fato criminoso punível com pena privativa de liberdade previsto em lei temporária, sendo no dia 05 de dezembro de 2016 condenado a 5 (cinco) anos de reclusão. No ano seguinte decorreu o período de sua duração, findando-se a citada lei no dia 31 de dezembro de 2017. Em relação à aplicação da lei penal indique a opção CORRETA. a) Caio deve ser preso e cumprir a pena estabelecida de cinco anos, aplicando- se ao fato criminoso a lei temporária. b) Ninguém pode ser punido por fato que medida provisória posterior deixa de considerar crime. c) Deve continuar a execução da pena de Caio até o dia 31 de dezembro de 2017. d) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. e) Caio deve ser imediatamente solto. 7 - (TJ-CE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – IESES – 2018) Em relação a aplicação da lei penal, é correto afirmar: I. Considera-se praticado o crime no momento do resultado. II. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. III. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. IV. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, desde que, ainda não decididos por sentença condenatória transitada em julgado. A sequência correta é: a) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. b) Apenas a assertiva I está incorreta. c) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. d) Apenas as assertivas II e III estão corretas. Aplicação da Lei Penal – Questões Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial Prof. Daniel Bispo e Equipe Exponencial 16 de 19 www.exponencialconcursos.com.br 8 - (PC-RS – Escrivão e de Inspetor de Polícia – Tarde – FUNDATEC – 2018) A regra geral em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). No campo penal, não ocorre de maneira diferente, pois, ao crime cometido em determinada data, aplicar-se-á a lei penal vigente ao dia do fato. Considerando o conceito e o alcance da lei penal no tempo, assinale a alternativa INCORRETA. a) A exceção à regra geral é a extratividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. O fenômeno da extratividade, no campo penal, realiza-se em dois ângulos: retroatividade e ultratividade. b) A ultratividade é a aplicação da norma penal benéfica a fato criminoso acontecido antes do período da sua vigência. c) O Código Penal Brasileiro, no artigo 2º, faz referência somente à retroatividade, pelo fato de estar analisando a aplicação da lei penal sob o ponto de vista da data do fato. Desta maneira, ou se aplica o princípio regra (tempus regit actum), se for o mais benéfico, ou se aplica a lei penal posterior, se for a mais benigna (retroatividade). d) Para a definição da lei penal mais favorável, deve-se ter em vista, como marco inicial, a data do cometimento da infração penal, e, como marco final, a extinção da punibilidade pelo cumprimento da pena ou outra causa qualquer. De toda sorte, durante a investigação policial, processo ou execução da pena, toda e qualquer lei penal favorável, desde que possível a sua aplicação, deve ser utilizada em favor do réu. e) A abolição do delito (abolitio criminis) é um fenômeno que ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime determinado fato. Essa hipótese gera a extinção da punibilidade. 9 - (Prefeitura de Bauru — SP — Procurador Jurídico — VUNESP — 2018) Imagine que o Prefeito Municipal de Bauru, em viagem oficial ao exterior, tenha o computador pessoal que utiliza para trabalho — propriedade da Prefeitura, portanto — subtraído nas dependências do hotel em que se hospedava. Nesse caso, é correto afirmar que o furtador a) não será punido pela Lei Penal Brasileira. b) será punido pela Lei Penal Brasileira, ainda que eventualmente absolvido pela lei do país em que o furto ocorreu. c) apenas
Compartilhar