Buscar

Acumulos intracelulares e calcificaçoes patologicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ACÚMULOS INTRACELULARES E 
CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
SUMÁRIO
1. Acúmulos Intracelulares .......................................... 3
2. Lipídios ........................................................................... 4
3. Proteínas .....................................................................10
4. Degeneração Hialina ..............................................12
5. Glicogênio ...................................................................13
6. Pigmentos ...................................................................14
7. Calcificação Patológica ..........................................21
Referências Bibliograficas .........................................26
3ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
1. ACÚMULOS 
INTRACELULARES
Os transtornos metabólicos nas célu-
las podem se manifestar com acúmu-
lo de substâncias, as quais, podem 
ser separadas em duas categorias:
Constituintes celulares normais: água, 
lipídios, proteínas e carboidratos.
Substâncias anormais: substâncias 
exógenas, como minerais ou produ-
tos de agentes infecciosos, ou endó-
genas, como produtos da síntese ou 
metabolismo anormal. 
Essas substâncias podem se acumu-
lar no citoplasma ou no núcleo das 
células de modo transitório ou per-
manente e podem ter um caráter ino-
fensivo ou intensamente tóxico. Em 
alguns casos, a célula produz a subs-
tância anormal, e, em outros, pode 
estar apenas armazenando produtos 
de processos patológicos que ocor-
rem em outra parte do corpo. Muitos 
processos resultam de acúmulos in-
tracelulares anormais, mas a maioria 
dos acúmulos é atribuída a quatro ti-
pos de anormalidades:
Produção normal ou aumentada de 
uma substância endógena, mas com 
a taxa de metabolismo inadequada 
para removê-la (exemplos: degene-
ração gordurosa do fígado e a reab-
sorção de gotículas de proteína nos 
túbulos renais).
Acúmulo de uma substância endóge-
na anormal, tipicamente o produto de 
um gene mutado, devido a defeitos no 
dobramento e transporte da proteína 
e uma inabilidade de degradar eficien-
temente a proteína anormal (exem-
plos: acúmulo de α-1-antitripsina 
nos hepatócitos e de várias proteí-
nas mutadas em distúrbios degene-
rativos do sistema nervoso central).
Acúmulo de uma substância endó-
gena normal devido a defeitos, ge-
ralmente herdados, em enzimas que 
são necessárias para o metabolismo 
da substância (exemplos: doenças 
causadas por defeitos genéticos de 
enzimas envolvidas no metabolismo 
dos lipídios e carboidratos, resul-
tando no depósito intracelular des-
sas substâncias, principalmente nos 
lisossomas). 
Deposição e acúmulo de uma subs-
tância exógena anormal devido à au-
sência de maquinaria enzimática para 
degradar a substância pela célula e 
incapacidade de transportá-la para 
outros locais (exemplos: acúmulos de 
partículas de carbono e substâncias 
químicas não metabolizáveis, como 
a sílica).
Em muitos casos, se a sobrecarga for 
controlada ou interrompida, o acúmu-
lo é reversível. Nas doenças de depó-
sito genéticas, o acúmulo é progressi-
vo e a sobrecarga pode causar lesão 
celular, levando, em alguns casos, à 
morte do tecido e do paciente.
4ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 1. Mecanismos de acúmulos intracelulares. Fonte: Aula Sanarflix.
Célula normal Fígado gorduroso
Acúmulo de proteínas anormais Acúmulo de materiais exógenos
Doença de depósito lisossômico: 
acúmulo de materiais endógenos
Metabolismo 
anormal Ausência
da enzima
Ingestão de 
materiais 
indigeríveis
Defeito no 
dobramento
ou transporte 
de proteínas
2. LIPÍDIOS
Todas as classes principais de lipí-
dios podem se acumular nas células 
(triglicerídeos, colesterol/ésteres de 
colesterol e fosfolipídios). Além disso, 
complexos anormais de lipídios e car-
boidratos se acumulam nas doenças 
de depósito lisossômico.
Esteatose (Degeneração 
Gordurosa)
Os termos esteatose e degenera-
ção gordurosa descrevem acúmulos 
citosólicos anormais de triglicerídeos 
dentro das células parenquimatosas 
do fígado, principal órgão envolvido 
no metabolismo lipídico, porém, tam-
bém pode ocorre no coração, múscu-
lo e rins. As causas de esteatose in-
cluem toxinas, desnutrição proteica, 
diabetes melito, obesidade e anoxia. 
Nas nações desenvolvidas, as causas 
mais comuns de degeneração gor-
durosa hepática significativa (fígado 
gorduroso) são o abuso do álcool e 
doença hepática gordurosa não alco-
ólica, que frequentemente está asso-
ciada com diabetes e obesidade.
5ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 2. Acúmulo citosólico de triglicerídeos. Fonte: Aula Sanarflix.
Diferentes mecanismos são respon-
sáveis pelo acúmulo de triglicerídeos 
no fígado, em especial, o aumento de 
glicerol-3-fosfato (G3-P), intermediá-
rio da glicólise, que serve como subs-
trato para a síntese de triglicerídeos; 
e a ação de intermediários metabóli-
cos do metabolismo do álcool, do di-
nucleotídeo de nicotinamida-adenina 
reduzido (NADH), produto do meta-
bolismo do álcool, e da aceleração da 
conversão de fosfato de hidroxiaceto-
na para G3-P. Outro mecanismo en-
volvido com o acúmulo de trigliceríde-
os é o aumento na síntese de ácidos 
graxos, por exemplo, o acetil coenzi-
ma A, produto final do metabolismo 
do álcool, que é usado para a síntese 
dos ácidos graxos. De outra forma, 
nós temos a diminuição da β-oxida-
ção de ácidos graxos devido ao con-
sumo de álcool/fome, hipóxia ou to-
xina da difteria, levando ao acúmulo 
de lipídios pela maior mobilização de 
ácidos graxos do tecido adiposo. Os 
ácidos graxos livres do tecido adiposo 
ou do alimento ingerido são normal-
mente transportados para os hepató-
citos, onde são esterificados a trigli-
cerídeos, convertidos em colesterol 
ou fosfolipídios ou oxidados a cor-
pos cetônicos. Alguns ácidos graxos 
são também sintetizados a partir do 
acetato. A liberação de triglicerídeos 
6ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
dos hepatócitos requer associação 
com apolipoproteínas, as quais po-
dem, então, ser transportadas do 
sangue para os tecidos, sendo assim, 
a diminuição da síntese de apolipo-
protéinas pode levar ao aumento dos 
níveis de triglicerídeos. O acúmulo ex-
cessivo de triglicerídeos dentro do fí-
gado pode resultar de entrada exces-
siva ou de defeitos de metabolismo 
e exportação dos lipídios. Uma série 
de defeitos desse tipo é induzida pelo 
álcool, uma hepatotoxina que altera 
as funções mitocondriais e microssô-
micas, levando ao aumento de sínte-
se e redução da degradação dos lipí-
dios. O tetracloreto de carbono (CCl4) 
e a desnutrição proteica causam de-
generação gordurosa por reduzirem 
a síntese de apolipoproteína B-100, 
a hipoxia inibe a oxidação dos ácidos 
graxos e a inanição aumenta a mobili-
zação dos ácidos graxos das reservas 
periféricas. Por fim, a diminuição da li-
beração hepática de VDLR também 
pode estar envolvida nesse processo. 
O significado da degeneração gordu-
rosa depende da causa e da gravida-
de do acúmulo. Quando leve, pode 
não ter efeito sobre a função celular. 
A alteração gordurosa mais acentua-
da pode comprometer a função celu-
lar e prenunciar a morte celular.
A esteatose é observada com maior 
frequência no fígado e no coração. Em 
todos os órgãos, aparece como vacúo-
los claros dentro das células paren-
quimatosas. Na maioria das células, o 
núcleo é preservado e é comprimido 
na borda deslocada do citoplasma em 
torno do vacúolo adiposo. Acúmulos 
intracelulares de água ou polissacarí-
deos (exemplo: glicogênio), também 
podem produzir vacúolos claros. A 
identificação de lipídios requer a ex-
clusão de solventes de gordura usa-
dos na inclusão em parafina para as 
colorações de hematoxilina e eosina 
rotineiras. Para identificar a gordura, 
é necessário preparar secções de te-
cidos frescos e congelados ou fixa-
dos em formol aquoso. As secções 
são então coradas com Sudan IV ou 
Oil Re -O, ambos os quais conferem 
uma cor vermelho-alaranjada aos li-
pídios presentes. A reação do ácido 
periódico de Schiff(PAS), conjugada 
com digestão pela enzima diastase, 
é usada para identificar glicogênio, 
embora não seja específica. Quando 
não se demonstra gordura nem polis-
sacarídeo dentro de um vacúolo claro, 
presume-se que ele contenha água 
ou líquido com baixo teor de proteína.
No fígado, uma esteatose leve pode 
não afetar a aparência macroscópi-
ca. Com o acúmulo progressivo, o 
órgão aumenta e torna-se progressi-
vamente amarelo, até que, em casos 
extremos, chega a pesar de duas a 
quatro vezes mais que o peso nor-
mal, com aparência amarela brilhan-
te, macia e untuosa. A degeneração 
gordurosa começa com o desenvolvi-
mento de diminutas inclusões reves-
tidas por membranas (lipossomas) 
7ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
intimamente aplicadas ao retículo en-
doplasmático. O acúmulo de gordura 
é visto primeiro à microscopia óptica 
como pequenos vacúolos no cito-
plasma ao redor do núcleo e ´´empur-
rando-o`` para a periferia. À medida 
que o processo avança os vacúolos 
coalescem, criando espaços claros 
que deslocam o núcleo para a perife-
ria da célula. Ocasionalmente, células 
contíguas se rompem e os glóbulos 
de gordura coalescem, formando os 
tão conhecidos cistos gordurosos.
Figura 3. Fígado gorduroso. A, Diagrama esquemático dos possíveis mecanismos que levam ao acúmulo de triglice-
rídeos no fígado gorduroso. Defeitos em qualquer uma das etapas de captação, catabolismo ou secreção podem levar 
ao acúmulo de lipídio. B, Detalhe em grande aumento da degeneração gordurosa do fígado. Na maioria das células, o 
núcleo bem preservado é espremido em um anel de citoplasma em torno do vacúolo de gordura. Fonte: Aula Sanarflix.
8ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
SE LIGA! No músculo cardíaco, o lipídio é 
encontrado na forma de pequenas gotí-
culas, que ocorrem em dois padrões. Em 
um, a hipoxia moderada e prolongada, 
como aquela produzida na anemia pro-
funda, causa depósitos intracelulares de 
gordura, criando faixas grosseiramente 
visíveis de miocárdio amarelado que se 
alternam com faixas mais escuras, cas-
tanho-avermelhadas, de miocárdio não 
afetado (aspecto tigroide). O outro pa-
drão de degeneração gordurosa é pro-
duzido por hipoxia mais profunda ou por 
algumas formas de miocardite (exemplo: 
infecção por difteria) e exibe miócitos 
afetados de maneira mais uniforme.
Colesterol e Ésteres de Colesterol
O metabolismo celular do colesterol é 
estreitamente regulado de modo que 
a maioria das células usa o colesterol 
para a síntese das membranas celu-
lares sem acúmulo intracelular de co-
lesterol ou ésteres de colesterol. Os 
acúmulos manifestados histologica-
mente por vacúolos intracelulares são 
observados em diversos processos 
patológicos.
Figura 4. Macrófagos repletos de colesterol (células espumosas, seta) em um foco de colesterolose de vesícula biliar. 
Fonte: Aula Sanarflix.
• Aterosclerose: nas placas ateros-
cleróticas, as células musculares 
lisas e os macrófagos dentro da tú-
nica íntima da aorta e das grandes 
artérias estão repletos de vacúolos 
lipídicos, a maioria dos quais com-
postos de colesterol e ésteres de 
colesterol. Tais células exibem 
uma aparência espumosa (células 
espumosas), e agregados dessas 
9ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
células na íntima produzem os 
ateromas amarelos carregados de 
colesterol, característicos desse 
distúrbio grave. Algumas dessas 
células cheias de gordura se rom-
pem, liberando lipídios no espaço 
extracelular. Os ésteres de coles-
terol extracelulares podem crista-
lizar-se na forma de agulhas lon-
gas, produzindo fendas bastante 
distintas em secções teciduais.
• Xantomas: acúmulo intracelular de 
colesterol dentro dos macrófagos 
característico dos estados hiper-
lipidêmicos hereditários e adqui-
ridos. Os aglomerados de células 
espumosas são encontrados no 
tecido conjuntivo subepitelial da 
pele e tendões, produzindo mas-
sas tumorais conhecidas como 
xantomas.
Figura 5. Xantonas. Fonte: Aula Sanarflix.
10ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
• Colesterolose: acúmulos focais de 
macrófagos cheios de colesterol 
na lâmina própria da vesícula biliar, 
de modo ainda desconhecido.
• Doença de Niemann-Pick tipo C: 
doença de depósito lisossômico 
causada por mutações que afetam 
uma enzima envolvida no trans-
porte do colesterol, resultando em 
seu acúmulo em múltiplos órgãos.
3. PROTEÍNAS
Os acúmulos intracelulares de prote-
ína geralmente aparecem como gotí-
culas eosinofílicas arredondadas, va-
cúolos, ou agregados no citoplasma, 
que na microscopia eletrônica podem 
ter aparência amorfa, fibrilar ou cris-
talina. Em alguns distúrbios, como em 
certas formas de amiloidose, as pro-
teínas anormais se depositam princi-
palmente nos espaços extracelulares. 
Os excessos de proteína dentro das 
células capazes de causar acúmulo 
morfologicamente visível, têm diver-
sas causas:
Gotículas de reabsorção nos túbu-
los renais proximais observadas em 
doenças renais associadas à perda 
de proteína na urina (proteinúria). No 
rim, quantidades mínimas filtradas 
pelo glomérulo são normalmente re-
absorvidas por pinocitose no túbulo 
proximal. Em distúrbios com extrava-
samento maciço de proteína através 
do filtro glomerular há um aumento 
da reabsorção de proteína em vesícu-
las, e a proteína aparece como gotí-
culas hialinas róseas dentro do cito-
plasma da célula tubular. O processo 
é reversível; se a proteinúria diminuir, 
as gotículas de proteína são metabo-
lizadas e desaparecem. As proteínas 
que se acumulam podem ser proteí-
nas normais secretadas que são pro-
duzidas em quantidade excessiva, 
como ocorre em certos plasmócitos 
envolvidos na síntese ativa de imuno-
globulinas. O retículo endoplasmático 
(RE) torna-se imensamente distendi-
do, produzindo grandes inclusões eo-
sinofílicas homogêneas chamadas de 
corpúsculos de Russell.
11ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 6. Gotículas de proteínas reabsorvidas no epitélio tubular renal. Fonte: Aula Sanarflix.
Defeito intracelular no transporte e 
secreção de proteínas fundamentais. 
Na deficiência de α-1-antitripsina, 
mutações da proteína tornam o do-
bramento significativamente lento, 
levando ao acúmulo de intermediá-
rios parcialmente dobrados, que se 
agregam no RE do fígado e não são 
secretados. A resultante deficiência 
da enzima circulante causa enfisema. 
Em muitas dessas doenças, a pato-
logia resulta não apenas da perda da 
função da proteína, mas também do 
estresse do RE causado por proteínas 
anormalmente dobradas, culminando 
em morte apoptótica das células (dis-
cutida anteriormente).
Acúmulo de proteínas do citoesque-
leto. Existem vários tipos de proteínas 
do citoesqueleto, incluindo os micro-
túbulos, filamentos finos de actina, 
filamentos grossos de miosina e fila-
mentos intermediários. Os filamentos 
intermediários fornecem um suporte 
intracelular flexível que organiza o ci-
toplasma e resiste a forças aplicadas 
à célula, e estão divididos em cin-
co classes – filamentos de queratina 
(característicos das células epiteliais), 
neurofilamentos (neurônios), filamen-
tos de desmina (células musculares), 
filamentos de vimentina (células do 
tecido conjuntivo) e filamentos gliais 
(astrócitos). Os acúmulos de filamen-
tos de queratina e neurofilamentos 
estão associados com certos tipos de 
lesão celular. Nas células hepáticas, 
o hialino alcoólico é uma inclusão ci-
toplasmática eosinofílica, caracterís-
tica de doença hepática alcoólica e 
é composto, predominantemente, de 
filamentos intermediários de quera-
tina. Os emaranhados neurofibrilares 
12ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
encontrados no cérebro na doença de 
Alzheimer contêm neurofilamentos e 
outras proteínas.
Agregação de proteínas anormais. As 
proteínas anormais ou anormalmen-
te dobradas podem se depositar nos 
tecidos e interferir com as funções 
normais. Os depósitos podem ser in-
tra ou extracelulares, ou ambos, e os 
agregados podem causardireta ou 
indiretamente, as alterações patoló-
gicas. Certas formas de amiloidose se 
enquadram nessa categoria de doen-
ças. Esses distúrbios são algumas ve-
zes chamados de proteinopatias ou 
doenças de agregação de proteína.
4. DEGENERAÇÃO 
HIALINA
O termo hialino geralmente refere-se 
a uma alteração dentro das células 
ou no espaço extracelular que confe-
re uma aparência rósea, vítrea e ho-
mogênea, em secções histológicas 
rotineiras coradas com hematoxilina e 
eosina (H/E). Esse termo é amplamen-
te usado com uma finalidade histoló-
gico descritiva, em vez de um marca-
dor específico de lesão celular. Essa 
alteração morfológica é produzida por 
uma variedade de alterações e não 
representa um padrão específico de 
acúmulo. Os acúmulos intracelulares 
de proteína, descritos anteriormente 
(gotículas de reabsorção, corpúscu-
los de Russell, hialino alcoólico), são 
exemplos de depósitos hialinos intra-
celulares. O hialino extracelular tem 
sido mais difícil de analisar. O tecido 
fibroso colágeno em cicatrizes anti-
gas pode aparecer hialinizado, mas 
a base bioquímica dessa alteração é 
obscura. Na hipertensão de longa du-
ração e no diabetes melito, as pare-
des das arteríolas, especialmente no 
rim, tornam-se hialinizadas devido à 
proteína plasmática extravasada e ao 
depósito de material da membrana 
basal.
13ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 7. Degeneração hialina. Na hipertensão de longa duração e no diabetes melito, as paredes das arteríolas, 
especialmente no rim, tornam-se hialinizadas devido ao extravasamento e depósito de proteína plasmática na mem-
brana basal. Glomérulo normal (seta amarela); túbulos normais (seta verde); hialinose arteriolar (seta azul); hialinização 
glomerular (seta branca). Fonte: Aula Sanarflix.
5. GLICOGÊNIO
O glicogênio é uma reserva de energia 
prontamente disponível armazenada 
no citoplasma de células saudáveis. 
Depósitos intracelulares excessivos 
de glicogênio são encontrados em pa-
cientes com anormalidade no meta-
bolismo da glicose ou glicogênio. Seja 
qual for o contexto clínico, as massas 
de glicogênio aparecem como vacúo-
los claros dentro do citoplasma. O 
glicogênio se dissolve em fixadores 
aquosos; para a sua localização, os 
tecidos devem ser fixados em álcool 
absoluto. A coloração com carmim de 
Best ou a reação do PAS conferem ao 
glicogênio uma cor rósea a violeta, e 
a digestão com diástase de uma sec-
ção paralela antes da coloração serve 
como controle adicional pela hidrólise 
do glicogênio.
O diabetes melito é o principal exem-
plo de um distúrbio do metabolismo 
da glicose. Nessa doença, o glico-
gênio é encontrado nas células epi-
teliais dos túbulos renais, bem como 
dentro das células hepáticas, células 
β das ilhotas de Langerhans e célu-
las miocárdicas. O glicogênio se acu-
mula dentro de células em um grupo 
de distúrbios genéticos relacionados, 
coletivamente conhecidos como do-
enças de depósito de glicogênio ou 
glicogenoses. Nessas doenças, de-
feitos enzimáticos na síntese ou de-
gradação do glicogênio resultam em 
acúmulo maciço, causando lesão e 
morte celular.
14ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 8. O glicogênio é o único carboidrato evidenciável histologicamente, requerendo apenas uma fixação imediata 
com álcool absoluto e colorações especiais para sua identificação como o Carmin de best ou o PAS (A) com prova de 
amilase. Esta prova é importante no diagnóstico diferencial da infiltração glicogênica com a degeneração mucoide 
intracelular, visto que tanto o glicogênio quanto os mucopolissacarídeos (MPS) (B) dão reação positiva com o PAS. 
Entretanto, a saliva só consegue degradar o glicogênio e não o MPS. Fonte: Aula Sanarflix.
A B
GLICOGÊNIO
TÉCNICA PAS MPS
6. PIGMENTOS
Pigmentos são substâncias coloridas, 
algumas das quais são constituintes 
normais das células (exemplo: mela-
nina), enquanto outros são anormais 
e acumulam-se nas células somente 
sob circunstâncias especiais. Podem 
ser exógenos, provenientes de fora 
do corpo, ou endógenos, sintetizados 
dentro do próprio corpo.
Pigmentos Exógenos
O pigmento exógeno mais comum é 
o carbono (poeira de carvão), um po-
luente difundido no ar da vida urbana. 
Quando inalado, é assimilado pelos 
macrófagos dentro dos alvéolos e, 
então, transportado através dos ca-
nais linfáticos para linfonodos regio-
nais na região traqueobrônquica. O 
acúmulo desse pigmento escurece os 
tecidos dos pulmões (antracose) e os 
linfonodos envolvidos. Nos mineiros 
de carvão, os agregados de poeira de 
carvão podem induzir uma reação fi-
broblástica, ou até mesmo enfisema, 
e, assim, causar uma doença pulmo-
nar grave conhecida como pneumo-
coniose do trabalhador de carvão. A 
tatuagem é uma forma de pigmen-
tação exógena localizada da pele. Os 
pigmentos inoculados são fagocita-
dos pelos macrófagos da derme, nos 
quais residem pelo resto da vida das 
pessoas adornadas. Os pigmentos 
geralmente não suscitam nenhuma 
resposta inflamatória.
15ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 9. Pigmentos Exógenos. O pigmento exógeno mais comum é o carbono (poeira de carvão), que é assimilado 
pelos macrófagos dentro dos alvéolos + transportado através dos vasos linfáticos para linfonodos regionais na região 
traqueobrônquica. Fonte: Aula Sanarflix.
PARTÍCULAS DE CARBONO 
FAGOCITADAS POR 
MACRÓFAGOS
ACANTOSE
ALVÉOLOS 
PULMONARES
Figura 10. Pigmentos fagocitados pelos macrófagos da derme. Fonte: Aula Sanarflix.
Pigmentos Endógenos
A lipofuscina, lipocromo ou pigmento 
do desgaste é um pigmento insolúvel, 
composto por polímeros de lipídios 
e fosfolipídios formando complexos 
com proteínas, sugerindo que é de-
rivada da peroxidação de lipídios po-
li-insaturados de membranas sub-
celulares. A lipofuscina não é nociva 
à célula ou às suas funções. Sua im-
portância reside no fato de ser o si-
nal de alarme de lesão por radicais li-
vres e peroxidação lipídica. O termo é 
derivado do latim (fuscus, castanho), 
significando lipídio castanho. Em sec-
ções teciduais, aparece como um pig-
mento citoplasmático, frequentemen-
te perinuclear, finamente granular e 
castanho-amarelado. É observada 
em células sofrendo alterações re-
gressivas lentas e é particularmente 
proeminente no fígado e coração de 
pacientes que estão envelhecendo 
ou naqueles com desnutrição grave e 
caquexia do câncer.
16ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 11. Lipofuscina. Fonte: Aula Sanarflix.
LIPOFUSCINA
NO CITOPLASMA 
DO NEURÔNIO
NEURÔNIO
Figura 12. Grânulos de lipofuscina em miócitos cardíacos mostrados por (A) microscopia óptica (depósitos indicados 
por setas) e (B) microscopia eletrônica (note a localização intralisossômica perinuclear). Fonte: Aula Sanarflix.
A melanina, termo derivado do grego 
(melas, preto), é um pigmento endó-
geno preto-acastanhado, não deriva-
do de hemoglobina, formado quando 
a enzima tirosinase catalisa a oxidação 
da tirosina em diidroxifenilalanina nos 
melanócitos. Para as finalidades prá-
ticas, a melanina é o único pigmento 
preto-acastanhado endógeno. 
17ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 13. Acúmulo de melanina. Fonte: Aula Sanarflix.
ÁREA DE MELANINA ABUNDANTE
SE LIGA! O único outro que poderia ser 
considerado nessa categoria é o ácido 
homogentísico, um pigmento negro que 
ocorre em pacientes com alcaptonúria, 
uma doença metabólica rara. Aqui, o 
pigmento é depositado na pele, tecido 
conjuntivo e cartilagem e a pigmentação 
é conhecida como ocronose.
A hemossiderina é um pigmento 
granular ou cristalino, amarelo a cas-
tanho-dourado, derivado da hemo-
globina, sendo a principal forma de 
armazenamento do ferro. O ferro nor-
malmente é transportado por pro-
teínas transportadoras específicas, 
as transferrinas. Nas células, é ar-
mazenado em associação com uma 
proteína, a apoferritina, para formar 
micelas de ferritina. A ferritina é um 
componente da maioria dos tipos ce-
lulares. Quando há um excesso localou sistêmico de ferro, a ferritina for-
ma grânulos de hemossiderina, que 
são facilmente vistos à microscopia 
óptica. O pigmento hemossiderina 
representa agregados de micelas de 
ferritina. Sob condições normais, pe-
quenas quantidades de hemossideri-
na podem ser observadas em fagóci-
tos mononucleares da medula óssea, 
baço e fígado, que são ativamente 
dedicados à degradação dos eritró-
citos. Os excessos de ferro, locais ou 
sistêmicos, causam acúmulo de he-
mossiderina dentro das células. Os 
excessos locais resultam de hemor-
ragias nos tecidos. O melhor exem-
plo de hemossiderose localizada é a 
equimose comum. No local da lesão, 
os eritrócitos extravasados são fa-
gocitados durante vários dias pelos 
macrófagos, que degradam a hemo-
globina e recuperam o ferro. Após a 
remoção do ferro, a fração heme é 
convertida primeiro à biliverdina (“bile 
verde”) e, então, à bilirrubina (“bile 
vermelha”). Em paralelo, o ferro libe-
rado da heme é incorporado na ferri-
tina e, finalmente, na hemossiderina. 
18ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Essas conversões respondem pelo 
jogo dramático de cores visto em uma 
equimose em recuperação, que tipi-
camente muda de azul-avermelhada 
para azul-esverdeada e para amare-
lo-dourada, antes de resolver. Quan-
do há sobrecarga sistêmica de ferro, 
a hemossiderina pode ser deposita-
da em muitos órgãos e tecidos, uma 
condição denominada hemossidero-
se. As principais causas de hemossi-
derose são:
• Absorção aumentada de ferro 
alimentar; 
• Anemias hemolíticas, nas quais 
quantidades anormais de ferro são 
liberadas dos eritrócitos; 
• Transfusões repetidas porque os 
eritrócitos transfundidos consti-
tuem uma carga exógena de ferro. 
O pigmento aparece como uma subs-
tância granular, dourada e grosseira, 
que reside no citoplasma da célu-
la. Pode ser visualizado nos tecidos 
através da reação histoquímica pelo 
azul da Prússia, na qual ferrociane-
to de potássio incolor é converti-
do pelo ferro em ferrocianeto férrico 
preto-azulado. Quando a causa bási-
ca é a degradação localizada das he-
mácias, a hemossiderina é encontra-
da inicialmente nos fagócitos na área. 
Na hemossiderose sistêmica, é en-
contrado primeiro nos fagócitos mo-
nonucleares do fígado, medula óssea, 
baço e linfonodos e em macrófagos 
dispersos em outros órgãos, como a 
pele, pâncreas e rins. Com o acúmulo 
progressivo, as células parenquima-
tosas de todo o corpo (principalmente 
no fígado, pâncreas, coração e órgãos 
endócrinos) tornam-se pigmentadas. 
Na maioria dos casos de hemossi-
derose sistêmica, o pigmento não 
lesa as células parenquimatosas nem 
compromete a função do órgão. Con-
tudo, o acúmulo mais extremo de fer-
ro, em uma doença herdada chama-
da hemocromatose, está associado a 
lesões no fígado, coração e pâncreas, 
resultando em fibrose hepática, insu-
ficiência cardíaca e diabetes melito. 
A bilirrubina é um pigmento normal 
importante encontrado na bile. É de-
rivada da hemoglobina, mas não con-
tém ferro. Sua formação e excreção 
normais são vitais para a saúde, e a 
icterícia é um distúrbio clínico comum 
causado por excessos desse pigmen-
to dentro das células e tecidos.
19ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 14. Grânulos de hemossiderina em células hepáticas. A, Coloração em HE, mostrando pigmento finamen-
te granular castanhodourado. B, Coloração pelo azul da Prússia, específica para ferro (grânulos azuis). Fonte: Aula 
Sanarflix.
20ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
MAPA: ACÚMULOS INTRACELULARES
PROTEÍNAS
LIPÍDIOS
GLICOGÊNIO
PIGMENTO
ANORMALIDADES
DEGENERAÇÃO 
HIALINA
Acúmulos citosólicos anormais de 
triglicerídeos dentro das células 
Aumento de glicerol-3-fosfato (G3-P)
Ação de intermediários metabólicos 
do metabolismo do álcool
Aumento na síntese de ácidos graxos
Diminuição da β-oxidação 
de ácidos graxos
Metabolismo anormal
Ausência da enzima
Defeito no dobramento ou 
transporte de proteínas
Ingestão de materiais 
indigeríveis
Tatuagem
Carbono 
(poeira de carvão)
Hemossiderina
Melanina
Lipofuscina, lipocromo ou 
pigmento do desgaste
Endógenos
Exógenos
Diabetes 
melito
Doenças de depósito de 
glicogênio ou glicogenoses
Reserva de energia 
armazenada no citoplasma
Distúrbio do 
metabolismo da glicose
Hialino
Aparência rósea, vítrea e 
homogênea, em secções 
histológicas rotineiras 
coradas com hematoxilina 
e eosina (H/E)
Entrada excessiva ou de defeitos de 
metabolismo e exportação dos lipídios
Redução da síntese de 
apolipoproteína B-100
Diminuição da liberação 
hepática de VDLR
Aterosclerose
Xantomas
Colesterolose
Doença de 
Niemann-Pick tipo C
Esteatose
Acúmulo de 
triglicerídeos no 
fígado
Colesterol e ésteres de 
colesterol
Gotículas eosinofílicas arredondadas, 
vacúolos, ou agregados no citoplasma
Aparência amorfa, fibrilar ou cristalina 
na microscopia eletrônica
Causas
Agregação de proteínas anormais
Acúmulo de proteínas do 
citoesqueleto
Defeito intracelular no transporte e 
secreção de proteínas fundamentais
Gotículas de reabsorção nos túbulos renais proximais observadas 
em doenças renais associadas à perda de proteína na urina 
(proteinúria)
21ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
7. CALCIFICAÇÃO 
PATOLÓGICA
A calcificação patológica é a deposi-
ção tecidual anormal de sais de cálcio, 
juntamente com quantidades meno-
res de ferro, magnésio e outros mine-
rais. Há duas formas de calcificação 
patológica:
• Calcificação distrófica: deposição 
local em tecidos que estão mor-
rendo. Ocorre a despeito de níveis 
séricos normais de cálcio e na au-
sência de perturbações no meta-
bolismo do cálcio. 
• Calcificação metastática: deposi-
ção de sais de cálcio em tecidos 
normais. Quase sempre resulta de 
hipercalcemia secundária a algum 
distúrbio do metabolismo do cálcio.
Calcificação Distrófica
A calcificação distrófica ocorre local-
mente e é encontrada em áreas de 
necrose (coagulativa, caseosa ou li-
quefativa), e em focos de necrose 
enzimática da gordura. A calcifica-
ção quase sempre está presente nos 
ateromas da aterosclerose avançada. 
Também se desenvolve comumen-
te nas valvas cardíacas envelhecidas 
ou danificadas, prejudicando ain-
da mais a sua função. Qualquer que 
seja o local do depósito, os sais de 
cálcio aparecem macroscopicamente 
como grânulos ou grumos finos bran-
cos, muitas vezes palpáveis como 
depósitos arenosos. Às vezes, um 
linfonodo tuberculoso é praticamente 
convertido em pedra.
Histologicamente, com a coloração 
rotineira de hematoxilina e eosina, os 
sais de cálcio exibem aparência gra-
nular, amorfa e basofílica, algumas 
vezes agregada. Podem ser intrace-
lulares, extracelulares, ou em ambas 
localizações. No decorrer do tempo, 
osso heterotópico pode ser forma-
do no foco da calcificação. Eventual-
mente, células necróticas individuais 
constituem cristais que são incrus-
tados pelos depósitos de minerais. 
A aquisição progressiva de camadas 
externas cria configurações lamelares 
chamadas de corpúsculos de psamo-
ma devido à sua semelhança a grãos 
de areia. Alguns tipos de câncer pa-
pilar (exemplo: câncer da tireoide) são 
capazes de desenvolver corpúsculos 
de psamoma. Na asbestose, os sais 
de ferro e cálcio se reúnem ao longo 
de espículas delgadas de asbesto no 
pulmão, criando formas exóticas de 
halteres com contas.
Quanto a patogenia da calcificação 
distrófica, a via comum final é a for-
mação de mineral fosfato de cálcio 
cristalino na forma de uma apatita 
semelhante à hidroxiapatita do osso. 
Acredita-se que nas células o cálcio 
esteja concentrado em vesículas li-
gadas à membrana por um processo 
que é iniciado pela lesão da membra-
na e que possui várias etapas: 
22ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
• O íon cálcio liga-se aos fosfolipí-
dios presentes na membrana da 
vesícula; 
• Fosfatases associadas à membra-
na geram grupos de fosfato, que 
se ligam ao cálcio; 
• O ciclo de ligação de cálcio e fos-
fato é repetido,elevando as con-
centrações locais e produzindo um 
depósito perto da membrana;
• Ocorre uma alteração estrutural no 
arranjo dos grupos de cálcio e fos-
fato, gerando um microcristal, que 
pode, então, propagar-se e levar a 
mais deposição de cálcio.
• Embora a calcificação distrófica 
possa ser simplesmente um si-
nal de alerta de lesão celular pré-
via, com frequência causa uma 
disfunção do órgão. Este é o caso 
na doença valvular calcificada e 
aterosclerose.
Figura 15. Calcificação distrófica da valva aórtica. Vista a partir de baixo da valva aórtica não aberta, em um coração 
com estenose aórtica calcificada. Esta está acentuadamente estreitada (estenose). As cúspides semilunares estão es-
pessadas e fibróticas, e atrás de cada cúspide observam-se massas irregulares e empilhadas de calcificação distrófica. 
Fonte: Aula Sanarflix.
Calcificação Metastática
A calcificação metastática pode 
ocorrer em tecidos normais sempre 
que há hipercalcemia. A hipercalce-
mia também acentua a calcificação 
distrófica. Há quatro causas princi-
pais de hipercalcemia:
• Aumento da secreção de para-
tormônio (PTH) com subsequen-
te reabsorção óssea, como no 
23ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
hiperparatireoidismo devido a 
tumores das paratireoides, e se-
creção ectópica de proteína re-
lacionada ao PTH por tumores 
malignos;
• Destruição de tecido ósseo, de-
corrente de tumores primários da 
medula óssea (exemplo: mieloma 
múltiplo, leucemia) ou metástases 
esqueléticas difusas (exemplo: 
câncer de mama), turnover ósseo 
acelerado (exemplo: doença de 
Paget) ou imobilização;
• Distúrbios relacionados à vitamina 
D, incluindo intoxicação por vita-
mina D, sarcoidose (na qual ma-
crófagos ativam um precursor da 
vitamina D) e hipercalcemia idio-
pática da lactância (síndrome de 
Williams), caracterizada por sen-
sibilidade anormal à vitamina D;
• Insuficiência renal, que causa re-
tenção de fosfato, levando ao hi-
perparatireoidismo secundário. 
Causas menos comuns de calcifi-
cação metastática incluem intoxi-
cação por alumínio, que ocorre em 
pacientes sob diálise renal crônica, e 
na síndrome do leite-álcali, que resul-
ta da ingestão excessiva de cálcio e 
antiácidos absorvíveis como o leite ou 
carbonato de cálcio.
A calcificação metastática pode ocor-
rer amplamente no corpo, mas afeta 
principalmente os tecidos intersticiais 
da mucosa gástrica, rins, pulmões, 
artérias sistêmicas e veias pulmo-
nares. Embora de localização bas-
tante diferente, todos esses tecidos 
excretam ácido e, portanto, têm um 
compartimento interno alcalino que 
os predispõe à calcificação metastá-
tica. Em todos esses locais, os sais de 
cálcio assemelham-se aos descritos 
na calcificação distrófica. Assim, po-
dem ocorrer como depósitos amorfos 
não cristalinos ou, em outras vezes, 
como cristais de hidroxiapatita. Ge-
ralmente os sais de minerais não cau-
sam disfunção clínica, mas às vezes 
o envolvimento maciço dos pulmões 
produz achados radiográficos e défi-
cits respiratórios. Depósitos maciços 
no rim (nefrocalcinose) podem causar 
lesão renal com o tempo.
24ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
Figura 16. Calcificação metastática. Acúmulo de cálcio nos septos alveolares. Fonte: Aula Sanarflix.
25ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
MAPA: CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
DEFINIÇÃO
Deposição tecidual anormal de 
sais de cálcio, juntamente com 
quantidades menores de ferro, 
magnésio e outros minerais
DISTRÓFICA METAPLÁSICA
Deposição local
Ocorre a despeito de níveis 
séricos normais de cálcio e 
na ausência de perturbações 
no metabolismo do cálcio
Áreas de necrose 
(coagulativa, caseosa 
ou liquefativa) e necrose 
enzimática da gordura
Ateromas da 
aterosclerose 
avançada
Valvas cardíacas 
envelhecidas ou 
danificadas
Deposição de sais de 
cálcio em tecidos normais
Quase sempre resulta de 
hipercalcemia secundária 
a algum distúrbio do 
metabolismo do cálcio
Principais causas
Aumento da 
secreção de 
paratormônio 
(PTH) 
Destruição de 
tecido ósseo
Distúrbios 
relacionados à 
vitamina D
Insuficiência renal
26ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRAFICAS
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. Robbins & Cotran Patologia - Bases 
Patológicas das Doenças. 9. ed. Editora Elsevier, 2016.
MITCHELL, R. N.; KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran 
Fundamentos de Patologia. 9. ed. Editora Elsevier, 2017. 
27ACÚMULOS INTRACELULARES E CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS
https://www.instagram.com/sanarflix/
https://www.youtube.com/sanarflix
https://twitter.com/sanarflix

Continue navegando