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• A ocorrência regular de ciclos menstruais é resultado do funcionamento adequado do eixo hipotálamo-hipófise-ovário e sua integração com o útero. Deste modo, a ausência anormal da menstruação, denominada de amenorreia, é um sintoma que quando identificado em mulheres na menacme, sem uso de medicamento e na ausência de gestação e lactação, é indicativo de alguma disfunção hormonal. • As amenorreias podem ser classificadas em primária ou secundária. • A inexistência da menarca, isto é, a ausência da primeira menstruação espontânea, caracteriza a amenorreia primária, que deve ser investigada quando a menarca não ocorrer, de acordo com os critérios a seguir: - até os 13 anos de idade e sendo observada completa ausência de caracteres sexuais secundários; - até os 15 anos de idade em meninas com caracteres sexuais secundários presentes; - até três anos após o início do desenvolvimento das mamas (telarca), se isto se deu antes dos 10 anos de idade. • A ausência de menstruação após a existência de ciclos menstruais é denominada amenorreia secundária e deve ser investigada quando a menstruação não ocorre por três meses ou três ciclos menstruais consecutivos. • Presença de características sexuais secundárias antes dos 16 anos e ausência de menstruação, porém com dor pélvica cíclica: iniciar investigação pelo risco de criptomenorreia, situação na qual as menstruações ocorrem, porém não se exteriorizam por obstrução canalicular causada por agenesia de porção mulleriana da vagina ou defeito do seio urogenital, como hímen imperfurado, por exemplo. • Presença de alteração dos órgãos genitais ou de estigmas somáticos sugestivos de alterações genéticas (ex.: síndrome de Turner): iniciar a investigação independentemente da idade. Amenorreias Ao constatar que gestação, amamentação, amenorreia induzida por medicação e casos de ambiguidade sexual estão excluídos, alguns questionamentos durante a anamnese auxiliam nessa investigação: • Ausência de caracteres sexuais secundários? Deficiência de estradiol ou dos receptores androgênicos. • Crescimento estatural inadequado? Síndrome de Turner, deficiência de GH. • Presença de estresse, alteração de peso, alteração de hábitos alimentares e atividade física ou de doenças crônicas? Amenorreia hipotalâmica ou hipofisária, desnutrição, hipotireoidismos, DM II. • Presença de dor pélvica cíclica (cólica) de caráter progressivo, associada à amenorreia primária? Obstrução do fluxo menstrual. • Fogachos, secura vaginal? Falência ovariana prematura (FOP). • Sinais e sintomas de hiperandrogenismo (acne, hirsutismo, virilização)? SOP. • Secreção nas mamas? Hiperprolactinemia. • Ausência da menstruação pós-parto? Síndrome de Sheehan. • No exame físico, é de suma importância avaliar: altura, peso, IMC, estágios de Tanner, presença de estigmas somáticos, presença de hirsutismos (índice de Ferriman-Gallwey) e exame genital. • Exames complementares: dosagem sérica de FSH, dosagem sérica de prolactina, dosagem de TSH, dosagem de androgênios, USG pélvica, RM (casos particulares), TC da sela túrcica ou de crânio, cariótipo. Amenorreia Primária SEM caracteres sexuais COM caracteres sexuais Hipogonadismo Hipergonadotrófico (FSH elevado) Hipogonadismo Hipogonadotrófico (FSH baixo) Atraso constitucional do desenvolvimento sexual • Disgenesias Gonadais (causas mais comuns de amenorreia primária): - Síndrome de Turner (45, X0); - Síndrome de Swyer (46, XY com útero/ tubas/ vagina e sem produção de testosterona); - Síndrome de Morris (46, XY sem útero e com testosterona); - Agenesia Mulleriana (46 XX, útero rudimentar, ausência de 2/3 da vagina) • Ausência de receptores ovarianos de FSH (síndrome de Savage). • Síndrome de Kallmann (deficiência de GnRH com anosmia). • Anorexia. • Estresse. • Exercício físico muito intenso. • Tumores do SNC. • Puberdade tardia: retardo global do desenvolvimento, podendo ser causado por fatores genéticos, desnutrição e doenças crônicas. É um diagnóstico de exclusão! Com anormalidade anatômicas Sem anormalidade anatômicas • Obstrução distal do trato genital (hímen imperfurado, septo vaginal transverso e atresia vaginal) – criptomenorreia. • Tumores do SNC. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Amenorreia Secundária Teste da progesterona POSITIVO (paciente sangrou após a administração de progesterona) significa que há estrogênio circulante, que seu trato genital é pérvio, mas que ela não estava ovulando (se não ovula, não tem corpo lúteo, não produz progesterona). - Pode ser uma SOP. Teste da progesterona NEGATIVO (paciente NÃO sangrou após a administração de progesterona) significa que NÃO há estrogênio circulante OU que o trato genital NÃO é pérvio. Teste estrogênio + progesterona NEGATIVO (paciente NÃO sangrou) infere-se que a cavidade endometrial está comprometida (ex: Síndrome de Asherman – sinéquias intrauterinas). Teste estrogênio + progesterona POSITIVO (paciente sangrou) significa que havia pouco estrogênio circulante e que seu trato genital é pérvio. • Avaliação complementar da amenorreia secundária: beta hCG, prolactina, TSH, teste da progesterona, teste do estrogênio + progesterona, perfil androgênico, RNM de crânio. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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