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Arcadismo (1768 – 1836) O movimento surge na eclosão da Revolução Industrial e faz contraponto ao desenvolvimento das máquinas, da indústria e das grandes cidades ao ressaltar a natureza e a atmosfera bucólica. O arcadismo é bastante idealizado e se opõe à desarmonia do Barroco. Também conhecido como Neoclassicismo, o Arcadismo resgata princípios da Antiguidade Clássica e busca sempre a conciliação entre o homem e os elementos da natureza. Os ideais iluministas da Revolução Francesa, como o racionalismo, também são louvados. O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo ou como Setecentismo, foi um movimento literário que surgiu na Europa no século XVIII. O nome “arcadismo” faz referência à Arcádia, região da Grécia antiga – na mitologia grega era a morada de Pan, o deus grego dos bosques, matas e dos pastores -, tida como ideal de inspiração poética. Os escritores desse período – conhecidos como árcades – buscavam se distanciar da forma de escrita do Barroco, a Escola Literária anterior, que tinha os exageros e excessos como uma de suas características. Os autores do Arcadismo tinham o costume de assinar seus trabalhos com pseudônimos baseados nos nomes de pastores da poesia grega ou latina. Isso explica a presença da mitologia greco-romana e do pastoralismo nas obras arcadistas. Essa estética literária foi observada principalmente na França, Itália, Espanha e Portugal e exatamente por isso, também chegou ao Brasil. 2 – Contexto Histórico do Arcadismo O Arcadismo surgiu em 1756 quando fundaram a Arcádia Lusitana – uma reputada academia literária que tinha como objetivo combater os excessos do espírito barroco e orientar a produção poética para uma estética neoclássica. Com o objetivo de se afastar da estética barroca, o poeta árcade baseia-se nos preceitos do Iluminismo – movimento filosófico de bases racionalistas e antirreligiosas. · Conheça as principais características do Iluminismo O contexto desse movimento é marcado também pelo avanço técnico e tecnológico que produziram a industrialização e o consequente êxodo rural. O período é fundamental para compreender o declínio do absolutismo e a ascensão da burguesia. Os autores árcades dialogam, em suas obras, com questões fundamentais da época, tais como a relação entre o homem e a riqueza ou como era viver na cidade. 3 – Características-do-Arcadismo “Pastoral de Outono” de François Boucher, obra que representa o Pastoralismo As principais características do arcadismo são: · Oposição ao Barroco: Os autores do Arcadismo tinham como objetivo romper com a estética barroca, opondo-se aos exageros e rebuscamentos desse movimento. · Inspiração Iluminista: O Arcadismo surgiu durante o Iluminismo, então esse movimento sofreu bastante influência do movimento iluminista. · Equilíbrio e busca pela perfeição: Essa busca pelo equilíbrio e pela perfeição ocorre devido à tentativa de resgatar as tradições clássicas. Vale lembrar que no Classicismo – movimento que serviu de inspiração para o Arcadismo – o padrão de beleza era o greco-romano. · Racionalismo: A razão era constantemente valorizada. · Bucolismo e pastoralismo: A poesia árcade retrata uma natureza tranquila e serena, um refúgio calmo que se contrastava com os centros urbanos monárquicos. O burguês culto buscava na natureza o oposto da aristocracia. A poesia pastoral descreve a qualidade dos costumes rurais, exaltando as belezas da vida campestre e da natureza. · Retomada dos valores clássicos: O classicismo serviu de inspiração para o Arcadismo. Outras características desse movimento são: · Idealização da mulher amada; · Pureza e ingenuidade humana; · Linguagem simples e objetiva; · Figuras mitológicas; · Uso de pseudônimos; · Preferência por sonetos; · Temática cotidiana; Expressões em Latim que eram usadas no Arcadismo “O Senhor e a Senhora Andrews” de Thomas Gainsborough, obra que representa a valorização da vida no campo Uma das principais características árcades é a herança da cultura clássica (greco-latina e renascentista). Algumas das expressões em latim usadas no Arcadismo são: · Inutilia Truncat: Esse preceito dialoga com a necessidade de “tirar o inútil” da poesia, entendendo-se esse inútil como sendo o excesso de rebuscamento formal do movimento Barroco. · Fugere Urbem: Para os líricos do Arcadismo, a cidade não era o ambiente ideal para viver, pregando-se, portanto, a fuga da urbanidade como meta a ser alcançada. · Locus Amoenus: Atrelado ao fugere urbem, esse preceito afirma que o campo, o ambiente bucólico, é o ideal para o homem. · Carpe Diem: Segundo esse preceito, é necessário aproveitar o presente para contemplar a realidade, sem preocupar-se com o futuro. · Aurea Mediocritas: Segundo essa expressão, o homem mediano é aquele que alcança a felicidade, não se devendo, assim, procurar riquezas e posses em vida. 4 – Resumo do Arcadismo no Brasil Devido à influência portuguesa, o Arcadismo chegou ao Brasil por volta do ano de 1768 a partir da Arcádia Ultramarina – uma sociedade literária fundada em Vila Rica, atual Ouro Preto – e a publicação de “Obras Poéticas”, do autor Cláudio Manuel da Costa. O marco inicial foi na cidade de Vila Rica, devido à importância econômica da região, já que nesse período foi descoberto o ouro no estado de Minas Gerais e a região sudeste transformou-se numa importante referência intelectual da época. Nessa região dominada pelos portugueses, as ideias iluministas encontraram repercussão nos anseios e sentimentos nativistas, fazendo com que as primeiras obras fossem publicadas em terras brasileiras. 5- Características do Arcadismo no Brasil Além das características do Arcadismo mencionadas acima, aqui no Brasil destacam-se: · Introdução de paisagens tropicais; · Valorização da história colonial; · Início do nacionalismo; · Lutas pela independência e a inserção da colônia no centro das atenções. Todas essas características demonstram que, além da importância literária, o Arcadismo traz grandes contribuições para a compreensão de fatos que marcaram a história da Europa e do Brasil. 6- Autores do Arcadismo brasileiro O principais autores do Arcadismo brasileiro são: · Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): Poeta, advogado e jurista brasileiro, é considerado o precursor do Arcadismo no Brasil e destacou-se por sua obra literária, mais precisamente, a poesia. O poeta mineiro em seus textos, aborda elementos locais, descrevendo paisagens, temática pastoril e expressando um forte sentimento nacionalista. Soneto VIII, de Cláudio Manuel da Costa · José de Santa Rita Durão (1722-1784): Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um dos precursores do indianismo no Brasil. · José Basílio da Gama (1741-1795): Poeta mineiro e autor do poema épico O Uraguai (1769), Basílio da Gama, nesse texto, aborda as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios sendo considerado um marco no literatura brasileira. · Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810): Jurista, Político e Poeta luso-brasileiro, Tomás Antônio Gonzaga é um dos grandes poetas árcades de pseudônimo Dirceu. A obra que merece destaque é Marília de Dirceu (1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Romantismo (1836 – 1881) O Romantismo nasceu na Europa no final século 18. Já no Brasil, começou a se desenvolver no século 19. Foi a primeira escola a romper com os valores clássicos, provenientes dos séculos 15 e 16. O romantismo foi um movimento artístico, intelectual e filosófico que surgiu na Europa (inicialmente na França, Alemanha e Inglaterra), após a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Na maioria dos outros locais, atingiu seu ápice na metade do século XIX. O Romantismo buscava transmitir para o povo, ideais sobre o amor, o sentimento, Deus e espiritualidade, o patriotismo e a valorização do indivíduo. Por isso, o período romântico ficou conhecido pela rejeição a racionalidade, da objetividade e do belo, características do Classicismo, o movimento anterior ao romantismo. Os românticos defendiama subjetividade, onde a visão do mundo era focada na idealização de tudo, nas emoções e sentimentos do indivíduo, nunca na realidade. Por isso, o Romantismo marcou a mudança de pensamento e comportamento do mundo ocidental, iniciando a modernidade. Romantismo no Brasil Assim, além do subjetivismo, do culto à natureza, do sentimentalismo e da fuga da realidade, o romantismo no Brasil foi fortemente marcado pelo nacionalismo e pela exaltação do índio. O romantismo chegou no Brasil em 1836, após a recém-independência do país. Os autores brasileiros buscavam, através dos romances, encontrar a identidade nacional, após a saída dos colonizadores. As principais características do Romantismo no Brasil são: · Patriotismo (após a saída dos colonizadores portugueses); · Textos em prosa ou poesia que são nacionalistas ou regionalistas, exaltando a natureza, a fauna e a flora do país; · A indicação da mulher amada e idealizada; Apesar de envolver diversas áreas da arte, o período romântico no Brasil foi fortemente voltado para a literatura e poesia. Um dos grandes autores romantistas brasileiros foi Gonçalves Dias, autor da famosa poesia “Canção do Exílio”. Esta poesia é um grande exemplo de como a terra brasileira era enaltecida. Outro autor que abordava tanto a mulher amada e idealizada, além da exaltação da natureza brasileira, foi o José de Alencar. As fases do Romantismo no Brasil Primeira Geração Motivada pela recente Independência do Brasil em 1822, a primeira geração do romantismo brasileiro foi marcada por uma forte necessidade de afirmar a cultura local e romper com a influência europeia. Assim, as obras frequentemente transmitiam valores nacionalistas e adotavam o indianismo, que exaltavam os índios como heróis representantes da cultura. Segunda geração A segunda geração do romantismo brasileiro surgiu na metade do século XIX e foi muito influenciada pelas obras do poeta inglês Lord Byron. As características mais marcantes desta época eram o pessimismo, a desilusão, a exaltação da morte, a depressão e a solidão. Por esse motivo, o período também é chamado de “ultrarromântico” ou “mal do século”. Terceira geração A terceira geração se iniciou por volta de 1860 e possuía um foco altamente político e social, influenciada pelas obras de Victor Hugo. Assim, os artistas transmitiam em suas obras ideais abolicionistas, críticas sociais e de valorização da liberdade. O período também é chamado de “geração condoreira” em referência a um condor, tido como símbolo da liberdade. Características do Romantismo Considerando que o romantismo buscava um afastamento dos valores de urbanização, progresso e racionalidade, a maioria das suas características são oposições diretas a esses padrões. Esses aspectos pertenciam a movimentos anteriores, como o classicismo. Entre os principais traços do movimento estão: Idealização A idealização é uma das maiores características do período romântico, porque os artistas românticos frequentemente se retratavam como heróis rebeldes. O objetivo era mudar a própria vida ou a da sociedade. Por esse motivo, era comum que a arte romântica retratasse as injustiças sociais e as opressões políticas da época, apresentando a visão do artista sobre o que seria ideal para a questão. Este homem herói também se manifestava como o indivíduo que buscava uma pátria ou um amor ideal, perfeito, fora da realidade, sempre priorizando as suas próprias expectativas e sentimentos. Individualismo e subjetividade Os escritores, pintores e escultores românticos valorizavam o indivíduo, suas próprias opiniões e sua visão sobre o mundo. Assim, a originalidade era muito importante nas artes. Era ela que conseguia apresentar a visão do autor quanto ao que era produzido. Através da subjetividade, o indivíduo podia expor suas opiniões e idealizações no discurso pessoal, através de sentimentos e emoções, fugindo da realidade ou do que era concreto. Valorização das emoções e sentimentos Para o romantismo, não existia o lógico, o racional ou até mesmo o concreto. O romantismo defendia que as emoções e os sentidos também eram importantes na formação do raciocínio do indivíduo. A presença da emoção e dos sentimentos dos autores nas obras é uma das características mais marcantes no movimento. Era comum, principalmente nas obras literárias, encontrar descrições melancólicas, tristes e sentimentalistas. Exaltação da natureza Para os românticos, a natureza consistia em uma força incontrolável e transcendental que, apesar de estar relacionada, era distinta dos elementos físicos como árvores, folhas, etc. Foco na imaginação Considerando que o romantismo representava uma fuga dos valores da época, os pensadores e artistas românticos frequentemente recorriam à imaginação na produção das suas obras. Na literatura, por exemplo, o objetivo não era descrever o mundo como ele é, mas sim como ele poderia ser. Contexto histórico do Romantismo O Romantismo surgiu durante o período conhecido como Era das Revoluções, entre os anos de 1774 e 1849. Nesta época, ocorreram grandes transformações políticas, sociais e econômicas no ocidente. Entre os principais movimentos revolucionários da época estão a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Outro grande acontecimento político desse período foi a ascensão da burguesia ao poder, durante a Revolução Francesa. A burguesia queria transmitir novos ideais à sociedade, quanto aos sentimentos e o valor das emoções e do indivíduo, que foram esquecidos pelos movimentos anteriores, como o Classicismo. Movidos pelos mesmos ideais de mudança, os artistas românticos passaram a mudar não só a teoria e a prática de suas artes, mas também a própria forma com que percebiam o mundo. Essa transformação ultrapassou o campo artístico e impactou a filosofia e a cultura ocidental. Esses aspectos passaram a aceitar a emoção e os sentidos como uma forma válida de experimentar a vida. A influência das revoluções pode ser percebida nas características de idealismo e rebeldia, que foram marcantes nas obras produzidas no período. O escapismo e o subjetivismo, por exemplo, valorizavam mais os sentimentos individuais do que os coletivos. Ambos são fortes aspectos do Romantismo. Romantismo na literatura O romantismo também se tornou um estilo literário inovador, porque permitiu que os artistas utilizassem a emoção e a espontaneidade. Assim, eles podiam explorar mais livremente os recursos artísticos dentro e fora da literatura. Neste período, os romances literários tinham por base o sentimentalismo romântico e o escapismo (fuga da realidade), e uma constante luta com o amor proibido ou não correspondido. Por ter um forte apelo nacionalista e patriota, a literatura romântica também enaltece o homem herói, que luta pelo amor e por sua nação. Além disso, os personagens são claramente vulneráveis e melancólicos, expondo suas emoções sempre em primeiro plano. Alguns dos principais autores europeus românticos foram: · O francês Victor Hugo, autor das obras Os Miseráveis e O Corcunda de Notre Dame; · O inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), autor da obra A Balada do Velho Marinheiro; · O alemão August Wilhelm (1767-1845), autor da obra Ramos de Flores; No Brasil, alguns dos autores que marcaram o período romântico foram: · Aluísio Azevedo (1857-1913), autor da obra O Cortiço; · Casimiro de Abreu (1837-1860), autor da obra Primaveras; · Gonçalves Dias (1823 - 1864), autor da obra Canção do Exílio. Romantismo nas artes A arte romântica era essencialmente baseada no individualismo, na natureza e no imaginário. Esses valores se manifestaram em todos os ramos artísticos da época e inspiraram pinturas, esculturas, poemas, entre outros. Devido à ênfase na imaginação, os artistas davam muita importância à intuição, ao instinto e à emoção. Por serem muito pessoais e subjetivos, esses sentimentos reforçaram a noção de individualismo, que marcou o movimento. Para os românticos, o individualismo se manifestava de forma mais plena em contextos de solidão. Por esse motivo, a arte romântica tende a ser fortemente meditativa. Esse focono imaginário e no subjetivismo afastava a noção de que a arte era um espelho do mundo. No romantismo a arte criava um mundo paralelo. "A balsa da Medusa", de Théodore Gericault, representando a ênfase que a arte romântica dava ao imaginário. O romantismo trouxe um novo conceito de natureza que não se limitava aos bosques, árvores e animais. Para os românticos, a natureza era uma algo superior, transcendental e, por isso, incompreensível aos homens. Como todos os pontos, a natureza também era vista de forma subjetiva e sua retratação variava de artista para artista. Entre as formas mais comuns de interpretação da natureza estavam a ideia de que era um lugar divino, um refúgio do mundo industrializado ou mesmo um poder de cura. Essa valorização da natureza fez com que, através do romantismo, a pintura de paisagem, antes vista como uma forma inferior de arte, fosse altamente aprimorada. "A árvore solitária", de Caspar David Friedrich. A obra demonstra vários traços característicos das obras românticas, como o culto à natureza, a exaltação da solidão e a fuga da cidade (escapismo). Principais nomes e obras do romantismo Confira abaixo os principais artistas românticos, seguidos de algumas de suas obras: Literatura Europeia · William Blake - Sete livros iluminados, O casamento do céu e do inferno, Jerusalém, etc. · Samuel Taylor Coleridge – A balada do velho marinheiro, Kubla Khan, Cristabel, etc. · William Wordsworth – Solitário qual nuvem vaguei, O prelúdio, Ode ao dever, etc. Pintura · Francisco de Goya – Três de maio de 1808 em Madrid (ou Os fuzilamentos de três de maio), Saturno devorando um filho, A maja nua, A maja vestida, etc. · William Turner – O navio negreiro, Chuva, vapor e velocidade, A batalha de Trafalgar, etc. · Caspar David Friedrich – Caminhante sobre o mar de névoa, Monge à beira-mar, O mar de gelo, etc · Eugène Delacroix – A liberdade guiando o povo, O massacre de Quios, A morte de Sardanápalo, etc. Escultura · Antoine-Louis Barye – Teseu e o Minotauro, Leão e serpente, Águia e serpente, etc. · Pierre Jean David – Reavivando a Grécia, A morte de Aquiles, Louis II, etc.
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