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48 RevIsta do Clube naval • 391 bras ilida de a música do Hino Nacional foi composta pelo carioca Francisco Manuel da Silva (1795/1865), em 1822/23, chamada inicialmente de “Hino 7 de Abril” (em razão da abdicação de D.Pedro I) e em seguida, “Marcha Triunfal” para comemorar a Independência do Brasil, segundo alguns pesquisadores. Essa composição passou a ser muito conhecida durante os anos seguintes. No dia 13 de abril de 1831 tornou-se popular quando, pela primeira vez, ele era executado e cantado, no cais do Largo do BREVE HISTÓRIA DO hInO nAcIOnAl bRASIlEIRO Paço, ex-Cais Pharoux, atual Praça 15, no Rio de Janeiro, com versos que comemo- ravam a abdicação e o retorno de D.Pedro I para Portugal. Neste período havia duas letras não oficiais que expressavam mo- mentos históricos, mas logo caíram no esquecimento. Durante o reinado de D.Pedro II, ele era executado nas solenidades onde parti- cipasse o Imperador, contudo, sem letra, e passou a ser considerado, não oficialmente, como o Hino Nacional Brasileiro. Após a Proclamação da República (15/11/1889), foi organizado um concurso para escolher um novo Hino Nacional que pudesse apagar todos os resquícios do Regime Monárquico. Assim, foi marcada para o dia 20/1/1890 a escolha do melhor hino concorrente. Participaram do concurso 36 candidatos. Contudo, no dia 4 de janeiro, um atroz artigo do crítico musical Oscar Guanabari- no, abriu a questão em favor do hino de Francisco Manuel da Silva, que já era do gosto popular há muito tempo, e contrário à criação de um novo hino. Argumentava que “o Hino Nacional Brasileiro nunca fora considerado pelo povo como o hino de D.Pedro II, mas como o Hino da Pátria”. Com o apoio do presidente Deodoro da Fonseca e demais ministros, no dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico, era oficia- lizado, por decreto, pelo Governo Provisório, o Hino Nacional, de Francisco Manuel da Silva, e a composição de Leopoldo Miguez, que havia ganhado o concurso, tornara- se o Hino da Proclamação da República: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre MIguel assad IsaltIno* GRUPO ESCOLAR LOPES TROVÃO – TURNO DA MANHÃ – Em forma, ao amanhecer, os alunos uniformizados do Lopes Trovão, em volta do mastro na entrada do Grupo Escolar, cantavam o Hino Nacional enquanto era içada a bandeira brasileira, acompanhada pelo coral dos jovens estudantes. ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (AMAN) – BATALHÃO DE COMANDO E SERVIÇO – Em forma, ao entardecer, os soldados da Companhia de Guardas, à qual eu pertencia, perfilados no pátio interno do batalhão, entoavam o Hino Nacional acompanhados pela Banda de Música da Academia Militar. Dez anos separam estes momentos inesquecíveis que eu vivi e que me deixaram muitas saudades: cantar o Hino Nacional Brasileiro quando jovem estudante do Grupo Escolar Lopes Trovão e como militar na AMAN. Saber cantar o hino de nossa pátria é um dever cívico de todos os brasileiros. Provavelmente, a maioria de nossa população desconheça os autores da música e do poema, como também as suas histórias. 1949 1959 RevIsta do Clube naval • 391 49 nós! Das lutas na tempestade! Dá que ouçamos tua voz!” – Já que não houvera tempo hábil de cancelar o concurso musical, que teve quatro hinos finalistas: de Francis- co Braga, Alberto Nepomuceno, Leopoldo Miguez e J.Queirós. É interessante informar que a música vencedora foi hostilizada pelo público presente no teatro e pelo próprio marechal Deodoro da Fonseca, que preferia a composição antiga. Ao Hino Nacional só faltava uma letra que correspondesse à sua beleza harmônica e à melodia da música. Em 1908, o minis- tro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, sugeriu a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, com o prêmio de dois contos de réis para o primeiro lugar. Em outubro de 1909, o “Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro”, de autoria do escritor, poeta, diplomata, bacharel em letras e futuro membro da ABL, o fluminense Joaquim Osório Duque Estrada (1870/1927) era escolhido como o vencedor do concurso, cujos versos iniciais eram os seguintes: “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas Da Independência o brado retumbante E o sol da liberdade, em raios fúlgidos Brilhou no céu da pátria nesse instante.” No ano de 1916, o autor fez diversas modificações no poema original e o deixou como nós conhecemos atualmente. Em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922, os versos de Osório Duque Estrada foram adotados oficialmen- te pelo presidente Epitácio Pessoa, que já havia adquirido anteriormente, por 5:000$ (cinco contos de réis), a propriedade plena e definitiva da letra do hino, pelo decreto nº 4.559, publicado no Diário Oficial de 21 de agosto de 1922. O Hino Nacional só deve ser executado em continência à bandeira brasileira, ao presidente da República, ao Congresso Na- cional e ao Supremo Tribunal Federal, assim como em outros casos determinados pelos regulamentos de continência ou cortesia internacional. Sua execução é permitida ainda na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos esportivos internacionais e nacionais. Durante a sua execução, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silên- cio. Além disso, é vedada qualquer forma de saudação – gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordens etc – de Notas a) A letra do Hino da Proclamação da República é de autoria do poeta José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque (1867-1934); b) O cantor Vicente Celestino foi quem gravou em disco, em 1917, pela primeira vez, o Hino Nacional, tendo por acompanhamento a Banda do Batalhão Naval. Referências • PMAR, Semana da Pátria, Livreto • YOUTUBE, História do Hino Nacional *Formado em História pela Sociedade Barramansense de Ensino Superior (SOBEU) Membro Titular do Ateneu Angrense de Letras e artes (AALA)Membro fundador da Associação Fotográfica e Cultural de Angra dos Reis (AFOCAR)Membro da Sociedade Amigos da Marinha de Angra dos Reis (SOAMAR – Angra). acordo com o Capítulo V da Lei nº 5.700 de 1/9/1971 (Lei dos Símbolos Nacionais do Brasil). A partir de 22 de setembro de 2009, o Hino Nacional Brasileiro tornou-se obriga- tório em escolas públicas e particulares de todo o país. Ao menos uma vez por semana, todos os alunos do ensino fundamental devem cantá-lo. n Francisco manuel da Silva osório duque estrada
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