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01 - Educação inclusiva

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
CAPÍTULO 1 - COMO SURGIU A
EDUCAÇÃO INCLUSIVA?
Miryan Cristina Buzetti
INICIAR 
Introdução
Você já pensou em como as pessoas com deficiência eram atendidas antigamente?
Será que existia algum sistema de ensino para elas?
Com o passar do tempo, as concepções e mudanças sofridas pela Educação
Inclusiva passou a favorecer e melhor atender indivíduos com algum tipo de
deficiência. Desde ambientes separados exclusivos para essas pessoas até a
conquista de um espaço separado dentro da escola regular para o atendimento e
trabalho específico. Mais tarde, chagou-se à tentativa da inclusão escolar, em que se
busca oferecer o direito pela educação e por uma aprendizagem adequada. Aliás,
você já se perguntou como surgiu o termo “educação inclusiva”? Será que os alunos
com deficiência sempre estudaram na rede regular de ensino? Qual é a diferença
entre Educação Especial e Educação Inclusiva?
Essas e outras questões serão respondidas a partir de agora, em que veremos
indicações de legislações que contribuíram para a consolidação da Educação
Inclusiva e para o avanço da Educação Especial. Além disso, iremos discutir sobre os
conceitos de inclusão comparando com a segregação e a exclusão, reforçando a
importância dos avanços trazidos para os alunos com deficiência.
O tipo de atendimento oferecido e o local que esses alunos frequentavam mudou
bastante ao longo do tempo, assim como as práticas pedagógicas e de intervenção.
Compreender essas mudanças irá auxiliar na percepção da situação da Educação
Inclusiva e do atendimento especializado. Afinal, é importante termos em mente
que tudo isso é recente, visto que os avanços ainda continuam e que conhecer o
passado ajudará a compreendermos todo o processo e o tipo de educação que as
pessoas com deficiência já tiveram. Com isso, também é possível identificar que
temos muito a avançar para atender a todos de maneira adequada. Você, inclusive,
faz parte desse processo, pois a garantia da Educação Inclusiva depende da união e
do envolvimento de todos.
Vamos aos estudos!
1.1 Introdução à Educação Inclusiva
A história da Educação Inclusiva inicia com a “Declaração de Salamanca”, um
documento que foi formulado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, na
Espanha, em 1994, o qual discute a exclusão de pessoas consideradas “diferentes”
em ambientes escolares. Esse documento enfatiza a necessidade de uma escola
para todos, levando a um movimento mundial de reflexão sobre os processos
excludentes dentro do ambiente educacional. Além disso, o documento ainda
coloca que a escola deveria atender todos os alunos, independentemente de sua
condição física, intelectual, social ou linguística, incluindo, também, crianças de
população nômade ou pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais
(BRASIL, 1994).
É válido ressaltar que o termo “inclusão escolar” se diferencia do termo “educação
especial”, visto que a Educação Especial é uma modalidade de ensino que atinge os
diferentes níveis do sistema, em busca do desenvolvimento de alunos com
deficiência, condutas típicas ou altas habilidades. A Educação Inclusiva, por sua vez,
tem caráter social, no qual todas as crianças com deficiência têm direito a educação
o mais próximo possível do que é oferecido para os alunos regulares.
Vamos melhor compreender a respeito da diferença desses dois termos a partir de
agora.
1.1.1 Conceituando a Educação Inclusiva
O conceito de educação inclusiva é mais do que garantir somente o acesso, a
entrada ou a matrícula do aluno em uma instituição de ensino, uma vez que busca
eliminar obstáculos e impedimentos que levam o aluno com deficiência ou altas
habilidades a aprender e participar do processo educativo. A Resolução CNE/CEB n.
2/2001, em seu artigo 2º, determina que as escolas devem matricular todos os
alunos, sendo responsáveis pela organização para oferecer aos alunos com
deficiências condições necessárias para uma educação de qualidade (BRASIL, 2001).
#PraCegoVer: Imagem, com fundo branco, apresenta as oito letras que formam a
palavra INCLUSÃO, destacada em vermelho, em letras maiúsculas e seguradas por
nove mãos caucasianas levantadas. A palavra destacada passa a impressão de ter
uma linha vermelha para destacar a palavras. 
Dessa forma, pessoas com deficiência, transtorno do espectro autista e altas
habilidades têm direito à educação dentro desse modelo de ensino na escola
regular, não sendo segregadas ou excluídas. A Educação Inclusiva, então, parte do
princípio de que todos têm o direito de frequentar uma escola de qualidade e ter as
necessidades específicas de aprendizagem atendidas pela instituição:
A Educação Inclusiva pode ser definida como a prática da inclusão de todos –
independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural –
em escolas e salas de aula provedoras, onde as necessidades desses alunos sejam
satisfeitas. (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 21).
Figura 1 - A inclusão é um trabalho compartilhado. Fonte: Nelosa, Shutterstock, 2018.
No entanto, é válido ressaltar que a inclusão de pessoas com deficiência na escola
regular precisa de fundamentos teóricos, reflexivos e práticos para se estabelecer
dados concretos que possam orientar e servir de parâmetros para os educadores.
Assim, a inclusão não é um trabalho fácil, mas extremamente significativo para toda
a sociedade.
A inclusão, então, está presente nas diversas dimensões de nossas vidas, sendo
reconhecida pela sociedade de maneira a reestruturar nossa convivência e práticas
para uma sociedade sem preconceitos. Entretanto, alguns aspectos dificultam ou
impedem a prática da escola inclusiva, como custo, acesso físico, preconceito,
discriminação e as próprias políticas públicas. Em 1994, na Espanha, foi elaborado
um documento com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para as políticas
públicas educacionais, voltadas para o movimento de inclusão social. Esse
documento, conhecido como “Declaração de Salamanca”, é um dos principais
documentos mundiais que consolidou a Educação Inclusiva. 
A “Declaração de Salamanca” é uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios políticos e
práticos da Educação Especial. Ela foi criada em 1994, em Salamanca, na Espanha, em uma convenção.
Serviu de base para colocar em prática a inclusão escolar em vários países, inclusive o Brasil. Você pode
acessar o documento completo através do link:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
(http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf)>.
A “Declaração de Salamanca” é considerada inovadora, pois proporciona a garantia
da inclusão das crianças com deficiência no sistema de ensino regular. De acordo
com o documento, o princípio fundamental da escola inclusiva é que todas as
crianças devem aprender no mesmo ambiente. Além disso, a escola deve
reconhecer e responder as necessidades de seus alunos, respeitando as diferenças.
1.1.2 O papel da escola inclusiva
A escola inclusiva traz uma série de mudanças de valores na educação tradicional,
como a necessidade de novas políticas e a reestruturação da educação, buscando
um novo olhar sobre a aprendizagem. Assim, exige-se uma transformação
VOCÊ QUER LER?
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf
significativa no sistema educacional, quebrando os padrões de normalidade
estabelecidos ao longo dos anos.
A Educação Inclusiva também favorece a diversidade, considerando que todos os
alunos podem ter necessidades em algum momento da vida acadêmica,
descrevendo que algumas dessas crianças poderão precisar de interferência ou
algum recurso mais especializado para adaptar a situação de ensino-aprendizagem,
como o uso de tecnologia, comunicação alternativa, prancha de comunicação,
reglete ou intérprete de libras.
Louis Braille é o criador do código em braile. Ele nasceu em 4 de janeiro de 1809, na França. Aos três anos
de idade, enquanto brincava, feriu-se nos olhos e acabou perdendo a visão. Apesar da cegueira, ele
frequentou uma escola regular e apresentava facilidade na aprendizagem.Em 1821, quando tinha 12
anos, foi apresentado a um sistema de comunicação chamado Sonografia. Louis, então, esforçou-se para
aprender e aperfeiçoar esse sistema, de maneira a permitir que outras pessoas cegas pudessem utilizá-lo.
Daí nasceu o braile. Para fazer a escrita em braile, é necessária uma máquina ou reglete, que é
acompanhada por uma punção, usado por pessoas cegas em uma prancha com uma régua, a qual
contém as celas do alfabeto.
A Educação Inclusiva trouxe, então, uma nova visão para a deficiência, valorizando a
diversidade, considerando que é justamente nesta que podemos ampliar a visão de
mundo e desenvolver atitudes de respeito. Além disso, oportuniza-se a convivência
e a igualdade entre todos, valorizando as competências, as capacidades e as
potencialidades do aluno.
As políticas da escola, bem como as práticas educativas, devem ser desenvolvidas
para enfatizar o valor de cada estudante. Nesse sentido, Mazzotta (2005) reforça que
há situações escolares que podem exigir intervenções mais específicas e diretas,
para tanto, é necessário que a escola esteja preparada para atuar com respeito e de
maneira adequada. O autor ainda nos explica que o respeito não está relacionado a
oferecer a mesma oportunidade de ensino para todos, mas oferecer a cada um as
condições necessárias para que se desenvolvam e aprendam dentro do ambiente
escolar. Dessa forma, é preciso ter uma escola que se adequa as necessidades do
aluno, e não o aluno as necessidades da escola.
VOCÊ O CONHECE?
1.2 O contexto da Educação Especial e
os movimentos de integração,
normatização e inclusão
Ao longo dos anos, a sociedade apresentou diferentes comportamentos em relação
as pessoas com deficiência, desde a condenação à morte, exclusão e abandono até
a internação em hospícios e manicômios, a criação de escolas especiais e salas
exclusivas. De acordo com Rodrigues (2006), as diferenças existem não somente
entre os alunos, mas também entre os professores e a equipe gestora, pois é uma
característica humana, e não um atributo específico de algumas pessoas. A ideia da
diferença, então, ganhou força e fundamentação teórica com o advento de práticas
e estratégias de ensino.
Nesse contexto, temos que lembrar que nem sempre a inclusão e a valorização da
diferença estiveram presentes em nossa sociedade, visto que o termo “inclusão
escolar” é recente e ainda está em implantação. Dessa maneira, saber que, em
alguns períodos da história, conceitos como “integração” e “segregação” estiveram
presentes, mesmo que de forma sutil, contribui para se contextualizar a prática atual
de inclusão escolar.
Na sequência, vamos entender melhor sobre os dois termos.
1.2.1 Segregação
Na história da Educação Especial, é possível identificar que, até a segunda metade
do século XX, pessoas com algum tipo de alteração ou deficiência eram colocadas
em instituições especiais, ficando segregadas da sociedade e de ambientes
educacionais. Nesse período, haviam duas formas de ensino: a escola comum (ou
regular), que recebia os alunos que não possuíam nenhuma deficiência, chamados
de “normais”; e as escolas especiais, que atendiam aquelas pessoas com algum tipo
de deficiência ou pessoas consideradas inaptas para conviver em ambientes sociais
(MAZZOTTA, 2005).
Até aproximadamente os anos de 1960, as pessoas com deficiência eram impedidas
de frequentarem as escolas regulares, não tendo nenhum tipo de convivência ou
interação com os alunos. A escolarização e o atendimento dessas pessoas eram
exclusivos e restritos a instituições especializadas (FERNANDES, 2013).
#PraCegoVer: A ilustração, no centro em sentido diagonal, apresenta um muro de
tijolos vermelhos, contornados na cor branca. Esse muro separa sete bonecos
amarelos, que estão à esquerda, de sete bonecos vermelhos, que estão à direita,
todos em pé. 
Nas instituições especializadas, o tempo dedicado para o ensino ficava em segundo
plano, sendo irrelevante, pois não havia preocupação com os aspectos educativos
desses alunos. O foco nessas instituições era o atendimento voltado para a área de
Figura 2 - A segregação conduz a seleção e separação das pessoas com deficiência. Fonte: Alexander
Limbach, Shutterstock, 2018.
saúde e terapias, como atendimento psicológico, fonoaudiólogo, terapia
ocupacional e fisioterapia. De acordo com Stainback e Stainback (1999), acreditava-
se que esses atendimentos iriam favorecer o desenvolvimento dos alunos com
deficiência, sendo a maneira ideal para atendê-los, reforçando a ideia de que, como
essas pessoas precisam de maiores cuidados, estariam melhor em ambientes
separados e protegidas dos demais.
No entanto, conforme os anos foram passando, essas ideias foram sendo
questionadas e novas maneiras de atender, cuidar e educar alunos com deficiência
foram surgindo. A maior mudança foi levar esses indivíduos para dentro da escola
regular, de forma integrada.
1.2.2 Integração
A partir da década de 1960, o modelo paralelo de atendimento das pessoas com
deficiência começou a sofrer críticas e questionamentos. Entre as críticas, temos a
questão do respeito aos direitos humanos, o custo elevado desse tipo de
atendimento e os avanços na área educacional, que possibilitava um ensino mais
adequado para pessoas com deficiência. Isso ganhou força e mobilização social,
abrindo espaço para uma nova forma de atender as pessoas a partir da integração.
A integração se baseia no princípio da normalização, tendo como argumento a ideia
de que todas as pessoas possuem o direito de participar do mesmo ensino, das
mesmas atividades sociais, tendo as mesmas oportunidades de aprendizagem.
Segundo Mazzotta (2005), no modelo integrativo, a sociedade não reagia à
diferença, ou seja, as pessoas cruzavam os braços e aceitavam as diferenças
existentes, recebendo todos no sistema de ensino regular, desde que os alunos
fossem capazes de se adequar aos serviços e ao ensino oferecido pela escola. Isto é,
o aluno deveria se enquadrar no padrão de ensino já existente. Com essa visão, a
exclusão dos alunos que não conseguiam se adaptar ao ensino oferecido se tornou
visível, pois não conseguiam acompanhar o que a instituição oferecia, e esta não se
preocupava em adaptar e favorecer uma aprendizagem para todos os estudantes.
VOCÊ QUER LER?
Entender os diferentes atendimentos oferecidos as pessoas com deficiência ao longo da história auxilia
na compreensão do que vemos hoje, bem como na percepção de que a inclusão escolar é algo recente
que está em constante transformação. Aliás, o livro “Fundamentos para Educação Especial”, de Sueli
Fernandes, é uma ótima opção de leitura para quem quer entender melhor sobre o assunto!
Assim, a integração escolar ficava reduzida somente a presença do aluno na
instituição de ensino regular, sendo excluídas situações de aprendizagem e
participação efetiva. Diante disso, diversas manifestações e reinvindicações foram
feitas em todo o país para a reestruturação do sistema de ensino.
Internacionalmente, a integração também acaba sofrendo críticas e começa a ser
adotada uma nova política de inclusão. Uma das principais mudanças solicitadas foi
que não mais o aluno se adaptasse ao ensino escolar, mas que a escola se adaptasse
para receber o aluno com deficiência.
Dessa ideia, surge o princípio de tornar as deficiências comuns, oferecendo um
ensino adequado, como se essas pessoas não precisassem de adaptações ou
adequações.
A entrevista “Educação Inclusiva”, realizada com Rodrigo Hubner Mendes e Maria Teresa Égler Mantoan,
ambos de influência nacional sobre o assunto; traz à tona um debate sobre os principais desafios da
inclusão escolar, na qual podemos perceber a complexidade e a dificuldade de muitas escolas em
avançarem conceitos pautados na segregação e na integração para a inclusão. Você pode ver a entrevista
completa em: <https://www.youtube.com/watch?v=DpvsxSMq9GE (https://www.youtube.com/watch?
v=DpvsxSMq9GE)>.
Podemos perceber, portanto, que a integração não oferecia um ensino para todos,
pois nem todos conseguiam acompanhar a proposta educacional.Dessa forma, a
nova proposta trazia como marca o respeito à diferença, produzindo mudanças
profundas na educação escolar. Com essas mudanças, na década de 1980, emerge o
VOCÊ QUER VER?
https://www.youtube.com/watch?v=DpvsxSMq9GE
conceito de educação inclusiva, buscando garantir o direito à educação de
qualidade para pessoas com deficiências. Sendo assim, esses alunos passam a ter
acesso a oportunidades reais de aprendizagem no ambiente escolar.
A partir disso, novas teorias e estudos foram feitos, buscando compreender o
processo de aprendizagem das pessoas com deficiência e quais estratégias seriam
melhor utilizadas em cada situação. Na sequência, vamos estudar mais
detalhadamente quanto a essas contribuições teóricas.
1.3 Contribuições teóricas ao debate
sobre a inclusão
No Brasil, há uma legislação que especifica o trabalho e a obrigatoriedade da
inclusão escolar, mas somente ela não é suficiente para garantir ao aluno com
deficiência um ensino adequado, adaptado e de qualidade. Dessa maneira, é
preciso buscar ações e atitudes que assegurem, também, a aprendizagem desse
estudante. Para que isso aconteça, é fundamental uma ação pedagógica mais
qualificada, que garanta ao professor buscar estratégias e procedimentos de
intervenções adequados. Por isso, a formação do professor é um dos maiores
desafios para a efetivação da Educação Inclusiva.
A partir de agora, vamos conhecer um pouco sobre a legislação nacional,
entendendo a abrangência e a especificação quanto ao trabalho docente e à
organização escolar, a fim de construirmos uma escola mais justa e adequada para
todos.
1.3.1 A Educação Inclusiva no Brasil
Foi somente na década de 1930 que teve início a educação escolar das pessoas com
necessidades especiais no Brasil. Na década de 1940, haviam, no país, 40 escolas
públicas regulares que atendiam pessoas com deficiência intelectual, e 14 que
atendiam pessoas com outras deficiências. O início do discurso de inclusão teve
grande influência de movimentos internacionais que iniciaram na década de 1940,
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Brasil, membro da ONU
(Organização das Nações Unidas), signatário de documentos internacionais,
reconhece e se apropria de conteúdos a respeito das políticas públicas. Entre os
documentos que o Brasil compartilha, temos a “Declaração Mundial Sobre a
Educação para Todos”, a “Declaração de Salamanca”, a “Convenção da Guatemala” e
a “Declaração de Montreal”.
Em 1954, surge a primeira APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais).
VOCÊ SABIA?
O Movimento Apaeano surgiu através de iniciativa de pais de crianças com deficiências. Além dos
pais, atualmente, o movimento também conta com o envolvimento de amigos, pessoas com
deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras (públicas e privadas). A APAE tem como
objetivo principal a promoção e a defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência, bem
como sua inclusão social. Para atingir esse objetivo, é oferecido um atendimento completo na área
de saúde e educação para essas pessoas, garantindo o bem-estar e a ação social. Nos dias de hoje, o
movimento congrega 23 federações das APAEs e mais de 2.000 APAEs localizadas em todo o território
nacional, que oferecem atenção integral acerca de 250.000 pessoas com deficiência. Para saber mais
sobre a instituição e o movimento, acesse o link: <https://apaebrasil.org.br/page/2
(https://apaebrasil.org.br/page/2)>.
Em terras brasileiras, a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da
Educação Inclusiva, assegura o acesso ao ensino regular de alunos com diferentes
deficiências (intelectual, física, surdos, cegos, com transtorno de espectro autista e
altas habilidades/superdotação), desde a Educação Infantil até o Ensino Superior.
https://apaebrasil.org.br/page/2
#PraCegoVer: A ilustração mostra a bandeira do Brasil ao fundo. Na frente da
bandeira estão 12 punhos cerrados e erguidos, representados nas cores branca,
marrom, amarela e vermelha. 
Algumas leis e pareceres contribuíram significativamente para o crescimento da
Educação Inclusiva, sendo eles:
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/96): traz
uma definição da Educação Especial, caracterizando as instituições
privadas sem fins lucrativos que oferecem atendimento exclusivo para
pessoas com deficiências, tendo a finalidade de apoio técnico e financeiro
pelo poder público;
Decreto n. 3.298/99: define a Educação Especial como uma modalidade
transversal a todos os níveis e modalidades de ensino;
Resolução n. 2/2001: institui as diretrizes nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica. Os sistemas de ensino devem matricular
Figura 3 - A Educação Inclusiva no Brasil – uma parceria de todos. Fonte: Shutterstock, 2018.
todos os alunos, sendo de responsabilidade da escola se organizar para
melhor atendê-los;
Parecer n. CNE/CP 009/2001: institui as diretrizes para a formação de
professores e estabelece que a Educação Básica deve ser inclusiva,
exigindo uma formação docente com conhecimentos sobre a diversidade;
Lei n. 10.436/2002: dispõe sobre a língua brasileira de sinais (LIBRAS),
reconhecendo-a como meio legal de comunicação e expressão;
Programa de Acessibilidade no Ensino Superior (2005): traz a proposta
de ações que buscam garantir o acesso das pessoas com deficiência às
instituições federais de Ensino Superior, criando núcleos de acessibilidade;
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE): um documento
importante que traz vários aspectos relevantes para a Educação Básica e
Especial, como a recomendação quanto a acessibilidade em relação a
estrutura arquitetônica nas unidades de ensino, a utilização de recursos
multifuncionais em sala de aula e a formação docente para o atendimento
especializado;
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008): documento que enfatiza o termo “perspectiva da
educação inclusiva”, indicando que o foco da Educação Especial é a
inclusão no ensino regular da pessoa com deficiência; 
Resolução n. 4/2010: afirma que o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) deve ser oferecido no turno inverso da escolarização,
prioritariamente na sala de recursos multifuncional;
Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (2011): firma
diretrizes sobre a implantação de salas de recursos multifuncionais,
destina recursos financeiros para a adaptação arquitetônica de escolas,
oferta transporte escolar acessível e educação bilíngue (formação de
professores tradutores e interpretes de LIBRAS);
Plano Nacional de Educação (Lei n. 13.005/2014): a meta quatro do plano
discorre sobre a Educação Especial e estabelece critérios, como a
educação para alunos com deficiência devendo ser oferecida,
preferencialmente, no sistema público de ensino;
Lei n. 13.146/2015: lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência
que garante condições de acesso, permanência e participação no processo
de aprendizagem por meio de oferta de serviços e recursos de
acessibilidade, os quais eliminem as possíveis barreiras do aprendizado do
aluno com deficiência.
VOCÊ SABIA?
A legislação, as normas técnicas e os pareceres são publicados na íntegra no site do Ministério da
Educação (MEC), estando disponíveis para download. Você pode acessá-los através do link:
<http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-diversidade-e-
inclusao/legislacao (http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-
diversidade-e-inclusao/legislacao)>.
A legislação nacional é ampla e vive em constante mudança, por isso, é fundamental
para o professor estar atento as publicações do Ministério da Educação e
acompanhar as discussões e notícias do cenário nacional. Além disso, a formação
continuada a partir de cursos, palestras e seminários também é um caminho para se
refletir e conhecer as atuais mudanças do cenário educacional.
1.3.2 A formação do professor
A formação de professores especializados em Educação Especial atingiu o nível
superior nos anos de 1960 e 1970, atravésde algumas reformas ocorridas na
legislação nacional. Em 1970, a Educação Especial no Brasil já aparece como uma
das prioridades da política educacional. Ao longo desses anos, cursos de formação
de professores inseriram habilitações e criaram licenciaturas em Educação Especial.
Em 1975, foi elaborado um plano de ação com o objetivo de expandir e qualificar
professores para a Educação Especial, tendo como base a reformulação do currículo
de formação. De acordo com Mazzotta (2005), até 1981, o ingresso de professores na
área era feito da mesma maneira que o professor do ensino regular, através da
mesma formação inicial e pelo mesmo concurso público. Somente a partir de 1982
passou a existir um cargo específico para o educador de alunos com deficiências.
Segundo o Parecer n. CNE/CEB 17/2001, da Câmara de Educação Básica do Conselho
Nacional de Educação,
São considerados professores especializados em Educação Especial aqueles que
desenvolveram competências para identificar as necessidades educacionais especiais,
definir e implementar respostas educativas a essas necessidades, apoiar o professor
da classe comum, atuar nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos
alunos, desenvolvendo estratégias de flexibilização, adaptação curricular e práticas
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-diversidade-e-inclusao/legislacao
pedagógicas alternativas, entre outras, e que possam comprovar: a) formação em
cursos de licenciatura em Educação Especial ou em uma de suas áreas,
preferencialmente de modo concomitante e associado à licenciatura para educação
infantil ou para os anos iniciais do ensino fundamental; e b) complementação de
estudos ou pós-graduação em áreas específicas da Educação Especial, posterior à
licenciatura nas diferentes áreas de conhecimento, para atuação nos anos finais do
ensino fundamental e no ensino médio (BRASIL, 2001).
#PraCegoVer: Na fotografia colorida, à direita, uma professora sorridente,
aparentando 30 anos de idade, vestida com uma camisa rosa-claro de manga
comprida, cabelos castanhos, longos e soltos, segura um giz branco com a mão
direita e escreve em uma lousa verde, que está do lado esquerdo. Ao fundo uma
prateleira com livros e pastas. 
A Resolução n. 1, de 15 de maio de 2006, instituiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia. Em seu artigo 10, ela anuncia a
extinção das habilitações, dessa forma, as de Educação Especial não poderiam mais
Figura 4 - A formação de professores de Educação Especial é um desafio. Fonte: iraua, Shutterstock, 2018.
ser oferecidas como formação de professores. A resolução, no entanto, não
contempla de forma clara e objetiva a necessidade de formação ou uma em
específico para que o profissional possa atuar com alunos com deficiência, dando
margens a interpretações. Assim, muitas dúvidas e problemas surgiram. Por
exemplo, a formação poderia acontecer a partir de cursos de especialização (lato
sensu), não tendo como exigência a formação inicial de Pedagogia, ou
conhecimentos orientados e definidos como uma base para desenvolver o trabalho.
Contudo, isso gera erros.
De acordo com Mazzotta (2005), a formação de professores para a Educação Especial
tem como objetivo preparar profissionais capazes de trabalhar com recursos,
linguagens e estratégias de ensino que possibilitem ao aluno com deficiência
aprender. Dessa maneira, surgem reflexões: qual é a melhor formação para esse
profissional? Quais conhecimentos são, de fato, necessários?
Sobre esses questionamentos, desde 2003, o Ministério da Educação busca ações
para disseminar a política de Educação Inclusiva em todos os municípios do Brasil,
apoiando a formação de professores e gestores para tornar o sistema de ensino mais
inclusivo. Em 2010, esse programa de disseminação atingiu 168 municípios-polo,
que são multiplicadores de formação para os profissionais da educação. Além disso,
o Ministério da Educação busca, constantemente, publicar materiais e guias que
possam servir como referências para a prática docente (FERNANDES, 2013).
#PraCegoVer: Na fotografia colorida, uma professora, sentada à esquerda de uma
mesa, está explicando a lição para um aluno, que está sentado no centro. A
professora, caucasiana, com cabelos pretos e médios, vestida com uma blusa de
manga e gola comprida, verde-clara, segura um lápis com a mão esquerda e
acompanha o aluno na leitura da atividade escrita em um caderno aberto, com
folhas brancas. O aluno, um menino loiro, aparentando 7/8 anos de idade, vestido
com um suéter cinza, camisa azul clara por baixo e gravata azul escuro, está com um
lápis na mão, olhando para o caderno e ouvindo à professora. Sob a mesa, há
Figura 5 - A prática pedagógica na escola inclusiva é essencial para a aprendizagem do aluno. Fonte: Royalty-
Free/Corbis, 2018.
diversas canetas e atividades espalhadas e, os óculos da professora. Fundo branco,
em destaque livros grossos e de cores diversas guardados em uma prateleira
também branca. 
Atualmente, a legislação brasileira prevê que todos os cursos de formação de
professores devem oferecer disciplinas e conteúdos que possibilitam ao futuro
professor trabalhar em sala de aula regular com os alunos com deficiência.
Entretanto, em muitos casos, o conteúdo oferecido pelos cursos de licenciaturas ou
a quantidade de disciplinas ministradas sobre a temática da inclusão escolar não é
suficiente para orientar e direcionar o trabalho docente em sala de aula.
Construir uma escola inclusiva, que atenda de maneira adequada a todos os alunos,
respeitando suas diferenças, características e potencialidades, é um dos grandes
desafios da atualidade. É necessário oferecer recursos, estratégias, adaptações e
procedimentos adequados, pois, do contrário, estaremos regressando ao conceito
de segregação ou integração no ambiente escolar.
Para garantir, então, uma inclusão total, é necessário valorizar a formação do
professor, bem como respeitar e conhecer a legislação que fundamenta e direciona
o trabalho de toda a equipe envolvida na educação.
1.4 A inclusão como um direito de todos
A legislação nacional busca garantir que a inclusão escolar permita que as crianças
com alguma deficiência ou necessidade especial sejam atendidas e frequentem o
sistema de ensino regular, desenvolvendo suas capacidades e potencialidades. O
acesso à escola não só promove o desenvolvimento de competências e conteúdo,
mas possibilita o desenvolvimento pessoal, cognitivo e emocional. Quando a escola
promove a inclusão, consequentemente, promove o respeito à diversidade, criando
uma sociedade mais justa e igualitária.
Os benefícios em incluir o aluno com deficiência no sistema de ensino regular são
enormes, tanto para o aluno quanto para os envolvidos. Assim, é importante que a
escola esteja preparada para oferecer ao estudante acessibilidade, recursos e
profissionais capacitados para atender as suas necessidades. Para Stainback e
Stainback (1999), o professor é a peça-chave para o sucesso dessa inclusão,
valorizando as aptidões e habilidades dos alunos. Isso porque as salas de aulas
podem se tornar comunidades de apoio, local em que os alunos se ajudam e se
respeitam.
1.4.1 Por uma escola igualitária
As diferenças existentes entre as pessoas — seja de classe, gênero, idade,
capacidade intelectual, oportunidade, interesses etc. — deve ser fator positivo para
a educação, e não um impedimento ou restrição para o ensino, sendo necessário
não eliminar as diferenças, mas valorizá-las para poder melhorar a qualidade. Dessa
forma, ignorar a diversidade no contexto escolar é incentivar que, no ambiente
social, elas também devem ser ocultadas e excluídas, gerando discriminação e
preconceito. Nesse contexto, as escolas que se atentam para a inclusão buscam
respeitar e reconhecer a diversidade entre todos. Com certeza, é um ambiente
desafiador, mas, também, rico em possibilidades e crescimento.
Figura 6 - Todos devem se unir por uma escola inclusiva. Fonte: Robert Kneschke, Shutterstock, 2018.
#PraCegoVer:A imagem computadorizada apresenta algumas peças brancas de um
quebra-cabeça, que aparentam estar em movimento. Ao centro, tem uma peça
vermelha em destaque. 
Escolas que valorizam a inclusão possuem uma organização escolar diferente,
sofrendo alterações desde o plano de ensino até o Projeto Político Pedagógico,
perpassando por professores, agentes de serviços, adequação ambiental e
pedagógica, atitudes, valores e procedimentos. Isto é, todos se envolvem para que a
inclusão, de fato, aconteça. Há, então, uma mudança, um esforço em atitudes.
A seguir, vamos analisar um caso fictício para que entendamos melhor sobre a
importância de uma corrente de atitudes positivas em prol da Educação Inclusiva.
CASO
Ana é professora do Ensino Fundamental I. Ela leciona há mais de 20 anos na mesma escola, mas,
nos últimos anos, percebeu que os alunos mudaram, que a família mudou e que muitas práticas que
ela tinha anteriormente já não fazem mais o mesmo resultado no ensino e na aprendizagem dos
alunos. Ana também percebeu que, em sua época como aluna e nos primeiros anos em que
lecionou, não se viam estudantes com deficiência na escola regular, sendo a única opção para essas
pessoas a instituição especializada. Hoje, a professora recebe em sua sala de aula alunos de
diferentes etnias, raças, crenças, costumes culturais, entre tantas outras diversidades, bem como
estudantes com necessidades especiais.
Ao longo de seus estudos, Ana percebeu que precisa se adaptar à nova realidade, sendo que, em
muitos casos, ela pode contar com o apoio de um profissional especialista em Educação Especial,
que irá ajudar a pensar em estratégias e recursos para adaptar o currículo e as atividades para o
aluno deficiente.
Ana entendeu que a inclusão é uma tarefa difícil, exige estudo, dedicação e busca constante por
alternativas pedagógicas. No entanto, a professora sabe que é uma postura válida, uma vez que
favorece e enriquece não só a vida do aluno com deficiência, mas a de todos os envolvidos.
A escola inclusiva, portanto, é aquela que busca garantir a qualidade de ensino para
todos. Uma escola só poderá ser considerada como inclusiva quando estiver
organizada para atender e favorecer a aprendizagem de cada aluno, com um ensino
de qualidade, independentemente da diversidade. Deve-se prezar, então, por um
ensino que leve em consideração as necessidades de cada um, e que dê conta de
buscar estratégias e procedimentos para trabalhar com cada aluno, garantindo o
acesso ao conhecimento.
1.4.2 Ensinar, aprender e avaliar
Pesquisadores, como Mazzotta (2005) e Rodrigues (2006), trazem em seus estudos
apontamentos sobre o avanço da educação em direção a uma escola mais inclusiva,
assim como os desafios e obstáculos que ainda precisam ser superados. Os autores
destacam que a adaptação é a chave para o sucesso, e ressaltam que o princípio
fundamental da escola inclusiva é que todos os alunos devem aprender juntos,
independentemente de suas dificuldades ou talentos, deficiências, origens
econômicas ou culturais. Dessa forma, é responsabilidade do professor buscar a
melhor estratégia pedagógica para isso.
A sociedade passa por um período no qual está aprendendo para incluir e incluindo
para aprender, pois não há uma receita pronta sobre como trabalhar com cada
pessoa deficiente, assim como também não há uma única maneira de trabalhar com
alunos regulares. Dessa forma, é preciso superar a visão de homogeneização e
pensar que, como não há uma fórmula para aprender, também não deve haver uma
para ensinar.
Algumas estratégias e posturas poderão ser tomadas pelo professor em sala de aula
a fim de favorecer a inclusão escolar e a aprendizagem de todos. Para isso, é
fundamental que o professor conheça seus alunos, saiba quais são as suas
habilidades, suas dificuldades e suas necessidades, para somente depois pensar em
adaptações e possibilidades de ensino.
Para que o professor possa buscar as estratégias diferenciadas é preciso que tenha
uma boa formação. Uma formação que permita ao profissional conhecer recursos,
estratégias e, principalmente, as necessidades de cada deficiência, o que irá
favorecer a prática do professor e sua postura inclusiva. Além disso, é essencial que
o professor especialista da Educação Especial interaja com o professor da sala
regular, trocando informações, atividades e seguindo na mesma direção em relação
ao atendimento e ensino do aluno (PAN, 2013). Esse diálogo deve acontecer a todo
momento durante o ano letivo, desde o planejamento de ensino até a avaliação
final, pois só assim os diferentes profissionais poderão desenvolver e oferecer ao
aluno um conteúdo contextualizado e coerente. Em muitas escolas e sistemas de
ensino, existe um período em que o professor da sala regular pode sentar e planejar,
juntamente com o professor especialista, o plano de ensino para o estudante com
deficiência, a fim de pensarem em estratégias variadas e adequadas.
O atendimento educacional especializado contribui significativamente para o
desenvolvimento do aluno da Educação Especial. Um atendimento oferecido no
contra turno escolar, normalmente de maneira individual ou em pequenos grupos,
que busque adaptar e trabalhar de maneira diferenciada, também possibilita que o
estudante acompanhe e realize as atividades no mesmo ritmo da sala regular.
Outro fator que pode auxiliar na efetivação da inclusão escolar é o uso da
tecnologia. Em muitos casos, ela pode suprir uma necessidade do aluno, como com
a questão da linguagem, da comunicação ou da locomoção. Alguns estudantes
ainda podem se beneficiar, por exemplo, com o uso de notebooks em sala de aula,
facilitando a escrita de um texto ou a realização de atividades com adaptadores e
so�wares específicos. 
VOCÊ SABIA?
As salas de recursos multifuncionais possuem recursos diversos para atender alunos da Educação
Especial. É um espaço que conta com computador, so�wares, jogos e outros recursos para facilitar a
comunicação e o ensino. Para trabalhar na sala de recursos, é necessária uma formação específica
em Educação Especial.
Além dos aspectos apresentados, a relação entre a escola e a família é fundamental.
Conhecer o histórico de vida da criança, o que ela realiza, os procedimentos, as
necessidades e a comunicação que precisa poderá contribuir e muito para o
trabalho docente. Estabelecer esse diálogo constante ajudará não somente a
criança, mas o professor, por exemplo, com um aluno que é surdo e que não tem a
língua de sinais (LIBRAS). Nesse caso, o educador irá precisar conhecer alguns sinais
caseiros para iniciar a comunicação com essa criança. Já em um caso de um aluno
autista, será necessário conhecer os costumes, a rotina, o que o deixa irritado ou o
que o acalma, com o intuito de melhor acompanhar e incluir esse estudante em sala
de aula.
Por fim, no processo de ensinar e aprender, é necessário avaliar. Avaliar o
desenvolvimento do aluno, o que ele aprendeu, onde ele teve dificuldades, como foi
seu comportamento e interesse. É essa análise constante e específica que irá
contribuir para futuros planejamentos e para garantir o desenvolvimento do aluno.
Procure fazer, também, uma avaliação do trabalho docente, das estratégias
utilizadas, das práticas e o que foi mais efetivo.
Síntese
Neste primeiro capítulo, pudemos aprender sobre os tipos de atendimentos
oferecidos ao longo dos anos para pessoas com deficiência, percebendo a mudança
de paradigma e o avanço nas estratégias educacionais. Além disso, você teve
contato com a legislação nacional que rege e estabelece parâmetros sobre a
Educação Especial e Inclusiva.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender que a história da Educação Inclusiva se inicia com a
“Declaração de Salamanca”;
reconhecer que a “Declaração de Salamanca” é considerada inovadora,
pois proporciona a garantia da inclusão das crianças com deficiência no
sistema de ensino regular;
identificar a diferença entre Educação Especial e Educação Inclusiva;
reconhecer que o conceito de Educação Inclusiva é mais do que garantir
somente o acesso,a entrada ou a matrícula do aluno em uma instituição
de ensino;
reconhecer que, no Brasil, o início do discurso de inclusão teve grande
influência de movimentos internacionais que iniciaram na década de 1940;
aprender que, em 1954, surge a primeira APAE (Associação de Pais e
Amigos de Excepcionais);
analisar que a legislação nacional é ampla e vive em constante mudanças,
por isso, é fundamental que o professor esteja atento as transformações.
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