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Apostila Filosofia

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Prévia do material em texto

1
JORGE BENEDITO DE FREITAS TEODORO 
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIA
FILOSOFIA 
1
JORGE BENEDITO DE FRIETAS TEODORO
FILOSOFIA 
1
 Diretor Geral: Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
 Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite
 Carla Jordânia G. de Souza
 Guilherme Prado Salles
 Design: Aline de Paiva Alves
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Taisser Gustavo Soares Duarte
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
© 2021, Faculdade Prominas de Montes Claros.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita 
do Editor
2
1° edição
FILOSOFIA 
Montes Claros, MG
Faculdade Prominas
2020
3
4
LEGENDA DE
Ícones
São os conceitos, definições ou afirmações importantes 
aos quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
1.1 O que significa filosofar? .......................................................................................................................................................9
1.2 O nascimento da Filosofia: Filosofia Grega ..............................................................................................................12
1.3 A Filosofia ao longo da história ........................................................................................................................................18
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................19
2.1 Polis: Democracoa e cidadania .......................................................................................................................................23
2.2 Ética : Aspectos introdutórios ..........................................................................................................................................26 
 2.2.1 Éticas Clássicas ......................................................................................................................................................................28
2.3 Filosofias políticas: Conceitos fundamentais .......................................................................................................30
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................35
3.1 Teoria do conhecimento ( Epistemologia) ..............................................................................................................39
 3.1.1 René Descartes ( 1596-1650)...................................................................................................................................................41
 3.1.2 O Empirismo Inglês ...............................................................................................................................................................42
3.2 Filosofias da ciência: Introdução ...................................................................................................................................43
 3.2.1 Thomas Kuhn ..........................................................................................................................................................................43
 3.2.2 Karl Popper ..............................................................................................................................................................................45
 3.2.3 Paul Feyrabend ......................................................................................................................................................................45
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................47
O PENSAMENTO FILOSÓFICO 
ÉTICA E A POLÍTCA
CONHECIMENTO E CIÊNCIA 
UNIDADE 4
4.1 Metafísica e ontologia: Introdução ................................................................................................................................51
4.2 Filosofia da religião ................................................................................................................................................................56
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................59
METAFÍSICA E ONTOLOGIA 
UNIDADE 5
5.1 Estéticaa: Introdução histórica ........................................................................................................................................63
5.2 A filosofia e arte: Novas imagens e o contemporâneo ..................................................................................67
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................72
FILOSOFIA DA ARTE
UNIDADE 6
6.1 Filosofias contemporâneas ................................................................................................................................................76
 6.1.1 O existencialismo ....................................................................................................................................................................77
 6.1.2 Filosofia francesa ...................................................................................................................................................................78
 6.1.3 A Escola Frankfurt .................................................................................................................................................................80
 6.1.4 Pós- modernidade ................................................................................................................................................................82
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................84
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO....................................................................................................................88
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................................89
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 
6
UNIDADE 1
Apresentaremos a especificidade da filosofia como disciplina em busca de uma 
concepção de conhecimento aproximado da verdade, destacando, sobretudo, 
o surgimento do logos como método de resolução de problemas próprios do 
pensamento filosófico. Não obs- tante, objetivaremos pensar o nascimento da 
filosofia no cenário his- tórico grego e, finalmente, abordaremos uma periodização 
da filosofia ao longo da história.
UNIDADE 2
Tem como finalidade apresentar os campos filosóficos que dizem respeito ao 
entendimento da ética e da política. Discutiremos a composição da ética no campo 
da polis grega, evidenciando a determinação de leis (nómos) e normatizações de 
conduta para a vida em sociedade. Abordaremos, ainda, noções e pensadores 
fundamentais para o desdobramento da filosofia enquanto pensamento político.
UNIDADE 3
Delimitaremos o campo de atuação da teoria do conhecimento (epistemologia) 
em sua tentativa da construção de um método seguro para a obtenção do 
conhecimento. Para tanto, discutiremos os aspectos fundamentais dos Racionalistas 
e Empiristas na obtenção de um caminho para responder à questão de adquirimos 
conhecimento. Introduziremos três entendimentos de filosofia da ciência com a 
finalidade de explicitação do método científico.
UNIDADE 4
Tem como destinação introduzir os campos da metafísica e da ontologia no 
cenário filosófico procurando, sobretudo, ressaltar aspectos clássicos da metafisica 
aristotélica e demais correntes ontológi- cas na tentativa de conceituar a essência 
do ser. Ademais, introdu- ziremos aspectos da filosofia da religião de Agostinho e 
Tomás de Aquino como aportes para uma discussão sobre a realidade além do 
físico e, finalmente, apresentaremos brevemente a filosofia de Friedrich Nietzsche 
como oposição à metafísica religiosa.
UNIDADE 5
Objetivará apresentar algumas correntes de pensamento contemporâneo com a 
finalidade de evidenciar tanto a permanência, quanto a multiplicidade da filosofia 
ao longo do tempo. Diante disso, esboçaremos as importantes contribuições do 
Existencialismo, da Filosofia Francesa Contemporânea, de alguns pensadores da 
Escola de Frankfurt, bem como daremos destinações à pertinência da filosofia no 
mundo atual.
UNIDADE 6
Serão estudados como a Geografia se estabeleceu no Brasil até 1930 – período 
conhecido como Geografia vernacular, e após esse período, quando houve a 
institucionalização da Geografia como Ciência nas universidades e institutos, a 
partir da influência da Geografia clássica e posteriormente rompendo com esta, 
culminando na adoção das outras correntes do pensamento geográfico: geografia
teorética, Geografia crítica e a Geografia Humanística. 
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
 A filosofia surge no cenário da Grécia Clássica com a finalidade de afastar os mitos 
e, consequentemente, diminuir o medo tecido pelo ser humano tecia com relação à 
natureza. Destinado, portanto, o logos (a razão) como a palavra fundante dos processos de 
entendimento do real e, finalmente, introduzindo o questionamento (a dúvida; a incerte-
za) como motores centrais para o pensamento e para os seres humanos.
 Diante disso, o presente livro didático tem a função do despertar, isto é, de desper-
tar o sujeito leitor para um mundo de descobertas e de questionamentos relaciona-
dos à sua própria compreensão. Frisa-se, portanto, que para o saber filosófico, seja 
em temos platônicos (em busca de sua essência única), seja em termos heraclitianos (em 
perpétuo estado de movimento), o ser humano encontra-se em plena descoberta de 
si trafegando, como este livro pretende demonstrar, pelos diversos campos nos quais 
atua: ética e politicamente; epistemologicamente; metafisica e ontologicamente; estéti-
ca e artisticamente; histórica e contemporaneamente.
 Frente a isso, convidamos a todos(as) para aventurarem-se pelas páginas do livro em 
busca de descobertas e fazermos, juntamente, justiça à questão socrática:
“Conhece-te a ti mesmo”
INTRODUÇÃO
8
 O PENSAMENTO FILOSÓFICO UNIDADE
01
9
1.1 O QUE SIGNIFICA FILOSOFAR?
 A filosofia nasce do questionamento e do abandono das certezas previamente con-
cebidas. “Só sei que nada sei”, a frase inaugural proferida por Sócrates (469 a.C– 399 a.C), 
ilustra esse movimento no qual a atividade crítica determinada pela razão (lógos), isto é, 
a atividade orientada pelo pensamento ordenado, reflexivo e, principalmente, oposto a 
todo e qualquer saber místico/ilusório, inicia a sua interrogação dos diversos campos que 
compõe os seres humanos. É no reconhecimento dessa ignorância inicial, submetida aos 
desígnios da racionalidade, que o significado do filosofar ilumina-se, trazendo ao campo 
reflexivo do ser humano questões próprias a sua natureza, a realidade, ao conhecimento, 
procurando sempre perguntar o que?; o porquê?; e o como? das coisas.
 Deste modo, o filosofar, ao adotar a razão como força motriz de suas interroga-
ções, procura afastar-se das explicações triviais, óbvias e evidentes para situar o sujeito em 
um novo mundo determinado pela incessante atividade filosófica do questionamento. 
Trata-se, portanto, do movimento filosófico/reflexivo de, através do aprofundamento das 
questões, conduzir o ser humano a ultrapassar a aparência simples da realidade para, final-
mente, buscar a verdade. Assim, a atitude do filosofar adota as vestes da tarefa socrática 
de dar à luz ao conhecimento verdadeiro, ao tomar como método à maiêutica, regendo 
o sujeito ao encontro com o próprio conhecimento ou, em outros termos, uma atividade 
que se relaciona diretamente com a inquietante expressão: Conhece-te a ti mesmo.
A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo. 
(Merleau-Ponty)
Método: Caminho ou menio para se chegar a um fim.
Maiêutica: Método socrático para a interrogação da verdade. Consiste na interrogação suces-
siva com a finalidade de, com superação de questões simples, conduzir o sujeito a alcançar o 
conhecimento a partir de si mesmo
GLOSSÁRIO
 
Figura 1: Busto de Sócrates
Fonte: Arquivo do Autor
 É justamente a atitude do autoconhecimento a que se 
propõe a reflexão filosófica buscando, no interior de suas in-
dagações, revelar ao sujeito à possibilidade de construção do 
conhecimento diferenciado das crenças e das superstições. Em 
outras palavras, um conhecimento livre de dogmas, preconcei-
tos e, sistematicamente, vinculado ao desejo crítico e teórico 
de um saber próximo da verdade. Nesse sentido, a indagação 
filosófica acerca do sujeito e do mundo procura se fundamen-
tar mediante um percurso teórico racionalmente desenvolvido 
com a finalidade de se deparar com as questões incontorná-
veis sobre a existência e a essência humana, questionando-se 
acerca da vida e da morte, do ser e do ente, do bom e do belo, 
da experiência e do conhecimento, da origem, da forma e da causa das coisas. Portanto, 
questões admiráveis, tais como, o que é a verdade?; o que é a essência do ser humano?; 
10
o que é a justiça, a liberdade, a democracia?; para onde vamos e de onde viemos?; entre 
tantas outras interrogações são o que fornecem o substrato para a consolidação do filo-
sofar como uma atitude crítico-reflexiva fundamental ao ser humano e sem a qual toda 
e qualquer interação humana torna-se insuficiente.
A inscrição “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o univer-
so”, datada entre 650 a.C. a 550 a.C., encontra- se inscrito no Templo de Apolo, na 
antiga cidade de Delfos, guardado pelo famoso Oráculo. De acordo com Sócrates, 
o desvendar talinscrição significa o processo determinante de fundamentação 
humana em busca de uma vida mais equilibrada, autêntica e feliz.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=0MKSHRBS7xk
O filme Sócrates (1971), do cineasta italiano Roberto Rosselini, baseia-se na vida 
e nos pensamentos de Sócrates. LINK:https://www.youtube.com/watch?v=5Ta-
aT30L8yg
BUSQUE POR MAIS
 A filosofia surge da admiração diante do mundo, conforme ressaltado por Platão 
(427 a.C – 347 a.C), do reconhecimento da ignorância e dos esforços feitos para sua supe-
ração. Assim, na esteira do pensamento platônico, o filosofar aponta para a admiração 
de um novo mundo que se abre não a observação sensível do mundo captado pelos 
sentidos, mas sim àquele captado racionalmente pelos “olhos da alma”, local no qual o 
verdadeiro conhecimento repousa. Deste modo, para Platão, filosofar torna-se de uma 
atitude de, como dito por “Conhecer a verdade” “com os olhos da alma ou com os olhos 
da inteligência (CHAUÍ, 2002).
 O novo mundo referido por Platão e aberto pela atitude filosófica, só pode ser atin-
gido pela razão que coloca em questão a aparência da realidade. Isto é, trata-se, novamen-
te, da atividade incessante do questionamento das nossas opiniões, das nossas crenças e 
de nossos preconceitos, algo que, por sua vez, coloca-nos em um estado constante de 
crítica/questionamento da realidade afirmativa. Assim, o filosofar inaugura a tarefa atri-
buída à racionalidade de crítica do mundo e da realidade sensível, ressaltando que aquilo 
que percebemos pelos sentidos constitui-se apenas como uma cópia da essência que 
repousa no mundo inteligível ou mundo das ideias. Conhecer a verdade com os olhos da 
alma significa, justamente, superar as limitações impostas pelos sentidos que são capazes 
apenas de nos fornece opiniões/cópias das verdades essenciais que só podem ser conhe-
cidas pela ação da racionalidade livre dos grilhões das aparências.
 Apresenta-se, portanto, com a filosofia platônica temos um significado para a ati-
vidade do filosofar que se fixa no dualismo, ou seja, na oposição entre mundo sensível e 
mundo das ideias. Tomando o mundo das ideias como o local por excelência da verdade 
e da essência das coisas presentes na realidade, Platão tornou-se conhecido como um dos 
principais filósofos do Idealismo.
https://www.youtube.com/watch?v=0MKSHRBS7xk
https://www.youtube.com/watch?v=5TaaT30L8yg
https://www.youtube.com/watch?v=5TaaT30L8yg
11
 
Figura 2: Representação do Mito da Caverna
Fonte: Arquivo do Autor
 A figura ao lado funciona como a repre-
sentação visual da importante alegoria platô-
nica intitulada de Mito da Caverna, presente 
no Livro VII, da República. O Mito da Caverna 
exemplifica, justamente, a oposição entre mun-
do sensível e mundo inteligível, bem como o 
processo de saída do sujeito das sombras do fal-
so-conhecimentopromovido pela aparência das 
coisas.
Alegoria: figura de linguagem utilizada para expressão de um pensamento. Representa- ção 
de uma teoria por meio de imagens
GLOSSÁRIO
 Platão inicia a alegoria da Caverna com a descrição de sujeitos que se encontram 
acorrentados desde a infância, sem a possibilidade de nenhum tipo de movimentação, 
dentro de uma profunda caverna iluminada pela luz de uma pequena fogueira. Diante 
de seus olhos, estende-se uma parede na qual são refletidas as sombras dos objetos que 
passam atrás deles. Durante toda a vida, os prisioneiros tomam aquelas sombras como a 
realidade, contemplando-as sem jamais questionarem as coisas visíveis.
 Um dos prisioneiros consegue escapar da condição de aprisionamento e, após ul-
trapassar as dificuldades do caminho pouco iluminado, dirige-se à saída da caverna. Ali, 
ele consegue avistar a luz do Sol e, pouco a pouco, sua visão acostuma-se com a lumi-
nosidade solar, tornando-o capaz de distinguir as sobras e os objetos verdadeiros. A partir 
desse momento, ele compreende que estivera preso durante toda a sua existência e aquilo 
que lhe apresentava à visão como verdade era, apenas, a sombra dos objetos verdadeiros, 
levando-o a conclusão de que, durante toda a sua vida, a realidade que se apresentava 
não era senão uma falsidade ou, em termos platônicos, uma mera cópia da verdade. Ao 
retornar à caverna, os demais prisioneiros, que ainda se encontravam aprisionados, não 
acreditam nas suas palavras e decidem permanecerem confinados na confiança prove-
niente das sombras sem, portanto, abandonarem as falsas-certezas construídas no interior 
da caverna.
Mundo Sensível (Dentro da Caverna) Mundo das ideais (Fora da Caverna)
Coisas visíveis Coisas pensadas/ Ideias (Eidos)
Seres vivos Objetos matemáticos
Senso comum/ Opinião (Dóxa)/ Crença Razão/ Conceito/Ideia
Imagens / Sombras Essência
Sentidos (Sensível) Intelecto / Racionalismo dedutivo
Conhecimento não-verdadeiro Conhecimento verdadeiro
Quadro 1 : O Dualismo de Platão: Mundo sensível X Mundo das ideias (inteligível)
12
 O Mito de Caverna ilustra a busca da verdade como tarefa primária da filosofia. Nesse 
sentido, por meio da utilização da razão, o filosofar torna-se capaz de ultrapassar as antigas 
certezas provenientes do senso comum, das opiniões e das crenças, situando-se como 
uma constante busca racional da saída de cavernas. Diante disso, a Filosofia transforma-se 
num instrumento de libertação e de configuração de um novo mundo preenchido pelo 
questionamento e pela busca incessante da verdade, não aceitando as coisas que se co-
locam, aparentemente, como naturais e óbvias como inquestionáveis.
O filme Matrix, de 1999, tem como influência o Mito da Caverna, de Platão, ao ques-
tionar a existências de uma realidade ilusória controlada por um computador. Os 
questionamentos de Neo (Keanu Reaves), o protagonista do filme, têm sua origem 
no des- pertar da consciência do seu estado de adormecimento na Matrix.
Ainda sobre o Mito da Caverna veja o LINK:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm
BUSQUE POR MAIS
 Finalmente, o significado do filosofar ilumina-se como algo imprescindível à con-
dição humana, ocupando-se, enquanto de atividade de liberação, do processo de emanci-
pação e de construção de um sujeito reflexivo e atento à necessidade do questionamento 
racional e da atitude crítica perante a realidade como ferramentas fundamental para o 
bem-viver em sociedade. Portanto, como vimos anteriormente, o filosofar parte da afirma-
ção e, posterior, contestação do nosso estado de ignorância, não seguindo a atitude dos 
demais prisioneiros do Mito da Caverna, de Platão, que permanecem sentados diante da 
parede contemplando a falsa-certeza e a segurança ilusória das sombras, mas, pelo con-
trário, fundamentando-se racionalmente enquanto abertura de novos mundos e, sobretu-
do, de novos sujeitos questionadores, atentos à busca pela verdade na construção de uma 
sociedade plural, distante dos mecanismos de dominação, livre de preconceitos e aberta 
ao exame racional/avaliativo da vida e das coisas.
 1.2 O NASCIMENTO DA FILOSOFIA: FILOSOFIA GREGA
Assim, a raiz da filosofia é precisamente esse “ma-
ravilhar-se”, surgindo no homem que se confronta 
com o Todo (a totalidade), perguntando-se qual a 
sua origem e o seu fundamento, bem como o lugar 
que ele próprio ocupa nesse universo.
(Giovane Reale)
 Tales de Mileto (624 a.C. – 546 a.C.) é considerado o primeiro filósofo ao propor, ra-
cionalmente, a água como princípio originário da totalidade. Assim, remontando ao final 
do século VII a.C. e início do século VI a.C., temos em Mileto, na Jônia, a primeira proposta 
racional para ordenamento do mundo. Contudo, antes de tratarmos das cosmologias 
filosóficas e da proeminência da filosofia como palavra ordenadora do cosmos, faz-se 
necessário situarmos a relação entre o mito e o lógos.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm 
13
Cosmologia: mundo ordenado e organizado racionalmente.
Lógos: pensamentoracional; discurso e conhecimento.
GLOSSÁRIO
 Para Vernant (1981, p. 73), “o advento da filosofia, na Grécia, marca o declínio do pen-
samento mítico e o começo de um saber de tipo racional”. Assim, falamos, incialmente, 
da necessidade de reordenação de uma nascente sociedade para qual a antiga explica-
ção mítica já não era suficiente. Nesse sentido, o mito, enquanto esquema de compreen-
são e organização do mundo, perde espaço para o lógos, um saber organizado segundo a 
lógica racional e que tem, sobretudo, a busca pela explicação verdadeira das coisas como 
pilar fundamental. Sobre o mito, Chauí (2000, p. 32) acentua o seguinte:
[...] mito é um discurso pronunciado ou proferido para ou-
vintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque 
confiam naquele que narra; é uma nar- rativa feita em 
público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilida-
de da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do fato 
de que ele ou testemunhou diretamente o que está nar-
rando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os 
acontecimentos narrados.
 Como dito por Chauí, a autoridade do mito advém daquele que o narra, isto é, o 
poeta é um sujeito inspirado pelos deuses e tocado pelas musas. Tal autoridade consiste, 
deste modo, em um pacto inquestionável de confiabilidade entre o poeta inspirado que 
narra o mito e o ouvinte que recebe a mensagem reveladora. Nesse sentido, a verdade 
transmitida pelo poeta é objeto da revelação divina e, consequentemente, não diz respeito 
à investigação racional. Portanto, uma característica essencial da diferenciação entre o 
mito e o lógos é que o primeiro não faz da busca pela verdade um compromisso irrevo-
gável, uma vez que, tanto a autoridade do poeta, quanto a do discurso não são passiveis 
de interrogação, contudo, o saber mítico possui um poder não apenas de explicação da 
realidade, mas também de explicação sobre a origem do mundo e das coisas.
 Como narrativa de origem do mundo e das coisas, a mitologia grega funciona como 
uma cosmogonia, ou seja, o mito apresenta-se como uma narrativa sobre a organização 
e o nascimento do mundo a partir de forças geradoras naturais e divinas. Assim, podemos 
listar algumas características determinantes das narrativas mitológicas gregas:
1. Processo de antropomorfização da natureza, ou seja, conferir à natureza característi-
cas e formas humanas e, com isso, diminuir o seu temor e dar início ao processo de 
sua dominação: Exemplo: o tempo torna-se Cronos; o raio torna-se Zeus; os mares 
tornam-se Poseidon; a sabedoria torna-se Athena.
2. Os mitos possuem um caráter simbólico explicativo.
3. Conservam em seu entorno um Poder Divino e Ritualístico.
4. Não há separação entre o mundo divino e a realidade terrena.
5. O cosmos se constitui como uma hierarquia de poderes determinada por um agente 
14
soberano que institui a ordenação.
6. Possui uma ordenação politeísta, composta por um panteão de vários deuses e deu-
sas.
Kerényi (2015), publicou o livro A mitologia dos gregos: vol. I: a história dos deuses 
e dos homens, oferendo uma importante coletânea de narrativas mitológicas, in-
cluindo narra- ções sobre a origem do cosmos, dos deuses e dos humanos.
LINK: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/114707/pdf
BUSQUE POR MAIS
 Nesse cenário cosmogônico centrado na palavra de autoridade proferida pelo poeta 
e na hierarquização/ritualização dos poderes cósmicos geradores, dois grandes narradores 
se destacam: Hesíodo e Homero. 
A filosofia é uma cosmologia, pois é uma tentativa racional de explicação da origem e das 
transformações do mundo. O mito, por sua vez, é uma cosmogonia que toma as forças 
naturais primordiais e suas relações (combates, lutas, relações sexuais) como fundamentos 
determinantes para origem do mundo e das coisas sem, no entanto, preocupar-se com
a verdade, pois, aproxima-se de legitimações narrativas mágicas e fabulações.
FIQUE ATENTO
 Hesíodo (750 a.C. – 650 a.C.), na Teogonia, exibe uma narrativa genealógica de funda-
mentação do universo centrada, sobretudo, nas lutas e disputas parentais pela soberania 
do cosmos. Em resumo, a Teogonia apresenta a derrota do Titã Cronos (ou Saturno) pelas 
mãos do deus olímpico Zeus, seu filho, e, consequentemente, a instituição de uma nova 
ordem cósmica ou, como ressalta Vernant: “A vitória de Zeus, em cada vez, é uma criação 
do mundo” ou seja, a vitória e a superação inicial da violência natural primordial (VERNANT, 
1981).
Genealogia: exposição narrativa de como um ser gera outro ser. Compõe traços de filiações, 
ligações familiares e origens.
GLOSSÁRIO
Figura 3: Saturno devorando um de seus filhos (1820-1823) – Francisco de Goya
Fonte: Arquivo do Autor
 Ademais, a narrativa de Hesíodo ao apresentar, com ex-
celência, a origem do cosmos centrada no embate entre for-
ças naturais, ao fim e ao cabo, pode ser interpretada como 
imprescindível para a consolidação do processo de diminui-
ção da distância entre a natureza e o ser humano – desde o 
processo de antropomorfização da natureza, até a concre-
tização de uma nova ordem cósmica menos ameaçadora, 
enquanto estágio determinante não apenas para a raciona-
 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/114707/pdf 
15
lização do mundo e surgimento da filosofia, mas, sobretudo, para a consolidação do ser 
humano como ser político ou, em outras palavras, como ser da polis.
 Homero (850 a.C.), por sua vez, apresenta duas das mais importantes epopeias oci-
dentais, a Ilíada e a Odisséia, ambas completamente relacionadas com o imaginário social 
grego. Na Ilíada, o poeta narra os anos finais da Guerra de Tróia, motivada por uma dis-
puta entre as deusas Hera, Afrodite e Athena que, ao fim e ao cabo, culminaria no rapto 
de Helena e na destruição da cidade troiana. Na Odisséia, por sua vez, Homero narra os 
desafios enfrentados pelo grego Ulisses (ou Odisseu) para retornar à Ítaca após a derrota 
de Tróia.
Epopeia: poema amplo cuja narração relata grandiosos acontecimentos heroico
GLOSSÁRIO
 Ambas as narrativas apresentam elementos essenciais para a configuração de 
uma totalidade mitológica, conforme ressaltado por Reale (1990, p. 15), ao afirmar que em 
Homero tem-se a tentativa de “procurar apresentar a realidade em sua inteireza, ainda 
que de forma mítica: deuses e homens, céu e terra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor, 
a totalidade dos valores que regem a vida dos homens.”
 Seguindo o aspecto levantado por Reale, é possível acentuar que na totalidade re-
presentada pelo mito, notam-se, principalmente, dois aspectos centrais: 1) o fortalecimen-
to dos rituais religiosos presentes na relação entre os humanos e os deuses, ou seja, a vida 
do grego encontrava-se, inseparavelmente, relacionada com o poderio divino/ritualístico 
simbolizado pelos deuses e afirmado na autoridade daquele que narra; e 2) que a ausên-
cia de separação entre o mundo dos deuses e dos humanos é um dos motores principais 
para a configuração dessa totalidade. Assim, deuses e humanos relacionam-se entre si, 
conspiram, desafiam-se, enfrentam-se e tecem os caminhos que dão forma à realidade 
sempre, contudo, tendo o destino dos humanos como matéria primária do deleite dos 
deuses. Podemos observar, por exemplo, que as dificuldades enfrentadas por Ulisses têm 
 início quando ele, um simples humano, nega-
-se a dar graças aos deuses pela vitória sobre 
os troianos; ou, até mesmo, a representação de 
Aquiles, o herói da Ilíada, um semideus pratica-
mente invulnerável, cuja vida se faz regida por 
uma profética destinação, atravessa as fron-
teiras entre o mundo dos humanos e o mun-
do dos deuses, pois, ele não só é filho de uma 
deusa, como também, é detentor de armas e 
armaduras forjadas pelas mãos dos deuses.
Figura 4: Ulisses e as sereias (1909) – Hebert James 
Draper
Fonte: Arquivo do Autor
Em seu canal no Youtube, a Professora Doutora Cristina Franciscatonarra à 
jornada de Ulisses, na Odisseia, até o seu retorno à Ítaca, com destaque para o 
oitavo episódio que descreve o encontro da Nau de Ulisses com as Sereias. Link: 
https://www.youtube.com/watch?v=Qd9SxHZjAYI
BUSQUE POR MAIS
https://www.youtube.com/watch?v=Qd9SxHZjAYI
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A série Tróia: a queda de uma cidade, disponível na Netflix, é uma adaptação 
da epopeia homérica na qual se pode avistar a impossibilidade de separação 
entre o mundo dos humanos e o mundo dos deuses, característica importante 
na mitologia grega.
Disponível em: www.netflix.com.br
 A filosofia surge, justamente, quando as narrativas mitológicas descompromissadas 
com a verdade começam a perder a sua eficácia para a explicação da realidade, ou seja, o 
filósofo não se contenta com as explicações magicas e teológicas expressadas pelo poeta. 
Deste modo, a atividade do filosofar procura uma concepção de conhecimento livre de 
toda a preocupação ritualística presente no mito, dando início, portanto um processo de 
dessacralização do saber e do poder.
 O conhecimento torna-se, em oposição ao mito, fruto do lógos, em outros ter- mos, a 
palavra de autoridade – típica do poeta inspirado pelos deuses – torna-se frágil diante da 
atitude investigativa própria ao pensamento racional, dando lugar, portanto, a explicações 
lógicas, racionais, demonstrativas, sistemáticas.
 As explicações cosmológicas têm início com a filosofia pré-socrática, preocupando-
-se, principalmente, com a origem do mundo e com a natureza. Tal período filosófico 
divide-se em diferentes escolas e importantes filósofos, tais como:
Escola Jônica Tales de Mileto 
Anaximandro de Mileto 
Heráclito de Éfeso
Escola Itálica Pitágoras de Samos
Escola Eleata Parmênides de Eleia
Escola da
Pluralidade
Anaxágoras
Empédocles
Demócrito
Quadro 2: Escolas e filósofos pré-socráticos
Fonte: Adaptado de Chauí (2002)
 A filosofia pré-socrática apresenta o conceito de physis como unidade temática para 
o fornecimento da resposta acerca da origem do mundo e das coisas. Pode-se compreen-
der a physis como a natureza “no sentido original de realidade primeira e fundamental” 
(REALE, 1990, p. 30).
 Nesse sentido, é na physis que se é capaz de se encontrar o princípio (arché) capaz 
de fazer surgir todas as coisas. Portanto, os pré-socráticos trazem consigo a alcunha de fi-
lósofos naturalistas, ou seja, são pensadores ligados à investigação natureza para o conhe-
cimento do princípio capaz de fazer surgir o mundo.
 Para Tales, tal princípio originário seria a água, pois, dela tudo se derivaria devido a 
sua totalidade líquida original. Anaximandro, por sua vez, define a arché como o áperion: 
o infinito, o indeterminado, o ilimitado.
 Heráclito de Éfeso, um dos mais importantes pensadores pré-socráticos, determina 
o dinamismo, isto é, o movimento (devir) como princípio fundamental. Deste modo, Herá-
clito situa a realidade em um incessante processo de transformação, segundo o qual, tudo 
muda, nada permanece inerte. E é justamente a constatação do movimento (devir) cons-
tante que fornece bases para a colocação heraclitiana de nos encontramos em um per-
manente estado de tensão, pois, por meio do devir, passamos de um contrário ao outro, 
por exemplo: o frio torna-se quente; a noite torna-se dia; a vida torna-se morte; etc. Nesse 
http://www.netflix.com.br
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sentido, o princípio do devir assegura, conforme Reale (1990), uma permanente conciliação 
na busca pela harmonia dos contrários.
Heráclito de Éfeso foi um dos primeiros pensadores de tradição DIALÉTICA, cujo pendor fi-
losófico se dá, principalmente, pela concepção da realidade como um devir constante no 
qual o combate entre polos opostos prevalece como um suposto motor para esse mesmo 
o qual o combate entre polos opostos prevalece como um suposto motor para esse mesmo 
devir. Nessa mesma tradição, temos Platão que, por sua vez, considerava o método dialético 
uma ferramenta de pesquisa capaz de evidenciar o caminho para a assunção ao mundo 
das ideias. A tradição do pensamento dialético encontrará pensadores na modernidade, tais 
como René Descartes e Jean-Jacques Rousseau, contudo, apenas com Georg Wilhelm 
Friedrich Hegel o método dialético entrará no centro do debate filosófico. Posteriormente, 
com Karl Marx e Friedrich Engels, a dialética torna-se materialista e passa a ser utilizada 
como método analítico/científico/filosófico para a análise das condições materiais regen-
tes da sociedade, fundamentando-se, sobretudo, como a análise das contradições materiais/
VAMOS PENSAR?
econômicas do social. Ao passo que se a dialética hegeliana focava o cami-
nho do espírito em direção ao Absoluto, a dialética marxista se preocupa com 
o entendimento da realidade através das contradições existentes no reino do 
material e, consequentemente, no embate entre as classes existentes nessa 
mesma realidade.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=JS0Xr2Bg6PE
 Parmênides de Eleia propõe “a identidade entre o ser e o pensamento” (MAT-
TAR, 2010, p. 44), visto que o princípio originário é o ser que, por sua vez, é o uno, o eterno, 
o imutável, em direta oposição a Heráclito de Éfeso. É com Parmênides que se tem o início 
de uma filosofia do ser e os pilares para a corrente de pensamento que, posteriormente, 
será determinada como ontologia (lógica do ser). Diante disso, a importância do filósofo 
de Eleia pode ser medida pelo fato de dar ensejo a uma das questões fundamentais para 
a filosofia: a pergunta pela essência do ser.
 É, justamente, essa questão sobre o 
ser que coloca a filosofia em seu período se-
guinte. Impulsionada pelo crescimento e 
expansão das cidades, bem como pelo au-
mento populacional, torna-se necessário o 
desenvolvimento de uma compreensão ra-
cional do ser desvinculada da obrigação de 
se questionar sobre a natureza e a origem 
das coisas.
 Tem-se, portanto, um desdobramen-
to filosófico dominado pelo desenvolvimen-
to da palavra como instrumento racional/
político com vistas à consolidação do ser 
humano enquanto cidadão social. O homem é um animal político, conforme destacado 
por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), na obra A Política, ou seja, é da natureza do humano re-
lacionar-se politicamente, travar discussões, interessar-se pelos rumos da sociedade, per-
guntar-se sobre a liberdade, sobre a justiça, enfim, transitar pelos caminhos da cidadania. 
Figura 5: A escola de Atenas (1509 – 1511) – Rafael Sanzio.
Fonte: Arquivo do Autor
https://www.youtube.com/watch?v=JS0Xr2Bg6PE
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Frente a tal configuração humana e social, a filosofia adentra nos caminhos da Pólis, como 
veremos adiante, como método racional, crítico e reflexivo para responder às questões 
inerentes a esse novo sujeito que se faz na multiplicidade de suas indagações de ordens 
ética e política; epistemológica e científica; metafísica e ontológica; artística e cultura e, 
inevitavelmente, subjetiva. 
Tavares e Noyama (2017), na obra “Textos clássicos de filosofia antiga: uma intro-
dução a Platão e Aristóteles”, realizam uma importante leitura acerca dos tópicos 
principais dos pensamentos platônicos e aristotélicos.
LINK: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/147877/pdf
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1.3 A FILOSOFIA AO LONGO DA HISTÓRIA
A vida não examinada não vale a pena ser vivida. 
(Sócrates)
 A divisão histórica da filosofia pode ser compreendida do seguinte modo:
Filosofia Período Principais filósofos
Clássica/
Antiga
Séc. VI a.C. – 
Séc. VI d.C.
Filósofos Pré-socráticos; Sócrates; Platão; Aristóteles; 
Filósofos Helenistas.
Patrística e Ida-
de Média
Séc. I –
 Séc. XIV
Santo Agostinho; São Tomás de Aquino.
Renascimento; 
Modernidade e 
Iluminismo
Séc XIV – 
Séc. XIX
Nicolau Maquiavel; Giordano Bruno; Francis Bacon; 
René Descartes; Thomas Hobbes; Voltaire; David 
Hume; John Locke; Jean Jacques Rousseau; Imma-
nuel Kant; Hegel.
Filosofia 
Contemporânea Séc XIX –em diante
Friedrich Nietzsche; Karl Marx; Edmund Husserl; 
Martin Heidegger; Theodor Adorno; Walter Benja-
min; Jean-Paul Sarte; Simone de Beauvoir; Hanna 
Arendt; Giorgio Agamben; Achille Mbembe; Judith 
Butler (entre outros).
Quadro 3: Períodos históricos da filosofia
Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 
O livro “Introdução à Filosofia”, de Paulo Ghirardelli Jr. (2003), oferece não apenas 
uma precisa introdução ao pensamento filosófico, mas também, apresenta uma 
periodização interessante da história da filosofia.
LINK: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/2002/pdf 
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https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/147877/pdf
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/2002/pdf 
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1.A filosofia nasce da interrogação do sujeito sobre as múltiplas configurações da realidade, 
despertando-o, portanto, para o senso crítico e o saber racional. Diante disso, a máxima 
socrática: Conhece-te a ti mesmo, diz respeito ao seguinte:
a) À reflexão sobre si mesmo enquanto sujeito que supera o senso comum, as cren- ças e 
as opiniões na busca por um conhecimento verdadeiro.
b) Ao mundo como fruto do mito e da obscuridade.
c) À visão do sujeito como desvinculado do saber racional.
d) À autorreflexão desprovida de questionamentos e assentada nas certezas do co- tidiano.
e) Ao desconhecimento de si mesmo.
2. Sócrates, um dos principais filósofos da humanidade, salienta que a filosofia tem como 
ponto de partida a seguinte colocação: Só sei que nada sei.
Tal colocação refere-se:
a) A certeza de que sabemos de tudo.
b) Ao conhecimento inquestionável da filosofia.
c) A assertiva da ignorância como ponto de partida do conhecimento. 
d) A autoridade do poeta na fabulação mitológica.
e) As certezas promovidas pelas opiniões do cotidiano.
3. (ENEM 2015) Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, 
aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as 
pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem 
olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao 
longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um 
caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes 
que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus 
prestígios.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego 
antigo, cuja ideia central, manifesta:
a) Caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.
b) Sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense. 
c) Vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.
d) Sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense.
e) Teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das 
ideias.
4. ENEM (2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a pro- 
posição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos 
nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição 
FIXANDO O CONTEÚDO
20
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e 
fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de crisálida, 
está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999.
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em ver- 
dades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
5. Considerando o seu conhecimento sobre a physis e sobre a filosofia pré-socrática, 
assinale a alternativa CORRETA sobre os pensamentos de Heráclito de Éfeso e de Tales de 
Mileto com auxílio do texto a seguir:
“Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o 
mesmo, assim como as águas que já serão outras.”
Heráclito de Éfeso
“O Universo é feito de água.” 
Tales de Mileto
a) Segundo Heráclito, a realidade do Ser é a imobilidade, uma vez que a luta entre os 
opostos neutraliza qualquer possibilidade de movimento. De acordo com Tales de Mileto, 
a terra é o princípio natural (physis) de todas as coisas.
b) Segundo Heráclito, o um é múltiplo e o múltiplo é um. Segundo Tales, a physis é o fogo 
que renova as coisas vivas através de consumação do velho.
c) Heráclito concebe o mundo como um eterno devir, isto é, o mundo em estado de 
movimento que produz mudanças inesgotáveis. Para Tales, a physis (princípio natural) é a 
água, pois a observação de seu movimento ilustra o desenvolvimento de novas formas de 
vida.
d) Para Heráclito, água é o princípio originário do movimento do mundo e da natureza.
Para Tales o movimento (devir) é o que concede à physis a possibilidade da produção 
constante de mudanças geradoras de vidas.
e) Heráclito concebe o mundo como um eterno devir, isto é, o mundo em estado de 
movimento que produz mudanças inesgotáveis. Para Tales, a physis (princípio natural) é a 
água, pois a observação de seu movimento ilustra o desenvolvimento de novas formas de 
vida.
6. A razão (lógos) no mundo grego caracteriza-se por ser:
a) Mítico; racional; sistêmico.
b) Racional; sistêmico; demonstrativo.
c) Inquestionável; sistêmico; demonstrativo. 
d) Sistêmico; falso; racional.
21
e) Demonstrativo; racional; inquestionável 
7. Acerca da passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a 
seguir:
I. Os poemas de Homero – Ilíada (Guerra de Tróia) e Odisséia –, em razão de muitos de 
seus componentes, contêm características essenciais da compreensão de mundo grega 
e, consequentemente, de sua relação com a realidade/natureza, incluindo, sobretudo, a 
impossibilidade da separação entre o mundo di- vino e o mundo humano.
II. As narrativas míticas gregas representam uma tentativa de diminuição do medo e da 
hostilidade que o ser humano enfrenta na sua relação com a natureza.
III. A antropomorfização (humanização) dos deuses na mitologia grega, que os entende 
movidos por sentimentos similares aos dos seres humanos auxiliou no desenvolvimento 
do pensamento de compreensão da realidade.
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, devido necessidade de 
refinamento da racionalização na busca por um conhecimento que se aproximasse da 
verdade.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II. 
b) II e IV.
c) Todas as alternativas. 
d) I, II e III.
e) III e IV.
8. O pensamento racional que se indaga sobre a origem do cosmos e a transformações da 
natureza é conhecido como:
a) Cosmologia.
 b) Mitologia.
c) Cosmogonia. 
d) Fabulações
e) Politeísmo.
22
ÉTICA E POLÍTICA
UNIDADE
02
23
 2.1 POLIS: DEMOCRACIA E CIDADANIA
Dentro desses limites, assim como em suas inova-
ções, a razão grega é de fato filha da cidade.
 (Jean-Pierre Vermant)
 A filosofia é uma criação da cidade-estado grega de Atenas, principalmente, dado 
as necessidades surgidas tanto da configuração de um novo sujeito que se reconhece 
como cidadão, quanto das novas relações sociais surgidas no convívio entre várias e dife-
rentes pessoas. Necessidades que vão, desde a criação de leis que garantam a palavra 
como o instrumento fundamental de organização social da polis (cidade-estado), até a 
definição decondutas éticas, em outras palavras, o estabelecimento das práticas e das 
normas de comportamento direcionadas para o bem viver em comunidade.
 Com o ultrapassamento do modo de vida agrário, assentado unicamente na pro-
dução agrícola, subdividida em pedaços de terra dominados pelo patriarca (o pater), e 
com a superação do modo de vida régio, no qual a cidade – visando proteção – se organiza-
va próximo ao rei e das fortificações de seu palácio, tem-se na Grécia Antiga a eclosão de 
uma nova ordenação social centrada na consolidação de centros urbanos impulsionados 
pela expansão comercial e formados da conjunção territoriais sociopolíticas, conhecidas 
como demus (VERNANT, 1981).
 A estruturação do demus destaca-se pela possibilidade da reorganização o espaço 
territorial – como herança do modo de vida agrário – não em torno do rei ou de determi-
nada aldeia, mas sim, como sendo posse de indivíduos ou famílias independentes que, 
posteriormente, irão se sobressair na consolidação democrática da cidade-estado através 
da possibilidade de discussão pública dos rumos da polis.
 A divisão territorial proporcionada pelo demus, aliada aos desenvolvimentos urba-
nos e comerciais do território grego, garante não apenas a soberania da palavra racional/
argumentativa nas decisões públicas tomadas por uma determinada coletividade, como 
também situa o habitante da polis dentro de um espaço geográfico demarcado pela iso-
nomia e pela instituição de uma sociedade político/democrática atenta à efervescência 
de novos desdobramentos sociais, culturais, artísticos.
Atenas e Esparta são as duas cidades-estados gregas mais conhecidas. De tra-
dições opostas, Atenas destaca-se pela sua organização democrática focada na 
formação filosófica, espiritual e cultural do sujeito, tendo na palavra a principal 
fonte de poder. Esparta, por sua vez, conserva-se enquanto uma sociedade oligár-
quica de fundamentação agrícola e de tradição educacional militar.
LINK: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/esparta-atenas.htm
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 Segundo Vernant (1981, p. 94):
Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as 
duas ordens de fenômenos os vínculos são demasiados 
estreitos para que o pensamento racional não apareça, 
em suas origens, solidário das estruturas sociais e men-
tais próprias da cidade grega.mentos narrados.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/esparta-atenas.htm
24
 Assim pensado, a filosofia atenta-se, justamente para a tentativa de responder aos 
anseios desta nova sociedade centrada em uma organização coletiva ou, como destaca-
mos acima, uma sociedade política pautada pela democracia. Dizemos democrática, pois, 
pela primeira vez na história da humanidade as decisões centrais não são de posse de uma 
individualidade (o rei; o sábio; o déspota) estacionada em um espaço privado, mas sim, 
obras de um coletivo reunido no espaço público, os Eupátridas (os bem-nascidos).
 Nesse espaço público, que os gregos denominaram de Ágora, o coletivo dos Eu-
pátridas reunia-se para exercer o fazer político, isto é, por meio da argumentação e da 
discussão em público, os Eupátridas visavam traçar os direcionamentos legais/sociais da 
polis. Entretanto, por mais revigorante que seja a instituição do processo de tomada cole-
tiva das decisões da cidade-estado, paira sobre a democracia grega algumas dissonâncias 
importantes. A primeira delas é que para fazer parte da classe dos legisladores (os Eupá-
tridas) o sujeito deveria obedecer às seguintes condições: 
a) Ser do sexo masculino;
b) Nascido em Atenas;
c) Proprietário de terra (o demus);
d) Ser livre.
Isonomia: o princípio da Isonomia era a base que garantia a existência de leis e normas para 
todos os habitantes da polis.
Democracia: regime político direcionado à participação de todos os cidadãos. Controle polí-
tico exercido pelo povo.
Legislador: aquele que cria as leis.
GLOSSÁRIO
 Assim, de antemão, na Grécia Clássica, falamos de uma democracia exclusiva que, 
em seu fazer, exclui as mulheres, os estrangeiros (Metecos) e os despossuídos, assentan-
do-se sobre a manutenção de uma estrutura escravocrata que garantiria a participação 
dos Eupátridas na vida pública da polis. Portanto, por mais que a fundação democrá-
tica tenha significado um ganho social importante com a instituição de leis coletivas, a 
abertura da Ágora como um espaço público para a tomada de decisões e, sobretudo, o 
questionamento sobre as noções de política, de ética e de justiça, mantém-se intacta a 
 estruturação de uma sociedade dividida em 
classes sociais. Nesse sentido, a máxima aris-
totélica do homem enquanto ser político e, 
consequentemente, cidadão, é válida, tão so-
mente, para aqueles que se enquadram nas 
condições para serem Eupátridas. 
Figura 6: Pirâmide política/social da Grécia Antiga
Fonte: Bernardes (s/d)
25
 A instituição da democracia na Grécia Antiga percorre diversos períodos históricos, 
iniciando-se com os pensamentos de Sólon (638 a.C.– 558 a.C) “o pai da democracia” que, 
como vimos anteriormente, antecipa a substituição de um modo de vida estritamente 
agrícola, de organização régia, pela atividade mercantil e, consequentemente, dotado de 
maior mobilidade social com organização territorial em demus. Clístenes (565. a.C – 492 
a.C) e Perícles (490 a.C – 429 a.C), destacam-se nesse cenário como grandes legisladores 
e reformadores do ideal democrático grego.
 
Figura 6: Discurso de Perícles (1853) - Phillipp von Foltz
Fonte: Arquivo do Autor 
 Dotada dessa herança grega, a democracia mostrou-se como modelo governamen-
tal voltado para o povo, capaz de incluir em suas decisões o maior número de cidadãos. 
Felizmente, ao longo dos séculos, o modelo democrático sofreu intensas modificações 
que procuram ultrapassar as condições de exclusão e ampliar tanto o caráter popular 
do poder, quanto estender as igualdades de condições e o direito político/civil a todos os 
gêneros, sexos e modos de seres humanos, sem distinção.
A Grécia Antiga contribuiu em diversos campos da vida humana, em especial, como vi- mos 
anteriormente, com a fundação da democracia – do poder popular pela palavra. No entanto, 
a ideia democrática grega é exclusiva, isto é, exclui aqueles(as) que não se encaixam em 
seus pré-requisitos. Algo que, de fato, diminuiu o seu impacto na organiza- ção da socie-
dade. A democracia, como definida atualmente, parte do princípio que ne- nhum sujeito é 
excluído do processo de decisão popular, alargando, portanto, o entendi- mento do que vem 
a ser um cidadão ao considerar todo ser humano como um ser político, transformando, deste 
modo, a democracia, efetivamente, em um governo do povo.
VAMOS PENSAR?
O filme “As sufragistas” (2015) retrata, no início do século XX, a luta das mulheres 
no Reino Unido pelo direito ao voto e participação nas decisões governamentais.
Saiba mais sobre o movimento Sufragista:
LINK: https://mdemulher.abril.com.br/cultura/quem-foram-as-sufra- gistas-da-vi-
da-real/
BUSQUE POR MAIS
https://mdemulher.abril.com.br/cultura/quem-foram-as-sufra- gistas-da-vida-real/
https://mdemulher.abril.com.br/cultura/quem-foram-as-sufra- gistas-da-vida-real/
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 2.2 ÉTICA: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Querer ser livre é também querer livres os outros. 
(Simone de Beauvoir)
 A ética, do grego ethos, é um campo da filosofia que procura compreender as no-
ções e princípios que governam a vida do indivíduo em sociedade. Nesse sentido, a ética 
lida com problemas sobre a essência da liberdade, as normas e as condutas que regem o 
comportamento e a vida dos sujeitos nas esferas coletivas e individuais. Além disso, a éti-
ca, como disciplina filosófica de caráter teórico e prático, pergunta- se sobre os vícios e as 
virtudes dos seres humanos em consonância com os limites e as atribuições da justiça se-
gundo as ações dos cidadãos dentro das relações social. Enfim, a éticaquestiona-se sobre 
o indivíduo inserido em sociedade.
 Com isso, a ética aborda as manifestações e os conflitos inerentes ao impacto das leis 
e da justiça enquanto instâncias normativas e limitadoras do que se entende como liber-
dade, compreendendo que a moralidade, a cultura, os costumes e os valores são instâncias 
variáveis dentro da heterogeneidade dos indivíduos e das sociedades.
 Como salienta Antunes (2012), a heterogeneidade ou multiplicidade das variáveis 
que compõe a vida dos sujeitos, pode ser exemplificada pelo uso do hijab, uma vez que é 
um costume, ensinado pela doutrina islâmica, que as mulheres árabes usem o hijab ao 
saírem de casa, mas, contudo, esse não é um costume adotado pelas mulheres brasilei-
ras. Portanto, é matéria da ética discutir sobre os modos de vida, costumes e comporta-
mento humano. Assim, os campos da ética dividem-se do seguinte modo:
Ética
Normativa:
a investigação racional ou teoria dos padrões do correto e do incorreto, do mal 
e do bem, a respeito do caráter e da conduta, que uma classe de indivíduos 
deve aceitar.
Essa classe pode ser a humanidade em geral, mas também podemos pensar 
na ética médica, ética empresarial, etc., como um conjunto de padrões que 
os profissionais em questão devem aceitar e observar.
Hoje em dia, a expressão teoria ética é frequentemente usada
neste sentido. Grande parte do que se chama filosofia moral é ética normati-
va ou aplicada.
Ética 
Social ou 
Religiosa:
um conjunto de doutrinas sobre o correto e o incorreto, o bem e o
mal, a respeito do caráter e da conduta. Reivindica implicitamente a obediên-
cia geral. Neste sentido há, por exemplo, a ética confuciana, a ética cristã, etc. 
É semelhante à ética filosófica normativa porque pretende ter legitimidade 
geral, mas difere dela porque não pretende ser estabelecida meramente com 
base na investigação racional.
Moralidade 
positiva:
os ideais e as normas geralmente declaradas e acatadas por um
grupo de pessoas, acerca do correto e do incorreto, do bem e do mal, a res-
peito do caráter e da conduta. O grupo pode ser uma nação (e.g., a ética dos 
índios hopis), uma entidade política (e.g., a ética sudanesa), uma organização 
profissional, etc.
A moralidade positiva contrasta com a moralidade crítica ou ideal. A morali-
dade positiva pode tolerar a escravatura, mas esta pode ser declarada into-
lerável apelando a uma teoria que supostamente tem a autoridade da razão 
(ética normativa) ou apelando a uma doutrina que tem a autoridade da tradi-
ção ou da religião (ética social ou reli-giosa).
27
Ética 
descritiva:
o estudo, de um ponto de vista externo, dos sistemas de crenças e
práticas de um grupo social também se chama “ética”, e mais especificamen-
te “ética descritiva”, visto que um dos seus principais objectivos é descrever a 
ética de um grupo. Também tem sido denominada etno-ética, e pertence às 
ciências sociais.
Metaética:
tipo de investigação ou teoria filosófica, distinto da ética normativa, também 
chamada “análise ética”. Tem essa designação porque toma os conceitos 
éticos, proposições e sistema de crenças como objetos da investigação filosó-
fica. Analisa os conceitos de correto e incorreto, de bem e mal, a respeito do 
caráter e da conduta, e conceitos relacionados como, por exemplo, a respon-
sabilidade moral, a virtude, os direitos, etc.
Quadro 4: Tipos de ética” - (Adaptado de MAUTNER, Thomas. “Dicionário de filosofia” (2010))
A ética propõe-se como uma ferramenta de investigação científica racional sobre o com- 
portamento moral dos indivíduos em sociedade que pressupõe uma validade ampla, bus- 
cando determinar normas e meios de conduta direcionados à manutenção da esfera social. 
A moral, por sua vez, diz respeito ao modo de vida histórica, cultural e, sobretudo, variável 
das sociedades.
FIQUE ATENTO
 Pensando em consonância com o filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau (1772 - 
1778), o ser humano, em estado de natureza e de solidão, abdica de sua liberdade natu-
ral para adentrar em sociedade e, deste modo, relacionar-se com os demais. Contudo, tal 
entrada só ocorre quando o sujeito se faz amparado pelo pacto social, isto é, o ser humano 
dirige-se à vida social quando lhe são apresentadas as garantias de que seus direitos indi-
viduais serão respeitados dentro do convívio social. Trata-se, como vimos anteriormente, 
da modificação de uma vida solitária para comungar de uma realidade comunitária ou, 
em outras palavras, da inserção do indivíduo na vida política, democrática, regida por leis 
e regras que serão responsáveis pela manutenção da permanência do humano. Não obs-
tante, a ética discorre sobre tais leis e regras perguntadas, de fato, o que é necessário para 
o viver eticamente em sociedade.
Jean-Jacques Rousseau apresenta na obra “Do contrato social”, de 1762, um im-
portante marco sobre as noções de sociedade e de liberdade.
LINK:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObra-Form.do?select_
action=&co_obra=2244
BUSQUE POR MAIS
 Vasquez (2006), salienta que devido a sua natureza moral, os problemas éti- cos 
compreendem indivíduo e sociedade. Obviamente que, em cada período histórico, as 
questões éticas se modificam seguindo os anseios dos indivíduos inseridos no corpo so-
cial, exigindo uma atividade filosófica capaz de repensar-se diante de novos dilemas su-
gerindo resoluções para tais. Por exemplo, se na época de Aristó- teles era necessária à 
construção de uma doutrina ética direcionada tanto para o entendimento da ideia de 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObra-Form.do?select_action=&co_obra=2244
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObra-Form.do?select_action=&co_obra=2244
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justiça (diké), quanto para a educação virtuosa e elaboração do sujeito de acordo com 
bem-viver e a felicidade (Eudaimonia), cuja finalidade última seria o bem comum social, 
nos dias de hoje, por sua vez, buscamos teorias e práticas capazes de responder questões 
que dizem respeito diretamente às questões que se colocam aos indivíduos e as socieda-
des contemporâneas, tais como:
diké: significa justiça em sentido primitivo tomando dois direcionamentos: 1) justiça dis- tribu-
tiva: igualdade na distribuição de bens ao coletivo e, 2) justiça retributiva: vingança coletiva.
GLOSSÁRIO
1) O aborto deve ser permissível?
2) A liberdade, de fato, existe?
3) O progresso da ciência deve possuir limites?
4) É necessário um balizamento ético/moral para o uso 
das redes sociais? porque
5) Porque a corrupção é permitida?
6) Como pensar uma sociedade que preserve o meio 
ambiente
7) A eutanásia (o direito à morte) deve ser permitida?
Quadro 5: Tipos de ética” - (Adaptado de MAUTNER, Thomas. “Dicionário de filosofia” (2010))
A Grécia Antiga contribuiu em diversos campos da vida humana, em especial, como vimos 
anteriormente, com a fundação da democracia – do poder popular pela palavra. No entanto, 
a ideia democrática grega é exclusiva, isto é, exclui aqueles(as) que não se encaixam em 
seus pré-requisitos. Algo que, de fato, diminuiu o seu impacto na organização da sociedade. 
A democracia, como definida atualmente, parte do princípio que nenhum sujeito é excluído 
do processo de decisão popular, alargando, portanto, o entendimento do que vem a ser um 
cidadão ao considerar todo ser humano como um ser político, transformando, deste modo, a 
democracia, efetivamente, em um governo do povo.
VAMOS PENSAR?
 2.2.1 Éticas Clássicas
 Como campo do conhecimento filosófico, é interessante destacarmos algumas con-
cepções éticas determinantes para o entendimento desta disciplina como investigação e 
normatização das relações do indivíduo na sociedade.
 Aristóteles, na obra “Ética a Nicômaco”, apresenta lições de doutrina ética direciona-
da aos indivíduos da polis, salientado, a necessidade do bom senso (temperança/equilíbrio) 
para a busca da felicidade e consolidaçãodo bem-viver. A ética aristotélica é conhecida 
como uma ética das virtudes, pois tem como finalidade educar o bom cidadão, determi-
nado como aquele que, como salientado por Aristóteles (1984), participa da vida públi-
ca, agindo de maneira virtuosa, procurando a justa medida das ações em sua vivência na 
29
polis. Deste modo, Aristóteles (1984), salienta que os atos individuais refletem-se na co-
munidade, interferindo na convivência da sociedade, portanto, o sumo bem, e a felicidade 
de todos depende de cada indivíduo.
De acordo com Aristóteles, o sujeito só pode alcançar a felicidade dentro da polis, 
isto é, politicamente inserido em sociedade. Portanto, a política destina-se com a 
vinculação do indivíduo com a comunidade. A ética, consequentemente, volta-se 
para a compreensão das ações morais do indivíduo. Deste modo, ressalta-se ain-
da que, o sumo bem e a felicidades apenas são alcançados na vida em comuni-
dade.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=hngoOxji2yQ
BUSQUE POR MAIS
 O filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804), propõe uma ética deontológica, isto 
é, uma doutrina ética focada no conceito de dever. Para Kant, o ser humano é, fundamen-
talmente, egoísta, portanto, diante dessa natureza corrupta faz-se necessário a consolida-
ção de uma noção consistente de cumprimento do dever que, ao fim e ao cabo, seria o 
conceito responsável pelas ações verdadeiramente morais.
 Tal dever, ou lei moral, é “uma forma que deve valer para qualquer toda e qual- quer 
ação moral” (CHAUÍ, 2000, p. 346), formulado pelo ser dotado de racionalidade e que, con-
sequentemente, possui a vontade de desvincular-se da sua natureza sensível e corruptiva 
para, finalmente, buscar um fundamento consistente para a ação moral. Deste modo, 
subsiste no filósofo alemão a ideia de um sujeito cuja ação, necessariamente, encontra-se 
ancorada sobre leis objetivas e racionais independentes da experiência sensível. Kant de-
nominou essas leis, que regem as ações e a vontade do sujeito, como imperativos, sendo 
que o mais conhecido deles é o imperativo categórico, expressado com a finalidade de 
constituição de uma máxima moral racionalmente orientada e com validade universal. 
Falamos, portanto, de uma lei universal, em outras palavras, de uma máxima ética válida a 
todos os seres dotados de razão.
Imperativo: que exprime uma ordem; que ordena autoritariamente.
GLOSSÁRIO
Qual seria o problema de uma doutrina ética focada no cumprimento inquestionável do de-
ver? A filósofa Hannah Arendt, na obra “Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a bana-
lidade do mal”, descreve a situação em que um conhecido criminoso nazista invoca a ética 
kantiana para legitimação de seus atos criminosos. Diante disso, a pensadora demonstra o 
mau uso do imperativo categórico e as desvirtuações que a filosófica kantiana sofre quan-
do colocada sob um véu de irracionalidade. O artigo “O imperativo categórico kantiano no 
julgamento de Otto Adolf Eichmann no tribunal de Jerusalém”, apresenta tanto um preciso 
panorama histórico do julgamento, quanto propriedades conceituas para o entendimento 
do uso corrupto da doutrina ética de Kant.
VAMOS PENSAR?
https://www.youtube.com/watch?v=hngoOxji2yQ
30
 A terceira das éticas consideradas clássicas foi formulada pelo filósofo britânico John 
Stuart Mill (1806 – 1873). Denominada de ética utilitarista ou consequencialista, o pensa-
mento de Mill tem como condição básica o princípio da utilidade ou da maior felicidade.
 O princípio da ética utilitarista resume-se da seguinte maneira: a ação considerada 
moralmente correta é aquela capaz de proporcionar a felicidade para o maior número de 
pessoas. Diante disso, toda ação considerada ética deve maximizar a felicidade, indepen-
dentemente, de a ação proporcionar felicidade para aquele que a realiza, ou seja, trata-se 
de uma ação imparcial direcionada a felicidade do maior número de sujeitos, diferente-
mente do egoísta, cujas ações parciais visam, tão somente, a sua felicidade própria.
Sobre a ética utilitarista e seus impasses no mundo contemporâneo:
LINK: https://criticanarede.com/eti_mill.html
Um dos dilemas mais conhecidos do utilitarismo é o caso do trem:
“Você vê um trem desgovernado movendo-se em direção a cinco pessoas amar- radas nos 
trilhos. Caso nada seja feito, elas serão mortas pelo trem. Mas você está de pé ao lado de uma 
alavanca que controla um interruptor. Se você puxar a ala- vanca, o trem será redirecio-
nado para uma pista lateral e as cinco pessoas na pista principal serão salvas. No entanto, 
na pista lateral também há uma pessoa presa que acabará morrendo.” (GODOY, 2019, p. 
online)
Qual é o caminho correto a seguir?
BUSQUE POR MAIS
a) Permitir que cinco indivíduos morram?
b) Puxar a alavanca dos trilhos e redirecionar o trem para matar apenas uma 
pessoa? Segundo a ética utilitarista, o correto a fazer é, agir imparcialmente, e 
realizar a ação que irá proporcionar a felicidade para o maior número de pesso-
as.
LINK: https://filosofianaescola.com/moral/utilitarismo/
 2.3 FILOSOFIAS POLÍTICAS: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
“Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo 
de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo” 
(Karl Marx)
 Aristóteles considera a política como a ciência prática suprema e, consequentemen-
te, o ser humano como um animal político dotado da capacidade racional para a tomada 
de decisões individuais e coletivas. De fato, a atividade política coletiva é uma invenção 
da sociedade grega que, devido a sua divisão em classes, exigiu a criação e consolidação 
https://criticanarede.com/eti_mill.html
https://filosofianaescola.com/moral/utilitarismo/
31
de legisladores capazes de introduzirem leis e modos de conduta para os cidadãos. Nesse 
sentido, segundo Chauí (2000), temos como passo determinante da invenção da política 
no mundo grego, as seguintes características:
• Substituição da autoridade pessoal (do poder pessoal/unitário) pela organização da pa-
lavra coletiva (os legisladores).
• Separação da autoridade militar e do poder civil.
• Fim da autoridade mágico-religiosa. Laicização do estado e das decisões políticas.
• Lei (nómos): teoria e prática legislativa como expressão da vontade coletiva.
• Instituição de um espaço público (Ágora) para a discussão (Assembleias) e tomadas de 
decisões visando o direcionamento das cidades.
 Com a organização dos sujeitos em sociedades, como visto anteriormente com a 
premissa rousseauniana, fazem-se necessárias destinações políticas para a manutenção 
dos direitos sociais, consolidações das garantias legais e concepções de justiça para a vida 
social, fatores que garantem, principalmente, a condição de cidadania conferida pela en-
trada em sociedade. Diante disso, faz parte da história da filosofia questionar-se sobre 
as teorias e práticas políticas, visando conceituar o melhor modelo de governo. Contudo, 
nem sempre os direcionamentos democráticos serviram de base à fundamentação go-
vernamental, conforme veremos a seguir. 
Platão, na obra “A República”, conceitua o modelo ideal de cidade, pautado pela or-
gani- zação política e educacional direcionada à superação das paixões sensíveis e, 
principalmente, fundamentada na proeminência do Rei Filósofo. Trata-se, de uma 
classe se sujeitos racionalmente educada durante toda a vida e que, portanto, con-
FIQUE ATENTO
templaram a essência das coisas, tornando-se, por excelência, os governantes ideais.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&t=2s
 Afastando-nos das premissas gregas, sobretudo, no que diz respeito ao caráter laico 
do estado e da política, é preciso ressaltar a organização política teocêntrica predominante 
em longo período da Idade Média, uma vez que, a disposição do poder e das decisões polí-
ticas pertencia, predominantemente, a Deus. Em outros termos, a escolha dos dirigentes e 
das ordenações políticas respeitavam as decisões provindasda Igreja católica, em síntese, 
os governantes eram escolhidos por Deus e o governo regido pela sabedoria onipresente 
do Divino. Diante disso, Santo Agostinho (354-430), o filósofo da Patrística, apresenta 
uma relação indissociável entre fé e razão na busca pela felicidade e na condução dos su-
jeitos em direção à plenitude do conhecimento. Finalmente, o bom governo, seria aquele 
que encarnasse, sem ressalvas, as virtudes cristãs.
 Ademais, é com o pensador florentino Dante Alighieri que preconiza-se a separação 
entre o poder espiritual teocrático e o poder temporal, dando vazão, deste modo, ao pensa-
mento Renascentista e ao “princípio de todo o governo na Idade Moderna: a independên-
cia entre ordem temporal e ordem espiritual” (BITTAR, 2005, p. 125).
https://www.youtube.com/watch?v=8YBne9Ln_38&t=2s
32
Patrística: doutrina filosófica que propõe a retomada da filosofia platônica (neoplatonismo) 
fundando-se na necessidade da consolidação de uma moral rigorosa, pautada pelo controle 
das sensibilidades, das paixões e a predileção por um mundo celestial, superior e desvincula-
do da realidade.
Renascentista: que diz respeito ao Renascimento. O Renascimento foi um período histórico 
determinado por uma revolução no modo de compreensão da realidade, da arte, da cultura 
e do conhecimento, sobretudo, no que diz respeito à substituição de um pensamento teocrá-
tico por uma visão de mundo centrada no humano. Por isso, o Renascimento caracteriza-se 
por uma visada humanista (antropocêntrica).
GLOSSÁRIO
 É, justamente, a partir deste princípio e, principalmente, das experiências de vida e 
de realidade, que Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), formula “O príncipe”, uma obra revolu-
cionária ao questionar a extensão do poder e apresentar, em caráter de normatividade, 
os passos de conduta para a consolidação de um governante pleno.
 De viés absolutista, o poder do príncipe deve ser superior aos demais, deste modo, 
o princípio central da atividade política não é a justiça, a liberdade ou o bem comum, mas 
sim, a conservação do poder. Assim, as ações do soberano, pensado por Maquiavel, estão 
“além do bem e do mal” (BOBBIO, 1994, p. 14), isto é, as ações do príncipe estão direciona-
das somente para o controle e a manutenção do poder adquirido, independentemente, 
de tais ações serem violentas, mentirosas ou astuciosas.
 Trata-se, portanto da ideia de virtù (coragem; eficácia; valor), enquanto qualidade in-
dispensável ao soberano, pensada como a capacidade astuciosa de construir estratégias, 
de controlar ocasiões e acontecimentos fortuitos para, enfim, manter-se no poder.
“muito mais seguro é fazer-se temido que amado, quando se tem de renunciar 
uma das duas.” (MAQUIAVEL, 2008, p. 80).
A frase acima corresponde a um ideal maquiavélico de manutenção do poder, assentan-
do-se na ideia de que o amor é passageiro e cindido mediante interesses maiores, mas, o 
temor é um sentimento permanente, portanto, ao príncipe, em sua luta pela manutenção 
do poder, interessa mais ser temido do que amado pelo povo. Maquiavel utiliza César Bórgia, 
cujos atos serviram de inspiração para obra de Maquiavel, foi taxado de “reputado e cruel” 
(MAQUIAVEL,2008, p. 79), como o modelo de soberano bem sucedido.
O seriado “Os Bórgias” (2011), retrata a história de César Bórgia em consonância com o o mo- 
delo de soberano bem sucedido. O seriado “Os Bórgias” (2011), retrata a história de César 
Bórgia em consonância com o papado de Alexandre VI.
BUSQUE POR MAIS
 No histórico das filosofias políticas absolutistas, no final do período Renascentista 
e pré-modernidade, pode-se atentar para o pensamento filosófico de Thomas Hobbes 
(1588 – 1679), autor de “O Leviatã”. Segundo Hobbes, o homem é o lobo do homem, em 
outras palavras, o homem é o maior inimigo do homem sendo necessário, portanto, um 
pacto político capaz de garantir a manutenção da vida humana e, consequentemente, a 
33
Ambos os filósofos, Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rou-
sseau, são considerados pensadores contratualistas, pois, 
compreendem a saída do ser humano do estado natural 
e sua entrada em sociedade regida pelo contrato social. 
Contudo, a ideia de contrato é, completamente, oposta 
em ambos os pensadores: Hobbes prevê a consolidação 
de um estado absolutista regido pelas mãos-de-ferro de 
um rei detentor de todos os poderes; já Rousseau, ideólo-
go da Revolução Francesa, considera a ideia do estado 
democrático, fundamentado pelo direito do exercício de 
voto e, consequentemente, determinado pela vontade 
política da maioria.
VAMOS PENSAR?
Jean-Jacques 
Rousseau 
(1712-1778)
Thomas Hobbes
(1588- 1679) 
 Com o advento das Revoluções Burguesas (Revolução Gloriosa (1688 – 1689), Inde-
pendência dos Estados Unidos (1775 – 1783) e Revolução Francesa (1789 –1799)), aliada 
a um evento anterior, a Reforma Protestante (1517 – 1648) e ao Mercantilismo, têm se a 
eclosão de um novo modo de organização sócio-política demarcado, sobretudo, pelo fim 
do absolutismo, pelo fortalecimento de uma sociedade dividida em classes sociais e pelo 
acirramento relações comerciais com a elevação da Burguesia como classe econômica 
e política dominante e, finalmente, da instauração do direto à propriedade privada como 
direito natural do sujeito.
 Falamos, em outros termos, da nascente modernidade organizada de acordo com 
os modelos do mercado e, consequentemente, do surgimento do capitalismo como dou-
trina econômica dominante. Assim, adentramos num período político demarcado pela 
consolidação do Estado Liberal fundamentado na ideia de que Estado deve ser capaz 
de garantir alguns direitos fundamentais para manutenção da sociedade: 1) liberdade 
econômica e direito à propriedade privada; 2) sociedade civil: sociedade organizada se-
gundo os interesses econômicos dos proprietários privados; 3) a liberdade de pensamento 
e divisão fundamental entre sociedade pública e sociedade privada. Ademais, é na figura 
do Estado Liberal que ocorre a consolidação da divisão administrativa em três poderes 
centrais: a) o Executivo; b) o Legislativo e; c) o Judiciário.
 Adam Smith (1732 - 1790), considerado o pai do Liberalismo econômico, introduz, 
na obra “A riqueza das nações”, que a economia deve ser uma atividade estritamente in-
dividual e independente da influência estatal. Além da instituição da divisão do trabalho 
como marco essencial da modificação da estrutura do trabalho em sociedade e uma das 
forças motrizes do capitalismo, Smith salienta que o enriquecimento das nações se dá, 
prioritariamente, através da liberdade para o desenvolvimento de seus indivíduos.
organização política em sociedade. Diante disso, para Hobbes, o pacto consiste em que o 
ser humano abra mão de seus direitos políticos/sociais, transferindo-os para o Leviatã que 
impediria a queda da humanidade em um estado perpétuo de caos.
 Hobbes tem na imagem do Leviatã, um monstro bíblico, a ideia do Estado absolutis-
ta fundamentado no controle autoritário do déspota esclarecido pela razão. Assim, todas 
as decisões e determinações políticas/sociais seriam de soberania absoluta
do déspota que detém o poder em todos os aspectos.
34
 Nesse processo historicamente orientado de separação entre o Estado e a socie-
dade civil que, por conseguinte, fortalece os mecanismos econômicos do capitalismo e, 
posteriormente, favorece o processo técnico de industrialização, tem-se a divisão funda-
mental da sociedade entre os burgueses (a classe dominante / os proprietários privados) e 
os proletários (a classe dominada / sujeitos que possuam apenas a força de trabalho como 
propriedade a ser vendida).
 Karl Marx (1818 - 1883), sociólogo e filósofo político, busca empreender uma análise 
material da história, com a finalidade de compreender a sociedade moderna em suas 
dimensões econômicas e sociais. Para tanto, o pensador contrapõe-se não apenas à orga-
nização da sociedade em

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