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Mito X Filosofia: Ainda Relevantes?

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AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Nossa AV1 vai ser realizada a partir das informações contidas nesse documento!!!!!
• Situação Problema 
• Mito X Filosofia, são as duas faces da mesma moeda do pensamento humano que muitas 
vezes acabam em contradição. Sabemos que mesmo com o surgimento da filosofia e, 
posteriormente, o avanço das ciências, os mitos nunca deixaram de existir completamente. 
Isso ocorre por conta do ser humano ser definido por construções de identidades, 
identidades construídas por meio das emoções e dos sentimentos, ou seja, por meio do mito 
ou, identidades construídas por meio de processos de racionalização, ou seja, por meio da 
Filosofia. Tendo isso em vista, vamos tentar responder a seguinte pergunta: 
• A Filosofia é necessária na atualidade por conta da vigência do mito na sociedade 
contemporânea?
• A sabedoria demanda uma peculiar atitude perante o mundo, quando se quer conquistá-la. 
Certamente, ela tem a ver com a experiência de mundo e com a experiência de vida; no 
entanto, uma longa experiência que seja não refletida, mas mecanicamente vivida, não é 
sinônimo de sabedoria adquirida. A sabedoria realmente evoca experiência e capacidade 
de absorção reflexiva da experiência mundana, esta predisposição de voltar-se para o 
processo de convívio com o espanto diante do mundo.
Clique para adicionar texto
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Os pré-socráticos e a physis como tema inaugural da filosofia
• A filosofia pré-socrática pertence, ao momento em que, devidamente nutrida 
pelo mito, pela epopeia homérica, pela teogonia, pela cosmogonia, haveria 
condições de cristalização do pensamento racional cosmológico. 
• Mas isto não afasta a filosofia pré-socrática nascente completamente da sua 
ligação com o período mitológico (principalmente porque surge a partir do 
mito), como afirma Werner Jaeger, pois esta passagem se processa aos 
poucos, numa transição que levará os gregos do período cosmológico da 
filosofia (naturalista) ao período socrático da filosofia (antropocêntrico). 
• Ao modo de conclusão, é possível afirmar que a transição do pensamento 
mítico ao pensamento filosófico operou-se por meio dos pré-socráticos. Nesse 
sentido, quer-se afirmar que a filosofia pode representar o potencial de 
libertação racional do homem.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• O Nascimento da Filosofia
• Com sua ordem inspirada no Olimpo, o mundo mítico de Homero e Sófocles era dotado de uma inteligibilidade complexa; no
entanto, com o crescente humanismo visível nas tragédias, esse persistente desejo de sistematização e de clareza na visão de
mundo grega começava a tomar novas formas. A grande mudança já fora iniciada no princípio do século VI a.C., na vasta e
próspera cidade jônica de Mileto, situada na parte oriental do mundo grego, na costa da Ásia Menor. Ali, Tales e seus sucessores,
Anaximandro e Anaximenes, dispondo de tempo de lazer e munidos de curiosidade, iniciaram um processo de reflexão para a
compreensão do mundo radicalmente inovador, com conseqüências extraordinárias. Talvez inspirados por sua localização junto ao
Mar Jônico, onde avizinhavam civilizações dotadas de mitologias que diferiam entre si e se distinguiam das gregas; talvez também
influenciados pela organização social da pólis grega, governada por leis impessoais e uniformes, mais do que pelos atos arbitrários
de um déspota. Contudo, fosse qual fosse sua inspiração imediata, esses protótipos de cientistas aventaram a notável hipótese de
existirem unidade e ordem racional subjacentes no fluxo e na diversidade do mundo, assumindo a tarefa de descobrir um
princípio fundamental simples, ou arché, regendo a Natureza e ao mesmo tempo compondo sua substância básica. Com isso,
começaram a complementar seu entendimento mitológico tradicional com explicações mais conceituais e impessoais, baseadas
em observações dos fenômenos naturais.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• O passo decisivo fora dado. O pensamento grego empenhava-se agora em descobrir uma explicação natural para o 
Cosmo por meio da observação e do raciocínio; em pouco tempo, essas explicações começavam a desfazer-se de 
seus residuais componentes mitológicos. Levantavam-se questões universais e buscavam-se respostas a partir de novos 
horizontes — enfim, a análise crítica da mente humana com relação aos fenômenos materiais. A Natureza deveria 
ser explicada em seus próprios termos, não por algo fundamentalmente além dela; tudo isso de forma impessoal, e 
não através de deuses personalizados.
• Com o advento da razão, tudo parecia aberto à dúvida, cada filósofo subseqüente oferecia soluções 
diferentes das de seu predecessor. Se o mundo era regido exclusivamente por forças mecânicas naturais, não 
restava então nenhuma base evidente sobre a qual apoiar firmes julgamentos morais. A verdadeira 
realidade era inteiramente separada da experiência comum porque estavam sendo questionados os próprios 
alicerces do conhecimento humano. Aparentemente, quanto mais o homem se tornava livre e capaz de 
uma autodeterminação consciente, menos seguro era seu chão. Mesmo assim, esse preço parecia valer a 
pena, se os seres humanos se emancipassem das crenças e temores supersticiosos da fé convencional, 
permitindo uma compreensão, ainda que provisória, da legitima ordem das coisas. Apesar do constante 
surgimento de novos problemas e das novas soluções tentadas, uma alentada sensação de progresso e 
avanço parecia dominar as várias dúvidas que vinham com isso. Assim, Xenófanes podia afirmar: "Os 
deuses não revelaram desde o início todas as coisas para nós; mas com o passar do tempo, procurando, os 
homens descobrem o que é melhor...“
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Situação Problema 
• Entre os anos de 2013 e 2016, o Brasil conheceu as maiores manifestações populares de sua história. 
Desde a década de 1980, não se via tantos brasileiros irem às ruas por questões políticas, sociais e 
econômicas. Ao longo da história a divergência de percepções, projetos e expectativas é comum aos 
grupos políticos e aos movimentos da sociedade civil. Na atualidade, essas diferenças chegaram a tal 
nível que a somatória de demandas individuais acabou sufocando os projetos efetivamente coletivos, 
tornando difícil qualquer generalização. Com todos os problemas, uma sociedade que admite a 
diferença e a pluralidade é sempre preferível a uma sociedade guiada por um único projeto ou ideia de 
salvação. 
• O fato de a nossa sociedade ser caracterizada pela multiplicidade de propostas pode ser um ganho ou 
não é possível encontrar várias respostas para os mesmos problemas?
• O Iluminismo Grego
• Esse desenvolvimento intelectual atingiu o clímax em Atenas, que aglutinou as diversas correntes da arte e do pensamento 
grego durante o século V a.C. A época de Péricles e a construção do Partenão viram Atenas no auge de sua criatividade 
cultural e de sua influência política sobre a Grécia; o ateniense afirmava-se em seu mundo com um novo sentido de poder e 
inteligência. Depois do triunfo sobre os invasores persas e de se consolidar como líder dos estados gregos, Atenas emergiu 
rapidamente como cidade comercial e marítima em expansão, com ambições imperialistas. As atividades que se desenvolviam 
na cidade proporcionavam aos cidadãos atenienses um contato cada vez maior com outras culturas, outras perspectivas e uma 
nova sofisticação urbana. Com isso, Atenas tornava-se a primeira metrópole grega. O desenvolvimento do autogoverno 
democrático e dos avanços técnicos na agricultura e na navegação expressavam e estimulavam o novo espírito humanista. Os 
primeiros filósofos estavam relativamente isolados, com poucos discípulos para levar adiante sua obra, mas agora suas 
especulações coadunavam-se mais com a vida intelectual da cidade, que movia-se de encontro ao pensamento conceitual, à 
análise crítica, à reflexão e à dialética.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Todo um precedente histórico, em que lendas, mitos e cultos religiosos celebrizamfundamentos 
metafísicos para a definição do justo e do injusto, antecede a formação da sofística. De fato, as 
noções fluídas, a mitologia, as intervenções dos deuses, a ira divina, os poderes naturais e 
sobrenaturais… imperaram enquanto o homem não se fez, por meio de um processo histórico, 
senhor de seu próprio destino. A esse período da história grega convencionou-se chamar pré-
socrático (anterior ao século V a.C.), no qual impera a preocupação do filósofo pela cosmologia 
(céu, éter, astros, fenômenos meteorológicos…), pela natureza (causas das ocorrências naturais…) e 
pela religiosidade (mística, culto, reverência, práticas grupais, iniciação à sabedoria oculta…). 
• A ruptura com toda essa herança cultural, com toda essa tradição pré-socrática, somente se daria 
com o advento do movimento sofístico no século V a.C. O homem grego, ávido de independência 
em face dos fenômenos naturais e das crenças sobrenaturais, vê-se, historicamente, investido de 
condições de alforriar-se dessa tradição. É um dizer sofístico, de autoria de Protágoras, esse que diz: 
o homem é a medida de todas as coisas (pánton métron anthrwpos). Isso no sentido da libertação 
dos cânones homéricos e das legendárias tradições patriarcais e sacerdotais que dominavam o 
espírito grego. 
• Somente no século V a.C. solidificam-se condições que facultam que as atenções humanas estejam 
completamente voltadas para as coisas humanas (comércio, problemas sociais, discussões políticas, 
guerras intracitadinas, expansão de território…). 
• Eis aí o mérito da sofística, qual seja: principiar a fase na qual o homem é colocado no centro das 
atenções, com todas as suas ambiguidades e contraditórias posturas (psicológicas, morais, sociais, 
políticas, jurídicas…). 
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• É esse o contexto de florescimento do movimento sofístico, muito mais ligado que está, portanto, à 
discussão de interesses comunitários, a discursos e elocuções públicas, à manifestação e à 
deliberação em audiências políticas, ao convencimento dos pares, ao alcance da notoriedade no 
espaço da praça pública, à demonstração pelo raciocínio dos ardis do homem em interação social… 
A Grécia teve de aguardar momento político, econômico, social e cultural em que esses caracteres 
pudessem encontrar o eco que suscitasse a formação de especialistas na arte do discurso. 
• Alguns motivos teriam induzido à formação dessa fase de pensamento na Grécia clássica (século V 
a.C.), e não coincidentemente em pleno século de ouro da civilização grega, o chamado Século de 
Péricles, momento da história grega em que arte (escultura, pintura, teatro…), mitologia, filosofia, 
literatura, história, política… alcançaram o maior grau de excelência humana. 
• Os motivos mais próximos, não obstante serem muitos, podem ser apontados como: estruturação 
da democracia ateniense; esquematização da participação popular nos instrumentos de exercício 
do poder, sem necessidade de provar riqueza, nobreza ou ascendência; sedimentação de um longo 
processo de reorganização social e política de Atenas; expansão das fronteiras gregas; acúmulo de 
riquezas; intensificação do comércio; abertura das fronteiras para o contato (pacífico ou bélico) com 
outros povos; necessidade de domínio de conhecimentos gerais, para o uso retórico; necessidade 
de domínio da técnica de falar, para o uso assemblear; entre outros. Nesse momento, em que a voz 
passa a ecoar com maior importância, em que exsurge a necessidade de exercer a cidadania por 
meio do discurso, em que a técnica oratória define o homem público…, estão plantadas as 
sementes para aqueles que haveriam de ser conhecidos pela posteridade como sofistas. 
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Respondendo a uma necessidade da democracia grega é que os sofistas tiveram seu aparecimento; 
o preparo dos jovens, a dinamização dos auditórios, o fornecimento de técnica aos pretendentes de 
funções públicas notáveis, o fornecimento de instrumentos oratórios e retóricos para o cuidado das 
próprias causas e dos próprios negócios (“o cuidado adequado de seus negócios pessoais, para 
poder administrar melhor sua própria casa e família, e também dos negócios do Estado, para se 
tornar poder real na cidade, quer como orador, quer como homem de ação”: Protágoras)…, tudo 
isso favoreceu a eclosão do movimento que se pulverizou por toda a Grécia.
• Por isso, são importantes os sofistas, sobretudo por ter relevado a técnica para a dominação do 
discurso assemblear e pela rediscussão da dimensão do homem como ponto de partida para as 
especulações humanas. A emergência do discurso, a mercantilização da sociedade, inclusive da 
demanda por conhecimentos técnicos e enciclopédicos, favoreceram a proliferação de homens que, 
sem destino fixo, ensinavam de modo itinerante. Isso não há que se negar como dado comum a 
todos os sofistas: são eles homens dotados de domínio da palavra, e que ensinam a seus auditórios 
(auditórios abertos ou círculos de iniciados) a arte da retórica, com vista no incremento da arte 
persuasiva (peitho).
• As amplas disputas, discussões e debates que permearam todo o século V a.C., no plano da política, 
no plano das estratégias de guerra, no plano das deliberações legislativas, no plano dos 
julgamentos nos tribunais populares…, inclusive em virtude da presença e do desenvolvimento das 
escolas de sofistas, colaboraram no processo de abertura dos horizontes do pensamento grego. A 
liberdade de expressão, matiz característico do século de Péricles, aliada ao amor pelo cultivo da 
oratória e da retórica, ensejou a possibilidade de questionamento da posição particular do homem 
perante a phýsis e como membro participante do corpo político. 
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• A praça pública (agorá), povoada por homens dotados da técnica (techné) de utilização das palavras, funcionava como 
oficina da intelectualidade em sua expressão oralizada. Além da praça pública, a muitos interessava o domínio da 
linguagem (pense-se que os discursos forenses eram encomendados a homens que se incumbiam de escrevê-los para 
serem lidos perante os juízes – este é o trabalho dos logógraphoi) para estar diante da tribuna, perante os magistrados. 
• As palavras tornaram-se o elemento primordial para a definição do justo e do injusto. A técnica (techné) argumentativa 
faculta ao orador, por mais difícil que seja sua causa jurídica, suplantar as barreiras dos preconceitos sobre o justo e o 
injusto e demonstrar aquilo que aos olhos vulgares não é imediatamente visível. As experiências jurídicas, nesse contexto, 
aproximam-se do casuísmo relativista que só pode definir a justiça ou a injustiça do caso diante da análise de sua situação 
concreta, de sua ocorrência efetiva, de sua apreciação imediata. Isso favorece o desenvolvimento do discurso judiciário, 
pois, conquanto que bem articulado, pela força da expressão oral, e bem defendido perante os magistrados, o efeito a ser 
produzido pode favorecer aquele que deseja por ele ver-se beneficiado.
• No lugar desses, para os sofistas, surgia o relativo, o provável, o possível, o instável, o convencional. Um dos destaques na
proliferação de ideias e pensamentos acerca da relatividade das coisas foi Protágoras. A assunção dessa posição diante 
dos fatos e valores desencadeou, no plano da reflexão acerca do justo e do injusto, a relativização da justiça. Isso porque, 
no debate entre o prevalecimento da natureza das leis (phýsis) e o prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os 
sofistas optaram, em geral, pela segunda hipótese, sobretudo os partidários das teses históricas acerca da evolução 
humana; a lei (nómos) seria responsável pela libertação humana dos laços da barbárie. Isso porque, coerentemente com 
seus princípios, diziam ser o homem o princípio e a causa de si mesmo, e não a natureza. 
• Ora, deliberar sobre qual será o conteúdo das leis é atividade preponderantemente humana, e nisso não há nenhuma 
intervenção da natureza, como admitido pela tradiçãoliterária e filosófica grega. A natureza (phýsis) faria com que as leis 
fossem idênticas em todas as partes, tendo-se em vista que o fogo arde em todas as partes da mesma forma, como 
posteriormente dirá Aristóteles. No entanto, pelo contrário, o que se vê é que homens de culturas diferentes vivem 
legislações e valores jurídicos diferentes, na medida em que se encontra em seu poder definir o que é o justo e o que é o 
injusto, Do exposto, pode-se apreender que a sofística representando já uma quebra na tradição grega mais antiga, não 
obstante as nuances e os matizes que caracterizam os pensamentos individuais de cada qual dos sofistas, consiste num 
movimento intelectual coincidente com determinado contexto histórico-cultural (século V a.C.) que o habilitou a uma 
serventia social, jurídica e política muito grande, superando o cosmologismo pré-socrático.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• A fase mais crucial dessa evolução foi atingida no final da metade do século V, com a chegada dos sofistas. Principais 
protagonistas do novo meio intelectual, eram docentes profissionais itinerantes, humanistas leigos de espírito liberal 
que ofereciam ao mesmo tempo instrução intelectual e orientação para o sucesso na vida prática. Com maiores 
possibilidades de participação política na pó/is democrática, seus serviços eram muito procurados. O pensamento dos 
sofistas era marcado em geral pelo mesmo racionalismo e naturalismo que havia caracterizado o desenvolvimento da 
filosofia anterior, que refletia cada vez o espírito do momento. Não obstante, introduziram no pensamento grego um 
novo elemento de pragmatismo cético, afastando a Filosofia de suas preocupações iniciais, mais especulativas e 
cosmológicas. Segundo sofistas como Protágoras, o Homem era a medida de todas as coisas; seu julgamento pessoal a 
respeito da vida cotidiana deveria constituir a base de sua conduta e de suas crenças pessoais — não o conformismo 
ingênuo à religião tradicional, nem a entrega às grandes especulações abstratas. A verdade era relativa, não absoluta, 
diferia de uma cultura para outra, de pessoa para pessoa e de situação para situação. Alegações contrárias, fossem reli-
giosas ou filosóficas, não suportavam a argumentação crítica. O valor máximo de qualquer crença ou religião só 
poderia entrar em julgamento por sua utilidade prática para atender às necessidades pessoais na vida.
• No entanto, segundo os sofistas, não era importante o Homem não compreender perfeitamente o mundo à sua volta. 
Ele podia conhecer apenas o conteúdo de sua própria mente — mais as aparências do que as essências — e essas 
constituíam a única realidade que poderia ser uma preocupação válida. Ao contrário das aparências, não era possível 
conhecer uma realidade estável mais profunda — não apenas por causa das faculdades limitadas do Homem, mas, 
fundamentalmente, porque não se poderia dizer que essa realidade existisse fora das conjeturas humanas. Ainda assim, 
o verdadeiro objetivo do pensamento humano era atender às necessidades humanas; somente a experiência pessoal 
poderia fornecer uma base para atingi-lo. Cada pessoa deveria confiar em sua própria cabeça para transitar pelo 
mundo. Reconhecer as limitações intelectuais seria portanto uma libertação, pois somente assim o Homem poderia 
tentar fazer seu pensamento sustentar-se, soberano, servindo a si próprio, em vez de confiarem absolutos ilusórios 
arbitrariamente definidos por fontes não confiáveis, exteriores ao seu próprio discernimento.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Os sofistas propunham que o racionalismo crítico, anteriormente dirigido ao mundo físico, poderia agora ser mais 
proveitosamente aplicado às questões humanas, à Ética e à Política. O testemunho das narrativas dos viajantes, por 
exemplo, sugeria que as práticas sociais e as crenças religiosas não eram absolutas, mas simples convenções humanas 
localizadas, cujas devoções variavam segundo os costumes de cada nação, sem nenhuma relação fundamental com a 
Natureza ou as ordens divinas. As recentes teorias físicas sugeriam a mesma conclusão: se a experiência do quente e do 
frio não tinha nenhuma função objetiva na Natureza, mas era apenas uma impressão subjetiva de cada um, criada pelo 
arranjo temporário de uma interação entre os átomos, então os critérios do certo e do errado também seriam 
igualmente desprovidos de substâncias, seriam convencionais e subjetivamente determinados.
• Daí os sofistas concluíam a favor de um agnosticismo ou ateísmo flexível na Metafísica e uma moral situacionista na 
Ética. Como as crenças religiosas, as estruturas políticas e as regras da conduta moral agora eram consideradas 
convenções criadas pelo Homem, estavam abertas ao questionamento fundamental e portanto à transformação. Depois 
de séculos de obediência cega a tradicionais posturas restritivas, o Homem podia então libertar-se para descobrir novos 
conceitos iluminado por si mesmo. Determinar por meios racionais o que era mais útil para a condição humana parecia 
uma estratégia mais inteligente do que fundamentar as ações da pessoa na crença em divindades mitológicas ou nos 
pressupostos absolutistas de uma metafísica de comprovação prática impossível. Já que era inútil buscar a verdade 
absoluta, os sofistas recomendavam que os jovens aprendessem com eles as artes da persuasão retórica e a destreza na 
Lógica, além de um vasto espectro de outros assuntos, que iam da História Social e da Ética à Matemática e à Música. 
O cidadão estaria mais preparado para ser eficiente na democracia da pais e, de maneira geral, garantir por si uma 
vida de sucesso no mundo. Como as habilidades para ter uma existência melhor podiam ser ensinadas e aprendidas, o 
Homem era livre para expandir suas oportunidades através da instrução. Ele não se encontrava limitado por 
pressupostos tradicionais, como a crença convencional de que as capacidades de uma pessoa eram fixadas para sempre 
por dote do acaso ou por seu status ao nascer. Através de um programa, como o oferecido pelos sofistas, o Indivíduo e a 
Sociedade poderiam melhorar.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Os sofistas mediavam assim a transição de uma era do mito para uma da razão pragmática. O Homem e a Sociedade 
deviam ser metódica e empiricamente estudados, sem prévias concepções teológicas. Os mitos deviam ser entendidos 
como fábulas alegóricas e não como revelações de uma realidade divina. A acuidade racional, a precisão gramatical e a 
maestria na oratória eram as virtudes mais importantes do novo Homem ideal. A formação adequada da personalidade 
de um homem para uma boa participação na vida da pó/is exigia uma excelente formação nas diversas artes e ciências, 
e assim foi criada a paideia — o clássico sistema grego de instrução e educação, que incluía Ginástica, Gramática, 
Retórica, Poesia, Música, Matemática, Geografia, História Natural, Astronomia e Ciências Físicas, História da 
Sociedade, Ética e Filosofia — enfim, todo um curso pedagógico necessário para produzir o cidadão completo, 
plenamente instruído.
• A sistemática dúvida nos credos humanos dos sofistas — fosse a tradicional crença nos deuses ou a mais recente e 
igualmente ingênua, pensavam eles, fé na capacidade da razão humana de legitimamente conhecer a natureza de algo 
tão imenso e indeterminado como o Cosmo libertava o pensamento para tomar novas vias ainda inexploradas. O status 
do Homem era maior do que nunca: ele era cada vez mais livre e capaz de se determinar, consciente de um mundo 
maior contendo culturas e crenças outras além das suas, consciente da relatividade e plasticidade de seus próprios 
valores e costumes, consciente de seu papel na criação da realidade. Já não era, contudo, tão significativo no plano 
cósmico que, afinal, se existia mesmo, tinha sua lógica própria, não importando o Homem e os valores culturais gregos.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Havia outras questões nas concepções dos sofistas. Apesar dos resultados positivos de sua educação intelectual e doestabelecimento de uma educação liberal como base para a boa formação do caráter, um ceticismo radical em 
relação a todos os valores levou algumas pessoas à defesa de um oportunismo explicitamente amoral. Os alunos 
eram instruídos no sentido de saber criar argumentos ostensivamente plausíveis para sustentar virtualmente 
qualquer reivindicação ou declaração. Mais concretamente perturbadora era a deterioração da situação ética e 
política em Atenas, que chegou à crise: a democracia que se tornara instável e corrupta, a conseqüente tomada de 
poder por uma oligarquia implacável; a liderança ateniense na Grécia tornava-se tirânica, guerras começavam na 
arrogância e terminavam em desastre. No cotidiano de Atenas, os mínimos padrões éticos eram violados sem o 
menor escrúpulo — o que era visível na rotina da cidadania exclusivamente masculina e na cruel exploração de 
mulheres, escravos e estrangeiros. Todos esses fatos tinham suas próprias origens e motivos, mal poderiam ser 
atribuídos aos sofistas. No entanto, em circunstâncias tão críticas, a negação filosófica de valores absolutos e os 
louvores sofísticos do puro oportunismo pareciam ao mesmo tempo refletir e exacerbar o espírito 
problemático da época.
• O humanismo relativista dos sofistas, com todo seu caráter progressista e liberal, não se mostrava inteiramente 
benigno. O mundo maior aberto pelos triunfos precedentes dos atenienses desestabilizara suas antigas 
certezas e agora parecia exigir uma ordem maior — universal, ainda que conceitual — que pudesse abranger os 
eventos. Os ensinamentos dos sofistas não proporcionavam essa ordem, mas antes um método para o sucesso. 
A maneira como se deveria definir o sucesso permanecia em discussão. A corajosa asserção da soberania 
intelectual humana — segundo a qual através de sua própria força o pensamento do Homem poderia 
proporcionar-lhe sabedoria suficiente para viver bem e que a mente humana poderia, de modo antônomo, 
produzir a força do equilíbrio — parecia agora exigir uma reavaliação. Para as suscetibilidades mais 
conservadoras, as bases do tradicional sistema de crença helênico e seus valores anteriormente atemporais 
estavam sendo perigosamente erodidos, enquanto a razão e a habilidade verbal começavam a ter uma reputação 
menos impecável. Na verdade, todo o desenvolvimento da Razão parecia agora ter escavado sua própria base e 
ao espírito humano negava-se a capacidade a um autêntico conhecimento do mundo.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Sócrates
• Foi nessa atmosfera cultural altamente carregada que Sócrates começou sua busca filosófica, munido do ceticismo e do
individualismo de qualquer sofista. Contemporâneo mais jovem de Péricles, Eurípides, Heródoto e Protágoras, Sócrates
cresceu numa época em que pôde ver a construção, do início ao fim, do Partenão na Acrópole e entrou na arena da Filosofia
no auge da tensão entre a tradição emanada do Olimpo e o vigoroso novo intelectualismo. Em virtude do extraordinário
em sua vida e em sua morte, deixaria a cultura grega radicalmente transformada, criando não apenas um novo método e
novo ideal para a busca da verdade, mas também, em sua pessoa, um modelo e uma inspiração duradoura para todo o
pensamento filosófico posterior.
• Desses extratos, percebe-se que Sócrates teria sido um homem de caráter e inteligência singulares, imbuído de paixão pela
honestidade intelectual e de rara integridade moral, em sua época ou em qualquer outra. Com insistência, buscava respostas
para perguntas que jamais haviam sido feitas, procurava derrubar pressupostos e crenças convencionais para provocar uma
reflexão mais cuidadosa sobre as questões éticas; incansavelmente, forçava a si próprio e a seus interlocutores a buscar um
entendimento mais profundo sobre o que constituísse uma vida boa. Suas palavras e feitos incorporavam a permanente
convicção de que a autocrítica libertaria a mente humana das cadeias da falsa opinião. Por sua dedicação à tarefa de descobrir
a sabedoria e extrai-Ia de outros, Sócrates deixou de lado a vida pessoal, passando todo o tempo em apaixonada discussão com
os concidadãos. Ao contrário dos sofistas, não cobrava pelos ensinamentos. Embora íntimo da elite de Atenas, era totalmente
indiferente à riqueza material e às medidas convencionais do sucesso. Sócrates dava a impressão de ser um homem em
harmonia consigo mesmo, embora sua personalidade estivesse cheia de contradições. Desarmava por sua humildade, mas era
presunçosamente confiante, de uma inteligência diabólica e moralmente constrangedora, envolvente e gregário, mas solitário e
contemplativo; era acima de tudo um homemconsumido pela paixão da verdade.
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• Na verdade, essa mudança já se refletia nas idéias dos sofistas, que também se pareciam com Sócrates em sua preocupação com 
a educação, a língua, a retórica e a argumentação. No entanto, a natureza das aspirações morais e intelectuais de Sócrates era 
muito diferente. Os sofistas ofereciam-se para ensinar aos outros como levar uma vida de sucesso, num mundo em que todos 
os padrões morais eram convenções e todo o conhecimento humano era relativo. Sócrates acreditava que esse tipo de filosofia 
educacional estivesse intelectualmente equivocada e fosse moralmente prejudicial. Em oposição à visão dos sofistas, ele 
considerava sua tarefa descobrir o caminho para um conhecimento que transcendesse a mera opinião, definir uma moral que 
fosse além da simples convenção.
• Na visão do filósofo, qualquer tentativa de promover o verdadeiro sucesso e a excelência na vida humana teria de levar em conta 
a realidade mais interior de um ser humano: sua alma, ou psique. Baseado talvez em seu próprio individualismo e autocontrole 
bastante desenvolvidos, Sócrates trouxe para o pensamento grego uma nova consciência do significado essencial da alma, 
determinando pela primeira vez que ela fosse a sede da consciência alerta do indivíduo e de sua personalidade moral e intelectual. 
Ele reafirmava a máxima délfica — "conhece-te a ti mesmo" — porque acreditava que somente através do autoconhecimento e 
da compreensão da psique poder-se-ia encontrar a verdadeira felicidade. Por sua própria natureza, todos os seres humanos buscam 
a felicidade — que era alcançada, ensinava ele, quando se vive o tipo de vida que melhor atende à natureza da alma. A felicidade 
não seria a conseqüência de circunstâncias físicas ou externas, da riqueza, do poder ou da reputação, mas de uma vida boa para a 
alma.
• No entanto, para se viver uma vida autenticamente boa, seria necessário saber qual a natureza e a essência do Bem. Do contrário, 
a pessoa estaria agindo às cegas, com base na simples convenção ou conveniência, denominando as coisas de boas ou virtuosas 
conforme a opinião comum ou o prazer do momento. Mas, dizia Sócrates, se um homem soubesse o que era realmente bom —
benéfico para si no sentido mais profundo —, agiria natural e inevitavelmente de boa maneira. Sabendo o que fosse bom, 
necessariamente a pessoa agiria bem, pois ninguém escolheria deliberadamente aquilo que soubesse ser-lhe prejudicial. 
Somente quando se enganasse, trocando um bem ilusório por um autêntico, o ser humano cairia em conduta errônea. Ninguém 
jamais faria o mal conscientemente, pois a própria natureza do bem diz que ele é desejado, quando é conhecido. Neste sentido, 
sustentava Sócrates, a virtude seria o conhecimento. Uma vida realmente feliz seria uma vida de ação correta, dirigida segundo a 
Razão. Portanto, a chave da felicidade humana estaria no desenvolvimento de um caráter moral racional.
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• Enquanto levava adiante essa tarefa, Sócrates criou sua famosa argumentação dialética, que se tornaria fundamental 
para a natureza e a evolução do pensamento ocidental: o raciocínio através do diálogo rigoroso como um método de 
investigação intelectual que visava expor falsas crenças e fazer a verdade aparecer. A estratégia característica de Sócrates, 
quando em discussão com outrapessoa, era recolher uma seqüência de perguntas, analisando incansavelmente — uma 
por uma — as implicações das respostas, de tal maneira que expusesse as falhas e inconsistências numa determinada 
crença ou afirmação. As tentativas de definir a essência de qualquer coisa eram rejeitadas uma após outra por serem 
amplas ou estreitas demais, ou por estarem completamente equivocadas. Muitas vezes acontecia que essa análise 
terminasse em total perplexidade; os interlocutores sentiam-se como que paralisados pelo ataque de uma arraia. Não 
obstante, nesses momentos era claro que, para Sócrates, a Filosofia preocupava-se menos em conhecer as respostas 
certas do que em tentar descobri-las. A Filosofia era um processo, uma disciplina, uma busca da vida inteira. Praticar a 
Filosofia à moda de Sócrates era sujeitar constantemente os pensamentos à crítica da razão num diálogo sério com os 
outros. O conhecimento autêntico não era algo que simplesmente se pudesse receber de segunda mão como um bem 
adquirido, como acontecia com os sofistas; era antes uma realização pessoal, conquistada apenas à custa do esforço 
intelectual permanente da reflexão autocrítica. "A vida sem o teste da crítica não vale a pena ser vivida", declarou 
Sócrates.
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• Entretanto, exatamente por força desse incessante questionamento dos outros, Sócrates 
não era universalmente apreciado; algumas pessoas consideravam seu eficaz estímulo 
de um ceticismo crítico entre os discípulos uma influência perigosamente 
desestabilizadora, que minava a autoridade moral da tradição e do Estado. Em seu 
esforço cuidadoso para descobrir o conhecimento exato, Sócrates passara boa parte da 
vida derrotando os sofistas em seu próprio jogo; ironicamente, foi equiparado aos 
sofistas quando, em um período politicamente instável em Atenas logo depois da 
desastrosa guerra do Peloponeso, dois cidadãos o acusaram de irreverência e de 
corromper os jovens. Era um momento de grande reação a uma série de 
personalidades políticas, algumas delas de seu círculo, e Sócrates foi condenado à 
morte. Em tal situação, era costume propor a punição alternativa do exílio —
provavelmente o que os acusadores desejavam. Porém, mesmo no cenário do 
julgamento Sócrates recusou transigir em seus princípios e rejeitou todos os esforços 
para escapar ou modificar as conseqüências do veredicto. Reafirmou a correção de sua 
vida, mesmo que sua missão de despertar os outros agora o levasse à morte — que não 
temia, mas recebia de braços abertos, como um portal para a eternidade. Bebendo 
alegremente a cicuta venosa, Sócrates tornou-se um mártir resoluto do ideal da 
filosofia que tanto defendera.
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• Primado da ética do coletivo sobre a ética do individual 
• Sócrates vislumbra nas leis um conjunto de preceitos de obediência incontornável, 
não obstante possam estas serem justas ou injustas. O direito, pois, aparece como 
um instrumento humano de coesão social, que visa à realização do Bem Comum, 
consistente no desenvolvimento integral de todas as potencialidades humanas, 
alcançável por meio do cultivo das virtudes.
• Em seu conceito, que nos foi transmitido pelos diálogos platônicos de primeira 
geração, as leis da cidade são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana. É 
perceptível a transição do pensamento dos sofistas para o de Sócrates. Enquanto os 
primeiros relevaram a efemeridade e a contingência das leis variáveis no tempo e no 
espaço, Sócrates empenhou-se em restabelecer para a cidade o império do ideal 
cívico, liame indissociável entre indivíduo e sociedade. 
• Isso porque a obediência à lei era para esse pensador o limite entre a civilização e a 
barbárie; onde residem as ideias de ordem e coesão, pode-se dizer garantida a 
existência e manutenção do corpo social. Isso haveria de influenciar profundamente 
o pensamento de seu discípulo, Platão, em seu afastamento da política e em sua 
decepção com a justiça humana.
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• Platão
• Platão, diferentemente da proposta de Sócrates, distancia-se da política e do seio das atividades prático-
políticas. Se Sócrates ensinava nas ruas da cidade, Platão, decepcionado com o governo dos Trinta Tiranos e 
com o golpe que a cidade desferiu contra a filosofia, ensinara num lugar apartado, no recôndito onde o 
pensamento pode vagar com tranquilidade, e onde se pode desenvolver um modo de vida ao mesmo tempo 
que preocupado com a cidade, dela, de suas corrupções, torpezas e problemas, distante: a Academia.
• Cada parte da alma humana exerce uma função, e estas funções delimitadas, sincronizadas e direcionadas 
para seus fins são a causa da ordem e da coordenação das atividades humanas. Assim, as diversas faculdades 
humanas estão dotadas de aptidão para a virtude (areté), uma vez que a virtude é uma excelência, ou seja, 
um aperfeiçoamento de uma capacidade ou faculdade humana suscetível de ser desenvolvida e aprimorada.
• O virtuosismo platônico tem a ver, portanto, com o domínio das tendências irascíveis e concupiscíveis 
humanas, tudo com vistas à supremacia da alma racional. Então, virtude significa controle, ordem, equilíbrio, 
proporcionalidade..., sendo que as almas irascível e concupiscente submetem-se aos comandos da alma 
racional, esta sim soberana. Desse modo, boa será a conduta que se afinizar com os ditames da razão.
• A harmonia (armonía), uma vez dominados os instintos ferozes, o descontrole sexual, a fúria dos 
sentimentos... surge como consequência natural, permitindo à alma fruir da bem-aventurança dos prazeres 
espirituais e intelectuais. A ética que deflui da alma racional é exatamente a de estabelecer este controle e 
equilíbrio entre as partes da alma, de modo que o todo se administre por força racional e não epitimética ou 
irascível. O vício, ao contrário da virtude, está onde reina o caos entre as partes da alma. De fato, onde 
predomina o levante das partes inferiores com relação à alma racional, aí está implantado o reino do 
desgoverno, isso porque ora manda o peito, e suas ordens e mandamentos são torrentes incontroláveis 
(ódio, rancor, inveja, ganância...), ora manda a paixão ligada ao baixo ventre (sexualidade, gula...). 
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• A admissão de uma Realidade (divina) para além da realidade (humana), importa, também, a admissão de 
que existe uma Justiça (divina) para além daquela conhecida e praticada pelos homens. O que é inteligível, 
perfeito, absoluto e imutável pode ser contemplado, e é do resultado dessa atividade contemplativa que se 
devem extrair os princípios ideais para o governo da politéia, tarefa delegada ao filósofo.
• De qualquer forma, a educação (Paidéia) da alma tem por finalidade destinar a alma ao pedagogo universal, 
ao Bem Absoluto. No mundo, a tarefa de educação das almas, para Platão, deve ser levada a cabo pelo 
Estado, que monopoliza, no diálogo da República, a vida do cidadão. A educação deve ser pública, com vistas 
no melhor aproveitamento do cidadão pelo Estado e do Estado pelo cidadão.
• Assim, justiça, ética e política movimentam-se, no sistema platônico, num só ritmo, sob a melodia de uma 
única e definitiva sonata, cujas notas são as ideias metafísicas que derivam da Ideia primordial do Bem. 
• Nestes tempos de moral social degenerada, vale relembrar o filósofo Platão em sua obra A República, quando 
ele narra a lenda do pastor Giges. Certo dia, após uma tempestade, abre-se uma fenda no chão, e o rebanho 
do pastor é engolido. Ele resolve entrar na fenda e encontra, no fundo do abismo, o cadáver de um gigante, 
que trazia apenas um anel em um dedo.
• Giges coloca o anel e segue para a assembleia de pastores destinada a preparar relatório para o rei sobre a 
situação do rebanho. O pastor, então, percebe que, ao girar o anel para baixo, ele se torna uma pessoa 
invisível. Virando o anel para cima, ele volta a ficar visível. Eufórico com a descoberta, Giges vai ao palácio e, 
estando lá, gira o anel e fica invisível.Agora, longe de qualquer punição, Giges seduz a rainha, assassina o rei 
e usurpa o trono, iniciando sua longa dinastia.
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• Platão nos conta que, ao desfrutar da invisibilidade e movido pelo desejo de poder, o 
pastor passa a agir sem escrúpulos, seduz, rouba e mata. E o filósofo nos propõe a seguinte 
questão: os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem ser 
descobertos e punidos? Imagine, caro leitor, que você tenha o anel de Giges e possa ficar 
invisível. Livre para fazer o que quiser sem ser punido pela sociedade, pelas leis e por Deus, 
você agiria com base na moral e na justiça?
• Platão disse: "Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder". O ser humano só é 
completamente moral quando, tendo o poder e estando livre da punição, ele age com base 
na moral, na virtude e na justiça. A observação da conduta cotidiana nos leva a concluir 
que, se o ser humano ficar entregue a seus próprios instintos naturais, muito 
provavelmente o egoísmo, a ganância e a sede de ter mais – poder, fama e dinheiro – o 
levariam a roubar, matar e trapacear.
• A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e justa, se tivesse 
em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à justiça. Não todos, é claro. E 
Aristóteles alerta que "o homem guiado pela ética é o melhor dos animais. Quando sem 
ela, é o pior". Por isso, a vida em sociedade exige um conjunto de normas gerais de 
conduta justa, iguais para todos (inclusive para o rei) e aplicáveis a um número incerto de 
casos futuros. A propensão humana à virtude é frágil; por isso, a paz social não dispensa as 
regras de conduta e a punição para quem as viola.
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• Portanto, para Platão a grande tarefa que o filósofo tinha diante de si era sair da caverna das sombras efêmeras e 
trazer sua mente obscurecida de volta à luz arquetípica, a verdadeira origem da existência. Ao falar dessa realidade 
superior, Platão repetidamente unia luz, verdade e bondade. Na República, descreve a Idéia do Bem como algo que 
estava para o reino do inteligível como o sol para o mundo real: da mesma maneira que o sol permite que os objetos do 
mundo visível se desenvolvam e se tornem visíveis, o Bem concede a todos os objetos da razão sua existência e sua 
inteligibilidade. Para o filósofo, atingir a virtude consistiria em descobrir aquele conhecimento luminoso que traz a 
harmonia entre a alma humana e a ordem cósmica dos arquétipos, ordem essa regida e iluminada pela Idéia suprema do 
Bem.
• Assim, a diretriz essencial de Platão para a filosofia concentrava-se no desenvolvimento exaustivo do intelecto e da 
vontade, motivado por um desejo incessante de reatar a união perdida com o eterno. Através do trabalho duro da 
recuperação filosófica, a mente humana poderia trazer à luz a sabedoria divina, antes em seu poder. A educação estaria 
a serviço da alma e não, como para os sofistas, apenas do secular e humano. Além do mais, a educação seria um 
processo através do qual a verdade não seria introduzida de fora para dentro da mente, mas "levada para fora", de 
dentro dela. A mente descobriria assim, revelado dentro de si, um conhecimento de sua própria natureza e da natureza 
do Universo, conhecimento este que de outro modo estaria ensombrecido pelas obscuridades da existência mundana. 
Sob a orientação de Platão, a paideia clássica ganhava as dimensões metafísicas e espirituais mais profundas da Acade-
mia, instituição que era tanto monastério como universidade, pregando o ideal da perfeição interior realizada através 
da educação disciplinada.
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• Poder-se-ia dizer que o dualismo dos valores platônicos característicos — o filósofo versus o homem comum; espírito e alma 
versus matéria; as Formas ideais preexistentes versus o mundo fenomenal; o absoluto versus o relativo; a vida espiritual 
póstuma versus a vida física presente —refletia a reação de Platão à crise política, moral e espiritual de Atenas ao tempo em que 
viveu. Enquanto em seu auge, no século V era de Péricles, adotara a noção da realização autônoma de progresso partindo da 
ignorância primitiva até à sofisticação civilizada, Platão muitas vezes tendia à visão primeira da Grécia, apresentada por 
Hesíodo: a situação da Humanidade havia degenerado gradualmente desde uma antiga era de ouro. Platão não via somente o 
progresso técnico do Homem contemporâneo, mas também seu declínio moral a partir da inocência dos homens de 
antigamente, "que eram melhores do que nós e viviam mais perto dos deuses". A realização do ser humano era relativa e 
precária. Somente uma sociedade baseada em princípios divinos e regida por filósofos divinamente informados poderia salvar a 
Humanidade de sua irracionalidade destrutiva; uma vida orientada para o mundo das Idéias eternas, afastada da vida 
mundana, era a melhor. O imutável reino espiritual precedia e seria para sempre superior a qualquer coisa que os seres 
humanos tentassem realizar no mundo temporal. Somente o espiritual continha verdade e valor genuíno.
• A crença de que o Universo possui e é governado segundo uma inteligência reguladora abrangente — e que essa inteligência 
reflete-se na mente humana, tornando-a capaz de conhecer a ordem cósmica — era um dos princípios mais característicos e 
mais recorrentes na tradição central do pensamento helênico. Depois de Platão, os termos logos e nous passaram a ser 
normalmente associados aos conceitos filosóficos do conhecimento humano e da ordem universal; através de Aristóteles, dos es-
tóicos e dos platonistas posteriores, seus significados foram sendo cada vez mais elaborados. Conforme progredia a Filosofia 
Antiga, logos e nous eram distintamente empregados no sentido de espírito, razão, intelecto, princípio organizador, pensamento, 
palavra, discurso, sabedoria e significado — relativo, em cada caso, tanto à razão humana quanto a uma inteligência universal. 
Mais tarde, os dois termos vieram a denotar a origem transcendente de todos os arquétipos, além do providencial princípio da 
ordem cósmica que, por meio dos arquétipos, permeava constantemente o mundo criado. O Logos era um princípio revelador 
divino, que funcionava simultaneamente na mente humana e no mundo natural, pelo qual a inteligência humana podia 
chegar à compreensão universal. A busca mais sublime do filósofo era atingir a percepção interior dessa Razão de mundo 
arquetípica, apreender e ser apreendido por este princípio racional e espiritual supremo que ordenava e ao mesmo tempo 
revelava.
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• Aristóteles:
• Leia o artigo abaixo que apresenta a situação da educação no Brasil e sua relação com a prosperidade social: A 
prosperidade social e o papel da educação no desenvolvimento do Brasil. 
• A prosperidade social e o papel da educação no desenvolvimento do Brasil
• O que é uma nação próspera? Um Estado, povo ou país só é verdadeiramente próspero quando 
todos conseguem contribuir com o seu trabalho e usufruir da renda coletiva gerada pelo mesmo 
para a sua vida.
• Mas, para que uma nação gere riqueza, é fundamental que o seu povo seja educado (no sentido de 
formação). É fundamental que o tripé educação, economia e trabalho esteja no horizonte dos 
governantes e seja uma meta à qual todos devam perseguir. Não há nenhuma outra forma para que 
um Estado se torne avançado que não seja investindo em educação.
• Segundo a OCDE o PIB brasileiro, que no ano de 2018 foi de R$ 6,8 trilhões, poderia ser várias vezes 
maior se tivéssemos maior investimento no ensino básico. Temos, de acordo com o censo escolar de 
2018 do INEP, um total de 22.511.839 de matrículas no ensino fundamental e 6.777.892 de 
matrículas no ensino médio, totalizando 29.289.731 milhões de crianças e jovens matriculados no 
ensino básico brasileiro. São quase 15 % de toda a população do país.
• Investimos pouco e mal em nossas crianças, um pouco mais de 5% do PIB. Isso se comparado aos 
países que compõema OCDE é pouco, mais ainda se compararmos com a meta 20 PNE (Plano 
Nacional de Educação) que é: “… no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do 
decênio (2020).”
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• Deixamos a desejar também em relação aos nossos professores, de acordo com a pesquisa TALIS, da OCDE, divulgada em 
julho deste ano, revelou que os professores brasileiros são os que recebem os piores salários em um universo de 48 países 
avaliados, segundo esse cálculo, os professores brasileiros recebem um salário equivalente a US$ 13.971 ao ano, em torno de 
US$ 1.164 por mês, sendo o país onde os educadores têm o menor poder de compra. A Dinamarca é o local com os melhores 
salários, com US$ 42.841 anuais — o que equivale a US$ 3.570 por mês — podendo chegar a até US$ 55.675 por ano ao 
longo da carreira.
• E onde o investimento em educação se traduz em prosperidade na prática? Com um enorme contingente de meninas e 
meninos que todos os anos adentram à educação formal em nosso país, temos a oportunidade de ouro de lapidar as mais 
brilhantes mentes para o futuro. Serão trabalhadores que estarão em um tempo próximo produzindo na enorme cadeia 
produtiva existente; indústrias, comércios, serviços… e, é essa preparação para o mundo do trabalho que vai nos levar para o 
caminho da prosperidade.
• O perfil da nossa juventude mudou… se antes formávamos jovens que iriam se ingressar em apenas uma carreira, como a 
minha geração por exemplo, não é mais o caso desta Geração Z (também conhecida por Gen Z, iGeneration, Plurais ou 
Centennial) eles estão querendo mais… poderão ter mais de uma carreira ao longo da vida, por isso o papel da educação 
mudou e o investimento nela também.
• E não há segredo na estratégia que devemos executar…professores selecionados entre as mentes mais brilhantes, formação 
continuada, mais investimento na carreira docente, qualidade no local de trabalho, melhoria na infraestrutura das unidades 
educacionais, equidade no gasto em educação para os mais pobres, aperfeiçoamento nas novas tecnologias educacionais… 
seguindo este caminho, estaremos indo ao encontro de futuro e poderemos criar o ciclo virtuoso de que: mais educação de 
qualidade leva a mais riqueza, que leva a mais investimento em educação, para gerar mais… riqueza.
• Manoel Barbosa é professor da rede pública de Goiânia, pedagogo, ex-superintendente executivo da Secretaria da Educação 
do governo de Goiás (Seduc) e conselheiro estadual de educação.
• Na ética aristotélica, é mais importante para o desenvolvimento da vida em comunidade a formação de um cidadão educado na 
virtude e no aprendizado do que é ser justo, do que a lei, que pouco valeria sem cidadãos educados para serem justos?
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• Deve-se renovar a ideia de que a virtude, assim como o vício, adquire-se pelo hábito, reiteração de 
ações em determinado sentido, com conhecimento de causa e com o acréscimo da vontade 
deliberada. A própria terminologia das virtudes chamadas éticas deve-se ao termo hábito (éthos). Ao 
homem é inerente a capacidade racional de deliberação, o que lhe permite agir aplicando a razão 
prática na orientação de sua conduta social. Conhecer em abstrato (teoricamente) o conteúdo da 
virtude não basta, sendo de maior valia a atualização prática e a realização da virtude. 
• A razão do homem permite que a experiência dos sentidos seja a base do conhecimento útil; acima de 
tudo, Aristóteles foi o filósofo que articulou a estrutura do discurso racional de modo a que a mente 
humana pudesse apreender o mundo com o maior grau de precisão e eficácia conceitual, através de 
regras sistemáticas para o adequado uso da lógica e da linguagem. Firmou princípios já encontrados por 
Sócrates e Platão, com mais clareza e coerência. A dedução e a indução; o silogismo; a análise da causação 
em coisas e fatos materiais, eficazes, formais e finais; distinções básicas como a de sujeito-predicado, 
essencial-acidental, matéria-forma, potencial-real, universal-particular, gêneroespécie-indivíduo; as dez 
categorias da substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, estado, ação e afeição —
tudo isso foi definido por Aristóteles e posteriormente estabelecido como instrumentos indispensáveis 
de análise para a mente ocidental. Onde Platão havia colocado a intuição direta das Idéias 
transcendentais, Aristóteles agora inseria o empirismo e a lógica.
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• A renúncia de Aristóteles às Idéias que subsistiam por si também teve grandes implicações em sua teoria ética. Para 
Platão, uma pessoa só poderia orientar devidamente suas ações se conhecesse a base transcendental de qualquer virtude, 
e somente o filósofo que houvesse atingido o conhecimento daquela realidade absoluta seria capaz de julgar a virtude 
de qualquer ação. Sem a existência de um Deus absoluto, a moral não teria uma base confiável e assim, para Platão, a 
Ética se originava da Metafísica. Contudo, para Aristóteles, os dois campos tinham caráter essencialmente diverso. O 
que realmente existia não era uma Idéia de Bem pertinente em todas as situações, mas apenas pessoas boas e boas 
ações em muitos contextos variados. Não se podia atingir o conhecimento absoluto em questões éticas como era 
possível na Filosofia Científica. A Moral permanecia no reino da contingência. O melhor que se podia fazer era 
adaptar empiricamente as regras para a conduta ética que mantivessem um valor provável na satisfação das 
complexidades da existência humana.
• O objetivo adequado na Ética não era determinar a natureza da virtude absoluta, mas ser uma pessoa virtuosa. Era 
uma tarefa necessariamente complexa e ambígua, que escapava a uma definição final e exigia mais soluções práticas 
para problemas específicos do que princípios absolutos que fossem universalmente verdadeiros. Para Aristóteles, a 
meta era a felicidade, cuja necessária pré-condição era a virtude. No entanto, a própria virtude teria de ser definida 
em termos de uma escolha racional em uma situação concreta — onde a virtude permanecia no meio, entre dois 
extremos. O Bem é sempre um equilíbrio entre dois males opostos, o ponto intermediário entre o excesso e a falta: a 
temperança é o meio entre a austeridade e a entrega total ao prazer; a coragem, um meio entre a covardia e a 
temeridade; a altivez, um meio entre a arrogância e a humilhação — e assim por diante. Esse meio só pode ser 
encontrado na prática, em cada caso segundo as devidas circunstâncias.
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• CONCLUSÃO:
• Esta foi a grande façanha do pensamento grego clássico: um reflexo da consciência mitológica arcaica de onde 
emergiu, lastreado nas obras artísticas que dele se originaram e nele se inspiraram; influenciado pelas religiões de 
mistério de que era contemporâneo; forjado por uma dialética com o ceticismo, o naturalismo e o humanismo secular; 
e, em seu compromisso com a Razão, integrado ao empirismo e à matemática propícios ao desenvolvimento das ciências 
nos séculos subseqüentes. O pensamento dos grandes filósofos gregos foi a culminância intelectual de todas as mais 
importantes expressões culturais da era helênica. Foi uma perspectiva metafísica global, concentrada em abranger o 
conjunto da realidade e os múltiplos aspectos da sensibilidade humana.
• Experimentemos agora distinguir alguns dos principais elementos na concepção grega da realidade, especialmente 
aqueles que influenciaram o pensamento ocidental desde a Antigüidade, passando pelo Renascimento e a Revolução 
Científica. Para nossos objetivos, podemos descrever dois conjuntos de pressupostos ou princípios que o Ocidente 
herdou dos gregos. O primeiro conjunto de princípios representa aquela notável síntese do racionalismo e da religião 
dos gregos que desempenhou papel tão significativo no pensamento helênico de Pitágoras até Aristóteles, mais 
intensamente incorporado no pensamento de Platão:
1- O mundo é um caos ordenado, cuja organização se assemelha aum ordenamento dentro da mente humana. Portanto, é
possível uma análise racional do mundo empírico.
2- O Cosmo em seu conjunto expressa uma inteligência que permeia e dá à Natureza seu propósito e desígnio, 
inteligência essa diretamente acessível à consciência humana se esta estiver desenvolvida e concentrada num grau muito 
alto.
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3- A análise intelectual em sua maior intensidade revela uma ordem atemporal que transcende sua manifestação
concreta e temporal. O mundo visível contém dentro de si um significado mais profundo, com um caráter ao mesmo
tempo racional e mítico, refletido na ordem empírica, mas emanado de uma dimensão eterna, que é
concomitantemente a origem e meta de toda a existência.
4- O conhecimento do significado e da estrutura subjacente do mundo acarreta o exercício de uma pluralidade de
faculdades cognitivas humanas — racionais, empíricas, intuitivas, estéticas, imaginativas, mnemônicas e morais.
5- A apreensão direta da realidade mais profunda do mundo satisfaz não apenas à mente, mas também à alma: é, em
essência, uma visão redentora, uma compreensão estimulante da verdadeira natureza das coisas, ao mesmo tempo
intelectualmente decisiva e espiritualmente libertadora.
Não se pode deixar de realçar a grande influência dessas notáveis convicções de caráter ao mesmo tempo idealistas e
racionalistas na subseqüente evolução do pensamento ocidental. Todavia, o legado helênico foi dual, pois a cultura
grega também gerou um conjunto muito diferente e igualmente atuante de pressupostos e tendências intelectuais
sobrepostos, em certo grau, ao primeiro conjunto, mas que por uma — no caso, determinante — extensão, atuou
como tenso contraponto em relação a ele. Este segundo grupo de princípios pode ser, em linhas gerais, assim
resumido:
1- O legítimo conhecimento humano só pode ser adquirido através do rigoroso emprego da razão humana e da
observação empírica.
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2- O alicerce da verdade deve ser procurado no mundo atual da experiência humana, não na realidade indemonstrável de
outro mundo. A única verdade humanamente acessívele útil é mais imanente do que transcendental.
3- As causas dos fenômenos naturais são impessoais e físicas e devem ser buscadas no reino da natureza observável. Todos os
elementos mitológicos e sobrenaturais devem ser excluídos das explicações causais como projeções antropomórficas.
4- Quaisquer requisitos para um entendimento teórico abrangente deve ser medido em relação à realidade empírica de
particularidades concretas em toda sua diversidade, mutabilidade e individualidade.
5- Nenhum sistema de pensamento é conclusivo; a busca da verdade deve ser ao mesmo tempo crítica e autocrítica. O
conhecimento humano é relativo e deve serconstantemente revisado à luzde novas evidências e análises.
De modo mais genérico, a evolução e o legado do pensamento grego resultaram da complexa interação desses dois conjuntos de
pressupostos e impulsos. O primeiro estava especialmente nítido na síntese platônica; o segundo evoluiu gradativamente do
ousado desenvolvimento intelectual multifacetado que impulsionou dialeticamente um processo oriundo da tradição filosófica
pré-socrática do empirismo naturalista de Tales, do racionalismo de Parmênides, do materialismo mecanicista de Demócrito e
do ceticismo, individualismo e humanismo secular dos sofistas. Esses conjuntos de tendências no pensamento helênico tinham
profundas raízes não-filosóficas nas tradições literárias e religiosas dos gregos, desde Homero e os mistérios até Sófocles e
Eurípides, cada um deles utilizando diferentes aspectos dessas tradições. Além do mais, esses dois impulsos, em sua afirmação
singularmente grega, partilhavam uma base comum muitas vezes apenas implícita, de que a medida final da verdade não era
encontrada na tradição consagrada, nem na convenção contemporânea, mas sim na mente humana individual autônoma. Con-
seqüentemente, os dois impulsos encontraram sua personificação paradigmática na extremamente ambígua figura de Sócrates,
ambos encontraram um compromisso brilhante e criativo na filosofia de Aristóteles.
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• O permanente jogo entre esses dois conjuntos de princípios, em parte complementares, em parte opostos, 
determinou uma profunda tensão interior no legado grego, que propiciou a base intelectual para a cultura ocidental, 
ao mesmo tempo instável e altamente criativa — o que se tornaria uma evolução bastante dinâmica perdurando por 
dois milênios e meio. O ceticismo laico de uma corrente e o idealismo metafísico da outra proporcionaram um 
recíproco contrapeso decisivo, uma minando a tendência da outra a cristalizar-se no dogmatismo, e ambas trazendo à 
tona, em conjunto, novas e férteis possibilidades intelectuais. A busca e o reconhecimento dos arquétipos universais, no 
caos das particularidades dos gregos, eram fundamentalmente contra-atacados por um impulso igualmente firme de 
valorizar o particular concreto em si e por si mesmo — combinação essa que resultou na tendência essencialmente 
helênica de perceber o individual empírico em toda sua excepcionalidade concreta como algo que poderia revelar novas 
formas de realidade e novos princípios de verdade. Daí emergiu uma polarização em geral problemática, mas 
imensamente produtiva na percepção de que a cultura ocidental obtinha da realidade uma divisão de lealdade entre dois 
tipos radicalmente diferentes de visão de mundo: por um lado, a de um Cosmo soberanamente ordenado; por outro, a 
de um Universo imprevisivelmente aberto. Foi com esta dicotomia não-resolvida em sua própria base, com a tensão e 
complexidade criativas que a acompanhavam, que o pensamento grego floresceu e permaneceu.
• O Ocidente jamais deixou de admirar a extraordinária vitalidade e profundidade da cultura grega, mesmo quando os 
subseqüentes desdobramentos intelectuais questionavam algum aspecto do pensamento helênico. Os gregos eram 
sumamente articulados no processo de evolução de suas conceituações: o que talvez tenha sido considerado durante 
muito tempo uma confusão ou um estranho desvio em seu pensamento, à luz de novas informações, descobriu-se 
mais tarde ter sido, em incontáveis casos, uma intuição espantosamente exata. 
AV1 FILOSOFIA DOCUMENTO DE REVISÃO
• A epopeia do pensamento grego, que se afirma paulatinamente na Grécia antiga, numa 
luta impressionante entre mito e razão, entre a busca do uno e a concretude do múltiplo, 
entre aspectos da aparência e a essência das coisas, é a raiz da constituição dos saberes, 
crenças e visão de mundo ocidentais. 
• Como visões de mundo influentes e atividade do pensamento, a especulação filosófica 
distingue-se da mera observação passiva, da mera contemplação admirativa, uma vez que 
postula, procura as causas primeiras, explica, critica…, favorecendo a liberdade humana de 
pensar; a filosofia aparece como uma forma de busca racional para as questões que a 
própria ciência se julga impotente para responder. Para além dos estreitos limites da 
causalidade empírica, pode a filosofia racionalmente avançar, sem recair necessariamente 
nos domínios da crença e da fé religiosa. 
• Não há autonomia sem capacidade de reflexão. Nossos tempos, pós-modernos, são 
tempos de profunda apatia intelectual, de anestesia da consciência coletiva, de 
desmobilização ideológico-política, de falência das estruturas institucionais, de derrocada 
de paradigmas do direito e de justiça. Em tudo, predomina a força do mercado. Tudo é 
pensado a partir do mercado. Daí a expandida sensação de insatisfação pela realidade, daí 
o mais do que presente espírito de desalento de nossos tempos. Apesar da necessidade 
mais do que urgente de se pensar, sob estas condições, é-se, ao mesmo tempo, impedido 
de pensar.

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