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Introdução à Arteterapia

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APOSTILA
ARTETERAPIAARTETERAPIA
ARTETERAPIA 
INTRODUÇÃO...................................................................................................02 
Capítulo 1 – O que é Arteterapia......................................................................03 
Capítulo 2 – Corpo e Arteterapia.....................................................................07 
Capítulo 3 – A Arte a Serviço da Vida.............................................................09 
Capítulo 4 – Autoconhecimento através da Arteterapia................................11 
Capítulo 5 – Arteterapia e Reabilitação...........................................................13 
Capítulo 6 – As Mãos como Instrumentos Terapêuticos...............................16 
Capítulo 7 – Arteterapia com Crianças Hospitalizadas.................................20 
Capítulo 8 – A Metodologia em Arteterapia....................................................23 
Capítulo 9 – A Arteterapia Gestáltica..............................................................25 
CONCLUSÃO....................................................................................................27 
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................28 
2 
 
INTRODUÇÃO 
A arteterapia não é uma aula de arte, ela é uma forma terapêutica nascida da 
fusão da Psicologia com a Arte. É uma forma de psicoterapia que trabalha com 
a expressividade subjetiva através das mais diversas formas de manifestação 
artística. O processo criativo irá ajudar o paciente/artista a se autoconhecer e 
fornecerá recursos para o terapeuta analisar e interpretar as produções 
artísticas. 
Nas sessões de arteterapia pode-se usar a pintura, o desenho, o artesanato, a 
colagem, a escultura, entre outras formas. O objetivo principal não é a estética, 
portando não precisa ser artista para participar dessas sessões. Somente é 
preciso estar aberto a experimentar as artes e ter vontade de tentar técnicas 
criativas alternativas. 
A arteterapia pode ser usada no tratamento de diversas situações, que podem 
estar relacionadas a transtornos de saúde mental, como ansiedade, traumas, 
depressão, dificuldades sociais; ou problemas de relacionamento ou 
comunicação. Também ajuda a lidar emocionalmente com problemas crônicos e 
doenças limitantes. Ela será benéfica tanto para o aspecto mental quanto físico 
e veremos como no presente estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CAPÍTULO 1 – O QUE É ARTETERAPIA 
A Arteterapia vem de uma fusão entre a Arte e a Psicologia. É baseada no 
método científico e seus profissionais são qualificados através de cursos, sendo 
muitos deles de especialização e mestrado. Sua prática é baseada em recursos 
artísticos (visuais ou expressivos) como forma terapêutica. Nas sessões de 
arteterapia o foco pode ser na análise da produção artística do indivíduo com 
objetivos diagnósticos, ou usar a própria produção como forma de terapia. 
Durante a sessão de arteterapia a pessoa é estimulada a explorar seu interior, 
seu psiquismo e suas emoções. Isso pode ser exercitado através da pintura, 
modelagem, desenho, música, poesia, dança, etc. O simbolismo da produção 
então é analisado pelo terapeuta que irá explorar a subjetividade envolvida no 
processo. 
Essa análise, no entanto, não deve ser exposta ou imposta, serve apenas como 
base para o planejamento, pois quem irá se aprofundar nisso será o 
artista/paciente. Ele irá interpretar o que produziu e expor suas razões, irá refletir 
sobre o que produziu e porque produziu, enfim, irá explorar as emoções, 
pensamentos e outras subjetividades envolvidas no processo de criação. 
Para a Associação Brasileira de Arteterapia (https://www.ubaatbrasil.com/), 
se trata de um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da 
comunicação cliente-profissional. Sua essência é a criação estética e a 
elaboração artística em prol da saúde. Assim, podemos perceber que a terapia 
através e com a arte tem como objetivo principal a promoção da saúde e do bem-
estar do paciente, construindo com ele uma autorreflexão e autoconhecimento. 
Essa forma de trabalho se desenvolve no século XIX, com o médico alemão 
Johann Christian Reil. Ele cunhou o termo Psiquiatria em 1808 e desenvolveu 
um protocolo em terapia que usava, entre outras coisas, na sessões, desenhos, 
sons, textos, com a finalidade de explorar o psiquismo (fonte: 
https://stringfixer.com/pt/Johann_Christian_Reil). Ao longo do século, a 
Arteterapia se torna presente nesse ramo da Psiquiatria, principalmente por 
seguidores da Psicanálise, teoria desenvolvida pelo médico alemão Sigmund 
Freud. 
• Psicanálise e Arteterapia 
A teoria psicanalítica nasceu dos estudos e das observações do médico 
neurologista austríaco Sigmund Freud. Atualmente, é usada na psicologia 
clínica e em estudos teóricos, analisando o psiquismo e o comportamento 
humano, os processos que envolvem o Inconsciente, usando a psicoterapia da 
livre associação e formulando tratamentos para problemas psíquicos. 
A 1ª Teoria do Aparelho Psíquico, ou Modelo Topológico da Mente, foi 
formulada no início dos estudos de Freud (sobre o assunto) para explicar os 
níveis de consciência do ser humano ao usar sua energia mental, ele descreveu 
três níveis (SILVA, 2010): 
➢ Consciente: o indivíduo está lúcido diante dos pensamentos e interações 
com o meio, sua percepção está vigorosa; 
https://stringfixer.com/pt/Johann_Christian_Reil
4 
 
 
➢ Pré-Consciente: são “arquivos” da mente que não estão no presente da 
consciência, mas que podemos acessar voluntariamente e quando 
desejamos; 
 
➢ Inconsciente: são os arquivos da mente aos quais não temos acesso 
voluntariamente, eles podem vir à tona, mas não depende de nossa 
vontade ou intenção. 
Este último, o Inconsciente, tem um papel protagonista na teoria freudiana. Boa 
parte de nossos problemas psíquicos tem relação com o inconsciente e seus 
“arquivos”. Algumas ações, nossas e de outros, que nos causam traumas, medo, 
repulsa ou insatisfação, também os impulsos suprimidos, tudo acaba 
armazenado no inconsciente. Como é muito doloroso “desarquivar” esses 
conteúdos, a nossa mente reprime. 
Mas essa repressão tem um preço. Muitos desses arquivos acabam lutando para 
vir para nosso consciente, e isso se dá através de sonhos, atos falhos, 
rompantes emotivos, sentimento de culpa, depressão. Por isso, o psicanalista, 
ao analisar seu paciente, vai tentar acessar o inconsciente deste para descobrir 
o que está causando os problemas psíquicos e emocionais. Mais tarde, em seus 
estudos, Freud desenvolveu a 2ª Teoria do Aparelho Psíquico, ou Modelo 
Estrutural da Personalidade. Esse modelo descrevia as seguintes estruturas 
(SILVA, 2010): 
➢ Id (em alemão, ele): é a fonte da energia psíquica e da vida (libido). Ele é 
formado por pulsões, instintos, impulsos biológicos e desejos 
inconscientes. Busca sempre o prazer; 
 
➢ Ego: ele trabalha através do princípio de realidade, ou seja, analisa se os 
impulsos do Id são aplicáveis, viáveis. Após a formação do Superego, o 
Ego tentará equilibrar os impulsos do Id e as repressões do Superego; 
 
➢ Superego: é a razão, a lógica, a reflexão. Ele vai frear os impulsos do Id. 
Se forma através das regras e repressões sociais. 
A personalidade humana tem duas pulsões: a de vida, Eros, e a de morte, 
Thanatos. Esta última é um impulso autodestrutivo que temos e que nos coloca 
em situações de vulnerabilidade. Thanatos, segundo a Mitologia Grega, era o 
deus da morte. Já a pulsão de vida é representada pela libido, o desejo, a busca 
pelo prazer. Freud a chamou de Eros porque este era o deus do amor (SILVA, 
2010). 
As pessoas têm essas pulsões atuando conjuntamente em suas ações, suas 
decisões, seus pensamentos e sentimentos, e o Ego tentará equilibrar essas 
pulsões. Nossa personalidade vive, portanto, em constante tensão, na qual o 
Egotenta frear os instintos do Id, ao mesmo tempo em que tenta driblar as 
repressões do Superego. Quando este trabalha em excesso nós sentimos medo, 
e para que isso não cause danos à nossa personalidade, o Ego utiliza os 
5 
 
Mecanismos de Defesa. Com esses mecanismos, o Ego exclui da consciência 
uma parte da realidade, a que está causando tensão (SILVA, 2010). 
• A Psicologia Analítica 
Carl Jung, psicanalista famoso principalmente por teorizar sobre o Inconsciente 
Coletivo, também usava a arte como aliada na terapia. Segundo Ângela 
Philippini, em seu artigo Universo Junguiano e Arteterapia 
(https://www.arteterapia.org.br/pdfs/univers.pdf), nessa abordagem: 
O caminho será fornecer suportes materiais adequados para 
que a energia psíquica plasme símbolos em criações diversas. 
Estas produções simbólicas retratam a psique em múltiplos 
estágios, ativando e realizando a comunicação entre 
INCONSCIENTE e EGO. 
Jung estudou o consciente e o inconsciente de forma conjunta, dando sempre 
atenção ao simbolismo das experiências pessoais individuais e também sociais. 
Assim, o ambiente histórico-cultural é investigado juntamente com a parte 
subjetiva. Sendo assim, as pessoas têm, além de um inconsciente marcado 
pelas suas experiências subjetivas, um inconsciente construído socialmente e 
que sofre grande influência da sociedade: um inconsciente coletivo. 
Esse tipo de inconsciente é formado por arquétipos, que são construídos pelas 
sociedades através dos tempos e estão relacionados aos fenômenos e fatos das 
mesmas. Um arquétipo é como se fosse um padrão de pensamento que se 
enraizou no pensamento coletivo e que acabam fazendo parte das 
personalidades individuais. Em muitas situações, se associam às crenças, 
tradições e emoções das pessoas. Vejamos alguns conceitos de Jung (fonte: 
https://www.vittude.com/blog/psicologia-analitica/): 
✓ Os arquétipos Animus e Anima: sendo o primeiro referente à energia 
masculina presente na mulher e o segundo a energia feminina presente 
no homem. Compõem-se de quatro estágios de desenvolvimento: 1) uso 
da agilidade e força física 2) iniciativa e proatividade 3) expressão de 
ideias com competência e propriedade 4) verdade espiritual; 
 
✓ Sombra: são elementos que não foram integrados na personalidade da 
pessoa, mas residem em seu inconsciente; 
 
✓ Sonhos: estudo dos simbolismos dos sonhos; 
 
✓ Tipos psicológicos: extroversão e a introversão são, respectivamente, o 
mundo externo e interno, nos quais os indivíduos transitam. Cada um 
escolhe qual mundo irá dedicar mais energia e tempo; 
 
✓ Máscaras: A persona, outro arquétipo, é quem apresentamos ao 
mundo. É um personagem que assumimos diante da sociedade e quem 
é julgado pelos outros. 
Dentro da Arteterapia, o paciente vai explorando todos esses aspectos de sua 
personalidade através de desenhos, pinturas, modelagens, esculpindo objetos, 
escrevendo, dançando, entre outras coisas, projetando na arte suas emoções e 
https://www.arteterapia.org.br/pdfs/univers.pdf
6 
 
pensamentos. Além do especialista em arteterapia, os seguintes profissionais 
também podem usar essa prática: 
✓ Arte-Educador 
✓ Terapeuta Ocupacional 
✓ Psicólogo 
✓ Enfermeiros Especialistas em Enfermagem da Saúde Mental 
✓ Fonoaudiólogos 
✓ Psicomotricistas 
✓ Professores qualificados 
✓ Gastrônomos 
✓ Médicos 
✓ Arquitetos 
Os principais objetivos da arteterapia é fazer com que a pessoa entre em contato 
com seu interior e seus conteúdos, explorando sentimentos, emoções e 
pensamentos de origem desconhecida que acabam por atrapalhar uma vida 
saudável e equilibrada. Além disso, a pessoa pode usar essa prática para se 
autoconhecer e desenvolver seu potencial. A arteterapia também favorece a 
expressividade através de processos criativos de reestruturação interna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
CAPÍTULO 2 – CORPO E ARTETERAPIA 
Segundo os princípios da Arteterapia, o processo criativo envolvido na atividade 
artística é terapêutico e melhora a qualidade de vida das pessoas. Refletindo 
sobre esse processo e sobre a arte que resulta dele, o indivíduo explora seu 
mundo interior e também outras formas de expressividades. Entre os benefícios 
da arteterapia está o de desenvolver a autoestima. Um dos processos artísticos 
mais efetivos nesse sentido é o que envolve o corpo e suas formas de expressão. 
Muitas artes podem envolver a expressividade corporal: música, dança, 
modelagem, escultura, artes visuais. Na arteterapia, o uso de expressões 
corporais nas diferentes formas de se fazer arte não se resume à estética, mas 
ao autoconhecimento e a exploração das emoções e o psiquismo. O movimento 
artístico corporal colabora com o alívio do estresse e da ansiedade e cria 
sensações lúdicas de bem-estar. 
• A Arte Sensorial 
Muitas formas de arte mexem com os nossos sentidos: a visão, a audição, o tato, 
o olfato e o paladar. Desde crianças aprendemos a explorar as nossas 
sensações e a arte nos ajuda nas mais variadas formas de expressão. Além 
disso, também conseguimos nos conhecer através de artes que nos despertam 
sensações diversas. 
As sensações físicas e as expressões que resultam delas nos acompanham por 
toda a vida. Ao sentirmos o mundo e interagirmos sensorialmente com ele, 
criamos uma memória corporal. Assim, na arteterapia podemos acessar essa 
memória e resgatarmos sensações e experiências. E essa memória começa a 
se formar antes do nascimento, ainda no útero, ajudando na formação do 
sistema nervoso e da consciência. 
Nas práticas da arteterapia o profissional pode utilizar oficinas de arte sensorial, 
com os mais diversos materiais que estimulem o tato, o olfato, a visão. Também 
pode usar a gastronomia como apelo para a memória afetiva envolvida no 
processo de criação do alimento, através do olfato e do paladar. A música 
também é parceira importante para movimentos de dança e livre expressão, de 
audição e de sensibilização. 
• A Arte e a Expressividade Corporal 
A linguagem corporal nos permite lidar com simbolismos e recursos de 
expressividade que a verbalização restringiria. Na arteterapia pode-se colocar o 
paciente/artista em contato com movimentos criativos, para que ele se liberte e 
se solte, resgatando a espontaneidade e a autenticidade. 
Corpo e mente estão interligados e precisam manter a conexão de forma 
saudável para que estejamos em equilíbrio. Na arteterapia construímos a 
consciência corporal através do toque, do movimento livre e da fluidez das 
sensações. O terapeuta pode usar massagem, técnicas de respiração, de 
meditação ou movimentação conduzida. 
8 
 
O mais importante ao se usar os movimentos do corpo na arteterapia é deixar a 
pessoa se expressar livremente, de forma espontânea, para poder explorar suas 
sensações e suas emoções, acessando seu inconsciente através dos mais 
diversos movimentos e contatos consigo mesmo. 
• Musicoterapia 
Uma das atividades mais interessantes pode ser unir a expressão corporal e a 
música. A música nos abre caminhos para a mente, a memória, a consciência, 
as sensações e o psiquismo. A música pode despertar sensações positivas ou 
negativas e por isso é eficiente para tratar os mais diversos problemas psíquicos. 
As sessões com música em arteterapia podem ser feitas em grupos ou 
individualmente, o mais importante é se deixar enlevar pelo momento. Para isso, 
o terapeuta pode preparar o ambiente com outros estímulos, como luzes, cheiros 
e texturas. Além do movimento corporal, o terapeuta pode estimular o canto, 
para que a expressividade seja mais intensa. Entre os benefícios da 
musicoterapia, temos: 
✓ Ouvir música ou tocar ajuda a melhorar as frequências cardíacas e 
respiratórias, diminuindo casos como o de hipertensão; 
 
✓ Música ajuda no tratamento de transtornos neurológicos; 
 
✓ Na pandemia, ajudou a melhorar sintomas da ansiedade, depressão e do 
isolamento; 
 
✓ A musicoterapia auxilia no tratamento de pacientes vítimas de AVC; 
 
✓ Pacientescom Mal de Alzheimer e outros tipos de Doenças 
Neurodegenerativas são beneficiados com a música que ativa a produção 
neural. 
Além dessas melhorias na saúde, a música unida à expressão corporal tem 
efeito positivo nas interações sociais. Ela melhora a comunicação promovendo 
a socialização e melhora dos aspectos emocionais, físicos, biológicos e 
culturais. Cantar e dançar é divertido e melhora o humor, une as pessoas e 
amplia as habilidades sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
CAPÍTULO 3 – A ARTE A SERVIÇO DA VIDA 
A arte está presente na vida das pessoas há milhares de ano. O ser humano se 
manifesta através das expressões artísticas, para mostrar o que sente e pensa 
ao mundo, ao longo da história. A arte nos ajuda a entender esse mundo e nos 
comunicarmos com ele. Ela é também uma forma de comunicação entre as 
pessoas, promovendo trocas culturais e unindo aspectos mentais aos 
emocionais. 
Ao conhecermos a arte de nosso meio cultural e social, construímos nossa 
identidade e reforçamos as relações sociais. Ao ampliarmos esse conhecimento, 
explorando outras formas de manifestações artísticas, entendemos que a 
diversidade é parte da vida e torna as artes ainda mais belas. As artes se 
colocam na nossa vida através de diversos processos, tais como: 
✓ Crítica Social; 
✓ Descrição do espaço e das pessoas; 
✓ Sensibilização; 
✓ Reflexão; 
✓ Desconstrução de ideias. 
A arteterapia vai unir a apreciação da arte a esses e outros processos internos 
e externos. Pode ser usada para pessoas que apresentem problemas de 
comunicação verbal, precisam de outras formas para expressar seus 
sentimentos, emoções e pensamentos. Muitas vezes, temos medos e 
inseguranças que não sabemos como lidar ou tratar e a arte pode ajudar a 
explorá-los. Algumas questões que podem ser exploradas são: 
✓ Atrasos no desenvolvimento; 
✓ Problemas de aprendizagem; 
✓ Ansiedades; 
✓ Doenças crônicas; 
✓ Comportamentos inadequados ou agressivos; 
✓ Situações familiares como: divórcio, morte, brigas; 
✓ Situações traumáticas; 
✓ Violência doméstica, abusos ou negligência; 
✓ Depressão e outros quadros psicológicos. 
O tratamento pode focar em reduzir os traumas, o estresse, a tristeza e outros 
sintomas que estejam interferindo no desenvolvimento da saúde mental da 
pessoa. Para cada caso, o terapeuta irá testar artes e situações lúdicas 
diferentes, recolher e analisar as informações e por fim, estabelecer metas e um 
tratamento. No processo criativo, o terapeuta pode interferir mais ou menos na 
criação. 
10 
 
Segundo um relatório organizado pela Organização Mundial de Saúde – OMS, 
a união entre arte e terapia é benéfico tanto para saúde física quanto para a 
mental. Segundo o relatório "trazer arte para a vida das pessoas por meio de 
atividades como dançar, cantar e ir a museus e shows oferece uma dimensão 
adicional de como é possível melhorar a saúde física e mental” (fonte: 
https://www.agendaculturalbrasilia.art.br/) 
 
O relatório da OMS mostrou que as artes ajudam a enfrentar graves problemas 
de saúde, como diabetes, obesidade e problemas de saúde mental. Crianças e 
adolescentes também são beneficiados pela arteterapia, pois esta auxilia em 
vários aspectos do desenvolvimento: mental, intelectual, cognitivo, físico, 
emocional e social. 
A Arte está intrinsecamente ligada à subjetividade e à expressividade. Também 
se observa um posicionamento crítico em relação ao mundo e seus fenômenos, 
usando a cognição e a subjetividade para explorar e sentir. A diversidade cultural 
e artística deve ser trabalhada desde os primeiros anos de vida, incentivando a 
prática do respeito e o interesse por todas as formas de arte. Nas sessões de 
arteterapia temos os seguintes processos envolvidos: 
✓ Criação: os sujeitos irão fazer sua própria arte, de forma individual ou 
coletiva, vivenciando todas as camadas do processo de criação artística. 
É atitude intencional e investigativa que materializa esteticamente os 
sentimentos, as ideias, os desejos e as representações simbólicas; 
 
✓ Crítica: por meio do estudo e da pesquisa sobre as diversas experiências 
e manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas, essa 
dimensão articula ação e pensamento propositivos, envolvendo aspectos 
estéticos, políticos, históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais; 
 
✓ Estesia: é a própria experiência de criar e sentir o mundo, o espaço, o 
tempo, o som, a ação, os imagens e os diferentes materiais. O corpo, em 
sua totalidade de emoção, percepção, intuição, sensibilidade e intelecto é 
o protagonista da experiência; 
 
✓ Expressão: é a manifestação de si mesmo através das artes, é a 
experiência artística vivida em suas linguagens e materialidades, no 
individual e no coletivo; 
 
✓ Fruição: é o deleite, o encantamento e o prazer que arte causa, fazendo 
com que a pessoa viva uma experiência gostosa criando ou apreciando 
essa arte; 
 
✓ Reflexão: é o ato de se autoanalisar através da arte e julgar suas 
produções inspirados pela subjetividade, interpretando o processo de 
criação. 
Nesses processos, o terapeuta pode usar a linguagem das Artes visuais, da 
Dança, da Música, da Literatura, do Teatro, entre outras formas de arte. 
 
https://www.agendaculturalbrasilia.art.br/
11 
 
CAPÍTULO 4 – AUTOCONHECIMENTO ATRAVÉS DA ARTETERAPIA 
A arte está profundamente ligada aos aspectos necessários para se alcançar o 
autoconhecimento. Ela ajuda na construção da identidade individual, da 
autoestima e fornece instrumentos para a autoanálise. A expressividade 
subjetiva envolvida no processo de criação e de apreciação da arte também é 
importante para nos conhecermos e reconhecermos como indivíduos. 
Essa expressividade sempre se manifestou ao longo da história humana através 
da arte. O homem coloca nas manifestações artísticas pontos importantes de 
sua identidade e de sua cultura: pensamentos, crenças, tradições, emoções e 
sentimentos, por exemplo. Assim, ao longo dos séculos, a humanidade mostra 
seus aspectos subjetivos através de imagens, dança, música, poesia, narrativas, 
entre outros recursos da arte que contam muito de sua história. 
A ludicidade e a imaginação, tão importantes para o bem-estar e realização das 
pessoas, são parte do processo criativo nas mais diversas formas de arte. Ao 
explorarmos os materiais e escolhermos simbolismos para serem mostrados, 
estamos entrando em contato como nosso mundo mais particular e ao mesmo 
tempo conhecendo esse mundo. 
O inconsciente, que já estudamos aqui, é parte desse mundo e o mais difícil de 
ser acessado. Para que o processo de autoconhecimento seja efetivo, é preciso, 
no entanto, acessar esses arquivos e trazê-los à tona. Na arteterapia, o paciente 
poderá tentar esse acesso através das mais variadas formas de arte e assim, 
construir o autoconhecimento. 
No processo de autoconhecimento a pessoa constrói pontes com seu aspecto 
emocional e também o psíquico. Isso a fortalece mentalmente, para controlar 
impulsos autodestrutivos e rompantes emocionais, preservando e melhorando a 
saúde mental. A arte nos ajuda nos momentos mais difíceis da vida quando 
construímos essas pontes. Foi durante a recuperação de um acidente que Frida 
Kahlo se descobriu como pintora, tornando-se uma das artistas mais 
importantes da história. 
A técnica da arteterapia permite que as pessoas liberem as emoções e as 
explorem, analisando e interpretando as mesmas. Nas sessões de arteterapia 
pode-se usar as mais variadas formas de criação artística, mesclando técnicas, 
materiais e métodos. Segundo o site Psicanálise Clínica 
(https://www.psicanaliseclinica.com/arteterapia/), as principais artes usadas 
nessas sessões são: 
✓ Música: a musicoterapia é muito eficaz para desenvolver a 
expressividade. Através da identificação pessoal com ritmos, melodias e 
letras, a pessoa irá se autoconhecer e se aprofundar em suas emoções; 
 
✓ Dança: os movimentos corporais, a dança, a exploração do potencial doseu corpo ajuda no desenvolvimento da autoestima e testa limites que se 
tornam motivadores para as pessoas; 
 
12 
 
✓ Pintura: pintar e desenhar envolve uma diversidade muito interessante 
de materiais, de texturas, de técnicas e de métodos. Isso dá a 
oportunidade de a pessoa se identificar com vários tipos de pintura, 
criando ou apreciando as produções artísticas e assim, conseguir se 
perceber através delas; 
 
✓ Escultura: assim como a pintura, a escultura também apresenta um leque 
de possibilidades de criação. Ao explorar e moldar o material, a pessoa 
se coloca no processo de tal forma que acaba por fazer o mesmo consigo 
mesma e sua subjetividade; 
 
✓ Teatro: o teatro é muito eficiente no processo de autoconhecimento, ele 
ajuda a pessoa a se libertar e se expressar. Ao interpretar outros papéis, 
a pessoa vai projetando aspectos de si mesma no personagem e o 
terapeuta pode ir apontando esses aspectos nas sessões de arteterapia; 
 
✓ Literatura: tanto a leitura como a escrita ajudam a desenvolver o 
autoconhecimento. Nas sessões de arteterapia, o terapeuta pode usar 
poesia, narrativas, artigos, contos, tudo que possa criar identificação e 
ajudar na expressividade. Também pode estimular a escrita livre ou 
associada a outras formas de arte, como pinturas e esculturas; 
 
✓ Cinema: a arte cinematográfica é um dos maiores prazeres da 
humanidade. O encantamento e a admiração das pessoas pelo cinema e 
suas histórias o torna uma ferramenta importante de autoconhecimento, 
reflexão e autoanálise; 
 
✓ Fotografia: a fotografia é um tipo de arte que pode extravasar as paredes 
do consultório, dando liberdade ao artista/paciente de explorar o mundo, 
as pessoas e suas preferências, trazendo seu portfólio para o terapeuta 
interpretar. Olhar o mundo através das lentes das câmeras envolve um 
mergulho no interior da pessoa, explorando suas atitudes e escolhas. 
O autoconhecimento é um processo subjetivo e individual, sua trajetória é 
singular, pois cada um tem um ritmo, um caminho e faz suas próprias escolhas. 
A jornada só diz respeito à própria pessoa e ela irá decidir os instrumentos que 
irá usar nessa caminhada. A arte oferece diversos destes instrumentos, diversas 
possibilidades, e por mais que o arteterapeuta esteja habilitado a lhe oferecer 
escolhas, as mesmas cabem somente à pessoa. 
O autoconhecimento abre caminho para as transformações e decisões em nossa 
vida. Através dele a pessoa entende de fato o que deseja, o que a realiza, o que 
a faz feliz. Conhece suas forças, suas virtudes e reconhece suas 
vulnerabilidades. Ela identifica aquilo que traz significado e prazer, para assim 
impulsioná-lo a conquistar seus sonhos e objetivos. 
 
 
13 
 
CAPÍTULO 5 – ARTETERAPIA E REABILITAÇÃO 
A Arteterapia é uma aliada importante na reabilitação das pessoas, tanto nos 
aspectos físicos, quanto psicoemocionais. As sessões de arteterapia irão 
desenvolver aspectos físicos, cognitivos, emocionais, sociais e psíquicos em 
pacientes que sofreram traumas ou doenças crônicas. Como usa recursos tanto 
das ciências da área da Saúde, como da área de Humanidades, a Arteterapia se 
torna útil em diversos processos de recuperação da saúde física ou mental. 
A Arteterapia aborda diversos aspectos humanos, tais como: neurológico, afetivo 
e emocional. Ela também aprimora a parte intelectual e cognitiva, como a 
memória, a reflexão, o pensamento simbólico, a atenção e as funções mentais 
superiores. Com todas essas utilidades, a arteterapia tem se mostrado muito 
eficiente ao recuperar pessoas que sofreram traumas motores, neurológicos ou 
psicológicos. 
Como vimos no capítulo anterior, a arte pode ser instrumento poderoso no 
processo de autoconhecimento e aqui veremos que também funciona em 
processos de reabilitação. Atualmente, a arteterapia tem atuado em reabilitações 
de pacientes com: Alcoolismo, Anorexia e Bulimia, dependência de Drogas, 
Deficiências Físicas ou Mentais, além de outros traumas e doenças. 
Segundo Oliver (2008), a arte é fundamental no desenvolvimento humano, 
auxiliando na construção da personalidade, da parte intelectual, social e 
psíquica. Nos processos de recuperação de traumas, o Psicodrama, o Teatro 
Terapêutico, a Biodança, a expressão corporal, a escultura, o desenho, a pintura 
tem ajudado tanto no diagnóstico, quanto no tratamento de questões 
relacionadas à saúde mental. 
Uma importante aliada da arteterapia é a Terapia Ocupacional (TO). Ela tem o 
enfoque na parte funcional da recuperação, ajudando o paciente a retomar seus 
movimentos, sua autonomia física e mental e pode contar com os recursos 
artísticos nesse processo. A pintura, a modelagem e a escultura, por exemplo, 
podem ser usadas nas sessões para o exercício da coordenação motora. 
Além da recuperação física, a arteterapia tem sido usada na reabilitação 
cognitiva, através das seguintes abordagens: restaurativa, compensatória, 
combinada, preventiva e de manutenção. Antes de optar por alguma delas, ou 
mais de uma, o terapeuta precisa estudar o caso de cada paciente e elaborar 
um programa individual de recuperação. Por isso a formação do profissional de 
arteterapia é muito importante, pois além das artes, ele precisa ter 
conhecimentos na área de saúde. Também é importante que se alie a outros 
profissionais para promover a recuperação plena do paciente. 
A recuperação cognitiva frequentemente está associada a uma reabilitação 
neuropsicológica. A Neuropsicologia busca a compreensão das alterações dos 
comportamentos devido às questões neurológicas. Ela também atua na 
reabilitação neurológica, com um conjunto de procedimentos e técnicas que 
objetivam promover o reestabelecimento das funções físicas, psicológicas e 
sociais da pessoa. Tanto a recuperação cognitiva, quanto a neuropsicológica 
tem se associado à arteterapia para promover esses benefícios, usando as 
seguintes abordagens: 
14 
 
• Reabilitação Restaurativa: tem como objetivo restaurar os aspectos 
neurológicos, psicológicos e cognitivos do paciente; 
 
• Reabilitação compensatória: o paciente é colocado em situações de 
resolução de conflitos ou problemas, para treinar a capacidade de 
raciocinar, tomar decisões e analisar situações, recuperando a autonomia 
e as habilidades; 
 
• Prevenção e Manutenção: visa prevenir a degeneração física no 
primeiro caso e manter as funções, no segundo caso. 
Para as sessões de arteterapia, o paciente deve se sentir livre e com autonomia 
nas escolhas de materiais, técnicas e da própria arte. É importante que ele se 
sinta confortável tanto com o ambiente, quanto no processo criativo. Segundo 
Vasques (2009), as modalidades expressivas mais usadas são: 
• Desenho: objetiva a forma, a concentração, a coordenação viso-motora 
e tem função ordenadora; 
 
• Pintura: onde a fluidez da tinta induz o movimento de soltura, atuando 
sobre os mecanismos defensivos de controle; 
 
• Colagem/recorte: favorece a organização de estruturas pela junção de 
formas prontas; 
 
• Gravura: possibilita a reprodução em série e tem função multiplicadora; 
 
• Tecelagem: trabalha a coordenação viso-motora, a disciplina e o ritmo; 
 
• Modelagem: atividade sensorial, trabalha o toque das mãos; 
 
• Escultura: possui função estruturadora, libera a criatividade exercitando 
o desapego; 
 
• Construção: trabalha a estruturação e a organização tridimensional, 
exigindo mais elaboração; 
 
• Teatro: possibilita a experimentação de novos papéis, a criação de 
histórias e personagens; 
 
• Tabuleiro de areia: permite a criação de cenários e cenas 
tridimensionais, numa caixa de tamanho específico, utilizando areia, água 
e miniaturas realistas; 
 
• Escrita criativa: escrever livremente, sem a utilização de pontuação ou 
uso de borracha, sobre determinado trabalho artístico executado 
anteriormente ou sonho, contando ainda com a possibilidade de erros 
gramaticais e de ortografia, possibilitando que os conteúdos inconscientes 
aflorem facilmente paraa consciência. 
 
15 
 
No tratamento da saúde mental, a arteterapia tem sido usada com sucesso em 
projetos como o desenvolvido Universidade Federal de Espírito Santo – UFES, 
um programa de extensão chamado “Cada Doido com Sua Mania”. Iniciado em 
1984, este programa tem a Arteterapia, dentre as Oficinas Terapêuticas. Essas 
oficinas ajudam pessoas com problemas na área afetiva, social e mental, usando 
diversos tipos de artes, de materiais e de técnicas. 
 
Foram utilizados contos, mosaicos, pintura, desenho, 
modelagem e músicas atuando como “veículos para que 
imagens possam ser produzidas e conteúdos inconscientes 
plasmados a partir da matéria”, explorando a espontaneidade e 
a criatividade, facilitando uma expressão subjetiva de suas 
questões e visando a promoção da Saúde Mental, a partir do 
momento em que auxilia na elaboração e estruturação psíquica 
de cada participante (VASQUES, 2009, p.37). 
 
O programa atende alunos, funcionários e a população em um espaço de 
liberdade, autonomia e bem-estar. Além dos benefícios para a reabilitação 
mental e física de pacientes adultos, a arteterapia também tem sido importante 
na reabilitação de crianças, principalmente em hospitais. Sessões podem ajudar 
a criança a passar pelo pré e o pós operatório, dando segurança e diminuindo 
medos e ansiedade. Trabalhando com desenho, pintura, modelagem, 
dramatização, literatura, entre outras possibilidades. A arte é parte do universo 
infantil em muitas formas, e na arteterapia podemos usar 
 
[...] pintura; o desenho (com giz de cera, giz colorido, carvão, 
lápis de cor, pincel atômico, canetas esferográficas, vários tipos 
de papéis); recorte e colagem (materiais: revistas, jornais, linhas, 
madeiras, sucatas, flores, folhas, cascas, sementes, areia, 
tesoura, cola, fita adesiva); modelagem com massa artesanal 
(confeccionada pelos próprios participantes) e argila 
(VASQUES, 2009, p.44). 
 
Também podemos usar materiais mais acessíveis como: macarrão, arroz, feijão, 
milho. Podemos usar a literatura, através da leitura ou da narrativa oral, usando 
fantoches, sombras, bonecos, origamis, máscaras. A criança pode recontar 
histórias e criar suas próprias. Assim, um momento difícil da sua vida se torna 
bem menos traumático. 
 
Além das crianças, idosos também são beneficiados pela arteterapia. Os 
benefícios vão além do aspecto físico, passam pelo conteúdo interno deles, 
trabalhando os sintomas de depressão, doenças degenerativas, como a 
Síndrome de Alzheimer, angústias e todos os males que afetam as pessoas 
neste estágio de suas vidas. Aqueles recursos, antes considerados sem base 
científica - músicas, aromas, cores - hoje têm respaldo acadêmico na sua 
eficácia, devido aos estudos e descobertas da Física e Neurociências. 
 
 
 
 
16 
 
CAPÍTULO 6 – AS MÃOS COMO INSTRUMENTOS TERAPÊUTICOS 
Quando pensamos em arteterapia, geralmente nos remetemos à pintura ou algo 
relacionado à música, dança, etc. Porém, o uso das mãos como instrumento no 
processo de cura ou tratamento vai além do contato com materiais usados nos 
processos criativos, ele também ajuda no bem-estar físico, como quando 
usamos a massoterapia, por exemplo. Neste capítulo, iremos entender como o 
uso das mãos ajuda na melhoria de nossa qualidade de vida. 
As artes plásticas são milenares e incluem técnicas manuais que podem ser 
muito eficazes no tratamento e recuperação de doenças, traumas, distúrbios, 
etc. A seguir, iremos descrever as artes manuais que podem ser usadas em 
arteterapia e a massoterapia, também importante em processos curativos. 
Segundo o Glossário de Técnicas Artísticas (UFRGS - 2009), temos as 
seguintes artes plásticas: 
• Pintura 
A pintura é uma das mais antigas manifestações artísticas da humanidade. Ela 
surgiu quando o homem ainda vivia em cavernas, no período conhecido como 
Paleolítico Superior (aproximadamente de 40.000 a 10.000 anos atrás). Os 
grupos humanos costumavam marcar as rochas com pinturas feitas com terras 
coloridas ou objetos pontiagudos. Essas imagens retratavam aspectos da 
natureza e dos costumes da época. 
Com o passar do tempo foram surgindo novos materiais, para esse tipo de 
registro. No século XV, na Europa, os artistas começaram a usar o óleo de 
linhaça, um meio mais flexível e durável de registro. Atualmente, as técnicas de 
pintura mais usadas são: o afresco, a aquarela, a encáustica, o guache, 
a pintura a tinta a óleo, a pintura a tinta acrílica (surgida no século XX) e 
a têmpera. Qualquer uma pode ser usada em sessões de arteterapia para 
produzir imagens que possam retratar pensamentos, sentimentos, emoções, 
impressões, paisagens, pessoas, etc. A pintura ajuda tanto na coordenação 
motora das mãos e braços, como a parte cognitiva e emocional. 
• Desenho 
Desenho é qualquer representação gráfica, colorida ou não, de formas sobre 
uma superfície de duas dimensões. Quanto ao material que usamos para 
desenhar, pode ser: lápis, grafite, carvão, craiom, lápis de cor, pastel, ponta de 
prata, desenho a tesoura ou os meios úmidos com a tinta com penas e pincéis. 
O material em que se desenha também varia: papel, tecido, tela, pergaminho. 
Assim como a pintura, o desenho também traz benefícios físicos, cognitivos e 
emocionais. 
• Gravura 
A Gravura é uma imagem impressa em diversos materiais, tais como: madeira 
(xilogravura), metal, pedra (litogravura) ou uma tela preparada (serigrafia). Assim 
como qualquer trabalho manual e artesanal, o uso da gravura como terapia nas 
sessões de arteterapia trazem benefícios para a parte física, exercitando a 
coordenação motora e também para a parte cognitiva, treinando atenção, 
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/afresco.php
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/aquarela.php
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/guache.php
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/oleo.php
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/acrilica.php
https://www.ufrgs.br/napead/projetos/glossario-tecnicas-artisticas/tempera.php
17 
 
concentração, memória, raciocínio lógico. A parte emocional e social também 
pode ser melhorada através de sessões coletivas e do próprio processo criativo. 
• Escultura 
A escultura é a técnica de representar objetos e seres através da criação e 
reprodução de formas tridimensionais. O material será escolhido de acordo com 
a técnica, sendo possível: 
✓ A cinzelação e o entalhe: mármore, granito, calcário, madeira, marfim 
ou âmbars entalhados com ferramentas próprias; 
 
✓ A fundição: quando se verte metal derretido (bronze, ouro, prata, ferro), 
em um molde feito com outros materiais; 
 
✓ A moldagem de materiais plásticos: argila, gesso, cera, areia, ou com 
resinas, concreto armado ou plásticos; 
 
✓ O corte, dobra e solda de chapas metálicas, etc.; 
 
✓ O uso do raio laser, para alcançar a sensação de tridimensionalidade 
a que aspira à escultura. 
Qualquer que seja a técnica ou material escolhido para a sessão de arteterapia, 
é importante lembrar que o principal objetivo é a saúde física e mental, e não a 
parte estética ou artística, que é importante, mas fica em segundo plano. 
• Tapeçaria 
A tapeçaria é uma forma de arte têxtil, tradicionalmente feita em teares, nos 
quais dois conjuntos de fios são entrelaçados, uns paralelos ao comprimento (as 
guias) e outros paralelos à largura (a trama). As tapeçarias podem ser feitas em 
teares próprios ou bordadas à mão, sendo a primeira chama liço e a segunda 
pontos. 
• Cerâmica 
A cerâmica é a atividade de produção de artefatos de argila ou barro, podendo 
ser artística e artesanal, ou industrial. A cerâmica artística utiliza basicamente 
duas técnicas: a modelagem manual e a modelagem em torno. A cerâmica 
classifica-se, de acordo com o material usado, em: terracota (argila cozida no 
forno, sem ser vidrada, às vezes, pintada); cerâmica vidrada (por exemplo, 
o azulejo);grês (cerâmica vidrada, às vezes pintada, feita de pasta de quartzo, 
feldspato, argila e areia e faiança) e louça (obtida de pasta porosa cozida a altas 
temperaturas, envernizada ou revestida de esmalte sobre o qual se pintam 
motivos decorativos). 
Independentemente da arte plástica que a pessoa escolher, ela pode colher 
muitos benefícios com esses trabalhos manuais. O primeiro é ocupar-se, 
preencher o tempo e o pensamento com algo que irá produzir e assim, melhorar 
sua autoestima e motivação. Também sentirá a melhora no pensamento, na 
memória, na concentração e na atenção. Ao produzir arte, a pessoa se sente útil 
e capaz, se socializa e se realiza como indivíduo. 
18 
 
• Massoterapia 
A massoterapia é um conjunto de técnicas de manipulação corporal, por um 
profissional. Ela auxilia nos tratamentos de doenças crônicas e previne quadros 
de patologias graves. Suas técnicas manuais são difundidas há séculos em 
diferentes culturas e trazem, entre outros benefícios, os seguintes: 
✓ Melhoram a saúde; 
✓ Promovem o equilíbrio corporal e energético; 
✓ Oferecem uma sensação geral de bem-estar; 
✓ Alívio do estresse; 
✓ Relaxamento muscular; 
✓ Sensação geral de bem-estar; 
✓ Potencializa o sistema imunológico; 
✓ Alívio de dores e tensões; 
✓ Melhora da circulação sanguínea. 
Através do toque em regiões estratégicas do corpo, o massoterapeuta consegue 
trabalhar pontos relacionados à dor física ou emocional. As sessões são feitas 
geralmente com o uso das mãos, mas pode-se usar pedras, aromas, luzes 
específicas, sons relaxantes ou algum aparelho mecânico. Além disso, o 
terapeuta pode usar produtos como óleos ou cremes. 
Durante a sessão, o massoterapeuta vai identificar os pontos-chaves do corpo 
trabalhando em cima deles para melhorar a parte física e mental. Na 
massoterapia temos alguns tipos de sessões mais comuns, segundo o blog 
Rituaali (acesso: https://www.rituaali.com.br/blog/massoterapia-o-que-e-como-
funciona-e-beneficios-para-o-corpo-e-mente): 
✓ Massagem Terapêutica: esse tipo de massagem irá tentar reequilibrar 
aspectos físicos, emocionais e a energia da pessoa. O objetivo é eliminar 
atrofias, dores, contusões ou também prevenir as mesmas. Serve como 
relaxante e desintoxicante; 
 
✓ Massagem relaxante: a massagem relaxante, como o próprio nome diz, 
tem como objetivo a desaceleração física e mental, diminuindo o estresse 
e a agitação. 
 
✓ Massagem estética: geralmente procurada para perda de peso ou 
redução de medidas, complementando outros tratamentos; 
 
✓ Shiatsu: essa palavra japonesa significa pressão com os dedos, que são 
usados para acionar pontos específicos do corpo; 
 
✓ Reflexologia podal: os pés contêm mais de 70 mil terminações nervosas 
que estão ligadas a diferentes órgãos do nosso corpo. Nessa técnica, 
essas terminações são estimuladas e isso ajuda a melhorar dores nas 
19 
 
costas, no pescoço, na cabeça ou outras partes do corpo. Também ajuda 
no combate à insônia. 
Para pessoas que se sentem constantemente estressadas e vivem uma rotina 
agitada, também são indicadas a experimentar a massoterapia. Gestantes, 
idosos e indivíduos com alguma doença devem conversar com o profissional 
antes da sessão para que a massagem seja feita com cuidado e 
precaução. Para quem sofre com transtorno de ansiedade e/ou depressão, a 
massagem terapêutica pode funcionar como um complemento ao tratamento 
convencional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
CAPÍTULO 7 – ARTETERAPIA COM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS 
Atualmente, o tratamento às crianças hospitalizadas vai além dos procedimentos 
medicamentosos. Procura-se tornar a estadia delas no hospital algo menos 
estressante e doloroso, e para isso, tem se investido em práticas recreativas e 
educacionais que não só as distraiam da situação incômoda, como promovam 
desenvolvimento e bem-estar nos aspectos físicos, psíquicos e emocionais. 
Assim, a arteterapia tem sido usada com frequência para esses fins. 
Estar em um hospital não é algo fácil para ninguém, principalmente em longas 
internações. Com crianças, ainda mais as menores, pode ser muito difícil 
entender e aceitar tal situação, pelas próprias características da idade. 
Pensando nessa situação, muitas foram as iniciativas ao longo dos anos para 
tornar esse processo menos desgastante. 
Com o avanço nas legislações, os hospitais passaram a ter brinquedotecas e 
ludotecas para que as crianças pudessem frequentar e contar com atividades 
propostas por profissionais como pedagogos, psicopedagogos, monitores, 
psicólogos e afins. A Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005, obriga a instalação 
de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico 
em regime de internação, portanto, é comum agora dispormos desses recursos 
em grandes hospitais. 
A criança, independentemente do local onde está, precisa ter seus direitos 
garantidos. Segundo a Resolução do Conanda nº 41, de 17 de outubro de 1995, 
o texto da Sociedade Brasileira de Pediatria, relativo aos direitos da criança e 
do adolescente hospitalizados, temos: 
1.Direito à proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma de 
discriminação. 
2.Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem distinção de 
classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa. 
3.Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por qualquer 
razão alheia ao melhor tratamento de sua enfermidade. 
4.Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período 
de sua hospitalização, bem como receber visitas. 
5.Direito a não ser separado de sua mãe ao nascer. 
6.Direito a receber aleitamento materno sem restrições. 
7.Direito a não sentir dor, quando existam meios para evitá-la. 
8.Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados terapêuticos 
e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua fase cognitiva, além 
de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário. 
9.Direito a desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a 
saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar. 
10.Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente do seu prognóstico, 
tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os procedimentos a que será 
submetido. 
11.Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua família. 
21 
 
12.Direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e terapêuticas, sem o 
consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu próprio, quando tiver 
discernimento para tal. 
13.Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para a sua cura, 
reabilitação e ou prevenção secundária e terciária. 
14.Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência ou maus 
tratos. 
15.Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral. 
16.Direito a preservação de sua imagem, identidade, autonomia de valores, dos 
espaços e objetos pessoais. 
17.Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a expressa vontade de 
seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, resguardando-se a ética. 
18.Direito a confidência dos seus dados clínicos, bem como direito a tomar 
conhecimento dos dados arquivados na instituição, pelo prazo estipulado em lei. 
19.Direito a ter seus direitos constitucionais e os contidos no Estatuto da Criança e do 
Adolescente respeitados pelos hospitais integralmente. 
20.Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados todos os 
recursos terapêuticos disponíveis 
Fonte: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/resolucao-n-41-de-13-de-
outubro-de-1995/ 
Como podemos ver no item 9, a criança tem direito ao lazer e à educação 
enquanto estiver internada. A educação geralmente é garantida por uma escola 
parceira do hospital ou da própria criança. Dependendodo tempo de internação, 
os pais podem matricular na escola parceira, se o período for longo e assim a 
criança receberá os profissionais e os conteúdos necessários ao seu 
aprendizado. Se a internação for curta, ela pode receber exercícios domiciliares 
da própria escola e seus professores. 
De acordo com as principais teorias de desenvolvimento humano, a criança 
precisa se desenvolver integralmente, portanto, além do aspecto cognitivo e 
intelectual, ela precisa ter acesso, no hospital, ao desenvolvimento emocional e 
social (já que o físico passa pelo cuidado pediátrico naquele momento). Ela 
precisa brincar, interagir socialmente e receber estímulos que promovam o 
equilíbrio de sua saúde mental. 
O jogo simbólico envolve a imaginação, o faz-de-conta, no qual a criança vai 
imaginar outra realidade, fantasiar, sonhar. Podemos citar como exemplo o 
teatrinho de bonecos, no qual os bonecos ganham vida, ações, cenários e um 
mundo só deles. O simbólico envolve um universo diferente do concreto, do real, 
envolve um universo de pensamentos e sentimentos. Quando a criança brinca 
de casinha, de ir ao mercado, quando finge ser um adulto, ou quando imita um 
animal, ela está exercitando o jogo simbólico, ou seja, transformando a realidade 
em símbolos. 
Assim, para incentivar a imaginação, a ludicidade, a alegria, promovendo o lazer 
e a diversão para crianças hospitalizadas, as artes têm sido trabalhadas 
frequentemente em suas mais diversas manifestações: teatro, pintura, desenho, 
https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/resolucao-n-41-de-13-de-outubro-de-1995/
https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/resolucao-n-41-de-13-de-outubro-de-1995/
22 
 
mímica, literatura, até o teatro clown, uma das mais novas. A arte do Clown é 
um exercício de reconhecimento do mundo através da experiência da emoção 
do corpo. Segundo Lima et al (2009, p.187): 
Em 1986, Michael Christensen, diretor do Big Apple Circus, de 
Nova Iorque, foi convidado a participar das comemorações do 
Dia do Coração no Columbia Presbyterian Babies 
Hospital, quando optou por fazer uma satirização às rotinas 
médicas e hospitalares, utilizando o teatro Clown. O resultado 
surpreendeu a todos, pois as crianças que se encontravam 
deprimidas e apáticas participaram ativamente das atividades 
propostas. Após outras visitas, o hospital decidiu investir na 
continuidade do trabalho, nascendo então a Clown Care Unit(7). 
No Brasil, um exemplo de sucesso inspirado nessa experiência é o dos Doutores 
da Alegria. “O humor é um recurso essencial para auxiliar na superação dos 
traumas inerentes aos processos de enfermidade e internação, e também na 
restituição da alegria, parte integrante da vida da criança” (Lima et al, 2009, 
p.187). Nos anos de 1990, o ator Wellington Nogueira trabalhava nos Estados 
Unidos com uma trupe de palhaços que realizava intervenções em hospitais de 
Nova Iorque. Era algo muito inusitado. Em 1990, retornou a São Paulo para 
visitar seu pai na UTI do Instituto do Coração. Foi ali que resolveu se apresentar 
como palhaço para crianças. Assim, nasceu o projeto Doutores da Alegria. 
Expressões artísticas são fundamentais para todo ser humano, como já citamos 
anterioriormente. No caso das crianças, elas expõem a si mesmas, seu contexto 
social, suas percepções sobre o mundo, sua identidade e sua imaginação. Por 
esse motivo, as produções artísticas infantis podem servir de base para 
identificar seu processo de desenvolvimento emocional, psíquico, social e 
afetivo. Isso é importante, não só para verificar se estão se desenvolvendo bem, 
como para notar se a internação tem lhes prejudicado em algum aspecto. 
Além da função diagnóstica, a arte promove o equilíbrio emocional, pois é uma 
forma de diminuir o estresse, de se distrair, de se divertir e até interagir, já que 
pode ser feita em grupos. O processo criativo também é estímulo ao 
desenvolvimento intelectual e cognitivo, além de exercitar a parte psicomotora 
da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
CAPÍTULO 8 – A METODOLOGIA DA ARTETERAPIA 
A arteterapia, como já comentamos, pode ser aplicada de muitas formas e em 
diversas situações. Ela pode promover o desenvolvimento educacional, físico ou 
emocional e ser parceira de outras áreas terapêuticas. A sessão pode se 
concentrar no processo criativo ou na produção, sendo mais importante a 
realização pessoal que estética. Trata-se de um projeto focado no 
paciente/artista. Dessa forma, ela precisa se adequar às necessidades do 
mesmo e assim ser desenvolvida em diversas modalidades expressivas. 
Algumas dessas modalidades já foram citadas aqui, tais como a pintura. Nessa 
modalidade de terapia, o pintar deve ser algo espontâneo, representando os 
sentimentos e pensamentos. A pintura é uma arte que contribui para a 
consciência e autopercepção de si, ajudando a desarquivar os conteúdos do 
inconsciente. A pintura vai usar as cores, os movimentos do pincel e as texturas 
como recursos de expressividade. 
Também falamos a respeito do desenho. Desenhar trabalha a concentração, a 
coordenação espacial e a visual. O desenho, desde muito cedo em nossas 
vidas, é algo lúdico, que expressa preferências pessoais, experiências, emoções 
e pensamentos. Ele grava a nossa imaginação e exercita a parte cognitiva. A 
pessoa que tem dificuldade de expor o que sente e pensa pode usar o desenho 
para se libertar. Ele pode expressar como ela sente e interpreta o mundo interior 
e exterior. A seguir, falaremos de outras modalidades e seus métodos que 
também fazem parte das sessões de arteterapia. 
• Contação de Histórias 
Quem não gosta de ouvir uma boa história? O ser humano, desde muitos 
séculos, tem uma curiosidade natural pela narrativa, em todos os seus aspectos. 
Gostamos de conhecer personagens, imaginar cenários, saber dos fatos e 
muitas vezes, ouvimos já pensando em um possível desfecho, tomando partido, 
torcendo, nos identificando. Comemoramos alguns finais e lamentamos outros, 
tamanho é o envolvimento das pessoas com as histórias com que têm contato. 
Se adultos têm essas reações, imagine o quanto uma história bem contada 
encanta uma criança. Desde bebês, a atenção e a curiosidade que elas 
demonstram pelas narrativas orais, geralmente iniciadas pelos pais e outros 
familiares, é impressionante. Saber ler uma boa história, saber contar uma boa 
história, é importante não só para entreter e emocionar, mas para ajudar no 
desenvolvimento das crianças. 
Em arteterapia a contação de histórias pode, portanto, ser usada em qualquer 
idade. O mais importante é gostar do que se lê ou se ouve. No caso de crianças, 
podemos usar outros recursos como dedoches, fantoches, bonecos, fantasias, 
acessórios. Ler e ouvir histórias deve ser algo prazeroso e para que seja uma 
terapia bem-sucedida precisa ser livre de amarras, priorizando a expressividade. 
• Movimento e Dança 
Os nossos movimentos são considerados uma forma de linguagem, tanto que a 
Educação Física, encontra-se dentro da área de Linguagens na grade curricular 
nacional. Sendo assim, o movimento corporal é uma forma de expressão, que 
24 
 
usamos para nos comunicar, através de gestos, deslocamentos e afins. Nesse 
sentido, o corpo é um instrumento de informarmos ao mundo o que se passa em 
nosso interior e também de interagirmos com esse mundo. 
Na arteterapia, o paciente pode se movimentar livremente, podendo usar a 
música e a dança como parceiras nessa forma de expressão. Se estivermos 
trabalhando com crianças essa liberdade é ainda mais importante. Como já 
estudamos, o desenvolvimento da criança passa por vários aspectos. 
Um dos mais importantes aspectos desse desenvolvimento é o psicossocial e 
uma das formas mais bonitas de adquirir e entender a cultura humana é a arte. 
Por isso, além de desenhar, pintar, moldar, a criança desde cedo deve participar 
atividades relacionadas à música, como tocar algum instrumento, cantar e 
dançar. 
No aspecto humano, a música, além deser uma forma de interagir socialmente, 
desenvolve aspectos cognitivos como a concentração, a memória e a linguagem. 
No aspecto emocional, ela desenvolve a sensibilidade e ajuda a identificar 
sentimentos. Ao escolher as músicas, o terapeuta deve incentivar o paciente a 
usufruir do momento de forma intensa: dançando, cantando, pulando, etc. 
A dança e o movimento ajudam a desenvolver a linguagem e a expressividade, 
ajuda a pessoa a se identificar e se sentir nos ritmos das músicas e soltar o corpo 
nos movimentos. Nas sessões o terapeuta pode usar objetos para marcar os 
compassos musicais. 
• Literatura 
A literatura é uma expressão de subjetividade. Quando lemos, acessamos essa 
subjetividade e a relacionamos com a nossa própria. Assim, o ser humano 
consegue a identificação com sentimentos presentes nas histórias que lê. Por 
isso os clássicos da literatura são universais e atemporais, porque em qualquer 
parte e em qualquer tempo transmitem algo que sempre fará parte do universo 
humano. 
Um dos recursos mais importantes para expressar essa subjetividade e imprimir 
universalidade na literatura é sua linguagem. Essa linguagem precisa ser uma 
ferramenta de acesso do leitor ao universo do livro, tendo que usar para isso, 
simbologia e códigos que a pessoa entenda e se identifique. Essa identificação 
é uma das ferramentas utilizadas pelo arteterapeuta para entender as escolhas 
literárias dos seus pacientes e analisá-las. 
Outra ferramenta interessante é a escrita criativa. Nesse método, o paciente não 
deve se importar com regras gramaticais e ortografia, apenas se concentrar no 
fluxo de pensamento. Esse exercício possibilitaria a expressão do que está em 
nossa mente. 
 
 
 
25 
 
CAPÍTULO 9 – A ARTETERAPIA GESTÁLTICA 
A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais 
dos indivíduos. Como ciência, integrante da área de Ciências Humanas, ela 
segue o método científico, ou seja, procura um conhecimento objetivo baseado 
em fatos empíricos, usando para isso instrumentos e procedimentos 
predeterminados por esse método. Entre esses procedimentos está a 
observação e análise do comportamento observável (de indivíduo ou grupos de 
indivíduos) e dos processos mentais envolvidos nesse comportamento 
(FERREIRA, 2020). 
O método científico envolve observação, questionamento, hipótese e 
experimentação. O psicólogo então vai observar e descrever o comportamento 
de seus pacientes, tentando explicar esses comportamentos e deduzir os 
processos mentais e emocionais envolvidos. Vai também considerar variáveis 
como o ambiente físico, os fatores materiais, climáticos, humanos, culturais, etc. 
Esse psicólogo então, irá levantar suas hipóteses diagnósticas e experimentar o 
tratamento adequado. 
A primeira organização científica e profissional de Psicologia foi fundada em 
1892, nos Estados Unidos, a Associação Americana de Psicologia (APA). Após 
esse marco, a ciência se expandiu no mundo todo e ainda hoje tem controle 
rigoroso de formação de profissionais e exercício da profissão (FERREIRA, 
2020). 
A ciência Psicologia cresceu muito nas últimas décadas, através de estudos 
científicos, autores renomados e diversificação de métodos de pesquisa e 
trabalho. Isso fez com que essa ciência se dividisse em alguns segmentos. Sob 
uma perspectiva histórica temos: o funcionalismo, o estruturalismo e a Gestalt. 
Já nos contextos mais recentes, temos: a psicanálise, o behaviorismo, o 
humanismo, a perspectiva histórico-social, a perspectiva cognitiva, o 
evolucionismo, a psicodinâmica e a psicologia médico-biológica. Vejamos cada 
um desses segmentos a seguir (SCHULTZ & SCHULTZ, 2019): 
• Estruturalismo: assim que a psicologia nasce como ciência, o fisiologista 
alemão Wilhem Wundt constrói um laboratório, que seria o primeiro da 
psicologia e se dedica a criar um método específico para essa ciência. 
Em seu laboratório, fazia experimentos controlados, analisando 
sistematicamente os dados recolhidos e observando principalmente o 
comportamento mental e sensorial. Posteriormente, esse método foi 
chamado de estruturalismo; 
 
• Funcionalismo: para essa corrente de estudos, o estruturalismo era 
muito limitado, fazendo somente descrição de elementos, conteúdos e 
estruturas. Para o funcionalismo, a mente humana era muito complexa e 
interagia constantemente com o meio ambiente, era funcional. 
 
• A Gestalt-Terapia 
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Reagindo ao funcionalismo, a Gestalt vai trabalhar mais o aspecto sensorial, ou 
seja, da nossa percepção do mundo e das pessoas. Essa palavra significa 
“configuração”, então, seu foco será o funcionamento da mente como um todo. 
Aliada à arteterapia, a Gestalt vai priorizar o bom funcionamento mental do 
paciente, unindo as técnicas dessa linha de trabalho às mais diversas formas de 
se expressar artisticamente. 
Na atualidade, as pessoas estão mergulhadas em seus afazeres cotidianos e 
sempre conectadas aos dispositivos digitais. Por isso, sobra pouco tempo para 
olharem para si mesmas, analisando e catalogando seus sentimentos e suas 
emoções. Sobra pouco espaço também para a criatividade e a ludicidade. 
Parece que funcionamos no modo automático. A arteterapia vem então resgatar 
essas experiências, permitindo um momento de autoconsciência. 
A terapia gestáltica explora esse processo de autoconsciência e 
autoconhecimento, e tem nas artes ferramentas importantes nesse trabalho. A 
produção artística deve ser a expressão e a manifestação de nossos sentimentos 
e pensamentos mais profundos, sejam eles positivos ou negativos. A Gestalt 
propõe uma reconfiguração de um organismo que está disfuncional, e para isso, 
cada peça de nosso estado psíquico precisa ser verificada. 
Em Gestalt-Terapia, cada ser humano é único, tendo sua própria forma de 
absorver o mundo e interagir com ele. Assim como na arteterapia, os processos 
de criação são muito importantes nessa linha de trabalho. O indivíduo é visto 
como um sistema aberto, que cresce e se desenvolve nas interações com 
ambiente e seus elementos. 
Para Gestalt, as pessoas não são vistas de forma isolada, mas como parte de 
um sistema com o qual se relacionam o tempo todo. Relacionada à arte, a terapia 
irá analisar o paciente de acordo com suas produções, desvendando sua 
condição no presente e no passado, ajudando a construir o indivíduo do futuro. 
O processo criativo irá fazer com que o paciente descubra qualidades, 
sentimentos e emoções. Ele irá explorar seu potencial, através da pintura, do 
desenho, da poesia, da escultura, entre outras formas. A arte se torna uma ponte 
entre os elementos externos e internos. 
As vivências e experiências pessoais têm um papel central na terapia gestáltica. 
Em sessões de terapia com a arte, o paciente irá experimentar eventos, 
analisando seu estado emocional e psíquico e produzindo sua obra de acordo 
com esse estado. De acordo com Andrade (2000, p.131), essa experiência se 
dá da seguinte forma: fazer formas artísticas, estar emocionalmente envolvido 
nas formas que estão sendo criadas como um evento pessoal, observar o que 
está sendo feito e perceber através das produções realizadas não somente como 
a pessoa está neste momento, mas também maneiras alternativas possíveis 
para desenvolver-se seguindo modelos mais desejados por ela mesma. 
Nessa linha, a vivência artística não somente permite ao sujeito se revelar nas 
formas criadas, em modos de ser até então ignorados por ele mesmo, mas ainda 
se projetar nelas e ampliar sua visão de mundo. 
 
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CONCLUSÃO 
Como pudemos estudar, a arteterapia utiliza a expressão artística como 
instrumento terapêutico, trabalhando bloqueios comunicativos e emocionais. 
Para contribuir com a qualidade de vida, são utilizadas a pintura, desenho, 
poesia, colagem, modelagem, fotografia, música, dança e qualquer outro tipo de 
arte. A expressividade é o principal objetivo. 
Pudemos ver que existem muitas formas de manifestaçõesartísticas e elas 
podem ser usadas de diversos meios nas sessões de arteterapia. Os benefícios 
são muitos, tanto para o aspecto físico e mental, como para o cognitivo e 
emocional. A expressão e o processo criativo funcionam como estímulo para 
auxiliar no raciocínio, em relacionamentos afetivos e na parte psicomotora. 
Esse tipo de terapia é reconhecido pela OMS. A arteterapia, como vimos, ajuda 
a chegar no autoconhecimento, aumenta a autoestima, estimula a 
autoconsciência e a autorreflexão. Além disso, ela explora as emoções, o 
psiquismo e os sentimentos. A arte é lúdica, seu processo de criação diminui o 
estresse e a ansiedade, promovendo o bem-estar físico e mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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