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EMANUELA HANNOFF PILON 1 Tutorial 5 – mod XIII Diabetes na gestação Doença hemolítica perinatal – Eritroblastose fetal - Também chamada de aloimunização Rh, isoimunização Rh ou doença hemolítica autoimune. - A troca imunológica de antígenos e anticorpos entre indivíduos da mesma espécie é chamada de aloimunização. - Sua importância clínica deve-se à facilidade com a qual pessoas com Rh negativo podem ser estimuladas a produzirem anticorpos anti-Rh, após transfusão incompatível ou gestação de feto Rh positivo. - O antígeno Rh (pessoa é Rh +) está presente em torno de 85% dos indivíduos de raça branca, 90-95% dos negros e praticamente em 100% dos amarelos e índios. ETIOPATOGENIA - O antígeno D, que faz parte do sistema Rh, tem uma elevada Imunogenicidade e uma certa frequência de provocar sensibilização na ausência de medidas profiláticas. - O sistema Rh é controlado por dois genes, intimamente relacionados e situados no braço curto do cromossoma 1. - O status de + ou – é definido pela presença ou ausência do antígeno D, que reflete sua hegemonia no sistema. Quem tem o antígeno D é Rh +, quem não tem é Rh -. - Os antígenos mais comumente associados à doença hemolítica são, além do D, outros do sistema Rh, os antígenos E, e, C, c e Cw. Fatores de risco: antecedente de transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis e antecedente obstétrico de óbito fetal ou hidropisia de causa desconhecida. - Gestantes sensibilizadas por antígenos eritrocitários, que não pelo fator Rh, apresentam melhores resultados perinatais. FISIOPATOLOGIA - Penetração de hemácias do feto Rh + na circulação de mulheres Rh -, determinando a produção de anticorpos específicos. - Linfócitos e macrófagos acham-se envolvidos nesse mecanismo de defesa imunológica. Linf B e T são as principais células presentes no processo. - O contato da gestante com o sangue incompatível, por transfusão ou passagem transplacentária feto mãe, leva à resposta imune primária contra antígeno Rh. - Resposta imune é lenta, levando 6 semanas – 6 meses para acontecer, talvez por imunodepressão da gravidez. - Há produção de IgM, que não cruza a barreira placentária e não agride o feto. - Numa subsequente exposição da mãe ao antígeno Rh, uma rápida resposta celular e humoral se deflagra, com produção de anticorpos anti-Rh do tipo IgG, moléculas pequenas que cruzam a placenta e vão aderir à membrana do eritrócito Rh +, causando destruição dos eritrócitos fetais. - A sensibilização ainda pode ocorrer em situações ou procedimentos que PROVOQUEM hemorragia feto- materna: ameaça de abortamento, deslocamento prematura da placenta, trauma materno, biópsia de vilosidades coriônicas, Amniocentese, cordocentese, transfusão intrauterina e manipulação obstétrica. - Pode-se detectar eritrócitos fetais na circulação materna a partir da 10 semana, por isso pacientes que abortam também correm o risco de sensibilização. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA - Feto tenta compensar a destruição das hemácias pelo incremento na EPO medular e focos extramedulares de EPO no fígado, baço, rins e placenta. Leva a hepatoesplenomegalia e aparecimento de células imaturas circulando no sangue periférico. - Velocidade de hemólise > formação de novas células: anemia. Persistência do processo hemolítico leva a hepatomegalia e hipertensão portal. - Transporte de oxigênio por células imaturas e destruição de células velhas leva a anóxia anêmica (falta Hb ou Hb ineficaz). EMANUELA HANNOFF PILON 2 - Isso leva a anóxia miocárdica e ICC. A hipertensão promove secreção do peptídeo natriurético atrial, que inibe aldosterona e faz vasodilatação periférica. - Esses fatores, em conjunto, são responsáveis pelo quadro de Hidropsia Fetal, caracterizado pelo extravasamento de líquido para o terceiro espaço, gerando derrame pleural, derrame pericárdico, ascite e edema cerebral. - Aumento da produção de bilirrubina, que se muito elevados, pode se difundir pela barreira hematoencefálica e impregnar nos núcleos da base, levando a encefalopatia bilirrubínica (kernicterus). DIAGNÓSTICO Anamnese Determinação do tipo sanguíneo do pai e da mãe: Em alguns casos, o fenótipo da mãe (tipagem sanguínea) pode não corresponder à Genotipagem. - Antecedentes obstétricos são de extremo valor, destacando presença de icterícia ou transfusões do período neonatal, transfusões IU ou Hidropsia fetal. - Ver se houve necessidade de reposição sanguínea pela pcte, pela possibilidade de transfusões incompatíveis. Teste COOMBS indireto (pesquisa anticorpos no plasma materno) - Indicado para gestantes Rh + quando há mau passado obstétrico ou transfusão ou uso de drogas. Deve ser realizada na primeira visita pré-natal, repetida na 28s semana de gestação, embora haja evidência de que anticorpos detectados no 3º trimestre não causem EF. - Exame positivo indica sensibilização materna. Espectrofotometria do líquido amniótico - Passagem da bilirrubina não conjugada para líquido amniótico resulta da transudação pelos vasos da superfície, pelos pulmões e traqueia. - Dopplervelocimetria Determinação do Rh fetal - Fenótipo Rh negativo na presença integral do RhD com mutações na sua composição determina interrupção prematura na transcrição do RhD. Isso pode definir genes híbridos e os pseudogenes. - Genótipo é Rh + e fenótipo Rh – - Na gestante com Rh não sensibilizada, com feto Rh -, pode-se evitar a ministração de Ig anti-D. - Gestante sensibilizada pelo antígeno D, com feto Rh - , não terá DHPN. Ultrassonografia - Rastrear sinais que possam sugerir início da descompensação fetal a caminho da Hidropsia. - Aumento do volume de líquido amniótico, ascite incipiente, aumento da espessura placentária e áreas de maior ecogenecidade dispersa pelo parênquima. - Hidropsia fetal é quando há pelo menos dois derrames serosos com edema de pele. Dopplervelocimetria (artéria cerebral média) - Mostra aumento da velocidade média da coluna de sangue vinda do aumento do trabalho cardíaco e diminuição da viscosidade do sangue. - Fornece resposta rápida à hipoxemia. PROFILAXIA - A condição para a aplicação de imunoglobulina Anti-D na profilaxia da aloimunização na gestação é que a mulher seja Rh negativa, não possua anticorpos Anti-D EMANUELA HANNOFF PILON 3 (CI negativo) e que o marido seja Rh positivo ou com tipagem indeterminada. - Aplica-se, via IM, dose de 250-300 mcg em: 28ª semana Nas primeiras 72h após parto ou até 28d na falta dele, desde que o RN seja Rh + ou D fraco, CI negativo e parto ocorra três semanas depois da primeira dose Em casos de abortamento, gestação ectópica ou molar, sangramentos genitais, trauma abdominal na gravidez, todas com Rh -, CI -, parceiro Rh + ou desconhecido recebem profilaxia com 250mcg de Anti-D IM, 72h após evento e refaz a cada 12 semanas. - Hemorragia fetal é quando o volume de hemácia fetal que vai para circulação materna é maior do que a capacidade de neutralização oferecida pela dose de Anti-D oferecida. - Avaliação de HFM depende da dose de Anti-D do esquema de profilaxia. Geralmente, faz-se o teste de Kleihauer-Betke, que se -, indica que Ig foi efetiva. - Toda imunoglobulina Anti-D é obtida somente a partir de plasma humano. Os doadores, em sua maioria, são mulheres pós-menopausa e imunizadas por gestação e homens imunizados voluntariamente. TRATAMENTO – CONDUTA OBSTÉTRICA - Gestante – não sensibilizada e com feto – não precisa receber Ig Anti-D na 28ª semana e terão parto normal. Se feto +, faz-se pesquisa de anticorpos antieritrocitários. - Gestações com CI -, sem história de sangramento, repete-se o exame na 28ª semana e se -, faz-se profilaxia antenatal com Ig Anti-D. - Após ministrar Ig Anti-D, a pesquisa de anticorpos antieritrocitários pode permanecer+, porém títulos baixos. - Nas gestantes sensibilizadas, com CI alto, faz-se acompanhamento por análise da Dopplervelocimetria da A. cerebral média. - Se ACM com alta velocidade e gestação > 34 semanas, parto deve ser imediato. Deve-se fazer ciclo de corticoide para aceleração da maturidade pulmonar. - Fetos imaturos (< 34 semanas) e com alterações, faz-se análise do sangue fetal e tratamento IU. Sangue coletado deve ser submetido à dosagem de Hb e Ht e tipagem sanguínea. - Tratamento IU: transfusão intravascular. Transfusão por meio da veia umbilical por meio da cordocentese. A partir da 20ª semana, com cordão mais espesso. - Em casos de sensibilização grave com passado de perdas de repetição e ocorrência de Hidropsia antes da 28ª semana, faz-se infusão intravenosa materna de altas doses de gamaglobulina, repetindo 15-21d, podendo manter até parto ou 28ª semana. - Deve-se procurar fazer um parto via vaginal, sem usar muita ocitocina, evitar remoção manual da placenta e não manter clampeamento do cordão enquanto se aguarda a dequitação (saída da placenta) Diabetes Mellitus e gravidez DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÃO - DM é um grupo de distúrbio do metabolismo dos carboidratos que leva a hiperglicemia secundária a defeitos na produção e na secreção da insulina, na ação desse hormônio ou ambos. DM 1: cursa com destruição das células betapancreáticas, levando à deficiência de insulina. - Geralmente diagnosticado na infância e os pctes tem sintomas de polidipsia e poliúria, podendo ter cetoacidose. DM 2: aumento da resistência insulínica e defeito na secreção de insulina. - Pctes com pouco ou nenhum sintoma, dificultando e atrasando o diagnóstico, favorecendo muitas vezes o diagnóstico no início da gravidez, com aumento do risco de malformações fetais. Diabetes gestacional: diagnosticado durante gestação e não atende aos critérios de diabetes pré- gestacional não diagnosticado previamente. Outros tipos de diabetes: defeitos genéticos na função das células betapancreáticas ou na ação da insulina, doenças do pâncreas ou é induzido por drogas. EPIDEMIO - Aproximadamente 415 Milhões tenham DM e 318 milhões intolerância à glicose, com risco elevado de ter DM futuramente. - Para mulheres, o antecedente obstétrico de DMG é o principal fator de risco para o desenvolvimento de DM 2 e de síndrome metabólica. - É ideal identificar a hiperglicemia durante o estado gravídico-puerperal tanto pelo risco de piores desfechos perinatais quanto para a prevenção de distúrbios metabólicos maternos em longo prazo. - Filhos de mães diabéticas sofrem complicações em longo prazo e tem maior risco de desenvolver obesidade, síndrome metabólica e diabetes na vida futura. Risco de DM ou doença cardiovascular caracterizam pré-DM: - Glicemia de jejum alterada: 100-125 - TOTG diminuída: 2ª hora 140-199 DIAGNÓSTICO DE DM FORA DA GESTAÇÃO EMANUELA HANNOFF PILON 4 - Glicemia de jejum ≥ 126 ou de 2ª hora ≥ 200; ou Hb glic ≥ 6,5%; ou glicemia ao acaso ≥ 200. GESTAÇÃO NORMAL - Hipoglicemia no jejum pela captação da glicose pela placenta (não insulinodependente) e hiperglicemia pós- prandial e intolerância aos carboidratos, pela ação diabetogênica dos hormônios placentários. - O aumento na resistência à insulina permite maior oferta de glicose ao feto em crescimento e coincide com o aumento de secreção de insulina para manter a homeostasia glicêmica. O aumento é exponencial no 2º trimestre e estabiliza no fim do 3º trimestre. INFLUÊNCIA DA GESTAÇÃO SOBRE O METABOLISMO GLICÍDICO 1. Alterações Hormonais - O hormônio Lactogênico placentário (Hpl) é sintetizado pela placenta de forma progressiva com a evolução da gestação. Ele irá exercer forte antagonismo à ação da insulina - Estrogênios, progesterona, cortisol e prolactina também são secretados pela gestante e apresentam ação hiperglicemiante. 2. Alterações Metabólicas - Resistência à ação periférica da insulina: decorre do bloqueio periférico da insulina através dos hormônios gestacionais. - Catabolismo acentuado: semelhante ao que ocorre em jejum. O concepto requer glicose e AA para a sua nutrição e crescimento. Sendo assim, ele “rouba” tais elementos da mãe, podendo gerar uma hipoglicemia. - Para que esse mecanismo seja adequado, o organismo materno deve promover maior e mais rápida mobilização dos lipídios para fornecer energia (cetogênese), havendo maior e mais rápido declínio da [ ] plasmática de glicose e AA, aumento da gliconeogênese hepática. - Anabolismo Facilitado: para compensar essas perdas pelo feto, o organismo materno sofre algumas adaptações: elevação acentuada da glicemia materna para transferir mais dessa substância para o feto, maior conversão de glicose em TGL para fornecer energia para o concepto em situações em que o organismo materno economizará glicose, queda acentuada do nível do glucagon plasmático gerando processos anabólicos como a síntese de TGL e glicogênio. - Resumidamente: a transferência de glicose e AA para o concepto tende a reduzir a glicemia em jejum e acentuar a utilização de ácidos graxos e cetogênese. Com a progressão da gravidez ocorre aumento dos hormônios que antagonizam a ação da insulina, gerando resistência insulínica e hiperglicemia pós- prandial. 3. Alterações no Organismo Materno Primeiro Trimestre - Tendência ao desenvolvimento de hipoglicemia materna, com diminuição da necessidade de insulina. Os níveis glicêmicos são de 15-10 mg/dl mais baixos do que em não gestantes. - Além da necessidade do feto, os episódios de inapetência, náuseas, vômitos ajudam para piorar o quadro. - Laboratorialmente: glicosúria, cetonúria e níveis normais de glicemia. Isso pode gerar condutas inapropriadas. Segundo Trimestre - Há rápida elevação das necessidades de insulina, devido aumento dos hormônios antagonistas de insulina, gerando um quadro de cetose e cetoacidose. Terceiro Trimestre - Inicialmente há persistência do aumento das necessidades de insulina, gerando ainda mais cetoacidose. - Próximo ao final da gestação há tendência à estabilização da diabetes. Em alguns casos pode ocorrer ainda a hipoglicemia, sendo esse forte indício de insuficiência placentária (visto que a resistência elevada à insulina ocorre por produção placentária do hormônio Lactogênico placentário). Puerpério - Queda brusca na necessidade de insulina devido à redução abrupta dos hormônios contrainsulínicos da placenta. Fatores de risco para diabetes gestacional Idade materna avançada Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual Deposição central excessiva de gordura corporal História familiar de diabetes em parente 1º grau Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia Antecedentes obstétricos de aborto de repetição, malformação, morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG SOP Baixa estatura DIAGNÓSTICO DE HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO - A presença de diabetes na gravidez poderá ser evidenciada pela anamnese, realizada na 1ª consulta, geralmente na consulta pré-concepção. - Avalia-se: controle glicêmico, autocuidado em diabetes (automonitorização, dieta e habilidade para lidar com hipoglicemias e hiperglicemias), otimização de complicações preexistentes e comorbidades associadas ao diabetes. EMANUELA HANNOFF PILON 5 - Aconselhamento pré-concepcional de pctes diabéticas, com os objetivos: Hb glic < 6% Avaliação, otimização e TTO de complicações do DM (retinopatia, nefropatia) Interrupção do uso de estatina e de IECA/ARA2 (...il/...ana) pelos riscos fetais associados à utilização destes. Automonitoramento glicêmico e dieta adequada. - Para gestantes já sabidamente diabéticas, a anamnese será suficiente para identificar a doença, mas paraas demais gestantes, torna-se essencial o diagnóstico da hiperglicemia na gestação, classificada em: Diabetes mellitus diagnosticado na gestação: glicemia de jejum ≥ 126 ou glicemia ocasional > 200. Diabetes mellitus gestacional: hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnosticados para DM. DIAGNÓSTICO DE DIABETES NA GESTAÇÃO - Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) com 75g é um teste de sensibilidade e especificidade para diagnóstico. - Quando não se tem muita condição: glicemia de jejum INFLUÊNCIA DO DIABETES SOBRE A GESTAÇÃO Complicações gestacionais - Abortamento maior incidência. Ocorre devido as alterações maternas resultantes do descontrole da sua glicemia (ex: acidose metabólica fetal). Todos os casos relacionados a níveis de Hb glicosilada de 12% ou de glicemia pré-prandial maior que 120 mg/dl no primeiro trimestre. - Mortes Fetais Tardias relacionada com acidose metabólica fetal. É a complicação mais temida da gravidez diabética. Geralmente o óbito fetal súbito ocorre por volta de 35 semanas, sendo relacionadas a uma hiperglicemia de jejum > 105 mg/dl nas últimas semanas de gestação. Pode ocorrer por causa de uma hipoxemia de consumo, em que a hiperglicemia provoca disfunção no transporte de oxigênio e no metabolismo fetal. - Alterações do Volume de Líquido Amniótico A polidramnia acomete 25% das grávidas diabéticas, ocorre possivelmente devido ao aumento da diurese fetal devido à hiperglicemia. Uma maior [ ] de glicose no líquido amniótico provoca, por osmose, aumento da captação de água para o líquido. Índices de líquido amniótico superiores a 18 possuem relação com a macrossomia fetal, exigindo maior controle glicêmico. - Na classe D, nas gestações que cursam com vasculopatia, ocorre perfusão seletiva para que o concepto se proteja da hipóxia. Isso compromete trocas placentárias e gera redução do fluxo renal e consequente oligodramnia. Complicações fetais - Anomalias congênitas: risco 3-6x mais do que na população em geral. Hiperglicemia promove maio ação EMANUELA HANNOFF PILON 6 sobre radicais livres e menor ação dos genes responsáveis pelo ácido araquidônico, causando defeitos neurais. - Distúrbios de crescimento (macrossomia): peso > 4.000g. Hiperglicemia materna facilita passagem transplacentária de grande quantidade de glicose, estimulando o pâncreas fetal saudável a produzir insulina. - Essa insulina vai ter efeitos anabólicos, levando ao aumento das proteínas, lipídios e glicogênio, gerando ao neonato o aspecto de macrossomia fetal. Depósito de gordura é maior nos membros e no tronco. - Distócia de espáduas: dificuldade de liberar ombros fetais durante o parto vaginal. Deve-se ter suavidade ao abaixar e elevar a cabeça, evitando trações no pescoço que podem levar a paralisia do plexo braquial. Complicações Neonatais - Síndrome da Angústia Respiratória: Os altos níveis de insulina fetal retardam e alteram o mecanismo fisiológico de amadurecimento pulmonar, interferindo no metabolismo de fosfolipídios com consequente redução na produção de surfactante. Esse feto tem chances de 6x mais da Síndrome da Angústia Respiratória. - Hipoglicemia Neonatal: Ocorre devido a hiperinsulinemia fetal. O nascimento do feto resulta na interrupção do aporte materno excessivo de glicose após clampeamento do cordão umbilical. A glicemia torna-se então desproporcional aos níveis de insulina, gerando uma hipoglicemia. Essa é a complicação metabólica fetal mais comum do diabetes materno. - Hipocalemia: associada à prematuridade. - Policitemia: decorre da hipoxemia placentária e de um aumento da necessidade de oxigênio induzida pela hiperglicemia. - Hiperbilirrubinemia: ocorre da policitemia e de uma imaturidade do sistema enzimático que conjuga a bilirrubina. - Risco de Diabetes na vida futura: ocorrência de diabetes tipo II em até 1/3 dos filhos de diabéticas até 17 anos. SEGUIMENTO PRÉ-NATAL DA GESTANTE DIABÉTICA Dieta - 70-85% das mulheres com diabetes gestacional atinge controle glicêmico com a terapia nutricional. - Ingesta de 1800-2200 calorias diárias totais, levando em conta o IMC da pcte e o trimestre da gravidez. - 45-50% de carboidrato, 30-35% de lipídio e 15-20% de proteína. Fracionado em 5-6 refeições. Exercícios físicos - Aumentam a sensibilidade periférica à insulina e o consumo de glicose. - Caminhada 30 minutos, 3x/semana, hidroginástica ou exercícios resistidos. - Se atentar ao risco de hipoglicemia, especialmente pctes DM1. Monitoração glicêmica - Recomenda-se monitoramento das glicemias capilares 4-7x por dia pré e pós-prandiais, principalmente em gestantes que usam insulina: monitoramento pela manhã em jejum, antes do almoço, antes do jantar, 1 ou 2 horas após o almoço e 1 ou 2 horas após o jantar. - A Hb glic reflete o grau de controle glicêmico das últimas 4-6 semanas. Valores acima de 7% estão relacionados a risco significado de malformações fetais. - Glicemia capilar de jejum e pós-prandial nas consultas. - Glicemia de jejum e pós-prandial para gestante com DMG. - Função renal com dosagem trimestral de ureia, creatinina e proteinúria em diabéticas prévias. - Fundo de olho trimestral nas diabéticas prévias. - Considera-se valor glicêmico adequado quando, no mínimo, 70% dos valores encontram-se dentro da normalidade. - Em diabetes pré-gestacionais, dosagem de Hb glic no início da gestação é útil para avaliar risco de ocorrência de malformações fetais. Depois, é substituída pela avaliação da monitoração glicêmica capilar. Acompanhamento Obstétrico - Consultas quinzenais até 30-34 semanas - Consultas semanais a partir de 34 semanas até o parto. - Administração de ácido fólico para conter defeitos do tubo neural. - Urocultura semestral - USG morfológica e ecocardiograma fetal - Contagem de movimentos fetais realizadas 1-3x ao dia durante uma hora em decúbito lateral a partir da 28 semana após uma refeição. - Dopplerfluxometria de a. uterinas a partir da 26 semana - USG seriada mensal a partir da 28 semana: ver peso e volume do líquido amniótico. - Perfil Biofísico fetal ou cardiotocografia basal: semanalmente a partir de 32 semanas nas pctes com EMANUELA HANNOFF PILON 7 diabetes prévio. Avalia alterações na frequência cardíaca devido alteração do Ph. INSULINOTERAPIA - Se após 2 semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum > 95 mg/dl e 1h pós- prandial > 140 mg/dl ou 2h pós-prandiais > 120 mg/dl), deve-se iniciar tratamento farmacológico. - É importante para controle glicêmico, necessária para alguns DM2 e gestacional, mas essencial aos pctes DM1, que iniciam pré-natal já usando insulina. - Existem diversos tipos de insulina (ação lenta, rápida e ultrarrápida) e a administração em doses e horários diferentes facilita que os alvos sejam atingidos. - Pctes com diabetes pré-gestacional, especialmente aquelas com DM1 utilizam múltiplas doses diárias de insulina (MDDI). - Em pctes com diabetes gestacional, após 1-2sem, se o controle glicêmico não estiver adequado, deve iniciar terapia medicamentosa. - Prescreve-se NPH 0,5 UI/kg de peso do pcte. - Se valor dentro do normal, mas hiperglicemia pós- prandial, deve-se prescrever insulina de ação rápida (regular) ou ultrarrápida para o horário de refeição onde o controle está insatisfatório. - Pctes com DM2 podem ser controladas somente com dieta, uso de hipoglicemiantes orais ou já serem dependentes de insulina. - Associação entre NPH (lenta) e regular (rápida) ou ultrarrápida é frequentemente utilizada. 0,5 unidade/kg/dia: 1º trimestre 0,7 unidade/kg/dia: 2º trimestre 0,9 unidade/kg/dia: 3º trimestre - O uso de hipoglicemiantes orais: NÃOdevem ser usados na gestação pois atravessam placenta. - A Glibenclamida está associado ao aumento no risco de hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno, maior ganho de peso neonatal e macrossomia. Porém, os estudos não mostram alterações pelo uso da Metformina. - Devem ser usados então quando não se alcança sucesso com as medidas de dieta e de exercícios e quando ainda não é possível usar insulina. - Com a evolução da gravidez, doses crescentes de insulinas são necessárias, principalmente perto do terceiro trimestre. Reduções bruscas na necessidade de insulina indicam insuficiência placentária. SISTEMA DE INFUSÃO CONTÍNUA DE INSULINA - Pctes que apesar de usar doses fracionadas de insulina e não atingem controle glicêmico podem se beneficiar do SICI, bem como aqueles que apresentam nefropatia grave, especialmente aquelas que necessitam de diálise durante a gestação. Pontos a serem avaliados no pré-natal - Pctes com DM pré-gestacional precisam de avaliação quanto a possíveis lesões de órgãos-alvo e presença de malformações fetais (USG morfológica e ecocardiograma fetal). MOMENTO DO PARTO - Controle glicêmico adequado e o peso fetal não devem ultrapassar 4.000g, a gestação é acompanhada até 39- 40 semanas. Se o controle for insatisfatório, considerar resolução entre 37-40semanas. - Em pctes com diabetes pré-gestacional, pode ser necessária a antecipação do parto por indicação materna (piora com retinopatia ou nefropatia). - Se > 4000g, risco de óbito fetal e indica-se parto independentemente da idade gestacional. - Se pcte usa insulina e em caso de cesárea, indica-se usar 1/3 da dose da manhã. - Orienta-se ainda manter soro glicosado a 5% em 60 mL/h se a paciente estiver em jejum há mais de 8 horas. Realiza-se o controle glicêmico a cada 3 horas em pacientes com DMG e a cada 1 hora em pacientes com diabetes pré-gestacional. - Hipoglicemia: aumenta soro glicosado - Hiperglicemia: diminui soro glicosado, aplica insulina de ação rápida. - Puerpério de pctes com DMG suspende-se insulina e dieta para diabético. Pctes com diabetes pré- gestacional devem retornar à dose usada antes da gestação ou metade da dose usada no final dela. Deve- se estimular amamentação. AVALIAÇÃO PÓS-PARTO DE PCTES COM DMG - Espera-se que o metabolismo de carboidrato volte ao normal, mas 3-65% pode desenvolver DM2 ou intolerância à glicose. - Indica-se que quem teve DMG seja reavaliada e reclassificada 6 semanas após o parto. - Faz-se TOTG 75g: jejum, 1ª hora e 2ª hora Jejum < 100 mg/dl e 2ª hora < 140mg/dl: normal Jejum 100-125 e 2ª hora < 140: glicemia de jejum alterada Jejum < 126 e 2ª hora 140-199: intolerância à glicose Jejum ≥ 126 e/ou 2ª hora ≥ 200: DM - Quando não se pode fazer TOTG, faz-se glicemia em jejum, embora 34% dos casos de intolerância à glicose EMANUELA HANNOFF PILON 8 ou DM não serão diagnosticados, trazendo impacto na qualidade de vida. Glicemia de jejum < 100mg/dl: normal Glicemia jejum 100-125: glicemia de jejum alterada Glicemia jejum ≥ 126: DM - Caso TOTG 75g seja normal, pcte deverá ser avaliada anualmente por meio da glicemia de jejum, TOTG 75g ou pela HB glic.
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