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Vícios redibitórios 
Direito Civil Brasileiro. Vol.: 3 – Carlos Roberto Gonçalves 
• Conceito de vício redibitório 
Redibir – anular, devolver 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada 
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, 
ou lhe diminuam o valor. 
A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente mediante devolução do preço 
da coisa e, se o alienante tinha conhecimento do defeito, satisfação de perdas e danos. 
O adquirente pode ficar com o objeto e pedir abatimento no preço, como lhe concede 
o art. 422 do CC: 
Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente 
reclamar abatimento no preço. 
Essas regras aplicam-se aos contratos bilaterais e comutativos, em que as partes podem 
antever as vantagens e sacrifícios, que geralmente se equivalem, porque não ocorre 
nenhum vício. Ex.: compra e venda, a dação em pagamento e a permuta e as 
empreitadas (CC, arts. 614 e 615). Decorrem do paralelismo que devem guardar as 
prestações bilaterais, derivado do princípio da comutatividade, assegurando ao 
interessado a fruição normal das utilidades advindas da coisa adquirida. 
A proteção do equilíbrio das prestações e da boa-fé dos contratantes, impuseram 
àquele que entrega determinado objeto a obrigação de responder pelos defeitos e 
vícios. 
Tais regras não se aplicam aos contratos gratuitos, como as doações puras, pois o 
beneficiário, não tendo pago, não tem o direito de reclamar (CC, art. 552). Porém, pode-
se aplicar nas doações onerosas até o limite do encargo (CC, art. 441, p. Ú.) 
• Fundamento jurídico 
Teorias que buscam explicar a teoria dos vícios redibitórios. Dentre as mais importantes 
pode ser citada a que se apoia na teoria do erro, não fazendo distinção entre defeitos 
ocultos e erro sobre as qualidades essenciais do objeto. 
→ Teoria do inadimplemento contratual: violação do princípio de garantia que 
onera todo alienante e o faz responsável pelo perfeito estado da coisa, em 
condições de uso a que é destinada. 
A mais aceita. O alienante é, de pleno direito, garantidor dos vícios redibitórios e cumpre-
lhe fazer boa a coisa vendida. Ao transferir ao adquirente, tem o dever de assegurar-lhe 
a sua posse útil, equivalente ao preço recebido. 
Efetivamente, o adquirente, sujeito a uma contraprestação, tem direito à utilidade 
natural da coisa e, como geralmente não tem condições de examiná-la a fundo para 
descobrir os seus possíveis defeitos ocultos que a tornam imprestável ao uso a que se 
destina, o legislador faz o alienante respon-sável por eles, assegurando, assim, o equilíbrio 
próprio da comuta-tividade das prestações. 
→ Teoria dos riscos: alienante responde pelos vícios redibitórios porque tem a 
obrigação de suportar os riscos da coisa alienada. Trata-se na verdade de uma 
variante da teoria da responsabilidade por inadimplemento contratual. 
→ Teoria da equidade: afirmando a necessidade de se manter justo equilíbrio entre 
as prestações dos contratantes, como é de rigor nos contratos comutativos. 
Outras teorias, como a da responsabilidade do alienante pela parcial impossibilidade 
da prestação, a da pressuposição e a da finalidade específica da prestação não 
tiveram muita repercussão. 
• Requisitos para a caracterização dos vícios redibitórios 
Não é qualquer defeito ou falha existente em bem móvel ou imóvel recebido em 
virtude de contrato comutativo que dá ensejo à responsabilização do alienante por 
vício redibitório. Defeitos de somenos importância ou que possam ser removidos são 
insuficientes para justificar a invocação da garantia, pois não o tornam impróprio ao 
uso a que se destina, nem diminuem o seu valor econômico. 
a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, ou de 
doação onerosa, ou remuneratória 
Doação onerosa, modal, com encargo ou gravada é aquela em que o doador impõe 
ao donatário uma incumbência ou dever. Remuneratória é a doação feita em 
retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário. 
b) Que os defeitos sejam ocultos 
Os vícios devem ser ocultos, não aparentes (de fácil percepção). Se forem aparentes 
não se tratará de vício redibitório. 
c) Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que 
perdurem até o momento da reclamação 
Não responde o alienante, com efeito, pelos defeitos supervenientes, mas somente 
pelos contemporâneos à alienação, ainda que venham a se manifestar só 
posteriormente. Os supervenientes presumem-se resultantes do mau uso da coisa pelo 
comprador. 
Obs.: muitas vezes, a expressão ‘’vício posterior’’ é usado no sentido de vício redibitório, 
quando o vício surgir antes ou durante a tradição. Diferenciando-se de ‘’vício 
superveniente’’ que é quando ocorre má utilização do produto e surge após a 
tradição. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em 
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da 
tradição. 
d) Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente 
Presume-se, se os conhecia, que renunciou à garantia. 
e) Que os defeitos sejam graves 
 Apenas os defeitos revestidos de gravidade a ponto de prejudicar o uso da coisa ou 
diminuir-lhe o valor podem ser arguidos nas ações redibitória. Ex.: a esterilidade de touro 
adquirido como reprodutor, o excessivo aquecimento do motor de veículo nos aclives, 
as frequentes inundações em virtude de chuvas de terreno destinado a construção de 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10703394/art-444-do-codigo-civil-lei-10406-02
residência, sacos adquiridos para embalar produtos consumíveis apresentando cheiro 
intolerável etc. 
• Efeitos. Ações cabíveis 
A ignorância dos vícios pelo alienante não o exime da responsabilidade. Nada impede, 
todavia, que as partes convencionem a ampliação dos limites da garantia, em 
benefício do adquirente. 
Se o alienante não conhecia o vício, ou o defeito, isto é, se agiu de boa-fé, “tão 
somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato”. Mas se agiu de má-
fé, porque conhecia o defeito, além de restituir o que recebeu, responderá também 
por “perdas e danos” (CC, art. 443). 
 Ainda que o adquirente não possa restituir a coisa portadora de defeito, por ter 
ocorrido o seu perecimento (morte do animal adquirido, p. ex.), a “responsabilidade do 
alienante subsiste”, se o fato decorrer de “vício oculto, já existente ao tempo da 
tradição” (CC, art. 444). 
→ Espécies de ações 
As seguintes ações também são chamadas de edilícias. 
O art. 442 do Código Civil deixa duas alternativas ao adquirente: 
Ação redibitória Rejeitar a coisa, rescindindo o contrato e 
pleiteando a devolução do preço pago; 
Ação quanti minoris ou estimatória Conservá-la, malgrado o defeito, 
reclamando, porém, abatimento no 
preço. 
Cabe ao credor optar pela redibição ou pela diferença de preço, porém, na hipótese 
do citado art. 444, quando ocorre o perecimento da coisa em razão do defeito oculto, 
o adquirente, necessariamente, deve optar pela ação redibitória. 
→ Prazos para ajuizamento das ações edilícias 
 
Obs.: Entretanto, caso o adquirente já estivesse na posse da coisa, o prazo é contado, 
a partir da alienação, pela metade (CC, art. 445, caput). Ex: João estava na posse de 
uma fazenda, pertencente a Paulo, há 2 anos, na qualidade de arrendatário. Resolve, 
então, comprá-la. Em tal caso, se vier a perceber a existência de vício redibitório 
(defeito oculto), terá o prazo de um ano, reduzido à metade (6 meses, portanto). Aqui, 
a alienação é a data da transferência no cartório de imóveis. 
Exceção: Art. 445, § 1º: regula a situação muito comum do vício redibitório apenas ser 
detectado após a tradição ou, como chama o legislador, “ser conhecido mais tarde”, 
hipótese em que o prazo será contado a partir do momento em que o adquirente tiver 
ciência do defeito, até o prazo máximode 180 dias, se a coisa for móvel, e de um ano, 
30 dias p/ bem móvel 
1 ano p/ bem imóvel 
Regra Contados a partir da tradição 
se for imóvel. Esse vício, ressalte-se, não deve ser decorrente de má utilização, e sim ser 
anterior à tradição da coisa; 
Podem os contraentes, no entanto, ampliar convencionalmente o referido prazo. 
Segundo prescreve o art. 446 do Código Civil, “não correrão os prazos do artigo 
antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve 
denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob 
pena de decadência’’. Trata-se da coexistência das modalidades de garantia legal e 
convencional (ou contratual). 
Ex.: Uma pessoa compra uma televisão, de determinada marca, com garantia 
contratual de 5 anos. Sem prejuízo de tal cláusula, entretanto, gozará também 
da garantia legal, prevista no CDC para se verificar o defeito do produto 
adquirido; haverá cumulação de prazos, fluindo primeiro o da garantia 
convencional e, logo após, o da garantia legal. Porém, se o vício surgir no curso 
do primeiro, o prazo para reclamar se esgota em trinta dias seguintes ao seu 
descobrimento. Significa dizer que, mesmo havendo ainda prazo para a 
garantia, o adquirente é obrigado a denunciar o defeito nos trinta dias seguintes 
ao em que o descobriu, decorrente do dever de probidade e boa-fé. 
• Hipóteses de descabimento das ações edilícias 
→ Coisas vendidas conjuntamente 
Art. 503 do Código Civil: “Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma 
não autoriza a rejeição de todas”. 
Não cabem as ações edilícias nas hipóteses de coisas vendidas conjuntamente. Só a 
coisa defeituosa pode ser restituída e o seu valor deduzido do preço. 
Exceção: Se formarem um todo inseparável (ex.: coleção de livros). Se o defeito de 
uma comprometer a universalidade ou conjunto das coisas que formem um todo 
inseparável, pela interdependência entre elas, o alienante responderá integralmente 
pelo vício. 
→ Inadimplemento contratual 
Art. 389, CC: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos (...) 
A entrega de coisa diversa da contratada não configura vício redibitório, mas 
inadimplemento contratual. Diferença na quantidade de mercadorias ou objetos 
adquiridos como coisas certas e por unidade, compra de material de determinado tipo 
e recebimento de outro, não constitui vício redibitório. 
Diferença: 
Vício redibitório Inadimplemento contratual 
Contrato cumprido de modo imperfeito Contrato descumprido 
 
→ Erro quanto às qualidades essenciais do objeto 
É de natureza subjetiva, pois reside na manifestação da vontade. 
Art. 139, CC: O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao 
objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
Exemplo: alguém adquire um relógio que funciona perfeitamente, mas não é de ouro, 
como o adquirente imaginava (e somente por essa circunstância o comprou), trata-se 
de erro quanto à qualidade essencial do objeto. Se, no entanto, o relógio é mesmo de 
ouro, mas não funciona por causa do defeito de uma peça interna, a hipótese é de 
vício redibitório. 
Segundo Cunha Gonçalves, “há diferença de qualidade quando a coisa, em si, 
intrinsecamente, não é viciada, nem defeituosa, mas não é aquela que o 
comprador quisera e esperava’’. 
Nos casos de erro na qualidade do objeto, o comprador não quer comprar a coisa que 
afinal adquiriu; nos de vícios redibitórios, ele deseja adquirir exatamente a coisa 
comprada, mas não imagina que ela apresenta uma imperfeição oculta. 
O erro é algo subjetivo e dá ensejo ao ajuizamento de ação anulatória do negócio 
jurídico, no prazo decadencial de quatro anos;

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