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Farmacologia e terapêutica no idoso

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• A iatrogenia se refere a afecções decorrentes da intervenção ou omissão do médico e/ou membro da 
equipe de saúde, resultando em consequências prejudiciais para o paciente 
• A doença iatrogênica implica em um maior custo para o sistema de saúde, maior tempo de 
hospitalização, aumento de readmissões hospitalares, aumento da incapacidade permanente, 
aumento de institucionalização e aumento da mortalidade 
 
 
 
• É o tipo de iatrogenia clínica que está mais ligado à negligência e que mais gera incapacidade grave 
e permanente no idoso 
• Pode ocorrer falha na avaliação clínica (anamnese e exame físico), avaliação complementar (exames 
diagnósticos) e no próprio sistema de saúde 
• Os tipos mais frequentes de iatrogenia diagnóstico são o atraso evitável na realização do 
diagnóstico, falha na indicação de testes, falha na interpretação de testes e outros 
• Iatrogenia diagnóstica na avaliação clínica: ocorrem por conta da dificuldade para realização de 
anamnese e exame físico, de apresentações atípicas e inespecíficas das doenças e pela presença de 
multimorbidades 
• Iatrogenia diagnóstica por procedimentos diagnósticos: associada a falta ou necessidade de 
exames diagnósticos. Os fatores relacionados são fragilidade do idoso, presença de doenças 
sistêmicas, desidratação, contraste utilizado e equipe médica 
• Iatrogenia diagnóstica relacionada ao sistema de saúde: associadas a falta de equipamento ou 
testes adequados em determinado serviços, interferência externa, falha na política de saúde e falha 
na supervisão adequada 
• Medidas preventivas: fazer a avaliação geriátrica ampla (AGA), anamnese e exame clínico 
detalhados, aumentar os conhecimentos relacionados à geriatria e considerar utilizar uma segunda 
opinião 
 
 
 
• Os principais tipos de iatrogenia medicamentosa são erro na dose ou modo de uso do 
medicamento, seguimento inadequado da terapia, uso de drogas inapropriadas, atraso evitável no 
tratamento e outros 
• Fatores de risco: alterações farmacocinéticas, alterações farmacodinâmicas, doenças associadas 
(qualquer paciente que tenha mais de 4 doenças concomitantes), pacientes com insuficiência renal ou 
hepática, história anterior de reação adversa a medicamentos (RAM) e em relação aos 
medicamentos (polifarmácia, interações medicamentosas e medicamentos inapropriados) 
Farmacocinética: 
• Distribuição das drogas: no idoso, a massa gordurosa costuma aumentar e, com isso, o volume de 
distribuição das droga lipossolúveis aumenta, diminuindo a meia vida do medicamento; já a água 
intracelular diminui no idoso, isso faz com que o volume de distribuição das drogas hidrossolúveis 
diminua, aumentando a sua concentração plasmática; já em relação a albumina, a sua fração ligada 
a proteína diminui no idoso e sua fração livre ou ativa aumenta, algumas drogas são ligadas a 
albumina e com isso sua meia vida aumenta ou diminui conforme for ligada a proteína ou a sua 
porção livre 
Farmacologia e 
terapêutica no idoso 
IATROGENIA DIAGNÓSTICA 
IATROGENIA MEDICAMENTOSA 
• Metabolismo: a maior parte dos medicamentos são metabolizados no fígado. No idoso, a fase I da 
metabolização é diminuída (parte mediada pelo citocromo P450) o que aumenta a meia vida do 
medicamento e seu tempo de ação. Além disso, o fluxo sanguíneo hepático diminui, diminuindo o 
metabolismo das drogas fluxo-dependentes. A fase II mediada pelo sistema UGT não sofre 
alteração com o envelhecimento, logo, é preferível o uso de medicamentos que são metabolizados 
por essa via 
• Excreção: ocorre pelos rins. No idoso, a taxa de filtração 
glomerular diminui, o que aumenta a meia vida e o tempo de ação 
do fármaco. Além disso, a redução da massa muscular no idoso 
resulta em menores níveis de creatinina, por isso, para avaliar a sua 
função renal, deve-se utilizar a fórmula para calcular o clearance 
de creatinina 
Farmacodinâmica: 
• Receptores: os idosos possuem menor sensibilidade aos receptores 
beta-adrenérgicos, o que implica em menor resposta de fármacos 
como beta-bloqueadores, por exemplo. Possuem maior sensibilidade aos receptores GABA e 
opioides, o que gera maior resposta de fármacos como analgésicos e benzodiazepínicos. Por isso, as 
doses dos fármacos devem ser ajustadas, levando em consideração essas diferenças de sensibilidade 
• Homeostase: alguns fármacos podem alterar a homeostase do organismo do idoso. Isso ocorre 
devido a sua termorregulação ser menos eficaz, de modo que anestésicos podem provocar 
hipotermia no pós-operatório. Além disso, o idoso possui uma menor reserva funcional de 
neurotransmissores, logo, antidepressivos tricíclicos podem levar ao delírio. Há também diminuição 
do reflexo de barorreceptores, o que dificulta o controle pressólico e diminuição de 
imunossenescência, que se refere à deterioração natural do sistema imunológico 
Polifarmácia: 
• A polifarmácia é caracterizada pelo uso crônico de 5 ou mais medicamentos pelo paciente; também 
pode ser classificada como o uso de mais medicamentos do que os clinicamente indicados 
• A polifarmácia muitas vezes ocorre pelos medicamentos não prescritos pelo médico (chamado de 
OTC drugs), como analgésicos, chás, vitaminas e pomadas 
• Um dos problemas da polifarmácia é a adesão do paciente ao esquema terapêutico. Há diversas 
causas para a não adesão, como reações adversas, esquecimento para comprar e/ou tomar a 
medicação, incompreensão do paciente e/ou cuidador quanto a forma correta do uso, 
impossibilidade de compra devido ao preço, entre outros 
• Cascata iatrogênica: é representada pela prescrição de medicamentos em cadeia com a finalidade 
de tratar os efeitos adversos de outro medicamento 
• Interações medicamentosas: 
o Inibidores do sistema de isoenzima do citocromo P450 (amiodarona, cimetidina, 
antifúngicos, macrolídeos, bloqueadores de canal de cálcio, IRSS e quinolonas) – essas 
drogas diminuem a metabolização de varfarina, estatinas e benzodiazepínicos; com isso, há 
um aumento do tempo de circulação desses fármacos e maior risco de toxicidade 
o Indutores do sistema de isoenzima do citocromo P450 (fumo, glicocorticoides, 
carbamazepina, fenitoína e fenobarbital) – essas drogas aceleram a metabolização de 
varfarina, estatinas e benzodiazepínicos, de modo que diminuem o seu efeito terapêutico 
• Uso de medicamentos potencialmente inapropriados: o critério de Beers descreve os medicamentos 
perigosos para serem utilizados em idosos 
• Desprescrição: é o ato de retirar e desprescrever medicamentos. Para isso, deve-se conhecer o 
histórico medicamentoso do paciente, identificar os medicamentos inapropriados em uso, determinar 
se o medicamento pode ser suspenso ou modificado, planejar e iniciar a retirada, monitorar sintomas 
e documentar resultados 
Reações adversas a medicamentos: 
• A reação adversa mais frequente é a intoxicação digitálica (por digoxina), seguida de gastrite e 
hipoglicemia 
• Estudos mostram que os pacientes com mais reações adversas a medicamentos normalmente fazem 
mais uso de medicamentos inapropriados 
Histórico de medicamento: 
• Deve-se levar em todas as consultas caixas de medicamentos, comprimidos e bulas dentro de um 
saco 
• Durante a consulta o paciente deve descrever o entendimento sobre a indicação de cada droga, 
método de administração, frequência da dosagem e efeito adverso experimentado 
• Em todas as consultas deve-se questionar medicações prescritas por outros médicos, medicações 
adquiridas sem prescrição médica e medicações administradas por outras vias 
 
 
 
• Corresponde ao conjunto de atividades destinadas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção 
de eventos adversos ou quaisquer outros possíveis problemas relacionados a medicamentos 
• Os efeitos adversos que não constarem na bula devem ser notificados para órgãos oficiais de 
farmacovigilância 
 
 
 
CASO CLÍNICO 1: 
➔ Paciente 80 anos usuário de Captopril, furosemida, digoxina, metoprolol, glimepirida, levotiroxina; 
problema de insônia com uso de medicamento associadode diazepam; possui insuficiência cardíaca, 
diabetes mellitus e hipotireoidismo 
o Alterações farmacocinéticas e farmacodinâmica que ocorrem no envelhecimento e sua 
influência sobre os benzodiazepínicos: 
▪ Farmacocinética: distribuição (gordura corporal + diminuição de albumina), 
metabolização (citocromo P450) e excreção (diminuição da taxa de filtração 
glomerular) 
▪ Farmacodinâmica: receptor GABA (diminuição da sensibilização) 
o Polifarmácia: avaliar as patologias do paciente para ver se os medicamentos estão 
adequados 
▪ Levotiroxina – se tiver TSH pouco elevado e T4 livre normal (hipotireoidismo subclínico – 
não tratar TSH<10) avaliar porque é normal para o idoso 
▪ Glimepirida – o valor controlado para o idoso é de 7,5-8 Hb glicada 
▪ IECA e betabloqueador possui impacto na mortalidade 
▪ Digoxina – usado apenas para fração de ejeção baixa 
o Insônia: perguntar se o paciente dorme a tarde, acorda à noite para ir ao banheiro, como é o 
ambiente em que o paciente dorme/rotina da casa → antes de prescrever o medicamento, 
fazer a higiene do sono, feito através da orientação médica. O paciente não pode ingerir 
líquidos depois das 18h, 30/40min apenas de soneca 
CASO CLÍNICO 2: 
➔ Paciente 76 anos, com HAS + DM + fibrilação atrial crônica + dislipidemia + doença arterial periférica 
+ tontura + depressão + gastrite. Em uso de captopril, propranolol, diltiazem, metformina, varfarina, 
amiodarona, fenofibrato, sinvastatina, flunarizina (usado para tontura), amitriptilina e ranitidina. 
Queixa-se de lombalgia, tremor de membros superiores, claudicação intermitente. Uso de 
medicamentos associados como diclofenaco sódico, levodopa e ginkgo biloba 
o Cascata iatrogênica: 
▪ Uso de ranitidina para a gastrite para proteger o estômago pelo uso dos demais 
medicamentos 
▪ Uso de flunarizina para tontura por conta do uso de amitriptilina (antidepressivo 
tricíclico) 
▪ Diltiazem/amiodarona/flunarizina podem causar tremor essencial 
▪ Propranolol causa constrição periférica (ele tem DAP, não pode dar esse medicamento) 
levando a claudicação intermitente 
o Interação droga-doença: prescrição de um medicamento, piorando/melhorando outro 
problema 
▪ Propranolol – usado para controlar PA ou FA crônica, causando claudicação 
intermitente 
Hiperplasia prostática benigna Anticolinérgico Retenção urinária 
Úlcera péptica Antiinflamatório não hormonal Hemorragia gastrointestinal 
Hipotensão ortostática Diurético Queda 
Demência Benzodiazepínico Delirium 
Insuficiência renal crônica Aminoglicosídeos Agudização do quadro crônico 
FARMACOVIGILÂNCIA 
CASO CLÍNICO 
Hipocalemia Digoxina Arritmia cardíaca 
Osteopenia Corticoide Fratura 
Doença arterial periférica propranolol Claudicação intermitente 
Distúrbio de condução cardíaca Antidepressivo tricíclico Bloqueio AV 
 
o Possíveis interações droga-droga 
▪ Fenofibrato + sinvastatina – pode causar disfunção renal, destruição maciça de músculo 
(competem pelo mesmo sítio de metabolismo, ficam “sobrando” no organismo) 
▪ Ginkgo biloba + qualquer droga que mexa com a coagulação (nesse caso, a varfarina) – 
aumenta risco de sangramento (inibe o fator de ativação das plaquetas) 
▪ Amiodarona + propranolol – maior risco de depressão na condutibilidade cardíaca (por 
meio da depressão do nó sinusal) 
o Possíveis manifestações atípicas que podem ser causadas por drogas 
Propranolol Depressão e pesadelos 
Digoxina Anorexia e confusão mental 
Furosemida Incontinência urinária 
Amiodarona Distúrbio tireoidiano 
Cimetidina Confusão mental 
Metildopa Depressão e queda 
Diazepam Depressão e queda 
Indometacina Confusão e queda 
Cinarizina Parkinsonismo 
 
o Inibidores do sistema isoenzima do citocromo P450 
 
 
 
• Tratar apenas quando a qualidade de vida estiver prejudicada 
• Questionar medicamentos em todas as consultas 
• Conhecer o perfil farmacológico das medicações prescritas 
• Iniciar com baixas doses e aumentar gradativamente 
• Prescrever drogas mais seguras e com melhor posologia 
PRESCRIÇÃO MÉDICA NO IDOSO

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