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PROCESSO CIVIL - RECURSOS EM ESPÉCIE - RESUMO - APELAÇÃO

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Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
APELAÇÃO 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
O recurso de apelação se trata do mais antigo dos recursos, tendo surgido na vigência do direito romano. À época, se 
tratava de um recurso cabível contra qualquer decisão, provocando, além do reexame, a renovação do processo1. 
Além disso: 
❖ Podiam ser interpostas apelações sucessivas até a causa chegar ao Imperador; 
❖ O recurso sempre produzia efeito suspensivo; 
❖ Podia ser interposta oralmente; 
❖ O prazo para a interposição do recurso era muito curto, variando de dois a três dias. Contudo, 
a fundamentação do recurso poderia ser apresentada posteriormente. 
 
Atualmente, se trata do recurso cabível para atacar sentenças de primeiros grau 2 , bem como contra as 
interlocutórias não agraváveis. 
 
Art. 203, §1º, CPC: Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença 
é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
 
Art. 724, CPC: Da sentença caberá apelação. 
 
Art. 1.009, CPC: Da sentença cabe apelação. 
 
Segundo Bueno (2022), a apelação é um recurso por excelência, vez que foi através de seu desenvolvimento histórico 
que a própria teoria geral dos recursos pode ser construída e desenvolvida. 
 
 
1 Lembre-se que o efeito devolutivo era pleno. Isso implicava em dizer que o julgador tinha total liberdade de analisar todas as 
questões de fato e de direito suscitadas e relevantes ao processo, independentemente de provocação das partes. Por isso, era 
possível a reformatio in pejus e a apelação era vista como um recurso comum à todas as partes do processo. 
2 Destaca-se que não é necessário que uma sentença trate de um assunto específico para que contra ela seja interposto recurso de 
apelação. Basta que o pronunciamento judicial finalize uma fase procedimental, nos termos do art. 203 do CPC. Assim, em regra, contra 
todas as sentenças caberão o recurso de apelação. Claro, devemos nos atentar às exceções. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Em linhas gerais, a apelação possui as seguintes características: 
 
❖ Recurso ordinário de fundamentação livre – visa a tutela dos direitos 
subjetivos, sendo sua interposição não vinculada a um vício específico. 
❖ Possibilita o duplo exame completo da causa; 
❖ Poderá ser interposta a apelação independentemente do valor da causa; 
❖ Possibilita, através do recurso irrestrito, o controle judicial; 
❖ O juízo de admissibilidade é feito de forma normal, pelo próprio Tribunal, sem 
particularidades3. 
Em algumas hipóteses, será permitido que o juiz faça juízo de retratação. 
Contudo, não se trata de juízo de admissibilidade, mas, sim, de mera retratação. 
Tanto é que, mesmo se inadmissível o recurso, deverá o juízo de primeiro grau 
remeter os autos ao tribunal. 
❖ Após a interposição da apelação, a parte apelada irá ser intimada para 
apresentar contrarrazões em 15 dias. 
 
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
 
O juízo de admissibilidade é de competência dos Tribunais. 
 
Art. 1.010, §3º, CPC: Após as formalidades previstas nos §1º e 2º, os autos serão remetidos ao 
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. 
 
A doutrina é pacífica no sentido de que a apelação deve seguir todos os requisitos de admissibilidade comuns 
aos recursos ordinários de fundamentação não vinculada, sejam eles extrínsecos ou intrínsecos, não se 
exigindo nenhum tipo de requisitos especial. 
Contudo, sobre o assunto, Leonardo Greco inova indicando ser um requisito de admissibilidade intrínseco à apelação 
a característica de ser a sentença apelada uma sentença proferida por juízo de primeiro grau, o que tem relação com 
o cabimento da apelação. 
 
3 Importante destacar que é possível o juízo de retratação. Nessas hipóteses, o próprio juiz que proferiu a sentença poderá fazer o juízo 
de admissibilidade e, se achar necessário, poderá fazer o juízo de retratação. 
Tais hipóteses são as decisões que indeferem a petição inicial (art. 331, CPC), as decisões que extinguem o processo sem resolução do 
mérito (art. 485, CPC) e as decisões que julgam, liminarmente, improcedentes os pedidos (art. 332, CPC). 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Na apelação, o juízo a quo, ou seja, aquele que proferiu a sentença recorrida é um juiz de primeiro 
grau, um órgão jurisdicional de primeira instância. No sistema processual civil brasileiro, o juízo a 
quo da apelação será sempre um juiz monocrático, singular. 
[...] 
Já o juízo ad quem da apelação é um tribunal de segundo grau: nas justiças estaduais e do Distrito 
Federal, o respectivo Tribunal de Justiça; na Justiça Federal, o Tribunal Regional Federal da 
respectiva região [...] 
- Leonardo Greco 
 
Outra coisa importante a ser destacada é que, caso identificado um vício em sede de juízo de admissibilidade, o 
Relator deverá intimar as partes para promover a correção, caso seja sanável. 
 
Art. 932, Parágrafo Único, CPC: Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá 
o prazo de 5 dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível. 
 
 
 
CABIMENTO 
A apelação é cabível contra qualquer sentença e contra decisões interlocutórias não agraváveis. 
 
Art. 203, §1º, CPC: Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença 
é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
 
Art. 1.009, CPC: Da sentença cabe apelação. 
 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não 
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas 
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
[...] 
§3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 
1.015 integrarem capítulo da sentença. 
CLÁUSULA GERAL DE SANABILIDADE 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Destaca-se que existem sentenças que não admitem apelação: 
1) Sentenças proferidas em execução fiscal de valor igual ou inferior a 50 ORTN -> embargos infringentes de 
alçada ou embargos de declaração. 
2) Sentença que decreta falência -> agravo de instrumento. 
3) Sentença proferida por juiz federal que julga causa entre Estado/organismo estrangeiro -> recurso 
ordinário. 
4) Sentença prolatada em JEC -> recurso inominado. 
 
Sobre a apelação de interlocutórias não agraváveis, cabe tecer alguns comentários a respeito dos §§1º e 2º do 
art. 1.009 do CPC. Destaca-se o art. 1.015, do CPC: 
 
PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE 
Se o juiz, por exemplo, indefere em sentença objeto versado no rol do 
art. 1.015, não será interposto agravo de instrumento, mas sim em 
apelação, vez que contra sentença só cabe apelação. 
Se a prova pericial requerida pelo autor é indeferida e, ao fim, a ação é julgada procedente, não há 
interesse em recorrer por parte do polo ativo. Contudo, se o réu apela, o autor deverá, nas 
contrarrazões, pedir a manutenção da sentença e, subsidiariamente, a reforma da interlocutória 
que indeferiu a perícia. 
Esse princípio também é consagrado pelo §5º do 
art. 1.013 do CPC, o qual permite que o capítulo da 
sentença que revoga, confirma ou concede a tutela 
provisória também será impugnável por apelação. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
 
 
Art. 1.015, CPC: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem 
sobre: 
I – tutelas provisórias; 
II – mérito do processo; 
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V – rejeição do pedido de gratuidade de justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;VI – exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII – exclusão de litisconsorte; 
VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 
XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º, CPC; 
XIII – outros casos expressamente referidos em lei. 
 
Parágrafo único: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias 
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de 
execução e no processo de inventário. 
 
Observe que o rol de decisões contra as quis cabe agravo de instrumento é restrito, considerado taxativo. Nesse 
cenário, existem algumas decisões que não podem ser agravadas, o que evidencia a adoção do princípio da 
irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias. Tal princípio existe com o fim de que o processo não 
seja interrompido muitas vezes pela interposição de recursos. 
Contudo, após a sentença, o recorrente poderá impugnar essas decisões preliminarmente em sede de apelação, com 
supedâneo art. 1.009, CPC. 
 
Art. 1.009, §1º, CPC: As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito 
não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em 
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Essa concentração confere celeridade ao processo, sendo aplicada em processos trabalhistas, eleitorais, penais e de 
juizados especiais, não incidindo preclusão sobre o objeto da interlocutória contra qual não cabe agravo de 
instrumento. Adota-se, portanto, o sistema moderado de impugnação da interlocutória. 
No sistema processual do CPC/73, o que ocorria era o contrário. Isso porque todas as decisões eram passíveis de 
ataque com agravo de instrumento, seja ele de instrumento ou seja ele retido4. Assim, caso a decisão não fosse 
agravada, recairia a figura da preclusão. 
 
RAZÕES DA APELAÇÃO 
A indicação das razões constitui requisito extrínseco de admissibilidade, sendo elas os fundamentos de fato e de 
direito, indicados os errores in procedendo ou in judicando. Existe uma vedação clara à apelação genérica, o que 
ocorre também em razão do efeito devolutivo do recurso. Uma vez que apenas o que é impugnado pode ser apreciado 
pelo Tribunal, não há como fazer impugnações genéricas, que não indiquem o erro a ser corrigido. 
É importante mencionar que os vícios que ensejaram a interposição do recurso de apelação não são vinculados, 
porquanto se tratar de um recurso de fundamentação livre. Assim, tratam-se de razões que podem estar ligadas ao 
simples senso de justiça do apelante. 
Destaca-se que é possível a suscitação de novas questões não suscitadas em primeiro grau, desde que isso tenha 
ocorrido em razão de motivos de força maior. 
 
Art. 1.014, CPC: As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na 
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
 
LEGITIMIDADE E INTERESSE 
Tem legitimidade para recorrer as partes, o Ministério Público e os terceiros prejudicados. Já sob o aspecto do 
interesse, deve-se levar em consideração o critério da sucumbência material, ou seja, terá interesse aquele que pode 
alcançar uma situação jurídica mais favorável a partir da interposição do recurso. 
 
 
 
4 O que ocorria no sistema vigente em 73 era que, após o proferimento da decisão, caso a parte não recorresse, incidia imediatamente a preclusão. Com o agravo 
retido, a parte recorria da decisão, mas o julgamento do agravo apenas seria realizado ao fim do processo. O CPC/2015 extinguiu a figura do agravo retido e 
consagrou a taxatividade do art. 1.015 do CPC, além de permitir que a parte impugnasse as decisões interlocutórias não agraváveis em apelação, afastando a 
preclusão nesses casos. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
REGULARIDADE FORMAL 
Art. 1.010, CPC: A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
I – os nomes e a qualificação das partes; 
II – a exposição do fato e do direito; 
III – as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; 
IV – o pedido de nova decisão. 
§1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. 
§2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar 
contrarrazões. 
 
As hipóteses de retratação (arts. 331, 485 e 332, CPC) são taxativas justamente porque são exceções às disposições 
do art. 1.010, CPC. 
TEMPESTIVIDADE 
O prazo para a interposição da apelação é de 15 dias, a contar da ciência da sentença proferida (intimação). Observa-
se, nesse caso, as regras comuns previstas pelo CPC, em especial no art. 1.003. 
 
PROCEDIMENTO 
O procedimento da apelação no juízo de primeiro grau é previsto pelos §§ do art. 1.010 do CPC. 
 
APRESENTADA A APELAÇÃO -> INTIMAÇÃO PARA CONTRARRAZÕES EM 15 DIAS -> CASO SEJA INTERPOSTA APELAÇÃO 
ADESIVA, INTIMAÇÃO PARA CONTRARRAZÕES -> REMESSA DOS AUTOS INDEPENDENTEMENTE DE JUÍZO DE 
ADMISSIBILIDADE -> JUIZO DE ADMISSIBILIDADE -> JULGAMENTO DO MÉRITO OU DECISÃO DE NÃO CONHECIMENTO 
 
Art. 1.010, CPC: O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias. 
 
§2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar 
contrarrazões. 
 
§3º Após as formalidades previstas nos §§1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, 
independentemente de juízo de admissibilidade. 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Chegando os autos ao tribunal, segue-se o procedimento previsto pelos artigos 930 e 1.011 do CPC. 
 
REGISTRO -> DISTRIBUIÇÃO -> JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE -> JUÍZO DE MÉRITO OU NÃO CONHECIMENTO 
 
O EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO 
 
O efeito devolutivo da apelação é tratado pelo art. 1.013 do CPC. 
 
Art. 1.013, CPC: A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria 
impugnada. 
 
§1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as 
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido 
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. 
 
§2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher 
apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento do demais. 
 
Historicamente, a apelação devolvia ao tribunal toda a causa razão pela qual era possível que o órgão ad quem 
julgasse toda a causa novamente. Atualmente, essa ideia foi superada, sendo apenas devolvida ao tribunal a 
matéria efetivamente impugnada pelo recorrente. 
 
A matéria impugnada é aquela que o apelante expressamente mencionou ao delimitar seu 
recurso, ou se não o fez, implícita ou explicitamente, toda matéria, contida na decisão, de que lhe 
resultou algum prejuízo. O prejuízo resulta do acolhimento ou não acolhimento de defesas 
processuais ou de mérito, dos diversos pontos que compõem o pedido e da imposição dos 
encargos de sucumbência [...] 
- Leonardo Greco 
Assim, segundo Leonardo Greco, a amplitude do efeito devolutivo se justificaria porque sua interposição deve colocar 
o tribunal de segundo grau na mesma posição em que se encontrava o juiz singular no momento em que proferiu a 
sentença, com os mesmos poderes decisórios em relação a todas as questões que compõem a causa. 
O efeito devolutivo é, portanto, uma maior incidência do princípio dispositivo. 
 
EXTENSÃO 
PROFUNDIDADE 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
TEORIA DA CAUSA MADURA 
Discorre o §3º do art. 1.0013 que, se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve 
decidir desde logo o mérito. Já o §4º do mesmo dispositivo discorre que quando reformar sentença que 
reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal julgará o mérito. 
Trata-sedo que a doutrina chama de teoria da causa madura. 
O entendimento anterior era o de que, caso o juízo de segundo grau reconhecesse o erro da decisão recorrida, esta 
seria anulada e os autos voltariam ao juízo de primeiro grau para que fosse proferido uma nova decisão. Contudo, o 
CPC/73 trouxe em seu art. 515 a novidade da causa madura, permitindo que o próprio tribunal que identificasse o 
erro julgasse a causa. 
 
Art. 515, §3º, CPC: Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o tribunal pode 
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em 
condições de imediato julgamento. 
 
Causa madura -> Causa apta para ser julgada. Nesse caso, o processo poderia ter sido analisado em primeiro grau 
com resolução do mérito, mas isso não ocorreu ou ocorreu de forma equivocada. 
 
Importa mencionar que o CPC/2015 inseriu em uma série de hipóteses em que efetivamente cabe a análise do mérito 
pelo Tribunal: 
 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
 
Art. 1.013, §3º, CPC: Se o processo estiver em condições de 
imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o 
mérito quando: 
 
I – reformar sentença fundada no art. 485; 
 
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela 
congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; 
 
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, 
hipótese em que poderá julgá-lo; 
 
 
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de 
fundamentação. 
 
§4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência 
ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, 
examinando as demais questões, sem determinar o retorno 
do processo ao juízo de primeiro grau. 
 
 
 
 
 
Essa possibilidade representou uma decisão importante no sistema recursal brasileiro, vez que permite que o tribunal 
julgasse um pedido que não foi julgado em primeiro grau e permitindo que o tribunal julgasse imediatamente a lide, 
estando o processo apto para ser julgado. 
O dispositivo determina que, estando a causa madura, não deve o tribunal determinar a devolução dos autos, mas sim 
ele mesmo proferir nova sentença. 
Vale ressaltar que existe uma grande discussão doutrinária acerca da constitucionalidade desta previsão. Isso 
porque o julgamento do mérito pelo Tribunal poderia estar afetando o direito ao duplo grau de jurisdição, vez que, em 
Cheim (2017) tece críticas a essa possibilidade. 
Isso porque segundo ele, se fosse para o 
tribunal julgar primariamente o mérito, a 
ação deveria ser ajuizada diretamente lá. 
Nas hipóteses em que a sentença for 
intra, extra ou citrapetita. 
Hipótese já abrangida pelo inciso III, por 
se tratar de cenário em que a sentença é 
infrapetita. 
Hipótese já abrangida pelo inciso III, por 
se tratar de cenário em que a sentença é 
infrapetita. 
Nessas hipóteses de prescrição e 
decadência, onde o pedido não é apreciado 
pelo juia a quo, o Tribunal poderá julgar o 
mérito para além de declarar a não 
prescrição/decadência. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
algumas hipóteses, o julgamento do mérito estaria sendo realizado apenas uma única vez, como na hipótese do §4º do 
art. 1.013, do CPC. 
 
EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO 
 
No âmbito geral dos recursos, para que o efeito suspensivo seja aplicado, é preciso que o recurso interposto impeça 
a eficácia imediata da decisão recorrida. Assim, trata-se de uma técnica aplicada somente à algumas decisões, ora 
pra dar valor à segurança jurídica, ora para garantir a efetividade da tutela jurisdicional. 
Dessa forma, o efeito suspensivo nos recursos é uma medida excepcional, conforme preleciona o art. 995 do CPC. 
 
Art. 995, CPC: Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou 
decisão judicial em sentido diverso. 
Parágrafo Único: A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se 
da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível 
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. 
 
O cenário trazido pelo recurso de apelação, contudo, é diverso. Isso porque o efeito suspensivo é regra nos 
recursos dessa espécie. 
 
Art. 1.012, CPC: A apelação terá efeito suspensivo. 
 
O que ocorre é que a sentença apenas passa a produzir efeitos após o trânsito em julgado. Por isso, os 
processos de cumprimento de sentença apenas podem ser iniciados após o trânsito em julgado. O art. 1.012, contudo, 
prolonga os efeitos da ineficácia da sentença, a partir da interposição do recurso de apelação. 
Assim, uma ideia advinda do direito romano permanece, qual seja, a de que ninguém pode sofrer as consequências de 
uma decisão judicial desfavorável enquanto essa decisão não tiver sido submetida a um duplo exame. 
Apesar disso, é importante se ater às exceções. Nos casos elencados pelo art. 1.012, §1º, do CPC, as decisões 
passarão a imediatamente produzir efeitos. Assim, a suspensão será medida excepcional, que pode ser concedida 
pelo relator nos casos em que há demonstração do perigo de dano e da probabilidade de provimento do recurso. 
 
Art. 1.012, §1º, CPC: Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos 
imediatamente após a sua publicação a sentença que: 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
I – homologa divisão ou demarcação de terras; 
II – condena a pagar alimentos; 
III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; 
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI – decreta a interdição. 
 
§2º Nos casos do §1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de 
publicada a sentença. 
 
§3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do §1º poderá ser formulado por 
requerimento dirigido ao: 
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição. Ficando o 
relator designado para seu exame prevento para julgá-la; 
II – relator, se já distribuída a apelação. 
 
§4º Nas hipóteses do §1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante 
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, 
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. 
 
É importante lembrar que, após a interposição do recurso, a sentença apenas passará a ter eficácia ela não seja 
conhecida. Isso porque, a partir da análise de mérito da apelação, o Acórdão produzido passa a substituir a sentença 
proferida, produzindo efeitos em seu lugar. 
Além disso, a apelação contra decisões interlocutórias não agraváveis também não irão ser abrangidas pelo efeito 
suspensivo.

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