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M1 - GAMB04 - Gestão de Residuos (2)

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Curso de Graduação a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão de 
Resíduos 
(4 créditos – 80 horas) 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: 
Fabio Martins Ayres 
 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Missão Salesiana de Mato Grosso 
Universidade Católica Dom Bosco 
Instituição Salesiana de Educação Superior 
 
 
Chanceler: Pe. Ricardo Carlos 
Reitor: Pe. José Marinoni 
Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rúbia Renata Marques 
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori 
Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago 
 
 
Direitos desta edição reservados à Editora UCDB 
Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 
www.virtual.ucdb.br 
UCDB -Universidade Católica Dom Bosco 
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário 
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 
CEP 79117-900 Campo Grande – MS 
 
 
AYRES, Fabio Martins 
 
Gestão de Resíduos. / Fábio Martins Ayres. 2. ed. rev. e atual. 
Campo Grande: UCDB, 2021. 96 p. 
 
Palavras-chave: 1.Gestão de Resíduos; 2. Meio Ambiente; 3. 
Reciclagem; Reutilização de Resíduos sólidos 
 
 
0722 
 
3 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO 
 
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe 
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que 
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu 
curso. 
 
Elementos que integram o material 
Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para a 
avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. 
Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a 
realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul-
trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. 
Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do professor 
sobre os diferentes temas objeto de estudo. 
Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você possa 
aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar 
seu acesso aos materiais. 
Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. As 
datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
 
Como tirar o máximo de proveito 
Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros 
conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: 
· Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas 
de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; 
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas 
audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; 
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto 
a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; 
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas 
necessidades como estudante, organize o seu tempo; 
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendizagem, 
contando com a ajuda e colaboração de todos. 
 
4 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Objetivo Geral 
Conhecer as diferentes etapas do correto gerenciamento dos Resíduos Sólidos, com 
seus fundamentos teóricos e técnicos da segregação, manejo, tratamento e da destinação 
final dos resíduos sólidos produzidos nas unidades de saúde, indústrias, comunidades ou 
municípios para redução dos impactos ambientais e elevação do nível de qualidade de vida 
da população. 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – NOÇÕES BÁSICAS SOBRE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ......... 10 
1.1 Conceito de resíduos sólidos ............................................................................. 10 
1.2 Gerenciamento dos resíduos sólidos .................................................................. 12 
1.3 Cenário nacional das políticas de resíduos sólidos ............................................... 16 
1.4 Programa de resíduos sólidos urbanos ............................................................... 20 
1.5 Resíduos sólidos como item do saneamento básico ............................................. 23 
1.6 Política nacional de resíduos sólidos ................................................................... 34 
 
UNIDADE 2 – REGULAMENTAÇÕES SOBRE OS RESÍDUOS .................................. 38 
2.1 Leis e decretos federais sobre os resíduos sólidos ............................................... 39 
 
UNIDADE 3 – LIMPEZA PÚBLICA URBANA .......................................................... 43 
3.1 Gestão de resíduos sólidos urbanos ................................................................... 44 
3.2 Limpeza urbana das áreas públicas .................................................................... 51 
3.3 Disposição final dos resíduos sólidos .................................................................. 52 
 
UNIDADE 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE - RSS ................. 56 
4.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde - PGRSS ....... 56 
4.2 Instrumentos legais para a Gestão dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde .... 65 
 
UNIDADE 5 – RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC ..................... 71 
5.1 Gestão integrada dos resíduos sólidos da construção civil e demolição.................. 71 
 
 
 
 
5 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
UNIDADE 6 – GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
URBANOS ............................................................................................................ 79 
6.1 Gestão integrada de resíduos sólidos ................................................................. 79 
6.2 Gestão sustentável de resíduos sólidos .............................................................. 81 
6.3 Reciclagem do lixo urbano ................................................................................ 82 
6.4 Compostagem ................................................................................................. 83 
6.5 Recuperação de materiais de lixo urbano ........................................................... 85 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 88 
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 89 
 
Avaliação 
 
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da 
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa 
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. 
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final 
de cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao 
longo de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o 
processo será avaliado, pois a aprendizagem é processual. 
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as 
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre 
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. 
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada 
disciplina. 
 
Critérios para composição da Média Semestral: 
Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho atingido 
na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes 
atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas recebidas nas 
atividades virtuais, somada à nota da prova,dividido por 2. Caso a disciplina possua mais de 
uma prova, será considerada a média entre as provas. 
Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 
Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 
 
6 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando a 
oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam 
fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. 
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá 
fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser 
igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 
Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 
/ 2 = 5,5 (Aprovado) 
 
FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES 
 
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu 
cronograma e tenha um controle de suas atividades: 
 
 
AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** 
Atividade 3.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 4.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 5.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 6.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte 
o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). 
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 
 
7 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
BOAS VINDAS 
 
Caro (a) acadêmico (a), felicitações! 
É com satisfação que o (a) recebemos na disciplina de Gestão de Resíduos. 
Nesta disciplina serão abordados alguns termos, conceitos, textos e princípios acerca 
da gestão de resíduos nas óticas ambientais, socioeconômica e de saúde. Na disciplina de 
Gestão de Resíduos vamos aprimorar os conhecimentos sobre as diferentes origens dos 
resíduos, através de instrumentos legais e os registros dos históricos que marcaram as 
mudanças de comportamento de toda a sociedade. 
Este material norteia o trabalho didático da disciplina de Gestão de Resíduos do Curso 
de Gestão Ambiental da UCDB Virtual, e está distribuído em seis unidades partindo de 
conceitos básicos de resíduos, com uma passagem sobre os diferentes tipos de resíduos e 
finalizando com técnicas de reuso e reciclagem, com interfaces sobre políticas urbanas, 
territoriais, princípio de gestão pública e privada, fazendo um comparativo com alguns 
cenários do país nas diferentes escalas territoriais. 
Esta disciplina contribuirá para a discussão crítica sobre os diversos temas 
relacionados com os resíduos sólidos, onde, podemos destacar o desenvolvimento sustentável 
em áreas urbanas, as dimensões jurídicas da questão socioambiental em ordens conceituais 
ligadas ao caso brasileiro e às mudanças sócio-espaciais com mudanças drásticas no Brasil. 
Trata-se de um material didático, e como tal não tem a pretensão de esgotar os 
assuntos abordados, e sim, iniciar discussões pautadas em referencias legais e referências 
históricas. Para ampliar e aprofundar conhecimentos, se faz necessário buscar e pesquisar 
nas mais diversas fontes sugeridas nas bibliografias básicas e complementares. 
Você sabe que dúvidas fazem parte do processo de ensino-aprendizagem, e guardá-
las para si não agrega conhecimento, então vamos partilhá-las e eliminá-las. Se tiver qualquer 
tipo de dificuldade, não hesite em entrar em contato, usando as ferramentas de comunicação 
e informações do Ambiente Virtual de Aprendizagem ou a via telefone. 
Teremos muito prazer em atendê-lo e ficaremos felizes em sanar suas dúvidas, 
compartilhar conhecimentos, discutir e trocar experiências em assuntos da disciplina e juntos 
ampliar nossa visão de mundo sustentável. 
Bons estudos e SUCESSO! 
Prof. Fabio Martins Ayres 
 
 
 
8 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Pré-teste 
 
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios 
que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina. Não fique 
preocupado com a nota, pois não será avaliado. 
Antes de começarmos o estudo da disciplina, tente lembrar os conceitos estudados 
em outras disciplinas. 
 
1. Os resíduos são de diferentes origens. Qual alternativa se enquadra na 
classificação de resíduos volumosos? 
a) Resto de comidas e animais mortos. 
b) Geladeiras, fogões e sofás. 
c) Paredes demolidas da construção civil. 
d) Ciscos e galhos da varrição urbana. 
 
2. A gestão de resíduos está inserida em qual política nacional? 
a) Política Nacional de Saúde. 
b) Política Nacional de Meio Ambiente. 
c) Política Nacional de Saneamento Básico. 
d) Constituição Federal. 
 
3. Destinação adequada dos resíduos sólidos domésticos é: 
a) Lixão. 
b) Depósitos de resíduos. 
c) Compostagem. 
d) Aterros Sanitários. 
 
4. A compostagem é uma técnica de: 
a) Reuso das águas. 
b) Reciclagem de material orgânico, dando origem a adubos. 
c) Reaproveitamento dos resíduos da construção civil. 
d) Coleta Seletiva para metais. 
 
 
 
9 
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5. Os catadores de lixo proporcionam renda para milhares de pessoas. Qual é o 
problema sanitário dessa atividade? 
a) Trabalham a céu aberto por toda a cidade. 
b) Contato direto com diferentes tipos de resíduos com pouca ou sem proteção adequada. 
c) Equipamentos adequados para o desenvolvimento do trabalho. 
d) Trabalham sem carteira assinada. 
 
6. Na gestão de resíduos, quais serviços devem ter a licença ambiental? 
a) Aterro Sanitário. 
b) Varrição das Ruas. 
c) O serviço dos Garys. 
d) A renda dos servidores. 
 
Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário. 
 
 
 
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UNIDADE 1 
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE GESTÃO DE 
RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Conhecer o conceito de resíduos sólidos, o processo 
histórico e as diferentes classificações. 
 
Os resíduos sólidos são frutos das atividades humanas sobre o território gerando 
produtos que são rejeitados e são conhecidos vulgarmente como lixo (mistura de resíduos 
produzidos nas residências, comércio e serviços e nas atividades públicas, na preparação de 
alimentos, no desempenho de funções profissionais e na varrição de logradouros). O processo 
de urbanização após a revolução industrial no século XVIII acomodou grande número de 
pessoas em um pequeno espaço (cidades), elevando a densidade demográfica de algumas 
áreas. 
 
1.1 Conceito de Resíduos Sólidos 
 
Segundo Braga (2005), o denominado “lixo”, em função de sua proveniência variada, 
apresenta também constituintes bastante diversos, e o volume de sua produção varia de 
acordo com sua procedência, com o nível econômico da população e com a própria natureza 
das atividades econômicas na área onde é gerado. Não é por acaso que os estudos 
arqueológicos valorizam tanto os resíduos como a fonte de conhecimento dos costumes e da 
civilização de povos mais antigos. 
Os grandes aglomerados urbanos distribuídos pelo mundo elevam seu potencial 
econômico, cultural e tecnológico, concentrando em pequenos espaços geração de grande 
quantidade e diversidade de resíduos. Para efetivação da gestão de resíduos (limpeza) das 
áreas metropolitanas é importante constituir um sistema, com distintas fases e metas a serem 
cumpridas. 
Já resíduos sólidos, conforme a NBR 10.004 (2004), são: 
 
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de 
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de 
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas 
de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de 
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades 
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de 
 
11 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em 
face à melhor tecnologia disponível. 
 
Conforme descrito no manual de gerenciamento integrado de resíduos sólidos, no 
Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro 
de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, 
o imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o contrato de “limpeza e 
irrigação” da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano Francisco 
Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje designa os trabalhadores da 
limpeza urbana em muitas cidades brasileiras. 
Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos sólidos não 
tem merecido a atenção necessária por parte do poder público. Com isso, compromete-se 
cada vez mais a já combalida saúde da população e se degradam os recursos naturais, 
especialmente o solo e os recursos hídricos. A interdependência dos conceitos de meio 
ambiente, saúde e saneamento é hoje bastante evidente, o que reforça a necessidade de 
integração das ações desses setores em prol da melhoria da qualidade de vida da população 
brasileira. 
A Constituição Federal define as instituições responsáveis pelos resíduos sólidos e 
perigosos, no âmbito nacional, estadual e municipal: 
• Os incisos VI e IX do art. 23 estabelecem que é de competência comum da União, 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e combater a 
poluição em qualquer das suas formas, bem como promover programas de construção de 
moradias e a melhoria do saneamento básico. 
• Já os incisos I e V do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar sobre 
assuntos de interesse local, especialmente quanto à organização dos seus serviços públicos, 
como é o caso da limpeza urbana. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei n. 12.305 de 02 de Agosto 
de 2010, em seu capítulo II apresenta a definição de rejeito em seu inciso XV “rejeitos: 
resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e 
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não 
apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada” 
Este exercício nos coloca a refletir as definições perante os estudos de definições e 
não se aplica atualmente o termo lixo nos termos da lei e sim “rejeitos”. 
Surgem definições importantes para a compreensão da gestão registrada em lei, 
destacando: 
Coleta seletiva; 
 
12 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Disposição final ambientalmente adequada; 
Gerenciamento de resíduos sólidos; 
Gestão integrada de resíduos sólidos; 
Logística reversa; 
Padrões sustentáveis de produção e consumo; 
Reciclagem; 
Responsabilidade compartilhada; 
Reutilização. 
Como já destacado, a definição de resíduos sólidos na NBR, na Política Nacional de 
Resíduos Sólido a definição de resíduos sólidos para ter a definições, “material, substância, 
objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação 
final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou 
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem 
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para 
isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”. 
Importante observar que a definição de resíduos sólidos incorpora a definição já 
existente e apresenta melhor redação e o termo “destinação final” ganha força para melhor 
destinação dos rejeitos. 
 
1.2 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos 
 
O gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos é a definição de um 
procedimento que envolve várias técnicas de manejo e que será usado pelo município, 
visando otimizar o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. Portanto, o gerenciamento 
integrado de resíduos sólidos urbanos constitui-se em um conjunto de instrumento e técnicas 
que o município deve aplicar com o objetivo de aumentar a eficiência de cada um dos 
instrumentos de manejo. Além disso, esse gerenciamento visa aproveitar ao máximo os 
potenciais dos resíduos sólidos com relação à sua reutilização e à sua reciclagem. 
Inicialmente, vamos conhecer as diferentes abordagens dos resíduos sólidos conforme 
sua origem de produção. A proposta desta unidade é apresentar de forma sintética as 
diferentes origens e abordagens sobre os resíduos sólidos, sem esgotar o tema e sim estimular 
à pesquisa e aprimorar o conhecimento utilizando os diversos instrumentos disponíveis. 
 
 
13 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
Fig. 1 – Fluxograma das diferentes abordagens sobre resíduos sólidos 
Fonte: Elaboração Própria 
 
 
Os resíduos sólidos estão distribuídos em distintas abordagens: 
 
1. Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde – RSS: resíduos originados pelas 
atividades relacionadas à saúde que devem obedecer rigorosas normas para a segurança das 
pessoas que estão em contato direto com os resíduos e, de forma geral, de toda a população. 
 
 
Fig. 2 – Resíduos dos Sólidos dos Serviços de Saúde 
Fonte: Barcellos, 2008. 
 
2. Resíduos Sólidos da Construção Civil e Demolição - RCD e Resíduos 
Volumosos: os resíduos da construção civil estão relacionados às atividades do setor 
secundário da economia, relacionado às obras e reformas que estão presentes em todo 
momento em todas as cidades de todo país; e os resíduos volumosos são aqueles que 
Resíduos 
Sólidos
RSS
Resíduos 
Serviço de 
Saúde
RCD e 
Volumosos 
Resíduos de 
Construção e 
Demolição
Limpeza 
Pública
Urbana
RSD
Resíduos 
Sólidos 
Domésticos
Resíduos 
Rurais 
(Agrotóxicos)
Resíduos 
Industriais
 
14 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
acarretam sérios problemas por serem de grande volume e, em sua maioria, não terem uma 
destinação adequada, como exemplo, podem se citar as geladeiras, os sofás, os colchões, 
fogões, entre outros. 
 
 
Fig. 3 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Demolição 
Fonte: http://migre.me/aU5w0 
 
3. Limpeza Pública Urbana: compete ao poder público municipal fazer a 
manutenção de limpeza sobre as vias públicas urbanas através de varrição, poda de árvores 
e gramas, além de ofertar o transporte e a destinação adequados aos resíduos sólidos 
mestiçosos. 
 
 
Fig. 4 – Falta da limpeza Urbana 
Fonte: Magalhães, 2008 
 
4. Resíduos Sólidos Domésticos – RS: consiste nos resíduos gerados por todas as 
residências urbanas que geram produtos domiciliares. 
 
15 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
Fig. 5 – Resíduos dos Sólidos Domésticos (lixão) 
Fonte: http://jorgemoreira.zip.net/images/lixaoum.JPG 
 
 
Fig. 6 – Resíduos de agrotóxicos 
Fonte: http://carinatafas.files.wordpress.com/2008/08/agrotoxico1.jpg 
 
6. Resíduos Industriais: está relacionada também ao setor secundário da economia 
com resíduos bem específicos conforme o ramo de atividade de cada indústria. 
 
 
Fig. 7 – Resíduos Industriais (Destinação Final) 
Fonte: Pinto, 2008 
Essa abordagem em seis distintas classes faz com que a gestão de resíduos seja mais 
eficaz em virtude da sua especificidade em relação à atividade geradora 
 
16 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Considerando aspectos práticos e de natureza técnica, ligados principalmente às 
possibilidades de tratamento e disposição dos resíduos em condições satisfatórias do ponto 
de vista ecológico, sanitário e econômico. A Norma Brasileira (NBR 10.004) distingue três 
classes: 
 
• Resíduos Classe I ou Perigosos: constituídos por aqueles que, isoladamente ou por 
mistura, em função de suas características de toxidade, inflamabilidade, corrosividade, 
reatividade, radioatividade e patogenicidade em geral, podem apresentar riscos à saúde 
pública (com aumento de mortalidadeou de morbidade) ou efeitos adversos ao meio 
ambiente, se manuseados ou dispostos sem os devidos cuidados. 
• Resíduos Classe III ou Inertes: são aqueles que não se solubilizam ou que não têm 
nenhum de seus componentes solubilizados em concentrações superiores aos padrões 
de potabilidade de água, quando submetidos a um teste-padrão de solubilização 
(conforme NBR 10.006 – Solubilização de Resíduos). 
• Resíduos Classe II ou Não Inertes: são aqueles que não se enquadram em 
nenhuma das classes anteriores. 
 
 
1.3 Cenário Nacional das Políticas de Resíduos Sólidos 
 
A tramitação do projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos teve a duração 
maior que 20 anos, na ausência de um marco regulatório para os resíduos sólidos, as 
administrações municipais isoladamente ou com apoio dos governos Estaduais e Federal 
buscam mecanismos de solução, optando pela instalação de aterros sanitários, que mesmo 
sendo uma forma adequada ambientalmente de dispor os resíduos, não resolvem a questão. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos tem por objetivo traçar ações estratégicas que 
viabilizem processos capazes de agregar valor aos resíduos aumentando a capacidade 
competitiva do setor produtivo, propiciando a inclusão e o controle social, norteando Estados 
e Municípios para a adequada gestão de resíduos sólidos. 
Em 1998, foi constituído um Grupo de Trabalho no âmbito do Conselho Nacional de 
Meio Ambiente - CONAMA, do qual fizeram parte representantes das três esferas de governo 
e da sociedade civil. O produto destes trabalhos foi a Proposição CONAMA nº 259, de 30 de 
junho de 1999, intitulada “Diretrizes Técnicas para a Gestão de Resíduos Sólidos”. Esta 
proposição foi aprovada pelo Plenário do CONAMA, mas não chegou a ser publicada, não 
entrando em vigor. 
 
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Em 2001, a Câmara dos Deputados criou e implementou a “Comissão Especial da 
Política Nacional de Resíduos” com o objetivo de apreciar as matérias contempladas nos 
projetos de lei apensados ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, e formular uma proposta 
substitutiva global. Com o encerramento da legislatura, a Comissão foi extinta, sem que 
houvesse algum encaminhamento. Em 2005 foi instituída uma nova Comissão Especial com 
o propósito de discutir o assunto. 
Na gestão dos resíduos sólidos, a sustentabilidade se constrói a partir de modelos 
integrados, que possibilitem tanto a redução como a reutilização e a reciclagem de materiais 
que possam servir de matéria-prima para processos produtivos, diminuindo o desperdício e 
gerando renda. Assim, para garantir a sustentabilidade, a gestão de resíduos sólidos não pode 
ficar cingida à apenas uma área técnica, pois a busca para a solução dos problemas tem como 
fator determinante a integração de outras áreas (a saúde, a fazendária, a de planejamento e 
as sociais). Desta forma, a integração das demais áreas técnicas trará significativos avanços 
para a questão. 
Durante o ano de 2004, o Ministério do Meio Ambiente envidou esforços no sentido 
de elaborar uma proposta de texto para a regulamentação da questão dos resíduos sólidos 
no país, promovendo grupos de discussões interministeriais e de representantes de diversas 
secretarias do Ministério do Meio Ambiente. O CONAMA realizou em agosto do mesmo ano, o 
Seminário intitulado “Contribuições à Política Nacional de Resíduos Sólidos” que teve como 
principal objetivo a busca de subsídios da sociedade em geral para a formulação de uma nova 
proposta de projeto de lei, pois o conteúdo da Proposição CONAMA nº 259 encontrava-se 
defasado. 
No início de 2005, foi criado um grupo interno na Secretaria de Qualidade Ambiental 
nos Assentamentos Humanos do Ministério do Meio Ambiente para consolidar e sistematizar 
as contribuições do Seminário CONAMA, os anteprojetos de lei existentes no Congresso 
Nacional e as contribuições dos diversos atores envolvidos na gestão de resíduos sólidos. 
Como resultado dessa consolidação foi elaborada a proposta que ora está sendo encaminhada 
como um anteprojeto de lei de “Política Nacional de Resíduos Sólidos”. Esse anteprojeto foi 
debatido com os Ministérios das Cidades, da Saúde, mediante sua Fundação Nacional de 
Saúde – FUNASA, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, 
Orçamento e Gestão, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da Fazenda, buscando 
nas discussões a sustentabilidade requerida para a temática. 
O projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos considerou o estilo de vida 
da sociedade contemporânea, que aliado às estratégias de marketing do setor produtivo, leva 
a um consumo intensivo provocando uma série de impactos ambientais, à saúde pública e 
 
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social incompatíveis com o modelo de desenvolvimento sustentado que se pretende implantar 
no Brasil. É importante ressaltar que o desenvolvimento de diferentes setores voltados à 
exportação e ao comércio internacional absorve as novas tendências do crescimento industrial 
utilizando-se de tecnologias mais limpas. Dados obtidos no dia a dia evidenciam que a 
tendência de preservação ambiental e ecológica por parte destes setores deve continuar de 
forma permanente e definitiva. 
Neste cenário, os resíduos, principalmente os resíduos perigosos, quando dispostos 
inadequadamente, poluem o solo e comprometem a qualidade das águas superficiais e 
subterrâneas, com sérias consequências à saúde humana e ao meio ambiente. Indicadores 
oficiais mostram que no ano 2000, cerca de 60% dos resíduos coletados foram depositados 
inadequadamente em lixões, 17% em aterros controlados e 13% em aterros sanitários. 
Observa-se que, em uma década houve um aumento de cerca de 12% dos resíduos dispostos 
inadequadamente no solo. Outra grande preocupação é com o desperdício nos diversos 
setores, com destaque para a construção civil e agricultura, que devido a procedimentos 
inadequados refletem diretamente no aumento da geração de resíduos. 
Os estados brasileiros se adiantaram e sete deles já editaram suas Políticas Estaduais 
de Resíduos Sólidos, 14 estão em fase de discussão, alguns deles com apoio do Ministério do 
Meio Ambiente, por intermédio do Programa Nacional de Meio Ambiente II. Muitos estados 
vêm criando benefícios tributários para municípios que manejam adequadamente seus 
resíduos, demonstrando crescente preocupação frente às demandas da sociedade para com 
o tema. Com este anteprojeto, o Governo Federal apresenta possibilidades de ajustar a 
legislação tributária e apresentar propostas para o setor, principalmente para os materiais 
recicláveis e reciclados. Da mesma forma que estarão sendo estudadas alternativas viáveis 
de fomento e concessão de crédito para a garantia da sustentabilidade do setor. 
Todo o apoio das esferas superiores se justifica, pois, as municipalidades sofrem de 
deficiência gerencial, técnica, financeira e de participação social diante das tecnologias 
aplicáveis ao manejo adequado dos resíduos sólidos, visto que, em muitos municípios são 
manejados conjuntamente os resíduos domésticos, os hospitalares e os industriais, que é uma 
perigosa convivência, tolerada ou ignorada pelos gestores municipais, que coloca em risco a 
saúde da população. Cabe ressaltar que a firme atuação do Ministério Público tem propiciado 
melhorias no gerenciamento e na disposição adequada dos resíduos nos municípios, sendo 
que são muitas as dificuldades para resolver a situação que são estruturais. 
Em junho de 2001, foi realizado em Brasília o 1º Congresso Nacional dos Catadores 
de Materiais Recicláveis, que contou com a participação de 1.600 congressistas, entre 
catadores, técnicos e agentes sociais de dezessete Estados brasileiros e, como resultado, 
 
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promoveram a 1ª Marcha Nacional da População de Rua, com 3.000 participantes e 
apresentaram à sociedade e às autoridades anecessidade da efetivação de políticas públicas 
voltadas aos catadores. Como decorrência, em janeiro de 2003, foi realizado em Caxias do 
Sul, o I Congresso Latino-Americano de Catadores, que buscou fortalecer o processo de 
organização destes trabalhadores em associações ou cooperativas. Foi elaborado um 
documento que propõe a capacitação e formação profissional, a erradicação dos lixões, a 
responsabilização dos geradores de resíduos, entre outros temas. 
 Deve se destacar a compatibilidade deste anteprojeto com a Lei nº 11.445, de 5 de 
janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a 
política federal de saneamento básico, o que reforça a premência de regulamentação do setor. 
Com essa lei, o setor de saneamento avançará e, mais ainda o de resíduos, com a 
possibilidade de se viabilizar novos arranjos integrados para a adequada gestão dos resíduos 
sólidos, valendo-se, também, do disposto nas Leis de Consórcios Públicos (Lei nº 11.107, de 
2005) e das Parcerias Público-Privadas (Lei nº 11.079, de 2004). 
Para muitos municípios, a possibilidade da constituição de consórcios públicos é uma 
das formas de enfrentar os problemas referentes à prestação de serviços de limpeza urbana 
incluindo a destinação final, com menores custos. 
Portanto, tais fundamentos justificam a implementação de uma Política Nacional de 
Resíduos Sólidos, que tem por objetivo traçar ações estratégicas que viabilizem processos 
capazes de agregar valor aos resíduos aumentando a capacidade competitiva do setor 
produtivo, propiciando a inclusão e o controle social, norteando Estados e Municípios para a 
adequada gestão de resíduos sólidos. 
Em 2009, o Governo Federal está com um projeto de Lei para ser aprovado pelo 
congresso que define a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
A ausência de Lei Nacional até 2010 estimulou alguns Estados a elaborarem suas 
legislações sobre a destinação de resíduos sólidos de acordo com as suas necessidades e 
realidades: 
• Paraná (lei 12.493 de 22.01.1999); 
• Mato Grosso (lei 7.862 de 19.12.2002); 
• Rio de Janeiro (lei 4.191 de 30.09.2003); 
• Rio Grande do Sul (a lei 9.921, de 27.07.1993 – regulamentada pelo Decreto 
38.356 de 01.04.1998 – e a lei 10.099, de 07.02.1994); 
• Ceará (lei 13.103, de 24.01.2001); 
• Pernambuco (lei 12.008, de 01.06.2001 – regulamentada pelo Decreto 23.941 de 
11.01.2002); 
 
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• Goiás (lei 14.248, de 29.07.2002); 
• São Paulo (lei 12.300 de 16.03.2006); 
• Santa Catarina; 
• Minas Gerais (Lei 18031/2009 – Política Estadual de RS). 
 
1.4 Programa de Resíduos Sólidos Urbanos 
 
O governo federal, sensível com as necessidades dos municípios, vem trabalhando 
através do ministério das cidades com o objetivo de apoiar de forma integrada e sistemática 
através de programas em 2009, lançando o Programa de Resíduos Sólidos Urbanos. 
O Programa Resíduos Sólidos Urbanos objetiva ampliar a cobertura e aumentar a 
eficiência e a eficácia dos serviços de manejo de resíduos sólidos na perspectiva da 
universalização e da qualidade dos serviços prestados, procurando incentivar a redução, 
reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos urbanos, a erradicação dos lixões e o trabalho 
infantil no lixo e implantar soluções adequadas e sustentáveis de tratamento e destino final 
de resíduos sólidos, contribuindo para promover a inserção social e a emancipação econômica 
de catadores, por intermédio de sua inserção em projetos de coleta seletiva (construção de 
unidades de triagem - galpões e outros). 
O Programa promove ainda a exploração e a utilização do biogás oriundo da 
decomposição da parcela orgânica dos resíduos de aterros e lixões desativados e com projeto 
de recuperação ambiental em execução, para redução de emissões de Gases do Efeito Estufa, 
inclusive com o aproveitamento para fim energético. 
No que se refere aos resíduos de construção e demolição sob responsabilidade pública, 
destina-se à implantação de redes de pontos de Entrega Voluntária para pequenos volumes 
(até 1m³/dia) de Resíduos de Construção e Demolição - RCD e resíduos volumosos. 
A Fundação Nacional de Saúde – FUNASA apoiará Municípios com população até 50 
mil habitantes, não incluídos na faixa de atuação do Ministério das Cidades. O Ministério das 
Cidades apoiará Municípios com população superior a 50 mil habitantes e de Regiões 
Metropolitanas, independentemente da população. 
O Governo Federal apoia os municípios localizados em Regiões Metropolitanas 
legalmente instituídas ou em Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico – RIDE, e 
municípios que optaram e organizaram a gestão dos serviços de forma associada, mediante 
a constituição de consórcios públicos ou convênios de cooperação, acima de 150 mil 
habitantes, nos termos da Lei nº 11.107/2005. 
 
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A ação tem por objetivo proporcionar à população acesso aos Serviços Públicos de 
Manejo de Resíduos Sólidos, visando à salubridade ambiental, à eliminação de lixões e à 
inserção socioeconômica de catadores, sendo implementada por intermédio da implantação, 
ampliação ou melhoria dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. 
Essa ação envolve: 
• Erradicação de lixões; 
• Disposição final e/ou tratamento de resíduos sólidos; 
• Implantação ou adequação de aterros sanitários convencionais, que 
eventualmente poderão envolver um projeto adicional de instalações para coleta e 
tratamento do biogás de aterros e lixões, e de aterros sanitários de pequeno porte - 
ASPP; 
• Implantação de centrais de processamento de recicláveis – CPR regionais 
e/ou unidades de acumulação de recicláveis – UAR (unidades isoladas) e 
galpões de triagem da coleta seletiva, implantação de unidades de compostagem - 
UCO; 
• Estações de transbordo; 
• Aquisição de equipamentos para acondicionamento, coleta seletiva, 
disposição final e tratamento, 
• Implantação de Redes de PEV - Pontos de Entrega Voluntária para 
pequenas quantidades geradas de resíduos de construção e demolição - 
RCD (resíduos de responsabilidade pública, conforme Resolução 307/02 do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA) e resíduos volumosos (móveis, 
eletrodomésticos e outros bens inservíveis; pneus, entre outros). 
 
Os empreendimentos deverão ocorrer complementarmente com ações voltadas para 
a inclusão socioeconômica dos catadores (se existirem) e com as relativas à educação 
ambiental e à participação comunitária. 
A situação do manejo de resíduos sólidos no país é preocupante, principalmente no 
que diz respeito à questão da disposição final, uma vez que 63,6% dos municípios brasileiros 
utilizam lixões como forma de disposição dos resíduos sólidos urbanos, 18,4% utiliza aterros 
controlados e 13,8% dispõem os resíduos em aterros sanitários. 
Providências urgentes têm que ser tomadas para reverter esse quadro, e a 
necessidade de mudança de conceitos e formas de tratar o assunto é premente para que 
sejam alcançados melhores resultados no manejo dos resíduos sólidos urbanos, 
principalmente na disposição final, segmento em que os dados são mais aflitivos. 
 
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Uma das dificuldades existentes no trato do problema está no fato de que os resíduos 
sólidos apresentam um problema particular, pois percorrem um longo caminho – geração, 
descarte, coleta, tratamento e disposição final – e envolvem diversos atores, de modo que o 
tratamento meramente técnico tem apresentado resultados pouco animadores. 
Outra dificuldade são os recursos envolvidos, pois devido ao aumento considerável na 
produção per capita de resíduos e à aglomeração urbana acelerada que vem se verificando 
em nossas cidades, são necessários investimentos vultosos para a aquisição de equipamentos, 
treinamento, capacitação, controle e custeio de todo o sistema de manejo de resíduos sólidos. 
De naturezacomplexa, o problema deixa de ser simplesmente uma questão de 
gerenciamento técnico para inserir-se em um processo orgânico de gestão participativa, 
dentro do conceito de gestão integrada de resíduos sólidos. A gestão que se propõe envolve 
a articulação com os diversos níveis de poder existentes e com os representantes da sociedade 
civil nas negociações para a formulação e implementação de políticas públicas, programas e 
projetos. 
No que diz respeito aos recursos, um instrumento fundamental para o setor vem da 
implementação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, prevista pelo artigo 12 do 
Protocolo de Quioto, e da viabilização do comércio de emissões, que estabelece um mercado 
de compra e venda do “direito de emitir gases de efeito estufa”. Chamados de “créditos de 
carbono”, esses créditos podem ser conseguidos com a disposição adequada dos resíduos 
sólidos urbanos, contribuindo para diminuir a emissão de biogás tanto pela desativação dos 
lixões quanto pela implantação de aterros sanitários, com o consequente tratamento dos 
gases produzidos pela decomposição da matéria orgânica dos resíduos sólidos. 
Finalmente, outro importante elemento no processo de reversão do quadro relativo 
aos resíduos sólidos é a Lei nº 11.145, que estabeleceu diretrizes nacionais para o 
saneamento básico, representando um marco histórico no setor e oferecendo respaldo legal 
consistente para a melhoria do manejo dos resíduos sólidos no país. 
 
1.5 Resíduos Sólidos como item do Saneamento Básico 
 
A Lei Federal 11.445 estabelece a Política Nacional de Saneamento, envolvendo 
diretamente Resíduos Sólidos como componente do saneamento básico. É importante 
observar que o fato dos Resíduos Sólidos estarem incorporados nessa lei, não isenta o 
desenvolvimento de uma política nacional de resíduos sólidos. 
1.5.1 A interface dos resíduos sólidos na Política Nacional de Saneamento Básico 
 
 
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Nesse cenário, as professoras Viviana Maria Zanta e Heliana Kátia Tavares Campos 
fazem uma abordagem desse panorama contemplando a situação real da gestão de resíduos 
sólidos à luz da Lei 11.445/2007. 
No âmbito da Lei 11.445/2007, os princípios fundamentais incorporam vários dos 
aspectos e critérios já mencionados, tais como a sustentabilidade econômica, tecnologias 
adequadas às peculiaridades locais e regionais e articulação com políticas sociais relevantes. 
No art. 3, inciso I, alínea (c) desta Lei, considera-se limpeza urbana e manejo de 
resíduos sólidos como o conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de 
coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário 
da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. 
Deste modo, resíduos perigosos industriais -os de serviços de saúde, segundo a 
Anvisa, RDC 306/2004 e a Resolução CONAMA 358/2005, e os de construção civil, de acordo 
com a Resolução CONAMA 307/2002-, são de responsabilidade do gerador, conforme 
estabelecido pela legislação própria, não sendo o seu gerenciamento de responsabilidade do 
município. 
No entanto, desde que haja flexibilidade nas normas legais e administrativas 
específicas para determinado tipo de resíduo e uma decisão legal do poder público municipal, 
há abertura para inclusão de resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de 
serviços (art. 6, Lei 11.445/2007). Como exemplo, pode-se citar a Resolução 307/2002, a 
qual diz que os municípios devem elaborar, implementar e coordenar o Programa Municipal 
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, por meio do qual se estabelecerão 
diretrizes para o exercício da responsabilidade dos pequenos geradores. 
Deste modo, por decisão do poder público, a parcela do manejo dos RCC de pequenos 
geradores pode ser absorvida pelas atividades desempenhadas pelo setor público. 
Deve-se atentar para o fato de que a presença do poder público, na gestão de resíduos 
de outras origens que não aquelas citadas na alínea (c) do inciso I do caput do art. 3º da lei, 
pode ser útil no combate ao manejo e descarte inadequados dos resíduos que podem causar 
dano para o meio ambiente e à saúde pública, criando um passivo ambiental para o município. 
Assim, entende-se como recomendável que o poder público exerça algum tipo de 
controle e acompanhamento da operacionalização dos planos de gerenciamento destes 
resíduos, seja por meio do licenciamento ambiental no âmbito municipal ou como participante 
do processo de articulação entre agentes geradores e prestadores de serviços. 
Esse papel deve ser previsto quando da elaboração do plano de Saneamento Básico, 
instrumento da política pública a ser formulada pelo município conforme o art. 9 do capítulo 
 
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II da Lei 11.445/2007. Também é de responsabilidade municipal a definição dos entes 
responsáveis pela regulação e fiscalização. 
Quando a prestação dos serviços for delegada, a mesma poderá ser autorizada para 
cooperativas ou associações para atuar em condições específicas, cumprindo o contrato de 
concessão que prevê as regras do contrato. 
Em termos de atribuições do serviço público de limpeza urbana e de manejo de 
resíduos sólidos, o artigo 7 da Lei 11.445/2007 relaciona as atividades de coleta, transbordo 
e transporte, da triagem para fins de reuso ou reciclagem, tratamento, inclusive por 
compostagem e disposição final. As outras atividades pertinentes à limpeza pública são: 
varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços. 
Observa-se que não há menção explícita a ações de redução na fonte, como também não se 
usa o termo coleta seletiva e sim triagem, ou seja, a coleta pode ser de resíduos misturados, 
os quais serão, posteriormente, segregados em uma unidade de processamento. 
Embora isto não impeça a adoção de ações visando a não geração ou reutilização na 
fonte, ou seja, antes do descarte pelo consumidor, também não enfatiza a necessidade de 
priorizar essas medidas. 
As atribuições citadas exigem que o sistema de manejo de resíduos sólidos e limpeza 
urbana, concebido na fase de planejamento, tenha uma estrutura física, de recursos humanos 
e financeiros, condizente com as responsabilidades estabelecidas. 
Além disso, a Prefeitura Municipal, ou os entes que integrem a sua administração, 
deve contar com uma organização administrativa mínima de planejamento e fiscalização das 
atividades executadas diretamente ou delegadas. Para tanto, é essencial instituir um sistema 
de informações sobre os serviços realizados de modo a se obter indicadores que permitam a 
monitorização e avaliação dos serviços e que seja articulado com o Sistema Nacional de 
Informações em Saneamento – SINISA. 
A existência de um sistema de informações, confiável, de fácil acesso e entendimento, 
possibilita um controle social mais efetivo, principalmente, se este for deliberativo. O art. 47 
diz que este controle social poderá incluir a participação de órgãos colegiados de caráter 
consultivo com representantes de vários atores sociais e agentes. 
A prestação de serviços pode ser realizada diretamente de forma centralizada ou 
descentralizada, indiretamente por concessão, via processo licitatório, e por gestão associada 
que compreende o consórcio público ou a cooperação técnica, via contrato de programa (Lei 
11.107/2005 e Decreto nº. 6.017/07). 
A possibilidade de se ter um único prestador atuando para um conjunto de municípios, 
contíguos ou não, consorciados, pode beneficiar municípios de pequeno e médio porte por 
 
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representar um ganho de escala para determinadas atividades, tais como, a disposição final 
em aterros sanitários. Ainda podem permitir a superação de deficiências de planejamento e 
assessoria técnica para implantação e operacionalização do sistema. 
No caso da prestação regionalizada, aquelaem que um único prestador atende mais 
de um titular, em determinado território, deve haver uniformidade de regulação, fiscalização, 
inclusive de remuneração e compatibilidade com o planejamento (Art. 14, inciso I, II, II). 
Neste caso o plano de saneamento a ser considerado, no qual se insere a componente resíduo 
sólido, pode ser regional. 
Cabe mencionar que na gestão associada há a possibilidade de o estado fazer parte 
do consórcio ou de haver convênio de cooperação técnica. Em qualquer uma dessas 
combinações, o serviço deve ser prestado em conformidade com o planejamento e a 
regulação. 
De modo geral, a Lei 11.445 estabelece os pilares de sustentação da gestão de 
serviços de saneamento indicando alternativas de arranjos institucionais para se enfrentar as 
fragilidades dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana. 
 
1.5.2 A limpeza pública urbana no Brasil 
 
Nos 128 anos transcorridos desde 1880, quando ainda no Império, se iniciam os 
serviços de limpeza urbana na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, pode-se dizer que 
muito se avançou no que diz respeito à coleta e limpeza das cidades. Hoje, a quase totalidade 
dos municípios nas áreas urbanas recebe os serviços de coleta porta a porta com regularidade. 
A exceção no caso da coleta se dá nas regiões com habitações precárias, sem infraestrutura 
para o acesso de veículos nas favelas, nas regiões alagadas e nas áreas rurais. 
No Brasil, os serviços de coleta direta e indireta dos resíduos sólidos apresentam uma 
cobertura relativamente ampla e estavam disponíveis para quase 97,6% da população urbana 
em 2007 (90% de forma direta e 7,6% coletados indiretamente), representando um aumento 
de 0,5 pontos percentual em relação a 2006. Na zona rural, os serviços de coleta de lixo 
atingem menos de 27% da população. Nessas regiões, a maior parte dos resíduos sólidos 
continua sendo queimada ou enterrada (60%) ou é jogada em terrenos baldios ou 
logradouros (11,7%). 
No caso do lixo, as desigualdades regionais e sociais são bem menos pronunciadas do 
que no acesso à água e esgoto, embora os níveis de coleta direta de resíduos sólidos 
continuem sendo maiores no Sul e no Sudeste. O déficit absoluto na coleta de lixo era de 3,7 
milhões em 2007, menos 685 mil pessoas do que em 2006. 
 
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O impacto positivo da elevação desses índices na salubridade ambiental de nossas 
cidades é inquestionável. Por outro lado, causa grande preocupação a poluição causada pela 
disposição inadequada dos resíduos nos lixões a céu aberto, nos cursos d’água ou em áreas 
ambientalmente protegidas, em condições agravadas pela presença de catadores que são 
encontrados em mais de 60% dos municípios brasileiros. 
Quanto ao tratamento e à destinação final dos resíduos coletados, a Pesquisa Nacional 
de Saneamento Básico (PNSB/2000) revelava uma tendência de melhora da situação de 
destinação final dos resíduos coletados no País nos últimos anos, quando comparado a 1996. 
Segundo esta pesquisa, a massa de resíduos sólidos coletada diariamente no Brasil chegava 
a 149.094 toneladas, sendo que 12,58% eram destinados a aterros sanitários, 16,78% a 
aterros controlados, e 2,82% a aterros especiais, totalizando 32,18%. O restante dos resíduos 
– 5,44% – eram destinados à reciclagem e compostagem, 1,76% à incineração, 59,30% eram 
destinados a lixões e 0,55% a áreas alagadas, gerando pontos de contaminação do subsolo 
por líquidos e poluição do ar pelas emissões geradas e não controladas. 
Mesmo com estes avanços no que tange à coleta domiciliar, o setor de limpeza urbana 
no Brasil tem girado sem direção e com abundância de tropeços, dançando ao sabor dos 
ventos, principalmente no que diz respeito ao tratamento e à disposição final. Não é difícil de 
entender, no entanto, que administrações municipais pressionadas por demandas 
emergenciais nas áreas de atendimento básico à saúde, educação de qualidade, 
abastecimento de água e esgoto sanitário, bem como transporte urbano, esporte, lazer, 
segurança pública, emprego acabem por não priorizar o tratamento e a destinação final do 
lixo, atividade em geral realizada longe da vista de todos. Considerada a dinâmica municipal 
nas suas diversas dimensões, fica evidente a conveniência de integrar as ações relativas ao 
tratamento e à destinação final dos resíduos às outras atividades do saneamento e às 
necessidades mais urgentes da municipalidade. 
Promover a geração de trabalho e renda para os catadores de materiais recicláveis, 
reaproveitar o entulho da construção civil em obras da prefeitura como meios fios, passeios 
e bancos, utilizar o composto em parques e jardins, usar o aterro como espaço privilegiado 
de educação ambiental... são alguns exemplos de integrações possíveis. 
É preciso aprender com os erros do passado, para descobrir por que fracassaram a 
maioria dos empreendimentos realizados em tratamento e destinação final dos resíduos. Em 
alguns casos, morreram antes de nascer, outros, durante a construção, e vários morreram 
pouco tempo após a entrada em operação. Visitar alguns dos inúmeros empreendimentos 
financiados com recursos não onerosos oriundos dos governos federal ou estaduais, dialogar 
com os técnicos e gerentes municipais é valioso para entender o ocorrido. 
 
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Muitos empreendimentos foram abandonados -alguns mais de uma vez- depois de 
refinanciados com recursos não onerosos de outros programas públicos. Em muitos casos os 
recursos destinados à implantação foram total ou parcialmente retornados aos órgãos de 
origem por comprovada incapacidade de aplicá-los. Quando a construção das instalações se 
viabiliza, descobre-se que, em regra, não há previsão de recursos humanos e financeiros no 
orçamento municipal, recursos necessários para as atividades de operação e manutenção das 
mesmas. 
As receitas específicas que poderiam advir de taxas, tarifas e preços públicos cobrados 
dos municípios em razão da oferta e prestação dos serviços não são auferidas. 
Os gestores municipais continuam a disputar os recursos não onerosos disponíveis, 
mesmo sem considerar o impacto no orçamento do custeio municipal. Tal fato compromete 
inexoravelmente a sustentabilidade dos investimentos, muitas vezes contando com a incúria 
dos órgãos promotores dos programas que não exigem a comprovação das mínimas 
condições para operar e manter os investimentos. 
Visando facilitar o equacionamento deste problema, o artigo 29 da Lei 11.445 
preconiza que a sustentabilidade econômico-financeira dos serviços de limpeza urbana e 
manejo de resíduos sólidos seja assegurada, sempre que possível, mediante remuneração 
pela cobrança dos serviços, mediante taxas ou tarifas e outros preços públicos, em 
conformidade com o regime de prestação do serviço. Na lei há a possibilidade de adoção de 
subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade 
de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços. 
Mas não por acaso, os problemas de oferta e de prestação dos serviços são mais 
recorrentes nos municípios pequenos que não têm escala adequada para a gestão desses 
serviços. Muitos municípios brasileiros enfrentam dificuldades que são insolúveis quando 
enfrentadas isoladamente para planejar, regular e promover a adequada operação dos 
serviços de manejo de resíduos sólidos. É, sobretudo, em razão da necessidade de superar 
essas deficiências estruturais que se torna necessário considerar a gestão regionalizada por 
meio dos consórcios públicos, buscando, assim, a sustentabilidade dos investimentos. 
 
1.5.3 Uma nova “cultura” institucional para a gestão dos resíduos sólidos 
 
O desenho do futuro deverá levar em conta fatos e iniciativas que na história recente 
trazem aspectos inovadores, criativos e sinalizam possibilidades de superação da barreira doimobilismo e dos insucessos. 
 
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A instituição do ICMS Ecológico, socioambiental ou similar é um dos exemplos que 
merece destaque. Com base em dispositivo de lei estadual, parcela das receitas a serem 
transferidas aos municípios é alocada observando rateio diferenciado, baseado em critérios 
ambientais, entre os quais a destinação adequada dos resíduos sólidos em instalações 
licenciadas ambientalmente. 
Surgido no estado do Paraná, em 1991, numa aliança entre estado e municípios, sob 
a égide da compensação, este instrumento evoluiu e hoje em quase todos os casos é um 
importante incentivo à gestão sustentável dos resíduos por parte dos gestores municipais, 
operando com base no princípio protetor-beneficiário, ou seja, o município se beneficia 
quando atua protegendo o meio ambiente. O ICMS Ecológico, ou sua variante conhecida como 
ICMS Socioambiental, foi também implantado nos estados de São Paulo, em 1993, em Minas 
Gerais, em 1995, em Rondônia e Amapá, em 1996, no Rio Grande do Sul no ano de 1998, no 
Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, em 2001, no estado do Tocantins, em 2002, em 
Pernambuco, em 2003, em Goiás no ano de 2007 e no Rio de Janeiro, em 2008. 
O ICMS Ecológico está em debate e tramitação nos Legislativos dos estados da Bahia, 
Pará, Santa Catarina, no Espírito Santo e Ceará. 
Pesquisa divulgada em 2005 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
traçando um perfil de 5.560 municípios brasileiros, informa que o ICMS Ecológico é a principal 
fonte de recursos ambientais. Segundo a pesquisa, 389 municípios brasileiros receberam o 
ICMS Ecológico em 2003 (cerca de 40% dos que informaram ter recebido verba para meio 
ambiente). 
Outras iniciativas a destacar decorrem da compreensão relativamente recente da 
importância do trabalho dos catadores de material reciclável para que o Brasil apresente 
índices significativos de reciclagem de vários materiais presentes no lixo das cidades 
brasileiras. O Fórum Nacional Lixo e Cidadania foi criado em 1998, tendo como objetivos 
principais: 
• erradicar a dramática situação da catação de lixo por crianças e adolescentes e 
propiciando sua inclusão social com cidadania; 
• capacitar os catadores de lixões para sua participação em programas de coleta 
seletiva nas cidades. 
Composto por 40 instituições representativas da sociedade de diversos matizes, entre 
as quais: 
• Organizações não governamentais como a Associação Brasileira de Engenharia 
Sanitária e Ambiental (ABES), a Associação Nacional dos Serviços Municipais de 
Saneamento (ASSEMAE), o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM); 
 
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• Entidades religiosas como a Pastoral da Criança; 
• Órgãos financeiros estatais como a Caixa Econômica Federal (CEF); governamentais 
como a Secretaria de Política Urbana (SEPURB/PR), os ministérios do Meio Ambiente 
(MMA), e da Saúde (MS/FNS); o Ministério Público Federal (MPF), e órgãos 
internacionais como a Organização Panamericana e Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e 
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 
 
Com ênfase nas questões sociais associadas aos resíduos sólidos, sobretudo nas 
condições das crianças que sobrevivem no e do lixo, era diretriz básica do Fórum articular e 
integrar as ações das instituições voltadas à problemática da gestão integrada dos resíduos 
sólidos, visando maximizar os benefícios gerados e garantir a sustentabilidade dos programas 
implantados. 
A articulação, liderada pela UNICEF, produziu uma sinergia fundamental à 
transformação das relações institucionais. O Ministério Público Federal - MPF propôs a adoção 
generalizada do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público e 
prefeitos dos municípios que recebessem verba da União. O Compromisso Empresarial para 
a Reciclagem (CEMPRE) trabalhou com a profissionalização do catador. O Ministério de Meio 
Ambiente - MMA fez chegar a todos os prefeitos as informações sobre todos os recursos 
disponíveis no Brasil para a área. O Instituto Polis registrou e divulgou experiências positivas. 
A iniciativa trouxe como inovação a integração das dimensões social e ambiental da 
gestão dos resíduos sólidos. Tirar todas as crianças que estavam trabalhando no lixo e colocá-
las nas escolas, retirar os catadores dos lixões e, em contrapartida, oferecer infraestrutura 
adequada para a realização da coleta seletiva, viabilizar os Fóruns Municipais Lixo e Cidadania, 
com participação da sociedade para acompanhar os investimentos setoriais foram exigências 
colocadas aos municípios, incluídas nos regulamentos dos programas do MMA (Fundo 
Nacional de Meio Ambiente - FNMA), do Ministério das Cidades (MCidades) e da Fundação 
Nacional de Saúde (FUNASA) destinados ao financiamento não oneroso de investimento em 
manejo dos resíduos sólidos. O Fórum Nacional Lixo e Cidadania já há algum tempo vem 
enfrentando dificuldades para se manter em funcionamento, talvez e, contraditoriamente, 
pela montagem do Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de Materiais 
Recicláveis e pelo fortalecimento do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável. 
Criado por Decreto Presidencial em 2003, esse Comitê é coordenado pelo Ministério 
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por meio de sua Secretaria de 
Articulação Institucional e Parcerias – SAIP, e pelo MCidades, por meio de sua Secretaria 
 
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Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). Formado por dez órgãos do governo federal, 
diversas iniciativas estão se consolidando, articuladas pelo trabalho do Comitê. 
Ainda na linha de apoio efetivo ao fortalecimento da atividade de coleta seletiva, o 
governo federal publicou o Decreto 5.940/2006, instituindo a separação dos resíduos 
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e 
indireta na fonte geradora e sua destinação às associações e cooperativas de catadores de 
materiais recicláveis. 
Atividades de incentivo à implementação do decreto já foram realizadas por meio de 
seminários nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, Brasília, 
Fortaleza, Belo Horizonte, Campinas, São Paulo, Recife, Belém, Porto Alegre e Curitiba. 
Estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco já têm legislação similar, bem como 
alguns municípios. 
A Lei 11.445/07 veio institucionalizar em definitivo o papel relevante que os catadores 
desempenham no manejo dos resíduos sólidos e na viabilização da reciclagem. No seu artigo 
57, essa lei altera a Lei 8.666/93, permitindo que o poder público contrate com dispensa de 
licitação associações e cooperativas de catadores para a coleta, processamento e 
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema 
de coleta seletiva de lixo. Fica, assim, facilitada a inclusão social dos catadores e o 
desenvolvimento da coleta seletiva pelo reconhecimento contratual do trabalho desses 
profissionais pelas administrações municipais. 
A Lei 11.445/07 só preenche parcialmente a necessidade de legislação federal voltada 
para a gestão dos resíduos sólidos, na medida em que trata apenas da dimensão dos serviços 
públicos de Saneamento Básico, que tem como objeto o manejo dos resíduos sólidos 
domiciliares e assemelhados e dos provenientes da limpeza urbana. Estão fora do âmbito 
desta Lei, por exemplo, os resíduos de serviços de saúde, os da construção civil e os resíduos 
industriais. 
Além disso, instrumentos destinados a promover políticas efetivas de minimização de 
resíduos sólidos, pelo incentivo à prevenção da geração, à redução na origem, ao reuso dos 
produtos e à reciclagem, e que por sua natureza, impactam na produção e no consumo de 
bens ficaram de fora do escopo desta lei. É claro que os municípios podem avançar muito 
apoiados nos dispositivosda lei de saneamento e serão exigidos para tanto. Mas, para 
responder aos desafios de gerir adequadamente os resíduos sólidos hoje produzidos no Brasil 
é indispensável que o país conte com legislação nacional que estabeleça a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, legislação que tem hoje como referência o Projeto de Lei 1.991/07, em 
tramitação na Câmara dos Deputados. Não há mais como postergar esta definição legal, que 
 
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deverá estabelecer responsabilidades de modo mais claro, viabilizar instrumentos como o “eco 
design” e a logística reversa, de modo a reverter a tendência de um passivo ambiental 
crescente suportado indiscriminadamente pela sociedade brasileira. 
O Plano Nacional de Saneamento Básico, preconizado pela Lei 11.445/07 para tratar 
dos serviços públicos de saneamento e obviamente manejo de resíduos sólidos domiciliares, 
é indispensável, porém insuficiente. Seu foco é necessariamente mais restrito que o Plano 
Nacional de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos, objeto do projeto de lei antes referido. 
O foco do primeiro é a expansão e a universalização dos serviços públicos, suas metas 
principais são de cobertura de atendimento por serviços de qualidade com custos módicos. 
O segundo Plano deverá ter foco principal nas metas de controle e redução da geração, 
de aumento da reciclagem, da compostagem e do aproveitamento energético, considerando 
uma gama mais ampla de resíduos. Evidentemente, os dois planos deverão dialogar 
permanentemente em razão das suas interfaces, sem, no entanto, se confundirem, pois têm 
papéis e abrangências diferenciadas. Parece conveniente que o acompanhamento da 
execução destes dois planos seja feito necessariamente por um único sistema nacional de 
informações, integrado com os sistemas estaduais de mesma natureza. Da mesma forma, 
será conveniente a integração e articulação dos esforços nos três níveis de governo quanto à 
capacitação tecnológica e técnica, ao desenvolvimento institucional e operacional e, 
sobretudo, dos recursos humanos. 
 
1.5.4 Planos e projetos de resíduos sólidos na Política nacional de Saneamento 
Básico 
 
A implementação de uma lei de diretrizes gerais que, em última instância, se dirige 
aos mais de cinco mil municípios brasileiros exige clareza de propósitos e firmeza nos rumos 
do governo federal e dos governos estaduais, porque além da finalidade de dar maior clareza 
às matérias que constituem as diretrizes gerais, o decreto deverá explicitar com clareza os 
condicionantes para que os municípios e estados tenham acesso aos recursos onerosos e não 
onerosos controlados pela União no detalhamento da política federal de Saneamento Básico. 
O desafio será saber equilibrar incentivos e restrições, criando um ambiente favorável 
ao desenvolvimento institucional do setor, particularmente quanto à elaboração democrática 
dos planos municipais e intermunicipais de Saneamento Básico e ao estabelecimento de 
mecanismos de controle e participação social no plano local ou regional. 
A existência do Plano Nacional de Saneamento Básico, com metas definidas, favorece 
uma cultura de desenvolvimento de planos e projetos por parte dos municípios com um eixo 
 
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metodológico orientado. Mecanismos estáveis de financiamento com fundos federais, 
orientados por regras coerentes, poderão impulsionar vigorosamente o cumprimento das 
metas estabelecidas para o País. 
Se assim não for, mais difícil será obter dos municípios que formulem, nos termos do 
art. 9º da Lei 11.445/07, sua política de Saneamento Básico, incluindo a elaboração do plano, 
a definição do(s) prestador(es) e das condições em que os serviços devem ser prestados e o 
estabelecimento dos mecanismos de controle social. E as consequências últimas do descaso 
com a lei serão os agravos já conhecidos à saúde pública e ao meio ambiente. 
A tarefa de aperfeiçoar a gestão dos serviços de manejo de resíduos sólidos está, 
portanto, na ordem do dia. Mesmo sem a aprovação do Projeto de Lei 1991/2007 que definirá 
a Política Nacional de Resíduos Sólidos, já é possível avançar muito, apoiado nas diretrizes 
estabelecidas pela Lei 11.445/2007, de Saneamento Básico, e nas disposições sobre os 
consórcios públicos e a gestão associada de serviços públicos contidas na Lei 11.107, de 2005. 
A vigência dessas leis, sinalizando novos tempos, precisa ser potencializada por um 
vigoroso esforço de divulgação e capacitação que impulsione a aplicação criativa dos seus 
conteúdos, especialmente no desenvolvimento da gestão institucional dos serviços de manejo 
de resíduos sólidos, combinado com um forte esquema de formação e capacitação profissional 
direcionadas aos aspectos tecnológicos. 
A gestão associada como instrumento de regionalização dos serviços públicos de 
manejo dos resíduos sólidos por meio de consórcios públicos permite racionalizar esforços, 
integrando o planejamento, a regulação e a prestação dos serviços, reduzindo custos 
operacionais e minimizando os valores dos investimentos, viabilizando a gestão técnica e a 
melhoria tecnológica e, consequentemente, a sustentabilidade dos serviços prestados com 
evidentes benefícios para a salubridade ambiental. 
Podem ser observadas duas tendências na formação de consórcios públicos com vistas 
à gestão dos serviços de manejo de resíduos sólidos. Uma primeira se caracteriza pelo 
agrupamento de alguns municípios vizinhos em torno da implantação e uso de uma mesma 
instalação, frequentemente de um aterro sanitário. Mais recentemente, com o apoio do 
Ministério de Meio Ambiente - MMA, vários estados estão realizando estudos de 
regionalização, com vistas a propor aos municípios esquemas de consorciamento otimizados 
territorialmente. 
Em qualquer hipótese, os consórcios desempenham importante papel político de 
fortalecimento da gestão municipal. Consorciados, os municípios se capacitam e se colocam 
em condição mais favorável no relacionamento com prestadores de serviço, fornecedores, 
 
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órgãos de meio ambiente e demais atores com interesse nos serviços de manejo de resíduos 
sólidos. 
Evidente que a negociação individual sobre custo de operação de um aterro para 7 
toneladas/dia, por exemplo, é diferente da negociação coletiva acerca de um ou mais aterros, 
totalizando 50, 300 ou 800 toneladas/dia. A inserção do estado como membro integrante do 
consórcio tem como objetivo propor um processo de regionalização inclusiva, que contemple 
todos os municípios que poderão se integrar ao Consórcio, de acordo com as suas 
características e necessidades. 
Os ganhos de escala potencializados pelo compartilhamento de instalações são 
indubitáveis, seja na implantação ou na operação e manutenção das mesmas. Estudos feitos 
em 2002 pelo MMA, em parceria com a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – Cetec-
MG e a Caixa Econômica Federal (CEF), atualizados em julho de 2008, demonstram que os 
custos per capita dos investimentos para a instalação de unidades de destinação final dos 
resíduos são inversamente proporcionais ao porte populacional. 
Entretanto, os ganhos de escala não se resumem ao compartilhamento de instalações. 
 Também a gestão dos serviços públicos, no exercício conjunto das atividades de 
planejamento, regulação, fiscalização e de controle social tenderá a se tornar mais eficaz e a 
custar menos quando se agrupam os municípios. 
O processo de capacitação e formação profissional dos agentes e atores que atuam 
na área – gestores, técnicos, servidores, catadores e usuários, é ainda incipiente, pontual e 
precária. 
Tanto os profissionais de nível superior como os técnicos e os operadores dos serviços 
se capacitam na lida do seu dia a dia. Só algumas empresas e autarquias de maior porte já 
possuem um sistema de recepção dos novos servidores e reciclagem do corpo de funcionários. 
Em gerala capacitação possui maior foco em segurança do trabalho. Quando 
realizados pelos próprios prestadores são cursos não regulares para o pessoal operacional, 
varredores, capinadores, coletores de lixo. 
É fato que algumas universidades e os centros tecnológicos brasileiros vêm ao longo 
das últimas décadas ministrando cadeiras sobre limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 
entretanto, tais iniciativas são ainda pouco numerosas e mais voltadas às questões 
tecnológicas. 
Mas, além desses cursos formais em instituições de ensino superior, algumas outras 
iniciativas vêm sendo desenvolvidas. 
Algumas experiências estão em desenvolvimento no âmbito do MMA, a exemplo do 
Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais (PNC/Sisnama), o Programa 
 
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Nacional de Apoio à Gestão Ambiental dos Municípios – ProGam, que realizou um abrangente 
curso sobre a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos – Girsu pelo Programa de 
Educação à Distância (EAD/Fiocruz), e os processos de construção das Agendas 21 locais. 
 
1.6 Política Nacional de Resíduos Sólidos 
 
No ano de 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, após uma longa 
espera e promovendo grande discussões com o envolvimento do poder público, da sociedade 
e do setor privado para consensuar a melhor condição para a gestão dos resíduos. 
A Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos PNRS, altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras 
providências. 
No artigo 4º as disposições gerais são: 
 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, 
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo 
Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito 
Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao 
gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. 
 
A PNRS (2010) moderniza ao integrar a Política Nacional de Meio Ambiente (1981), a 
Política Nacional de Educação (1999) e a Política Nacional de Saneamento Básico (2007) com 
a Lei que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos (2005). 
Outro ponto de modernização está em seus princípios de preservação e a precaução; 
o poluidor-pagador e o protetor recebedor; visão sistêmica na gestão dos resíduos sólidos, 
que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde 
pública; desenvolvimento sustentável; a eco eficiência, mediante a compatibilização entre o 
fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as 
necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do 
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de 
sustentação estimada do planeta; a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, 
o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; entre outros. 
Como instrumentos, o plano de resíduos sólidos destaca os inventários e o sistema 
declaratório anual de resíduos sólidos; a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e 
outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida dos produtos; o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de 
outras associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; o monitoramento e a 
 
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fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária; a cooperação técnica e financeira entre os 
setores público e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, 
processos e tecnologia de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e 
disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; a pesquisa científica e tecnológica 
entre outros. 
A logística reversa ganha destaque na PNRS, que instituiu o princípio da 
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa, como 
um de seus principais instrumentos. Conforme definição da PNRS, a logística reversa é um 
“instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, 
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao 
setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou 
outra destinação final ambientalmente adequada”, para ilustrar este ciclo de vida na Fig. 8, é 
possível observar o ciclo de logística reversa de defensivos agrícolas. 
 
 
Fig. 8 – Ciclo de logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas, seus 
resíduos e embalagens 
Fonte: PLANARE 
 
No art. 33 da PNRS, são obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística 
reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, conhecidos como grande 
geradores, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos 
resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: 
 
I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos 
cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as 
regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou 
regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama (Sistema 
Nacional do Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária) e do Suasa (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade 
Agropecuária), ou em normas técnicas; 
 
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II – pilhas e baterias; 
III – pneus; 
IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; 
V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; 
VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes; e 
VII – outros produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau 
e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos 
gerados, bem como sua viabilidade técnica e econômica. 
 
O acordo setorial para implantação do sistema de logística reversa de embalagens em 
geral foi assinado no dia 25 de novembro de 2015 e tem como objetivo garantir a destinação 
final ambientalmente adequada das embalagens. 
As embalagens objeto do acordo setorial são compostas de papel e papelão, plástico, 
alumínio, aço, vidro, ou ainda pela combinação destes materiais, como as embalagens 
cartonadas longa vida, por exemplo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1. 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 
REGULAMENTAÇÕES SOBRE OS RESÍDUOS 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Compreender o arcabouço legal sobre a gestão de 
resíduos, nas diferentes esferas e desenvolver habilidades de aplicação da legislação 
relacionadas com os resíduos. 
 
 
A gestão integrada do sistema de limpeza urbana no Município pressupõe, por conceito 
– e fundamentalmente –, o envolvimento da população e o exercício político sistemático junto 
às instituições vinculadas a todas as esferas dos governos municipais, estaduais e federal que 
possam nele atuar. 
A integração da população na gestão é realizada de duas formas: 
• participando da remuneração dos serviços e sua fiscalização; 
• colaborando na limpeza, seja reduzindo, reaproveitando, reciclando ou dispondo 
adequadamente o lixo para a coleta, seja mesmo não sujando as ruas. 
A colaboração da população deve ser considerada o principal agente que transforma 
a eficiência desses serviços em eficácia de resultados operacionais ou orçamentários. A 
população pode ser estimulada a reduzir a quantidade de lixo e tornar a operação mais 
econômica. 
As ações que tornam o sistema de limpeza urbana excelente e a população 
colaboradora formam um poderoso binário capaz de solucionar os principais problemas 
vinculados ao sistema de limpeza urbana. Essas ações, que atuam no desenvolvimento

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