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ECONOMIAPOLÍTICA

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSOR
Dr. Daniel Eduardo dos Santos
Economia 
Política
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head 
de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e 
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Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. SANTOS, Daniel Eduardo 
dos.
Economia Política.
Daniel Eduardo dos Santos.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
224 p.
“Graduação - EaD”. 
I. Título. 
CDD - 22 ed. 342.08 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-566-1
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfi co e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Produção Digital
Fotos
Shutterstock
FICHA CATALOGRÁFICA
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profi ssional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profi ssionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Reitor
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profi ssionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre 
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
Dr. Daniel Eduardo dos Santos
Economia trata sempre sobre a batalha da humanidade 
para obter a felicidade em um mundo cheio de limitações. 
Muito pouco tempo e recursos estão disponíveis para fa-
zer tudo o que desejamos. E coisas como a cura do câncer 
são ainda impossíveis porque as tecnologias necessárias 
não foram ainda desenvolvidas.
Elas olham para o que têm e o que podem fazer com 
aquilo, tomando as medidas para se certifi car de que - se 
não se pode ter tudo - pelo menos terão tanto quanto 
possível.
Fazer trade-off s – escolhas – é fundamental. Porque você 
não pode ter tudo, você tem que fazer escolhas. Por 
exemplo, você tem que escolher se quer economizar ou 
gastar, se quer permanecer na escola ou começar um 
trabalho, e se o governo deve gastar mais dinheiro em 
educação primária ou na pesquisa do câncer.
A escolha é uma parte essencial da vida no dia-a-dia. A 
ciência que estuda como as pessoas realizam suas op-
ções - economia - é imprescindível se você quer realmente 
entender o ser humano, tanto como indivíduos e como 
membros de maiores agregados humanos.
Infelizmente, porém, a economia tem sido tipicamente 
explicada de forma tão pobre que as pessoas a descartam 
como jargão impenetrável ou fi cam travadas no conceito 
de que - apesar de tudo, se a economia é difícil de enten-
der, ele deve ser importante, certo?
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Nós escrevemos este livro, no intuito de que você possa entender para que 
serve a economia - uma ciência séria que estuda um assunto sério e tem de-
senvolvido seriamente alguns modos eficazes para explicar o comportamento 
humano no (mais sério ainda) mundo real. Leia este livro para entender mais 
sobre as pessoas, governo, relações internacionais, empresas, o direito, e até 
mesmo as questões ambientais como o aquecimento global e espécies amea-
çadas de extinção. Economia toca em quase tudo, de modo que os retornos 
sobre a leitura deste livro são enormes.
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1
3
5
2
4
ECONOMIA: 
ORIGEM,
CONCEITOS 
FUNDAMENTAIS, 
PROBLEMAS E 
TEMAS RELEVANTES
9
ECONOMIA E O 
FUNCIONAMENTO 
DO MERCADO
57
ECONOMIA E 
DIREITO
119
EVOLUÇÃO DO 
PENSAMENTO 
ECONÔMICO
31
OFERTA E 
PROCURA, PRECOS 
E EQUILÍBRIO DE 
MERCADO
83
6
8
7
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
MERCADO: 
FUNDAMENTOS 
JURÍDICOS E 
DEFESA DA 
CONCORRÊNCIA
137
ATIVIDADE 
ECONÔMICA 
NACIONAL
193
CONCORRÊNCIA
163
Economia: 
Origem, conceitos 
fundamentais, 
problemas e 
temas relevantes
Dr. Daniel Eduardo dos Santos
• Compreender o que é a economia e sua fi nalidade
• Aprender que a economia está associada com a capacidade e a 
liberdade de escolha das pessoas.
• Compreender a diferença entre macro e microeconomia.
UNIDADE 1
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O QUE É A ECONOMIA?
O entendimento da maioria dos problemas econômicos discutidos na mídia 
e na política requer o conhecimento de apenas os princípios mais básicos da 
economia e ainda estes princípios são desconhecidos para a maioria do público, 
e que são largamente ignorados pelos políticos e jornalistas, e até mesmo por 
muitos estudiosos fora do campo da economia.
Os princípios da economia são aplicados em todo o mundo e assim acontece 
ao longo de milhares de anos da história registrada. Eles se aplicam em muitos 
tipos diferentes de economias - capitalista, socialista, feudal, ou outra qualquer, 
e entre uma grande variedade de povos, culturas e governos. Políticas que con-
duziram a elevação dos níveis de preços sob o governo de Alexandre, o Grande, 
conduziram a crescentes níveis de preços na América, milhares de anos depois. 
Leis de controle de aluguel levaram a um conjunto muito semelhante de conse-
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quências no Cairo, Hong Kong, Estocolmo, Melbourne, e Nova Iorque. Assim 
também existem políticas agrícolas semelhantes na Índia e nos países da União 
Europeia.
Diferenças nas práticas econômicas de um país para outro são também re-
veladoras. Haviam razões econômicas para que empresas de manufatura nos 
tempos da extinta União Soviética mantinham estoques quase suficientes para 
durar um ano, enquanto os estoques de suprimentos em algumas empresas ja-
ponesas como a Toyota são apenas o suficiente para durar uma questão de horas, 
com peças e equipamentos chegando à fábrica em vários momentos durante o 
dia, para ser descarregado a partir de caminhões e instalado imediatamente em 
carros enquanto eles estão sendo montados. Ambas as políticas de estoque são 
muito diferentes e tem uma base racional, dadas os muito diferentes tipos de 
sistemas econômicos em estavam inseridos.
Economia é mais do que apenas uma maneira de ver padrões ou para desven-
dar anomalias intrigantes. Sua preocupação fundamental é com o padrão de vida 
material da sociedade como um todo e como é afetado por decisões particulares 
feitas por indivíduos e instituições. Uma das maneiras de fazer isso é olhar para 
as políticas econômicas e sistemas econômicos em termos dos incentivos que 
criam, ao invés de simplesmente os objetivos que perseguem. Isto significa que 
as consequências são mais importantes do que intenções, e não apenas as con-
sequências imediatas, mas também as repercussões no longo prazo referente as 
decisões, políticas e instituições.
Nada é mais fácil do que ter boas intenções, mas, sem uma compreensão de 
como uma economia funciona, boas intenções podem levar a consequências 
desastrosas para toda uma nação. Muitos, se não a maioria dos desastres eco-
nômicos, ter sido resultados de políticas destinadas a serem benéficas e esses 
desastres muitas vezes poderiam ter sido evitados se aqueles que originaram e 
apoiaram tais políticas entendesse a economia.
Muitas pessoas concordam sobre a importância da economia, mas saber so-
bre o que ela realmente trata está ainda limitado a poucas delas. Entre os equívo-
cos da economia é imaginar que refere-se a algo que lhe diz como fazer dinheiro 
ou como executar um negócio, ou ainda prever os altos e baixos do mercado de 
ações. Mas a economia não trata sobre finanças pessoais ou administração de 
empresas, e ainda previsão dos altos e baixos do mercado de ações.
Para saber o que é a economia, precisamos primeiro entender sobre o que 
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ela trata. Talvez a maioria de nós pense que uma economia é um sistema de 
produção e distribuição de bens e serviços que utilizamos no dia a dia. Isto é 
em parte verdade, mas não está suficientemente profundo. O Jardim do Éden 
era um sistema de produção e distribuição de bens e serviços, mas não era uma 
economia, porque tudo estava disponível com abundância ilimitada. Sem es-
cassez, não há necessidade de economizar, portanto, não há economia. (BEGG, 
FISCHER e DORNBUSCH, 2003, p. 2) traz a clássica definição de economia, 
dizendo que “A economia é o estudo de como a sociedade decide o que, como e 
para quem produzir”, algo muito semelhante ao exposto por (MANKIW, 2005, 
p. 4), que informa que “a economia é o estudo de como a sociedade administra 
seus recursos escassos.”.
Finalmente, (ROSSETTI, 2003, p. 30) apresenta que “genericamente, a eco-
nomia centra sua atenção nas condições de prosperidade material, na acumula-
ção da riqueza e em sua distribuição aos que participaram do esforço social de 
produção.”
Em outras palavras, economia estuda as consequências das decisões que são 
feitas sobre o uso da terra, capital, trabalho e outros recursos que vão para pro-
duzir o volume de produção que determina um padrão de vida do país. Essas 
decisões e suas consequências podem ser mais importantes do que os próprios 
recursos, pois há países pobres com ricos recursos naturais e países como Japão 
e Suíça, com relativamente poucos recursos naturais, mas com padrões de vida 
elevados. Os valores de recursos naturais per capita no Uruguai e Venezuela são 
várias vezes maiores que aqueles recursos naturais existentes no Japão e na Suíça, 
mas a renda per capita no Japão e na Suíça é o dobro do Uruguai e várias vezes 
maior do que na Venezuela.
Escassez
Em um mundo de produtos e serviços ilimitados não precisaria de cursos 
de economia. Todo mundo seria capaz de comprar tanto quanto gostaria, sem 
qualquer necessidade de pensar sobre o que eles poderiam realmente pagar. No 
mundo real, somos obrigados a fazer escolhas econômicas a cada dia de nossas 
vidas. Para a maioria de nós são questões triviais, enquanto para outros, pode ser 
uma questão de vida e morte:
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As decisões sem importância:
Podemos dar ao luxo de comprar um jornal de hoje?
Podemos nos dar ao luxo de parar no Drive Thru para um pegar um sanduí-
che, bebida e sobremesa? Podemos justificar o gasto de R$800 apenas no ingresso 
para ver aquele bluesman em uma casa de shows daqui a algumas semanas?
As decisões importantes:
Devemos sempre lembrar que para outras pessoas no mundo, essas decisões 
são muito mais importantes.
Deve um pensionista com um baixo rendimento gastar seus últimos R$25 
deste mês para pagar a eletricidade ou comprar comida?
Deveria uma família na África subsaariana assumir o risco de beber água 
altamente poluída?
As decisões que influenciam esses resultados não são apenas as decisões de 
indivíduos, ou das empresas industriais ou agrícolas, ou mesmo das políticas 
dos governos. Entre as principais decisões que afetam os resultados econômicos 
estão as decisões sobre que tipos de instituições duradouras uma sociedade pos-
sui para tomar essas decisões, que tipo de sistema econômico, operando dentro 
de que tipo de sistema legal, e controlado por que tipo de sistema político. Ao 
analisar todas essas decisões e examinar a evidência das suas consequências, é 
fundamental ter em mente em todas as vezes que os recursos são tanto escassos 
quanto têm usos alternativos. Quando um político promete que suas políticas 
irão aumentar a oferta de alguns bens ou serviços desejados, a pergunta a ser feita 
é: Isto custará a redução de que outros bens e serviços?
O que a palavra “escasso” significa? Queremos que você perceba que Isso 
significa que o que todo mundo quer mais do que existe
disponível. Estamos 
dizendo é que não existem soluções fáceis, tipo “ganha-ganha”, mas uma séria e 
por vezes dolorida necessidade de escolha. Isto pode parecer uma coisa simples, 
mas suas implicações são muitas vezes mal compreendidas, mesmo por pessoas 
altamente educadas. 
Por exemplo, em seu artigo on-line a articulista Suely Caldas, expõe que:
O País inteiro comemora a ascensão de 35 milhões de brasileiros pobres à 
nova classe média. Na contabilidade da Secretaria de Assuntos Estratégicos, essa 
parcela do estrato social soma hoje 105 milhões de pessoas, um salto de 38% 
para 53% da população nos últimos dez anos. Comprar uma casa, um carro, 
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uma televisão moderna, matricular o filho em escola privada, ter um plano de 
saúde, tudo isso deixou de ser sonho e virou realidade. E aí começaram outros 
problemas. (CALDAS, 2012)
Ela desenvolve ainda mais este conceito, afirmando que: 
Nestes dez anos o País não se preparou para suprir as demandas e aspirações 
desses 35 milhões de brasileiros. Na educação e na saúde, o descompasso está 
mais concentrado em cidades populosas, sobretudo as capitais, onde o déficit 
de escolas e hospitais públicos é elevadíssimo. Na educação, nem tanto: as es-
colas públicas são mal aparelhadas, alunos passam semanas sem aulas porque 
professores fazem greves, mas há vagas disponíveis. Com isso a migração para 
a escola privada não foi espetacular: nos últimos dez anos o número de alunos 
dos ensinos fundamental e médio matriculados na rede privada cresceu pouco, 
de 11% para só 16% do total.
Mas na saúde o déficit de hospitais se agigantou, pressionado pelo aumento 
do número de trabalhadores com carteira assinada, que, com sua família, passa-
ram a usufruir de algum plano de saúde. Segundo a Agência Nacional de Saúde 
(ANS), hoje quase 60 milhões de brasileiros são atendidos por médicos e hospi-
tais privados, mas o número de leitos, centros cirúrgicos e laboratórios estacionou 
ou cresceu muito pouco, gerando dilemas em que, dependendo do plano, virou 
rotina o usuário esperar semanas por uma cirurgia de urgência e meses para 
ter seu pedido de tomografia atendido. Médicos contam ser comum hoje fazer 
cirurgias de madrugada. (CALDAS, 2012)
Em suma, os desejos da nova classe média brasileira exceder o que pode os 
fatores de produção, combinados em determinado momento, puderem produzir. 
Considere-se especialmente o fato de que a dita elevação de classe social, que 
deveria significar acesso a produtos e serviços diferenciados daqueles até então 
usufruídos, não ocorreu plenamente, a despeito do fato de hoje recursos finan-
ceiros estão disponíveis. O arranjo produtivo deficitário deixa um recado claro: 
nunca houve o suficiente para satisfazer a todos completamente. Isto é restrição 
real. Isto é o que significa escassez.
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Figura 1 Desenvolvimento Recente dos Indicadores de Pobreza e Desigualdade de Renda. 
Fonte: (BRASIL, 2012, p. 43)
Figura 2 Evolução Real do Salário Mínimo. 
Fonte: (BRASIL, 2012, p. 44)
Se você considerar o quanto o Brasil evoluiu economicamente e como mui-
tos produtos e serviços tornaram-se acessíveis a uma população maior, quando 
comparado a alguns anos atrás, esta reflexão referente às necessidades, desejos e 
possibilidades torna mais clara a concepção de escassez e do custo de oportuni-
dade, que veremos em breve.
Em suma, os desejos da classe média excedem ao que pode hoje efetivamente 
pagar com tranquilidade, apesar de que estes seriam considerados inacreditavel-
mente prósperos. Inacreditável quando comparados com sua própria realidade 
de poucas décadas atrás, ou ainda com pessoas de muitos outros países ao redor 
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do mundo, ou até mesmo por gerações anteriores de brasileiros. 
Muitos sequer elaboram orçamentos domésticos para avaliar sua capacidade 
de consumo e poupança, pois isto seria excessivamente técnico (apesar da sim-
plicidade da ferramenta orçamentária). Quando um orçamento não consegue 
determinar seus limites, a realidade a força a considerá-los. Dívidas com cartões 
de crédito, financiamentos, serviços de proteção ao crédito, pagamentos em car-
tórios e outros jargões dos endividados são comumente ouvidos quando pessoas 
e empresas não consideram sua real capacidade de geração recursos frente à 
vontade ou necessidade de dispender tais recursos. 
Embora a evolução do salário mínimo real indique um aumento de mais de 
57 por cento em oito anos, as famílias de classe média tiveram que trabalhar duro 
para seus modestos ganhos. 
Independentemente de nossas políticas, práticas ou instituições – sejam estas 
sábias ou imprudentes, nobre ou ignóbil – simplesmente não há o suficiente para 
satisfazer todos os nossos desejos ao máximo. “As necessidades não satisfeitas” são 
inerentes a estas circunstâncias, quer tenhamos uma economia do tipo capitalista, 
socialista, feudal, ou outro qualquer. Estes vários tipos de economias são apenas 
diferentes formas institucionais de fazer trade-offs (escolhas), que são inevitáveis 
em qualquer economia.
Os fatores de produção
Então, se a economia é sobre alguma coisa, é sobre a escassez. A maioria de 
nós tem desejos quase ilimitados que são satisfeitos por quantidades cada vez 
maiores de gastos. No entanto, se você olhar ao redor você verá rapidamente que 
o mundo tem recursos muito limitados. Os economistas têm um termo para esses 
recursos. São chamados de “fatores de produção”. Estes são os seguintes:
a) Terra e matérias-primas
Um exemplo perfeito é o petróleo. Este é um recurso finito, onde a demanda 
de cada vez maiores economias industrializadas é muito superior à oferta dis-
ponível durante o primeiro semestre de 2008. O resultado foi um forte aumento 
dos preços do petróleo.
b) Trabalho
O tamanho e as habilidades da força de trabalho disponível são sempre um 
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recurso limitado. Por que estrelas do esporte e artistas da música ganham tanto? 
A resposta é simples. Eles são um recurso escasso e assim eles podem exigir um 
prémio salarial enorme para os seus serviços.
c) Capital
Isso se refere à disponibilidade de unidades fabris, máquinas industriais e 
infraestrutura de transportes que são todos os componentes vitais do processo 
de produção. O que seria a contratação de 100 pessoas e de compra em todos 
os componentes necessários para fazer um carro se você não tem as fábricas e 
as máquinas necessárias disponíveis? A empresa tem de levantar fundos para 
financiar o desenvolvimento de um complexo industrial.
A economia não é apenas sobre como lidar com a produção existente de 
bens e serviços como consumidores. É também, e mais fundamentalmente, so-
bre a produção daquele volume com escassos recursos, transformando insumos 
em produção. Não apenas a escassez mas também os usos alternativos estão no 
coração da economia. Se cada recurso tivesse somente um uso, um uma única 
forma de aplicação ou destino, a economia seria muito mais simples. Mas a água 
pode ser usada para produzir gelo ou vapor, ou ainda em misturas inumeráveis 
e compostos em combinação com outras coisas.
Nitroglicerina é um explosivo potente, mas é também usada clinicamente 
para aliviar dores no peito. Da mesma forma, a partir do petróleo não vem ape-
nas gasolina, querosene e óleo combustível, mas também materiais plásticos e 
vaselina. Minério de ferro pode ser utilizado para produzir produtos de aço que 
vão de clipes de papel a automóveis, até em estruturas para arranha-céus.
Quanto de cada recurso deve ser alocado a cada um dos seus muitos usos? 
Cada economia tem de responder a essa pergunta, e cada um faz, de uma forma 
ou de outra, de forma eficiente ou ineficiente. Fazer isso de forma eficiente é sobre 
o que trata a economia. Diferentes tipos de economias são essencialmente formas 
diferentes de tomada de decisões sobre a alocação de recursos escassos, e essas 
decisões têm repercussões sobre a vida de toda a sociedade. Durante os dias da 
União Soviética, por exemplo, as indústrias desse país usavam mais
eletricidade 
do que as indústrias do ocidente, apesar de indústrias soviéticas produzirem 
quantidades menores quando comparadas às indústrias americanas, por exem-
plo. Mais de aço, cimento e outros recursos utilizados para a produção de um 
determinado produto, gerando o mesmo resultado na antiga União Soviética do 
que em países como o Japão ou a Alemanha. Tais ineficiências em transformar 
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insumos em produtos eram refletidos em um menor padrão de vida, ainda que 
se tratasse de um país rico em recursos naturais, e eventualmente mais rico do 
que qualquer outro país do mundo. A Rússia é, exemplificando, uma das poucas 
nações industriais, que produz mais petróleo do que consome. Mas a abundância 
de recursos não cria automaticamente uma abundância de bens.
No início do século vinte a China consumia sete vezes mais energia do que 
tem sido usado para produzir um mesmo bem quando comparado ao Japão. 
Aqui, novamente, grandes diferenças na eficiência fizeram com enormes dife-
renças nos padrões de vida de milhões de seres humanos. Eficiência na taxa de 
produção, a relação na qual os insumos são transformados em produtos não é 
apenas um tecnicismo que alguns economistas insistem em falar. Ela afeta a vida 
de toda a sociedade. Ao visualizar este processo, ajuda a pensar sobre a realidade 
das coisas, vendo o minério de ferro, petróleo, madeira e outros insumos que en-
tram no processo de produção, assim como os alimentos, os móveis e automóveis 
que saem do outro lado, em vez de pensar em decisões econômicas como sendo 
simplesmente decisões sobre dinheiro.
As escolhas econômicas e seu impacto
Com todos os três fatores de produção, você pode ver que o mecanismo de 
preços desempenha um papel fundamental na decisão sobre que bens e serviços 
serão produzidos. Assim, quando os preços do petróleo sobem, as companhias 
de petróleo vão realizar novos projetos de exploração ao redor do mundo para 
descobrir novos fontes de fornecimento. Da mesma forma como os salários pagos 
aos astros do futebol do campeonato inglês ou espanhol sobe, este atua como um 
incentivo para os melhores jogadores de todo o mundo para se juntarem a um 
time do futebol daqueles países. Finalmente, se o consumidor decide que ele quer 
comprar carros menos poluentes, os fabricantes vão mudar rapidamente a produ-
ção para os veículos com menos emissões de dióxido de carbono. O mecanismo 
de preço é central para conduzir as mudanças na gama de produtos e serviços que 
estão sendo oferecidos. Com o ritmo de desenvolvimento tecnológico ficando 
cada vez mais rápido, a gama de produtos com melhorias oferecidos acontece 
quase diariamente.
Um bom exemplo é o desenvolvimento do mercado de televisão. Como al-
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guém nascido na década de 1970, praticamente só assisti TV em uma tela preto-e-
-branco, com apenas três canais disponíveis. Chegávamos da igreja no domingo e 
ligávamos a TV, que depois de alguns minutos, após aquecer, produzia lentamen-
te uma imagem crescente a partir do centro da tela. A primeira vez que vi as cores 
em uma televisão foi na década de 80, quando meu pai resolveu assistir os jogos 
a Copa do Mundo de 1982, vendo – e não imaginando – o verde dos gramados.
Em anos mais recentes, vimos o aparecimento de TV digital e 
pouco antes das TV por satélite, assim como telas de alta definição.
O consumidor de TV agora tem muito mais opções em termos de número 
de canais do que pode realmente assistir, assim como muitas opções quanto a 
forma como eles escolhem visualizá-las. Esta situação surgiu por causa de uma 
multidão de decisões econômicas tomadas por consumidores (o que quer as-
sistir), fabricantes (que bens e serviços que eles querem produzir) e do governo 
(como ele regula o mercado).
(...)“o mecanismo de preços desempenha um papel 
fundamental na decisão sobre que bens e serviços serão 
produzidos”(...)“
Tome a TV por assinatura, por exemplo, hoje apresenta um número de do-
micílios com TV paga no Brasil chegando a 16,7 milhões de domicílios, o que 
representa 53,3 milhões de pessoas, pagando de R$39,90 a R$299,90 por mês. 
Os economistas argumentam que este é um exemplo clássico de gastos discricio-
nários no sentido de que não é uma necessidade da vida. Isto está em contraste 
com as coisas mais básicas, como comida e roupas. Podemos assistir uma partida 
de futebol ao vivo na TV grande, mas nós não precisamos vê-lo. Na esteira da 
crise de crédito de 2008 esta é muito o tipo de despesa que o consumidor pode 
optar por cortar. Se o fizessem, haveria um impacto profundo sobre a economia.
Aqui são apenas três exemplos de como isto aconteceria. 
O valor da operadora de TV por assinatura, como uma empresa, pode cair 
drasticamente. Ele faz a maior parte de seu dinheiro através assinaturas. Tire um 
número significante de assinantes e os lucros da empresa entrarão em colapso. 
Como o preço da ação da empresa é impulsionada pela rentabilidade do negócio, 
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o valor do preço de suas ações seria muito menor.
Consequentemente o valor dos negócios esportivos para TV seriam também 
menores. Os valores negociados para o Brasileirão 2013 devem ultrapassar R$ 
1,1 bilhão. Caso houvesse redução no faturamento pela redução de assinaturas, 
o próximo contrato valeria muito menos.
Os salários de jogadores de futebol do Campeonato Brasileiro seriam redu-
zidos. O seu valor deve muito ao valor dos contratos de TV. Haveriam alguns 
Prose, Ferraris e Land Rovers de segunda mão à venda!
Embora a palavra “economia” signifique – de forma simplista – dinheiro para 
algumas pessoas, para a sociedade como um todo dinheiro é apenas um dispo-
sitivo artificial para se geração a produção. De outra forma, o governo fazer-nos 
todos nós ricos, simplesmente imprimindo mais dinheiro. Não é o dinheiro, mas 
o volume de bens e serviços que determina se um país é atingido pela pobreza 
ou se goza de prosperidade.
Economia não trata sobre o destino financeiro de indivíduos ou empresas em 
particular. Trata do bem-estar material da sociedade como um todo. Quando os 
economistas analisam preços, salários, lucros, ou o saldo do comércio interna-
cional, por exemplo, é do ponto de vista de como as decisões em várias partes da 
economia afetam a alocação de recursos escassos de uma maneira que aumenta 
ou diminui o padrão material de vida das pessoas como um todo.
Economia não é simplesmente um tema sobre o qual expressamos opiniões 
e expomos emoções. É um estudo sistemático do que acontece quando você faz 
as coisas específicas de maneiras específicas. Na análise econômica, os métodos 
usados por um economista marxista como Oskar Lange não diferem fundamen-
talmente em qualquer aspecto dos métodos utilizados por um economista con-
servador como Milton Friedman. São sobre estes princípios econômicos básicos 
que este livro trata.
O custo de oportunidade
Isso nos leva a um outro conceito-chave na economia, o custo de oportunida-
de. De forma simplificada, isso significa que o custo de selecionar uma opção em 
detrimento de outra. Se cancelarmos a nossa assinatura de TV nós poderíamos 
gastar o dinheiro assistindo esporte ao vivo ou mesmo jogando-o. Da mesma 
UNICESUMAR
21
forma, se uma empresa produz cosméticos isso pode ser à custa de não fabricação 
de roupas. Se você está cursando o ensino superior, você está enfrentando um 
custo de oportunidade de não trabalhar ou, ainda de não descansar o terceiro 
período, como boa parte da humanidade abastada. Este sacrifício financeiro será 
considerável no curto prazo. Esperamos que, no longo prazo, o maior salário que 
você receberá como graduado vai mais do que compensar este custo.
Foi um perfeito exemplo do custo de oportunidade em ação em 2008. Devi-
do a pressões ambientais, os agricultores americanos foram incentivados a usar 
suas fazendas para o cultivo de grãos como colza ou milho, para serem usados 
na produção de biocombustíveis. No entanto, como os preços dos alimentos 
aumentaram fortemente, os governos de todo o mundo começaram
a questionar 
esta estratégia e, assim voltaram a incentivá-los a retornar para a produção de 
alimentos. Pode ser bom para o futuro do planeta utilizar menos combustíveis 
fósseis, mas talvez não se for à custa de ainda gente do mundo passando fome. 
Como dissemos no início a economia é feita de escolhas.
Micro e macroeconomia
Assim, em um mundo de escassez, a economia é o sujeito que analisa as esco-
lhas que os governos, empresas e pessoas comuns fazem todos os dias. É normal 
dividir a maioria dos cursos de economia e livros em duas seções, abrangendo 
micro e macroeconomia.
Microeconomia cobre todos os aspectos que lidam com o comportamento de 
indivíduos e empresas, e como os economistas tentam explicar a forma pela qual 
os mercados operam. Ela nos mostra como a oferta e demanda de um determinado 
bem ou serviço determina o seu preço. O estudo microeconômico nos permitirá 
ter uma melhor compreensão de toda uma gama de assuntos, e todas as maneiras 
pelas quais um determinado alimento pode ser mais caro em uma loja do que em 
outra, assim como aquilo que determina o valor das ações de uma empresa. 
Macroeconomia lança um olhar sobre a economia como um todo. Nos as-
suntos analisados neste livro que você vai ver que os macroeconomistas estão 
interessados no número total de desempregados nos Brasil ou na Grécia, ou 
ainda no nível geral de inflação na China. Em essência, eles estão preocupados 
com uma abordagem dos dados agregados.
UNIDADE 1
22
Reflita
Comida
Titãs
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que? ...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que? ...
A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que? ...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
A gente não quer só comer
A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
UNICESUMAR
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Prá aliviar a dor...
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade...
Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade... 
Sugestão de vídeo
Filme: Tubarão (1975) 
Uma jovem mulher é atacada por um tuba-
rão e seu corpo é levado pela correnteza para 
uma das praias de uma ilha de veraneio chamada 
Amity. O chefe de polícia Brody (Roy Scheider) 
quer fechar as praias, mas encontra resistência 
do prefeito da cidade, que está preocupado com 
o impacto negativo sobre os negócios da ilha. O 
tubarão faz mais vítimas. Um especialista em tu-
barões de fora da cidade, Matt Hooper (Richard 
Dreyfuss) aparece. Ele e Brody compartilham o 
desejo de pegar o tubarão, e assim a sua amizade 
desenvolve. A cidade oferece um prêmio para o 
pescador que pegar o Grande Branco, que conti-
nua a aterrorizar os oceanos. Enquanto numerosos pescadores tentar capturá-lo, 
apenas Quint (Robert Shaw) sabe o suficiente sobre os tubarões e tem o equipa-
mento necessário para ser um sério candidato ao prêmio. Um dia, ele combina 
juntamente com Brody e Hooper, uma estratégia para enfrentar o tubarão. Uma 
batalha tensa em mar aberto acontece e nem todos retornam.
UNIDADE 1
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Saiba mais
Conceitos econômicos em Tubarão
Cena 4 (00:00 - 02:09) / 11:21-13:30 Minutos
Os preparativos para o desfile de 04 de julho estão em pleno andamento na 
Ilha Amity, e moradores da cidade aguardam ansiosos a invasão de turistas que 
saem das balsas, vindos do continente. Seu humor é resultado da expectativa de 
um verão de sucesso, em que um grande número de turistas gastam uma grande 
quantidade de dinheiro em empresas locais. Neste perfeito dia de verão, parece 
que nada pode esfriar a alegria do povo. Isto porque eles não sabem sobre o 
ataque de tubarão.
O chefe de polícia Brody sabe. Ele acabou de retornar de ver os restos da 
vítima do ataque ocorrido na noite anterior, e não há nenhuma dúvida em sua 
mente: os banhistas devem ser alertados do perigo que espreita ao largo da cos-
ta. Eles devem ser mantidos fora da água até que o tubarão assassino seja preso. 
Brody é um homem cuidadoso, avesso ao risco, então ele instrui seu pessoal para 
fixar cartazes de “Proibir Nadar” ao longo das praias. Mas quando prefeito da Ilha 
Amity percebe o que o chefe de polícia pretende fazer, sua reação é imediata e 
inequívoca. Com claro senso de urgência, ele procura Brody por toda a cidade. 
Ele quer evitar o fechamento de praia, pois ele acredita que isso levaria a um 
desastre econômico.
O prefeito explica que Amity Island é um destino turístico e, como tal, seus 
moradores dependem de gastos de turistas. Ele quer dizer que a maioria dos mo-
radores trabalha na indústria do turismo. Eles possuem pensões ou hotéis, assim 
como restaurantes e cafés. Eles operam bares à noite, vendem protetor solar na 
farmácia, alugam seus barcos para viagens de pesca, e os táxis ficam ocupados 
toda a estação. Respondendo a incentivos econômicos, eles desenvolveram suas 
empresas para atender aos turistas. Se as praias fecham, a história do ataque 
mortal vai se espalhar e haverá pânico. Turistas que já estão na ilha irão embora 
rapidamente enquanto aqueles que ainda estão para chegar cancelarão suas re-
servas e farão planos alternativos. Sem os dólares dos turistas, os moradores da 
ilha não terão nenhuma receita ou rendimento. E uma vez que seus negócios são 
sazonais, eles não têm possibilidade de recuperar suas perdas durante o inverno. 
Uma diminuição dos níveis de vida paira em seu futuro.
Por todas estas razões, o prefeito acredita que ele está agindo no melhor inte-
UNICESUMAR
25
resse da cidade quando ele insiste em manter as praias abertas (ele também está 
agindo em seu próprio interesse, uma vez que com uma população da cidade 
descontente, desempregada, e pobre é improvável que esqueçam seus problemas 
no momento da reeleição). O prefeito está se comportando de forma racional.
Mas Brody também está agindo racionalmente quando ele sugere que o fe-
chamento das praias. A imagem de partes decepadas do corpo da vítima do 
tubarão ainda está vivida em sua mente. Ele sabe aquelas mordidas enormes não 
foram feitas por um filhote de tubarão, mas sim por um enorme predador que, 
tendo provado o sangue, é muito provável que ataque novamente. Esta realidade 
leva Brody se concentrar em prevenir tragédias adicionais. Como o prefeito, ele 
também está considerando as implicações econômicas como ele imagina que 
dois ataques de tubarão serão mais prejudiciais para a cidade do que um. Brody 
está considerando as implicações a longo prazo de ataques de tubarão, enquanto 
o prefeito está pensando a curto prazo, ou seja, o fim de semana do feriado.
E assim, dois homens racionais, ambos alegando representar os melhores 
interesses da Ilha Amity, enfrentam-se tendo como pano de fundo enseadas bu-
cólicas e crianças que brincam espirram inocentemente em águas rasas. Como 
eles reconciliam suas diferenças?
O impasse é quebrado quando o médico da cidade entra na história. Este pe-
queno homem de óculos é o médico que realizou a autópsia na vítima de tubarão, 
o mesmo que observou a mordida maxilar de grandes dimensões que deixou 
sua marca
sobre a vítima. Sob pressão do prefeito, o mesmo médico mudou de 
posição e está dizendo que a jovem morreu em um acidente de barco. Em face 
da pressão unidos como dos cidadãos mais eminentes da cidade, Brody recua e 
concorda em manter as praias abertas.
A aliança duvidosa entre o prefeito e o médico, além de pressionar Brody, 
serviu para suprimir, manipular e alterar informações. Tanto aos habitantes da 
cidade quanto aos turistas são negadas informações para fundamentar sua de-
cisão de nadar no oceano. Como se percebe, o controle da informação não foi 
possível por muito tempo em Tubarão. Sob um enorme outdoor com publicidade 
das praias da Ilha Amity, um brincalhão atraiu para fora da água a barbatana de 
tubarão, deixando clara a informação sobre os perigos das praias da cidade.
UNIDADE 1
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Leitura Complementar
Freakonomics. Essa nova edição revista, 
atualizada e ampliada do best-seller internacio-
nal traz as seguintes novidades, além do texto 
totalmente revisado. O artigo original de auto-
ria de Stephen Dubner sobre Steven Levitt, que 
gerou a ideia deste livro, publicado na revista do 
The New York Times. Sete colunas Freakonomi-
cs escritas para a revista do The New York Times 
e publicadas entre agosto de 2005 e abril de 2006.
O casamento é um negócio misterioso e 
muitas vezes irracional. Fazê-lo dar certo “até 
que a morte os separe” ou apenas até o final da 
semana nem sempre é uma tarefa fácil.
Nesta obra, Jenny Anderson e Paula Szu-
chman demonstram inúmeros fatores que in-
fluenciam de forma negativa os negócios de 
uma empresa e também a vida a dois, como, por 
exemplo, o excesso de confiança - nos negócios, 
ela impede que CEOs de grandes corporações se 
planejem para o pior por se acharem inteligentes 
demais, e no casamento, dificulta que alguns ca-
sais percebam como importantes mudanças no 
dia a dia do casal podem influenciar de forma 
negativa a vida a dois, tais como um emprego em 
tempo integral ou a chegada de um bebê.
As autoras mostram ainda como utilizar teo-
rias e regras simples de economia para resolver problemas comuns no cotidiano 
de um casal. Combinando as principais razões para o divórcio com falhas co-
muns no mundo dos negócios, este livro ensina os leitores a lidar com negocia-
ções práticas e soluções lógicas para minimizar conflitos e maximizar os retornos 
desse grande investimento na vida que é o casamento.
UNICESUMAR
27
Considerações finais
Embora haja controvérsias em economia, como há na ciência, isso não signi-
fica que os princípios básicos da economia são apenas uma questão de opinião, 
mais do que os princípios básicos da química ou da física também não se referem 
unicamente a uma questão de opinião. Análise de Einstein sobre a física, por 
exemplo, não era apenas a opinião de Einstein, como o mundo descobriu em 
Hiroshima e Nagasaki. Reações econômicas podem ser não ser tão espetaculares 
ou tão trágicas um determinado dia comum, mas a depressão mundial dos anos 
1930 mergulhou milhões de pessoas na pobreza, mesmo nos países mais ricos, 
gerando desnutrição em países com produção excedente de alimentos, provavel-
mente causando mais mortes em torno o mundo do que aquelas ocorridas em 
Hiroshima e Nagasaki. Por outro lado, quando a Índia e China – historicamente 
duas das nações das mais pobres do planeta – iniciaram no final do século XX 
a realizar mudanças fundamentais em suas políticas econômicas, as suas eco-
nomias começaram a crescer de forma dramática. Estima-se que 20 milhões de 
pessoas na Índia subiu de miséria em uma década. Na China, o número de pes-
soas que vivem com um dólar ou menos por dia caiu de 374 milhões, um terço 
da população do país em 1990 para 128 milhões em 2004, significando agora 
apenas 10 por cento de uma população crescente. Em outras palavras, quase um 
quarto de um bilhões de chineses vivem melhor agora como resultado de uma 
mudança na política econômica. 
Fatos como este são o que fazem o estudo da economia importante – e não 
apenas uma questão de opiniões ou emoções. Economia é uma ferramenta de 
análise e de um corpo de conhecimentos testados e de princípios derivados da-
quele conhecimento.
O dinheiro é sequer envolvido ao se tomar uma decisão econômica. Quando 
uma equipe médica militar chega em um campo de batalha onde os soldados têm 
vários tipos de feridas, eles são confrontados com o problema econômico clássico 
de alocação de recursos escassos que têm usos alternativos. Quase nunca os mé-
dicos são suficientes, semelhantemente quanto a enfermeiros ou paramédicos, e 
o mesmo quanto aos medicamentos. Alguns dos feridos estão perto da morte e 
têm pouca chance de serem salvos, enquanto outros têm uma chance de lutar, se 
conseguir atendimento imediato, e outros ainda são apenas ligeiramente feridos 
e provavelmente irão se recuperar, recebendo atenção médica imediata ou não.
UNIDADE 1
28
Se a equipe médica não alocar o seu tempo e medicamentos de forma eficien-
te, alguns soldados feridos morrerão desnecessariamente, enquanto o tempo está 
sendo gasto no atendimento a outros que não tem tanta urgência nos cuidados ou 
ainda, outros cujas feridas são tão devastadoras que provavelmente irão morrer, 
apesar de tudo o que possa ser feito por eles. É um problema econômico, apesar 
de que nenhum dinheiro esteja envolvido.
A maioria de nós odeia mesmo de pensar em ter que fazer essas escolhas. Na 
verdade, como já entendemos, alguns brasileiros de classe média estão angus-
tiados por ter de fazer escolhas muito simples e lidar com estas consequências. 
Mas a vida nem sempre nos pede o queremos dar. Ele nos apresenta opções. A 
economia é uma das formas de tentar tirar o máximo dessas opções.
Os economistas têm identificado vários princípios que descrevem o com-
portamento das pessoas. Um desses comportamentos é que as pessoas agem 
racionalmente quando buscam atingir seus objetivos. O conceito de comporta-
mento racional implica que as pessoas consideram todas as suas opções e tomam 
a melhor decisão possível com base nessas opções.
Outro princípio econômico que descreve o comportamento humano esta-
belece que as pessoas respondem a incentivos econômicos. Um salário maior 
vai induzir o trabalhador a mudar de emprego, e uma promoção irá induzir o 
consumidor a comprar um terno. Em respondendo a incentivos econômicos, 
as pessoas perseguem seus próprios interesses. Adam Smith, conhecido como o 
pai da economia, escreveu extensivamente sobre o auto interesse, afirmando que 
quando os indivíduos em sua busca, e eles são livres em sua busca, o resultado é 
benéfico tanto para o indivíduo, bem como para a sociedade em geral.
29
1. Belém (PA), Bonito (MS), Maragogi (AL), Campos do Jordão (SP) e Foz do Iguaçu 
(PR) são cidades brasileiras dedicadas ao turismo, onde está a indústria desempenha 
um grande papel econômico relevante. Que tipo de desastre seria um equivalente a 
“Tubarão” nestas cidades, e como cada economia seria afetada?
2. Um tsunami atingiu as praias da Tailândia, em 2004. Dado o que você sabe sobre 
os efeitos econômicos de um ataque de tubarão na ilha de Amity, o que você acha que 
foram as consequências económicas do tsunami? Em que os dois desastres se asseme-
lham, e em que eles são diferentes?
3. Depois de um segundo ataque de tubarão na Ilha Amity, jornais regionais e esta-
ções locais de televisão pegaram a história. No filme, como em estâncias turísticas do 
mundo real, notícias negativas trazem consequências econômicas negativas. Digamos 
que você trabalha para uma empresa de relações públicas que represente a Ilha Amity, 
como você minimizaria o impacto do tubarão?
Evolução do 
pensamento 
econômico
Dr. Daniel Eduardo dos Santos
• Conhecer e aprender as características econômicas que constituíram o 
mercantilismo, que foi o momento precursor do capitalismo.
• Conhecer os nominados Economistas Clássicos e suas teorias.
• Conhecer os nominados Economistas Modernos e suas teorias.
UNIDADE 2
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As pessoas têm falado sobre questões
econômicas, e alguns escritos sobre 
ela, há milhares de anos, por isso não é possível colocar uma data específica de 
quando o estudo da economia começou como um campo separado na ciência. A 
economia moderna é muitas vezes datada de 1776, quando Adam Smith escreveu 
seu clássico, A Riqueza das Nações, mas haviam livros substanciais dedicados 
à economia pelo menos um século antes, e havia uma escola contemporânea 
de economistas franceses chamados “Os Fisiocratas”, cujos membros Smith co-
nheceu alguns durante a viagem à França, anos antes dele escrever seu próprio 
tratado sobre economia. O que havia de diferente em “A Riqueza das Nações” 
era que ele se tornou a base para toda uma escola de economistas que conti-
nuou a desenvolver suas ideias nas próximas duas gerações, influenciando figuras 
principais como David Ricardo (1772-1823) e John Stuart Mill (1806-1873), e a 
influência de Adam Smith - de certa maneira - persistiu até os dias de hoje. Tal 
afirmação não poderia ser feita para qualquer economista anterior, apesar que 
UNICESUMAR
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muitas pessoas tenham escrito com conhecimento e perspicácia sobre o assunto 
em épocas anteriores.
Mais de dois mil anos atrás, Xenofonte, um aluno de Sócrates, analisou as 
políticas econômicas na antiga Atenas. Na Idade Média, as concepções religiosas 
de “justiça” ou o preço “justo”, aliado à uma proibição de usura, levou Tomás 
de Aquino a analisar as implicações econômicas dessas doutrinas e as exceções 
que podem, portanto, serem moralmente aceitáveis. Por exemplo, Aquino ar-
gumentou que vender algo mais caro do que foi pago para isso poderia ser feito 
“legalmente” quando o vendedor “melhorou a coisa, de alguma forma”, ou como 
compensação pelo risco, ou por ter incorrido em custos de transporte. 
Aquino ainda tratou sobre o tema, 
Ao apresentar e analisar a justiça como o princípio de igualdade nas ações, 
relações e instituições, o Filósofo denuncia o grande inimigo dessa justa igualda-
de sob o nome de pleonexia, o vício, como indica a etimologia, que leva a querer 
“ter sempre mais”, e que o Novo Testamento traduz por “avareza” ou “ambição”. 
(AQUINO)
Outra maneira de dizer a mesma coisa é que, muitas das vezes aquilo que 
parece puro aproveitamento de vantagens sobre outras pessoas é, de fato, vezes 
compensação de vários custos e riscos incorridos no processo de trazer produtos 
para os consumidores ou emprestar dinheiro para aqueles que buscam emprés-
timos.
Por mais distante que possamos ir além da noção medieval de justiça e de um 
“preço justo”, este conceito ainda permanece no fundo do pensamento atual entre 
muitas das pessoas que comentam a respeito de coisas que estão sendo vendidas 
por mais ou menos do que o seu valor “real” e os que indivíduos são remunerados 
mais ou menos do que eles “realmente” valem. Desta forma, percebemos uma 
posição emocionalmente poderosa, mas empiricamente indefinida da noção de 
manipulação de preços.
Os mercantilistas
Uma das primeiras escolas de pensamento sobre a economia consistia de 
um grupo de escritores chamado de “Os Mercantilistas”, que floresceu do século 
XVI até o XVIII. Em uma variada coleção de escritos, que vão desde folhetos 
UNIDADE 2
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populares até um tratado de vários volumes de Sir James Steuart em 1767, os 
mercantilistas defenderam políticas que permitiam a uma nação a exportar mais 
do que importar, causando uma entrada líquida de ouro para pagar a diferença. 
Este ouro era considerado riqueza. A partir desta escola de pensamento adviriam 
as atuais práticas como referindo-se a um excedente de exportação como um 
equilíbrio “favorável” do comércio e um excedente de importações como um 
equilíbrio “desfavorável” do comércio - embora, como como veremos oportuna-
mente, não há nada inerentemente benéfico de um sobre o outro, depende tudo 
sempre das circunstâncias destes fatos.
Seu pioneirismo, como ocorre em todas as áreas, geravam ambiguidades e 
erros - e com a economia não foi exceção. Alguns dos erros dos mercantilistas, 
que foram em grande parte expurgados nos trabalhos dos economistas moder-
nos, estavam vinculados a crenças populares e retórica política. No entanto, há 
uma coerência entre os escritos dos mercantilistas, se entendermos os seus fins, 
bem como as suas concepções de mundo.
Os objetivos dos mercantilistas não eram os mesmos dos economistas mo-
dernos. Mercantilistas estavam preocupados com o aumento do poder de suas 
respectivas nações em relação aos demais países. Seu objetivo não era a alocação 
de recursos escassos de uma maneira que seria maximizar a qualidade de vida das 
pessoas em geral. Seu objetivo era ganhar ou manter uma vantagem competitiva 
nacional na riqueza agregada e poder sobre outras nações, de modo a ser capaz 
de prevalecer na guerra, caso esta ocorresse, ou para dissuadir os inimigos po-
tenciais por sua riqueza, que poderia ser obviamente voltada para fins militares. 
Um tesouro em ouro era ideal para os seus fins.
Em um escrito mercantilista típico em 1664, o livro de Thomas Mun chamado 
“England’s Treasure by Forraign Trade” (ou Tesouro da Inglaterra pelo Comércio 
Estrangeiro, em tradução livre), declarou a regra fundamental da política econô-
mica era vender mais para estrangeiros anualmente do que consumimos deles 
em valor. Por outro lado, a nação deve tentar produzir em casa coisas que agora 
nós buscar de estrangeiros e que geram nosso empobrecimento. Mercantilistas 
focaram-se no poder relativo dos governos nacionais, com base na riqueza dis-
ponível para ser usado pelos governantes.
Mercantilistas não eram focados no padrão médio de vida da população 
como um todo. Assim, a contenção de salários pela imposição do controle do 
governo foi considerada por eles como uma forma de reduzir os custos das ex-
UNICESUMAR
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portações, criando um excedente de exportações sobre importações, o que re-
tornaria em ouro. A promoção do imperialismo e da escravidão era até aceitável 
para alguns mercantilistas pelo mesmo motivo. A “nação” para eles não significa 
toda a população de um país. Assim Sir James Steuart poderia escrever em 1767 
que uma nação inteira era alimentada e provida gratuitamente por meio de es-
cravidão. Embora os escravos eram, obviamente, parte da população, que não 
eram considerados parte da nação. (STEUART, 1767).
Economistas Clássicos
Adam Smith
Uma década depois do tratado mercantilista multi-volume escrito por Sir Ja-
mes Steuart, Adam Smith publicou o livro “A Riqueza das Nações”, que desferiu 
um golpe histórico contra as teorias mercantilistas e a concepção mercantilista 
em todo o mundo.
Smith entendia a nação como todas as pessoas que vivem nela. Assim, você 
não poderia enriquecer uma nação, mantendo os salários baixos, a fim de ex-
portar. 
O que faz melhorar a situação da maioria nunca pode ser considerado como 
um inconveniente para o todo. Nenhuma sociedade pode ser florescente e feliz se 
a grande maioria de seus membros forem pobres e miseráveis. (SMITH, [1776] 
1983, p. v. I, livro 1, cap. 8, p. 101)
Ele também rejeitou a noção de atividade econômica como um processo de 
soma zero, em que uma nação perde aquilo que nação ganha. Para ele, todas as 
nações poderia avançar ao mesmo tempo, em termos de prosperidade de seus 
respectivos povos, ainda que o poder militar - uma das principais preocupações 
do mercantilistas – ser naturalmente uma competição de soma zero.
Em suma, os mercantilistas estavam preocupados com a transferência de 
riqueza, seja por excedentes de exportação, o imperialismo, ou a escravidão - 
implicado assim que todos os que se beneficiam assim procedem em detrimento 
de outros. Adam Smith estava preocupado com a criação de riqueza, o que não é 
um processo de soma zero. Smith rejeitou a intervenção do governo na economia 
para ajudar os comerciantes, a fonte do nome “mercantilismo”, e em vez disso 
UNIDADE 2
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defendiam o livre mercado, como preconizado pelos economistas franceses, os 
fisiocratas, que cunharam o termo “laissez faire”. Smith
repetidamente expurgava 
qualquer questão de interesse especial na legislação para ajudar comerciantes e 
industriais, os quais ele caracterizava como pessoas cujas atividades políticas 
foram projetadas para enganar e oprimir o povo. No contexto da época, o lais-
sez-faire era uma doutrina contra favores do governo para as empresas, em vez 
de ser uma política de apoio negócios, como um interesse especial.
A diferença fundamental entre Adam Smith e os mercantilistas era que Smith 
não considerava o ouro como sendo riqueza. O próprio título de seu livro, A Ri-
queza das Nações, levantou a questão fundamental do que a consistia a riqueza. 
Smith argumentou que a riqueza consistia em bens e serviços que determina-
ram o padrão de vida do povo, todo o povo, que para Smith constituía a nação. 
Smith rejeitou tanto o imperialismo quanto a escravidão por razões econômicas, 
bem como razões morais, dizendo que as “grandes frotas e exércitos” necessárias 
para manter o imperialismo não geravam nada que pudesse compensar os gastos 
com sua. A O livro Riqueza das Nações concluía clamando que a Grã-Bretanha 
desistisse de seus sonhos de império. Quanto à escravidão, Smith considerou 
economicamente ineficiente, bem como moralmente repugnante, e rejeitou com 
desprezo a ideia de que os africanos escravizados fossem inferiores a pessoas de 
ascendência europeia.
Embora Adam Smith seja muitas vezes hoje considerado como uma figura 
“conservador”, ele de fato atacou algumas das ideias dominantes e os interesses 
de seus próprios tempos. Além disso, a ideia de uma forma espontânea auto 
equilibrante – o sistema de economia de mercado - primeiro desenvolvida pe-
los fisiocratas e mais tarde fez parte da tradição da economia clássica de Adam 
Smith, representou um início radicalmente novo, não só na análise do nexo de 
causalidade social, mas também em ver um papel reduzido para as elites políticas, 
intelectuais, ou outros como guias ou controladores das massas.
Durante séculos, desde Platão personalidades intelectuais discutiam que 
políticas coerentes líderes deveriam impor para o benefício da sociedade em 
suas múltiplas realidades. Mas, na economia, Smith argumentou que os gover-
nos estavam dando “uma atenção desnecessária” a coisas que funcionam melhor 
se deixadas sozinhas, para serem resolvidas por indivíduos que interagem uns 
com os outros e fazem seus próprios ajustes mútuos. Intervenção do governo na 
economia, o que mercantilista Sir James Steuart viu como o papel de um sábio 
UNICESUMAR
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“estadista”, Smith viu como as noções e as ações de “astutos” políticos, que criaram 
mais problemas do que resolveram.
Ainda que A Riqueza das Nações não fosse o primeiro tratado sistemático 
sobre a economia, tornou-se o fundamento de uma tradição conhecida como a 
economia clássica, que construiu-se sobre o trabalho de Smith durante o próxi-
mo século. Perceba que nem todos os trabalhos anteriores eram mercantilistas. 
Livros de Richard Cantillon na década de 1730 e de Ferdinando Galiani em 1751 
apresentaram sofisticadas análises econômicas, e o Tableau Économique , de 
François Quesnay em 1758, continha considerações que inspiraram uma escola 
transitória, mas significativa de economistas chamados Fisiocratas. Mas, como já 
observado, esses pioneiros anteriores não criaram nenhuma escola permanente 
de economistas em gerações posteriores, que se basearam em seu trabalho, como 
Adam Smith fez. Aqui e ali na história houve um número de economistas que 
produziram trabalho bem antes do seu tempo, mas que atraiu pouca atenção e 
teve poucos seguidores, desaparecendo na obscuridade até que foram redesco-
bertas por gerações posteriores de estudiosos como pioneiros no seu campo. 
Matemático francês Augustin Cournot, por exemplo, produziu análises matemá-
ticas de princípios econômicos em 1838, que não se tornou parte das ferramentas 
de análise de economistas até quase um século mais tarde, quando eles foram 
desenvolvidos de forma independente por economistas dos novos tempos.
Uma das consequências de teorias econômicas de Adam Smith, desenvol-
vida em oposição às teorias dos mercantilistas, foi uma ênfase na minimização 
do papel do dinheiro na economia. Esta ênfase persistiu durante toda a era da 
economia clássica, que durou quase um século. Era compreensível essa oposição 
aos mercantilistas que davam “ênfase excessiva sobre o papel do ouro, que era 
o dinheiro em muitas economias. Os economistas clássicos declaravam que o 
dinheiro era apenas um “véu” - obscurecendo mas não essencialmente mudando 
as subjacentes reais atividades econômicas. Tal declaração não era compreendida 
por muitos. Os economistas clássicos entendiam que as contrações na oferta de 
dinheiro poderia criar redução na produção, e correspondente aumento na taxa 
de desemprego, em um determinado momento.
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Saiba mais
Laissez-faire é a contração da expressão em língua francesa laissez faire, lais-
sez aller, laissez passer, que significa literalmente “deixai fazer, deixai ir, deixai 
passar.
A expressão refere-se a uma ideologia econômica que surgiu no século XVIII, 
no período do Iluminismo, através de Montesquieu, que defendia a existência 
de mercado livre nas trocas comerciais internacionais, ao contrário do forte 
protecionismo baseado em elevadas tarifas alfandegárias, típicas do período do 
mercantilismo.
Segundo esta teoria, que teve em Adam Smith um dos seus principais defen-
sores, (e foi quem criou a famosa expressão mão invisível) o comércio interna-
cional isento de impostos alfandegários traria maiores benefícios para as nações 
envolvidas do que a proteção da produção nacional. Autorizar a livre troca de 
mercadorias entre países, por permitir uma maior especialização da produção e 
o aumento das economias de escala, favoreceriam o melhor aproveitamento das 
vantagens comparativas de cada país e a economia mundial.
Fonte: (SGARBI, 2007)
David Ricardo
Entre os seguidores de Adam Smith figura o grande economista clássico Da-
vid Ricardo, o economista líder do início do século XIX, que, entre outras coisas, 
desenvolveu a teoria das vantagens comparativas no comércio internacional.
Além de suas contribuições substanciais para a análise econômica, Ricardo 
criou uma nova abordagem e estilo ao escrever sobre economia. A Riqueza das 
Nações de Adam Smith estava repleta de comentário sociais e observações filosó-
ficas, e fechou com uma forte sugestão de que a Grã-Bretanha não deveria tentar 
segurar suas colônias americanas que estavam em rebelião no mesmo ano em 
que seu tratado foi publicado. Por outro lado, Princípios Economia Política de 
David Ricardo em 1817 foi a primeira das grandes obras clássicas em economia 
para ser dedicado a análise dos princípios duradouros da economia, divorciada 
de comentário social, político e filosófico, e enfatizando os princípios mais do 
que questões política imediata.
Isso não quer dizer que Ricardo não tinha interesse em questões sociais ou 
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morais. Algumas de suas análises foram inspiradas pelos problemas econômicos 
particulares enfrentadas pela Grã-Bretanha, na esteira das Guerras Napoleônicas, 
mas os princípios que derivam não se limitam a esses problemas tanto quanto a 
Lei da Gravidade de Newton não se limitava a quedas de maçãs. Questões po-
líticas contemporâneas não eram o assunto primordial do livro “Princípios de 
Economia Política”. O Ricardo trouxe para a economia foi um sistema de foco 
mais estreito, de análise mais definidas e melhor fundamentado.
David Ricardo não era, entretanto, uma máquina analítica. Em suas ações 
pessoais e correspondente vida privada, Ricardo mostrou-se um homem de pa-
drões morais muito elevados e preocupações sociais. Quando ele se tornou um 
membro do Parlamento, Ricardo escreveu a Stuart Mill, outro renomado econo-
mista, em 1818: “Eu desejo nunca pensar que os sorrisos do grande e poderoso 
sejam incentivos suficientes para me desviar do caminho reto da honestidade e 
das convicções de minha
própria mente.” (RICARDO, 2005, p. Carta 296).
Como um membro do Parlamento, Ricardo viveu seus ideais. Ele votou rei-
teradamente contra os interesses dos ricos latifundiários, embora ele mesmo 
fosse um, e ele votou reformas eleitorais que teria lhe custaram seu assento no 
Parlamento.
O que nós hoje chamamos de “economia” já foi chamado de “economia po-
lítica” durante grande parte do século XIX. Quando os economistas clássicos se 
referiram a “economia política”, que significava a economia do país como um 
todo – a política – diferentemente da economia da do lar, ou o que pode hoje ser 
chamado de “economia doméstica”. O termo economia política não fez simples-
mente uma amálgama, uma fusão, entre economia e política, como alguns que 
têm usado esse termo em tempos mais recentes.
Os princípios da economia não surgiram, prontos, em um lampejo de ins-
piração ou genialidade. Em vez disso, profundos e conscientes pensadores, em 
gerações sucessivas tatearam em direção a algum tipo de entendimento entre 
o mundo real da atividade econômica e os conceitos intelectuais que tornam 
possível estudar tais coisas sistematicamente. A análise da oferta e da procura 
que pode ser ensinado aos estudantes de hoje em uma semana levou pelo menos 
um século para surgir das controvérsias entre os primeiros pensadores do século 
XIX, como David Ricardo, Thomas Malthus, e Jean-Baptiste Say.
Em uma das muitas cartas entre Ricardo e Thomas Malthus, outro renomado 
economista e amigo, pelas quais discutiam questões econômicas ao longo dos 
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anos, Ricardo disse em 1814: “Por vezes suspeito que não atribuímos o mesmo 
significado para a palavra demanda.” (RICARDO, 2005, p. Carta 58). Ele estava 
certo. Apenas décadas depois que os dois homens já haviam saído de cena que 
estas ideias poderiam ser clarificadas e definidas com precisão suficiente para 
dizer o que isso significa para os economistas de hoje. O que pode parecer pe-
quenos passos na lógica, após o fato, pode ser um processo longo e demorado 
de tentativa e erro tateante, criando e aperfeiçoando conceitos e definições para 
expressar ideias de forma clara e inequívoca que permitiriam que questões subs-
tantivas fossem serem debatidas em termos que partes opostas possam concordar 
ou mesmo discordar sobre a substância do tema, ao invés de ficarem frustrados 
pela semântica.
Jean-Baptiste Say
Um dos conceitos fundamentais da economia, sobre as quais se alastraram 
controvérsias no início do século XIX e foram reacendidos por John Maynard 
Keynes em 1936, foi o que tem sido chamado de a “Lei de Say”.
Batizada com o nome do economista francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), 
ela teve a participação de outros economistas, com relevante papel no seu de-
senvolvimento. A Lei de Say começou como um princípio relativamente simples 
cujo corolários e extensões cresceram cada vez mais e de forma complexa tanto 
pelas mãos de seus defensores como de seus críticos, durante as controvérsias 
entre os dois lados nos séculos XIX e XX.
Na sua forma mais básica, a Lei de Say foi uma resposta a temores popu-
lares perenes de que a crescente produção de uma economia pode chegar ao 
ponto em que seria superior a capacidade das pessoas para comprá-la, tendo 
consequentemente bens não vendidos e finalmente trabalhadores desemprega-
dos. Esses temores foram expressos, não só antes do tempo de Jean-Baptiste Say, 
mas também muito tempo depois. O que a Lei de Say, em sentido mais básico, 
foi argumentado que a produção do produto, e a geração de rendimento real 
para aqueles envolvidos nesta produção não se processam independentemente 
uma da outra. Portanto, se a produção de uma nação era grande ou pequena, os 
rendimentos gerados na produção seriam suficientes para comprá-los. Lei de 
Say tem sido muitas vezes expressa como a proposição de que a oferta cria a sua 
própria procura. Em outras palavras, não existe um limite inerente à quantidade 
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de saída de uma economia pode produzir e comprar.
Say que se perguntou: “Caso contrário, como poderia ser possível que agora 
pode ser comprado e vendido na França cinco ou seis vezes mais commodities 
do que foi possível no miserável reinado de Carlos VI?” (SAY, 1803, p. Livro 1, 
Capítulo XV, Parágrafo 4a. 4.). Uma ideia similar foi expressa ainda mais cedo 
por um dos Fisiocratas, de que a demanda agregada “não tem limites conhecidos”. 
Isto, naturalmente não exclui a possibilidade de que, a partir de um determinado 
momento, os consumidores ou investidores possam não optar por exercer toda 
a demanda agregada que estava em seu poder. O que a Lei de Say impediu foi o 
medo recorrente popular que o evidente crescimento rápido da produção, com 
o surgimento da indústria moderna, chegaria a um ponto em que a produção se 
tornaria tão grande que seria impossível comprar tudo.
Como muitas vezes acontece na história das ideias, um conceito inicialmente 
muito simples tornou-se estendido em tantas direções por seus defensores, e 
envolvido em tantas controvérsias por seus adversários, que os significados e 
distorções proliferaram, mesmo quando os economistas de ambos os lados - o 
que incluiu praticamente todos os principais economistas do início do século 
XIX - eram pensadores sérios e inteligentes. Isso ocorreu porque, em parte, a 
economia ainda não havia atingido a fase em que os termos em que eles falaram 
(“demanda”, por exemplo) possuíam as definições rigorosas acordados por todos 
nós agora. No entanto, tediosos alunos de algum tempo depois podem encontrar 
um processo de definição rigoroso - a história da economia e de outros campos - 
torna dolorosamente claras as consequências desconcertantes de tentar discutir 
questões substantivas sem ter claros os termos que significam a mesma coisa para 
todos aqueles que usam esses termos.
A economia moderna
Hoje pensamos da economia como uma profissão com departamentos 
acadêmicos, revistas acadêmicas, Ministérios Governamentais e organizações 
profissionais como o Conselho Federal de Economia e suas unidades regionais. 
Mas estes são desenvolvimentos relativamente atrasados, conforme poderemos 
analisar.
Séculos se passaram antes de a economia tornar-se uma disciplina separa-
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da, mesmo que os filósofos, de Aristóteles a David Hume, tenham escrito com 
aptidão sobre questões econômicas, assim como como fez o teólogo Tomás de 
Aquino e membros da nobreza, como Sir James Steuart. Mas, mesmo depois de 
alguns escritores começaram a se especializar em economia, eles não começar 
imediatamente a ganhar a vida como economistas. Adam Smith, por exemplo, era 
um professor de filosofia, e alcançou fama por seu livro Teoria dos Sentimentos 
Morais quase vinte anos antes de alcançar a fama com “A Riqueza das Nações”. 
David Ricardo foi um corretor independente rico aposentado quando seus es-
critos fizeram dele o principal economista do seu tempo. Quando Thomas R. 
Malthus foi nomeado professor de história e economia política em 1805, ele se 
tornou o primeiro economista acadêmico na Grã-Bretanha e provavelmente no 
mundo. A Grã-Bretanha naquele momento produzia a maioria dos principais 
economistas do mundo, e continuaria a fazê-lo para até o final do século XIX.
Além de Malthus, a maioria dos economistas britânicos da primeira metade 
do século XIX, não derivariam a maior parte de sua renda por ensinar ou escrever 
sobre economia. Economia era uma especialidade, mas ainda não uma carreira. 
Não era ainda uma suficiente especialidade para ter suas próprias revistas pro-
fissionais. Maioria dos principais artigos analíticos sobre a economia durante a 
primeira metade do século XIX foram publicados nos periódicos intelectuais da 
época, como a Edinburgh Review, o Quarterly Review, ou ainda no Westminster 
Review na Inglaterra ou no Revue Encyclopedique ou no Annales de Législation 
et d’Économie Politique na França. A primeira revista acadêmica dedicada ex-
clusivamente a economia era a Quarterly Journal of Economics, publicado pela 
primeira
vez em Harvard em 1886. A maioria das revistas foram criadas em 
muitos países já no século XX. Aqueles que escreveram para essas revistas eram 
majoritariamente economistas acadêmicos, e agora somados aos americanos 
vieram economistas britânicos, austríacos e outros entre os líderes da profissão. O 
primeiro professor de economia nos Estados Unidos foi nomeado pela Harvard 
em 1871 e o primeiro Ph.D. em economia foi concedido pela mesma instituição, 
quatro anos depois.
Desde a época do livro de Alfred Marshall, Princípios de Economia, em 1890 
e anos seguinte, a economia começou cada vez mais a ser expressa com a profissão 
e ensinou aos alunos com gráficos e equações, além das apresentações puramente 
verbais. Foi apenas na segunda metade do século XX que as análises matemáticas 
em economia começaram a substituir as análises totalmente verbais nas princi-
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pais revistas acadêmicas e livros escolares. 
Embora predominantemente matemática, a análise econômica pode ser en-
contrada já em Augustin Cournot em 1830. Cournot foi um desses pioneiros, 
cujo trabalho não teve impacto sobre os economistas dominantes de seu tempo, 
de modo que muito do que ele disse tinha de ser redescoberto, gerações depois, 
como se ele nunca tivesse existido.
A revolução marginalista
Uma das fontes do desenvolvimento da análise econômica no século XIX 
foi a aceitação generalizada entre os economistas de uma teoria de preços com 
base nas demandas dos consumidores, e não apenas sobre os custos dos produ-
tores. Foi revolucionário, não apenas como uma teoria do preço, mas também à 
introdução de novos conceitos e novos métodos de análise que se espalham em 
outros ramos da economia.
A economia clássica tinha visto a quantidade de trabalho e outros insumos 
como fatores cruciais que determinam o preço da saída resultante. Karl Marx 
tinha tomado esta linha de pensamento ao seu extremo lógico com sua teoria da 
exploração do trabalho, o que foi visto como a melhor fonte de riqueza e, portan-
to, como a principal fonte da renda e da riqueza das classes não-trabalhadoras, 
como como capitalistas e latifundiários.
Embora a teoria do valor do custo de produção tenha prevalecido na Ingla-
terra desde os tempos de Adam Smith, uma teoria totalmente diferente prevale-
ceu na Europa continental, onde o valor deveria ser determinado pela utilidade 
dos produtos aos consumidores, o que determinaria a sua demanda. Smith, no 
entanto, ignorou esta teoria dizendo que a água era obviamente mais útil do que 
diamantes, uma vez que não poderia viver sem água, mas muitas pessoas viveram 
sem diamantes - ainda que diamantes fossem muito mais vendidos do que a água. 
Mas, na década de 1870, uma nova concepção surgiu de Carl Menger na Áustria 
e W. Stanley Jevons na Inglaterra, ambos baseando os preços sobre a utilidade 
dos produtos aos consumidores e, mais importante, refinando e de forma mais 
especifica definindo os termos do debate, enquanto introduziam novos conceitos 
na economia em geral.
O que Adam Smith tinha comparado era a utilidade total de água versus a 
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utilidade total dos diamantes. Em outras palavras, ele estava perguntando para 
nós seria pior estar sem água ou sem diamantes. Nesse sentido, a utilidade total 
da água, obviamente, excedeu em muito a utilidade total de diamantes, já que 
a água era uma questão de vida ou morte. Mas Menger e Jevons conceberam a 
questão de uma nova forma, uma forma que poderia ser aplicada a muitas outras 
análises em economia além da teoria dos preços.
Antes de mais nada, Menger e Jevons conceberam a utilidade como algo in-
teiramente subjetivo. Ou seja, não havia qualquer validade em um terceiro obser-
vador analisar uma coisa ser mais útil do que o outra, porque a demanda de cada 
consumidor seria baseada no que que determinado consumidor consideraria útil 
e demanda do consumidor era o que afetaria os preços. Mais fundamentalmente, 
utilidade varia, mesmo para o mesmo consumidor, dependendo de quanto que 
o consumidor já tem.
Carl Menger apontou que uma quantidade de alimentos necessários para 
sustentar a vida é extremamente valiosa para todos. Além da quantidade de ali-
mentos necessária para se evitar morrer de fome, ainda havia valor para mon-
tantes adicionais necessários para a saúde, embora não tão alta como um valor 
atribuído para o montante necessário para se evitar a morte, e ainda haveria 
algum valor dado alimento que seria comido apenas para o prazer de se comer. 
Mas, eventualmente, “a satisfação da necessidade de alimento é tão completa 
que cada ingestão de alimentos adicional pouco contribui para a manutenção da 
vida ou para a preservação da saúde, nem mesmo ainda para dar prazer para o 
consumidor.” (MENGER, 1976, p. 127) Em suma, o que importava para Menger 
e Jevons era a utilidade incremental, o que Alfred Marshall, mais tarde, chamaria 
de utilidade “marginal” de unidades adicionais consumidas.
Voltando ao exemplo de Adam Smith, relativo a água e diamantes, as uti-
lidades relativas que importavam era a utilidade incremental ou marginal de 
ter outro galão de água em comparação com outro quilate de diamantes. Dado 
que a maioria das pessoas já foram amplamente supridas com água, a utilidade 
marginal de outro quilate de diamantes seria maior, e isso explicaria porque um 
quilate de diamantes era vendido por mais de um litro de água. Isso acabou com 
a diferença entre a teoria do valor do custo de produção na Inglaterra e da teoria 
da utilidade do valor na Europa continental, tanto que ambas aceitam agora a 
teoria da utilidade marginal do valor, assim como economistas em outras partes 
do mundo.
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Essencialmente à mesma análise e conclusões que Carl Menger chegou na 
Áustria em 1871 em seu livro “Princípios de Economia”, surgiu paralela e simul-
taneamente, na Inglaterra, o livro de W. Stanley Jevons, nominado “A Teoria da 
Economia Política”. O que Jevons também viu, no entanto, foi a forma como o 
conceito de utilidade incremental foi facilmente expressa em gráficos e cálculo 
diferencial, tornando o argumento mais visivelmente aparente e mais logicamen-
te rigoroso do que na apresentação puramente verbal Menger. Isso preparou o 
palco para a disseminação de conceitos incrementais ou marginais para outros 
ramos da economia, como a teoria de produção ou teoria do comércio interna-
cional, onde gráficos e equações poderiam mais sucinta e mais inequivocamente 
transmitir conceitos tais como economias de escala ou vantagem comparativa.
Isso tem sido chamado apropriadamente de “revolução marginalista”, que 
marcou uma ruptura tanto com os métodos quanto com os conceitos dos eco-
nomistas clássicos. Esta revolução marginalista facilitou o uso da matemática 
na economia para expressar as variações de custos em curvas, por exemplo, e 
analisar taxas de variação de custos com cálculo diferencial. No entanto, a ma-
temática não era necessária para a compreensão da nova teoria da utilidade do 
valor, porque Carl Menger não usou um único gráfico ou equação em seu livro 
Princípios de Economia.
Embora Menger e Jevons foram os fundadores da escola da utilidade margi-
nal na economia, e pioneiros na introdução de conceitos marginais em geral, foi 
o livro monumental de Alfred Marshall, “Princípios de Economia”, publicado em 
1890, que sistematizou os muitos aspectos da economia em torno desses novos 
conceitos e deu-lhes a forma básica em que chegaram até o dia de hoje. Jevons 
tinha sido especialmente cuidadoso de rejeitar a noção de que o valor depende 
do trabalho ou do custo de produção em geral, mas insistiu que a utilidade era 
crucial. Alfred Marshall, no entanto, disse que “tal debate não parece mais razoá-
vel do que discussões acerca das lâminas de uma tesoura – se é a de cima ou a de 
baixo que corta um papel. Semelhantemente, podemos entender que o valor é 
formado pela utilidade e pelo custo de produção.” (MARSHALL, 1920, p. Livro 
V. Capítulo III, Parágrafo 27).
Em outras palavras, foi a combinação

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