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David Santos Esteves de Araújo CRIMINOLOGIA- ANÁLISE DA VIDA DE UM CRIMINOSO Euclides da Cunha - Ba 2021 David Santos Esteves de Araújo CRIMINOLOGIA - ANÁLISE DA VIDA DE UM CRIMINOSO Trabalho apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública do Centro universitário Jorge Amado - Unijorge como requisito parcial para obtenção da nota da disciplina: Criminologia. Euclides da Cunha - Ba 2021 ANÁLISE DA VIDA DE UM CRIMINOSO – EL PAÍS APRESNETA: NEM DA ROCINHA Esse estudo tem como objetivo apresentar um texto - parecer a partir de uma percepção analítica-histórico-social – abordando alguns elementos, na perspectiva da criminológia a respeito da prática delitiva de Nem da Rocinha – Antônio Francisco Bonfim Lopes. É perceptível que há diversos e complexos elementos para a compreensão da conduta delitiva de um indivíduo, tal como, fatores sociais, psicológicos e econômicos que contribuem para entender o histórico criminal de alguém, se valendo disso, os estudos trazem que a criminologia se propõe a ser uma ciência interdisciplinar, logo, para a construção do saber criminológico, vale-se de conhecimentos de outras ciências, como a sociologia, que contribui para um aprofundamento da compreensão do delito. Há diversos elementos complexos que levam a compreender a conduta delitiva do personagem Nem da Rocinha, um dos maiores traficantes da cidade do Rio de Janeiro. Os fatores sociologicos, psicológicos e econômicos serão analisados por meio dos fatos apresentados pelo jornal El País1, que traz em sua reportagem o não arrependimento do traficante em estudo, o qual afirma que na situação em que se encontrava, não teve escolhas a fazer. Em entrevista para o Jornal El País no ano de 2018, a reportagem conta que o ex autor criminal, Nem, o da Rocinha fluminense, após sete anos ao ser preso dá entrevista do presídio de Porto Velho e afirma que o fim do tráfico no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, maior estado voltado a criminalidade, só é possível se houver uma legalização das drogas. O traficante Nem acrescenta em sua fala que não se arrepende de ter sido traficante, e questiona ao reporte o que ele faria em seu lugar. Essa afirmativa de Nem é basilar para entender o percurso traçado por ele, razões estas que debateremos nesse texto e para tal é necessário definir o que vem a ser considerado um criminoso habitual, em suma, é aquele que se mostra predisposto ao crime por uma fraqueza moral congênita, pelos vícios de educação, miséria, degradações morais e por outros fatores que o tornam um criminoso reincidente, ou afeito ao crime, através dos dados é possível traçar o perfil de um criminoso apenas conhecendo as características do crime cometido. Os modelos psicológicos de compreensão do delito trazem explicações sobre o sujeito criminoso, que a partir de agora usaremos o termo infrator para determina-lo. Em outros tempos, os estudos ligados a psicologia tratam o infrator, pelo positivismo criminológico na análise individual de seu comportamento, sendo visto como um ser aberrante, preso a seus instintos criminógenos, inerentes à sua condição biológica, na atualidade, o estudo individual do sujeito infrator será deslocado para elementos ligados à psicologia. E muitas questões são lançadas para tentar entender o que leva um homem comum, um individuo social a se tornar um infrator da lei. 1 El País é um jornal diário espanhol fundado em 1976, no período de transição para a democracia, após o fim do Franquismo. É de propriedade do Grupo PRISA e conta com uma média de 457.000 exemplares diários, sendo um diário de grande circulação, com a maior tiragem da Espanha. Em resposta, as desigualdades sociais tal como a violência são graves problemas que acompanham a história da humanidade. O afrontamento, a reação negativa à inúmeras situações, o velho e conhecido ditado popular encontrado no Código de Hamurabi - um conjunto de leis para controlar e organizar a sociedade, que traz o “olho por olho, dente por dente”, a lei de retaliação, que exige que o infrator seja punido com o sofrimento proporcional ao que causou na vítima, cada vez mais representa o indivíduo que vive em sociedade em suas tradições culturais. A cultura da violência não é nova, ela é histórica, é um problema estrutural brasileiro que causa consequências em nossa formação, e é razão de sérios danos, sobretudo, na infância. Esses fatores são intrinsecamente associados ao Nem da Rocinha. A violência, o crime como caminho de salvação e resolução de problemas. Assim, o homem comum sube ao morro como Francisco e desceu como Nem, a transição passa do homem simples, pai de família, trabalhador de empresa de internet, a um dos maiores traficante do Rio de Janeiro. A reportagem do jornal supracitado informa que Nem da Rocinha cumpre como presidiário penas que somam mais de 96 anos por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O perfil do infrator criminal citado usa a corrupção em detrimento da violência para se manter no controle, aos poucos se tornou um dos traficantes mais populares da comunidade. Nem, traduz a filosofia de pacificação da favela com uma frase simples dita por ele: “Eu sempre perguntei pro meu pessoal: o que tu quer? Trocar tiro com polícia ou curtir o baile na Rocinha? Porque se quiser trocar tiro não tem baile, a polícia vem pra cima e fecha tudo. Claro que eles sempre preferiram o baile”. (EL PAÍS, 2018, s.p). É exposto e nítido que a estratégia adotada pelo criminoso é de cuidador dos seus, dos que estavam no crime com ele e protetor do povo da favela, assim mantinha o nível de crimes violentos o mais baixo possível de forma a deixar a polícia e a mídia televisivas distante, como resultado, fez da Rocinha uma das favelas mais lucrativas do Rio de Janeiro para o tráfico, movimentando em torno de 15 milhões de reais por mês. Segundo a reportagem do El País, a história de Nem – o da Rocinha – poderia ter sido contornos diferentes se não fosse a ação de policiais corruptos. A corrupção por trás do tráfico de drogas é tão nociva quanto a ação de quem trafica. Quem comanda tem dono e sofre ameaças e retaliações, assim foi a narrativa de perfil criminoso em análise, quando quis sair do tráfico. Os setores da polícia, parte corrupta que bebe da fonte do tráfico não viram com bons olhos a saída de Nem, o mesmo era a única garantia de estabilidade, ordem e produção na Rocinha para propinas vultuosas para os agentes corruptos. A partir da análise dos perfis criminais, podemos citar três em destaque: os circunstanciais, os passionais e os cruéis. Neste estudo, o foco aborda a análise do perfil criminológico do delinquente circunstancial. Nem questiona o que qualquer um faria no lugar dele, estando na posição que ele esteve quando entrou para o mundo do crime. https://brasil.elpais.com/tag/narcotrafico/a https://brasil.elpais.com/tag/corrupcion/a https://brasil.elpais.com/tag/filosofia/a https://brasil.elpais.com/tag/rocinha/a https://brasil.elpais.com/tag/corrupcion_policial/a/ “O que você faria no meu lugar?” Questiona Nem, em entrevista ao jornal. Nem da Rocinha subverte o estereótipo do criminoso que se arrepende de seus malfeitos após a prisão, não houve e nem há segundo o próprio traficante arrependimentos. As circunstâncias que alega a ter o levado a traficar é sua função paternal, protetor e guardião da filha. E alude: “Que pai não faria o que eu fiz pra salvar a vida da própria filha?”, questionamento feito referindo-se aos fatos que o levaram a deixar o emprego legal e entrar para o mundo do tráfico. O problema na saúde da filha mergulhou a família pobre moradora de um cortiço da Rocinha em umaespiral de dívidas médicas que chegaram a 20.000 reais. Para arcar com os custos Antônio pediu um empréstimo para a única empresa disposta a dar dinheiro para um desempregado morador de favela: o tráfico de drogas. Para quitar a dívida, ele colocou sua expertise gerencial a serviço de Luciano Barbosa da Silva, vulgo Lulu, o chefe do tráfico da Rocinha e uma das principais lideranças da facção criminosa Comando Vermelho (CV). "O que você faria no meu lugar? (EL PAÍS, 2018, s.p). O senso comum adverte que a violência é uma espécie de mal, e dos graves, deste modo precisa ser exterminada. Toda preocupação e demanda de uma comunidade, apoiada, reproduzida e manipulada pela mídia, se volta para o apelo de como tornar as relações humanas isentas deste infortúnio, mas não dá subsídios ou esclarecimentos de como tornar isso possível. A mídia vende o produto, seja ele qual for, usa seu poder de persuasão em favor de seus interesses e de quem melhor os pagar. O perfil do Nem da Rocinha como criminoso é o que está exposto na mídia, o julgamento de valor sobre o que é ou não verdade não coube ser explanado, fica a critério de seus envolvidos e estudiosos. Fatos são fatos, todos os fatos detêm razões, eis a de Nem da Rocinha, o criminoso circunstancial de um país desigual. Em suma, a técnica de traçar representações criminológicas vai para além de apreender as bases da psicologia criminal, no entanto, é exposto que a criação de perfis tem sido utilizada para delinear estratégias para fazer com que o criminoso seja conhecido, o tornando proativo. Fonte: Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/13/politica/html. Acesos em: 08 de nov. 2021. https://brasil.elpais.com/tag/comando_vermelho/a https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/13/politica/html
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