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Bittencourt SEMIOLOGIA APARELHO DIGESTIVO – EXAME FÍSICO REGIÕES DO ABDOME e TÉCNICA Limites do abdome: • Superior: diafragma • Inferior: músculos que compõem o assoalho pélvico • Laterais: músculos oblíquos e transverso • Anterior: músculos reto abdominais • Posterior: músculos quadrado lombar e psoas. A divisão do abdome em 9 quadrantes é feita por 4 linhas imaginárias: • Planos horizontais - Plano Subcostal – Passa abaixo da 10ª costela. - Plano Intertubercular – Atravessa os tubérculos ilíacos ao nível do corpo de L5. • Planos verticais - Planos médioclaviculares – partem da linha média das clavículas até os pontos médios inguinais. Fundamentos técnicos • Ambiente tranquilo e confortável (sempre q possível) • Ambiente bem iluminado (natural >> artificial), com privacidade • Temperatura das mãos agradável (evitar reflexos) • Unhas aparadas • Paciente em decúbito dorsal com a cabeceira ligeiramente fletida, apoiada sobre travesseiro baixo. EXAME FÍSICO DO ABDOME Fácies, aparência e atitude • Estado geral (BEG, REG e MGE) • Estado de consciência (consciente, sonolento, comatoso) • Biotipo (normolíneo, brevilíneo e longilíneo) • Fácies típicas (sindrômica, dolorosa, mixedematosa, esclerodérmica, cushingoide, hipocrática, leonina, miastênica, acromegálica) ou atípica (normal) • Atitude (ativa ou passiva) • Deambulação típica ou atípica • Agitação, sonolência • Corado, hipocorado (?/++++) • Hidratado, desidratado (?/++++) • Anictérico, ictérico (?/++++) Inspeção • Forma e simetria do abdome o Plano = normal o Globoso = do diâmetro ântero-posterior sobre o transversal o Escavado = parede abdominal retraída o Assimétrico = sugere afecção aguda do lado da restrição o Ventre em batráquio = predomínio do diâmetro transversal sobre o ântero-posterior, com abaulamento dos flancos. • Presença de circulação colateral, hematomas, equimoses e/ou escoriações o Estrias de coloração rosaviolácea indicam síndrome de Cushing. o Equimoses na parede do abdome são encontradas em pacientes com hemorragia intraperitoneal ou retroperitoneal. Equimoses na região periumbilical = Sinal de Cullen Equimoses nos flancos = Sinal de Grey-Turner ➔ Pancreatite aguda. • Presença de veias dilatadas = podem ser um indício de cirrose hepática ou de obstrução da veia cava inferior. • Presença de hérnias ou diástases • Presença de retrações ou abaulamentos • Presença de cicatrizes • Presença de tatuagens • Aspecto da cicatriz umbilical • Ondas peristálticas visíveis = peristaltismo de luta = obstrução intestinal • Pulsação = aorta (normalmente visível em pessoas magras) ou epigástrica (hipertrofia de VE) = aneurismas • Movimentos respiratórios = desaparecem em processos inflamatórios difuso (“abdome em tábua”) Ausculta Deve preceder a palpação e percussão para não excitar o peristaltismo, além de evitar o viés cognitivo, já que nessas duas et apas costumamos obter as principais informações do exame físico do abdome. • Auscultar 2 min cada quadrante • Som normal – ruído hidroaéreo (RHA), constituído por estalidos e gorgolejos o Ativos o Hiperativos o Hipoativos o Abolidos o Timbre metálico • Borborigmo = gorgolejo alto e prolongado, quando há aumento de motilidade intestinal ou aumento do conteúdo das alças intestinais • Pesquisa por sopros arteriais seguindo o trajeto da aorta e seus ramos principais = são similares ao sopro cardíaco e são predominantemente sistólicos. • Atrito hepático pode ser ouvido em algumas situações (inflamação da capsula de Glisson, tumor hepático, peri- hepatite infecciosa) • Os sons intestinais modificam-se na diarreia, na obstrução intestinal, no íleo paralítico e na peritonite. Percussão É um complemento da palpação. A percussão do abdome deve ser feita com a técnica habitual, dígito-digital, em que o examinador escolhe um dedo como plessímetro. • Som produzido o Timpânico = ar livre o Hiper timpânico = mais ar do que o esperado o Maciço = massas o Submaciço = líquidos (ascético) • Abdome normal = predomina o timpanismo, devido ao acúmulo de ar nas alças intestinais, com exceção do hipocôndrio direito + espaço de Traube timpânico • Delimitar o fígado = verificar a extensão da região na qual há predomínio do som maciço no hipocôndrio/flanco direito, sendo o tamanho do fígado normalmente entre 6 e 12 cm (em média, começa a partir do 5º espaço intercostal direito e termina no rebordo costal). • Baço não é percutível normalmente = espaço de Traube timpânico • No situs inversus (raro), os órgãos estão invertidos: bolha de ar à direita, macicez hepática à esquerda. • Manobras específicas o Sinal de Giordano o Semicírculo de Skoda o Sinal de Piparote o Sinal de Jobert o Sinal de Torres-Homem o Percussão do espaço de Traube Palpação A palpação adequada do abdome exige que o paciente esteja em decúbito dorsal, confortável, relaxado e em ambiente com temperatura adequada. Suas pernas devem estar em extensão, assim como os braços mantidos ao longo do corpo. Objetivos: 1. Avalia o grau de resistência abdominal 2. Estabelece as condições físicas das vísceras reconhecidas na palpação 3. Explora a sensibilidade dolorosa do abdome Técnica: mono ou bimanual e mono ou bidigital Palpação superficial: superficial, as polpas digitais das duas mãos deverão comprimir pontos simétricos de cada hemiabdome, de maneira simultânea ou quase, verificando-se, comparativamente ao ponto correspondente do abdome contralateral, a tensão da parede e a sensibilidade de cada ponto da superfície abdominal • Avalia a sensibilidade, a integridade anatômica e o grau de tensão da parede abdominal até 2cm. • Inicia na região mais longe da qual o paciente refere dor Palpação profunda: No início da expiração, fase de máximo relaxamento da parede abdominal, a palpação deve ser aprofundada até que seja percebida a resistência oferecida pelas estruturas retroperitoneais, deslizando as polpas digitais no sentido craniocaudal. Com isso, procura-se passar as polpas digitais sobre as vísceras e eventuais estruturas anormais enquanto estas são comprimidas sobre um plano resistente • Fornece a possibilidade de explorar as estruturas intra-abdominais situadas a uma profundidade de até 10cm. • Pesquisa de hérnias inguinais, umbilicais e epigástricas = solicita que o paciente faça a manobra de Valsalva • Percepção de diástase dos músculos abdominais (separação dos músculos, permitindo insinuar 1 ou 2 dedos entre eles) • Fígado = normal pode ou não ser palpável e não ultrapassa 3 dedos do rebordo costal direito. o Borda = a mão direita, aberta e espalmada, é colocada no ponto onde a percussão identificou o limite inferior. A seguir, imprimem-se movimentos de flexão da articulação intermetacarpiana, rápidos e firmes, deprimindo a parede. Quando não há hepatomegalia, nenhuma resistência é oferecida até a arcada costal. Quando o fígado está aumentado, as pontas dos dedos encontram resistência sólida, correspondente à sua borda. ▪ Fina = normal ▪ Romba = fígado congesto o Espessura = mão esquerda na região lombar direita do paciente, empurrando o fígado anteriormente e aproximando-se da mão direita que estará espalmada sobre o abdome, com os dedos tocando a borda hepática. A seguir, pede-se ao paciente que inspire profunda e lentamente, e o fígado “desce”. o Superfície = o examinador deve deslizar a palma de seus dedos pela superfície hepática, tentando senti -la em toda a sua extensão, isto é, para cima e para os lados, de maneira suave. ▪ Lisa = normal ▪ Nódulos ▪ Granulosa = cirrose o Sensibilidade e consistência = pressiona a superfície do fígado com os dedos enquanto pergunta ao paciente se sente dor ao toque ▪ Consistência elástica = normal ▪ Firme e Duro = cirrose ▪ Consistênciadiminuída e amolecida = esteatose o Refluxo hepatojugular = deve-se fazer a compressão da superfície hepática com a palma da mão. Após uma compressão firme e contínua, o examinador observa se há enchimento e turgência da veia jugular externa direita (o paciente deve ter a cabeça voltada à esquerda, para facilitar a observação). ▪ Em caso positivo, diz-se que há refluxo hepatojugular, o que representa um dos sinais da insuficiência ventricular direita. • Baço = normalmente não é palpável e só se torna palpável quando atinge o dobro do seu tamanho, aproximadamente. Se o baço não for percutível, não é necessário fazer a palpação. o Em decúbito lateral direito, o paciente deve estar com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida sobre o abdome em um ângulo de 90° (posição de Shuster = imagem); ademais, o ombro esquerdo é elevado, colocando-se o braço correspondente sobre a cabeça. De início, o examinador posta-se diante do paciente, pousando com alguma pressão sua mão esquerda sobre a área de projeção do baço como se quisesse deslocá-lo para baixo. Enquanto isso, a mão direita executa apalpação, coordenando-a com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examina dor avança sua mão no rumo do rebordo costal. OU o O paciente assume o decúbito dorsal, e o examinador posiciona- se do seu lado direito. A mão esquerda é colocada na altura do gradeado costal esquerdo, pressionando-o para cima. Ao mesmo tempo, a mão direita com os dedos estendidos é posicionada sobre a parede abdominal, apontando para o rebordo costal esquerdo (Fig. 10.6). Em seguida, o examinador pressiona sua mão direita ao final da expiração e solicita ao paciente que inspire profundamente, procurando sentir a borda inferior da baço ao final da inspiração; • Pâncreas = em condições normais não é palpável • Vesícula biliar = em condições normais também não é palpável, por ser de consistência mole e não apresentar tensão em suas paredes. o Sinal de Couvoisier • Aorta = a artéria aorta pode ser palpada em pessoas magras ou com a parede abdominal flácida. Palpa-se na linha mediana do abdome, supra-umbilical. o Dilatações aneurismáticas o Pulsações • Estômago = a palpação do órgão normal é difícil e será facilitada em processos patológicos que provoquem sua distensão • Intestino delgado o Íleo terminal pode ser palpável em algumas pessoas em virtude de sua menor motilidade e posição anatômica sobre o músculo psoas • Intestino grosso o Apêndice normalmente não é palpável ▪ Sinal de Rovsing ▪ Sinal de Blumberg o Ceco é mais palpável em pessoas magras. Em condições normais, o ceco tem consistência ligeiramente elástica e configuração cilíndrica. o Cólon ascendente também é mais palpável em pessoas mais magras o Cólon transverso não tem posição fixa e pode variar principalmente de acordo com o biotipo do paciente. Os ângulos hepáticos e esplênicos do cólon transverso não são acessíveis à palpação. o Cólon sigmoide, pela sua posição na fossa ilíaca esquerda, é o segmento do intestino grosso que pode ser analisado com mais facilidade, justamente por estar próximo à parede abdominal. Ele apresenta uma consistência mais firme do que os outros segmentos do intestino grosso. • Massas e abaulamentos o Evolução (aguda ou crônica) o Localização (tem nítida relação com o órgão subjacente) o Tamanho (3 dimensões avaliadas), forma e bordas (definidas ou não) o Superfície (regular, irregular, nodosa) e consistência (dura, firme, mole) o Motilidade e pulsatilidade o Sensibilidade o Intracavitário ou da parede peritoneal (ao flexionar o tronco contra o abdome, os tumores intracavitários se tornam impalpáveis ou menos palpáveis) MANOBRAS MANOBRA COMO É FEITA QUANDO É FEITA Valsalva Provoca-se o aumento da pressão intra- abdominal por meio da expiração forçada com as mãos tampando a boca e o nariz Pesquisa de hérnia Relaxar assoalho pélvico IC Identificação de sopros Mathieu ou mãos em garra Pede ao paciente que inspire profundamente e expire em seguida. Ao final da expiração, o examinador pressiona seus dedos para baixo do rebordo costal direito e mantém a pressão, pedindo ao paciente que inspire novamente. Nesse momento, a borda hepática inferior pode ser sentida com facilidade, vindo de encontro aos dedos do examinador Palpação do fígado Lemos- Torres ou mão estendida A mão esquerda do examinador deve pressionar o ângulo lombocostal direito do paciente para cima, enquanto a mão direita palpa o fígado da seguinte forma: os dedos ficam paralelos ao abdome, apontando para o rebordo costal direito com ângulo de 90 graus. Novamente, a mão direita é pressionada contra o abdome ao final da expiração, aguardando a inspiração do paciente sem se movimentar, percebendo a borda inferior do fígado quando vier de encontro aos dedos do examinador. Do Rechaço Em um paciente com ascite, comprime pequenos golpes na parede anterior, no hipocôndrio direito, com a mão direita. Nessas situações, a borda do fígado bate e volta, por conta do líquido na cavidade Ascite Semicírculos de Skoda o líquido ascítico ocupam as áreas de declive do abdome, em hipogástrio e flancos, ao se percutir o abdome a partir do andar superior, delimita-se uma linha circular na transição entre o timpanismo e macicez das áreas de maior declive; a concavidade estará voltada para a região epigástrica, fazendo diagnóstico diferencial com cisto gigante de ovário, que tem sua concavidade voltada para o púbis. Ascite Teste da macicez móvel Após delimitar as regiões de timpanismo e macicez, solicite ao paciente que vire para um dos lados. Percuta e marque as margens novamente. O indivíduo sem ascite apresenta as margens entre timpanismo e macicez relativamente constantes Ascite SINAIS SEMIOLÓGICOS SINAL COMO É FEITO ALTERAÇÃO INDICATIVO DE Sinal de Torres- Homem Percussão do hipocôndrio direito Dor de moderada a forte intensidade Abcesso hepático Sinal de Jobert Percussão do hipocôndrio direito Timpanismo pleno em toda região hepática Ar livre na cavidade peritoneal (perfuração de víscera oca) Espaço de Traube timpânico Percussão do espaço de Traube, limitada à direita pelo lobo esquerdo do fígado, acima pelo diafragma e pulmão esquerdos, à esquerda pela linha axilar anterior e abaixo pelo rebordo costal esquerdo Macicez Esplenomegalia Lobo esquerdo do fígado (hipertrofiado) Cardiomegalias Derrames pleurais esquerdos Sinal de Giordano Súbita percussão lombar das lojas renais (ângulo formado entre a 12ª costela e o processo transverso das vértebras lombares superiores) com a borda ulnar da mão direita ou esquerda. Dor de forte intensidade, caracterizada pela inclinação anterior do tronco fugindo da percussão, ou pela queixa de dor Processo inflamatório afetando a cápsula renal (pielonefrite) Sinal do Piparote Paciente ou outra pessoa coloca a parte lateral da mão na linha mediana do abdome e então se realiza a percussão de um dos flancos Ao percutir um dos flancos, sente-se a transmissão do líquido do lado oposto. Ascite (3L) Sinal de Courvoisier Palpação da vesícula biliar Encontro de vesícula grande e palpável, porém não dolorosa, em paciente ictérico. Obstrução prolongada do colédoco terminal (neoplasia de cabeça do pâncreas ou tumor de papila de Vater) Sinal de Murphy Mão esquerda de modo que o polegar se insinue sob o rebordo costal direito no nível da borda interna do músculo reto anterior, enquanto a face palmar da mão apoia-se sobre o flanco. Sem afrouxar a pressão exercida pela mão palpadora, Paciente interrompe o movimento respiratório ao mesmo tempo que reclama da sensação dolorosa. Colecistite e colelitíasesolicita-se que o paciente respire profundamente. Sinal do Psoas Extensão forçada da coxa, com o paciente em decúbito lateral, provocando um estiramento das fibras do psoas Estímulo doloroso localizado na região hipogástrica Comprometimento do músculo psoas Sinal do obturador Rotação interna da coxa, previamente fletida ao seu máximo Dor na região hipogástrica Irritação do músculo obturador, que fica no assoalho pélvico (inflamação) Sinal de Gersuny Palpação de fecaloma À descompressão brusca desloca-se entre a parede intestinal e o conteúdo fecal, devido à interposição de gases Megacólon Sinal de Blumberg Descompressão brusca à palpação do ponto de McBurney (traça uma linha que liga a cicatriz umbilical com a espinha ilíaca antero-superior e divide em 3 partes, sendo o encontro do terço médio com o terço distal o ponto correspondente) após pressão vagorosa Sensação dolorosa que assusta o paciente Inflamação peritoneal (apendicite) Sinal de Rowsing Palpação profunda e ascendente do hemicólon esquerdo Dor na fossa ilíaca direita Apendicite Sinal de Cullen Inspeção da região periumbilical Manchas azuladas nas regiões periumbilical Obstrução completa das vias extra-hepáticas (forma necro- hemorrágica da afecção pancreática) Sinal de Grey- Turner Inspeção da região dos flancos Manchas azuladas na região dos flancos Sinal da irmã Maria-José Inspeção da região periumbilical Nódulo umbilical endurecido Neoplasia intra-abdominal metastática (pior prognóstico) Sinal de Troisier Palpação do linfonodo supra clavicular esquerdo Linfonodo supraclavicular esquerdo (destino da drenagem linfática) aumentado e endurecido Neoplasias abdominais, em particular do câncer gástrico. Refluxo Hepatojugular Compressão firme e contínua da superfície hepática com a palma da mão Enchimento e turgência da veia jugular externa direita (o paciente deve ter a cabeça voltada à esquerda, para facilitar a observação) Insuficiência ventricular direita
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