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Curso de interpretação
BíBliCa
(Bíblia Fácil)
interpretação Bíblica - ETaVi
Índice
Os 10 Princípios Básicos da interpretação da bíblica ............... 3
divisão judaica da Bíblia .................................................................. 5
O novo testamento para os judeus ............................................... 7
divisão da Bíblia protestante ........................................................ 13
composição da Bíblia católica ....................................................... 18
O pensamento e diferenças das escolas de
Alexandria e de Antioquia ............................................................... 20
As figuras de linguagem .................................................................. 33
esquemas das escolas: Marlon Ronald Fluck ............................. 40
3
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
Os 10 Princípios Básicos da interpretação da bíblica:
Eis aqui os dez princípios que devem ser seguidos por quem deseja interpretar correta-
mente a Bíblia:
1° – denomina-se princípio da unidade escriturística.
Sob a inspiração divina a Bíblia ensina apenas uma teologia.
Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia.
2° – deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia. este princípio vem da Reforma 
Protestante.
3° – Jamais esquecer a Regra Áurea da interpretação,
Chamada por Orígenes de Analogia da Fé.
O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de tex-
tos isolados.
4° – Sempre ter em vista o contexto.
Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em men-
te.
5° – Primeiro procura-se o sentido literal
A menos que as evidências demonstrem que este é figurado.
6° – Ler o texto em todas as traduções possíveis – antigas e modernas
Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer
4Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
7° – Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto.
8° – O trabalho de interpretação é científico, por isso deve ser feito com isenção 
de ânimo e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de 
“achismos”).
9° – Aprender a ler cuidadosamente o texto
Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões circuns-
tanciais. Por exemplo:
 A) – Quem escreveu?
 B) – Qual o tempo e o lugar em que escreveu?
 C) – Por que escreveu?
 D) – A quem se dirigia o escritor?
 E) – O que o autor queria dizer
10° – Feita a exegese
Se o resultado obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser coloca-
do de lado e o trabalho exegético recomeçado novamente.
5
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
divisão judaica da Bíblia
De acordo coma tradição dos judeus a Bíblia Judaica é composta de 24 livros que se agru-
pam em 3 conjuntos: A Lei ou
Instrução (de Moisés), Os Profetas e Os Escritos. Os livros de 1 e 2 Samuel, são reunidos 
em um só livro, e 1 Reis e 2
Reis, também são considerados um só livro, assim como os 12 profetas “menores” estão 
em um só livro - “Os 12 profetas”.
A ordem da Bíblia Judaica é apresentada conforme abaixo:
 i. TORÁ ou inSTRUÇÃO de MOiSÉS também conhecido como Lei (5 livros):
 • Gênesis
 • Êxodo
 • Levítico
 • Números
 • Deuteronômio
 ii. PROFeTAS ou neViiM (total de 8 livros subdivididos em dois grupos): Profe-
tas Anteriores (4 livros):
 • Josué
 • Juízes
 • Samuel
 • Reis
 Profetas Posteriores (4 livros):
 • Isaías
 • Jeremias
 • Ezequiel
 • Os 12 Profetas (menores): Oséias, Naum, Joel, Habacuque, Amós, Sofonias, Abdias, 
6Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
Ageu, Jonas, Miquéias, Zacarias, Malaquias.
 iii. eScRiTOS ou KeTHUViM (total de 11 livros subdivididos em quatro gru-
pos):
 Livros da Verdade (Poéticos) – 3 livros
 • Salmos
 • Provérbios
 • Jó
 Os 5 Rolos (5 livros ou rolos)
 • Cantares
 • Rute
 • Lamentações
 • Eclesiastes
 • Ester
	 •	Profético	(1	livro)
 • Daniel
 O Resto dos escritos (2 livros)
 • Esdras-Neemias
 • Crônicas
7
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
O novo testamento para os judeus
O Antigo Testamento contém os livros que norteiam a fé judaica. A origem do Povo he-
breu, suas andanças sua organização como povo. O aparecimento dos profetas os livros 
que narram as orações do povo hebreu, os salmos etc. O Novo Testamento, tem outro 
sentido e narra uma outra história. Em seus 27 livros encontramos os 4 evangelhos, Ma-
teus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos, as 14 cartas Paulina e as outras 7 cartas 
terminando com o apocalipse. Esta literatura, não diz nada para que tem a fé judaica, não 
acreditam em Jesus, no máximo como um profeta, mas não filho de Deus, e não aceitam 
sua doutrina. A caminhada da Igreja nascente mostra nas 21 cartas os revezes das primei-
ras comunidades, com respeito aos judeus. No Novo Testamento aparece no máximo as 
controvérsias de Jesus com os Judeus em especial os fariseus e nas cartas a perseguição 
dos judaizantes aos cristãos e judeus que se converteram ao cristianismo. Podemos dizer 
que para os judeus fiéis à Bíblia judaica e à lei, nada diz respeito a eles a mensagem de 
Jesus, nem a pertença a seu grupo. A não ser que haja conversão. Elas existem, mas são 
raras.
Porque os judeus não acreditam em Jesus?
Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e pratica religiosa. Muitos tentaram 
impor suas ideias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas nem a inquirição implacável, 
nem os pogroms conseguiram manipular as almas judaicas cumprindo o seu intento.
A chama do judaísmo
A história comprova; os judeus vivem rejeitando o cristianismo. Porque?
Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas pró-
prias convicções. Mas quando judeus são seguidamente questionados, sobre esta ques-
tão e não-judeus frequentemente perguntam; Porque os judeus não acreditam em Jesus? 
Preparamos alguns argumentos com o objetivo de não depreciar outras religiões, pois 
respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mais sim apenas para 
esclarecer a posição judaica.
8Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
Veja	a	seguir	as	repostas	dos	judeus	que	justificam	o	fato	de	eles	não	crêem	em	
Jesus
 1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas, o que a Torá diz acerca do Messias a) 
Construirá o terceiro templo sagrado
 B) Levará todos os judeus de volta a terra de Israel
 C) Introduzira uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento 
e doenças. Como esta escrito; Nação não erguera a espada contra nação, nem o homem 
aprendera a guerra
 D) Divulgara o conhecimento universal sobre o Deus de Israel – unificando toda a raça 
humana como uma só. Como esta escrito; Deus reinará sobre todo o mundo – naquele 
dia, Deus será um e o seu nome será um (Zc 14.9). O fato histórico é que Jesus não pre-
encheu nenhuma destas profecias messiânicas
9
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
				2.	O	Cristianismo	contradiz	a	teologia	judaica
 A) Pai, Filho e espírito Santo,
A teologia cristã apresenta Deus revelado na trindade (Mt 28.19). Compare isso com a 
base da fé judaica; “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso Deus, o Senhor é o Único (Dt 6.4). Os 
judeus declaram a unicidade de Deus todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das 
portas, e atando-a à mão a cabeça. Esta declaração de unicidade de Deus são as primeiras 
palavras que uma criança judia aprende a falar, e as ultimas palavras pronunciadas antes 
de morrer. Na lei judaica, adorar um deus em três partes e considerado idolatria – um dos 
três pecados cardeais, que o judeus preferem desistir da vida a transgredir. Isto explica 
porque durante as Inquisições e através da história, os judeus desistiram da vida para não 
se converterem
 B) Um homem como deus
Os cristãos acreditam que Deus veio à terra em forma humana comodisse Jesus “Eu e o 
Pai somos um (Jó 10;30). Maimônides devota a maior parte do “Guia para os perplexos” a 
ideia fundamental que Deus é incorpóreo, significando que ele não assume forma física. 
Deus é eterno acima do tempo. É infinito além do espaço. Não pode nascer, e não pode 
morrer. Dizer que Deus assume forma humana torna Deus pequeno, diminuindo tanto a 
sua unidade como a sua Divindade. Como diz a Torá: “Deus não é um mortal”. O judaísmo 
diz que o messias nascera de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer 
outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, 
em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de se tornar o Messias (Maimôni-
des – Leis dos Reis 11.3)
 c) Um intermediário para a oração?
 • Uma ideia básica na crença crista que a prece deve ser dirigida através de um interme-
diário – i, e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, 
pois disse: “Nenhum um homem chega ao Pai a não ser através de mim”. No judaísmo, a 
prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e Deus. A Torá diz: Deus esta 
perto de todos que clamam por ele Sl 145.18. Alem disso os 10 mandamentos declaram: 
Não terá outros deuses diante de mim, significando que é proibido colocar um mediador 
10Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
entre Deus e o homem (Maimônides – Leis da Idolatria cap 1)
 d) envolvimento no mundo físico
O Cristianismo frequentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a 
mais sagrada mulher cristã para os católicos, é retratada como uma virgem. Padres e frei-
ras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados. Em contraste, 
o Judaísmo acredita que Deus criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso 
prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de manei-
ra tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados 
que podemos realizar. O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear 
uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. 
As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os ju-
deus não se afastam da vida, elevam-na.
				3.	Jesus	não	personifica	as	qualificações	pessoais	do	Messias
 A) Messias como profeta
Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for 
habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a 
maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia termi-
nou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi. Jesus apareceu 
em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.
 B) descendente de david
O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e 
Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não 
tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser 
descendente do Rei David pelo lado paterno!
11
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
 c) Observância da Torá
O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas 
as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente 
identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4). No decorrer de todo o Novo Testa-
mento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja 
João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).
4) Versículos Bíblicos “referindo-se” a Jesus são traduções incorretas
Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em 
hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.
A - nascimento virgem
A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu des-
crevendo uma “alma” que dá à luz. A palavra “alma” sempre significou uma mulher jovem, 
mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como “virgem”. Isto relaciona o 
nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados 
por deuses.
B - crucifixão
O versículo em Tehilim 22:16 afirma: “Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés.” 
A palavra hebraica ka’ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra “ferir 
muito”. Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucifixão: 
“Eles furaram minhas mãos e pés.”
5) A cRenÇA JUdAicA É BASeAdA nA ReVeLAÇÃO nAciOnAL
Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na reve-
lação nacional - i.e., Deus falando a toda a nação. Se Deus está para iniciar uma religião, 
faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.
O Judaísmo, é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em “rei-
12Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
vindicações de milagres” como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma 
que Deus às vezes concede o poder de “milagres” a charlatães, para testar a lealdade ju-
daica à Torá (Devarim 13:4).
Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8):
“Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos mila-
gres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de 
milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham 
sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por 
Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de 
sua profecia.
“Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos 
com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do 
testemunho de outros... como está escrito: ‘Face a face, Deus falou com vocês...’ 
A Torá também declara: ‘Deus não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco 
- que hoje estamos todos aqui, vivos.’ (Devarim 5:3).”
O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, 
mulher e criança.
13
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
divisão da Bíblia protestante
Começaremos	pelo	antigo	testamento
1 – Pentateuco ou torá – são os livros da lei
É compostos pelos cinco primeiros livros da Bíblia e estão dispostos em ordem cronoló-
gica. São eles:
 • Gêneses
 • Êxodo
 • Levítico
 • Números
 • Deuteronômio
2 – Livros históricos
Este grupo de livros é composto por 12 livros que relatam toda a história de Israel, desde 
a entrada até a conquista da terra prometida Canaã. Também estão em ordem cronológi-
ca.
São eles:
 • Josué
 • Juízes
 • Rute
 • I e II Samuel
 • I e II Reis
 • I e II Crônicas
 • Esdras
 • Neemias
 • Ester
14Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
3 - Livros poéticos
 • Composto por 5 livros, sendo estes escritos em forma de cânticos ou literatura poé-
tica. Estes não estão organizados cronologicamente e sim pela sua relevância.
São eles:
 • Jó
 • Salmo
 • Provérbios
 • Eclesiastes
 • Cantares
4 – Profetas maiores
São 5 livros que relatam a história dos profetas que mais profetizaram na história de Isra-
el. Estão expostos em ordem de relevância e não em cronológica.
São eles:
 • Isaías
 • Jeremias
 • Lamentações
 • Ezequiel
 • Daniel
15
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
5 – Profetas menores
Este é o último grupo de livros do antigo testamento e está dividido em 12 livros que 
contam a história e ministérios de 12 grandes profetas de Israel.
 • Oséias
 • Joel
 • Amós
 • Obadias
 • Jonas
 • Miquéias
 • Naum
 • Habacuque
 • Sofonias
 • Ageu
 • Zacarias
 • Malaquias
Como	é	organizado	o	novo	testamento?
Este é formado por 4 grupos de livros que são:
1 – evangelhos
 • Composto por 4 livros que narram a passagem de Jesus na terra, desde o seu nasci-
mento, obra, ministério, redenção até asua ascensão aos céus.
São eles:
				•	Mateus
				•	Marcos
				•	Lucas
				•	João
16Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
2 – Histórico
 • Composto por apenas um livro que conta a história dos apóstolos e instituição da 
primeira igreja cristã na terra, a igreja primitiva.
 É ele:
 • Atos dos apóstolos
3 – epístolas ou cartas
São Cartas escritas pelos apóstolos e direcionadas às igrejas de várias cidades, nações e 
continentes da terra. São um total de 21 cartas, sendo 13 escritas pelo apóstolo Paulo e 8 
escritas por autores diversos. Estes livros estão organizados em ordem cronológica, sendo 
que as primeiras são as 13 do apóstolo Paulo.
São elas:
 • Romanos
 • I e II Coríntios
 • Gálatas
 • Efésios
 • Felipenses
 • Colossenses
 • I e II Tessanolossenses
 • I e II Timóteo
 • Tito
 • Filemon
17
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
Na sequência vem as outras 8 que são de autores diversos:
Que são:
 • Hebreus
 • Tiago
 • I e II Pedro
 • I, II e III João
 • Judas
4 – Revelações ou apocalipse
Este grupo é composto por penas um livro que trás toda a revelação dos últimos aconte-
cimentos da igreja aqui na terra.
É ele:
 • Apocalipse
A Bíblia é uma biblioteca de livros muito bem organizada e é de suma importância conhe-
cer a sua formação ter uma melhor compreensão das revelações de Deus.
18Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
composição da Bíblia católica
Vamos apresentar a composição da Bíblia católica, usada desde os Apóstolos, pelos San-
tos Padres, pelos santos Doutores, e por toda a Igreja. Ela é composta de 73 livros, con-
tando Lamentações e Jeremias separados. São 46 Livros do Antigo Testamento e 27 do 
Novo Testamento.
 A. Antigo Testamento
das Origens aos Reis - 7 Livros:
 • Gênesis, Exôdo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué e Juízes.
dos Reis de israel e o exílio - 7 Livros:
 • Rute, Samuel I, Samuel II, Reis I, Reis II, Crônicas I e Crônicas II.
Fatos após o exílio na Babilônia - 7 Livros:
 • Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Macabeus I e Macabeus II.
Livros Sapienciais - ensino e Oração - 7 Livros:
 • Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos, Eclesiástico (ou Sirac) e Sabedoria.
Profetas Maiores - Pregações - 6 Livros:
-Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel e Daniel.
Profetas Menores - 12 Livros:
 • Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zaca-
rias, Malaquias.
19
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
B. novo Testamento
evangelhos e Atos dos Apóstolos - 5 Livros:
 • Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos dos Apóstolos.
cartas de São Paulo - 14 Livros:
 • Carta aos Romanos, Coríntios I e II, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessa-
lonicenses I e II, Timóteo I e II, Tito, Filemon, Hebreus. (atribuição da carta aos hebreus a 
Paulo)
cartas dos outros Apóstolos - 8 Livros:
 • Carta de Tiago, Pedro I e II, João I , II e III, Judas, Apocalipse.
no período interbíblico se começa a interpretar a Bíblia
Exatamente a Bíblia judaica
Perido do exílio ou pós exílio
Para interpretar o antigo testamento precisamos entender como eles pensavam na época 
Durante o exílio se forma as correntes de pensamentos encontradas nos dias de Jesus
 • Fariseus Paulo era fariseu
 • Escribas
 • Saduceus
 • Rabinos mestres do Judaísmo
Exegetas do judaísmo
Método de interpretação
Mais influencias
20Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
“O PenSAMenTO e diFeRenÇAS dAS eScOLAS de 
ALeXAndRiA e de AnTiOQUiA”
A	escola	de	Alexandria	prezava	por	uma	interpretação	alegoria
O termo alegoria procede da combinação de dois termos gregos, allos, isto é, “outro”, e 
agoreyo, “falar”, ou “proclamar”. Literalmente significa “dizer uma coisa que significa ou-
tra”
 1. Origenes
 2. Clemente
 3. Tertuliano
 4. Cirilo
 5. Cipriano
 6. Augustinho
A	escola	de	antioquia	prezava	por	uma	interpretação	literal
Esta escola surge para corrigir os erros praticados pela escola de Alexandria
 1. Luciano
 2. Gregoria
21
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
1. A eScOLA de ALeXAndRiA
Nos primórdios do século III a Igreja Alexandrina se desenvolve extraordinariamente e 
toma novos rumos. A literatura do anterior se encontrava profundamente atingida pela 
luta contra os perseguidores eclesiásticos. Dentro de uma nova orientação, uns escritores 
se empenham com afinco no combate e no ataque contra as bruxas, lançando as bases 
para a edificação de uma teologia mais elaborada, preparando racionalmente a abertura 
para um estudo científico da revelação. Até então, nenhum escritor cristão havia consi-
derado o conflito da doutrina cristão como um todo, nem apresenta-lo de maneira siste-
mática. A medida que a nova religião se propagava pelo mundo antigo, cada vez mais se 
fazia necessária a exposição das crenças de maneira ordenada, completa e exata. Quanto 
mais crescia o número de convertidos nas classes cultas, tanto mais importante se fazia a 
necessidade de dar a estes catecúmenos uma instrução a altura de seu meio ambiente e 
de formar mestres para este fim. Assim foi que nasceram as escolas teológicas, berço da 
ciência sagrada. Foi em Alexandria onde nasceu helenismo: a fusão de culturas oriental, 
egípcia e grega deu origem a uma nova civilização. A cultura judaica também encontrou ai 
terreno propício, onde o pensamento aludiu mais profundamente a mentalidade hebraica, 
dando origem a septuaginta.
Quando o cristianismo se estabeleceu na cidade, nos fins do século I, entrou em contato 
com todos estes elementos. Consequentemente, surgiu a necessidade da fundação da 
Escola Teológica.
Alexandria era Igreja numerosa, agitada, efervescente.
1.1. PeRSPecTiVA TeOLÓGicA.
A escola de Alexandria é o centro mais antigo das ciências sagradas na história do cristia-
nismo. O meio em que se desenvolveu lhe imprimiu traços característicos: interesse pela 
investigação metafísica do conteúdo da fé, preferência pela filosofia de Platão e a inves-
tigação alegórica das Sagradas Escrituras.
O método alegórico havia sido utilizado desde há muito tempo pelos filósofos gregos 
na interpretação dos mitos e fábulas dos deuses, que parecem em Homero e Hesíodo. 
Segundo Fílon, o sentido literal da Sagrada Escritura é tão somente o que a sombra é em 
relação ao corpo. A autentica verdade esta no sentido alegórico mais profundo. Os pen-
22Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
sadores cristãos de Alexandria adotaram este método, porque estavam convencidos de 
que a interpretação literal é indigna de Deus. Sem alegoria, nem a teologia nem a exegese 
teriam realizado os enormes avanços que conseguiam. Os mesmos pensadores encontra-
ram nos escritos paulinos a colaboração da aplicabilidade alegórica na interpretação do 
Antigo Testamento. Os membros da Escola de Alexandria contou com valiosa colaboração 
de famosos alunos e professores. Entre eles citamos Clemente, Origenes, Dionisio, Ata-
násio e etc.
ORÍGeneS
PERSPECTIVA TEOLÓGICA: Na Escola Antioquina, o objetivo da investigação escriturísti-
ca era descobrir o sentido mais óbvio. Uma parte acusava o método alegórico de destruir 
o valor da Bíblia como história do passado convertendo-a numa fábula mitológica; a outra 
chamava “carnais” aqueles que se apagavam a uma letra. Tal Escola estabeleceu como 
princípio fundamental não reconhecer no Antigo Testamento, figuras de Cristo apenas 
ocasionalmente. Uma prefiguração do Senhor ali só era admitida se houvesse semelhança 
notória e clara analogia.
A diversidade metodológica nada mais era do que um reflexo da filosofia grega. Seu rea-
lismo e empirismo eram influenciados por Aristóteles, pretendendo ser uma escola racio-
nalista, o que lhe induziu a certas heresias.
1.2. cLeMenTe
Clemente quis colocar o conhecimento pagão ao serviço da compreensão da Bíblia. E 
entre as diversa ciências como aritmética, música,física etc., ele destaca a filosofia como 
sendo a mais importante. A filosofia permite ao cristão não só descobrir os erros filosófi-
cos muitas vezes apresentados, como também ajuda a precisar o conteúdo da fé e permi-
te elevar o nível de seu conhecimento.
Um dos aspectos a partir do qual as obras de Clemente não muitas vazes analisadas, sua 
atitude em relação a filosofia grega. Num período em que os cristãos mostravam uma 
hostilidade para com a cultura grega, Clemente foi um dos primeiros a defendê-la e mes-
mo valorizá-la. A grande conquista de Clemente é a de ter sido o fundador da teologia 
especulativa. Sua obra é dirigida a um público de elevado nível cultural notabilizando-se 
23
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
pela confiança na palavra transmitida oralmente. Procura ser o mais obscuro possível em 
seus escritos temendo a distorção de seus ensinamentos. Conhecedor da obra de Fílon, 
influenciado pelo pensamento grego, Judaico-Alexandriaco e Judaico-Cristão, suas obras 
são fortemente marcadas pelo gnosticismo, se opondo ao gnosticismo herético e aperfei-
çoando um gnosticismo cristão ortodoxo, respeitando profundamente a tradição, relacio-
nando a identidade de Deus do Antigo com o do Novo Testamento. Defende a teoria de 
que se pode ser cristão sem nenhuma cultura, mas este precisa ser possuidor de uma cer-
ta dialética filosófica para assimilar o conteúdo doutrinário e inteligível da verdade cristã. 
Isto é, seu sistema teológico está dominado pela doutrina do Logos que forma a Trindade 
junto com o Pai e Espírito, o que explica seu fracasso já que a teologia está dominada pela 
idéia de Deus e não pela de Logos.
Eclesiologicamente concebe a hierarquia eclesial em três estratos: episcopado, presbite-
rado e diaconato. Considera a Igreja como a única Virgem-Mãe e afirma que se distingue 
das seitas heréticas - na sua opinião o maior obstáculo para a conversão dos judeus e 
pagãos pela sensação de divisão que criam - por sua unidade e antigüidade. Declara que 
o batismo Suas obras se caracterizam pelo esforço de conduzir o pagão à conversão. Na 
exortação aos gregos sugere uma progressiva descoberta de deus. Voltado para o mundo 
grego apresenta a filosofia revestida de um caráter profético para a descoberta do Logos. 
Deixa claro que a verdade chega aos bárbaros pela filosofia. É através dela que eles ad-
quirem o conhecimento de Deus e o seu perdão. O que fora a lei para os judeus, fora a 
filosofia para os gregos; a benevolência de Deus não se restringe aos judeus. Para que a 
ação do verbo seja eficaz ela necessita do conhecimento do homem. A razão humana é 
o elo pelo qual o sagrado se comunica ao homem. Mas para que haja tal comunicação o 
homem deve estar aberto a mensagem de Cristo e empenhado no seu conhecimento.
Para ele a gnose é a realização da pessoa em todas as suas dimensões. A vida e as palavras 
e conformadas em si mesmas em sua referência ao verbo divino. É o desabrochar da fé 
em harmonia perfeita com a vida. A fé é uma força propulsora a um aprofundamento dos 
conhecimentos dos cristãos. Todavia, ela só existe se a razão possui a firme convicção de 
sua verdade. A escola de Alexandria atingiu seu apogeu com Origines, um dos mais ilus-
tres pensadores de todos os tempo. Primogênito de uma numerosa prole cristã, recebeu 
desde cedo uma esmerada formação não só profana mas também religiosa. Órfão de pai, 
ainda muito jovem, se viu obrigado a dedicar-se ao ensino para garantir o sustento da fa-
mília. A frente da famosa escola de catecúmenos, atraiu para a cidade um grande número 
24Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
de discípulos movidos não apenas pelos seus ensinamentos, mas principalmente pelo seu 
exemplo de vida. Em relação com a doutrina da Divindade, Orígenes utilizou freqüente-
mente o termo “trindade”, repelindo o modalismo que não distinguia entre as três pessoas 
divinas. Insiste em que o Filho não teve princípio nem houve um tempo em que não exis-
tiria; também deu vida ao termo consubstancial (homoousios) que tanta transcendência 
teria no enfrentamento com Ario. Orígenes supõe uma ordem hierárquica dentro da Trin-
dade, o que explica ter sido acusado de subordinacionismo. No que se refere o aspecto 
mariológico podemos dizer que Orígenes chama mãe de Deus (Theotokos) a Maria, não 
diretamente, mas de forma indireta e melhor ainda seríamos dizer que ele é insistente na 
necessidade de acolher Maria como mãe de Deus a fim de compreender o Evangelho. 
Sua teologia, influenciado pelo platonismo, o levou a cometer graves erros dogmáticos, 
especialmente na doutrina da pré-existencia da alma humana. Um outro obstáculo de seu 
sistema foi a interpretação alegórica, pois com este método introduziu na exegese um 
subjetivismo perigoso, induzindo a arbitrariedade e o erro. Se ao longo de sua vida atraiu 
grande número de amigos, também e não menor o de inimigos. Se de pois de sua morte 
as controvérsias se multiplicam, a causa se deve ao desaparecimento da maior parte de 
suas obras literárias. A teologia de Origines é profundamente marcada por um espírito 
de contínua busca. Profundo conhecer das Escrituras, seus escritos são sempre voltados 
a exegese sem enquadra-lo num sistema determinado, dando liberdade do leitor para 
uma interpretação mais espontânea. Na elaboração de sua teologia procura profundar a 
tradição e propor metas para a interpretação dando possíveis solução. Pela interpreta-
ção alegórica dava ao Antigo Testamento uma explicação simbólica, prefigurando a Boa 
Nova aos seus eventos e personagens. Os escritos vétero-testamentários, nada mais são 
do que a preparação para uma recepção consciente da revelação em sua plenitude. Para 
uma interpretação mais autentica das Escrituras é indispensável dissociar o sentido lite-
ral, que representa o Corpo de Cristo, do sentido espiritual que é a alma nas Escrituras. 
Para se passar do sentido literal ao sentido espiritual se faz mister a comparação de um 
texto escrituístico com outros da mesma Escritura, mesmo assim é impossível se chegar 
ao fim de uma interpretação em uma totalidade, pois a Escritura outra coisa não é senão 
a revelação do Cristo-Logos e este por sua vez se manifesta a cada homem de modo a 
ser aprendido um na mensagem. Quando mais o homem se institui nas Sagradas Escritu-
ras, tanto mais ele se aproxime da imagem e semelhança de Deus. Se o homem perdera 
a imagem por causa do pecado, esta deve ser reencontrada e aperfeiçoada, passando de 
imagem a semelhança de Deus, tal desenvolvimento espiritual na vida terrena, mas viu na 
vida futura, na bem-aventurança celeste, onde não mais se encontramos os obstáculos do 
25
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
plano material e só então a participação do homem no Espírito Divino atingirá um cume, 
na plenitude.
1.4. TeRTULiAnO
Tertuliano, converso em 193, habitou Cartago. Em 270 adotou uma postura favorável ao 
montanismo, chegando a ser chefe de um grupo extremista dentro deste movimento ao 
qual se denominou tertulianistas e que chegou até a época de Agostinho de Hipona.
 • Possível que a contribuição principal de Tertuliano à Teologia seja em relação à dou-
trina da Trindade. Ele foi o primeiro aplicar o termo “Trinitas” para as três pessoal e assim 
em De pud. XXI, fala da “Trindade de uma divindade, Pai, Filho e Espírito Santo”. Expôs 
também a idéia de que o Filho era da mesma substância que o Pai, assim como “há uma só 
substância nos três que estão unidos entre si”. Sua doutrina trinitária se adiantou, pois, em 
um século ao símbolo de Nicéia. No seu período montanista - visão da Igreja-instituição 
- iria cedendo ante a visão de uma Igreja espiritual formada pelos homens espirituais, am-
bas estão em confronto e opostas.
Em suma, podemos matizar que Tertuliano acreditava no milenarismo e pensava que, pelo 
fim do mundo, os justos ressuscitaram para reinar com Cristo em Jerusalém por um perí-
odo de mil anos.
1.5. ciRiLO
Nasceu em Alexandria por volta de 403 tomouparte na destituição de João Crisóstomo 
no sínodo da Encina e sua aversão a este personagem se manteve até o ano de 417. A 
partir de 428, época em que Nestório fora consagrado bispo de Constantinopla, opôs-se 
ativamente a ele, contradizendo sua tese em uma missiva pascal; neste combate, que logo 
levou ao das respectivas escolas da Alexandria e de Constantinopla, impulsionou Nestó-
rio e Cirilo a solicitar a interpretação do papa Celestino.
Um sínodo celebrado em Roma condenou Nestório uma vez que aprovava a teologia de 
Cirilo. Ante a postura áspera deste para com seu concorrente o imperador Teodósio II 
convocou um concílio em Éfeso em cuja primeira sessão Nestório foi deposto e excomun-
gado. No curso do mesmo se reconheceu também o título de mãe de Deus (Theotokos) 
26Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
aplicado a Maria, se bem que seu conteúdo se referia mais a categorias cristológicas que 
mariológicas. Quatro dias mais tarde, a chegada de João de Antioquia provocou a con-
vocação de um novo sínodo no qual se depôs e excomungou Cirilo. Teodósio, tentando 
evitar um conflito, optou por declarar despostos Nestório e Cirilo e encarcerar a ambos. 
Posteriormente permitiu que Cirilo regressasse a sua sede enquanto Nestório partia para 
seu mosteiro de Antioquia. No afã de perseguir o nestorianismo, Cirilo esteve na iminên-
cia de condenar a Teodoro de Mopsuétia, que havia sido mestre de Nestório, apesar de 
que se declarou, já em seu leito de morte, contrário a tal medida. É atribuído a Cirilo a 
criação do método escolástico em teologia, aduzindo em defesa de seus argumentos não 
só o testemunho das Escrituras também o dos Padres. Certamente não fora o primeiro a 
utilizar este sistema, mas sim é verdade que o fez com uma profusão desconhecida até 
então. Como os arianos e os apolinaristas utilizou as provas derivadas da razão de man-
ter sua tese. Sua cristologia inicial não foi senão uma cópia da de Atanásio, no entanto, 
o enfrentamento com Nestório o levou a perfilar de maneira mais sutil sua terminologia, 
antecipando, anterior à Calcedônia, a dualidade das naturezas existentes em Cristo.
1.6. ciPRiAnO
Cipriano converso por meio de Cecílio. Ao estourar a perseguição de Décio em 250 ocul-
tou-se, atitude que não seria bem vista por todos. Pouco depois do martírio do papa Fa-
biano, viu-se compelido a enviar uma carta à igreja de Roma explicando o porquê de sua 
conduta e relatando os testemunho de outras pessoas que asseguravam que ele nunca 
havia abandonado seus deveres de pastor. Cipriano era contrário a recepção, a reconci-
liação dos lapsi, que renegavam a fé, tal fato provocou a oposição de um setor eclesial no 
qual se destacava Novato, que iria até a Roma para apoiar Novaciano contra o novo papa 
Cornélio. Cipriano excomungou seus opositores escrevendo suas missivas “acerca dos 
erros e acerca da unidade da Igreja”.
A principal contribuição teológica de Cipriano se dá em sua eclesiologia. “Salus extra Ec-
clesiam non est”, eis a tese que ilustra comparando a Igreja com uma mãe, com a arca de 
Noé. Fundamento da unidade eclesial é a submissão ao bispo que só responde diante de 
Deus. Do que está expresso em CSEL III, 1, 436, depreende-se que não reconhecia uma 
supremacia de jurisdição do bispo de Roma sobre seus colegas nem tampouco que Pedro 
houvera recebido poder sobre os demais apóstolos, daí a explicação sua oposição ao papa 
Estêvão na questão do batismo dos hereges.
27
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
Ao que se refere ao Batismo recusa o realizado pelos hereges e se mostrou de administrar 
o batismo de crianças o mais rápido possível. Martírio é um batismo superior ao de água. 
Ao que se diz sobre a Penitência, Cipriano optou por uma postura que condenava o laxis-
mo de seu clero e o rigorismo de Novaciano. Numa perspectiva atual, sua tese parece-nos 
muito rígida, mas este aspecto deve situar-se dentro dos padrões de conduta da época. 
Em relação à Eucaristia é autor do único escrito anterior a Nicéia consagrado exclusiva-
mente a este tema. Seu ponto de vista é interessante porque incide especialmente no 
caráter sacrificial da Ceia do Senhor.
2. A eScOLA de AnTiOQUiA
A Escola de Antioquia, fundada por Luciano de Samosata, foi uma reação contrária aos 
excessos e fantasias do método alegórico origenista . O ponto central de tal escola era o 
próprio texto Sagrado, procurando induzir seus discípulos a uma interpretação literal, o 
estudo histórico e gramatical do mesmo. Luciano de Samosata fundou a escola de Antio-
quia nos princípios do século IV . Os teólogos antioquenos rejeitavam o método alegóri-
co, próprio dos alexandrinos, que em sua opinião desvirtuava o reto sentido dos textos 
bíblicos, com o risco de os converter em pura mitologia. A escola de Antioquia cultivava a 
interpretação literal da Escritura e inspirava-se no realismo da filosofia aristotélica.
2.2. GReGÓRiO, O TAUMATURGO.
Gregório nasceu de um família nobre em Neocesaréia do Porto. Transferindo-se para Ce-
saréia por motivos familiares, ali entrou em contato com o cristianismo e se fez batizar 
sob a influência de Origines, de quem havia sido discípulo. Na véspera de sua partida 
proferiu um discurso acadêmico de despedida ao seu venerado mestre. Discurso este que 
muito tem contribuído para os estudos sobre a pessoa de Origines. Compôs um breve 
símbolo que, ainda que se ao dogma da trindade, é notável pela exatidão de seu concei-
tos. Redige também um tratado sobre a possibilidade e a impassibilidade de Deus, onde 
trata incompatibilidade do sofrimento com a idéia de Deus. Deus Não pode estar sujeito 
ao sofrimento. Ele
 • livre em mas decisões. Pelo seu sofrimento voluntário, o Filho de Deus derrotou a 
morte e provou a sua impassibilidade.
28Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
2.3. LUciAnO de AnTiOQUiA
Homem excelente em todos os aspectos, segundo Eusébio, de vida moderada e versado 
nas ciências Sagradas. Não foi um escritor profano. Jerônimo fala de seu trabalho sobre 
a fé, sem dar nenhuma informação sobre o conteúdo. Conhecia perfeitamente o hebrai-
co e corrigia a versão grega do antigo testamento segundo o original hebraico. Revisou 
também o texto de Novo Testamento. Sua escola se opunha ao Alegorismos da escola 
Alexandrina. Se dedicou a interpretação literal das Escrituras e com seu método exegético 
formou um grade número de escritos. Percursor da doutrina a ser chamada de Arianismo. 
Sacerdote da comunidade de Antioquia, esteve excomungado por longo período sob o 
pontificado de três bispos. Ario e os seus futuros partidários foram educados por Luciano 
em Antioquia, o que nos remete a um idéia de que teria sido um padre do arianismo .
3. OS cOncÍLiOS
Dentre os sete concílios da antigüidade cristã ainda hoje tidos como ecumênicos pela 
maioria das Igrejas, destacam-se pela autoridade doutrinária e importância histórica os 
quatro primeiros, de Nicéia a Calcedônia. Não há dúvida que estes primeiros concílios 
ecumênicos são caracterizados por uma real continuidade histórica e sob este aspecto 
constituem uma unidade à parte. A formulação do dogma trinitário foi a grande empresa 
teológica século IV, e a ortodoxia católica teve o Arianismo como adversário. O Arianismo 
entroncava em certas doutrinas antigas que acentuavam de modo exagerado e unilateral 
a unidade de Deus, a ponto de destruírem a distinção de Pessoas na Santíssima Trindade 
- Sabelisnismo - ou de subordinarem o Filho ao Pai, fazendo-o inferior a Este - Subordina-
cionismo. Um Subordinacionismo radical inspirava os ensinamentos do presbítero alexan-
drino Ario, o qual não só fazia o Filho inferior ao Pai, como negava inclusivamente a sua 
natureza divina. A unidade absoluta como a mais nobre das criaturas, Não Filho natural, 
mas filho adotivo de Deus ao qual de modo impróprio era lícito chamar também Deus. A 
doutrina ariana revelava uma clara influência da filosofia helenística com a sai noção de 
Deus Supremo e um conceito do Verbo muito afimdo demiurgo platônico, ser intermédio 
entre Deus e o mundo, e artífice, ao mesmo tempo da criação. A relação existente entre 
Arianismo e filosofia grega explica a sua rápida difusão e o favorável acolhimento que en-
controu entre os intelectuais racionalistas impregnados de helenismo. As seqüelas afeta-
vam o dogma da Redenção que teria carecido de eficácia se o Verbo encarnado não fosse 
verdadeiro Deus. A Igreja de Alexandria apercebeu-se da transcendência do problema e, 
29
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
após tentar dissuadir Ario do seu erro, procedeu à sua condenação num sínodo de bispos 
do Egito. O Arianismo tinha-se convertido já num problema de dimensão universal que 
exigiu a convocação do primeiro concílio ecumenico da História cristã.
Nicéia em 325 - devido as afirmações de Ario, segundo as quais Cristo foi “criado”- de-
finiu que o verbo encarnado é da mesma substância (homoousios, consubstancial) que 
o Pai, Deus nascido de Deus, ou seja, a divindade do verbo, empregando um termo que 
exprimia de modo inequívoco a sua relação com o Pai: consubstancial. O Símbolo niceno 
proclamava que o Filho, Jesus Cristo, “Deus de Deus, Luz da Luz, deus verdadeiro de Deus 
verdadeiro, gerado, não criado” é “consubstancial ao Pai”. Atanásio ainda era jovem se fez 
monge nos desertos do Egito. Depois de feito diácono da igreja alexandrina, foi com seu 
bispo Alexandre ao concílio de Nicéia, onde se distinguiu pelo combate ao cristianismo. 
Atanásio é uma das grandes figura de bispo da história antiga. Talhado no granito, intran-
sigente até a violência, é ele um bispo da Resistência. Atanásio não foi um teólogo espe-
culativo mas antes um pastor preocupado com a ameaça de paganização helenista que 
implicava a heresia de Ario. Seu desejo é salvaguardar a pureza da “tradição, doutrina e 
fé da Igreja católica que o Senhor deu, os apóstolos pregaram e os padres conservaram”. 
Pai e Filho têm a mesma natureza e são eternos. Esta tese tem uma importância suprema 
para a redenção já que não poderíamos ser salvos sem que Deus se fizesse homem. A par-
tir deste ponto pode-se considerar Maria como mãe de Deus. O Espírito Santo não pode 
ser criatura formando parte da Trindade uma vez que é Deus também. É mais também 
possível que a oposição ao arianismo que marcou toda a sua vida tenha sido o que levou 
Atanásio a negar a validade do batismo ariano. A base de sua atitude não procedia do fato 
que os arianos não usaram a forma trinitária no batismo mas por acreditar que os mes-
mos conferiam uma fé distorcida e pode-se ver sua influência no cânon 19 do Concílio 
de Nicéia, onde se ordena que os paulianistas que desejam voltar à Igreja católica devem 
ser batizados de novo. A postura de Atanásio sobre a Eucaristia não é totalmente clara. O 
Cristianismo pregava que os logos era como uma criatura, subordinado ao Pai. Combaten-
do tal heresia o Concílio de Nicéia definiu que o filho que o filho de Deus é consubstancial 
ao Pai, o que significa que não é criado, mas compartilha a essência do Pai. “Cremos em 
um só Deus Pai onipotente, criador de todas as cosias, visíveis e invisíveis; em um só Se-
nhor Jesus Cristo Filho de Deus, unigênito, nascido do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus 
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai, por quem todas 
as coisa foram feitas, as do céu e as da terra, que por nós e por nossa salvação desceu do 
céu e se encarnou, se fez homem, padeceu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, 
30Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
donde a de vir a julgar os vivos e os mortos”. A vitória da ortodoxia em Nicéia foi seguida 
por um “pós-concílio” de sinal radicalmente oposto, que constitui um dos episódios mais 
surpreendentes da História cristã. Eusébio de Nicomédia influenciou muito na corte im-
perial e nos finais do reinado de Constantino pareceu que o arianismo ia prevalecer.
Desde meados do século IV, o Arianismo dividiu-se em três facções:
 • Os radicais “anomeus”, que faziam finca-pé na dessemelhança do Filho relativamente 
ao Pai;
 • Os “homeus”, que consideravam o Filho Homoios ao Pai;
 • Os chamados semiariano, os mais próximos da ortodoxia, para os quais o Filho era 
substancialmente semelhante ao Pai.
A obra teológica dos chamados “Padres Capadócios” desenvolveu a doutrina nicena e 
atraiu muitos seguidores das tendências moderadas do Arianismo que em pouco tempo 
desapareceu do horizonte da Igreja Universal, para sobreviver apenas como a forma de 
Cristianismo professada pela maioria dos povos germânicos invasores do Império. A teo-
logia trinitária foi completada no Concílio I de Constantinopla com a definição da divin-
dade do Espírito santo, ante a heresia que a negava: o Macedonismo. Deste modo, antes 
de finalizar o século IV, a doutrina católica da Santíssima Trindade ficou fixada no seu 
conjunto no Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Um aspecto da teologia trinitária não 
estava declerado expressamente no Símbolo: as relações do Espírito Santo com o Filho. 
Este ponto daria lugar mais tarde à célebre questão do Filioque, destinada a converter-se 
em pomo de discórdia entre Oriente e Ocidente cristãos.
Portanto, Constantinopla em 381: esforça-se para pôr fim ao arianismo, reafirmando a 
divindade de Cristo, bem como a do Espírito Santo, contestada por Eunômio. Após a con-
trovérsia sobre a divindade do Logos, os cristãos se voltaram para o Espírito Santo: houve 
quem professasse ver o Espírito Santo como mera criatura. O arauto principal deste tese 
foi Macedôneo, bispo de Constatinopla; donde o nome de macedonismo. Reunindo o 
concílio, ficou estabelecido que o Espírito Santo é Deus, da mesma substância que o Pai 
e o Filho. Consequentemente o símbolo Niceno foi completado:
“Cremos no Espírito Santo, fonte da vida que procede do Pai, que é adorado e glorificado com 
o Pai e o Filho e que falou pelos profetas”
31
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
Definida a doutrina da Santíssima Trindade, a teologia teve de encarar de modo imediato 
o Mistério de Cristo, não em relação com as outras Pessoas Divinas, mas em si mesmo. A 
questão fundamental era, em substância, esta: Cristo é perfeito Deus e perfeito homem; 
mas como se conjugaram nele a divindade e a humanidade? Perante esta pergunta as 
duas grande escolas teológicas do Oriente adotaram posições contrapostas. A escola ale-
xandrina fez finca-pé na perfeita divindade de Cristo: a natureza divina penetrava de tal 
modo a humanidade - como o fogo o ferro incandescente - que se daria uma união inter-
na, uma “mistura” de natureza. A escola de Antioquia insistia, pelo contrário, na perfeita 
humanidade de Cristo. A união das duas naturezas nele seria apenas externa ou moral: 
por isso, mais que encarnação haveria que falar de inabitação do Verbo que habitaria no 
homem Jesus como numa túnica ou numa tenda.
Éfeso em 431: nenhuma definição parece ter saído desse concílio. Em 433 um “ato de 
união” diz: “nós confessamos, portanto, nosso Senhor Jesus Cristo, Filho único de Deus, Deus 
perfeito, composto de uma alma racional, de um corpo, gerado do Pai antes dos séculos, se-
gundo a divindade, nascido nesses últimos dias da Virgem Maria”.
O arianismo levou a Igreja a insistir na divindade de Cristo. A questão cristológica pôs-se 
abertamente quando o bispo Nestório de Constantinopla, da escola antioquena, pregou 
publicamente contra a Maternidade divina de Maria, à qual negou o título de Theotókos 
- mãe de Deus - atribuindo-lhe apenas o de Christotokos - mãe de Cristo. Produziram-se 
tumultos populares e o patriarca de Alexandria, São Cirilo denunciou a Roma a doutrina 
nestoriana. O papa Celestino I pediu a Nestório uma retratação, que este se recusou a 
fazer. O concílio de Éfeso, reunido nessa altura pelo imperador Teodósio II foi muito aci-
dentado, devido à rivalidade entre bispos alexandrinos e antioquenos. Mas houve acordo 
e compôs-se uma profissão de fé na qual se formulava a doutrina da “união hipostática”das duas naturezas em Cristo e se designava Maria com o título de Mãe de Deus. Nestório 
foi deposto e desterrado; grupos de partidários seus subsistiram, contudo, no Próximo 
Oriente e formaram uma Igreja Nestoriana que durante muitos séculos desenvolveu uma 
importante obra missionária por terras da Ásia. O patriarcado de Alexandria tinha alcan-
çado crescente poder na primeira metade do século V e vários dos seus bispos intervie-
ram ativamente em assuntos internos da Igreja de Constantinopla. Aconteceu que após a 
morte de São Cirilo as tendências extremistas se impuseram em Alexandria. A doutrina de 
Éfeso das duas naturezas na única pessoa de Cristo não pareceu satisfatória aos teólogos 
alexandrinos, por entenderem que duas naturezas equivalia a duas pessoas; e afirmaram 
32Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
que em Cristo não haveria mais do que uma natureza, posto que na Encarnação a nature-
za humana tinha sido absorvida pela divina. Esta doutrina - Monofisismo - foi anunciada 
em Constantinopla arquimandria Eutiques, que foi privado do seu ofício pelo patriarca 
Flaviano. Interveio então o patriarca de Alexandria, Dióscoro, que conseguiu o apoio do 
imperador Teodósio II. Um concílio reunido em Ésfeso (449) na presidência de Dióscoro, 
celebrou-se sob o sinal de violência. O patriarca de Constantinopla foi deposto e dester-
rado; impediu-se a leitura da epístola dogmática do Papa dirigida a Flaviano, de que eram 
portadores os legados pontifícios e condenou-se a doutrina das duas naturezas em Cristo. 
O papa Leão Magno batizou essa assembléia com um apelativo que passou à História: “la-
trocínio de Éfeso”. Assim que os imperadores Pulquéria e Marciano sucederam a Teodósio 
II, o papa Leão pediu a reunião de um novo sínodo ecumênico: foi o de Calcedônia em 
451 que reage contra o monofisismo, que é uma só natureza em Cristo, e afirma “um só e 
mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito em sua divindade, perfeito em sua humani-
dade, verdadeiro Deus, verdadeiro homem”. O concílio aderiu de modo unânime à doutrina 
cristológica contida na epístola de Leão magno a Flaviano: “Pedro falou pela boca de Leão”, 
aclamaram os padres. A profissão de fé que se redigiu reconhecia as duas naturezas em 
Cristo, “sem que haja confusão, nem divisão, nem separação entre elas. Mas o Monofi-
sismo, longe de desaparecer, lançou raízes profundas em várias regiões do oriente, em 
particular no Egito. A condenação do Monofisismo foi entendida como um ataque à sua 
Igreja e as tradições de Atanásio e Cirilo. Um Patriarcado monofisita surgiu em Alexandria, 
contra o Patriarcado “melquita” ou imperial.
Constantinopla em 453: condena os erros atribuídos a Orígenes e a três teólogos - Teodo-
ro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e Ibas. O papa Leão I homologou a condenação dos 
erros, e não das pessoas. O concílio visava principalmente o nestorianismo. Este contexto 
histórico explica os esforços dos imperadores seguintes por encontrarem fórmulas de 
compromisso que, sem contradizerem o Símbolo de Calcedônia pudessem ser aceitáveis 
pelos monofisitas e assegurassem a fidelidade destas populações ao Império.
33
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
As	figuras	de	linguagem
1.	O	que	é	uma	figura	de	linguagem?
Figura de linguagem é simplesmente uma palavra ou frase usada fora de seu emprego ou 
sentido original.
2.	Por	que	se	utilizam	figuras	de	linguagem?
2.1 As figuras de linguagem acrescentam cor e vida
“O Senhor é a minha rocha” (Sl. 18:2) é uma forma viva de se dizer que podemos confiar 
no Senhor, pois ele é forte e inabalável.
2.2 As figuras de linguagem chamam a atenção
O interesse do ouvinte ou leitor é despertado. Isso fica nítido na advertência de Paulo em 
Fp. 3:2, cuidado com esses cães.
2.3 As figuras de linguagem tornam os conceitos abstratos mais concretos
A frase: “por baixo de ti estende os braços eternos” (Dt. 33:27) certamente transmite uma 
idéia mais concreta do que “O senhor te sustentará”.
2.4 As figuras de linguagem ficam mais registradas na memória
A afirmação de Oséias “Como vaca rebelde se rebelou Israel…” (Os. 4:16) é mais fácil de 
lembrar do que se tivesse escrito: “Israel é extremamente teimoso”.
2.5	As	figuras	de	linguagem	sintetizam	uma	idéia
Elas captam a idéia de forma mais abreviada, elas dizem muito em poucas palavras. A fa-
mosa metáfora: “O Senhor é meu Pastor…” (Sl 23:1) nos transmite rapidamente a idéia do 
cuidado de um pastor com suas ovelhas.
2.6 As figuras de linguagem estimulam a reflexão
As figuras de linguagem levam o leitor a parar e pensar. Quando lemos Salmos 52:8 – 
“quanto a mim, porém, sou como a oliveira verdejante, casa de Deus…” – somos desafia-
dos a meditar nas semelhanças que este símile nos traz à mente.
34Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
3.	Como	saber	se	uma	expressão	apresenta	sentido	figurado	ou	literal?
Em geral, uma expressão está em sentido figurado quando destoa do assunto, ou quando 
não combina com os fatos, experiência ou observação. Quando o Cleber Machado narra 
um jogo de futebol e diz que o “Porco” venceu o “Leão”, não quis dizer realmente que um 
porco (animal) venceu um leão (animal), mas sim que o Palmeiras venceu o Sport, ou seja, 
naquele contexto (futebol) faz todo sentido.
As regras abaixo nos ajudam a identificar as figuras de linguagem.
 1. Adote sempre o estilo literal das passagens, a menos que hajam boas razões para não 
fazê-lo. Por exemplo, quando João disse que 144.000 serão selados – 12.000 de cada 
uma das 12 tribos de Israel – não há razão para não respeitarmos o sentido normal, literal 
(Ap. 7:4-8). No entanto, no verso seguinte o apóstolo faz menção do “Cordeiro” (v. 9), o 
que, obviamente é uma referência a Jesus, não a um animal, como João 1:29 deixa claro.
 2. Se o sentido literal resultar numa impossibilidade, o sentido verdadeiro é o figurado. 
O Senhor disse para jeremias que o havia posto como “coluna de ferro e por muros de 
bronze” (Jr. 1:18).
 3. O sentido é o figurado se o literal resultar em um absurdo, como no caso das árvores 
baterem palmas (Is. 55:12).
 4. Adote o sentido figurado se o literal sugerir imoralidade. Com seria um ato de cani-
balismo comer a carne de Jesus e beber seu sangue, é evidente que ele estava usando o 
sentido figurado (Jo. 6:53-58).
 5. Veja se a expressão figurada vem acompanhada de uma explicação literal. Aqueles 
que dormem (1 Ts. 4:13-15) logo em seguida são chamados de “os mortos” (v. 16).
 6. Às vezes uma figura é realçada por um adjetivo qualitativo, como Pai celeste (Mt. 
6:14), “o verdadeiro pão” (Jo. 6:32), a pedra que vive (1 Pe. 2:4). Isso indica que o substan-
tivo anterior não deve ser entendido em seu sentido literal.
35
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
4.	A	linguagem	figurada	é	oposto	da	interpretação	literal?
Não devemos achar que o sentido figurado seja o oposto do sentido literal. O sentido fi-
gurado transmite a verdade literal, ou seja, o autor apenas escreveu a mensagem literal de 
outra forma, para reforçar seu sentido; mas, os fatos são literais. Não devemos confundir 
com a alegorização, que já foi vista na aula 03 deste módulo.
Por exemplo, quando dizemos: “Fulano virou um bicho quando soube”, claro que não quer 
dizer que virou um animal, mas ficou furioso. Porém a verdade é literal, seja falando de 
uma forma ou de outra.
5.	Alguns	tipos	de	figuras	de	linguagem
5.1 As figuras de linguagem que transmitem comparação
Símile – É uma comparação que lembra outra explicitamente. Pedro usou um símile quan-
do disse que “…toda carne é como a erva…” (1 Pe. 1:24). Jesus também fez uso do símile 
quando disse: “…eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos”. A dificuldade dos 
símiles é descobrir as semelhanças entre os dois elementos. Em que aspecto a carne é 
como a erva. De que forma os cristãos são como cordeiros?
Metáfora – É uma comparação em que um elemento representa outro, sendo que os dois 
são essencialmente diferentes. Em uma metáforaa comparação está implícita. Temos um 
exemplo disso em Isaías 40:6: “Toda a carne é erva”. Note que é diferente da expressão 
em 1 Pedro, acima. Jesus comparou seus seguidores ao sal: “Vós sois o sal da terra” (Mt. 
5:13). Quando Jesus afirmou: “Eu sou a porta” (Jo. 10:7-9), “Eu sou o bom pastor” (vv. 11-
14) e “Eu sou o pão da vida” (6:48), ele estava fazendo comparações. O leitor é levado a 
pensar de que forma Jesus assemelha-se a tais elementos.
Hipocatástase – Não é uma figura de linguagem tão conhecida, mas também faz uma 
comparação, na qual a semelhança
 • Indicada diretamente. Davi, no Salmos 22: 16, disse: “Cães me cercam…”. Ele não es-
tava se referindo aos caninos, mas sim aos seus inimigos. Os falsos mestres também são 
chamados de cães em Filipenses 3:2, e lobos vorazes em Atos 20:29. Em João 1:29, João 
Batista fez uso de uma hipocatástase quando exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus”.
36Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
5.2 As figuras de linguagem que transmitem substituição
Metonímia – A metonímia consiste em trocar uma palavra por outra. Por exemplo, quando 
afirmamos que o Congresso tomou uma decisão, queremos dizer que os deputados e se-
nadores tomaram a decisão. Pode ser também que a causa seja usada em lugar do efeito. 
Os opositores de Jeremias disseram: “…vinda, firamo-lo com a língua…” (Jr. 18:18). Como 
seria absurdo produzir ferimentos com a língua, é claro que eles estavam referindo-se 
a palavras. Em Atos 11:23, temos outro exemplo quando fala de Barnabé: “…e, vendo a 
graça de Deus…”. O sentido aqui só pode ser o do efeito da graça, pois a graça, na reali-
dade não pode ser vista. Temos exemplos de substituição de elementos relacionados ou 
semelhantes. quando Paulo disse: “Não podeis beber o cálice do Senhor…” (1 Co. 10:21), 
ele não estava se referindo ao cálice propriamente dito, mas sim ao conteúdo do cálice. 
Quando o Senhor disse para Oséias que “a terra se prostituiu…”, a palavra terra diz respei-
to à população.
Sinédoque – É a substituição do todo pela parte, ou da parte pelo todo. Em Lucas 2:1, a 
Bíblia nos diz que o imperador César Augusto emitiu um decreto de que deveria ser feito 
o censo “do mundo todo”. Ele falou do todo, mas estava se referindo ao Império Romano. 
É óbvio que Provérbios 1:16 – “…os seus pés correm para o mal…” – não significa que 
somente os pés corriam para o mal. Os pés são a parte que representa o todo. Áquila e 
Priscila arriscaram suas próprias cabeças (Rm 16:4). Nesta sinédoque, “suas cabeças” re-
presenta suas vidas, o todo.
Personificação – É a atribuição de características ou ações humanas a objetos inanimados, 
a conceitos ou animais. A alegria é uma emoção atribuída ao deserto, em Isaías 35:1. Isa-
ías 55:12 fala de montes cantando e árvores batendo palmas. A morte personifica-se em 
Romanos 6:9 e em 1 Coríntios 15:55.
Antropomorfismo – é a atribuição de qualidades ou ações humanas a Deus, como ocorre 
nas referências aos dedos de Deus (Sl. 8:3), a seus ouvidos (31:2) e a seus olhos (2 Cr. 
16:9).
Antropopatia – Esta figura de linguagem atribui emoções humanas a Deus, como vemos 
em Zacarias 8:2: “…tenho grandes zelos de Sião”.
Zoomorfismo – Se o antropomorfismo atribui qualidades humanas a Deus, o zoomorfis-
37
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
mo atribui características animais a Deus (ou outros). Em Salmos 91:4, faz-se referência 
a penas e asas. Jó descreveu o que ele considerou como ira de Deus contra ele quando 
disse: “…contra mim rangeu os dentes…” (Jó 16:9).
Apóstrofe – É uma referência direta a um objeto como se fosse uma pessoa, ou uma pes-
soa ausente ou imaginária, como se estivesse presente. O salmista empregou um após-
trofe em Salmos 114:5: “Que tens, ó mar, que assim foges?…” Miquéias fala diretamente à 
terra, em Miquéias 1:2: “Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra…”. Em Salmos 6:8, 
o salmista fala como se seus inimigos estivessem presentes: “Apartai-vos de mim, todos 
os que praticais a iniquidade…”.
Eufemismo – Consiste na substituição de uma expressão desagradável por outra mais sua-
ve. Falamos da morte mediante eufemismos: “passou desta para melhor”, “bateu as botas”. 
A Bíblia fala da morte dos cristãos como um adormecimento (At. 7:60; 1 Ts. 4:13-15).
5.3 As figuras de linguagem que transmitem omissão ou supressão
Elipse – é uma supressão de uma palavra facilmente subentendida. É a omissão inten-
cional de um termo facilmente identificável pelo contexto ou por elementos gramaticais 
presentes na frase.Em 1 Co. 15:5, “os doze”, representa “os doze apóstolos”.
Pergunta retórica – Uma pergunta retórica é aquela que não exige resposta; seu objetivo 
é forçar o leitor a respondê-la mentalmente e avaliar suas implicações. Quando Deus per-
guntou para Abraão: “Acaso para Deus há algo muito difícil?…” (Gn. 18:14), ele não espe-
rava ouvir uma resposta. A intenção era que o patriarca refletisse mentalmente. Paulo fez 
uma pergunta retórica em Romanos 8:31: “… se Deus é por nós, quem será contra nós?”. 
Estas perguntas são formas de se transmitir informações.
5.4 As figuras de linguagem que transmitem exageros ou atenuações
Hipérbole – É uma afirmação exagerada em que se diz mais do que o significado literal, 
com o objetivo de dar ênfase. Vejamos em Deuteronômio 1:28 a resposta dos espias isra-
elitas sobre a tomada de Canaã: “”…as cidades são grandes e fortificadas até os céus…”
Litotes – É uma frase suavizada ou negativa para expressar uma afirmação. É o oposto da 
hipérbole. Quando dizemos: “Ele não é um mal goleiro”, na realidade queremos dizer que 
38Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
ele é um goleiro muito bom. Esta atenuação dá ênfase à frase. Em Atos 21:39, Paulo disse: 
“… eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante”, quis dizer que Tarso era uma 
cidade importante.
Ironia – É uma forma de ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio. Geralmente 
vem marcada pelo tom de voz da pessoa que fala, para que os ouvintes percebam. Por 
isso, às vezes é difícil saber se algo escrito é, ou não, uma ironia. O contexto nos ajuda a 
perceber isso. Por exemplo Mical, filha do rei Saul, disse a Davi: “… que bela figura fez o rei 
de Israel…” (2 Sm. 6:20). O versículo 22 nos mostra que o sentido pretendido era o opos-
to, ou seja, o rei havia se humilhado agindo daquela maneira. Em 1 Reis capítulo 18, no 
episódio de Elias contra os profetas de baal, vemos que Elias ironizou a baal várias vezes.
Pleonasmo – Consiste na repetição de palavras ou no acréscimo de palavras semelhantes. 
Atos 2:30 quer dizer literalmente “Deus lhe havia jurado com juramento”. Como para nos-
sa língua é uma repetição desnecessária a NTLH traduziu sem esta repetição.
5.5		As	figuras	de	linguagem	que	transmitem	incoerências
Oxímoro – Consiste na combinação de dois termos opostos ou contraditórios. Quando 
falamos, por exemplo, “um silêncio eloqüente”, empregamos um oxímoro. Em Fp. 3:19, 
Paulo diz que a glória dos inimigos de Cristo está em sua infâmia; em Romanos 12:1 so-
mos desafiados a sermos “sacrifícios vivos”.
Paradoxo – É uma afirmação aparentemente absurda ou contrária ao bom senso. Um pa-
radoxo não é uma contradição; é simplesmente algo que parece ser o oposto do que em 
geral se sabe. Jesus utilizou muitos paradoxos em seus ensinos. Um deles nos diz que 
quem quiser salvar sua vida deve perdê-la. Os humilhados serão exaltados. O maior no 
reino de Deus é o menor. Se você quiser viver então morra.
6	Como	devemos	interpretar	as	figuras	de	linguagem?
6.1 descobrir se existe alguma figura de linguagem
Às vezes a figura de linguagem não é reconhecida no texto, causando um grande proble-
ma de interpretação. Quando Paulo falou sobre suportar as adversidades como um bom 
soldado, competir com um atleta e receber os frutos da safra como um fazendeiro (2 Tm. 
2:3-6), ele não estava instruindo soldados, atletas ou fazendeiros.
Quando Jesus disse: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis para os porcos as 
vossas pérolas…”(Mt. 7:6), não estava se referindo a cães ou porcos literalmente. Cães e 
porcos eram considerados animais impuros. Portanto o que deve ser entendido aqui é que 
39
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
não devemos confiar as coisas santas aos ímpios.
Em Jó 38:7, não devemos entender que as estrelas realmente cantam. Devemos entender 
que a criação se alegrou com a obra criadora de Deus (personificação).
Por outro lado, às vezes uma declaração normal é confundida com figura de linguagem. 
Em Amós 4:9, não há motivo para crermos de se tratar de adversidades espirituais, pois 
de fato estas coisas aconteceram.
6.2 descobrir a imagem e o objeto na figura de linguagem
Em certos casos, ambos são evidentes no versículo, como acontece em Isaías 8:7. A prin-
cípio pode-se ficar na dúvida se a inundação é real ou figurada. A resposta está no verso 
seguinte. Portanto, podemos afirmar que a imagem são as águas impetuosas e o objeto é 
o rei da Assíria. Contudo, algumas vezes, o objeto não é especificado e pode até ser con-
fundido. Foi o que aconteceu com as palavras de Jesus em João 2:19: “Destruí este san-
tuário…”. Santuário era a imagem e os leitores (e ouvintes) pensaram que o objeto fosse o 
templo de Herodes, quando na realidade, Jesus estava falando de seu próprio corpo.
6.3 especificar o elemento de comparação
Muitas vezes a imagem está expressa, porém, o objeto embora não esteja explícito, é in-
dicado pelo contexto. Em Lucas 5:34 não diz que o noivo é Jesus, mas o significado está 
implícito, já que no verso seguinte Jesus diz que o noivo seria tirado deles.
6.4 não presumir que uma figura sempre signifique a mesma coisa
Em Oséias 6:4, o orvalho simboliza a brevidade do amor de Judá, enquanto em 14:5 fala 
da bênção do Senhor sobre Israel.
6.5 Sujeitar as figuras a limites por meio da lógica e da comunicação
Quando Jesus falou para a igreja de Sardes “…virei como um ladrão…” (Ap. 3:3), não quis 
dizer que viria para roubar. No caso, o elemento de comparação é que viria repentinamen-
te. Quando Jó falou das “colunas” da terra se estremecendo (Jó 9:6), estava falando das 
montanhas, não como se a terra se apoiasse em colunas.
40Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
esquemas das escolas: Marlon Ronald Fluck
1 comunhão com o autor da Bíblia
Quanto mais conhece-lo mais conhecera a Bíblia
 1) Leia com dicionários por perto
Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da pré-compreensão. O único jeito é ter 
um bom nível de leituras. Além de ler bastante, você pode potencializar essa leitura se es-
tiver com dicionários por perto. Viu uma palavra esquisita, que você não conhece? Pegue 
um caderninho (vale a pena separar um caderno só pra isso) e anote-a. Em seguida, vá ao 
dicionário e marque o significado ao lado da palavra. Com o tempo o seu vocabulário irá 
crescer e não vai ser mais preciso ficar recorrendo ao dicionário toda hora.
 3) Leia no papel
Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias de mistério em um 
Kindle, um tipo de leitor digital, foram significantemente piores na hora de elencar a or-
dem dos eventos do que aqueles que leram a mesma história em papel. Os pesquisadores 
justificam que a falta de possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás ou controlar 
o texto fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas) limita a experiência sensorial 
e reduz a memória de longo prazo do texto e, portanto, a sua capacidade de interpretar o 
que aprendemos. Ou seja, sempre que possível, estude por livros de papel ou imprima as 
explicações (claro, fazendo um uso sábio do papel, sem desperdícios!). Vale fazer notas em 
cadernos, pois já foi provado também que quem faz anotações à mão consegue lembrar 
melhor do que estuda.
 4) Reserve um tempo do seu dia para ler devagar
Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de concentração. Quem 
tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo e relendo sem entender nada pode 
estar sofrendo de um mal que vem crescendo na população da era digital. Antes da inter-
net, o nosso cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais 
(a própria distribuição do desenho da página) para lembrar de informações chave de um 
livro. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, os nossos hábi-
tos de leitura se adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você 
41
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
tem links em que poderá “ler mais” – a internet é isso) e essa leitura rasa fez com que a 
gente tivesse muito mais dificuldade de entender textos longos. Os especialistas explicam 
que essa capacidade de ler longas sentenças (principalmente as sem links e distrações) é 
uma capacidade que você perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em 
tradução literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de 30 a 45 
minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler. Fazendo isso, o seu cérebro 
poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os benefícios da leitura lenta vão 
bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração. Depois de treinar 
bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar os mais diversos tipos de texto! 
Mãos à obra
 5) Faça meditações
Meditar faz parte da cultura de vários povos, e Deus sempre recomendou ao povo he-
breu que meditasse em sua palavra, meditar é pensar na palavra, sussurrar a palavra, falar 
a palavra para você em uma espécie de diálogo intrapessoal, meditar e colocar a mente 
naquilo que leu, é colocar o texto estudado dentro do coração
Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. 
(Salmos 1:2)
 6) coloque as orações na ordem direta
A ordem direta é a que organiza as palavras da seguinte forma: sujeito + predicado + com-
plemento. Esse é o jeito objetivo de entender uma oração. Faça o exercício de reorganizar 
as orações que estão na ordem indireta, principalmente os enunciados das questões.
 7) Fique atento a todos os detalhes
Preste atenção no texto (tabelas, imagens, citações). Circule os nomes dos personagens, 
das cidades, datas e nações
 8) Olhe para os períodos, versos e parágrafos em conjunto
Escolha uma ou duas palavras que resumam o que você leu nos trechos menores, para se 
lembrar depois. Em seguida, procure relações entre o que você acabou de ler. Por exem-
plo: de oposição, causa e consequência, adição. Fazemos o procedimento acima para clas-
sificar orações subordinadas, mas ele também pode ser útil para a interpretação como um 
todo.
42Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
 9) Faca perguntas contrarias ao texto
Ex: O que seria da humanidade se Jesus não tivesse morrido? O que seria de Jonas se o 
Grande peixe não tivesse engolido? O que seria de Israel se o Faraó tivesse alcançado eles 
no mar vermelho?
				10)	Reescreva	ou	explique	para	você	mesmo
Reescreva o que você acabou de ler de maneira resumida e utilizando sinônimos. Se pre-
ferir, escreva em tópicos. O objetivo desta dica é ter certeza de que você interpretou o 
texto e também consegue explicar de maneira simples. Exercite-se para aprender a Bíblia 
escrevendo o que você entendeu com as passagens que lê. Também é interessante você 
escrever o que entendeu dos versículos ou passagens que lê com suas próprias palavras.
 11) converse sobre o texto que esta estudando 
A palavra de Deus é viva, voce pode conversar com ela
(Hb 4.12)
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma 
de dois gumes, e penetra até à divisão da alma
				12)	Converse	com	os	que	lêem,	peça	opiniões,	faça	perguntas
Faca como os hebreus faziam nas sinagogas, eles conversavam sobre, a lei, os profetas e 
os salmos, assim eles conseguiam compreender os planos e propósitos de Deus. Quando 
você conversa sobre o texto, você amplia o seu nível de compreensão para a interpreta-
ção do mesmo
 13) Busque osoriginais do Hebraico e Grego
Lembrando sempre que a bíblia não foi escrita e nem pensada em português, latim, ou 
outra língua familiar ao português. Ela foi entregue por Deus ao ser humano em Hebraico, 
Aramaico e grego
 14) Texto e contexto:
Certa vez ouvi que “texto sem contexto é pretexto”. Não podemos ser desonestos com 
o texto bíblico, precisamos buscar fundamentação na Palavra de Deus. A palavra ‘texto’, 
etimologicamente está ligada à palavra ‘tecido’, com sentido de uma costura de palavras. 
O intérprete é como um ‘tecelão’ que desfia e tece o texto.
Procure conhecer em que contexto foi escrito, ou seja, o que estava acontecendo quando 
43
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
o autor escrevia o texto. Basta uma leitura mais cuidadosa para descobrir estes fatores. 
Às vezes é preciso recorrer ás referências citadas no texto ou então reler partes anteriores 
do mesmo. O assunto pode ter começado no capítulo anterior e se concluir em capítulos 
adiante. Somente lendo todo o contexto, será possível saber toda a história.
Por exemplo, o texto do Salmo 51, que é uma oração de arrependimento de Davi, foi es-
crito no contexto do seu pecado com Betesseba, descrito em II Samuel 11 e 12. Sabendo 
disso, se torna possível compreender melhor o texto do salmo, bem como saber o seu 
desfecho histórico e espiritual.
Alguns textos são introduzidos com seu contexto, como em Isaías 6.1, quando o profeta 
teve um poderoso encontro com Deus, resultando no seu chamado profético. O texto 
deixa claro que tudo aconteceu “no ano da morte do rei Uzias”, ou seja, em meio a uma 
grande crise em toda a nação, Deus levanta Isaías para profetizar.
Um trecho é chamado de PERÍCOPE, que pode ser encontrada pelas subdivisões apre-
sentadas nos capítulos, mas que deve ser analisada com cuidado para não dividir o texto 
incorretamente. A perícope é um trecho completo, com uma mensagem ou história. Evite 
dividir uma perícope. O melhor é fazer a leitura total do trecho.
Um texto do Antigo Testamento está sob o contexto da Lei, na Velha Aliança (Hebreus 
8). Um texto do Novo Testamento está sob o contexto da Graça, sob a Nova Aliança em 
Cristo. Saber diferenciar isto, evita muitas confusões.
14 Linguagem do Texto:
Cada texto tem uma linguagem apropriada. Dependendo do texto, pode-se perceber o 
sentimento do autor ou o clima que o fato ocorreu. Então é importante tentar sentir o 
teor da linguagem utilizada.
Os livros da Bíblia estão agrupados de acordo com o assunto. Esta disposição foi organi-
zada nas Escrituras para facilitar a leitura.
No Antigo Testamento, os primeiros cinco livros formam o Pentateuco, que são os livros 
da lei. Depois vêm os livros Históricos, depois os livros Poéticos e então os livros dos 
Profetas.
No Novo Testamento, os primeiros quatro livros são os Evangelhos, depois vem o texto 
Histórico de Atos dos Apóstolos, então uma série de Cartas do Apóstolo Paulo, seguidas 
de outras Cartas Pastorais de outros Apóstolos e por fim o livro de Apocalipse que é um 
texto de revelação.
Percebe-se uma progressão literária nos textos. Começando o A.T. com lei, depois histó-
44Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
ria, depois poesia e então profecia. Também o N.T. começa com a descrição da vida de 
Jesus nos evangelhos, depois a história da Igreja, em seguida com orientações pastorais 
práticas e por fim com as revelações apocalípticas. A leitura se torna cada vez mais fácil à 
media que vamos estudando.
Uma coisa é ler uma lei e outra uma história, uma poesia ou uma profecia. Por isso, a lei-
tura se torna diferente de acordo com a linguagem utilizada.
15	Referências	Bíblicas
As referências Bíblicas apontam para textos similares ou que tenham a ver com o assun-
to. O propósito das referências é criar ‘links’ entres textos comuns. Podemos encontrar 
referências nos rodapés das bíblias de estudo que nos levam a outros textos que falam 
do mesmo assunto. Por exemplo, o texto de Isaías 53 se refere ao sacrifício de Cristo, 
descrito em Mateus 27. Logo em seguida vemos o mesmo texto citado no encontro de 
Felipe e o Eunuco, em Atos 8.32,33. Mais adiante, em Hebreus 9.11-28 o mesmo contexto 
é explicado de forma mais abrangente.
Se você ler estes textos separadamente, terá uma compreensão limitada dos mesmos, 
mas se fizer uma ligação entre eles, estudando-os, então poderá entender melhor o seu 
significado.
A Bíblia tem muitos textos paralelos que dizem a mesma coisa em livros diferentes, por 
autores diferentes e consequentemente com óticas distintas. Isso não desvaloriza, mas 
enriquece o texto. Um autor pode citar detalhes que outro autor não descreveu. Deste 
modo, um texto completa o outro, formando o contexto bíblico.
16 Palavras chave:
As palavras chave são expressões importantes do texto. Descobrindo a palavra chave, o 
texto pode ser dissecado facilmente. O tema também é mais corretamente orientado pela 
palavra chave.
Em diversas perícopes, existe um termo que é enfatizado através da repetição da mesma. 
Por exemplo, em I Coríntios 13, a palavra amor é o tema de todo o capítulo e em Deutero-
nômio 28 as expressões bênção e maldição que indicam o tema da obediência.
Além de encontrar a palavra chave do texto é preciso saber o seu significado. Outro 
exemplo está em João 15, onde a palavra ‘videira’ está em evidência. Neste caso também 
é necessário discernir o sentido da expressão e entender que se trata de uma planta que 
45
interpretação Bíblica - ETaVi
Pr. Samuel Procópio
produz uvas, mas que está representando a pessoa de Jesus.
A Bíblia é um livro escrito para o povo. Os autores bíblicos, em sua maioria eram pessoas 
simples e mesmo os mais cultos, sempre estavam interessados em que o texto fosse com-
preendido facilmente pelo povo. Por isso é fácil a compreensão, desde que se aprenda a 
estudar corretamente.
As palavras chave são muito usadas pelos autores bíblicos para mostrar com clareza o 
sentido do texto. O propósito é fazer lembrar pelo menos uma palavra de todo o texto.
17 diálogo com o texto:
Antes de perguntar para qualquer pessoa, pesquisar em qualquer livro ou tirar conclusões, 
deve-se perguntar ao próprio texto para saber as circunstâncias do texto. Passe o texto 
por uma prova de INTERPRETAÇÃO com perguntas básicas a respeito do mesmo.
Para uma boa mensagem é preciso primeiro entender o texto Bíblico e para isso é ne-
cessário fazer uma interpretação do contexto. Conversar com o texto é uma prática que 
facilita grandemente sua compreensão.
Perguntas para fazer ao texto:
-O	quê? De que assunto trata o texto ou o que aconteceu.
-Quem? As pessoas que são faladas no texto. Você pode copiar os nomes delas fazendo 
uma lista ou grifar no próprio texto.
-Quando? Se texto mostra em que momento aconteceu ou que período estava sendo 
falado.
-Onde? Local onde aconteceu o fato ou foi escrito o texto.
-como? Alguns detalhes de como aconteceu tudo ou o que está sendo dito no texto.
-Por	quê? O objetivo da mensagem ou seu significado prático para a época e para as pes-
soas que são faladas no texto e como pode servir para nós hoje.
Nem todos os textos trarão estas respostas claramente, sendo necessário ler mais profun-
damente ou pesquisar em livros de referência. Mas a maioria dos textos bíblicos pode-se 
encontrar muitas destas respostas.
Muitas coisas que a Bíblia não traz respostas são mistérios de Deus (leia Deuteronômio 
29.29), mas devemos focar naquilo que as Escrituras deixam claro para nosso conhecimen-
to. O propósito destas lacunas de informações é nos fazer mais humildes, reconhecendo a 
Grandeza de Deus. Mesmo assim, os intérpretes da lei, no tempo de Jesus eram pessoas 
vaidosas e arrogantes por se acharem conhecedores das escrituras (Mateus 7.1-5).
Se gastarmos a vida toda estudando tudo o que foi revelado na Palavra e mesmo assim 
46Pr. Samuel Procópio
interpretação Bíblica - ETaVi
não conseguiremos esgotar seu conteúdo tão profundo (João 21.25).
18 Ferramentas:
Deus honra o preparo e o estudo da Bíblia. Por isso Jesus

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