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Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre SP 1.1 – Eu sempre fui só de você... 1- Compreender o ciclo celular: (Mitose, fases, pontos de checagem, mecanismos de regulação, fatores que interferem na regulagem celular, genes supressores de tumor e protogenese). A função básica do ciclo celular: É por meio do ciclo celular que ocorre a duplicação do DNA nos cromossomos, para separar esse material para as células-filha geneticamente idênticas, de forma que cada célula receba uma cópia íntegra de todo o genoma (ou seja, para que aconteça uma Renovação Celular). A divisão celular é responsável pelo aumento do número de células do corpo, o que permite seu crescimento e desenvolvimento. O ciclo celular compreende basicamente dois momentos: a intérfase, que é quando a célula se encontra em processo de crescimento e o outro momento é a mitose que é quando ocorre o processo de divisão celular propriamente dita. No total, o Ciclo Celular Eucariótico é dividido em quatro fases: G1, S, G2 e M. A intérfase (período do crescimento celular) é dividida em três fases: G1, S e G2. A intérfase pode ocupar 23 horas de um ciclo celular de 24 horas, com 1 hora de fase M. G1: GAP – intervalo, é o período logo após a mitose, em que ocorre a síntese de RNA e proteínas, e a célula recupera seu volume costumeiro. S: SYNTHESIS – síntese, é quando ocorre a síntese do DNA e a duplicação dos centríolos e centrossomos. G2: é o intervalo mais curto. Nele, a célula armazena energia para usar durante os processos de divisão celular. A célula sintetiza microtúbulos para a formação do fuso mitótico. As fases G1 e as fases G2 são consideradas como fases de intervalo. As duas fases são mais que um retardo de tempo que garante o crescimento celular. Elas também dão tempo para que a célula monitore o ambiente interno e externo, a fim de assegurar de que as condições são adequadas e os preparativos estejam completos. Se, as condições extracelulares forem desafavoráveis, as células retardam a progressão ao G1 e podem entrar em um estado de repouso especializado como G0, no qual pode permanecer por dias, semanas ou anos antes que a proliferação seja retomada. A duração da mitose (M) é curta, não ultrapassa 1h, e na interfase varia dependendo do tipo de célula. Células como os hepatócitos, que após a mitose, deixam o ciclo e vão para o G0 e permanece por longos períodos, caso forem estimuladas retornam ao ciclo G1. Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre MITOSE O início da mitose, durante a qual as cromátides-irmãs são separadas e distribuídas para o par de núcleos filhos idênticos. A mitose é tradicionalmente dividida em cinco etapas: prófase, prómetafase, metáfase, anáfase e telófase. Uma vez concluída a mitose, o segundo principal evento é a citocinese, no qual divide a célula em duas metades, cada uma com um núcleo idêntico. Primeiro, um aumento abrupto na atividade de M-cdk na transição G2/M desencadeia eventos de início da mitose. Durante esse período, a M-CDK e várias outras cinases mitóticas fosforilam uma serie de proteínas, levando a formação do fuso mitótico e a ligação deste aos pares de cromátides- irmãs. A segunda parte principal da mitose começa na transição entre metáfase e anáfase, quando o APC/C (complexo protomotor da anáfase) provoca a degradação da securina, liberando uma protease que cliva a coesina e, com isso, inicia a separação das cromátides-irmãs. 1. PRÓFASE: Nessa fase, ocorre a condensação dos cromossomos, no qual as cromátides são drasticamente compactadas e a resolução das cromátides-irmãs, por meio da qual as duas irmãs são separadas em unidades distintas. A condensação e a resolução das cromátides dependem de um complexo proteico de 5 subunidades chamados de condensina no qual vai promover a compactação das cromátides. Além disso, os nucléolos se desfazem, dispersando os seus componentes no citoplasma. Ainda nessa fase, organiza-se em torno do núcleo um conjunto de fibras (microtubulos) originadas a partir dos centrossomos, formando o fuso mitótico. O fuso é um arranjo bipolar de microtubulos (são compostos de tubulina) que separa as cromátidesirmãs na anafase. E a M-CDK é quem promove a formação desse fuso. Ocorre uma ligação aos cromossomos, no qual os microtubulos do eixo se ligam a cada cromátide no seu cinetócoro, uma estrutura proteica gigante, de múltiplas camadas que é formada na região centromérica da cromátide. 2. METÁFASE: Nessa fase, os cromossomos atingem a condensação máxima. E deslocam-se até posições a meio caminho entre os polos do fuso, sendo esse movimento influenciado por alterações no comprimento do microtubulos do fuso e pela ação de proteínas motoras geradoras de energia que atuam perto dos cinetócoros. Nesse estágio, cada cromátide-irmã de um cromossomo duplicado é conectada a um polo diferente por microtubulos fixados em seu cinetócoro. 3. ANÁFASE: Ocorre a separação física das cromátides irmãs, no qual os filamentos dos fusos diminuem e as cromátides vão para polos opostos da célula. O APC/C (centro protomotor da anáfase) estimula a degradação das proteínas que mantem as cromátides Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre irmãs unidas. As cromátides irmãs separadas passam a ser denominadas cromossomos. O material genético é distribuído de forma igual para esses polos, o que irá proporcionar que as células que que serão formadas sejam idênticas. 4. TELÓFASE: No final da anáfase, os cromossomos já que separam em dois conjuntos iguais em cada polo do fuso. Ocorre a criação de um envelope nuclear ao redor de cada conjunto cromossômico; os poros bombeiam proteínas nucleares e então o núcleo se expande e os cromossomos mitóticos compactados relaxam para seu estado interfásico. Um novo núcleo foi criado, finalizando a mitose. 5. CITOCINESE: É a etapa final do ciclo celular e culmina com a divisão do citoplasma. A primeira mudança visível é o aparecimento de uma reentrância ou sulco de clivagem, na superfície celular. Esse sulco se torna mais profundo e se espalha ao redor da célula, até dividir completamente a célula em duas. A estrutura subjacente a esse processo é o anel contrátil – um agrupamento dinâmico composto por filamentos de actina e de miosina II, além de proteínas estruturais e reguladoras. CONTROLE DO CICLO CELULAR A regulação é feita por sinais externos, chamados de fatores de crescimento ou por sinais ameaçadores da própria célula. Os fatores de crescimento atuam em receptores específicos, e os sinais ameaçadores ativam genes especializados em reparar o DNA, deter sua duplicação e parar a mitose ou estacionar o ciclo celular em qualquer de suas fases. Esse ciclo consiste na duplicação do DNA e na divisão da célula, uma vez iniciado não progride automaticamente, pois existem pontos de restrição e de checagem nas quais há uma parada, podendo ocorrer continuidade ou bloqueio do ciclo. O primeiro ponto de regulação está na fase G1, o segundo ponto de restrição está na fase G2, onde as células duplicam o DNA e ficam à espera de um sinal para entrar na mitose. Esses pontos de checagem são importantes para o controle da integridade do genoma. Quando há uma lesão no DNA, o organismo reconhece por meio de um sensor formado por produtos de alguns genes. Em seguida, esse sistema estimula a síntese da proteína p53, a qual estimula genes que codifica outras proteínas que para o ciclo em G1, S ou G2, ou induz a apoptose. Defeitos nesse sistema de checagem são a principal causa de instabilidade genômica em células cancerosas. A regulação do ciclo celular é feita porduas classes de proteínas: CDK e Ciclinas. As Ciclinas se ligam às CDK e as ativam controlando a taxa de fosforilação de proteínas responsáveis pelos inúmeros fenômenos que ocorrem Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre na divisão celular. As ciclinas recebem esse nome, porque são produzidas e degradadas em diferentes fases do ciclo celular e vai ter nomes diferentes (A,B,D...). Após a ativação do complexo ciclina/CDK, a ciclina é degradada no sistema ubiquitinaproteassomos, deixando o complexo inativo. As CDK possuem inibidores que pertencem a dois grupos: 1. Proteínas p15, p16, p18, p19 conhecidas como INK4. 2. Proteínas p21, p27,p57. Quando é estimulada por fatores de crescimento, o complexo ciclina D/CDK ativa a síntese de DNA por meio da fosforilação da proteína pRB. Na sua forma hipofosforilada, a pRB liga-se ao fator da transcrição E2F, e esse complexo Prb/e2f recruta a histona desacetilase, que vai promover a compactação da cromatina, impedindo a transcrição gênica. Já quando ocorre uma hiperfosforilação, a pRB dissocia-se do complexo e libera histona, permitindo que o E2F se ligue ao DNA e estimule numerosos genes, cujos produtos (ciclina E, DNA polimerases, helicases) promovem a replicação do DNA. A fosforilação da pRB é inibida sobretudo pela p16. A multiplicação excessiva pode resultar em maior quantidade de fatores estimuladores da replicação celular por estímulos fisiológico exagerado (ex. crescimento de glândula endócrina por excesso de hormônio) ou patológico ( neoplasia) ou pode dar-se pela deficiência de fatores inibi tórios da divisão celular. Os níveis de CDKs-ciclina variam de acordo com a fase do ciclo celular a depender da função que cada um exerce. Além disso, cabe destacar a ativação do complexo CDK-cinase ocorre por meio de proteínas responsáveis por fosforilar essa estrutura, permitindo a alteração conformacional que aumenta a atividade da CDK, permitindo que ela fosforile de forma eficiente suas proteínas-alvo. Regulação da proliferação celular A população celular de um adulto é mantida por meio de fatores que controlam o número de células originadas por mitose e o de perdas celulares, geralmente por apoptose. A ploriferação celular resulta da ação coordenada de numerosos agentes estimuladores e inibidores da divisão celular. As substâncias que controlam a taxa de crescimento é chamada de Fatores de Crescimento (FC), que são produzidos por diferentes células e tem a capacidade de estimular ou inibir a multiplicação celular. Os FC tem um papel importante na proliferação celular na vida embrionária e na manutenção da população celular nos adultos. Para poderem atuar nas células, os FC se ligam a receptores específicos da membrana citoplasmática, mas pode ser também no citoplasma e no núcleo. Esses fatores podem atuar de maneira autócrina (a célula produz e responde Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre ao FC); parácrina (uma célula recebe a ação FC de outra vizinha); ou endócrina (uma célula recebe a ação por uma célula distante). Os FC mais importantes são: ➢ PDGF (Fator de crescimento de plaquetas): produzido por plaquetas, macrófagos, células musculares e vai estimular a proliferação e migração de células musculares lisas, fibroblastos e células gliais, além de exercer quimiotaxia para monócitos e fibroblastos, estimulando a cicatrização. ➢ EGF (Fator de crescimento epidérmico): produzido por muitas células e é mitogênico para células epiteliais e mesenquimais. ➢ FGF (Fator de crescimento de fibroblastos): possui dois representantes, o ácido atua somente no sistema nervoso e o básico é produzido por macrófagos ativados. Ele estimula a proliferação de fibroblastos e de células endoteliais importantes na angiogenese e cicatrização. ➢ TGF (Fator de crescimento transformantes): o alfa é produzido por células embrionárias ou da placenta, estimulando fibroblastos e células epiteliais. O beta é sintetizado por varias células e pode estimular ou inibir a multiplicação celular. Ele favorece a fibrinogenese, tendo papel importante na cicatrização e fibrose em muitas inflamações crônicas. Além disso, pode ser um inibidor de linfócitos TCD4. ➢ IL-2 (Interleucina 2): produzida por linfócitos T auxiliadores e atua sobre linfócitos T supressores e citotóxicos. ➢ IGF1 e IGF2 (fator de crescimento semelhante a insulina): são produzidos em reposta ao horminio de crescimento, sendo um fator de crescimento estimulando a proliferação de muitos tipos celulares. ➢ HGF (Fator de crescimento de hepatócitos): é sintetizado por fibroblastos, e induz a proliferação de hepatócitos. ➢ VEGF (Fator de crescimento do endotélio vascular): induz a formação de vasos durante a embriogenese, e na vida adulta a angiogenese. ➢ Proteinas hedgehog: tais proteínas não só reprimem genes inibidores do ciclo celular como também estimula genes ativadores da proliferação celular. A ativação desse sistema ocorre em vários canceres. O alvo mais importante dos FT que regula a proliferação celular são as ciclinas. Quando se ligam a seus agonistas, os receptores para fatores de crescimento ativam a expressão de genes das ciclinas D, cuja síntese aumenta, aumentando o número de complexos cilcina D/CDK4 ou 6, que induz a célula a passar o primeiro ponto de restrição e entrar no ciclo. RECEPTORES DE MEMBRANA Os fatores de cresimento utilizam receptores de membrana para transferir o sinal para dentro da célula. Tais receptores são de 2 tipos: Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre 1. Receptores Trasmembranosos com atividade de proteinocinase em tirosina. 2. Receptores transmembranosos sem atividade de proteinocianase. 2- Definir neoplasia (classificação, nomenclatura, diferenciar os tumores sólidos de não sólidos). Neoplasia é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo e não coordenado com aquele dos tecidos normais, e persiste da mesma maneira excessiva mesmo após a interrupção do estímulo que originou as alterações. Ela pode ser definida, como um distúrbio do crescimento celular que é desencadeado por uma série de mutações adquiridas que fornecem para as células neoplásicas uma vantagem de sobrevivência e de crescimento, resultando em proliferação excessiva que é independente de sinais fisiológicos de crescimento (autônoma) e com diferentes graus de proliferação celular que determina sua malignidade ou não. O termo tumor se refere a uma lesão com efeito de massa, já a neoplasia tem o aspecto de células indiferenciadas. BENIGNO x MALIGNO Neoplasia benigna: são muito semelhantes estruturalmente e funcionalmente às células de origem. Neoplasia maligna: podem ter pouca semelhança e a função nunca é igual. Neoplasia maligna é sinônimo de câncer. A diferença entre uma neoplasia maligna e benigna está na presença da metástase, comportamento clínico, conduta clínica. Nomenclatura e classificação: Considerando as características gerais das neoplasias, todos os tumores benignos e malignos apresentam dois componentes básicos: • Parênquima: composto por células neoplásicas em proliferação que determinam o comportamento e as consequências patológicas. • Estroma: tecido de sustentação formado por tecido conjuntivo e vasos sanguíneos, o qual define o crescimento e a evolução do tumor. A nomenclatura dos tumores é baseada no componente parenquimatoso como descrito a seguir: 1)Tumores benignos:Célula parenquimatosa + sufixo -OMA (ex: fibroblastos + –oma = fibroma). 2) Tumores malignos: Não hematopoiéticas: sarcomas Hematopoiéticas: linfomas e leucemias Epitélio de revestimento: carcinomas Epitélio Glândular: adenocarcinomas Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre Além disso, a diferenciação e a anaplasia são características observadas apenas em células parenquimatosas que constituem os elementos transformados das neoplasias. A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere-se à extensão em que ser assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente. Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estritamente a suas contrapartes normais. Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as completamente indiferenciadas. As neoplasias (ou tumores) podem dividir-se em neoplasias sólidas ou neoplasias hematopoiéticas. Como tumores sólidos, dependendo do tecido onde a neoplasia tem origem, podemos ter o carcinoma, sarcoma, melanoma, entre outros. Tumores sólidos caracterizam-se por um crescimento anormal de células de um tecido. Esse tipo de tumores engloba todos, há excessão dos de origem hematopoiética, sendo que 85% dos cancros em humanos são tumores sólidos. O cancro da mama, próstata, fígado, pâncreas, pulmão, entre outros, são exemplos desses tipos de neoplasias. Existem hoje na medicina vários tipos de cânceres chamados hematológicos, originários das células do sangue, sendo os três principais: as leucemias – tipo que tem início na medula óssea; os linfomas – que se originam no sistema linfático e se dividem entre Hodgkin e Não-Hodgkin; e o mieloma múltiplo, desenvolvido a partir dos plasmócitos. A principal diferença é que os cânceres hematológicos têm origem no tecido hematológico ou no sistema linfático. Eles podem circular (sendo assim chamados líquidos), enquanto os sólidos ficam restritos a seus órgãos de origem ou, em alguns casos, com metástase para outros órgãos, mas quase sempre com lesões ‘sólidas’”. Neoplasias hematológicas: é um grupo de doenças malignas que afetam os precursores hematopoiéticos da medula óssea e que desde o seu inicio não costumam estar restritas a uma única região do corpo, manifestando-se em várias partes do corpo sem respeitar barreiras anatômicas. Os órgãos mais envolvidos neste processo são: sangue, medula óssea, gânglios linfáticos, baço e fígado. As neoplasias malignas hematológicas, que compreendem principalmente as leucemias, linfomas e mielomas, são caracterizadas por alterações no sistema imunológico que, em geral, são resultantes de uma combinação de fatores determinantes da própria doença, bem como do tratamento antineoplásico. A rigor, todos os componentes básicos de defesa do organismo podem ser afetados: a pele, as mucosas, a imunidade celular Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre específica e inespecífica e a imunidade humoral, em particular a síntese hepática da proteína de fase aguda. Leucemias: as leucemias são neoplasias metastáticas originadas de células percussoras hematopoiéticas que provocam a substituição difusa da medula óssea por células neoplásicas imaturas com alta taxa de proliferação. Essas células, na maioria dos casos, extravasam para o sangue, onde são observadas em grande quantidade. De acordo com o tipo celular predominante, as leucemias podem se classificadas em: Leucemias linfocíticas que afetam os linfócitos imaturos e seus progenitores na medula óssea e Leucemias Subclassificadas de acordo com sua manifestação aguda ou crônica. Assim, podemos diferenciar quatro tipo principais de leucemias: Leucemia linfocítica aguda (LLA), Leucemia linfocitica crônica (LLC), Leucemia mieloide aguda (LMA) e Leucemia mieloide crônica (LMC). 03. Elucidar a perda do controle da multiplicação celular e sua relação com a neoplasia. Uma célula normal pode sofrer uma mutação genética, ou seja, alterações no DNA dos genes. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. Independentemente da exposição a agentes cancerígenos ou carcinógenos, as células sofrem processos de mu tação espontânea, que não alteram seu desenvolvimento normal . As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que, a princípio, são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas. A proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma (fora do controle dos mecanismos que regulam a multiplicação celular), caracterizam a neoplasia , na qual as células reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar, em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e a diferenciação celular. Esse fator gera: -Proliferação celular descontrolada. -Sofrem alterações nos mecanismos. regulatórios da multiplicação. -Autonomia do crescimento. -Perda da diferenciação celular. -As células se tornam atípicas. Células tumorais se originam de células normais que sofrem ação de um ou mais agentes cancerígenos, os quais provocaram alterações no DNA. Ao receberem a agressão de uma gente tumor gênico, células que estão no ciclo celular ou que são capazes de nele entrar dão origem a clones de células transformadas. Algumas características dos processos neoplásicos são comuns aos diferentes tipos de câncer. Os tumores são monoclonais, ou seja, formado por um clone que venceu a barreira do controle Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre da proliferação celular e tornou-se imortal; desse clone surgem descendentes (subclones) com capacidade de sobreviver, invadir os tecidos e se implantar a distância Na primeiras fase s do desenvolvimento de um câncer, ocorrem alterações genéticas que levam a quebra das barreiras que governam e contêm a proliferação celular normal, favorecendo o surgimento de clones de células imortalizadas, o u seja, com a capacidade de realizar divisões indefinidamente. As células normais, ao contrário, têm a capacidade limitada de duplicação, porque estão submetidas a um rígido controle. Ao lado disso, em cada duplicação há uma redução progressiva do tamanho dos telômeros, que após um certo número de divisões se tornam muito curtos, o que induz inibição de novas divisões e apoptose. A imortalização de corre basicamente dos seguintes fatores: ➢ Autossuficiência nos sinais necessários para entrar no ciclo celular. Isso ocorre devido a expressão exagerada dos genes que codificam proteínas que participam da ativação da proliferação celular; ➢ Insensibilidade aos estímulos inibidores da proliferação celular (p53 e pRb); ➢ Capacidade de se evadir da apoptose por mutações que inativam genes pró - apoptóticos; ➢ Síntese continuada da telomerase, enzima responsável pelo alongamento dos telômeros, mantendo assim a capacidade indefinida de replicação das células. São genes que estão envolvidos no controle de pontos estratégicos da multiplicação e diferenciação celular. Quando perdidos ou defeituosos, favorecem o aparecimento de neoplasias (gene Rb, p 53, etc).O processo d e formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção, progressão e inibição do tumor. A carcinogênese é determinada pela exposição a esses agentes, em uma dada frequência e período d e t empo, e pela interação entre eles. Devem ser consideradas, no entanto, as características individuais, que facilitam ou dificultam a instalação do dano celular. Esse processo é composto por três estágios: • Estágio de iniciação, no qual os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos. O agente carcinogênico induz alterações genéticas NCI – Prolifer ação Ce lular – 2021.2 ➢ Estágio de iniciação, no qual os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos. O agente carcinogênico induz alterações genéticas permanentes na célula. ➢ Estágio de promoção, no qual os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada. A célula iniciada é estimulada a proliferar, ampliando o clone transformado. Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre ➢ Estágio de progressão, caracterizado pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula, surgem células com potencial metastatizante. O período de latência varia com a intensidade do estímulo carcinogênico, com a presença ou ausência dos agentes onco iniciadores, oncopromotores e oncoaceleradores, e com o tipo e localização primária do câncer. Uma vez que a célula passe o primeiro ponto de controle (G1/S), ela é obrigada a replicar seu DNA. Caso ocorra cópia incorreta do DNA durante S ou lesão do DN A, a célula não passará o ponto de checagem G2/M, e ocorrerá parada de crescimento (senescência) e apoptose (morte programada) induzidos pelo gene supressor p53, o chamado “guardião do genoma”. Este gene é assim conhecido porque frente a um dano no DNA, sua correspondente proteína p53 detém a divisão celular e estimula sua reparação. Em casos, cujo dano é muito grande e irreparável, a p53 conduz a célula à morte [2, 13 ]. O terceiro ponto de checagem ocorre na metáfase (segunda fase da mitose) e a divisão celular só prossegue se os cromossomos estão corretamente presos ao fuso. A maioria das células tumorais apresenta perda do controle do ciclo celular devido a mutações em genes responsáveis por esse controle, permitindo assim que as células cancerígenas atravessem os pontos de restrição e dividam -se, mesmo que as condições requeridas para o processo de divisão celular não sejam cumpridas. As células normais ao sofrerem um dano no DNA se mantêm na fase G1 do ciclo a fim de reparar o dano antes de prosseguirem nas etapas posteriores do ciclo. No entanto, as células cancerosas ignoram os sinais de alarme e continuam o ciclo duplicando o DNA danificado, conduzindo assim a acumulação de mutações. A aquisição de resistência da morte por apoptose é considerado um evento crítico na carcinogênese e na progressão tumoral maligna . Assim, as mutações sofridas pelas células tumor ais as levam a ignorar os sinais de morte e continuar proliferando, aumentando a chance de novas mutações. Desta forma, as células transformadas adquirem habilidade replicativa imortal podendo viver indefinidamente, enquanto que as células humanas sadias quando cultivadas in vitro podem se duplicar de 50 a 6 0 vezes, desde que seja assegurada a provisão de nutrientes e fatores de crescimento. A expectativa de vida de uma célula é muit o dependent e do e ncurtamento do s e xtremos dos crom ossomas, denominados telôme ros, NCI – Prolifer ação Ce lular – 2021.2 04- Entender o Mecanismo de infecção do HPV e como ele leva as lesões de colo de útero. (Nível celular). O DNA do HPV tem 6800-8000 pares de bases, o que quando traduzido, codifica 8 genes. Estes genes são divididos em fase precoce e tardia, indicando em qual estágio da infecção da célula basal são introduzidos. E1, E2, E4, E5, E6, e E7 formam os genes da fase precoce, L1 e L2 são os genes da fase tardia. Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre Mecanismo da infecção pelo HPV O epitélio escamoso atua como uma “pele” protetora para impedir patógenos de infectarem o tecido subjacente. Apesar do colo não ser um tecido exposto externamente, está sujeito ao ambiente externo, especialmente durante o ato sexual. O HPV é capaz de atravessar as camadas protetoras do epitélio escamos através de abrasões epiteliais para iniciar seu ciclo infeccioso. Integração do HPV ao genoma do hospedeiro Há dois resultados principais da integração do DNA viral ao genoma do hospedeiro que podem eventualmente gerar formação de tumor. 1. Bloqueio da via de apoptose da célula 2. Bloqueio da síntese de proteínas reguladoras levando a mitoses descontroladas Há dois genes integrantes do genoma do HPV que exercem papéis centrais na formação de tumor, E6, que inibe a ação da p53 e E7, que inibe a ação da proteína do retinoblastoma (Rb). Na fisiologia normal, p53 and Rb estão envolvidos na regulação de células com DNA danificado/mutado. O gene da p53 codifica uma proteína que é vital na nossa proteção de células com DNA danificado. Em condições adequadas, a proteína p53 liga-se ao DNA danificado e torna-se ativa. A ativação da p53 leva à atração de outras proteínas, que finalmente leva à apoptose (morte celular programada) da célula que tem DNA danificado. Quando a proteína E6 do HPV liga-se à proteína p53 do hospedeiro, ela gera uma alteração estrutural e a variante da p53 não é mais capaz de ligar-se ao DNA danificado. Como consequência disto, a cascata de apoptose envolvendo p21 torna-se indisponível para agir como o “sinal de pare” na mitose e a célula mutada é capaz de dividir-se incontrolavelmente. O gene Rb codifica uma proteína que restringe a habilidade da célula de replicar-se: a Rb previne inibindo a progressão da fase de intervalo para a fase de síntese do ciclo mitótico em G1. Simplificadamente, quando a proteína E7 liga-se a proteína Rb e a degrada, ela não é mais funcional e a proliferação celular segue não verificada. TRANSMISSÃO A transmissão do vírus HPV se dá por contato, em geral por atividade sexual desprotegida. Assim, o ciclo viral inicia com a entrada do vírus nas células da camada basal, o que associa a micro traumas ou leve abrasão do epitélio. Uma vez dentro da célula, o DNA viral é levado ao núcleo para ser expresso, usando a maquinaria celular, esse DNA do vírus é replicado e se acumula nas células basais. Com a divisão da célula basal, as células filhas diferenciadas vai se deslocando até a superfície epitelial. Fatores das células hospedeiras interagem com LCR do genoma do HPV, iniciando a transcrição das proteínas dos genes E6 e E7. Essas proteínas Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre desregulam o ciclo celular da célula parasitada por inativação de proteínas de genes supressores de tumor, ciclinas e cdk. Essas proteínas virais subvertem as vias regulatórias da proliferação celular, facilitando a replicação viral em célulasdiferenciadas. A proteína E6 do HPV liga-se a p53, marcando-a para degradação. Como a p53 controla a progressão do ciclo celular, estimula a apoptose e favorece o reparo do DNA, essas funções ficam abolidas. Além disso, a E6 aumenta a expressão da telomerase, reduzindo a senescência celular, Obs: A proteína E6 de baixo grau não se liga a p53, não afetando a estabilidade. A proteína E7 liga-se a pRB, o que faz ela se soltar do fator de transcrição E2F, estimulando a transcrição de genes cujos produtos são necessários para as células entrarem na fase S do ciclo celular. Ainda, a E7 estimula a síntese de DNA e a proliferação celular. No final do processo, os genes L1 e L2 formam o capsídeo viral e termina a replicação viral. A progressão para o câncer ocorre geralmente 10 a 20 anos depois. Algumas lesões podem evoluir mais rapidamente, não raro em 1 ou 2 anos. Os HPV de alto grau se distingue dos de baixo grau pela estrutura e função dos genes E6 e E7 e pelo fato do HPV de alto grau geralmente se integrar ao DNA celular, enquanto os de baixo grau permanecem na forma epissomal. O tratamento do HPV é dirigido para o diagnóstico e tratamento das próprias lesões porque não existem terapias antivirais especificas. Muitas lesões se resolvem espontaneamente, de modo que o objetivo do tratamento é a melhora ou prevenção dos sintomas ou no caso de lesões intraepiteliais escamosas de alto grau, prevenção da progressão para câncer. O câncer do colo do útero é causado por infecção sexualmente adquirida com certos tipos de HPV. Dois tipos de HPV (16 e 18) causam 70% dos cânceres do colo do útero e lesões pré-cancerosas. Após o contagio com o HPV, se o sistema imunológico não consegue combater o vírus, ocorre o desenvolvimento dessas células anormais. Se não for diagnosticado e tratado rapidamente, as células anormais podem evoluir de uma lesão pré- câncer para um câncer. Sintomas de HPV no Colo do útero: ➢ Verrugas de vários tamanhos na vulva, grandes ou pequenos lábios, parede vaginal, colo do útero ou ânus; ➢ Ardência no local das verrugas; ➢ Coceira nas partes íntimas; ➢ Verrugas nos lábios, bochechas, língua, céu da boca ou garganta; ➢ Formação de placas por pequenas verrugas unidas. 05- Abordar o câncer de colo de útero, (Diagnóstico, fisiopatologia prevenção, tratamento, manifestações clínicas, epidemiologia, estadiamento). COLO UTERINO O colo uterino ou cérvice é a porção inferior do útero e tem um formato cilíndrico. O canal endocervical comunica a cavidade uterina, através do orifício interno, com a luz vaginal, Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre através do orifício externo. A superfície mucosa cervical voltada para a vagina, externamente ao OE e denominada de ectocérvice, e é revestida por epitélio estratificado escamoso não queratinizado. Já a superfície muscosa da endocervice é recoberta por epitélio simples colunar mucossecretor, que penetra profundamente dando origem as glândulas endocervicais. O local de encontro do epitélio colunar com o epitélio escamoso é denominado Junção escamocolunar (JEC). A localização da JEC varia com estímulos hormonais, idade e período do ciclo menstrual, geralmente na puberdade. No entanto, essa mucosa pode sofrer uma eversão, onde parte da endocervice move-se para fora do canal endocervical, devido ao aumento desse colo uterino, ou seja, fora do orifício externo, constituindo o chamado Ectrópio. O epitélio evertido, é menos resistente as adversidades existentes na luz vaginal, deixando esse colo mais exposto a ação do meio ácido da vagina. Esses fatores leva a ocorrência de um fenômeno fisiológico nas áreas do epitélio evertido, que é a Metaplasia escamosa, que é caracterizada pela destruição do epitélio colunar endocervical por epitélio escamoso, mais resistente. Ao final desse processo, a ectopia cervical é totalmente substituída por esse novo epitélio. Essa região compreendida entre a JEC e a nova junção é denominada Zona de Transição (ZT), e se caracteriza pela presença de epitélio escamoso metaplásico. Essa área, ZT, tem grande importância no estudo das lesões de colo uterino, pois todas as neoplasias cervicais se iniciam na nova JEC. EPIDEMIOLOGIA O câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres em todo o mundo. No Brasil, a incidência estimada no ano de 2016 foi de 16.340 casos com grandes diferenças regionais, sendo a região Norte a que mais apresenta casos, seguida do Centro-oeste, Nordeste, Sudeste e Sul. FATORES DE RISCO O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer de colo uterino é a presença do vírus HPV (papiloma vírus) com seus subtipos oncogênicos. Outros fatores associados incluem início precoce da atividade sexual (<16 anos), um alto número de parceiros sexuais ao longo da vida e história de verrugas genitais. Pacientes imunossuprimidas usando drogas imunossupressoras também apresentam risco aumentado desta neoplasia. O fator de risco mais importante é o tabagismo ou mesmo a exposição ao ambiente do tabaco, pois agentes carcinogênicos específicos do tabaco, presente no muco e epitélio cervical, podem danificar o DNA de células do colo uterino, propiciando o processo neoplásico. Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre FISIOPATOGENIA Os dois principais tipos histológicos do câncer do colo do útero são: carcinoma de células escamosas com 80% e o adenocarcinoma com aproximadamente 20% dos casos. A infecção pelo HPV está relacionada com a etiologia de ambos os tipos. Ao que tudo indica, só a infecção pelo HPV não é suficiente para explicar todos os eventos da carcinogênese. Entre os fatores associados ao vírus, o tipo viral, coinfecção por mais de um tipo, variantes de HPV, carga viral e taxa de integração são mais importantes. O número de partículas virais correlaciona-se diretamente com a gravidade da doença, sendo carga maior geralmente observada na infecção pelo HPV 16. Já Fatores relacionados com o hospedeiro (hormônios endógenos, fatores genéticos ou associados à resposta imunitária) e fatores exógenos (ambientais), especialmente tabaco, vários parceiros, dieta, traumatismo cervical, coinfecção com HIV e outros agentes sexualmente transmissíveis são importantes. QUADRO CLÍNICO O tumor de colo se apresenta na sua fase inicial de uma forma assintomática ou pouco sintomática, fazendo com que muitas pacientes não procurem ajuda no início da doença. As primeiras manifestações clinicas costumam ser o sangramento durante as relações sexuais. Posteriormente, o sangramento torna-se mais frequente e imotivado. Os tumores avançados sofrem necrose e em consequência disso surge corrimento serosanguinolento de odor fétido. Quando o tumor progride, ele pode comprometer bexiga, ureteres e reto, resultando em dor no baixo ventre, anemia, hematúria, alterações miccionais e alterações do habito intestinal, pela invasão no reto. A disseminação à distância ocorre por via linfática, envolvendo inicialmente os linfonodos pélvicos, e após, os para- aórticos. DIAGNÓSTICO De acordo com o Ministério da Saúde, o rastreamento do câncer de colo de útero deve ser realizado pelo exame citológico. O exame Papanicolau ou exame citológico do colo uterino é o método mais utilizado no Brasil para o rastreamento do câncer e suas lesões percursoras. Tem como objetivo detectar células negativas ou positivas para neoplasia intraepitelial ou malignidade na ectocervice ou endocervice. O exame baseia-se no grau de perda de maturação citoplasmática, presença de figuras mitóticas anormais e modificações na forma e tamanhodo núcleo. A inspeção visual do colo uterino coberto com ácido acético a 3% a 5% causa branqueamento das lesões na mucosa genital ("acetobranqueamento") tem demonstrado a capacidade de reduzir a Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre mortalidade causada por câncer de colo uterino com aplicabilidade potencial ampla em ambientes de baixos recursos. CLASSIFICAÇÃO NIC A NIC (neoplasia intraepitelial cervical) é identificada mediante o exame microscópico das células cervicais em um esfregaço citológico corado pela técnica de Papanicolau. Esse sistema baseia- se em uma classificação bimodal que divide as lesões intraepiteliais escamosas em BAIXO (correspondendo à NIC I) e ALTO GRAU (correspondendo ao NIC II e NIC III). Isso é baseado nos aspectos morfológicos aliados à conduta terapêutica e ao HPV. ➢ Na NIC 1, há boa maturação com anomalias nucleares mínimas e poucas figuras de mitose. Células indiferenciadas ficam limitadas às camadas mais profundas (terço inferior) do epitélio. As figuras de mitose estão presentes, mas não são numerosos. Alterações citopáticas devidas à infecção pelo HPV são observadas na espessura total do epitélio. ➢ A NIC 2 é caracterizada por alterações celulares displásicas, principalmente restritas à metade inferior ou os dois terços inferiores do epitélio, com anomalias nucleares mais acentuadas que na NIC 1. Figuras de mitose são vistas em toda a metade inferior do epitélio. ➢ Na NIC 3, diferenciação e estratificação podem estar totalmente ausentes ou estarem presentes somente no quarto superficial do epitélio com numerosas figuras de mitose. Anomalias nucleares estendem- se em toda a espessura do epitélio. As muitas figuras de mitose têm formas anormais. A colposcopia constitui uma propedêutica complementar para mulheres com resultados de citologia cervical nos programas de rastreamento. Lembrando que ele não deve ser realizado como método de rastreamento do câncer de colo de útero. A colposcopia pode permitir: Avaliar lesões pré invasoras e invasoras do colo uterino como propedêutica; Complementar aos métodos de rastreamento; Definir a extensão das lesões. TRATAMENTO O tratamento do câncer de colo de útero comibina cirurgia, quimioterapia e radioterapia. ➢ ESTAGIO Ia1: Nos tumores com até 3 mm de invasão, a probabilidade de invasão ganglionar é mínima. Dessa forma, a conização ou amputação do colo do útero é o tratamento suficiente. Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre ➢ ESTÁGIO Ia2: Nesse estágio o tratamento de escolha ainda é a cirurgia radical, com histectomia total. ESTÁGIO Ib1 e IIa1: tumores menores que 4 cm, restritos ao colo do útero (Ib1) ou com comprometimento do terço superior da vagina (IIa1) utilizam o tratamento cirúrgico, com histerectomia total. E pacientes com alto risco de recidivas devem recebem como tratamento adjuvante a quimio e a radioterapia. ➢ ESTÁGIOS Ib2 e IIa2: Os tumores Ib2 e IIa2 são tumores volumosos localizados no colo do útero, ou no máximo no terço superior da vagina e, portanto, passíveis de tratamento cirúrgico. No entanto, apresenta um alto risco de recindiva, por isso é utilizado a radioterapia e quimio. ➢ TUMORES AVANÇADOS IIb – IV: A radioterapia concomitantemente com a quimioterapia é o tratamento de escolha. 06- Estudar as políticas públicas disponíveis relacionadas ao câncer de colo de útero (UBS). Entre 1972 e 1975, o Ministério da Saúde (MS), por meio de sua recém-instituída Divisão Nacional de Câncer, desenvolveu e implementou o Programa Nacional de Controle do Câncer, que se destinava a enfrentar o câncer em geral, mas que deu destaque ao rastreamento do câncer do colo do útero. Esta foi a primeira ação de âmbito nacional do MS. ➢ Em 1984, foi implantado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que previa que os serviços básicos de saúde oferecessem às mulheres atividades de prevenção do câncer do colo do útero. Em que pese a baixa cobertura do PAISM, a principal contribuição desse Programa ao controle do câncer do colo do útero foi introduzir e estimular a coleta de material para o exame citopatológico como procedimento de rotina da consulta ginecológica. ➢ Em 1986, foi constituído o Programa de Oncologia (PRO-ONCO), que elaborou o projeto “Expansão da Prevenção e Controle do Câncer Cervicouterino”, identificando as ações necessárias para a expansão do controle dessa neoplasia: integração entre os programas existentes e entre eles e a comunidade para efetivar o atendimento às mulheres; ampliação da rede de coleta de material e da capacidade instalada de laboratórios de citopatologia; articulação da rede primária com os serviços de níveis secundário e terciário para o tratamento. Uma grande contribuição do PRO-ONCO foi a realização da reunião nacional, em 1988, conhecida por “Consenso sobre a Periodicidade e Faixa Etária no Exame de Prevenção do Câncer Cervicouterino”. ➢ Após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Constituição de Mayra Maisa – Medicina – 4º semestre 1988 e sua regulamentação pela Lei Orgânica da Saúde de 1990, o MS assumiu a coordenação da política de saúde no país. O INCA passou a ser o órgão responsável pela formulação da política nacional do câncer, incorporando o PRO-ONCO. ➢ Alinhada aos movimentos internacionais de valorização da atenção primária, desde final dos anos de 1990, a ampliação da cobertura pela Estratégia Saúde da Família (ESF) vem constituindo a principal iniciativa do governo brasileiro para fortalecer a APS e também para reorganizar o modelo de atenção à saúde. VACINA No Brasil, o calendário vacinal inclui, desde 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de janeiro 2017, os meninos de 12 a 13 anos também começaram receber a vacina. O esquema vacinal consiste em duas doses, com intervalo de seis meses para meninas e meninos. Além do câncer do colo do útero, a vacina protege contra câncer de pênis, garganta, ânus e verrugas genitais. Essa vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar o exame preventivo, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. É muito importante que a vacina seja administrada antes do início da atividade sexual, porque ela não tem efeito sobre a infecção por HPV pré- existente ou nas lesões intraepiteliais cervicais já estabelecidas. Em um futuro próximo, teremos disponível a vacina nonavalente que oferece proteção contra sete tipos de HPV que causam câncer, os HPVs tipos 16, 18, 31, 33, 45, 52, 58 e dois tipos de HPVs que causam verrugas genitais, os HPVs 6 e 11 A maioria das vacinas contra vírus é baseada no uso de virions para induzir a produção de anticorpos. Mas não houve êxitos em se conseguir um virion do HPV. No entanto, conseguiu-se descobrir a proteína L1 que, em combinação com outra, denominada de L2, criou uma estrutura semelhante à encontrada nos virions. Esta estrutura, morfologicamente semelhante aos vírus, foi denominada de virus like particles (VLP). As VLPs são destituídas de DNA e, assim, são consideradas seguras, pois induzem forte resposta imune sem o risco de infecção ou de produzir uma neoplasia; porém as VLPs são capazes de induzir anticorpos apenas contra tiposespecíficos do HPV.
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