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Indaial – 2021 Publicitária Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo 1a Edição FotograFia Impresso por: Elaboração: Prof.a Mariane Eggert de Figueiredo Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI F475f Figueiredo, Mariane Eggert de Fotografia publicitária. / Mariane Eggert de Figueiredo. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 202 p.; il. ISBN 978-65-5663-530-9 ISBN Digital 978-65-5663-525-5 1. Fotografia em publicidade. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 770 Caro acadêmico, a fotografia publicitária é uma das áreas de aplicação da fotografia como prática profissional nas sociedades contemporâneas. Os estudos acerca da fotografia publicitária englobam conceitos, técnicas, práticas e aplicações no cotidiano do profissional, em múltiplas formas de ação. A fotografia publicitária se distingue da fotografia em geral, basicamente, por um tempo de preparo anterior à captura, necessário para a plena integração nos processos e nas etapas de criação. Com efeito, cabe, ao fotógrafo publicitário, integrar uma proposta publicitária definida, na maior parte dos casos, em uma agência publicitária. Esses aspectos, além de outros que serão abordados ao longo da obra, servirão para nortear a reflexão a respeito da fotografia publicitária a ser desenvolvida nesta obra. Na Unidade 1, serão abordados alguns conceitos da imagem e da fotografia publicitária, a história e a evolução ao longo dos tempos. Você será levado ao início do relacionamento humano com a imagem e a descoberta da técnica fotográfica. Verá aplicações da fotografia ao longo do tempo, além da trajetória da publicidade até a integração da fotografia publicitária. A partir dos conceitos de publicidade e de fotografia, conhecerá os princípios da fotografia Still na publicidade. Por fim, conhecerá grandes momentos e grandes nomes da fotografia publicitária nas mídias clássicas e na internet. Na Unidade 2, você aprenderá os princípios e as funcionalidades da máquina e da técnica fotográfica. Verá, em detalhes, como tirar o máximo proveito do aparelho, e como criar as melhores condições para capturas, segundo os objetivos estabelecidos. Assim, conhecerá os parâmetros essenciais, como controle da luz, leitura dos tons de cinza, velocidade, diafragma, enfim, todos os recursos que a técnica disponibiliza para a captura das imagens. Verá, também, que a pós-produção constitui um recurso do qual, como fotógrafo publicitário, você poderá tirar o máximo de proveito, corrigindo eventuais imperfeições ou aperfeiçoando detalhes da imagem capturada. Na Unidade 3, por fim, aprofundaremos conceitos da imagem, abordando teorias relacionadas à produção e à percepção da imagem pelos sujeitos, para que o seu trabalho seja sempre o mais próximo das expectativas de uma sociedade sempre mutante. Também veremos os desafios que a prática da fotografia publicitária reserva, os requisitos e as obrigações. Esse é o conteúdo deste livro da disciplina de Fotografia Publicitária. Esperamos que, ao fim, você domine todas as técnicas necessárias para o pleno exercício da prática na área da fotografia publicitária. Bons estudos! Prof.a Mariane Eggert de Figueiredo APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - IMAGEM E FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS, HISTÓRIA E EVOLUÇÃO .................................................................................................... 1 TÓPICO 1 - IMAGEM, FOTOGRAFIA E FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: UM POUCO DE HISTÓRIA .......................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 DA IMAGEM À FOTOGRAFIA: TRAÇO-GRAFISMO E REPRODUÇÃO ATRAVÉS DA LUZ ...3 2.1 DAS IMAGENS PERCEBIDAS ÀS IMAGENS TRANSMITIDAS ........................................................ 3 2.2 PRIMEIRAS TÉCNICAS DE CAPTURA E DE IMPRESSÃO DE IMAGENS .................................... 6 2.3 A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA ........................................................................................................... 9 3 APLICAÇÕES DA FOTOGRAFIA ........................................................................................ 12 4 TRAJETÓRIAS DA PUBLICIDADE: DA RECLAMA À FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ........ 15 4.1 MECANISMOS ESTRUTURAIS DA PUBLICIDADE AO LONGO DO TEMPO ............................... 15 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................21 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 26 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................27 TÓPICO 2 - A FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS ................................................. 29 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 29 2 PUBLICIDADE: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONCEITO DE PUBLICIDADE ............ 29 2.1 PUBLICIDADE E PROPAGANDA: DISTINÇÕES ..............................................................................29 2.2 CONCEITO E CONDICIONANTES TÉCNICOS DA PUBLICIDADE ................................................31 3 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS E DENOMINAÇÕES .................................... 33 3.1 O CONCEITO DE FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ..............................................................................34 3.2 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA E FOTOGRAFIA STILL ....................................................................36 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 41 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 42 TÓPICO 3 - TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA .......... 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45 2 GRANDES NOMES DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ...................................................... 45 2.1 EXPOENTES DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: UMA ABORDAGEM DIACRÔNICA.................45 2.2 FOTÓGRAFOS E TRABALHOS DE RENOME NO BRASIL ............................................................49 3 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA E INTERNET ...................................................................... 51 3.1 NOVAS MÍDIAS E COMUNICAÇÃO NA ERA VIRTUAL ...................................................................52 3.2 A FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA NO CIBERESPAÇO......................................................................53 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 60 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63 UNIDADE 2 — EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS ......................................................................67 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À CÂMERA FOTOGRÁFICA: TIPOS E OPERAÇÕES BÁSICAS ......... 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 69 2 MÁQUINA FOTOGRÁFICA: FUNCIONAMENTO E ACESSÓRIOS ..................................... 69 2.1 CONHECENDO A MÁQUINA FOTOGRÁFICA ...................................................................................70 2.2 ACESSÓRIOS E FUNCIONALIDADES .............................................................................................. 79 3 TÉCNICAS DE FOTOGRAFIA: LUZ, VELOCIDADE, DIAFRAGMA, LEITURA DOS TONS DE CINZA, FOTOMETRIA, EFEITOS ....................................................................... 83 3.1 LUZ, DIAFRAGMA E SENSIBILIDADE ISO .......................................................................................83 3.2 FOTOMETRIA E LEITURA DOS TONS DE CINZA ...........................................................................85 3.2.1 Histograma: apresentação e leitura do gráfico ..................................................................87 3.2.2 As cores e o balanço de cores ..............................................................................................89 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 94 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................95 TÓPICO 2 - A PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA NA PUBLICIDADE E NA PROPAGANDA ..........97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................97 2 ETAPAS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA .......................................................................97 2.1 CARACTERÍSTICAS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA .................................................................. 97 2.2 ETAPAS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ....................................................................................100 3 FOTOGRAFIA NO ESTÚDIO E AO AR LIVRE....................................................................105 3.1 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: DA AGÊNCIA AO ESTÚDIO OU EM EXTERNA ........................105 3.2 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: TIPOS ..............................................................................................110 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................120 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 121 TÓPICO 3 - EDIÇÃO, TRATAMENTO E MANIPULAÇÃO DE IMAGENS: A PÓS-PRODUÇÃO .........................................................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123 2 RECURSOS PARA EDIÇÃO, TRATAMENTO E MANIPULAÇÃO DE IMAGENS ................123 3 LIMITES E DESAFIOS DA IMAGEM MANIPULADA: ESTUDO DE DESVIOS ...................129 3.1 A MANIPULAÇÃO DA FOTOGRAFIA NA MÍDIA: LIMITES E ÉTICA............................................130 3.2 ANÁLISE DE EXEMPLOS DE MANIPULAÇÕES NA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ................131 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................134 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................135 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................139 UNIDADE 3 — TEORIAS DA IMAGEM E PRÁTICA DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ........ 141 TÓPICO 1 — TEORIAS DA IMAGEM .....................................................................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143 2 O CONCEITO DE IMAGEM AO LONGO DA HISTÓRIA ......................................................143 3 TIPOS DE IMAGENS ARTIFICIAIS OU CRIADAS PELO SER HUMANO .......................... 147 4 A IMAGEM NA ERA VIRTUAL ........................................................................................... 151 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................159 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................160 TÓPICO 2 - SEMIÓTICA E ANÁLISE DAS IMAGENS NA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA ........163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................163 2 DOS FUNDADORES À ANÁLISE DO DISCURSO .............................................................163 3 A IMAGEM PUBLICITÁRIA NAS MÍDIAS DIGITAIS .........................................................168 4 STORYTELLING E IMAGEM PUBLICITÁRIA ...................................................................170LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 177 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................178 TÓPICO 3 - PROFISSÃO DE FOTÓGRAFO PUBLICITÁRIO ................................................ 181 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 181 2 MERCADO DE TRABALHO E GLOBALIZAÇÃO ............................................................... 181 3 PORTFÓLIO E BANCO DE IMAGENS ...............................................................................183 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................192 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................196 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 197 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................199 1 UNIDADE 1 - IMAGEM E FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS, HISTÓRIA E EVOLUÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o processo histórico das imagens para o desenvolvimento da técnica fotográfica; • identificar e analisar as imagens fotográficas em diversas áreas; • compreender o percurso histórico da publicidade e a integração da fotografia publicitária; • compreender os conceitos de fotografia, de publicidade, de propaganda e de fotografia publicitária; • refletir acerca da fotografia na publicidade brasileira; • conhecer os expoentes da fotografia publicitária; • refletir a respeito da contemporaneidade e da fotografia publicitária no contexto virtual. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – IMAGEM, FOTOGRAFIA E FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: UM POUCO DE HISTÓRIA TÓPICO 2 – A FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS TÓPICO 3 – TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 IMAGEM, FOTOGRAFIA E FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: UM POUCO DE HISTÓRIA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, neste primeiro tópico da disciplina Fotografia Publicitária, estudaremos a história da imagem e da fotografia, além da publicidade, como gênero que integra a fotografia publicitária. A partir da compreensão da técnica fotográfica na dimensão histórica e da estreita relação que a imagem entretém com o ser humano, será possível compreender a integração da técnica fotográfica na publicidade. Ao abordar as diferentes etapas e as aplicações da fotografia em diversos momentos e em práticas sociais, você poderá compreender a fotografia publicitária na contemporaneidade em que, como futuro profissional da área, será levado a atuar. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 2 DA IMAGEM À FOTOGRAFIA: TRAÇO-GRAFISMO E REPRODUÇÃO ATRAVÉS DA LUZ A imagem integra a vida do ser humano como forma de percepção e de representação do universo e do meio em que se encontra desde o princípio da humanidade. Os primeiros homens, com efeito, deixaram gravados, para a posteridade, desenhos e símbolos representativos das concepções de mundo, modos de ação, meio, técnicas que dominavam, seres com os quais interagiam etc. Ver, com efeito, é uma das capacidades fundamentais do ser humano. Transmitir a imagem percebida representou, ao longo dos tempos, uma forma de linguagem e de comunicação. Assim, testemunham as imagens mais longínquas de que se tenha conhecimento, como as pinturas rupestres e os alfabetos simbólicos. 2.1 DAS IMAGENS PERCEBIDAS ÀS IMAGENS TRANSMITIDAS A partir do momento em que o ser humano interage com o meio, é capaz de perceber esse meio que o cerca. Contornos e saliências, fenômenos da natureza, animais, plantas, tudo passa a representar no pensamento. A partir da percepção, surge 4 o desejo de transmissão das imagens, seja para comunicar, representar o sagrado, perenizar-se como ser vivo limitado em uma escala de tempo que escapa aos seres primitivos. Veja, a seguir, um exemplo de pintura rupestre através da qual os primeiros homens representavam, pelo desenho, a interação com o meio FIGURA 1 – PINTURAS RUPESTRES TESTEMUNHAM O USO DA IMAGEM NA COMUNICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/vezere-valley-france- april-22-2017-666818038>. Acesso em: 28 jun. 2020. O recurso à imagem também está presente nos mais remotos registros de ferramentas desenvolvidas para a comunicação, como os alfabetos simbólicos. A seguir, mostraremos um exemplo de alfabeto simbólico em que desenhos representam conceitos do mundo exterior. FIGURA 2 – ALFABETO SIMBÓLICO - PLACA COM HIERÓGLIFOS EGÍPCIOS FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-egypt-hieroglyphs-carved-on-sto- ne-157227299>. Acesso em: 24 jun. 2020. 5 O livro A Descoberta da Sombra, de Roberto Casati, apresenta vários estudos da apreensão das sombras ao longo das épocas. Você verá como esse tipo de imagem fascina a humanidade em várias áreas: em explicações matemáticas, no pensamento quinhentista acerca da perspectiva, na fixação por essa forma de impressão, além de outras informações pertinentes para os estudos da fotografia publicitária. DICAS Ao longo das eras, as imagens funcionaram não apenas como ferramenta para a comunicação, mas se tornaram objeto de estudos. Caso fossem contornos de uma montanha, uma nuvem no céu ou a sombra que se movimentava aos pés de um caminhante em um dia de sol, como o diálogo de Platão e da sombra Sie, na República, contornos e formas apelavam à imaginação. Veja, a seguir, um exemplo sugestivo de sombras e os efeitos que podem provocar. FIGURA 3 – SOMBRAS FONTE: Adaptada de Figueiredo (2019) Na Antiguidade Clássica, Platão definiu as sombras como o primeiro tipo de imagem, seguidas dos reflexos e das outras formas de representação (CASATI, 2017). Desde muito cedo, o homem percebeu que as imagens, sejam elas naturais ou criadas pela mão do homem, tinham os poderes de comunicar e de transmitir, à posteridade, formas de conhecimento e perspectivas nas diversas sociedades. Para os egípcios, as tumbas inscritas com mensagens gravadas adquiriam um poder sagrado e sobrenatural. A imagem, com efeito, assume, durante muito tempo, um poder simbólico e essencial no imaginário sacro e religioso. 6 Para aprofundar os conhecimentos acerca da essência das imagens, você pode consultar a seguinte obra: CARVALHO, R. A verdade através do desenho. Rio de Janeiro: Editora Bonecker, 2018. DICAS Com o passar do tempo, o desejo e a necessidade de desenvolver um suporte capaz de perenizar as imagens criadas se impõem. Trata-se, sobretudo, de uma transcrição para fins de comunicação, mas, também, de carácter epistemológico, para fins de estudo, além de prático. O desenvolvimento das rotas migratórias e a inscrição em forma de desenhos motivaram o surgimento do papel, a percepção de formas indeléveis que se imprimiam nas pedras nas quais objetos ou folhas tinham permanecido por um certo tempo ao sol, levando ao desenvolvimento de técnicas capazes de permitir a impressão de imagens diversas sobre suportes portáveis. A respeito desses aspectos, veja a seguinte obra: ROTH, O. O que é papel. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983. DICAS 2.2 PRIMEIRAS TÉCNICAS DE CAPTURA E DE IMPRESSÃO DE IMAGENS Uma invenção quetransformou completamente a relação do homem com as imagens e a transcrição foi a invenção da câmara escura. A câmara escura ou obscura, pois as duas denominações são utilizadas, é atribuída ao chinês Mo Tzu, no século V a.C. Aristóteles, porém, na obra Problemas (apud HOMELAB, 2019), observa que a luz do sol, ao penetrar em recintos fechados através de furos, provoca um efeito de inversão da imagem exterior, e que esse efeito apresenta variações, segundo o diâmetro do furo. Surge o estenótipo, de stenos (estreito), e opis (futo), em inglês, pinhole (buraco da agulha) (HOMELAB, 2019). 7 Câmara escura ou câmara escura de orifício: “equipamento formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que, no meio de uma das faces, existe um pequeno orifício. Ao se colocar um objeto, de tamanho o, de frente para o orifício, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p', mas de forma invertida”. Reiner Gemma Frisius publica, em 1554, a primeira ilustração de uma câmara escura no Tratado de Radio Astronomico e Geometrico Liber. FONTE: https://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Fundamentos/camaraescura. php. Acesso em: 29 jun. 2020. DICAS O princípio da câmara escura poderá ser visto a seguir: FIGURA 4 – CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO, POR LEONARDO DA VINCI FONTE: Maya (2008, p. 107) Em torno do século X, o árabe Ibn Al Haitan, ou Alhakem de Basora, também observou o fenômeno quando raios solares refletiram na penumbra interior da sua tenda, cenas vindas do exterior, ao inverso. A captura de imagens nascia por um fenômeno ótico que os alquimistas, então, aperfeiçoaram. 8 O fenômeno da propagação da luz: A luz é uma forma de energia eletromagnética que se propaga em raios em linha reta a partir de uma fonte. Se um desses raios atinge, no caminho, uma superfície irregular ou opaca, é refletido, de forma difusa, em todas as direções. Ao colocar a câmara escura diante de uma superfície específica, alguns raios passarão pelo buraco estreito e projetarão, em uma superfície plana, no interior da câmara, a imagem invertida, que se encontra do lado de fora. Isso é possível porque cada raio se projeta de uma forma específica, de modo que toda a cena tocada do lado de fora seja projetada. Veja mais em https://www.portalsaofrancisco.com.br/ historia-do-brasil/historia-da-fotografia-no-brasil. DICAS Durante muito tempo, a câmara escura foi a ferramenta de que se serviram desbravadores, pesquisadores e artistas, para transpor, em diferentes suportes, as vistas que desejavam perenizar. No Renascimento, porém, Leonardo Da Vinci, a partir da noção científica da perspectiva que dá, aos objetos contemplados, uma nova dimensão, integra a câmara escura e o poder de impressão das imagens nas superfícies. O que antes, no mundo real, existia sob três dimensões (altura, largura, profundidade), passa a ter existência no plano bidimensional (altura x largura), com impressão de profundidade. A descoberta torna possível a reprodução mecânica das propriedades do mundo real, como o olho as observa e as integra significativamente. Diversos materiais e substâncias são empregados para fixar as imagens. De 1525, datam experiências realizadas com o escurecimento de sais de prata e, em 1604, o químico italiano Ângelo de Sala torna conhecida a técnica de oxidação de compostos de prata quando expostos à luz solar (AZEVEDO, 2019). Em 1558, o italiano Giambattisti dela Porta descreve, na obra Magia Naturalis, o funcionamento pormenorizado da câmara escura e, a partir de então, a técnica incorpora pesquisas e usos variados, em uma tentativa de registrar e de fixar, sobre o papel, as imagens captadas. Ainda no século XVI, a câmara escura é dotada de lentes biconvexas, diafragma e espelho (LOPES, 2009). Veja, a seguir, um comparativo entre o olho humano e os mecanismos de representação das imagens obtidas por aparelhos: 9 FIGURA 5 – COMPARATIVO ENTRE O FUNCIONAMENTO DO OLHO HUMANO E A TÉCNICA DE CAPTURA DE IMAGENS FONTE: <https://digartdigmedia.files.wordpress.com/2015/03/slide_28.jpg>. Acesso em: 28 out. 2020. O princípio de funcionamento entre a câmera, tanto escura quanto as máquinas fotográficas atuais, e o olho humano é o mesmo, mas as primeiras câmaras obscuras eram verdadeiros compartimentos e os artistas ficavam dentro delas, enquanto as imagens eram projetadas sobre pergaminhos e/ou telas. Com o passar do tempo, as câmaras foram ficando menores e os materiais e placas também mudavam. O princípio da fotografia estava completo. Faltava, apenas, aprimorar as técnicas de fixação das imagens que, antes, desapareciam com o tempo. É o que apresentará a seção a seguir, a invenção da fotografia. 2.3 A INVENÇÃO DA FOTOGRAFIA A invenção da fotografia ocorreu após a Revolução Industrial e a sucessão de invenções ocorridas desde então. A técnica surge como processo inovador de informação e de conhecimento, instrumento de apoio às pesquisas científicas nas mais variadas áreas, além de forma de expressão artística. Destacam-se os seguintes nomes e fatos: • Joseph Nicephore Niépce: no fim do século XVIII, realiza experiências com a câmara escura e a captação de imagens sobre placas de papel obtidas a partir de cloreto de prata. Essas imagens, porém, desapareciam com o tempo. Em 1826, o francês cobre uma placa de estanho com betume e a deixa exposta ao sol durante oito horas. Após o tempo, retira, da placa, as partes não ensolaradas, com uma solução de alfazema. Obtém, assim, a primeira fotografia. 10 FIGURA 6 – PRIMEIRA FOTOGRAFIA, DE JOSEPH NICEPHORE NIÉPCE (1826) FONTE: <http://twixar.me/wGjm>. Acesso em: 24 maio 2020. Fotografia é escrita através da luz. Por usar luz solar, Niépce chamou a técnica de “heliografia”. NOTA A partir de então, surgem mais registros de Nicéphore Niépce e de outros desbravadores da imagem. • Louis Jacques Mandé Daguerre: também francês, realizava experiência com o processo de impressão das imagens sobre superfícies, empregando materiais diversos, diferentemente de Niépce. Em 1821, criou o diaporama, e, em 1839, registrou a primeira patente para um processo fotográfico: o daguerreotipo. O governo francês aderiu à proposta, o que garantiu o sucesso. Com o daguerreótipo de Daguerre, as imagens obtidas em uma câmara escura eram fixadas em uma folha de prata aplicada sobre uma placa de cobre. A técnica de fixação das imagens se popularizou e, rapidamente, tornou-se objeto de desejo generalizado. O processo de aparição das imagens durava em torno de 25-30 minutos. O daguerreótipo forma uma imagem tanto positiva quanto negativa, pois é obtida sobre a própria placa: por não haver “revelação”, a imagem aparecia sempre invertida, como quem se olha em um espelho. Aplicação imediata são os retratos de família, que passam a substituir a pintura (AZEVEDO, 2019). NOTA 11 Veja, a seguir, o daguerreotipo, de Louis J. Mandé Daguerre: FIGURA 7 – VISTA DU BOULEVARD DU TEMPLE - DAGUERRE FONTE: <https://fotografiatotal.com/as-primeiras-fotografias-da-historia>. Acesso em: 29 maio 2020. • John Goddard: químico inglês, em 1840, inventou as lentes de maior abertura. • William Henry Fox Talbot: também inglês, inventou, em 1841, o calótipo, um meio de obter cópias das fotografias a partir de negativos que devem, em seguida, ser reproduzidos em positivos. Nasceu a técnica da fotografia que durou até a era digital. • Jacques Clerk Maxwell: escocês, auxiliado pelos franceses, os Irmãos Lumière, que, mais tarde, desenvolveram a imagem movente, o cinema, obteve, em 1861, a primeira fotografia colorida, utilizando um método de imersão seca de brometo de prata em colódio. • Ducos Du Hauron: francês, desenvolveu, em 1877, a impressão de três negativos com filtros de cores azul e vermelho. • Richard Leach Madox: médico inglês, aperfeiçoou o processo de emulsão seca com brometo de prata em colódio, substituindo o colódio por placas de gelatina. •George Eastman: americano e fundador da Kodak, contribuiu à popularização do procedimento de captação de imagens ao desenvolver uma chapa fotográfica seca. O processo de captura das imagens, que, até então, demandava a imersão em líquidos e o uso imediato antes da secagem, tornou-se prático. Eastman utilizou películas de celulose em rolos em câmaras escuras pequenas, o que tornou a manipulação do sistema acessível ao público, que não foi mais obrigado a transportar a imensa câmara escura para os locais de captura da imagem. 12 Uma polêmica, porém, envolve a descoberta da técnica fotográfica por Niépce e por Daguerre. Enquanto registravam, definitivamente, seus nomes como inventores da fotografia, no Brasil, Hercules Florence, um francês residente, três anos antes dos seus conterrâneos, já desenvolvia a técnica de impressão de imagens através da luz com sais de prata. Chamou a técnica de fotografia, a escrita pela luz. O feito, porém, só ganhou notoriedade após a publicação do livro 1833: A Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil, de Boris Kossoy, em 1980. NOTA A partir de Eastman, a fotografia percorreu uma trajetória de miniaturização e de portabilidade dos aparelhos, e se transformou em modo de expressão, comunicação, representação de ideias e concepções de mundo. Em 17/01/1840, o Jornal do Comércio publicou o texto: É preciso ter visto a cousa com os seus próprios olhos para se fazer ideia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de nove minutos, o chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minúcia, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem a intervenção do artista. Acesse https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/ historia-da-fotografia-no-brasil. DICAS A seguir, veremos algumas aplicações da fotografia a partir de então. Vamos lá! 3 APLICAÇÕES DA FOTOGRAFIA Desde a descoberta da técnica fotográfica e da disponibilização dos materiais e dos equipamentos para o público, a fotografia conheceu um sucesso imediato com as mais diversas aplicações. Da mesma forma, a possibilidade de registro idêntico de imagens ou de sujeitos do mundo real e da reprodução ao infinito trouxe novas reflexões para o campo das ciências, que viam, na pintura e no desenho, as únicas formas de reprodução das imagens. Essas reproduções, no entanto, continham a subjetividade do artista; com a fotografia, o resultado é uma transposição do real, sem intervenção subjetiva. 13 As pessoas desejavam se ver retratadas, a ciência se serviu da técnica para analisar, compreender, dissecar as temáticas aos ínfimos detalhes do micro e do macro. A indústria passou a contar com um aliado de peso: a imagem real e concreta dos produtos e objetos que a crescente industrialização, desde então, não cessou de lançar nos mercados consumidores. Em uma sociedade em que “uma imagem vale mais que mil palavras”, ver, ver-se e dar a ver se tornam ferramentas de peso na roda motriz da economia. A técnica e os praticantes passam por um longo questionamento acerca da natureza da fotografia: • Índice concreto: a fotografia é vista como vestígio de um instante preciso no tempo – o momento da captura do sujeito no mundo real (BARTHES, 2012). • Expressão abstrata: a fotografia é um objeto dotado de uma existência própria, fruto da criatividade e da expressão do fotógrafo artista (DUBOIS, 2017). • Gatilho da memória: a fotografia é um mecanismo de atualização da memória no fluxo da existência e sofre infinitas modificações, segundo percepções e sensações evocadas ao infinito (FAHRI, 2018). • Virtualidade trucada ou pós-fotografia: a fotografia integra o universo virtual das tecnologias digitais e se torna sujeita a todo tipo de manipulação, suscitando novos questionamentos quanto à essência do objeto, além das aplicações levadas ao limite (FAHRI, 2018). • Desmaterialização da fotografia: a partir das possibilidades infinitas proporcionadas pela tecnologia virtual, a fotografia se desmaterializa, tornando-se um infinito de possibilidades: todos fotografam, tudo é fotografado, fotografar é inventar ao infinito, compartimentar, cortar, espalhar virtualidades. Na obra clássica de Philippe Dubois, O Ato Fotográfico, que pode ser contestada na nossa era de desmaterialização da fotografia, você poderá aprofundar aspectos técnicos ligados à fotografia, como espelho do real, transformação do real e vestígio do real. No senso comum, ainda é esse aspecto de real e de verdadeiro que prevalece, o que, certamente, influenciará a sua prática de fotógrafo publicitário. DICAS Como as diferentes práticas acompanham os desenvolvimentos tecnológicos, sociais, econômicos das diferentes sociedades, ao longo desse processo, a fotografia conhece diversas aplicações à medida que a sociedade se transforma. Torna-se, então, uma prática profissional e de lazer, testemunho científico, linguagem jornalística ou 14 objeto da criatividade individual de cada um. Assim, a seguir, apresentaremos uma visão de conjunto das diversas práticas e das aplicações da técnica fotográfica praticadas desde a invenção até os dias atuais. QUADRO 1 – APLICAÇÕES DA FOTOGRAFIA COMO PRÁTICA SOCIAL AO LONGO DO TEMPO FONTE: Adaptado de Figueiredo (2020) Aplicação Critérios dominantes Prática social Fotografia de Retrato Abertura do diafragma, luz, fundo Social, profissional Fotografia Infantil Relacionamento, acessórios, velocidade, luz, fundo Social, profissional Fotografia de Família Relacionamento, abertura do diafragma, luz, fundo Social, profissional Fotografia Social (festas e eventos) Relacionamento, atenção ao detalhe, equipamento adequado, psicologia para clicar sem perturbar o ambiente Social, profissional Fotografia de Viagens Atenção aos detalhes, luminosidade que pode variar, segundo as regiões do globo Social, profissional Fotografia de Paisagem Abertura do diafragma, lentes Social, profissional Fotografia Esportiva Teleobjetiva, tripé, velocidade, grau de abertura do diafragma Social, profissional Fotografia Artística Liberdade, criatividade, sensibilidade Social, profissional Fotografia Subaquática Equipamento adequado, preparo físico Social, profissional Fotografia Astronômica Teleobjetiva, tripé, paciência Profissional Fotografia Arquitetônica Ângulo adequado para evitar distorção de linhas Profissional Fotografia Documental e Fotojornalismo Veracidade, informatividade, narrativa, ética Profissional Fotografia Científica (usada em materiais didáticos e informativos) Macro, informatividade, veracidade, ética Profissional Fotografia de Culinária Pré-projeto, macro, formas e texturas Profissional Fotografia de Moda Relacionamento, pré-projeto, execução, pós-produção, cenários Profissional Fotografia Publicitária Pré-projeto, execução, pós-produção, fundos, relacionamento Profissional A partir desse quadro de aplicações da fotografia, é possível ver que a fotografia in- tegra o campo da publicidade como uma das práticas profissionais. Veremos, então, de que maneira a publicidade integrou a imagem e, mais precisamente, a fotografia, nos fazeres. 15 4 TRAJETÓRIAS DA PUBLICIDADE: DA RECLAMA À FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA A prática da publicidade é tão antiga que as origens se perdem no tempo. Vários registros atestam essa prática de ofertar produtos ou serviços ao longo dos milênios (CHIARA, 2018): • Na Babilônia: registros de 3000 a.C. citam ofertas de produtos escritas nos muros por profissionais do ramo. • Na Roma antiga: cartazes dependurados pelas ruas anunciavam locações e servi- ços. Em Pompeia, tabuletas que anunciavam combates de gladiadores continham referências às casas de banho, comuns na cidade (MUNIZ, 2004). • Na Idade Média: arautos gritavam notícias e também eram pagos, pelos mercadores, para anunciarem as mercadorias. • A imprensa de Gutemberg: a possibilidade de reprodução escrita ampliou,consideravelmente, a abrangência da publicidade, permitindo que anúncios fossem distribuídos em larga escala, sobretudo, através da impressão de jornais que, para sobreviver, passaram a anunciar produtos e serviços. • Revolução Industrial: marca o início da promoção dos mais diversos produtos e dos ofícios a partir da Europa para o mundo. • 1841: Volney B. Palmer abre, na Filadélfia, a primeira agência de publicidade. • Século XX: a publicidade se torna a alma do negócio e integra, definitivamente, a cadeia de circulação das mercadorias e dos serviços. A indústria nacional se desenvolve com os produtos importados, cujos anúncios passam a ser veiculados oralmente, através dos jingles, durante a programação de rádio, quanto pela escrita, nos jornais e nas revistas em circulação. Atualmente, praticamente, tudo se vende, e, se está à venda, também se faz acompanhar de publicidade. As redes sociais parecem constituir o meio de predileção em que a publicidade ancora nessa era interconectada em que vivemos. Veremos, a seguir, como os diversos suportes que veicularam a publicidade nos últimos séculos influenciaram na evolução da prática publicitária. 4.1 MECANISMOS ESTRUTURAIS DA PUBLICIDADE AO LONGO DO TEMPO Antes de abordarmos a morfologia das publicidades ao longo do tempo, relembrare- mos as grandes tendências das sociedades com os modos de comunicação (KENSKI, 2012): • Era oral: dos primórdios e até a Idade Média, aproximadamente, a oralidade predo- minou nas sociedades. Como consequência, a publicidade ocorria, majoritariamen- te, através da oralidade: arautos anunciavam as novidades, as pessoas contavam as novidades em saraus, rodas de conversas, salões e em bate-papos face a face. 16 • Era escrita: a partir do Renascimento e do Iluminismo e, sobretudo, com o desenvolvimento da imprensa de Gutemberg, o texto escrito, a cultura bibliográfica e a difusão dos jornais escritos levaram ao desenvolvimento de uma comunicação escrita amplamente denotativa. Textos articulados, mensagens informativas e raciocínios lógico e cartesiano, marcados por estratégias de retórica, direcionavam o pensamento para a explicação e a compreensão. • Era visual: com o advento das tecnologias da imagem, fotografia, cinema, televisão, a imagem coexiste com o texto escrito. A imediata e sistêmica compreensão que permite, porém, acaba por entronizá-la nas comunicações. A partir dos séculos XIX e XX, ocorre um novo momento de passagem de uma era para a outra. A era é visual, a imagem predomina. • Era virtual: o desenvolvimento das tecnologias digitais, por fim, marca a entrada na era virtual, a era das múltiplas formas de comunicação, mistas, multissignificativas e aber- tas aos mais diversos mecanismos e possibilidades. O conceito de “multi”, como multi- cultural, multissemiótico, multimidiático, oral, escrito, imagem e interconexão contínua, traduz as infinitas conexões e os redirecionamentos comunicativos (CIACO, 2010). A publicidade, como prática discursiva inserida no campo das práticas sociais, acompanha as transições ocorridas nas formas e nos meios de comunicação. Assim, no Brasil e no mundo, a imagem integra, aos poucos, anúncios, anteriormente, com predominância textual (CHAGAS, 2011). As figuras a seguir apresentarão, respectivamente, um exemplo de anúncio mediado pelo texto escrito e um exemplo de anúncio em que o desenho ou grafismo complementa a mensagem escrita. Durante algum tempo, esses dois tipos de anúncios coexistiram, de modo que o foco se resumia a uma apresentação mais informativa do produto, a características, usos e detalhes de localização, compra etc. FIGURA 8 – ANÚNCIO PUBLICITÁRIO CONTENDO APENAS TEXTO ESCRITO (OU “ALL-TYPE”) FONTE: O ESTADO DE SÃO PAULO (1968, p. 46) 17 Veja que, no anúncio totalmente escrito, também conhecido pelo nome de “all-type”, a publicidade focaliza um argumento para o qual pede a adesão do público visado: sim, com certeza, é a melhor oportunidade, pois 36 pagamentos, sem entrada, sem juros, sem acréscimos, parecem impensáveis. Uma estrutura retórica encaminha o pensamento em direção à finalidade: a concretização da relação comercial. A figura a seguir terá a imagem gráfica como recurso expressivo. Será possível perceber, imediatamente, a quem o anúncio se destinará, à mulher, e, mais precisamente, àquelas que se preocupam com os cabelos: FIGURA 9 – ANÚNCIO PUBLICITÁRIO PARA SAPATOS FOX - TEXTO E DESENHO FONTE: REVISTA O CRUZEIRO (1965, p. 77) A partir da invenção da fotografia, a técnica é, pouco a pouco, incorporada à publicidade. Os primeiros anúncios contêm imagens em preto e branco, mas, tão logo, a tecnologia em cores é desenvolvida. A seguir, as imagens coloridas vêm integrar os anúncios em complemento ao texto escrito. O retrato é a forma preponderante, seja para servir de base ao desenhista, seja presente em forma de fotografia (PALMA, 2007). 18 A fotografia publicitária conhece um franco desenvolvimento, pois a conotação de verdade, de reprodução de um sujeito real existente no instante da captura, adere aos propósitos comerciais mobilizadores do anúncio publicitário (CIACO, 2010). Ao mesmo tempo, a fotografia proporciona uma antecipação ao que o objeto proporciona: o consumidor deve ver aspectos, ser induzido a benefícios que terá ao adquirir o produto, enfim, integrar um processo desejado pelos publicitários, ao inserirem a fotografia nas práticas profissionais. FIGURA 10 – ANÚNCIO PUBLICITÁRIO PARA VIAGENS - TEXTO, GRAFISMO E FOTOGRAFIA (EM CORES) FONTE: REVISTA O CRUZEIRO (1965, p. 66) A imagem passa a ser explorada pela publicidade em múltiplos aspectos, pelas relações que permite estabelecer entre texto e elementos icônicos e gráficos, anúncio de realidade extralinguística, visualidade, atratividade, permitindo-se todas as formas de associação e apelos (CHAGAS, 2011). Se considerarmos os primeiros anúncios, a predominância das linguagens verbal, escrita, observa-se um franco avanço nas sociedades, que começam a se impregnar da imagem, e do discurso publicitário, que passa a refletir o estágio em que a sociedade se encontra. 19 Acerca do anúncio publicitário e das implicações semióticas, falaremos no tópico a seguir e ao longo da Unidade 3. ESTUDOS FUTUROS Durante algumas décadas, praticamente, um século, a imagem, em forma de fo- tografias publicitárias, abre caminho para uma total dominação desse gênero discursivo. É assim que, aos poucos, de mero acessório ao texto escrito, passa a ocupar o lugar central do anúncio, conferindo conotações, associações à marca, aos propósitos e às filosofias, envol- vendo completamente o ambiente da publicidade: produção, circulação, público, época etc. Já na era virtual, é totalmente a imagem que predomina. Isso se deve, em grande parte, ao suporte em que é veiculado o anúncio: a tela dos dispositivos de comunicações que a tecnologia lançou em primeiro plano, os smartphones e a internet. Veja o exemplo a seguir: FIGURA 11 – ANÚNCIO PUBLICITÁRIO BURGER KING - A IMAGEM FALA FONTE: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/12/18/especialistas-elegem-melhores-cam- panhas-publicitarias-do-ano-veja-as-top-5.htm>. Acesso em: 24 maio 2020. 20 Percorra a evolução dos anúncios e da fotografia publicitária, assistindo ao vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=J2LZzkcDSi4. DICAS Acadêmico, chegamos ao fim deste tópico, no qual você foi conduzido a refletir acerca da história da imagem, da fotografia e da fotografia publicitária. Leia, a seguir, o texto adaptado de Palma (2007), a respeito da trajetória da imagem na publicidade brasileira. No tópico a seguir, você aprenderá os conceitos fundamentais dessa área, para a qual se prepara: a fotografia publicitária. 21 DO REGISTRO À SEDUÇÃO: OS PRIMEIROS TEMPOS DA FOTOGRAFIA NA PUBLICIDADE BRASILEIRA Fotografia e publicidade. Há algum tempo, essa dupla parece indissociável, já que a fotografia se transformou em elemento essencial aos anúnciospublicitários que estampam jornais, revistas e cartazes. Afinal, que outra linguagem, que não a fotográfica, nos meios impressos, consegue conjugar, com tanta eficácia, do ponto de vista de uma recepção de massa, credibilidade e sedução? A parceria não foi amor à primeira vista. A propaganda demorou a aceitar a fotografia em sua seara. A impressão direta de fotografia era possível desde 1880, quando apareceu o processo de impressão por meio-tom (halftone), mas a utilização da fotografia pela publicidade não aconteceu na sequência. No século XIX, o uso de fotografias na imprensa ainda era muito esporádico, evidenciando que a imagem fotográfica não havia sido assimilada pelas estruturas de funcionamento e pelas circulações jornalística e publicitária. A recusa à fotografia, pelos publicitários, dava-se nas duas pontas: se, por um lado, ela era técnica demais para alcançar a fruição artística do desenho, por outro, não tinha a precisão do traço para a reprodução dos detalhes técnicos na impressão, já que as imagens ficavam ainda muito reticuladas. Assim, o uso da fotografia, na propaganda do século XIX, foi irrisório na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Basicamente, a imagem fotográfica continuava a servir, na publicidade e na cobertura jornalística, à mesma finalidade de antes, do desenvolvimento do meio-tom, ou seja, como referência para a produção de gravuras. No caso brasileiro, os primeiros escritórios dedicados a “distribuir anúncios para os jornais” começaram a surgir a partir de, aproximadamente, 1914, com a casa Paulistana Castaldi & Bennaton (que, posteriormente, transformaria-se em A Eclética). Antes disso, as atividades publicitárias estavam ligadas aos próprios jornais e às revistas, funções que iam do agenciador de anúncios até escritores e artistas, que, geralmente, já faziam parte do quadro de colaboradores dos veículos. Assim, as novidades técnicas e as soluções para o emprego de novas linguagens seguiam as transformações editoriais no campo jornalístico e, muitas vezes, a passos mais curtos. Por isso, até a década de 1920, é fácil reconhecermos uma identidade gráfica entre os anúncios publicitários e as páginas que traziam o conteúdo editorial. Notamos, assim, tipos de publicidade identificados com os veículos. Uma revista, como a paulistana A Lua, de 1910, que tinha uma edição de arte criativa e um farto uso de recursos gráficos, LEITURA COMPLEMENTAR 22 trazia uma publicidade idem, com a utilização frequente de fotografias, de composições variadas e de ilustrações competentes. O mensário literário Panoplia (1917-1919), editado por Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida etc., apresentava design elegante, uma equilibrada direção artística assinada por Di Cavalcanti, com o uso restrito de imagens e de boa impressão. Nesse caso, os anúncios publicitários eram sóbrios e discretos, com eventuais ilustrações a traço, geralmente, desenhos das fachadas dos estabelecimentos comerciais [...]. Era muito comum, desde os primeiros tempos da fotografia, a utilização de imagens fotográficas como base para o trabalho de gravuristas. Esse trabalho consistia em criar uma correspondência em traços às tonalidades da fotografia. A técnica mais comum para isso era a litografia. A gravura pronta era utilizada para publicação. Nas primeiras décadas do século XX, observamos uma publicidade pouco inventiva e que não se arriscava a empregar recursos visuais que poderiam ser comprometidos pela baixa qualidade de impressão dos diários. Nas décadas de 1890 e 1900, o principal modelo estético da grande publicidade, no mundo ocidental, era o Art Nouveau. Grandes artistas desse estilo, como o tcheco Alphonse Mucha, criaram o referencial de maior sofisticação para a propaganda da Belle Époque. O Art Nouveau, definido, por Argan, como um estilo ornamental que consiste no acréscimo de um elemento hedonista a um objeto útil, respondia ao anseio publicitário de uma época industrial preocupada em justificar a mais-valia, agregando o valor “criativo” através da ornamentação. Assim, cartazes, embalagens de produtos, folhetos e anúncios, publicados nas páginas das cada vez mais requintadas revistas ilustradas, apresentavam os produtos mergulhados entre sedutoras figuras femininas envoltas pelas longas cabeleiras esvoaçantes, tecidos drapeados e ornamentos em forma de flores, mosaicos, pássaros, estrelas e uma infinidade de curvas. A imagem fotográfica, nesse contexto, parecia despojada demais, pouco “criativa” com o automatismo e nada “artística” para se sobrepor à ilustração a traço. Os fotógrafos pictorialistas, que buscavam dar um verniz de arte acadêmica à fotografia, mantiveram-se longe da publicidade, com receio de vulgarizar o estilo [...]. Nesse período, quando os propagandistas recorriam à fotografia, eram muito comuns as colagens de imagens fotográficas recortadas em meio a cenários ou a molduras ornamentais. Esses anúncios iam dos mais sofisticados, que chegavam a utilizar impressão em cores, até os mais simples, com singelas referências visuais ao estilo modernista. Realizavam, assim, a união simbólica da modernidade técnica, representada pela fotografia, com o refinamento artístico, atualizado do Art Nouveau. Aliás, vale a pena ressaltar, os serviços dos grandes artistas não estavam acessíveis a todo tipo de anunciante. No Brasil, a situação era ainda um pouco mais drástica, pois havia muita desconfiança em relação à publicidade. Alguns relatos dão conta de uma inscrição comum nas entradas dos estabelecimentos: “Essa firma não dá esmolas, nem anúncios”. Se nem sequer existiam profissionais especializados em publicidade, como convencer capitalistas, de primeira viagem, a investirem quantias mais altas em uma produção de apelo mais “artístico”. Com isso, havia o acúmulo de funções dos encarregados pelos anúncios: ilustrador, fotógrafo, litógrafo, pintor etc. Dessa forma, a maior parte da publicidade que circulava pela imprensa 23 brasileira trabalhava com composições muito simples, uma ilustração a nanquim acima ou ao lado do texto e, às vezes, uma moldura ou uma vinheta ornamental, delimitando o conjunto. Gradualmente, conforme se adentrava no século XX, as ilustrações foram sendo substituídas por fotografias. Apesar da imagem fotográfica ter tido um pequeno espaço na publicidade, na virada do século, tinha um caráter meramente ilustrativo e um padrão de qualidade muito desigual. O primeiro gênero fotográfico a ser incorporado de maneira mais sistemática à propaganda foi o retrato, na chamada publicidade testemunhal, que consistia na utilização da imagem de uma personalidade para recomendar o uso do produto. Raúl Éguizabal ressalta que “os escassos exemplos fotográficos na publicidade norte- americana, durante os primeiros anos do século XX, continuavam a seguir as regras da estética mais ortodoxa, quando não da vulgaridade”. No Brasil, também observamos o retrato como gênero mais recorrente de fotografia na publicidade das primeiras décadas do século XX. As imagens, para os testemunhais, seguiam o padrão. As poses rígidas faziam parte de um repertório que vinha sendo constituído por retratistas desde os primeiros portraits na pintura a óleo. Assim, os retratos não eram pensados em termos de uma linguagem publicitária mais articulada. Nos casos mais cuidados, esses retratos eram realizados por retratistas experientes, com acuidade técnica, em estúdios modernos, mas funcionavam como os retratos avulsos, aqueles que eram realizados para circulação no âmbito privado. PICTORIALISMO Tendência da fotografia da segunda metade do século XIX que respondia ao pouco caso que o mundo artístico fazia da nova técnica. Pictorialistas, fotógrafos amadores se organizavam em clubes, nos fotoclubes, onde discutiam os padrões que julgavam os mais elevados para a fotografia. Esses padrões advinham, principalmente, do campo das belas artes, da pintura acadêmica, dos retratos particulares praticados desde meados do séculoXIX nos ateliês espalhados pelos grandes centros urbanos. NOTA Existiam, também, os instantâneos, realizados, muitas vezes, por um faz-tudo, da redação para a área gráfica. Então, o que observamos, nesse primeiro período de assimilação da fotografia pela publicidade, foi a inserção do retrato, objeto de uso particular, em um contexto de circulação de massa. Assim, um anúncio de uma marca inglesa de alimentos, Allenburys, em um número da revista A Vida Moderna, de 1914, mostra o retrato bem realizado de uma mulher alimentando um bebê (por se tratar de um produto importado, é possível que a fotografia não tenha sido produzida no Brasil). Dez anos mais tarde, foi veiculado um anúncio do mesmo produto em alguns números da revista A Cigarra, assim, no lugar da foto, foi utilizada uma ilustração produzida a 24 partir da fotografia. Esse caso é curioso, de substituição de uma fotografia por uma ilustração de qualidade inferior. É provável que a explicação tenha a ver com algum problema operacional (perdeu-se/ficou-se sem acesso à cópia fotográfica e ao clichê do primeiro anúncio etc.), mas o que chama atenção é que a prática de usar imagens fotográficas como referência para ilustrações a traço era, ainda, muito comum, e aceita nos meios gráficos brasileiros da década de 1920. Existiam algumas tentativas de produzir retratos com mais movimento. O sabão Aristolino veiculou vários anúncios na revista A Cigarra entre, pelo menos, 1922 e 1924, usando fotos de coristas e moças em trajes de praia, com composições que fugiam do esquema tradicional dos retratos. Há, também, um uso interessante da fotografia em anúncios do licor Vermutin, veiculado, em 1917, também, na revista A Cigarra, com os retratos de uma modelo interpretando personagens em poses que exploravam a noção da força e da vitalidade. Criavam uma identidade de proposta entre os anúncios, aproximando-se da ideia de uma campanha. Na mesma revista, um concerto de Josephina Robledo foi anunciado com criatividade, usando um retrato da violonista espanhola tocando montada em uma moldura circular formada por imagens das mãos da moça [...]. Além dos retratos, encontramos, na publicidade veiculada nas revistas das primeiras décadas do século XX, imagens de estabelecimentos comerciais e, mais esporadicamente, de produtos. Essas fotografias podem parecer, aos nossos olhares saturados pela publicidade moderna, ingênuas. O que ocorre é que essas imagens mostram uma preocupação em apenas mostrar o que estava sendo anunciado. Era a tentativa de empregar a fotografia como registro, como documento que certifica, ao público, a aparência mais genérica, sem o intuito predefinido de destacar um ou mais aspectos dos produtos, sem as técnicas e os truques para embelezar objetos e espaços que viriam a constituir, futuramente, uma sintaxe da imagem publicitária moderna. O domínio absoluto da ilustração a traço, na publicidade brasileira de alta qualidade, deu-se, pelo menos, até a década de 1930, época em que as agências estrangeiras começaram a chegar ao país. São chamadas de instantâneos fotográficos as fotografias obtidas através das câmeras com filme em rolo, voltadas para amadores e que começaram a ser produzidas por volta de 1900, pela Kodak. A partir dos anos 20, houve uma grande transformação na fotografia ocidental, no bojo das experiências das vanguardas históricas. A publicidade tem papel fundamental nessa renovação da fotografia. O still-life fotográfico (composição com um ou mais objetos de uso cotidiano, de pequeno porte) foi valorizado. Fotógrafos modernos começaram a trabalhar a fotogenia dos objetos cotidianos da sociedade industrial, em fotografias extremamente bem cuidadas dos pontos de vista técnico e de composição. Iluminação cuidada para cada tipo de objeto; fundos, em geral, neutros; pesquisa de materiais; e muitas técnicas e expedientes eram preocupações essenciais desses fotógrafos. Instaurava-se o padrão que respondia às necessidades fundamentais da publicidade, na qual a fotografia de objetos tinha tido algum uso nos catálogos de venda, 25 já desde o século XIX, e aparições esporádicas em anuários e em anúncios publicitários, principalmente, em São Paulo. Segundo Chico Albuquerque, até o momento, a fotografia publicitária era “limitada a fotos de objetos e produtos”. Ainda assim, até a década de 1940, para utilizar fotografias, principalmente, de objetos e de ambientes industriais, era imperativo o uso do retoque americano. Os fotógrafos que recebiam as encomendas da área publicitária atuavam em vários campos, não havia especialização. As agências estrangeiras, a princípio, quando intencionavam utilizar fotografias, recorriam a imagens compradas nos Estados Unidos, com modelos norte-americanas. Ricardo Ramos narra, inclusive, um caso anedótico a esse respeito, acontecido nos anos 1930. Em São Paulo, nos começos da Ayer, somente se usava desenho como ilustração de anúncio. Cansado de arte a traço, Charles Dulley passou a comprar fotos em Nova York. Na maioria, os modelos das fotografias que vinham eram mulheres bonitas, sem dúvida, mas quase todas louras, e havia uma necessidade óbvia de morenas. Então, foi posto um anúncio no Estado, na nascente página de classificados. “Jovens bonitas, morenas, para trabalho fácil e bem pago”. No dia seguinte, duas “secretas” visitaram a agência: queriam saber qual era aquele trabalho fácil. O incremento do uso da fotografia na propaganda brasileira é creditado a Thompson. Segundo Fernando Reis, o primeiro fotógrafo que passou a prestar serviços à agência foi Henrique Becherini, que é apontado, por Albuquerque, como por Hans Gunter Flieg, como um dos primeiros a realmente se especializar no campo publicitário. Becherini produziu fotos para campanhas da Atlantic, da Goodrich, da Blue Star Lines e das Refinações de Milho Brasil. Um dos clientes mais importantes de Becherini foi a General Motors. Na primeira campanha para a GM, o fotógrafo produziu uma série de retratos de personalidades brasileiras para compor os anúncios testemunhais. Por esse trabalho, Becherini teria recebido, como cachê, um automóvel Chevrolet. Realmente, na década de 1940, começou a haver um espaço um pouco mais consolidado para a fotografia no campo da propaganda, e fotógrafos, como Chico Albuquerque, Peter Scheier e Hans Gunter Flieg, além do próprio Becherini, e, talvez, uns poucos mais, firmaram-se na área. Os anos 1940 marcaram uma mudança profunda no campo da fotografia brasileira. A implementação de estruturas mais complexas no campo da produção cultural exigiu novas posturas dos fotógrafos e propostas mais antenadas ao que já se produzia no exterior. Sem dúvida, influiu, nesse quadro, a chegada de profissionais estrangeiros, já iniciados na modernidade europeia, que vinham, ao Brasil, refugiados do nazismo e da guerra. FONTE: https://scholar.google.com.br/citations?user=Fmcv0k8AAAAJ&hl=pt-BR#d=gs_md_cita-d&u=%2F- citations%3Fview_op%3Dview_citation%26hl%3Dpt-BR%26user%3DFmcv0k8AAAAJ%26citation_for_ view%3DFmcv0k8AAAAJ%3A4JMBOYKVnBMC%26tzom%3D180. Acesso em: 29 maio 2020. 26 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A história da imagem e a história da humanidade se confundem desde os tempos mais remotos. A imagem serviu à comunicação por finalidades diversas. • A partir da observação do meio em que se encontra inserido, repleto de imagens de ordem diversa, o ser humano inferiu a existência da possibilidade de capturar essas imagens, além de fixá-las por meio de dispositivos e sobre materiais. • A descoberta da técnica da fotografia é fruto dos avanços progressivos ocorridos nas ciências e nas tecnologias ao longo das diferentes sociedades. • Assim como a relação das sociedades com as imagens, o comércio e a difusão de mercadorias e de serviços também mergulham as origens em tempos remotos. • Aliar a imagem fotográfica, dotada de um carácter de verdade, ao anúncio de produtos a serem vendidos, tornou-se umaestratégia comum nas sociedades contemporâneas. • A atualidade virtual conhece novos modos de funcionamento das imagens e da fotografia publicitária. RESUMO DO TÓPICO 1 27 1 Várias tecnologias desenvolvidas ao longo do tempo contribuíram para o aperfeiçoamento da comunicação e da ação dos indivíduos uns sobre os outros. A fotografia integra esse processo e, com ela, a fotografia publicitária. Acerca do desenvolvimento da câmara obscura ou câmara escura de orifício, e da técnica fotográfica, é possível afirmar que: a) ( ) A técnica da câmara obscura foi inventada por Leonardo Da Vinci, no século XVI. b) ( ) Embora jamais tivessem prestado atenção nas formas e nos desenhos que a natureza oferecia, os homens, ao longo de séculos, aperfeiçoaram técnicas de captura e de reprodução de imagens. c) ( ) A técnica fotográfica é fruto de um longo e lento processo de descobertas e de observações que culminam com as possibilidades de fixação e de reprodução de imagens sobre suportes específicos. d) ( ) As sociedades desenvolvem práticas e tecnologias para a comunicação que, na sua essência, não variam com o passar do tempo. 2 Suponha a seguinte situação: uma imagem é gravada, pintada ou reproduzida através da fotografia. Uma série de etapas e de princípios está envolvida, sejam cognitivos, sejam tecnológicos. Observe as afirmações a seguir: I- As sombras de objetos e/ou de elementos da natureza projetam formas mais ou menos providas de contornos. II- Alguns materiais possuem uma maior ou uma menor capacidade de alteração nos elementos e/ou nos materiais com os quais entram em contato ou em relação. III- Os processos comunicativos apresentam grande eficácia quando dotados dos mecanismos correspondentes. Ao situar essas afirmações no eixo cronológico do desenvolvimento de competências e de capacidades por parte da humanidade, a ordem correta, na sequência de descobertas ligadas à fotografia publicitária, é: a) ( ) I – II – III. b) ( ) II – I – III. c) ( ) III – II – I. e) ( ) I – III – II. 3 Leia o excerto a seguir e analise a relação entre as duas afirmações: AUTOATIVIDADE 28 I- “[A] inserção da fotografia nas criações gráficas publicitárias exerceu um fascínio muito maior e impacto aos olhos acostumados com as ilustrações, pois a fotografia pode transmitir uma quantidade de informações superior aos desenhos e às ilustrações” (CHAGAS, 2011, p. 2). II- A fotografia, no início, apresentava um carácter de verdade plena: o que está diante dos olhos esteve, em um momento do passado, diante da câmera, e corresponde, em consequência, ao objeto real retratado. Assinale a opção CORRETA: a) ( ) I e II são proposições verdadeiras e os conteúdos complementares. b) ( ) I é uma proposição falta, II é uma proposição verdadeira. c) ( ) I é uma proposição verdadeira, II é uma proposição falsa. d) ( ) I e II são proposições verdadeiras, mas não há relação entre elas. 29 A FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, até aqui, você já aprendeu como as diferentes sociedades se relacionaram e continuam se relacionando com as imagens e a fotografia. Também pôde acompanhar o desenvolvimento da fotografia ao serviço da publicidade. A partir de agora, aprofundaremos alguns conceitos-chave para a compreensão desse tema fascinante, que é a fotografia publicitária. Começaremos por nos interrogar acerca do campo em que a fotografia se insere, ou seja, a publicidade. Em seguida, veremos o que é, afinal, fotografia publicitária. Finalmente, passaremos pelo conceito de fotografia Still, na fotografia publicitária. Bons estudos! UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 2 PUBLICIDADE: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONCEITO DE PUBLICIDADE A sociedade pode ser dividida em duas grandes etapas: antes da publicidade e da propaganda, e depois delas. No contexto de desenvolvimento das mídias e, atualmente, das mídias virtuais, publicidade e propaganda integram funções de várias ordens, de cunho psicológico, antropológico, social ou discursivo (PAVARINO, 2013). Veja que estamos falando de publicidade e de propaganda, dois termos que acabam se confundindo e sendo tomados, de maneira geral, como sinônimos. Então, começaremos com algumas precisões terminológicas para, em seguida, dedicarmo-nos ao conceito de “publicidade”. 2.1 PUBLICIDADE E PROPAGANDA: DISTINÇÕES A prática publicitária compreende um fenômeno complexo que impõe distinções operacionais entre as práticas social e discursiva na sociedade; o marketing, como uma demanda; a agência, como agente operativo; e as finalidades envolvidas. As formas muito diferentes e os vários interesses fazem dela [publici- dade] um fenômeno inerentemente complexo, mas, também, vulgar- mente se confunde a publicidade com outras atividades comunicati- vas que podem mostrar algumas semelhanças e pontos em comum: promoção de vendas, relações públicas, marketing direto. 30 Finalmente, a própria capacidade de se integrar no discurso publici- tário às diversas formas culturais, padrões sociais, entrevistas etc., e, simultaneamente, a influência da publicidade, graças à eficiência e ao desempenho em várias outras expressões comunicativas, linguís- ticas, culturais e sociais, torna-o um objeto múltiplo e complexo […] (EGUIZÁBAL, 2007, p. 30 apud PAVARINO, 2013, p. 20-21). A atividade publicitária surgiu na Inglaterra (PAVARINO, 2013). É comumente dada como época do surgimento, o período situado entre as duas guerras mundiais (EGUIZÁBAL, 2001). O termo “publicidade”, porém, chegou à língua portuguesa através do francês “publicité”. O espectro semântico, ou seja, os significados que engloba, sofre adequações à medida que novas formas de discurso e práticas sociais se desenvolvem (PAVARINO, 2013). Assim, no contexto contemporâneo, a publicidade corresponde a (PAVARINO, 2013): • público + -i- + -dade, [...] caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido; • conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial. Ao termo “publicidade”, opõe-se o termo “propaganda”. A propaganda tem origem no campo religioso da propagação da fé em contexto medieval (PAVARINO, 2013). A propaganda compreende “ações de atividades ideológicas que tendem a influenciar o homem, com objetivo político, ideológico ou religioso” (GONÇALEZ, 2009, p. 9). Ideias, princípios e teorias são propagadas, sem que haja intervenção do fator comercial. Já a publicidade corresponde à “arte de tornar público, divulgar um fato ou uma ideia”, com fins comerciais, visando influenciar o público a quem se destina, despertando o desejo e provocando a compra de um bem, produto ou serviço (GONÇALEZ, 2009, p. 3). Podemos exemplificar a distinção entre publicidade e propaganda, que também é corrente aceita na área de marketing, com a seguinte situação: um banco investe na veiculação de um anúncio em uma emissora de televisão através da propaganda. Agora, suponhamos que esse banco patrocina um time de futebol e os jogadores dão uma entrevista à imprensa, usando bonés e/ou camisetas que ostentam a marca ou o logo do banco. As imagens são registradas e divulgadas nas fotos ou nas imagens de televisão com o público, no caso, ocorre a publicidade. Segundo Gobe et al. (2004 apud CARDOSO, 2020, p. 29), “a propaganda é toda forma de comunicação paga em que o patrocinador (aquele que paga) pode ser identificado, enquanto a publicidade é toda forma de comunicação não paga e obtida de maneira indireta”. 31 Publicidade e propaganda se distinguem, de um modo global, por dois aspectos: 1. A finalidade: comercial (publicidade) e ideológica (propaganda). 2. O campo de aplicação: públicos consumidor (publicidade) e político; ideológico ou religioso (propaganda). De maneira específica, publicidade e propaganda se distinguem por mais aspectos, conforme critérios adaptados de Cardoso (2020): NOTA CRITÉRIOS DA PROPAGANDA: Informar e persuadir. Ser paga. Ter a presença ostensivado patrocinador. Haver controle do anunciante sobre a mensagem. O anunciante ser o emissor da mensagem. A mensagem ter menor credibilidade. CRITÉRIOS DA PUBLICIDADE: Informar. Ser gratuita. Não haver, explicitamente, o patrocinador. Produtor da matéria não tem controle sobre ela. O próprio veículo é o emissor. Há grande credibilidade sobre a matéria. Agora você já entendeu que, ao trabalhar com fotografia publicitária, estará lidando com esses aspectos: uma relação comercial com um público consumidor. Então, aprofundaremos, um pouco mais, em que, precisamente, consiste essa relação. É o que trata o próximo item. Vamos lá! 2.2 CONCEITO E CONDICIONANTES TÉCNICOS DA PUBLICIDADE A publicidade é uma prática antiga que acompanha as transformações das socie- dades ao longo do tempo. O desenvolvimento do comércio e o surgimento, em grande escala, de “consumidores”, serão determinantes para a publicidade. O ato de comprar os produtos necessários à vida no dia a dia deixa de ser uma mera necessidade e passa a integrar o universo da livre escolha de cada um. Isso ocorre com o processo de migração das sociedades, em que predomina a agricultura para uma sociedade industrializada, além da melhoria dos processos tecnológicos e industriais dos séculos XIX e XX. A pu- blicidade, então, começa a se apropriar de mecanismos correspondentes às novas ne- cessidades, orientados para a oferta dos produtos que a indústria produz. Desse modo, a publicidade se torna prática corrente e visa à valorização de aspectos do produto, da cultura, para a sedução de um consumidor em potencial. Em consequência, as técni- cas se tornam mais elaboradas: a sociedade e os indivíduos passam a ser pensados, 32 auscultados e envolvidos em uma estrutura de comunicação complexa, cuja finalidade última é levar à aquisição das mercadorias dentro dos ciclos econômico e comercial (PAVARINO, 2013). Neste momento, já não se trata mais apenas de publicidade, mas de “fenômeno publicitário” (PAVARINO, 2013, p. 103). Esse fenômeno perpassa as meras funções de vender e de fazer circular mercadorias para integrar várias etapas e práticas: • Plano socioeconômico: a demanda está relacionada à estrutura da sociedade e da economia. • Plano profissional: refere-se às práticas relacionadas à profissão. Envolve a criação da peça publicitária, a divulgação e o acompanhamento. • Plano dos desdobramentos: refere-se às consequências comu- nicacionais e culturais da publicidade, que podem ter um im- pacto a curto, médio e ou longo prazo (PAVARINO, 2013, p. 103). Como forma discursiva integrada nos fazeres sociocomunicativos das sociedades, a publicidade integra jogos de poder e ideologias circulantes nas sociedades. Dessa forma, encontra-se, no cruzamento de vários eixos e de tensões (LARA, 2010): • Capital: serve os interesses econômicos e financeiros. • Poder: veste-se de um discurso sedutor, com os fins de influenciar e de agir sobre o público. • Discurso: como vetor de divulgação, propagação e fixação de linguagens. • Causas: como gênero que ultrapassa o capital e integra, por exemplo, questões humanitárias, filosóficas, existenciais. • Cultura: a publicidade desperta desejos, mas, também, o indesejável, o clichê, o lugar comum, o asqueroso ou o chocante nas sociedades. • Cumplicidade: “a publicidade pode ser uma mentira consentida” (MARSHALL, 2002, p. 32). Finalmente, a publicidade é sujeita a condicionantes técnicos que orientam o funcionamento (GONÇALEZ, 2009, p. 8): • Ter um produto ou um serviço para oferecer ao mercado, em tal quantidade que a promoção justifique o uso dos meios massivos. • Planejar, criar, produzir um anúncio ou um conjunto de anúncios, denominado de campanha. • O anúncio ou a campanha deve ser veiculado, isto é, inserido em meios de comunicação, pagos por um patrocinador. Assim, de modo global, podemos compreender a publicidade como uma peça, o anúncio concreto; uma técnica, a persuasão para convencer da compra; uma situação, comércio, com um resultado, venda; e, por fim, a prática, atividade publicitária, com o fenômeno, a junção de todos os outros elementos (PAVARINO, 2013). A peça publicitária se constitui de uma linguagem própria que compreende diversos elementos constituintes das peças publicitárias: 33 • Chamada ou headline: título, sob forma de texto, contendo a ideia principal ou a promessa apresentada de forma persuasiva. • Corpo ou body copy: texto complementar à chamada, embasa a ideia central de apresentar de maneira breve e de fácil leitura. • Slogan: frase de impacto e de fácil memorização em que são empregados recursos estilísticos, poéticos, que permitam a identificação de posicionamentos da marca perante o público. • Fecho ou assinatura: identificação da marca ou do organismo produtor da peça publicitária. FIGURA 12 – LINGUAGENS E CONSTITUINTES DA PUBLICIDADE FONTE: A autora Nesse conjunto, integra-se a fotografia publicitária. Está, portanto, submetida a um conjunto de forças e de condicionantes e, com eles, interage de modo a impactar o público receptor. Este será o tema do nosso item a seguir: a fotografia publicitária dentro do contexto. Vamos lá?! 3 FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA: CONCEITOS E DENOMINAÇÕES Até aqui, você já aprendeu o surgimento da fotografia e da publicidade. Também já viu a integração da técnica em um anúncio publicitário, através de um exemplo. A partir de agora, aprofundaremos o assunto, abordando conceitos e práticas na fotografia, que podem contribuir para a construção de uma imagem ideal ou idealizada. 34 3.1 O CONCEITO DE FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA O objetivo da fotografia publicitária é colocar em evidência um produto ou um aspecto da sociedade que a publicidade deseja promover. Várias técnicas permitem destacar elementos específicos de um produto, sejam reais ou idealizados. Essa é a principal função do fotógrafo publicitário, que responde pela concretização, em forma de imagem, dos aspectos que a agência ou o (s) publicitário (s) deseja (m) enfocar. Em que consiste, mais precisamente, a fotografia publicitária? Chagas (2011) aponta alguns tipos de fotografia na publicidade brasileira: • Fotografia descritiva: trata-se de uma forma de registro, sem envolvimento de conceitos ou de linguagens característicos da fotografia publicitária da atualidade. Predominou até meados do século XX. • Fotografia cultural: A partir dos anos 1930-50, os publicitários começaram a unir efei- tos da imagem com efeitos do produto, com o intuito de valorizar um ou outro aspecto. • Fotografia orientada: a imagem passou a ser produzida, segundo orientações das agências de publicidade, incorporando padrões culturais, estéticos, estilísticos, discursivos do gênero publicitário. As imagens fotográficas buscam, assim, “criar, no público, o desejo de consumo de um produto, ou mesmo de um estilo de vida, por meio do apelo visual” (ZUANETTI et al., 2002, p. 140). Dessas concepções, são gerados dois aspectos fundamentais da fotografia publicitária: funda-se na evidência da realidade fotográfica e integra o imaginário do público receptor, segundo os parâmetros e os modelos culturais (KOSSY, 2002). A imagem criada deve “conversar” com os valores do público ao qual a publicidade se destina, de modo a seduzir esse público para a proposta da publicidade, para a necessidade de aquisição do produto, identificação com a marca. NOTA Assim, a fotografia publicitária é um gênero de imagem imperativa: constrói a realidade dentro da qual se configura. Ao mesmo tempo em que é imagem, dita (uma) imagem ao público, também se faz segundo os canais em que deve circular. Em uma sociedade dominada pela imagem, a fotografia incorporada à publicidade é mais do que uma simples imagem, mas um refúgio para tudo o que a palavra é incapaz de transmitir (EGUIZÁBAL, 2001). 35 Acerca do enquadramento institucional da fotografia publicitária, acesse http://www.abrafoto.com.br. Acostume-se a visitar o site e a descobrir as novidades
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