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Resenha crítica da obra Moral e Ética

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RESENHA CRÍTICA
“Moral e Ética: Dimensões intelectuais e afetivas”, de Yves de La Taille.
Inicialmente, cabe destacar que em sua narrativa, o autor busca refletir acerca dos processos mentais que o indivíduo utiliza para basear seus princípios morais. 
Evidencia, dessa maneira, 4 (quatro) abordagens sobre a moralidade, relativista e heterônoma, empregadas através das teses de Freud e Durkheim, e as preferências de cada ser humano para propiciar o que se entende como qualidade de vida, isto é, a razão fruída como fonte de moralidade, tese empregada por Piaget e Kohlberg. 
A abordagem de Durkheim é uma análise do processo psicológico que leva a individualidade de cada um a pautar suas condutas pela moral. É afirmado por ele que as condutas morais se dão pelo sentimento do sagrado, influenciado pela sociedade, em outras palavras, o obedecimento aos mandamentos de um ser superior, temido e desejado. Isto é, a obediência aos mandamentos da sociedade, onde não há um desenvolvimento moral em si, mas sim o conhecimento e compreensão de um modelo de moral.
Sigmund Freud, defendia que grande parte dos adultos seguem as leis morais meramente em razão do temor das consequências e sanções, dando a entender que a consciência moral tem raízes inconscientes, que pode se esclarecer por forças afetivas para ele, o indivíduo pode até ter condutas morais de “boa vontade”, mas que no fim das contas, age moralmente por medo, por algo convicto as suas decisões conscientes.
O autor elucida que as convicções de Piaget e Kohlberg sobre ética são diferentes em demasia. No que se refere ao desenvolvimento moral, identificou-se dois estágios: autonomia (separação da obediência que se tem na heteronomia) e heteronomia (respeito às figuras de autoridade). Piaget entendia sobre a existência do desenvolvimento da moral, identificando aquilo que é comum a todos os indivíduos.
Baseado na teoria construtivista, esse desenvolvimento é chamado por Piaget de processo de equilibração, que é a capacidade de auto-organização de cada ser humano, onde julgava-se que a inteligência e o conhecimento são frutos de trabalho individual e não de reprodução de modelos externos. Para ele, a razão é uma dimensão moral incontornável.
Já Lawrence Kohlberg procurou requintar a teoria moral de Piaget. Para ele, vislumbres de autonomia não eram suficientes para afirmar a moral de um ser humano, sendo fundamental o desenvolvimento da razão para que a evolução moral do indivíduo pudesse ocorrer.
Ao passo que Kohlberg e Piaget convergem suas teorias para a razão como fator central, Freud e Durkheim colocam como principal o debate da dimensão afetiva. Para o autor, entretanto, as quatro teorias retratadas têm em comum o fato de a moral implicar em regras e princípios que devem ser obrigatoriamente observados pelos seres humanos.
Findada a questão da afetividade e razão, entramos em moral e ética, retratado Yves de La Taille como um conjunto de regras de conduta consideradas como obrigatórias.
Segundo o autor a “inflação” contemporânea da palavra ética, é díspar dos pontos de vista apresentados anteriormente. Quando falamos em moral, nos referimos a deveres e quando falamos em ética, nos referimos a busca de uma vida boa.
Posteriormente, o autor menciona a teoria de alguns filósofos, como Aristóteles, porém, traz uma problematização sobre a felicidade; o utilitarismo de Stuart Mills, que diz que a felicidade consiste em prazer e ausência de dor; Kant acredita que a moral não é ensinar a ser feliz, mas como merecer ser feliz. Com isso, Yves chega à conclusão que todas essas condutas mencionadas são reflexões das condutas humanas e que o futuro reserva para suas vidas.
Ao adentrar na esfera moral e ética, o autor desdobra o conteúdo em “Plano Moral” e “Plano Ético”.
O “Plano moral” deve ser compreendido como obrigatoriedade, evidenciada pelo dever. Ainda, adiciona algumas observações sobre essa esfera.
A primeira demonstra confusão entre registros axiológicos e psicológicos. 
Axiológicos trata de deveres morais que devem ser obedecidos incondicionalmente e os psicológicos tratam do sentimento de obrigatoriedade, que é pressuposto não apenas para os adeptos da moral deontológica, mas também por aqueles da moral teleológica.
A segunda, se refere a obrigatoriedade. O fato é que podem haver dilemas morais, citando no livro casos de aborto, suicídio, etc., e esclarecendo que o dilema gerado decorre de uma busca criteriosa e sincera de argumentos fortes.
A terceira observação se refere aos deveres morais correspondentes as exigências sociais consagradas pelo Poder Judiciário, justificadas moralmente pelo apreço à vida e propriedade de outros indivíduos e suas sanções penais. Entretanto, algumas pessoas determinam para si mesmas deveres morais que não são impostos pela sociedade, concluindo que é descabido pensar que o plano moral e o sentimento de obrigatoriedade são despertados apenas por exigências sociais.
A quarta e última observação, trata da constância desse sentimento de obrigatoriedade. Para Yves, essa frequência é um traço psicológico comum aos seres humanos, por crer que esse sentimento de obrigatoriedade é mais fraco que qualquer outro.
O “Plano Ético”, segundo o autor, depende do entendimento de alguns aspectos para poder ser estabelecido. Deve-se primeiramente “avaliar se a “vida boa” é decorrência de condições objetivas e mensuráveis, ou se ela corresponde a uma experiência subjetiva”, rematando que o plano ético é formado por avaliações pessoais em sua individualidade; o segundo passo é “avaliar qual a relação entre o sentir-se feliz e o eixo do tempo”, relatando, dessa forma, que a felicidade exige a sublimidade do aqui e agora, isto é, indivíduos que tem a consciência e liberdade de decidir o rumo que estão dando as suas vidas; outro passo que deve ser avaliado é “qual será a qualidade necessária à referida experiência subjetiva de bem-estar?”. Nesse ponto, o autor inicia sua análise na busca do prazer e conclui dizendo que os prazeres do corpo e da alma não são garantias de uma vida boa e que o processo psicológico nos leva a querer usufruir deles. Decerto esse seja o centro do plano ético; o último passo que se deve ser analisado indaga a “resposta para o “como viver?” deve permitir a realização da “expansão de si próprio”, envolvendo a questão da identidade de cada um.
Portanto, conclui-se que o comportamento moral dos indivíduos está ligado a percepção de que estes têm sobre o que é certo, a partir do seu conhecimento adquirido, bem como no querer agir dessa tal forma, sendo assim provável, que mesmo tendo certo encaminhamento sobre a obrigatoriedade de uma ação dentro de seu grupo social, o indivíduo talvez pratique ação diversa por julgar que, naquele caso, o modo do agir moral é diverso. Logo, o agir moral é tanto cognitivo, quanto afetivo, visto que embora as ações morais possam ser internalizadas nos indivíduos por aquilo que racionalmente eles apreendem durante a vida, o seu “querer” agir muitas vezes é diretamente relacionado a afetividade daquilo que o faz praticar a ação moral de determinada forma.

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