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Inquérito Policial

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Prévia do material em texto

Ruan Silva Rabelo 
1 
PROCESSO PENAL 
PERSECUÇÃO PENAL (PERSECUTIO CRIMINIS) 
CONCEITO 
 
A persecução penal nada mais é do que o Estado, com toda a sua força, perseguir/ir 
atrás de saber se houve um crime e quem o praticou, para, então aplicar a pena prevista na 
legislação. Em outras palavras, a persecução penal é o caminho pelo qual o Estado irá seguir 
visando obter as seguintes perguntas: houve um crime? Como foi e quem o praticou? 
 A persecução penal é dividida em duas fases: a investigativa (normalmente feita pela 
Polícia Judiciária – Polícia Federal e Polícia Civil) e a processual (ocorre no âmbito do Poder 
Judiciário - daí já estamos falando de uma ação penal, tema de outra aula). Essa divisão é 
fundamental para você entender a natureza do inquérito policial, que é o tema da nossa aula de 
hoje. 
 Um crime abala a ordem pública, e, como é dever do Estado garantir a paz social, cabe 
a ele, por meio de seus órgãos, investigar o crime e punir o apontado autor do crime. 
ATENÇÃO 
Aqui, quando eu uso as palavras crime e autor, faço sem aquele rigor todo que a gente 
aprende no Direito Penal. 
PERGUNTA 
 Por que não pulamos já para a ação penal? Não seria mais fácil, já que a polícia não ia 
ter todo o trabalho de investigar todos os crimes que ocorrem? 
 Veja, senhores, que nesse ponto há a forte incidência da presunção de inocência do 
indivíduo que supostamente praticou um crime. Portanto, o Estado não pode iniciar ações 
penais sem algo que, ao menos em tese, diminua tal presunção. No momento da ocorrência da 
suposta prática criminosa, a presunção de inocência está no seu grau máximo, que vai 
diminuindo com o andar das investigações feitas pela polícia. Gosto de exemplificar isso com um 
gráfico. Vejamos: 
 
Ruan Silva Rabelo 
2 
Presunção de inocência 
 
 Investigações Ação penal 
 
 
 Tempo 
Portanto, perceba que no cometimento da suposta infração penal, a presunção de 
inocência do indivíduo está em seu grau máximo, que vai diminuindo (via de regra) com o 
andamento das investigações. É por isso que investigamos logo que temos notícia de que algum 
crime aconteceu. Essa investigação trará uma mínima condição para que, na segunda fase da 
persecução penal (a ação penal), possamos discutir a culpa ou não de alguém que é 
presumidamente inocente até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Essa investigação policial é feita pela polícia judiciária pelo instrumento que 
denominamos inquérito policial. Apenas a polícia se vale do inquérito policial. Outros órgãos, 
quando investigam, chamam seu próprio procedimento de outros nomes. Inquérito é coisa de 
polícia! 
Pois bem, vamos organizar o raciocínio desenvolvido até aqui: 
1) Chega até a polícia a notícia de um crime (notitia criminis) - A notitia criminis é 
a notícia de um crime (ainda que em tese) que chega até a polícia; 
2) Iniciamos a primeira fase da persecução penal, que é a investigação criminal 
(persecutio criminis) - A persecutio criminis é a busca estatal pelo autor do 
crime e pela materialidade do crime; 
3) Buscamos um suporte probatório mínimo para uma futura ação penal 
(informatio delicti) - A informatio delicti é a investigação, é a primeira fase da 
persecutio criminis; 
4) Forma-se a opinio delicti - A opinio delicti é a opinião formada pelo “dono da 
ação penal”, que é, em se tratando das ações penais públicas, o Ministério 
Público. Explicando melhor: depois que o Ministério Público pega o resultado 
das investigações, vai decidir se inicia ou não uma ação penal contra aquele 
sujeito. A polícia ajuda na formação da opinio delicti do dominus litis. 
Ruan Silva Rabelo 
3 
 
 Pois bem, feita esta breve introdução sobre a persecução penal, vamos iniciar o tema 
inquérito policial. 
INQUÉRITO POLICIAL 
CONCEITO 
 Inquérito policial é PROCEDIMENTO administrativo não obrigatório, de cunho 
informativo e instrumental, sigiloso e escrito, que serve como base a uma futura ação penal. 
 O que o inquérito não é um processo administrativo. Não é processo! Guarde isso! 
Inquérito não é, nunca foi e nunca será processo. Isso porque no âmbito do inquérito policial 
ninguém está sendo acusado de nada. Ninguém será apenado com nada. Estamos investigando. 
E porque fazemos isso? Para informarmos (por isso a natureza informativa do inquérito) ao 
“senhor da ação penal”, que é, em regra, o Ministério Público, como e quando ocorreu um crime 
e quem o teria praticado. Ajudamos na formação da opinio delicti do dominus litis. Esse é o papo 
que você deve gravar. 
 Ademais, no âmbito do inquérito policial, não há a observância do contraditório e da 
ampla defesa, motivo pelo qual não se fala em produção de provas, mas sim na produção e 
ELLEMENTOS DE INFORMAÇÃO. Disso decorre o valor probatório do inquérito: ele é relativo 
(justamente porque não é observado os princípios acima destacados). Prova é “coisa” de 
processo, e o inquérito policial NÃO é processo. 
CARACTERÍSTICAS 
Escrito (art. 9°, CPP) 
Notitia criminis
Persecutio criminis
Informatio delicti
Opinio delicti
Art. 9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
 
Ruan Silva Rabelo 
4 
Art. 9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
 
Sigiloso (art. 20, CPP) 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
A regra do inquérito policial é o sigilo, entretanto, quando falamos em sigilo nesse 
instrumento, é importante mencionar que existem dois tipos: o externo e o interno. 
O sigilo externo é aquele observado sob a perspectiva da sociedade, ou seja, não é 
qualquer indivíduo que chegará a uma delegacia de polícia que terá acesso aos autos do 
inquérito. 
Já o sigilo interno é aquele observado pelo juiz, promotor, delegado e o advogado do 
investigado. Para esses indivíduos, não faz sentido manter sigilo, já que eles estão diretamente 
ligados à apuração do suposto delito. 
IMPORTANTE 
É muito importante termos conhecimento de uma súmula editada pelo Supremo 
Tribunal Federal. Trata-se da Súmula Vinculante n° 14, que assim dispõe: 
Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
Portanto, senhores, vejam que os advogados têm direito a terem acesso aos autos do 
inquérito, entretanto, eles só podem ter acesso aos autos JÁ DOCUMENTADOS. Grave isso, já 
caiu em prova um milhão de vezes. 
Você pode perguntar: professor, mas por que isso? 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
 
Ruan Silva Rabelo 
5 
É simples. Imaginemos que no curso de uma investigação a autoridade policial esteja 
diante de uma situação que se torne imprescindível o uso da interceptação telefônica. A 
autoridade judiciária defere o pedido do delegado e este começa a escutar as conversas 
telefônicas do investigado. 
Certo dia chega o defensor do investigado à delegacia de polícia e pede os autos do 
inquérito. A autoridade policial é obrigada a permitir o acesso. Nessa hora, o defensor vê que 
seu cliente está grampeado,e, imediatamente, telefona para o mesmo e diz para ele se livrar do 
telefone. 
Ora, a investigação nesse ponto falhou. Perceba que, por estar em andamento, a 
interceptação telefônica ainda não pode constar nos autos, sob pena de prejudicar a 
investigação. É justamente por isso que o defensor só tem acesso aos autos JÁ 
DOCUMENTADOS. 
INQUISITIVO 
 Essa característica diz respeito ao fato de ser de que não há contraditório e ampla 
defesa no curso da investigação, vez que não há acusação de nada, há tão somente a busca 
pela autoria e materialidade de um suposto crime. Dessa característica implica que o valor 
probatório produzido no curso do inquérito possui valor relativo. 
Inquisitivo, por outra via, não significa arbitrário! Todos os direitos e garantias 
fundamentais do indivíduo devem ser respeitados. 
DISPENSÁVEL (12; 27 E 39, §5° DO CPP) 
 Também aparece em provas como: prescindível/não obrigatório/desnecessário. 
Vejamos a literalidade da lei: 
 
 
 
 
 Ora, não existem investigações feitas apenas pela polícia. O próprio Ministério Público 
pode realizar suas próprias investigações. A Receita Federal, o IBAMA, as Comissões 
Parlamentares de Inquérito (CPI’s) são outros exemplos. Esses órgãos podem realizar suas 
Art. 39, § 5°. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, 
se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a 
promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo 
de quinze dias. 
 
Ruan Silva Rabelo 
6 
próprias investigações que não são feitas por meio de inquérito policial, haja vista que 
inquérito policial somente a polícia faz. Assim, resta evidente que o inquérito policial é 
dispensável. 
INDISPONÍVEL (ART. 17, CPP) 
 Uma vez instaurado o inquérito policial, este não pode ser arquivado pela autoridade 
policial, ou seja, o delegado de polícia não pode “abrir mão” do inquérito. Vai ter que seguir 
com aas investigações até fazer seu relatório final. Vejamos: 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos 
de inquérito. 
 
Delegado de Polícia nunca arquivou, não arquiva, e nunca vai arquivar inquérito 
policial. Grave isso porque despenca em prova. O examinador vai contar alguma história 
bonita e vai afirmar que a autoridade policial pode arquivar o inquérito para tentar levar 
você ao erro. Não caia nessa. JAMAIS um delegado vai arquivar um inquérito, independente 
do que o examinador falar na questão. 
OFICIAL 
 Nada mais é do que a investigação ser conduzida por um órgão oficial do Estado, que, 
no caso, é a Polícia Judiciária. 
OFICIOSO 
 Não confunda com a característica anterior. Embora os nomes sejam parecidos, trata-
se de institutos totalmente diversos. A oficiosidade significa que o delegado pode agir de 
ofício. 
 E o que é agir de ofício? 
 É agir “sem ninguém mandar”. Logo que a autoridade policial tiver conhecimento do 
crime, ele não precisa, por exemplo, esperar que o juiz o mande ir ao local do crime. De 
ofício ele se dirige ao local e começa com as diligências preliminares. “De ofício/ ex officio” 
significa que é o dever do cargo. Não precisa ninguém mandar começar as investigações. 
É o seu ofício. É o seu trabalho. 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos 
de inquérito. 
 
Ruan Silva Rabelo 
7 
DISCRICIONÁRIO (ART. 6°, CPP) 
 Está diretamente ligada ao “investigar”. É o conduzir a investigação. É o “como” agir. 
Vejamos o que diz a lei: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERGUNTA 
O delegado é obrigado a seguir a ordem desses incisos acima? 
Art. 6°. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada 
pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados 
pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e 
suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto 
no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser 
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e 
a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado 
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros 
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se 
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável 
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei 
nº 13.257, de 2016) 
 
Ruan Silva Rabelo 
8 
NÃO! E por quê? Justamente porque o inquérito é discricionário, ou seja, na prática, 
dependendo de qual seja o crime, o “como” investigar será diferente. Investigar um crime 
de homicídio não vai ser investigado do mesmo jeito que um crime contra a ordem 
financeira. Portanto, o delegado de polícia tem a possibilidade de escolher quais os 
procedimentos que ele julga adequado para investigar o crime. Lembrando que não existem 
somente essas diligências acimas, em outras leis existem outras condutas possíveis, ou seja, 
o Código de Processo Penal apresenta um rol meramente exemplificativo. 
ESCRITO 
 Aqui não há necessidade de tecer considerações. É autoexplicativo. O inquérito policial 
precisa ser escrito, isto é, documentado. 
NOTITIA CRIMINIS 
Já falamos disso. A notitia criminis é a notícia de um crime que chega aos ouvidos 
daquele que conduz a investigação no âmbito da polícia – Delegado de Polícia. Existem 
basicamente 4 espécies: 
Notitia criminis direta, imediata, espontânea, não provocada 
 Decorre de atividades naturais da polícia. A notícia de um crime chega ao Delegado por 
conta de uma atividade da imprensa ou mesmo investigações policiais. 
Notitia criminis indireta, mediata, não espontânea, provocada 
 Decorre uma manifestação escrita (formal) de um terceiro. O Juiz, Promotor, vítima ou 
seu representante legal podem se manifestar e noticiar um crime ao Delegado. É o caso de 
representação/requerimento da vítima ou seu representante legal, requisição do juiz ou do 
promotor. 
Notitia criminis coercitiva 
 É o caso que vocês irão realizar futuramente. Um sujeito é preso em flagrante. Um auto 
de prisão em flagrante será realizado e será instaurado um inquérito policial. Os arts. 301 e 
seguintes do CPP tratam da prisão em flagrante – leitura obrigatória. 
NOTITIA CRIMINIS INQUALIFICADA 
Ruan Silva Rabelo 
9 
 Essa modalidade por vezes é inserida na direta/espontânea/não-provocada. É o que o 
senso comum chama de “denúncia anônima”. 
Você que está estudando para a polícia deve ter cuidado com esse termo. Não é 
denúncia! Denúncia é o nome que se dá à peça inicial acusatória de uma ação penal pública. 
Quem denuncia é o Promotor, não um indivíduo. 
O sujeito que, de modo anônimo, faz uma ligação à polícia e noticia um crime age no 
sentido de ver apurada uma possível infração penal. Só isso! Essa notícia de crime tem esse 
nome, pois não conseguimos qualificar o sujeito, visto que ele se vale do anonimato. 
INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 A instauração do inquérito depende da natureza da ação penal (que iremos ver em outra 
aula). No nosso ordenamento jurídico, temos as seguintes espécies de ação penal: 
 
 
 
 
Nos crimesde ação penal pública incondicionada, pode se iniciar da seguinte forma: 
1) De ofício – art. 5°, I, CPP 
2) Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público – art. 5°, II, CPP 
Ação penal
Pública
Incondicionada
Condicionada
Privada
Ruan Silva Rabelo 
10 
3) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal – art. 5°, §1°, CPP 
Nesse caso, caso haja a recusa pelo delegado de polícia, existe a possibilidade de 
recurso para o Chefe de Polícia (Art. 5°, §2°, CPP) 
4) Notícia oferecida por qualquer do povo – art. 5°, §3°, CPP (delatio criminis 
simples) 
5) Auto de prisão em flagrante delito 
Nos crimes de crimes de ação penal pública condicionada, pode se iniciar da 
seguinte forma: 
1) Representação da vítima – art. 5°, §4°; art. 24, CPP (delatio criminis postulatória). 
2) Requisição do Ministro da Justiça – art. 24, CPP. 
Nos crimes de crimes de ação penal privada, pode se iniciar da seguinte forma: 
1) Requerimento da vítima ou de seu representante legal – art. 5°, §5°, CPP. 
 
INDICIAMENTO 
Indiciar é, num inquérito policial, apontar alguém como suposto autor ou partícipe de 
uma infração penal. Apenas o Delegado pode indiciar alguém. Promotor não indicia! Juiz não 
indicia! Nenhuma outra autoridade indicia ninguém. 
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Chegamos no fim do inquérito policial. A autoridade policial precisa encerrá-lo. Para isso, 
existe um prazo, que varia de acordo com a situação do investigado, isto é, se ele se encontra 
preso ou solto. 
Qual seria o prazo? 
O CPP, em seu art. 10, caput, traz a regra geral, porém, outras leis trazem outros prazos. 
Vejamos: 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em 
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando 
estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
Ruan Silva Rabelo 
11 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado 
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado 
o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou 
sem ela. 
 
Para resumir os principais prazos, guarde esta tabela: 
 Investigado preso Investigado solto 
Regra geral do art. 10, caput 10 + 15 * 30 + 30... 
Inquérito Policial Federal 15 + 15 30 
Inquérito Policial Militar 20 40 + 20 
Lei de Drogas 30 + 30 90 + 90 
Crimes conta a economia 
popular 
10 + 
 Perceba que eu coloquei um (*) quando estamos lidando com um inquérito policial 
regulado pelo CPP e o investigado está preso. Aqui existe uma novidade trazida pelo chamado 
“pacote anticrime”. 
O Pacote Anticrime, em seu art. 3°-B, §2° trouxe a possibilidade de prorrogação de prazo 
quando o indivíduo tiver preso. Vejamos: 
§2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido o 
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do 
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a 
§2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido o 
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do 
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a 
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente 
relaxada. 
 
Ruan Silva Rabelo 
12 
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente 
relaxada. 
 
Todavia, essa previsão legal está suspensa, ou seja, sem validade. Portanto, hoje, para 
fins de prova, devemos levar a regra anterior à esta mudança. 
Pois bem, vimos o prazo para a conclusão do inquérito. E findado esse prazo, o que 
acontece? 
Vejamos o que dispõe o CPP: 
Art. 10 (...) 
§1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. 
§2° No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não 
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser 
encontradas. 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que 
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra. 
 
Assim, como podemos ver, quando o delegado terminar o inquérito, este fará um 
relatório com os eventuais elementos informativos que apontem indícios suficientes de autoria 
e materialidade do crime. Tudo isso formará a opinio delicti do dominus litis. 
 E para onde vai o inquérito juntamente com esse relatório? 
Art. 10, §1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido 
apurado e enviará autos ao juiz competente. 
 Em algum momento ele “cairá nas mãos” do Promotor de Justiça (que é seu destinatário 
final). E aí? O MP pode: 
Art. 10 (...) 
§1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e 
enviará autos ao juiz competente. 
§2° No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não 
tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser 
encontradas. 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que 
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, 
sempre que servir de base a uma ou outra. 
 
Art. 10, §1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido 
apurado e enviará autos ao juiz competente. 
 
Ruan Silva Rabelo 
13 
1) Oferecer a denúncia, ou seja, propor o início de uma ação penal contra o(s) indiciado(s) 
ou seja, o promotor entende que há indícios suficientes de autoria e prova da materialidade 
2) Requerer novas diligências que julgue imprescindíveis ao oferecimento da denúncia à 
Autoridade Policial – art. 13, II e art. 16 do CPP; CF/88, art. 129, VIII. Nesse caso, o Delegado, 
em regra, é obrigado a cumprir tal requerimento, salvo flagrantes ilegalidades. 
3) Concluir pelo arquivamento do inquérito policial. 
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO 
 No que se referre ao arquivamento do inquérito, vejamos o CPP: 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, 
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de 
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, 
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para 
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o 
juiz obrigado a atender. 
 
Da leitura do dispositivo, percebemos que são duas as possibilidades: 
1) O MP pede arquivamento e o juiz concorda – o inquérito é arquivado. Simples assim. 
Trata-se de um ato complexo, segundo o direito administrativo. Em que um ato (o 
arquivamento) depende da manifestação de duas vontades independentes. 
2) O MP pede arquivamento e o juiz discorda. Nesse caso, o inquérito é enviado ao 
Procurador-Geral de Justiça (PGJ – é o chefe do MP Estadual). Aqui surgem três 
possibilidades de ação: 
a. O PGJ concorda com o juiz e, ele mesmo, oferece a denúncia 
b. O PGJ concorda com o juiz e designa outro membro do MP para oferecer a 
denúncia 
c. O PGJ discorda do juiz, que deverá arquivar o inquérito 
Preciso alertá-lo que o Pacote Anticrime trouxe uma nova redação para o art. 28. 
Ocorre que esta parte também está com a validade suspensa por tempo indefinido. Logo, 
vamos explicar como era o “antes” do Pacote. Repito, o “antes” continua valendo! 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao 
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgãodo 
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 
Ruan Silva Rabelo 
14 
Uma vez arquivado o inquérito, é possível desarquivar? 
Depende. Vejamos o que diz o CPP: 
O art. 395, II e III, trata da rejeição da denúncia (ou queixa-crime) e o art. 397 trata das 
hipóteses de absolvição sumária. 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
(...) 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Art. 397. (...) o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando 
verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
A depender da razão do arquivamento, há uma ou outra consequência. E a 
compreensão disso passa pela correta leitura do art. 18, CPP, combinado com a Súmula 524 do 
STF. 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade 
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá 
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a 
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem 
novas provas. 
 
Para resumir, vejamos o quadro abaixo: 
Motivo do Arquivamento Desarquiva? 
Faltar pressuposto processual ou condição 
para o exercício da ação penal 
Sim 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
(...) 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal; 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Art. 397. (...) o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando 
verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade 
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá 
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 
Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, 
a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, 
sem novas provas. 
 
Ruan Silva Rabelo 
15 
Falta de justa causa para o exercício da ação 
penal 
Sim 
Atipicidade Não 
Presença de excludente de ilicitude STF: Sim 
STJ: Não 
Presença de excludente de culpabilidade Não 
Presença de causa excludente de 
punibilidade 
Não, salvo certidão de óbito falsa 
 
 Dou por encerrado o assunto inquérito policial. Agora é resolver inúmeras questões. 
Abraço e bons estudos. 
Força e Honra. 
Ruan Silva Rabelo 
2022

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