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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE HISTÓRIA DA MODA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE HISTÓRIA DA MODA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ARTE E DA INDUMENTÁRIA 1.1 ORIGENS DA ARTE 1.2 ORIGENS DA INDUMENTÁRIA 2 INDUMENTÁRIA: DAS ORIGENS À QUEDA DO IMPÉRIO BIZANTINO 2.1 PRÉ-HISTÓRIA 2.1.1 Contexto histórico e artístico da Pré-História (Paleolítico, Mesolítico e Neolítico) 2.1.2 Características da indumentária 2.2 MESOPOTÂMIA 2.2.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Suméria, Assíria e Babilônia 2.2.2 Características da indumentária 2.2.2.1 Características da indumentária dos sumérios 2.2.2.2 Características da indumentária dos assírios 2.2.2.3 Características da indumentária dos babilônios 2.3 EGITO 2.3.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural 2.3.2 Características da indumentária 2.4 CRETA E ETRÚRIA 2.4.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural de Creta 2.4.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Etrúria 2.4.3 Características da indumentária dos cretenses 2.4.4 Características da indumentária dos etruscos 2.5 GRÉCIA E ROMA 2.5.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Grécia 2.5.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural de Roma 2.5.3 Características da indumentária dos gregos 2.5.4 Características da indumentária dos romanos 2.6 BIZÂNCIO AN02FREV001/REV 4.0 4 2.6.1 Contexto histórico, artístico e social do Império Bizantino como síntese das culturas greco-latina e oriental 2.6.2 Características da indumentária 2.6.2.1 Indumentária imperial MÓDULO II 3 INDUMENTÁRIA: DA IDADE MÉDIA ATÉ O SÉCULO XIX 3.1 IDADE MÉDIA (SÉCULOS V A XV) 3.1.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período 3.1.1.1 Início da Idade Média (séculos V a X) 3.1.1.2 Baixa Idade Média (séculos XI a XIII) 3.1.1.3 Alta Idade Média (séculos XIV e XV) 3.1.2 Características da indumentária 3.1.2.1 Indumentária no Início da Idade Média 3.1.2.2 Indumentária na Alta Idade Média 3.1.2.3 Indumentária da Baixa Idade Média 3.1.2.4 Cabelos 3.2 RENASCENÇA (SÉCULO XVI) 3.2.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período 3.2.2 Características da indumentária 3.2.2.1 A influência espanhola 3.2.2.2 A influência da Reforma Religiosa no norte da Europa 3.3 BARROCO (SÉCULO XVII) 3.3.1 O significado do termo barroco 3.3.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período 3.3.3 Características da indumentária 3.4 ROCOCÓ (SÉC. XVIII) 3.4.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período 3.4.2 Características da indumentária 3.5 NEOCLÁSSICO E ROMANTISMO (1800-1900) 3.5.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período Neoclássico 3.5.1.1 Características da indumentária do neoclassicismo 3.5.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período do Romantismo AN02FREV001/REV 4.0 5 3.5.2.1 Características da indumentária do Romantismo 3.6 A BELA ÉPOCA (1890-1914) 3.6.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural do período 3.6.2 Características da indumentária MÓDULO III 4 INDUMENTÁRIA: DO SÉCULO XX AOS ANOS 2000 4.1 1910 4.1.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.1.2 Características da indumentária 4.2 1920 4.2.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.2.2 Características da indumentária 4.3 1930 4.3.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.3.2 Características da indumentária 4.4 1940 4.4.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.4.2 Características da indumentária 4.5 1950 4.5.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.5.2 Características da indumentária 4.6 1960 4.6.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.6.2 Características da indumentária 4.7 1970 4.7.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.7.2 Características da indumentária 4.7.3 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.7.4 Características da indumentária 4.8 1980 4.8.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.8.2 Características da indumentária AN02FREV001/REV 4.0 6 4.9 1990 4.9.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.9.2 Características da indumentária 4.10 2000 4.10.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da década 4.10.2 Características da indumentária REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 7 MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ARTE E DA INDUMENTÁRIA 1.1 ORIGENS DA ARTE A palavra arte deriva do latim “ars” ou “artis” e expressa a busca do belo. Durante diversos períodos da história, o ser humano buscou aproximar-se da perfeição, da natureza, do divino, por meio da unidade, da integridade e da harmonia nas composições artísticas. Em determinadas épocas a arte expressou o inteligível no sensível e noutras estimulava a sensibilidade e a imaginação. A origem da arte está associada ao trabalho, atividade característica do homem, que interfere e transforma a natureza. O homem evoluiu porque foi capaz de antecipar, prever, planejar e comandar o processo de trabalho, criando ferramentas e ampliando o uso natural das suas mãos, iniciadoras da humanização, da existência consciente, essenciais para o desenvolvimento da cultura e da arte. 1.2 ORIGENS DA INDUMENTÁRIA A origem da indumentária está também na origem da arte. A indumentária surgiu quando o homem dominou e modificou os recursos naturais, utilizando instrumentos para construir a roupa apropriada às suas necessidades. A indumentária ultrapassou a função de proteção e ganhou significado mágico ao revestir o corpo com ornamentos, acessórios, adornos, pintura corporal ou escarificação1. 1 Adornar o corpo com desenhos, imagens ou palavras ao coçar, gravar, queimar, marcar ou cortar supeficialmente a pele, criando cicatrizes decorativas no corpo. AN02FREV001/REV 4.0 8 De acordo com Boucher (1987), a história da indumentária pode ser dividida em três grandes fases: • da Antiguidade ao século XIV – peças longas, soltas e drapeadas, com variações que refletiam funções religiosas e mágicas; • do século XIV ao século XIX – peças curtas e ajustadas, definidas de acordo com o gênero, com variações mais evidentes entre as nações; • meados do século XIX à atualidade – a industrialização e a produção em massa, a internacionalização da indumentária e o surgimento da alta- costura, como forma de diferenciação e preservação de uma indumentária mais personalizada. 2 INDUMENTÁRIA: DAS ORIGENS À QUEDA DO IMPÉRIO BIZANTINO 2.1 PRÉ-HISTÓRIA 2.1.1 Contexto histórico e artístico da Pré-História (Paleolítico, Mesolítico e Neolítico) Conforme a seguir: • 4 milhões de anos (Australopithecus); • Paleolítico Inferior (período da Pedra Lascada) – 2,5 milhões de anos (Homo habilis); 1,5 milhão de anos (Homo erectus). O homem era nômade e coletor, vivia em grupos e em cavernas (decoradas com desenhos de animais e mãos em negativo). Paleolítico Médio – 160 a 40 mil anos a.C. (Homo sapiens/Neanderthalensis). Primeiras crenças religiosas. Técnica levalloisiana2. Paleolítico superior – 40 a 8 mil anos a.C. (Homosapiens). Descoberta do fogo e povoação das Américas. Utensílios feitos de ossos de animais, chifres e marfim. Casas semissubterrâneas. 2 A pedra de sílex é lascada com golpes direcionados criando instrumentos precisos e eficientes. AN02FREV001/REV 4.0 9 • Mesolítico (Período de Transição) – 8 a 3 mil anos a.C.: adaptação às novas condições climáticas; ferramentas em pedra com cabos; barcos e domesticação do cão. • Neolítico (Idade da Pedra Polida) – 3 mil a mil anos a.C. Homem sedentário, produtor e organizado em grupos sociais. Habitações: Nuragues, Dolmens ou Castros (Península Ibérica), casas de madeira ou barro secado ao sol. A simplificação da representação artística dará origem à escrita pictográfica. 2.1.2 Características da indumentária Os povos das regiões temperadas tinham maior necessidade de adornar o corpo, indicando a faixa etária, o gênero, a posição social, etc. Nas regiões mais frias, predominava o uso de peles de animal, preparadas por raspadores ou buris feitos de sílex, facas para cortar o couro, além do uso de argila e sal. As peças eram costuradas por agulhas de ossos, marfim ou chifres, usando ligamentos animais (tendões de renas), ou pelos de crina e cauda de cavalos. Durante o Paleolítico as vestimentas eram confeccionadas a partir das peles de animais, usadas na sua forma natural e mais tarde, quando modeladas, aproveitava-se partes dos animais para criar uma alça (ex.: patas). Animais de grande porte serviam como alimento, instrumentos, utensílios e adornos (ossos) e como proteção do corpo ou da habitação (o couro e a pele). O fogo era usado também para a preparação da pele e do couro. O adorno ou diferenciação social era feito por meio das deformações corporais ou pela utilização de materiais estranhos ao corpo (pintura, tatuagens, acessórios, etc). No período Mesolítico o homem inventou o trenó (conduzido por cães domesticados) para regiões mais frias e sapatos adaptados para neve. A descoberta de novos moluscos, proporcionada pelo aprimoramento das técnicas de pesca, possibilitou um novo tipo de alimentação e também o tingimento rudimentar do couro curtido. AN02FREV001/REV 4.0 10 No período Neolítico ocorreu o desenvolvimento da tecelagem (derivada da cestaria) de tecidos rústicos com fibras vegetais (linho, cânhamo e algodão). Os tecidos eram tingidos com corantes vindos de plantas (pastel ou isatis tinctoria, mirtilos, alcachofra, reseda, armola), animais (sangue, cochinilha) ou minerais (ocre, argila, carvão). As roupas eram amarradas ou costuradas com agulhas finas e fios de crina ou tendões (rena) divididos, formando peças de modelagem simples. Os sapatos, usados como proteção contra o terreno ou o clima, eram feitos de couro amarrado em torno dos pés por fibras/tendões resistentes. As peles dos animais eram mascadas (pelas mulheres) para ficarem mais maleáveis. A seguir as peles eram curtidas. FIGURA 1 - CALÇADO (MESOLÍTICO) FONTE: Disponível em: <http://news.nationalgeographic.com/news/2010/06/100609-worlds-oldest- leather-shoe-armenia-science/>. Acesso em: 3 set. 2013. FIGURA 2 - INDUMENTÁRIA DO PALEOLÍTICO (RECONSTRUÇÃO) FONTE: Disponível em: <http://www.ningyonomori.de/40.html>. Acesso em: 3 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 11 FIGURA 3 - INDUMENTÁRIA DO NEOLÍTICO FONTE: Disponível em: <http://www.ushistory.org/civ/2b.asp>. Acesso em: 3 set. 2013. 2.2 MESOPOTÂMIA 2.2.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Suméria, Assíria e Babilônia A Mesopotâmia estava localizada entre os rios Tigre e Eufrates. Os sumérios (4000 anos a.C., vindos da Pérsia) eram pacíficos, governados por um ancião, o patesi. Em Ur, Lagash e Uruk (cidades-estado), a vida econômica e social centrava- se em torno do templo (zigurate). Desenvolveram a metalurgia, a produção de tijolos, a drenagem das terras, o controle dos rios, a caça, a pesca, o comércio (frutas, madeira e pedra em troca de ferramentas) e a indústria da lã. Na arte, buscavam a reprodução da natureza e esculpiam figuras polidas de formas cilíndricas (braços e pernas), com olhos grandes. Na arquitetura, trabalhavam a forma em espiral. Criaram um Código de Leis (Dungi), e desenvolveram a escrita pictográfica (Épico de Gigalmesh e o Padrão de Ur). AN02FREV001/REV 4.0 12 A Assíria (1000 e 500 a.C., ao norte do rio Tigre), cuja principal cidade era Nínive (atual Iraque), dominou a região entre 1700 e 610 a.C. (reinado de Assurbanípal). A rica e poderosa sociedade era formada pelo rei (líder espiritual), aristocratas, guerreiros, artesãos e escravos domésticos ou de guerra. Cultivavam a tamareira e a cevada, criavam carneiro e gado, desenvolveram a metalurgia bélica, a joalheria e a tecelagem. Utilizavam a escrita cuneiforme, o sistema postal e a catalogação de plantas. A arquitetura era ostentosa e luxuosa, caracterizando-se pela construção de palácios e murais vitrificados. A Babilônia (atual Iraque) é uma das primeiras cidades do mundo (5000 anos a.C.). Sua economia era baseada na agricultura do azeite, cereais, verduras e frutas e no comércio (período neobabilônico, domínio assírio). A religião politeísta era dominada por magos, sacerdotes (que administravam as finanças) e o rei (que representava a vontade dos deuses). A sociedade era dividida entre escravos, escravos libertos e homens livres. Padronizaram o ensino, desenvolveram os caracteres cuneiformes em blocos de barro, o dicionário sumério e acadiano, o estudo dos astros, a catalogação das estrelas e das constelações, o calendário lunar, a divisão do ano, das horas e da circunferência, o sistema de pesos e medidas. A arte da Babilônia era caracterizada pela incorporação de baixos-relevos nas esculturas e frontarias das construções, bem como pelo uso de escadarias, planos inclinados (em vários níveis), abóbadas e os icônicos jardins suspensos. 2.2.2 Características da indumentária A modificação da indumentária mesopotâmica deu-se primeiramente pelo abandono do uso das peles e couros por volta do terceiro milênio, para a adoção de tecidos antes usados somente para as saias e que se transformaram em túnicas ou mantos. A forma das roupas, entretanto, permaneceu a mesma. Na metade do terceiro milênio, surgiu a túnica em diferentes comprimentos, produzida em tecidos de melhor qualidade, ricamente decoradas e com mangas. AN02FREV001/REV 4.0 13 A indumentária da Suméria influenciou a região da Mesopotâmia, do Golfo Pérsico, Mar Negro e Mediterrâneo e a kaunakès (peça de pele de cordeiro, com longos tufos de lã) sobreviveu até a Idade Média (iconografia de São João Batista). 2.2.2.1 Características da indumentária dos sumérios No primeiro período (4 mil anos a.C.), os sumérios usavam pele de animais que cobriam todo o corpo e, mais tarde, peças de roupa tecidas em lã de ovelha ou cabrito. A principal característica era a túnica em forma de sino, originária de uma espécie de saia que se prolongou para um ombro e depois para ambos, a kaunakès – feita em lã – terminava em franjas, era amarrada na cintura e tinha uma cauda atrás, alusiva à ovelha. FIGURA 4 - INDUMENTÁRIA FEMININA FONTE: Disponível em: <http://www.whattravelwriterssay.com/marisyria.html#>. Acesso em: 3 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 14 FIGURA 5 - KAUNAKÉS FONTE: Disponível em: <http://www.studyblue.com/notes/note/n/des-143-midterm/deck/5254288>. Acesso em: 3 set. 2013. Por volta de 2700 a.C., um tecido de lã, que imitava a pele de cabrito, passou a ser usado como a kaunakès. Inicialmente, as saias eram feitas em lã de ovelha, mas, a partir de 2500 a.C., passaram a ser costuradas como faixas para formar saias ou capas e posteriormente túnicas. Outros tipos de tecidos,de trama muito fina, com padrões decorativos em losangos ou xadrezes, eram também usados de diferentes formas em torno do corpo. Uma das peças mais tradicionais eram os longos xales de lã que poderiam ser utilizados em torno da cintura por homens do povo, ou por servos. A mesma peça poderia dar a volta no corpo, jogando uma das pontas sobre o ombro esquerdo, usada pelas classes mais abastadas. Uma túnica de decote redondo, com mangas e de comprimento similar a kaunakès, era usada pelas mulheres. Os soldados usavam túnicas longas, na pantorrilha ou joelho, deixando o braço direito livre; elas eram presas atrás por um nó. Uma faixa larga de couro protegia o peito e as costas. Os elmos de cobre, almofadados com lã e couro, representavam a trança e o coque do cabelo e possuíam furos laterais para ouvir. AN02FREV001/REV 4.0 15 2.2.2.2 Características da indumentária dos assírios Túnicas ajustadas, longas, com mangas curtas e ornamentação. Os tecidos eram de lã (tingidos de azul, vermelho, castanho e roxo ou vermelho escuro), algodão, linho ou crochê. Sobre as túnicas, xales e franjas eram aplicados. Os reis usavam as túnicas presas por cinturões ornamentados por pedras preciosas. A joalheria, ricamente produzida, era usada principalmente pelos homens: brincos, tiaras, colares, braceletes largos, tornozeleiras, diademas e joelheiras ornamentadas. O exército assírio aperfeiçoou uma bota de cano alto, em couro, com solado grosso de couro, forrado com tachas para melhorar a tração dos soldados de infantaria em qualquer terreno. Placas de ferro na frente da bota protegiam a canela. No século X a.C., os cavaleiros e a infantaria vestiam-se com túnicas curtas, adornadas com franjas, cintos largos, elmos cônicos forrados com couro e mais tarde passaram a usar uma couraça, calças e sob a bota usavam uma longa meia de lã (que poderia ser usada somente com sandálias). Os arqueiros usavam elmos ou chapéus redondos, túnicas longas cintadas, cobertas por cotas de metal, e mais tarde passaram a se proteger com um manto dobrado sobre o peito. AN02FREV001/REV 4.0 16 FIGURA 6 - INDUMENTÁRIA ASSÍRIA: NOBRES, OFICIAIS, SACERDOTES, REI E CIDADÃOS COMUNS FONTE: Disponível em: < http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ancient_Times,_Assyrian._-_004_- _Costumes_of_All_Nations_(1882).JPG>. Acesso em: 3 set. 2013. FIGURA 7 - INDUMENTÁRIA FEMININA FONTE: Disponível em: http://www.fashion- era.com/ancient_costume/assyrian_clothing_pictures_assur.htm>. Acesso em: 3 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 17 2.2.2.3 Características da indumentária dos babilônios Até o segundo milênio, a indumentária da Babilônia era similar à da Suméria, sofrendo modificações devido às invasões dos hititas, cassitas ou hurritas. A principal característica era a sobreposição de tecidos e o uso de mangas justas ou longas. A indumentária, ricamente decorada, com cores vibrantes e tecidos pintados ou estampados, tinha como principal característica a forma simples e estava associada a uma sociedade patriarcal. Usavam uma túnica de comprimento médio ou longo, com mangas até o pulso e aberturas para a cabeça e braços. Sobre a túnica uma manta drapeada e presa no lado direito e jogada sobre o ombro esquerdo até o chão. Sob a influência da Pérsia os babilônios das classes altas adotaram uma túnica fluída, feita em seda oriental e decorada com fios de ouro. As túnicas poderiam ser ainda feitas em crochê ou placas de metal, com o adorno de franjas, galões ou joias. FIGURA 8 - INDUMENTÁRIA FEMININA E MASCULINA FONTE: Disponível em: <http://ancientdesertphoto.blogspot.pt/2013/08/ancient-babylonian- clothing.html>. Acesso em: 3 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 18 Elementos decorativos como passamanaria, galão (ou grega), marabú (blocos de fios não cortados na ponta), pingentes etc., eram usados na decoração das peças. Sobre as túnicas poderiam usar a kaunakès. Sob influência assíria (neobabilônios), adotaram sapatos com a ponta virada para cima, bem como uma indumentária mais ostentosa e luxuosa. 2.3 EGITO 2.3.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural Conforme a seguir: • Período Arcaico (3100 a 2686 a.C.) – 3200 a.C./2800 a.C. a 2686 a.C. (1ª e 2ª dinastias). Paz e prosperidade. Organização do Estado, progresso nas artes; • Antigo Império (2686 a 2100 a.C.) – 2686 a.C. a 2000 a.C. (3ª a 10ª dinastias). Declínio do poder dos faraós e redução do poder do estado. Construção das pirâmides de Quéops, Quéfren, Miquerinos e da Esfinge de Gizé; • Médio Império (2100 a 1550 a.C.) – 2100 a 1580 a.C./1500 a.C. (11ª a 17ª dinastias). Invasão e dominação dos hicsos, que introduziram o uso do cavalo e da carroça; • Novo Império (1550 a 657 a.C.) – 1580 a 657 a.C. (18ª a 25ª dinastias). Domínio da Núbia, Palestina, Etiópia, Fenícia e Arábia. Expansão econômica e renascimento da arte e da cultura; • Período Tardio (672 a 332 a.C.) – 657 a.C. (26ª a 31ª dinastias) sob o domínio dos assírios e em 525 a.C. sob o domínio persa; • Período Greco-Romano (332 a 30 a.C.) – 332 a.C. Domínio de Alexandre, o Grande; 30 a.C. – Província Romana. AN02FREV001/REV 4.0 19 Por volta de 4000 a.C., as comunidades que ocupavam o fértil vale do Rio Nilo organizaram-se em províncias (nomos), uma ao sul (alto Egito, rei Set) e outra ao norte (baixo Egito, rei Horus). Por volta de 3100 a.C., Menés unifica os dois reinos, criando a primeira dinastia do Egito, cuja capital era Memphis. Na sociedade egípcia, o faraó tinha poderes divinos (ligados à terra e ao comércio terrestre ou marítimo) e era responsável por organizar o trabalho de irrigação, de produção mineira, direcionar exércitos, manter a paz, determinar leis e gerir toda a economia (exportavam ouro, cevada, linho e trigo e importavam prata, marfim e madeira), as pedreiras, construções navais, manufaturas de cerâmica, vidro e tecidos. A sociedade era composta pelo faraó e a família real, a seguir os nobres e sacerdotes, depois os comerciantes, os artesãos, os camponeses e os escravos. Abaixo do faraó estava o vizir (impostos), a seguir os governadores (controlavam os nomos), depois os escribas (recibos, escrituras, contratos e testamentos) e os inspetores (terras e o povo). A arte egípcia caracterizava-se por um estilo geometrizante, simétrico, e era voltada para a vida após a morte. A religião estabelecia regras rígidas para a representação pictórica (Lei da Frontalidade), mas durante o período de dominação persa, as pinturas ganham cores mais variadas e figuras com mais movimento. Na arquitetura, os monumentos eram construídos para a vida após a morte, decorados com uma técnica de esmalte denominada cloisonné3, ou champlevé4. Os egípcios desenvolveram a magia, a matemática, a astrologia, a medicina (e a cirurgia plástica), a aritmética e a geometria (áreas do triângulo, quadrado e hexaedro). O calendário, a soma e a subtração, a divisão, o volume da pirâmide, extensa farmacopeia, o papiro e o vidro. 3 O pó do esmalte é derretido em placas separadas por tiras finas, quando levado a altas temperaturas. 4 Desenhos são esculpidos no cobre, criando sulcos que seriam posteriormente preenchidos por esmalte e derretido a altas temperaturas (1000ºC). AN02FREV001/REV 4.0 20 2.3.2 Características da indumentária A principal característica da indumentária egípcia era a simplicidade e a silhueta vertical e alongada, obtida com o uso de uma túnica longa, que acentuava os ombros, a estreiteza da cintura e dos quadris. Além disso, a roupa deveria cobrir a parte de baixo do corpo, deixando a parte de cima nua (cobertas por tecido transparente). FIGURA 9 - INDUMENTÁRIA DO EGITOFONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/racinet/egyptcostumes.jpg>. Acesso em: 7 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 21 FIGURA 10 - INDUMENTÁRIA EGÍPCIA, FARAÓS FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/kohler/Fig11Egypt.JPG>. Acesso em: 7 set. 2013. O povo usava uma saia de linho branco ou cru, trançada na frente. Os tecidos eram feitos de linho (leve, fresco e de fácil lavagem), naturalmente branco (cor sagrada), já que a lã era considerada impura. A indumentária feminina era composta por um corpete curto, apertado com mangas longas e ajustadas, aberto na frente e nas costas, ajustado por cordões finos e por uma saia ampla costurada no corpete, com dobras horizontais (engomadas). A calasiris era um vestido transparente até o tornozelo, feita de linho ou placas unidas de metal, ajustada ao corpo, com duas alças, deixando um ou ambos os seios à mostra, cobertos apenas por um tecido muito fino. A calasiris era franjada na bainha, e ornada por uma faixa do busto ao tornozelo. AN02FREV001/REV 4.0 22 FIGURA 11 - RAINHA E NOBRES (IMPÉRIO) FONTE: Disponível em: <http://www.siue.edu/COSTUMES/PLATE2CX.HTML>. Acesso em: 7 set. 2013. As rainhas usavam-na colorida, sob uma capa curta, com gola larga adornada com joias. As mulheres comuns usavam a calasiris feita de algodão ou esparto (planta da região), com listras e estampas miúdas. As escravas usavam uma tanga ou não usavam roupas. Durante o Novo Império, a calasiris era usada sobre uma tanga (shenti) feita com linho muito fino e plissado; as bainhas eram costuradas, possuíam abertura para a cabeça e braços e eram amarradas por um cinto. Em torno do vestido, as mulheres das classes altas usavam tiras coloridas em açafrão ou vermelho, decoradas, tecidas ou com apliques que imitavam plumas ou asas de pássaros ou da deusa Ísis. Um xale muito fino era usado para proteger do clima. A indumentária masculina, assim como a feminina, era composta por vestido, túnica e peruca. A shenti (Antigo Império e Médio Império) era uma peça de tecido, muito longa, presa na cintura por um cinto decorado. Os mais ricos usavam-na AN02FREV001/REV 4.0 23 plissada; os mais velhos, mais longa; os trabalhadores usavam uma tanga castanha ou cru, com cinto simples e largo, e touca de feltro; e os escravos andavam nus. No Novo Império, os homens passaram a usar uma túnica com mangas e saia plissada e o painel frontal, antes usado sob a túnica, passou para fora formando triângulo plissado. Os faraós usavam a shenti de tecido ricamente elaborado e preso por diferentes tipos de cintos. Durante o quarto e o terceiro milênios, os soberanos usavam apenas um tecido, decorado na parte de trás por uma cauda de leão, indicando sua posição. Na 18ª Dinastia, os príncipes usavam um véu amplo, denominado royal haïk (de origem árabe), preso por um nó no pescoço, enrolado num dos ombros, passando pelos quadris e sobre o outro ombro, criando a impressão de ser uma saia curta, uma túnica com mangas amplas e uma manta. Laços e faixas coloridas, ornamentos, joias de ouro e missangas esmaltadas decoravam o traje. Os faraós usavam um chapéu cônico (pschent) ajustado à cabeça (branco no baixo Egito e vermelho no alto Egito). Mulheres e homens usavam sandálias feitas de couro, e, os sacerdotes, sandálias de papiro. 2.4 CRETA E ETRÚRIA 2.4.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural de Creta Conforme a seguir: • Período Minoano Antigo (3000 a 2100 a.C.) – comércio marítimo com o Egito e Mesopotâmia pela Síria. Arte influenciada pela Babilônia e Egito; • Período Minoano Médio (2100 a 1580 a.C.) – artefactos de bronze são comercializados para os povos da costa mediterrânea. 2000 a.C., invasão dos aqueus (povo que daria origem à civilização grega) e forte crise econômica. Construção do Palácio de Knossos; • Período Minoano Tardio (1580 a 1200 a.C.) – influência oriental (invasões dóricas). Habitantes da Ilha de Creta (mar Egeu), os cretenses criavam gado, cabras e porcos e cultivavam cereais e olivas. O comércio AN02FREV001/REV 4.0 24 marítimo e terrestre (Período Minoano Médio) fez aumentar o luxo nas construções, nos objetos e na indumentária. A feminilidade era representada em esculturas pequenas, delicadas e coloridas, feitas em bronze, marfim, prata, terracota e cobre. O interior das casas e palácios era revestido por frescos que retratavam uma arte livre e leve. 2.4.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Etrúria Considera-se que o surgimento da civilização etrusca ocorreu no segundo milênio a.C., migrando da Ásia para a atual Itália. Durante os anos de 750 e 700 a.C., os etruscos foram influenciados pelos povos do mar Egeu e, entre 700 a 575 a.C., pelos fenícios e cipriotas (período de orientalização). A sociedade etrusca era politeísta, com a economia assente no comércio com os fenícios e cartagineses, de quem receberam influência na arte e na indumentária. A religião orientava o desenvolvimento da arte funerária (ornamentação de túmulos). A arquitetura apresentava uma linha leve e o uso de arcos. A pintura caracterizava-se por um estilo figurativo e ornamental, utilizando cores como o preto, o vermelho, o roxo, o azul e o verde. Na escultura utilizavam a terracota, o bronze e a cerâmica escura. A metalurgia etrusca era famosa e respeitada, sendo reconhecida pela fabricação de armas de ferro, zinco e estanho. 2.4.3 Características da indumentária dos cretenses A indumentária de Creta (Período Minoano Médio) tem como principais características a busca pela elegância da silhueta e a estilização geométrica. AN02FREV001/REV 4.0 25 FIGURA 12 - DEUSA DA SERPENTE FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/greece/kohler/colorplate1.jpg>. Acesso em: 10 set. 2013. Os cretenses desenvolveram as indústrias da fiação e da tecelagem (lã, linho), usavam pigmentos vegetais para a tinturaria e criaram a cor púrpura, extraída de uma concha denominada murex. As saias, em forma de sino, eram tingidas ou estampadas com motivos inspirados na natureza ou geométricos, em castanho púrpura, branco esverdeado, açafrão ou vermelho. A indumentária feminina era composta por uma saia decorada, um corpete de diversas formas, que acentuava a cintura fina e os bustos proeminentes, uma manta longa ou capa mais curta e diferentes ornamentos de cabeça. A saia era ajustada na cintura e quadris, longa até o chão. As mangas eram curtas, ajustadas, em balão ou no estilo manga presunto, presas por laços ao pescoço ou por alças que cruzavam nas costas. Os tecidos poderiam ser lisos ou compostos por tiras coloridas horizontais, estampados em forma de treliça ou com losangos, bordados com tranças verticais. Os homens usavam uma tanga, que poderia ser usada como tapa-sexo, presa por um cinto. AN02FREV001/REV 4.0 26 O corte da tanga poderia variar de acordo com a posição social do homem e com o material usado: linho, lã espessa ou couro. A tanga terminava na parte de trás com uma ponta arrebitada, como a cauda de um animal. Duas tangas poderiam ser usadas, uma sobre a outra, formando babados até o meio da coxa, com duas pontas na frente e atrás. A tanga poderia ainda ser costurada, passando entre as pernas e presa pelo cinto, decorado por placas de metal, à frente e atrás, formando uma calça curta. O cinto era sempre apertado e feito de tecido, ornado com ouro e prata ou placas de cobre. Nas ocasiões religiosas, príncipes, dignatários e sacerdotes poderiam usar uma espécie de bata, com uma capa ou um vestido longo, de cores vivas e ricamente bordadas. Durante o inverno, protegiam-se com um manto de pele de animal ou com uma peça grossa de lã, denominada diphtera. Usavam turbantes ou toucas feitas em pele de animal.E, durante o século XVII a.C., usavam os cabelos normalmente presos. Os calçados eram usados em ambientes externos (homens das classes mais altas não apareciam em público descalços). FIGURA 13 - INDUMENTÁRIA MASCULINA FONTE: Disponível em: <http://dbcfaa79b34c8f5dfffa- 7d3a62c63519b1618047ef2108473a39.r81.cf2.rackcdn.com/wp-content/uploads/minoan.jpg>. Acesso em: 19 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 27 FIGURA 14 - INDUMENTÁRIA FEMININA FONTE: Disponível em: <http://www.nmia.com/~jaybird/ThomasBakerPaintings/minoan_palace_scene.html>. Acesso em: 10 set. 2013. As botas, até a panturrilha, eram feitas de couro ou camurça, em cores pálidas ou em vermelho, com correias amarradas várias vezes em torno da perna. As sandálias eram ricamente trabalhadas e presas acima do tornozelo por correias grossas, que poderiam ser também decoradas com missangas. Soldados, caçadores e atletas poderiam usar diferentes tipos de elmos: um cone de correias entrançadas, construídas em forma de aros presos por gelosias (grades); um capacete formado por aros de metal, preso por uma tira larga abaixo do queixo, que servia também como proteção, e decorado por presas de javali; um elmo de metal encimado por uma crista e uma pluma de crina de cavalo, equipado por placas de metal com rebites, que protegiam o queixo e a bochecha; um elmo redondo, ajustado à cabeça, enrijecido por pregos; ou um elmo oval, pontudo na frente e atrás, enfeitado por uma pluma. AN02FREV001/REV 4.0 28 2.4.4 Características da indumentária dos etruscos Influenciada pela civilização micênica, a indumentária da Etrúria consistia principalmente no uso de tecidos drapeados presos por uma espécie de broche (fibulae). Homens e mulheres usavam vestidos-túnica em variados comprimentos, com meia-manga, presos no ombro direito pelo fibulae e atados por um cinto largo. Os homens poderiam usar longos mantos (que nos séculos VI e V a.C. tornaram-se na toga etrusca, ou toga trabea, decorada com motivos bordados, costurados ou pintados) e as mulheres mantas curtas ou uma capa até a parte de trás dos joelhos, com duas pontas que passavam sobre os ombros para cair na altura do busto. As mulheres usavam também um manto, originário dos povos do Mediterrâneo, denominado tebenna pelos etruscos. No início do século V a.C., homens e mulheres jovens usavam uma espécie de toga, cortada em semicírculo. Os calçados tinham as pontas viradas, presos por laços em torno da perna, tendo sido substituídos no século V a.C. por sandálias. Os soldados usavam calções curtos e ajustados (perizoma), elmos com protetores de queixo e bochecha, uma túnica curta e uma couraça de chapas. FIGURA 15 - INDUMENTÁRIA ETRUSCA FONTE: Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Etruskischer_Meister_002.jpg>. Acesso em: 10 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 29 2.5 GRÉCIA E ROMA 2.5.1 Contexto histórico, artístico e sociocultural da Grécia A Grécia faz parte da civilização Egeia (juntamente com Creta, Cíclade e a Costa da Anatólia, no mar Egeu) e sua história pode ser dividida em: Período Minoano (3000 a 1450 a.C.), com o desenvolvimento da civilização Minoica; e Período Micênico (1600 a 1100 a.C.), caracterizado pela conquista de Creta e invasão dos dórios. Entretanto, o Período Arcaico (750/1000 a.C. a 323 a.C.), iniciado com os Jogos Olímpicos, caracteriza-se pela consolidação da polis (cidades-estado) e pela existência de grande parte dos poetas (Homero, Sófocles, Safo), filósofos (Sócrates, Platão, Aristóteles, Éfeso), matemáticos (Euclides) e políticos (Péricles, Felipe II da Macedônia, Alexandre – o Grande). A Idade das Trevas Grega (1200 a 800 a.C.) é caracterizada por uma estagnação econômica e cultural e pela consolidação das cidades-estado. Estas entrarão em disputa durante o Período Helenístico (323 a 146 a.C.); criando uma instabilidade interna, que culminará com o domínio de Roma (Período Romano, 146 a.C. ao período Cristão). A arte grega, que prezava formas simples, definidas e elementais, estava associada a uma atitude reservada em relação ao luxo e sumptuosidade (do Oriente e de Roma). A escultura evoluiu da influência egípcia, para o uso do contraposto, que permitia maior simetria, movimento e ação. Na arquitetura dos edifícios públicos e religiosos (templos), o objetivo principal era a busca pela beleza, unidade e harmonia, obtidas por canones artísticos e por um sistema de ordens estéticas e construtivas (dórica, jônica e coríntia). Nesse contexto, a pintura servia como decoração da arquitetura e da cerâmica, principalmente na elaboração de vasos. AN02FREV001/REV 4.0 30 2.5.2 Contexto histórico, artístico e sociocultural de Roma A civilização romana desenvolveu-se a partir do século VII a.C. (758 a 728 a.C.), em pequenos assentamentos rurais na Península da Itália, ao redor do rio Tibre. O período de consolidação da Cidade-Estado de Roma (753 a 715 a.C.) coincide com o reinado de Rômulo, com a criação do Senado e com a ascensão de Lucius Junius Brutus, que instala a República (509 a.C.), criando a primeira constituição e os cargos de magistrados e senadores, representantes dos patrícios (nobreza) e mais tarde dos plebeus (povo). Em 44 a.C., o assassinato de Caio Júlio César e a ascensão de Otaviano (Cesar Augusto), em 27 a.C., dão início ao Império Romano. Durante a crise do terceiro século (235 a 284 d.C.) o Império Romano sofreu com ataques dos godos (bárbaros) ao norte e do Império Sassânida (Pérsia) ao leste, o que levou à divisão do Império (286 d.C.) e à fundação de Constantinopla, (330 d.C., antiga Bizâncio), capital do Império no Oriente. 476 d.C. marca o fim do Império Romano do Ocidente e o início da Idade Média. Em 1453, o Império do Oriente é dominado pelos turcos-otomanos. O grande legado de Roma está na engenharia civil e militar: construção de teatros, ginásios, arenas (Coliseu, em 80 d.C.), fóruns (Fórum Trajano, em 106 d.C.), etc. Os romanos pavimentaram estradas e pontes para criar conexões rápidas entre as províncias, facilitando o deslocamento das legiões, do transporte de mercadorias e do serviço de mensagem. Canalizaram a água dos rios, para suprir fontes, banhos, termas, reservatórios e aquedutos. Inventaram os banhos públicos (termas), água encanada e sistema de esgoto. Inventaram ainda o vidro duplo, o concreto (no século III a.C.) e utilizavam a técnica de vidro soprado. AN02FREV001/REV 4.0 31 2.5.3 Características da indumentária dos gregos A formação da indumentária grega do Período Clássico (Arcaico) deve-se às influências estéticas, proporcionadas pelos contatos comerciais ou bélicos com outros povos (acadianos, dórios ou cretenses) e que influenciariam posteriormente a indumentária de Roma. A indumentária clássica é formada por uma peça de tecido retangular (de diversos tamanhos), que seria drapeada em torno do corpo, arquitetonicamente. A simplicidade, a sobreposição, e o volume eram elementos essenciais. FIGURA 16 - MULHER COM QUITON FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/egypt/agnesbyoung1927/greekchiton1.jpg>. Acesso em: 1 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 32 FIGURA 17 - QUITON FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/egypt/agnesbyoung1927/greekchiton.jpg>. Acesso em: 1 out. 2013. No século V a.C., a lã (tingida em tons claros para as classes mais altas) era usada para os mantos (himation) e para a sua derivada militar, clâmis (peça retangular, presa num dos ombros ou nas costas, podendo ser enrolada no braço esquerdo para proteger dos golpes). O linho (introduzido pelos jônios), mais leve e fino, permitia a criação de pregueados, que antigamente eram obtidos com o tecido molhado. A roupa primitiva doshomens era uma túnica de tecido retangular sem costuras, presa no ombro esquerdo e amarrada por um cinto na cintura. A exomis era uma capa (usada por soldados de infantaria e por trabalhadores) de lã, drapeada em torno do corpo, presa nos ombros por tiras de tecido ou por meio de um nó feito com as próprias pontas do tecido. O quiton (chiton) era um retângulo de tecido costurado nas laterais (ou dois pedaços de tecidos unidos), deixando aberturas para os braços, preso num ou em ambos os ombros, por alfinetes ou cordões decorados e na cintura por um cinto. O himation (lã fina) envolvia o corpo e poderia ser usado sozinho, deixando à mostra um ombro, braço e parte do peito. AN02FREV001/REV 4.0 33 FIGURA 18 - INDUMENTÁRIA GREGA FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/greece/1882anccientgreece.jpg>. Acesso em: 1 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 34 A indumentária feminina era constituída por um retângulo de tecido (lã), denominado peplos, usado pelos dórios. O tecido era dobrado na parte de cima para formar um painel sobre o tronco e era preso nos ombros por vários fibulae. No século VI a.C., entretanto, o estilo jônico foi adotado na indumentária feminina, utilizando uma túnica de linho, e o peplos passou a ser usado como um xale preso por um único fibulae, aberto do lado esquerdo. O quiton jônico era uma túnica feita de uma única peça de tecido (linho ou seda), muito largo (o dobro da largura do usuário) e fino, tingido em cores vivas. Era costurado nas laterais, preso nos ombros por fibulae e na cintura por um cinto, formando dobras que caíam na altura dos quadris. O peplos (fechado, feito de lã, costurado ou não de ambos os lados, também denominado de quiton dórico), o himation ou o pharos (uma capa de linho), poderiam ser usados por cima do quiton jônico durante o inverno. As mulheres poderiam usar os cabelos frisados ou cacheados, presos parcialmente por fivelas, tiaras, fitas, ou coques, arranjos de tecido e tranças. Poderiam ainda cobrir a cabeça com um chapéu em forma de bolbo ou com um chapéu de palha (holia), com borda e topo pontudo. Os homens usavam os cabelos curtos, com franjas, com ou sem cachos. O petasos era um chapéu cônico com abas, usado (por fazendeiros e viajantes) juntamente com a clâmis, feito de lã feltrada, couro ou palha. O pilos era a versão sem abas do petasos (feltro ou couro). Mulheres e homens usavam sandálias, atadas de diferentes formas, com tiras finas e elegantes, que deixavam os pés quase nus. A joalharia grega valorizava a forma e a modelagem. A principal característica era o trabalho em filigrana, em ouro, prata, cobre, chumbo e ferro. Os gregos tinham grande preocupação com a higiene e com a beleza corporal e desenvolveram uma gama de perfumes, unguentos, cremes e óleos que possuíam tanto funções estéticas, quanto religiosas (durante as cerimonias). AN02FREV001/REV 4.0 35 2.5.4 Características da indumentária dos romanos A indumentária romana (a partir da República) era constituída por dois grupos principais de peças: • indumenta, ou roupa interior – peças que eram vestidas pela cabeça; • amictus – roupas que eram enroladas em torno do corpo. Na indumentária masculina faziam parte: da indumenta o subligaculum ou licium, um tecido de linho ajustado na cintura; e a túnica (influência do chiton), construída por dois pedaços de linho ou lã costurados nas lateriais, com abertuda para a cabeça e amarradas na cintura, até os joelhos. Com mangas amplas, eram denominadas túnica dalmatia. Durante o Império, os homens passaram a usar dois tipos de túnica, ambas com mangas curtas. A subucula, uma túnica interior, e a tunica exteriorum, por cima. Quando tinham uma abertura na frente, as túnicas possuíam um capuz (caracalla). Poderiam ainda usar sob a toga, a femoralia (calças curtas). A toga (grupo amictus), feita inicialmente com um corte reto, era usada por homens e mulheres (cidadãos romanos durante a República e o Império), envolvendo ambos os ombros. A partir do Império, passou a ser cortada num semicírculo com aproximadamente 3 m de diametro. A toga trabea era uma toga mais curta de origem etrusca. A toga praetexta era decorada por uma faixa púrpura (clavi, símbolo de poder) e era permitida somente aos sacerdotes e magistrados. Outras peças utilizadas eram o pallium (manto) e a paenula (túnica com capuz). Na Roma Antiga, os cabelos masculinos eram usados bem curtos. Durante o período do imperador Adriano, ondulavam e enrolavam os cabelos, perfumavam-se e pintavam- se, decorando o rosto com emplastros. Usavam o petasus (feito de palha, denominado galerus pelos romanos), o pilos. As roupas de homens e mulheres eram diferenciadas pelo material e pelas cores. As mulheres usavam materiais mais leves e macios, como a seda e o algodão, em tons de azul (claro ou escuro), amarelos ou vermelhos, verde-água e azul-celeste. As peças usadas especificamente pelas mulheres eram o strophium ou mamillare (espécie de sutiã). Usavam: a subuculla, uma túnica simples; a stola, uma AN02FREV001/REV 4.0 36 túnica presa nos quadris por um cinto largo (succincta ou cingulum, quando preso abaixo do busto); e a talaris, túnica longa com mangas, usada somente pelas matronas (senhoras nobres). As matronas usavam uma túnica curta de seda luxuosa, decorada com franjas douradas, coberta pelo sapparum (manta com mangas curtas), pela palla (um lenço preso por fibulae nos ombros) ou pela olicula (capa curta). FIGURA 19 - MATRONA, COM STOLA FONTE: Disponível em: <http://www.vroma.org/images/mcmanus_images/womanpraying.jpg>. Acesso em: 1 out. 2013. FIGURA 20 - MATRONA, COM STOLA E PALLA (COM FRANJAS) FONTE: Disponível em: <http://www.vroma.org/images/mcmanus_images/matron_palla3.jpg>. Acesso em: 1 out. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 37 As mulheres de classe baixa usavam o bardocucullus (capa de material grosseiro com capuz e mangas). Nos últimos anos da República, o uso de franjas, tranças ou bordados (segmenta) indicava a influência oriental. Durante o Império, as mulheres usavam os cabelos com diferentes penteados (elaborados por uma ornatrix, criada). Usavam casquetes, flammeum (véus de tecidos muito leves) e o petasos (para as viagens). Os calçados indicavam a diferença entre as classes sociais e havia uma clara diferença entre o pé esquerdo e o direito. A carbatina (o modelo mais antigo) era feita de uma peça de couro de boi dobrada ao redor e amarrada sobre o peito do pé; o calceus era usado no exterior, somente pelos cidadãos romanos; o muleus, modelo de calceus com a lingueta vermelha, era exclusivo do imperador; o pero, uma bota leve, amarrada até a panturrilha, era feito de material rústico e natural; o campagus era uma bota baixa; os gallicae eram botas fechadas de origem gaulesa; o solea e o soccus eram sandálias para dentro de casa; e a crépida era um tipo de alpargatas de couro. A joalheria romana era composta por peças exuberantes e luxuosas, que correspondiam a um período de conquistas e de expansão comercial. FIGURA 21 - INDUMENTÁRIA MASCULINA Da esquerda para a direita: túnica e toga, toga praetexta, com clavi, cidadão comum. FONTE: Disponível em: <http://www.costumes.org/history/roman/1882ancientrome.jpg>. Acesso em: 24 set. 2013. AN02FREV001/REV 4.0 38 2.6 BIZÂNCIO 2.6.1 Contexto histórico, artístico e social do Império Bizantino como síntese das culturas greco-latina e oriental A fundação de Constantinopla (330 d.C., antiga colônia grega de Bizâncio, atual Istambul), pelo imperador Constantino, é precedida pela reorganização do Império Romano (dividido em Império Romano Ocidental e Oriental) pelo imperador Diocleciano, em 286, um período de grande perseguição aos cristãos. Em 313, Constantino (oprimeiro imperador cristão) estabelece a religião Cristã como oficial. O fim do Império Romano do Ocidente, em 476, colaborou para a expansão do Império Cristão no Oriente. O Império de Justiniano I (527 a 565) e os séculos IX a XIII foram períodos de prosperidade e poder para Constantinopla, que, graças ao comércio intenso de bens de luxo e à manutenção de rotas comerciais entre a Ásia e o Mediterrâneo, dominou o mundo mediterrâneo econômica, cultural e politicamente. Foi por meio dos comerciantes bizantinos e das Cruzadas que os tecidos, a arte e a indumentária de Bizâncio foram difundidos por toda a Europa. A partir de 1453, o Império Bizantino foi dominado pelos turcos-otomanos. A arte bizantina desenvolveu-se a partir de influências do mundo greco-romano, presente nos temas e naturalismo e nos temas e representação da fé cristã, que apareciam nos padrões e nos mosaicos. AN02FREV001/REV 4.0 39 2.6.2 Características da indumentária A indumentária bizantina apresenta influências da Antiguidade Clássica, como o drapeado, e do Oriente, principalmente nas cores e padrões, no uso dominante da seda5 e nos ornamentos coloridos, brilhantes, no uso de franjas, pingentes e pedras preciosas. As roupas tinham como objetivo principal esconder o corpo, transmitindo a ideia de santidade e castidade. Indicavam a função e a posição social. As primeiras leis suntuárias (que definiam o tipo e a maneira que a indumentária deveria ser usada) foram impostas em 333 pelo imperador Constantino, que decretou um édito que regulamentava o uso de tecidos tingidos em púrpura e os brocados em ouro. Além disso, a cor púrpura imperial passou a ser de uso reservado à corte (tecidos brocados, bordados e enfeitados com pérolas e que eram de uso exclusivo dos reis e clérigos). Durante o período de prosperidade (séculos IX ao XIII), a manufatura têxtil evoluiu rapidamente, especialmente nas oficinas imperiais, que trabalhavam exclusivamente para a corte. Os tecidos, tingidos de vermelho escuro, púrpura e amarelo, apresentavam estampados com motivos da natureza, florais, geométricos, figuras humanas ou cenas religiosas e místicas, demonstrando uma superioridade nas técnicas de tecelagem, tapeçaria e bordado. A indumentária do povo era composta por blusa ou túnica, calças e calçados, inspirados na roupa dos hunos. As calças eram pernas ajustadas, sendo que a parte inferior era metida dentro das botas, até a panturrilha. As formas rijas, as cores ricas e vivas, e a decoração excessiva da indumentária bizantina influenciaram o ocidente dos Balcãs à Rússia, principalmente na indumentária da liturgia da Igreja Ortodoxa. 5 A indústria da seda evoluiu a partir do século VI, quando monges missionários trouxeram da China para Bizâncio casulos de bichos-da-seda. AN02FREV001/REV 4.0 40 2.6.2.1 Indumentária imperial O imperador e a imperatriz usavam vestidos tecidos com fios de ouro e decoração multicolorida, uma clâmis ampla, presa num dos ombros por um fibulae. • paragaudion – túnica de origem persa, com mangas, usada com um cinto tingido de púrpura sobre a toga e a trabea (imperador Justiniano I); • tablion – pedaço de tecido inserido na frente da clâmis; • stefanos (ou stephanos) – diadema ou faixa de tecido decorada com gemas e presa atrás da cabeça (usado pelo imperador Constantino); no século seguinte recebeu pendentes e correntes que caíam na lateral da cabeça de uma coroa fechada (stemma); • maniakis – colar largo de origem persa, feito por uma faixa de tecido bordada em ouro e pedras preciosas; • superhumeral – gola decorativa em ouro bordado e ornamentada com joias, terminada em pérolas; • loros – cachecol longo bordado com fios de ouro e pedras preciosas (século X); • camelaukion – espécie de caftan amplo (persa) abotoado na frente, formando uma capa (século XII); • saccoz – túnica longa e rígida, púrpura ou preta, com mangas e apertada na cintura (nos séculos XII, XIV e XV); AN02FREV001/REV 4.0 41 FIGURA 22 - A CORTE DA IMPERATRIZ TEODORA E DO IMPERADOR JUSTINIANO FONTE: Disponível em: <http://www.medievalwall.com/cultural-history/medieval-clothing/>. Acesso em: 24 set. 2013. FIGURA 23 - INDUMENTÁRIA BIZANTINA FONTE: Disponível em: <http://pipsqueakjr.blogspot.pt/2011/09/byzantine-clothing.html>. Acesso em: 24 set. 2013. FIM DO MÓDULO I
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