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DOCÊNCIA EM SAÚDE PERÍCIAS CRIMINAIS 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP:79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842p Perícias criminais / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 275p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-66104-39-4 1. Prova criminal. 2. Prova (Direito). 3. Direito penal. I. Portal Educação. II. Título. CDD 345.06 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À PERÍCIA CRIMINAL ...................................................................................... 4 1.1 Breve histórico da perícia criminal no mundo ............................................................................. 5 1.2 Breve histórico e definição da perícia criminal no Brasil ............................................................ 43 2 CRIMINALÍSTICA, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A CARREIRA DE PERITO CRIMINAL E SUAS COMPETÊNCIAS .................................................................................................................. 46 3 TIPOS DE IDENTIFICAÇÃO ..................................................................................................... 67 4 EXAME PERICIAL NO LOCAL DO CRIME .............................................................................. 74 5 TIPOS DE VESTÍGIOS NOS LOCAIS DO CRIME .................................................................... 85 6 COLETA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS COLETADOS NA CENA DO CRIME ................................................................................................................................ 95 7 FOTOGRAFIA DA CENA DO CRIME ...................................................................................... 110 8 NOÇÕES DE PAPILOSCOPIA ................................................................................................ 115 9 NOÇÕES DE ANÁLISE DE FIBRAS ....................................................................................... 127 10 NOÇÕES DE DOCUMENTOSCOPIA ...................................................................................... 130 11 NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL ............................................................................................ 133 12 NOÇÕES DE ODONTOLOGIA LEGAL ................................................................................... 162 13 NOÇÕES DE DNA FORENSE ................................................................................................. 181 14 NOÇÕES DE BALÍSTICA FORENSE ...................................................................................... 204 15 NOÇÕES DE PERÍCIA EM ENGENHARIA E EM CRIMES INFORMÁTICOS ........................ 219 16 NOÇÕES DE PERÍCIAS AMBIENTAIS ................................................................................... 222 17 NOÇÕES DE FONÉTICA FORENSE ....................................................................................... 230 18 LAUDO PERICIAL ................................................................................................................... 231 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 239 GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................... 240 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 254 4 1 INTRODUÇÃO À PERÍCIA CRIMINAL As primeiras investigações realizadas em casos forenses foram baseadas em observação e interpretação de evidência física. Na segunda metade do século XIX, a ciência foi pela primeira vez empregada para a investigação de casos forenses e suas conclusões foram validadas pelas autoridades responsáveis. Com o avanço da tecnologia e do conhecimento acerca de diversas ciências, elas foram progressivamente incorporadas e adaptadas para a investigação de um crime. São inúmeras as áreas de atuação de um perito criminal, sendo que na maioria dos casos o conhecimento acerca de cada área é generalizado e não específico, sendo que a sua especificidade só se dará mediante a realização de cursos específicos para tal área. Por exemplo, engenharia forense, por mais que possa ser estudado por um profissional da biologia, um engenheiro teria mais condições para exercê-la de forma mais eficaz e não superficial. Alguns concursos públicos aqui no Brasil (Ex: Polícia Federal) dividem os tipos de peritos criminais segundo sua especialidade (Odontologia, Engenharia, Farmácia e Bioquímica, Biologia e Biomedicina, etc.), mas a maioria (Ex: Estado de São Paulo) ainda realiza-os de maneira generalizada, exigindo qualquer curso superior registrado pelo Ministério da Educação e Cultura, sendo que somente depois de cursos de formação, o perito passa por outra seleção ou encaminhamento às diversas áreas da perícia criminal. O curso a seguir se propõe a trazer diversos conhecimentos dentro da área pericial de maneira geral, trazendo noções básicas da realização da perícia criminal no Brasil e no Mundo. Os alunos poderão observar o quão específico é cada área de atuação e, consequentemente, além da graduação, que é necessária a sua especialização ou realização de cursos específicos para cada área. No entanto, os alunos poderão aprender as noções básicas sobre esse universo pericial, que poderá servir como apoio e incentivo para o seu ingresso na carreira de perito criminal ou mesmo na atuação da mesma na pesquisa e na docência. No entanto, o curso pretende esclarecer os alunos da importância da realização de perícias e o quão reluzente e magnífico é o seu estudo, não somente para sanar curiosidades, mas sim divulgar os modos de investigação de crimes para estimular a justiça. 5 Nos primórdios da ciência forense, a sua definição era de uma ciência “mista” utilizada para esclarecer a justiça. Atualmente, a ciência forense é tida como uma profissão. A ciência forense é descrita como o estudo de associação entre pessoa, lugares e coisas que envolvem atividades criminais, na qual diferentes disciplinas assistem na investigação de casos criminais e civis. 1.1 Breve histórico da perícia criminal no mundo Utilizando-se como referência principal o brilhante artigo publicado por Norah Rudin e Keith Inman (The Forensic Science Timeline, Disponível em: <http://www.forensicdna.com/Timeline020702.pdf> Acesso em 20/01/2009) e outros artigos e fontes descritas abaixo, foi elaborado um quadro contendo alguns relatos históricos importantes da ciência forense no mundo. Período Acontecimento 700 A.C. Evidências de impressões digitais em pinturas e cavernas de pedra de humanos pré-históricos. 6 Cerca de 200 a.C. http://archimedes2.mpiwg- berlin.mpg.de/archimedes_templa tes/popup.htm. Acessado em 20/01/2009 A legenda "Eureka" de Archimedes pode ser considerada o primeiro relato da antropologia forense no qual ele determina que a coroa não era feita totalmentede ouro, demonstrando que poderia ser fraudulenta. 1 248 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiL uDiagram.jpg>. Acesso em 20/01/2009. Um livro chinês, Hsi Duan Yu ou casos coletados de retificação de injustiças, de Song Si, combina diversos casos que envolvem ciência forense com suas próprias experiências. É o primeiro registro da aplicação dos conhecimentos médicos na resolução de um crime. http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiLuDiagram.jpg http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiLuDiagram.jpg 7 8 Anos de 1500 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ambroise_Par%C3%A9.jpg.> Acessado em: 20/01/2009. Ambroise Paré (1510-1590) foi um cirurgião francês. Introduziu várias inovações na prática médica, estudou os efeitos das causas e tipos de mortes violentas. http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ambroise_Par%C3%A9.jpg 9 1609 A primeira obra em um documento de exame sistemático foi publicada por François Demelle da França. 1686 10 Marcello Malpigui, um professor de anatomia da Universidade de Bologna, notou características na impressão digital. No entanto, não mencionou o seu valor para a identificação individual. 1784 Em Lancaster, Inglaterra, John Toms foi condenado pelo assassinato, com base de um chumaço de jornal encontrado na pistola que coincidia com o pedaço remanescente encontrado em seu bolso. 11 Anos 1800 Thomas Bewick, um naturalista inglês, utilizou estampas com sua própria impressão digital para identificar os livros que publicou. 12 1810 Eugène François Vidocq fez um acordo com a polícia para que sua sentença criminal fosse suspensa e estabeleceu o primeiro grupo de detetives, denominado Sûreté of Paris. Foi inspiração de Victor Hugo para a criação do personagem Jean Valjean, na novela Os miseráveis. 1810 Primeiro relato do uso de análise de documentos questionados ocorreu na Alemanha, na qual se utilizou testes químicos para marcadores de tintas específicas. O documento analisado foi o Konigin Hanschritt. 13 1813 Mathiew Orfila, um espanhol que se tornou professor de medicina e química forense na Universidade de Paris, publicou Traite des Poisons Tires des Regnes Mineral, Vegetal et Animal, ou Toxicologie General l e foi considerado o “Pai da toxicologia moderna”. Ele também trouxe significativa contribuição para o desenvolvimento de testes para a presença de sangue em um contexto forense e foi o primeiro a utilizar o microscópio na análise de amostras de sangue e sêmen. 14 Estudo dos efeitos da decomposi ção em corpos exumados, 1831 15 Livro de Orfila 16 1 823 John Evangelist Purkinji, um professor de anatomia da Universidade de Breslau, Czecheslovakia, publicou o primeiro artigo na natureza das impressões digitais e sugeriu um sistema de classificação baseado em nove tipos principais. No entanto, ele falhou ao reconhecer seu potencial de individualização. 1 828 Willian Nichol inventou o microscópio polarizado. 17 Cerca de 1830 Adolphe Quetelet, um estaticista belgo, providenciou uma fundação para os trabalhos de Bertillion que seriam desenvolvidos no futuro, de que não existem dois corpos humanos exatamente iguais. 1831 Leuchs foi o primeiro a notar a atividade da amilase na saliva humana. 1835 Henry Goddard realizou a primeira comparação de projeteis para pegar um assassino. Sua comparação foi baseada na fenda visível presente nos projéteis disparados de uma determinada arma de fogo. 1836 James Marsh, um químico escocês, foi o primeiro a utilizar a toxicologia em um julgamento criminal, detectando o arsênico. 1839 H. Bayard publicou o primeiro procedimento para detecção microscópica de 18 esperma. Ele também notou as características microscópicas diferentes de vários substratos de tecidos. 1851 Jean Serviais Stas, um professor de química belgo, foi o primeiro a identificar com sucesso venenos de vegetais no corpo humano. 1853 Ludwig Teichmann, polonês, desenvolveu o primeiro teste de cristal por microscopia para a hemoglobina. 1854 Maddox, um médico inglês, desenvolveu a fotografia de placa seca, método que era utilizado para registro de indivíduos presos. 1856 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:William_Ja mes_Herschel.jpg.> Acesso em: 20/01/2009 Willian James Herschel foi Magistrado Principal dos Serviços Administrativos Ingleses na Índia sendo reconhecido como o primeiro europeu a perceber a aplicação prática das impressões digitais, contribuindo assim para a implantação definitiva da papiloscopia. 19 1862 J. (Izaak) Van Deen desenvolveu uma técnica para teste de sangue 1863 Um cientista alemão, Schönbein foi o primeiro a descobrir a habilidade de a hemoglobina oxidar na presença de peróxido de hidrogênio, resultando em um teste presumível para sangue. 1864 Odelbrecht foi o primeiro a utilizar a fotografia para a identificação de criminosos e a documentação da evidencia e da cena do crime. 20 1869 Disponível em: <http://www.pbs.org/wgbh/nova/photo51/images/befo- miescher.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. O DNA foi isolado pela primeira vez pelo médico suíço Friedrich Miescher que descobriu a substância microscópica em pus de curativos de cirurgia. 1877 Thomas Taylor, microscopista do Departamento de Agricultura Americano sugeriu que marcas nas palmas das mãos e as pontas dos dedos poderiam ser utilizadas para a identificação em casos criminais. Mesmo sendo publicada cientificamente, a ideia aparentemente não foi utilizada dessa fonte. 21 1879 Rudolph Virchow, um patologista alemão estudou o cabelo e reconheceu suas limitações. 1880 Henry Faulds publicou na revista Nature o primeiro registro científico da utilização das impressões digitais encontradas na cena do crime. 1883 Alphonse Bertillion, policial francês, identificou o primeiro criminoso reincidente baseado na invenção antropometria. Fotografia de Bertillon realizando medidas antropométricas. 22 Fotografia de Bertillon realizando medidas antropométricas. 23 Mensurações realizadas por Alphonse Bertillon. Foto disposta no National Gallery of Canada, Ottawa. 24 1887 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Alexandre_Lacassagne.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. Alexandre Lacassagne, professor de medicina forense na Universidade de Lyons, na França, foi o primeiro a tentar individualizar projéteis, pelos vincos e particularidades. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/57/Alexandre_Lacassagne.jpg 25 1887 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Conan_doyle.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. Arthur Conan Doyle era espírita, médico e escritor, escreveu mais de 60 histórias de ficção de Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. 26 1891 Disponível em: <http://www.criminaldep.chnu.edu.ua/en/history/hans_gross.html.> 27 Acesso em: 20/01/2009. Hans Gross, jurista criminal e professor de direito criminal na Universidade de Graz na Áustria publicou livros sobre investigação criminal, nos quais utilizou a evidência física para a resolução de um crime. 1 892 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Francis_Galton2.jpg.> Acesso em 20/01/2009. Francis Galton publicou Fingerprints, o primeiro livro sobre impressões digitais e da sua utilização para esclarecimento de crimes. 28 1892 Disponível em: <http://www.onin.com/fp/fmiru/juan_vucetich.jp g.> Acesso em: 20/01/2009. Juan Vucetich, da polícia argentina, desenvolveu osistema de classificação das impressões digitais. 29 Vucetich escreveu as instruções para a tomada de impressões digitais, incluindo diagramas explicativos. 30 31 Impressões digitais não foram usadas somente para identificar suspeitos e criminosos, mas sim como controle do governo argentino. Os cidadãos argentinos eram identificados em um livro com a sua foto e a sua impressão. Disponível em: <http://www.onin.com/fp/fmiru/thumbprint_and_signature_juan_vucetich.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. 32 1896 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Edward_Richard_Henry00.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. Edward Richard Henry desenvolveu o método de classificação das impressões digitais utilizado na Europa e América no Norte. 1900 Paul Uhlenhuth foi um bacteriologista e higienista que trabalhou com ciências forenses e serologia desenvolvendo um teste que distinguia sangue humano de sangue animal. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Edward_Richard_Henry00.jpg 33 1900 Disponível em: <http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1930/landsteiner-bio.html>. Acesso em: 20/01/2009. Karl Landsteiner médico e biólogo austríaco, premiado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1930, pela classificação dos grupos sanguíneos, sistema A B O, e foi descobridor do fator RH. Diagrama mostrando compatibilidade entre os grupos sanguíneos para transfusão http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Blood_Compatibility.svg 34 1901 Disponível em: <http://www.antiquemapsandprints.com/p-16026.jpg>. Acesso em: 20/01/2009. Edward Richard Henry foi apontado como chefe da Scotland Yard e forçou a adoção da identificação pela impressão digital no lugar da antropometria. 1903 O sistema de Prisão de New York iniciou o uso sistemático das impressões digitais para a identificação criminal. 1905 Disponível em: <http://www.fbi.gov>. Acesso em: 20/01/2009. O presidente americano Theodore Roosevelt estabeleceu o Federal Bureal of Investigation (FBI). http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Edward_Richard_Henry00.jpg 35 1910 Victor Balthazard, professor de medicina forense da Universidade de Paris, na França, publicou o primeiro livro significativo sobre o estudo de cabelo, incluindo casos criminais envolvendo cabelos. Estudos também fotografias ampliadas de projéteis e cartuchos para determinar o tipo de arma e foi o primeiro a individualizar um projétil de uma arma. 1910 Disponível em: <http://www.onin.com/fp/fmiru/edmond_lo card.jpg>. Acesso em: 20/01/2009. Edmond Locard foi um pioneiro na ciência forense e formulou o princípio básico da mesma: “Todo contato deixa um rastro”. 36 1910 Albert S. Osborne foi pioneiro no exame de documentos. 1918 Edmond Locard sugeriu a utilização de 12 pontos coincidentes para a identificação positiva pela impressão digital. Cerca de 1920 George Popp foi o primeiro a utilizar a identificação botânica em trabalhos forenses. 1921 John Larson e Leonard Keeler designaram o polígrafo portátil. 1927 Landsteiner e Levine foram os primeiros a detectar os sistemas sanguíneos M, N, e P. 1937 Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Luminol2006.jpg>. Acesso em: 20/01/2009. Walter Specht, do instituto de medicina legal e criminalística científica da Universidade de Jena desenvolveu o reagente luminol para testes de detecção de sangue. 1940 Landsteiner e A.S. Wiener foram os primeiros a descrever o sistema 37 sanguíneo Rh. 1941 Murray Hill, dos laboratórios Bells, iniciou o estudo de identificação pela voz. 1945 Frank Lundquist, da unidade de medicina legal da Universidade de Copenhagen, desenvolveu os testes pela fosfatase ácida para sêmen. 1950 Disponível em: <http://www.aafs.org/>. Acesso em: 20/01/2009. A Academia Americana de Ciências Forenses é criada, assim como, se iniciou a publicação do jornal científico Journal of Forensic Science, periódico referência na área. 38 1953 James D. Watson e Francis Crick descreveram a molécula de DNA. 39 1960 Lucas, no Canadá descreveu pela primeira vez a utilização de cromatografia a gás para a identificação de petróleo e seus derivados. 40 1984 Alec Jefrreys desenvolveu o primeiro teste para análise do perfil genético para identificar o padrão de sondas multilócus RFLP. 41 1986 O DNA foi utilizado pela primeira vez para solucionar um crime, sendo o exame liderado por Alec Jeffreys, na Inglaterra. 1983 Disponível em: <http://www.karymullis.com/>. Acesso em: 14/01/2009. Kerry Mullis inventou o princípio da reação de amplificação da polimerase (PCR) enquanto estava na Cetus corporation. Essa técnica foi à primordial para os avanços na análise do DNA forense. 42 1986 Henry Erlich, da Cetus Corporation desenvolveu a técnica de PCR adaptada para o uso forense. 1987 O DNA foi utilizado pela primeira vez na corte americana. 1990 K. Kasai e colaboradores publicaram o primeiro artigo sugerindo a utilização do lócus D1S80 para análises forenses, sendo posteriormente comercializado pela Cetus corporation. 1992 Thomas Caskey, professor americano, sugeriu a utilização de repetições consecutivas curtas ou STRs para a análise do DNA forense. A Promega corporation e a Perkin-Elmer desenvolveram o primeiro kit de análise de STRs. 1991 Walsh Automation Inc, empresa canadense, desenvolveu o Integrated Ballistics Identification System para análise comparativa de projéteis e cartuchos. 43 1998 Criação do banco nacional de dados de perfis genéticos de criminosos americanos, denominado CODIS. 1.2 Breve histórico e definição da perícia criminal no Brasil O entendimento do desenvolvimento da perícia criminal no Brasil inicia-se com a análise da estrutura do sistema judicial e da estrutura policial nacional. Alguns conceitos são 44 primordiais para entender o que é a perícia criminal, entre eles, saber diferenciar a perícia na área cível e na área criminal. Espíndula (2006) descreve de forma didática a diferença entre Justiça Cível e Criminal: “A partir da tipificação dos delitos no Código Penal e Código Civil, onde está estabelecida a sua competência, cada segmento da Justiça (Federal ou Estadual) será acionado de acordo com a sua competência jurisdicional. Se o delito for classificado como de competência federal, caberá a Justiça Federal julgá-lo. Da mesma forma, quando o delito for Estadual, será julgado pela Justiça Estadual. Outro aspecto importante para a nossa compreensão inicial é quanto à divisão da Justiça Criminal e Cível. Na esfera da Justiça Cível estão todos os delitos praticados contra o patrimônio, bens ou qualquer valor de outrem, cabendo à parte prejudicada acionar a Justiça para ter o seu direito reparado. Portanto, é o próprio lesado em seu direito de titular a ação. O presente curso estudará noções de perícias criminais, isso quer dizer, aquelas designadas pela Justiça Criminal, na qual o Estado é o titular da ação. Obviamente, muitas das metodologias periciais a serem estudadas também são realizadas na Justiça Cível, no entanto, nesse curso, não se dará ênfase na área cível e sim, somente na criminal. O sistema de Segurança Pública no Brasil é dividido em (Espíndula, 2007): 45 46 “Criminalística é uma ciência que se utiliza do conhecimento de outras ciências para poder realizar o seu mister, qual seja, o de extrair informações de qualquer vestígio encontrado em um local de infração penal, que propiciem a obtenção de conclusões acerca do fato ocorrido, reconstituindo osgestos do agente da infração e, se possível, identificando-o. (...) É uma ciência que objetiva a individualização e a identificação dos vestígios materiais relacionados aos delitos em geral, valendo-se das suas próprias regras e metodologias e do conhecimento das demais ciências, a fim de saber o que aconteceu, a maneira como se desenvolveu os fatos e quem cometeu o crime.” Espíndula, 2007 2 CRIMINALÍSTICA, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A CARREIRA DE PERITO CRIMINAL E SUAS COMPETÊNCIAS 47 A criminalística é definida por Aurélio (2004) como “Ciência auxiliar do Direito Penal, a qual tem por objeto a descoberta de crimes e a identificação de seus autores.” Os objetos presentes na cena de um crime possuem características gerais e específicas, que quando analisadas por técnicas cientificamente comprovadas ou caracterizadas, podem proporcionar dados suficientes para a identificação de um crime e criminoso. A nomenclatura Criminalística, às vezes, é associada como sinônimo de ciências forenses. Criminalística é uma palavra derivada do alemão kriminalisticI, que engloba os diversos aspectos dos métodos científicos e tecnológicos aplicados a investigação e resolução de matérias legais. Criminalística é uma área da ciência forense que envolve a coleta e análise de evidências físicas geradas por atividades criminais (Houck e Siegel, 2006). No entanto, muitos autores consideram os criminalistas, os cientistas forenses ou como é denominado aqui no Brasil, peritos criminais. Criminalística é a profissão e a disciplina científica diretamente relacionada ao reconhecimento, a identificação, a individualização e a avaliação da evidência física pela aplicação das ciências aplicadas às questões legais. Um criminalista utiliza o princípio científico da química, da biologia e da física para deduzir informações da cena do crime e da evidência física (Gialamas, 2001). Traduzindo do inglês forensic science – ciência forense – termo mais comumente utilizado para definir a ciência relacionada aos estudos judiciais, ou melhor, a ciência forense é descrita como o estudo de associação entre pessoa, lugares e coisas que envolvem atividades criminais, na qual diferentes disciplinas assistem na investigação de casos criminais e civis. Como profissão, seria aquela composta por cientistas cujo trabalho é responder questões para a corte por intermédio de informações e testemunhas (Houck e Siegel, 2006). No Brasil, o termo mais comumente utilizado é o de perícias criminais, mas o termo ciências forenses também pode ser utilizado, mas para definir o estudo das questões judiciais que envolvem casos criminais e civis, e não somente a criminal. 48 Para um melhor entendimento acerca das perícias criminais, se fazem necessários o entendimento e a diferenciação da mesma com a perícia cível. Dessa maneira, serão explicados a seguir alguns conceitos básicos da perícia cível e criminal: Segundo o Código de Processo Civil (Lei Federal n. 5.869, de 11/01/73) em seu artigo 420. “A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”. Silva (1999) define que as perícias são operações destinadas a ministrar esclarecimentos técnicos à justiça e França (2001) como “um ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por meios técnicos e científicos, a existência ou não de uma questão judiciária ligada à vida ou à saúde do homem ou que com ele tenha relação”. A perícia é requisitada pela autoridade que legalmente estiver conduzindo o inquérito e a ação judicial, como o juiz, que poderá ou não nomear um perito (França, 2001; Espíndula, 2007). O perito nomeado deverá possuir os conhecimentos técnicos ou científicos para a realização da mesma. As perícias mais frequentes são realizadas no foro civil e criminal. Para a realização de perícias no âmbito civil, o Código de Processo Civil ainda acrescenta: “Seção II – Do perito Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. § 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984) "O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral." Nerio Rojas (1966) 49 § 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984) § 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984) Art. 146. “O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.” Nas perícias no fórum civil, caso seja necessário, o juiz nomeia o seu perito, que é denominado perito do juiz e cada parte indicará um assistente técnico que poderá elaborar quesitos a serem respondidos pelo perito do juiz e também podem criticar, concordar ou complementar o laudo do perito oficial, que poderá ser ou não aceito pelo juiz (Código de Processo Civil - Lei Federal n. 5.869, de 11/01/73): “Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) § 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I - indicar o assistente técnico; II - apresentar quesitos. (...) Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária. Art. 426. Compete ao juiz: I - indeferir quesitos impertinentes; II - formular os que entenderem necessários ao esclarecimento da causa. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/1989_1994/L8455.htm#art421 50 Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia. Art. 429. “Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.” As perícias no âmbito criminal são idealmente realizadas por peritos criminais ou oficiais. Utilizando as definições dadas por Espíndula (2007), tem-se: - PERITO OFICIAL: denominação consagrada no Código de Processo Penal aos profissionais que realizam perícias no âmbito criminal, possuindo formação acadêmica, são funcionários públicos contratados, mediante concursos públicos para o fim específico de realizar exames periciais (Espindula, 2007). - PERITO MÉDICO LEGISTA: médico, funcionário público que realiza exames de natureza médico-legal nos Institutos de Medicina Legal. - PERITO CRIMINAL: profissionais de diversas áreas de formação acadêmica, que ingressam nos Institutos de criminalísticamediante concurso público e exercem os mais diversos tipos de exames periciais, com exceção os de natureza médico legal, em alguns Estados do país, os de odontolegista. Isso se deve ao fato de alguns Estados possuírem o cargo de Perito Odontólogo ou odontolegista. - PERITO AD HOC: Perito não oficial, nomeado por uma autoridade ou juiz para executar um exame específico, nos locais que não existe perito oficial, como é descrito no capítulo II do Código de Processo Penal (Decreto-Lei n°3689, de outubro de 1941): “CAPÍTULO II DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/1989_1994/L8455.htm#art427 51 Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (LEI 11.689 de 2008 - alteração em vigor após 10/08/2008) § 1 o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 2 o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. § 3 o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4 o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. § 5 o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. § 6 o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. § 7 o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. 52 Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 53 Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. § 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. § 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime. § 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. 54 Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecerou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. 55 Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o autorrespectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 56 No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Criminalística, em seu Regulamento para a concessão do título de especialista em áreas periciais (2009), emite o título de especialista nas seguintes áreas: Especialista em Perícia de Identificação de Veículos; Especialista em Perícia Documentoscópica; Especialista em Perícia de Crimes contra a Vida; Especialista em Perícia de Balística Forense; Especialista em Perícia de Crimes contra o Meio Ambiente; Especialista em Perícia de Fonética Forense; Especialista em Perícia de Crimes de Trânsito; Especialista em Perícia de Crimes de Informática; Especialista em Perícia de Revelação de Impressões Papilares; Especialista em Perícia de DNA Forense; Especialista em Perícia de Laboratório Forense, áreas de Biologia, Química, Física, ou Toxicologia; Especialista em Perícia Contábil; Especialista em Perícia de Engenharia Legal. As especialidades em perícias descritas acima só são emitidas para peritos oficias, como disposto no REGULAMENTO PARA A CONCESSÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM ÁREAS PERICIAIS (Associação Brasileira de Criminalística, 2009): “Da Concessão Art. 3 º - O título de especialista será concedido somente aos peritos criminais que sejam filiados às suas respectivas entidades de classe estaduais e estas, por sua vez, estejam em dia com as suas obrigações junto a ABC, nos termos previstos em seu Estatuto. Parágrafo Único - Para satisfazer o requisito previsto no “caput” é necessário que esteja filiado, ininterruptamente, a pelo menos 3 (três) anos, o qual deverá ser comprovado pela cópia da ficha de inscrição e declaração da sua entidade, assinada pelo Presidente e Tesoureiro. 57 Das Condições para se inscrever Art. 4 º - São condições para o perito criminal se inscrever a realização da prova de especialista: a) Ter mais de 5 (cinco) anos como perito criminal; b) Possuir, pelo menos, 3 (três) anos de efetivo exercício nessas perícias em seu respectivo local de trabalho, comprovado pela periódica emissão de, no mínimo, 36 (trinta e seis) laudos periciais oficiais; “ As especialidades de Medicina Legal e Odontologia Legal são devidamente regulamentadas pelos respectivos Conselhos Federais de Medicina e Odontologia, devendo o profissional ser previamente graduado nas respectivas profissões. A criminalística envolve o estudo de todas essas áreas, sendo que cada uma possui competências e características distintas e englobam inúmeros conhecimentos que podem ser obtidos durante anos de experiência, como descreve a Associação Brasileira de Criminalística. Com isso, as instruções e definições que serão dadas a seguir servem como base para o conhecimento de como funcionam as perícias criminais em algumas de suas áreas, dando uma ênfase maior na parte de identificação humana e crimes contra a pessoa. Essa base auxiliará o aluno a perceber o quão extenso, interessante e difícil é o estudo das perícias criminais. Os alunos poderão perceber a vasta quantidade de informações para a realização de perícias criminais, que nunca poderão ser realizadas somente por um perito ou entendida amplamente por uma só pessoa, seja um perito criminal, um investigador, um advogado, um delegado, etc.; mas, sim, por um conjunto de pessoas que se unirão para que se traga o esclarecimento para a justiça do fato ocorrido. No final desse curso, colocaremos alguns dados sobre concursos públicos para o ingresso na carreira de perito criminal. As perícias criminais são realizadas para os diversos tipos de crimes dispostos no Código Penal, mas que são facilmente visualizados nessa tabela 1 elaborada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE (2009), que permite também a visualização da quantidade de crimes cometidos no Estado de São Paulo. 58 Tabela 1: Ocorrências policiais e inquéritos policiais instaurados, por Departamento de Polícia Judiciária, segundo natureza do crime, no Estado de São Paulo - maior Estado do Brasil, 2003 Natureza do Crime Ocorrências Policiais Decap (1) Demacro (2) Deinter (3) TOTAL 745.540 413.171 1.436.630 Crimes Contra a Pessoa 110.434 90.653 381.800 Homicídio Doloso 4.373 3.078 3.656 Tentativa de Homicídio 2.638 2.234 5.008 Homicídio Culposo por Acidentes de Trânsito 832 767 3.023 Homicídio Culposo, Outros 94 59 179 Indução/Auxílio ao Suicídio 31 53 46 Aborto 89 66 298 Lesões Corporais Dolosas 33.010 28.282 121.211 Lesões Corporais Culposas por Acidentes de Trânsito 23.073 16.555 78.305 Lesões Corporais Culposas, Outras 1.276 734 2.602 Perigo de Vida ou Saúde 254 217 652 Maus Tratos 950 933 4.053 59 Omissão de Socorro 120 146 391 Calúnia, Difamação e Injúria 8.827 7.416 40.160 Constrangimento Ilegal 877 608 1.735 Ameaça 32.387 27.162 111.347 Violação de Domicílio 406 693 3.944 Outros Crimes Contra a Pessoa 1.197 1.650 5.190 Crimes Contra o Patrimônio 420.228 192.619 554.825 Roubo Consumado 131.080 45.773 70.884 Roubo Tentado 2.959 1.100 3.776 Roubo de Veículo Consumado 41.880 23.396 15.136 Roubo de Veículo Tentado 729 350 344 Roubo Seguido de Morte (Latrocínio)187 118 235 Extorsão Mediante Sequestro 90 109 87 Extorsão, Outras 401 289 582 Furto Consumado 104.973 58.406 220.625 Furto Tentado 2.662 1.385 10.880 Furto de Veículo Consumado 5 1.110 2 0.789 3 4.916 Furto de Veículo Tentado 462 183 917 Furto Qualificado Consumado 34.205 16.337 102.021 Furto Qualificado Tentado 1.486 493 5.448 Receptação 3.920 2.591 4.026 60 Apropriação Indébita 2.837 1.699 7.867 Dano Material 8.058 6.284 33.123 Estelionato 28.666 10.712 29.210 Fraudes Diversas 440 202 1.348 Outros Crimes Contra o Patrimônio 4.083 2.403 13.400 Crimes Contra os Costumes 3.405 2.910 9.663 Estupro Consumado 1.135 932 1.775 Estupro Tentado 251 182 629 Atentado Violento ao Pudor 1.222 1.025 3.010 Sedução 47 66 222 Corrupção de Menores 59 54 333 Rapto 70 86 355 Incentivo à Prostituição 40 16 262 Ato Obsceno 369 232 1.624 Outros Crimes Contra os Costumes 212 317 1.453 Crimes Contra a Família 468 423 3.227 Abandono Material 221 178 1.417 Outros Crimes Contra a Família 247 245 1.810 Crimes Contra a Fé Pública 3.606 1.700 6.146 61 Moeda Falsa 466 249 1.358 Falsidade de Títulos e Documentos 881 345 940 Outras Falsidades 565 122 551 Uso de Documento Falso 783 457 1.822 Falsa Identidade 272 169 344 Outros Crimes Contra a Fé Pública 639 358 1.131 Crimes Contra a Administração Pública 5.371 5.157 18.269 Peculato 20 12 68 Corrupção 55 38 129 Resistência 282 191 711 Desacato 584 797 6.261 Contrabando ou Descaminho 31 21 267 Comunicação Falsa de Crime 99 77 204 Falso Testemunho 24 19 59 Exercício Arbitrário das Próprias Razões 1.273 1.135 3.493 Fuga de Presos 217 146 655 Desobediência 660 890 3.584 Outros Crimes Contra a Administração Pública 2.126 1.831 2.838 Crimes Contra a Incolumidade Pública 6.497 3.656 33.094 Incêndio 663 485 4.882 62 Tráfico de Entorpecentes 2.422 1.502 9.080 Uso de Entorpecentes 3.041 1.302 17.122 Outros Crimes Contra a Incolumidade Pública 371 367 2.010 Crimes Diversos 261 117 785 Leis Especiais 10.511 7.731 43.742 Corrupção de Menores - Lei nº 2.252/54 29 34 79 Crime de Racismo 49 20 118 Porte de Arma 4.159 2.776 10.412 Disparo de Arma de Fogo 497 243 1.777 Falta de Habilitação 1.927 1.921 8.698 Direção Perigosa 654 441 6.173 Outros Crimes 3.196 2.296 16.485 Contravenções Penais 7.258 5.114 50.764 Vias de Fato 2.646 1.990 24.272 Perturbação de Trabalho e Sossego 1.598 1.216 12.388 Jogo do Bicho 97 29 307 Embriaguez 1.380 825 2.174 Outras Contravenções Penais 1.537 1.054 11.623 63 Não Criminais 177.501 103.091 334.315 Suicídio Consumado 349 251 844 Suicídio Tentado 341 805 4.391 Desinteligência 1.768 792 6.095 Queda Acidental 834 362 2.934 Perda/Extravio de Documento 51.303 17.893 51.540 Desaparecimento de Pessoa 6.512 5.406 9.583 Morte Suspeita 12.250 9.182 5.180 Veículo Localizado 38.149 21.275 25.385 Acidente de Trabalho 211 230 2.760 Outros Não Criminais 65.784 46.895 225.603 Fonte: Secretaria da Segurança Pública - SSP/Delegacia Geral de Polícia - DGP/Departamento de Administração e Planejamento - DAP/ Núcleo de Análise de Dados; Fundação Seade. (1) Departamento de Polícia Judiciária da Capital. (2) Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo. (3) Departamentos de Polícia Judiciária de São Paulo Interior. Nota: Com a aprovação da Lei nº 9.099, de 26/11/1995, as ocorrências policiais referentes a crimes e contravenções penais; Passíveis de pena de reclusão de até 1(um) ano, são remetidas ao Poder Judiciário através de "Termos Circunstanciados", Não sendo necessária a instalação de Inquérito Policial. Deste modo, a partir de janeiro de 1996, as ocorrências, policiais passam a ser compostas pela soma dos boletins de ocorrências policiais e 64 termos circunstanciados. Não inclui as ocorrências policiais registradas e inquéritos instaurados pelos Departamentos Especializados da Polícia Civil (Deatur, DHPP, Deic, Denarc, etc.). Dados preliminares. Dessa maneira, podemos observar que existem inúmeros tipos de crimes, sendo que nesse curso, a ênfase será dada para os crimes contra a pessoa e aqueles que estão relacionados com eles. Nerio Rojas (Rojas, 1936) elaborou um guia extremamente didático e objetivo disposto em 10 postulados com recomendações da prática forense, orientando aspectos técnicos e científicos da perícia médico-legal, podendo se estender as perícias odontolegais. São eles: 1°) O perito deve atuar com a ciência do médico, a veracidade da testemunha e a equanimidade do juiz: O perito deve possuir conhecimento intelectual profundo de todas as áreas dentro da medicina (ou da odontologia), manter sempre a sinceridade e a veracidade devido à importância do laudo pericial para o juiz. 2°) É necessário abrir os olhos e fechar os ouvidos: Não confiar nas palavras ditas pelas pessoas e sim em provas e fatos comprovados. 3°) A exceção pode ser tanto valor como regra: Casos excepcionais na literatura científica podem não ser raros na medicina legal ou na odontologia legal. 4°) Desconfiar dos sinais patognomônicos A perícia deve juntar o maior número possível de fatos, provas e elementos para a posterior conclusão e não pela análise de sinais patognomônicos. 5°) Deve-se seguir o método cartesiano: Dividir ordenadamente o pensamento e consequentemente a procura pelos elementos que farão parte do laudo pericial. 65 6°) Não confiar na memória: Anotar devidamente tudo que foi realizado, suas dúvidas e questionamentos. 7°) Uma necropsia não pode ser refeita: Realizar uma necropsia bem feita com cautela e cuidado, a fim de evitar perícias sucessivas, que podem ser dificultadas devido às condições do corpo ou mesmo da impossibilidade de recuperação do material para estudo. 8°) Pensar com clareza para esclarecer com precisão: O laudo deve ser escrito com fundamento científico lógico e coerente, evitando contradições. 9°) A arte das conclusões consiste nas medidas As conclusões periciais devem ser cuidadosamente “pesadas”, “medidas”, isto é, analisadas e reanalisadas quantas vezes o perito julgar necessário, pois a interpretação de texto de uma pessoa pode ser diferente de outra. 10°) A vantagem da medicina legal está em não formar uma inteligência exclusiva e estritamente especializada: A medicina e odontologia legal abrangem diversas áreas do conhecimento, principalmente o Direito, a Biologia, a Física, a Química entre outros. França (2001) elaborou um Decálogo Ético do Perito, norteando os princípios éticos para auxiliar os peritos: 1°) Evitar conclusões intuitivas e precipitadas Ter prudência e concluir racionalmente baseado em fundamentos científicos. 2°) Falar pouco e em tom sério. Falar o imprescindível, argumentando e apresentando evidências em momento oportuno. 66 3°) Agir com modéstia e sem vaidade O sucesso e fama devem depender da ótima conduta ética do profissional. 4°) Manter o segredo exigido O sigilo pericial deve ser respeitado 5°) Ter autoridade para ser acreditado Decidir com firmeza e manter suas decisões. 6°) Ser livre para agir com isenção Não permitir que convicções, paixões e ideologias influenciem o resultado. 7°) Não aceitar a intromissão de ninguém Não aceitar que alguém deforme sua conduta ética e profissional 8°) Ser honesto e ter vida pessoal correta É preciso ser honesto para ser justo, conferindo credibilidade e respeitabilidade. 9°) Ter coragem para decidir O que sabe, o que não sabe. 10°) Ser competente para ser respeitado Atualizar os estudos permanentemente. 67 3 TIPOS DE IDENTIFICAÇÃO A primeira divisão da identificação humana é a de ordem jurídica, dividindo-a em civil e criminal. A identificaçãocivil é aquela que caracteriza um cidadão e ocorre a partir do momento do registro de seu nascimento no cartório, onde é expedida a certidão de nascimento, posteriormente ocorre à obtenção do registro civil (R.G.) e as identidades funcionais de profissionais liberais, expedidas pelos respectivos conselhos de classe, como por exemplo, a carteira do cirurgião-dentista, do médico, do advogado, etc. Já a identificação criminal é utilizada para identificar pessoas vivas ou mortas, quando não há possibilidade de identificá-las pela identificação civil, como, por exemplo, pelo R.G (Espíndula, 2007). A identificação é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa (Silva, 1997) ou um conjunto de procedimentos diversos para individualizar uma pessoa ou objeto (Vanrell, 2003). Já a identidade é o conjunto de caracteres físicos, funcionais ou psíquicos, que individualizam determinada pessoa (Simas Alves, 1965, e Vanrell 2003) ainda acrescenta que “além da identificação física, inclui todos os elementos que possam individualizar uma pessoa, como: estado civil, filiação, idade, nacionalidade, condição social, profissão, etc.” Leitão e Silva (2003) acrescentam que “a finalidade da identificação é permitir, de modo rigoroso e exato, a fixação da personalidade jurídica do indivíduo para todos os atos de sua vida pública ou privada”, abrangendo de forma completa a definição da identificação. 68 Um método de identificação é aceito ao preencher os requisitos de unicidade e imutabilidade segundo Simas Alves (1965) e atualmente, Silva (1997), França (2001) e Vanrell (2003) acrescentam além desses, a perenidade, praticabilidade e classificabilidade: UNICIDADE: o conjunto de caracteres pessoais não pode ser repetido em outro indivíduo; IMUTABILIDADE: As características não mudam com o tempo; PERENIDADE: Os caracteres devem se manter ao longo do tempo, resistindo por toda a vida e até após a morte; PRATICABILIDADE: Procedimento praticável no dia-a-dia pericial; CLASSIFICABILIDADE: importante para o arquivamento dos dados, assim como a facilidade de comparação post-mortem. Segundo Simas Alves (1965) a identificação é dividida em: 1. Identificação Judiciária ou Policial: são métodos utilizados para reconhecimentos técnicos, caracterizando o indivíduo. E segundo Leitão e Silva, são divididos em: a. Identificação civil: estipula a personalidade jurídica da pessoa; b. Identificação criminal: visa colher informações sobre antecedentes ou ações criminais; 2. Identificação Médico-legal: exige conhecimentos médico-legais para chegar à identidade. Os conhecimentos em odontologia legal também fazem parte dessa divisão. Segundo Espíndula (2007), a identificação criminal pode ser dividida em dois grupos principais: Identificação conclusiva: modalidade que sozinha identifica alguma pessoa. Identificação não-conclusiva ou excludente de hipóteses: não são conclusivas, mas auxiliam na identificação de uma pessoa. Obviamente, não se pode esquecer que mesmo com essa divisão de modalidades de perícias na identificação humana, são poucas as vezes que se utiliza somente um método de identificação e pode acontecer também de uma técnica classificada como conclusiva não permitir 69 dados suficientes para a identificação. Isso pode ocorrer na identificação de uma impressão digital, onde a mesma não se encontra inteira e sim parcial. Breve Histórico da identificação criminal “Olho por olho, dente por dente” (Código de Hamurabi, 1730 A.C. apud Cultura Brasileira, 2008) A Lei ou Pena de Talião, descrita acima, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação, sendo provavelmente, o registro mais antigo de um método de punição de criminosos. Os primeiros indícios da lei de talião foram encontrados no Código de Hamurabi (Figura1), em 1730 a.C., no reino da Babilônia Quanto às leis criminais, vigorava a "lex talionis": a pena de morte era largamente aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação. A mutilação era infligida de acordo com a natureza da ofensa. Com isso, muitas das marcas realizadas em crimonosos, consequentes dessa punição, eram passíveis de serem identificadas visualmente. A noção de "uma vida por 70 uma vida" atingia aos filhos dos causadores de danos aos filhos dos ofendidos. As penalidades infligidas sob o Código de Hamurabi ficavam entre os brutais excessos das punições corporais das leis mesopotâmicas assírias e das mais suaves, dos hititas. A codificação propunha-se a implantação da justiça na terra, a destruição do mal, a prevenção da opressão do fraco pelo forte, a propiciar o bem-estar do povo e iluminar o mundo. Essa legislação estendeu-se pela Assíria, pela Judeia e pela Grécia (Código de Hamurabi, 1730 A.C. apud Cultura Brasileira, 2008) Com isso, um dos registros mais antigos de identificação criminal era utilizado na Velha Mesopotâmia, com processos extremamente brutais e bárbaros como mutilações, marcas, tatuagens, que não só castigavam como estigmatizavam as pessoas. Amputavam orelhas, mãos, braços para criminosos adversos e arrancavam a língua do blasfemador e do caluniador (Simas Alves, 1965). Outros tipos de métodos brutais eram realizados por barras e instrumentos de ferros aquecidos em brasa para marcar corpos de criminosos, para facilitar a identificação dos mesmos (Leitão e Silva, 2003). Figura 1: Fotografia do Código Hamurabi que está escrito em 46 colunas de 2,5 metros de altura. 71 Com o passar dos séculos e os adventos tecnológicos, outros tipos de processos para a identificação judicial foram utilizadas. O assinalamento sucinto de estatura, sexo, cor de pele, idade, cor dos olhos, cabelos e outras características é utilizado até hoje, principalmente em documentos de identificação (Leitão e Silva, 2003) e quando se procuram pessoas desaparecidas (Figura 2) ou suspeitas de crimes (Figura 3). Figura 2: Consulta de dados cadastrais vinculados ao Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. 72 Figura 3: Descrição do crime, retrato falado e descrições físicas de suspeito procurado atualmente pelo FBI. 73 As fotografias são realizadas até hoje para a identificação individual em documentos e são primordiais no reconhecimento de pessoas, no entanto, existe a dificuldade de classificação em razão as alterações de traços fisionômicos e presença de sósias e operações plásticas. O retrato falado também é utilizado para identificação de criminosos, sendo mais próximos da realidade quando ditados e revelados por pessoas detalhistas e que guardam facilmente uma fisionomia (França, 2001; Leitão e Silva, 2003). O Sistema Antropométrico de Bertillon foi o 1° método científico de identificação e foi introduzido em 1882 em Paris e será mais bem estudado no capítulo de noções de antropologia. Existem diversos métodos que foram desenvolvidos para a identificação humana, no entanto, somente o método datiloscópico de Vucetich merece um estudo mais detalhado nesse curso. Atualmente, além dos métodos científicos de identificação, ocorre o reconhecimento dos familiares e amigos por meio de visualização do cadáver íntegro e/ou por pertences particulares como alianças de casamento, roupas, pertences íntimos, entre outros. As tatuagens também fazem parte do elenco de observações realizadas para o reconhecimento do corpo (Figura 4). Figura 4: Visualização parcial de tatuagem em cadáver do sexo feminino em putrefação. 74 4 EXAME PERICIAL EM LOCAL DE CRIME Figura 5: Esqueletos encontrados em uma vala na Etiópia. “Local do crime é a área física onde ocorreu um fato – não esclarecido até então - que apresente características e/ou configurações de um delito.” Espíndula (2007) 75 As ações realizadas nolocal suspeito de ter ocorrido algum crime podem ser primordiais para a resolução ou não de um caso. Dessa maneira, é de suma importância que o perito tenha conhecimentos acerca da constatação e da preservação da cena do crime para posterior perícia do local. A investigação da cena do crime é o início do sucesso do uso de evidência física pelo laboratório forense e o investigador criminal. Mais do que tudo, a cena do crime deve ser apropriadamente gerenciada e investigada da melhor maneira possível. A alta qualidade de uma investigação da cena do crime é um processo simples, mas metódico. Não é rígido, mas segue um conjunto de princípios e procedimentos que asseguram que todas as evidências físicas sejam encontradas e investigadas para que a justiça seja alcançada. Toda a cena de crime é única e, com experiência, o investigador da cena do crime será capaz de utilizar sua lógica e técnicas sistemáticas para obter conclusões com sucesso. O único fator consistente em cenas do crime é a sua inconsistência. Devido a sua diversidade, elas são classificadas de diversas maneiras, segundo Miller (2005): (1) Segundo a localização; Definições Crime: “Segundo o conceito formal, violação culpável da lei penal; delito” (Aurélio, 2001) Evidência: “Caráter de objeto de conhecimento que não comporta nenhuma dúvida quanto à sua verdade ou falsidade.” (Aurélio, 2001) Evidência: “é o vestígio, que após as devidas análises, tem constatado técnica e cientificamente, a sua relação com o crime” (Espíndula, 2006). Vestígio:” Sinal que homem ou animal deixa com os pés no lugar por onde passa; rastro, rasto, pegada, pista” (Aurélio, 2001) Vestígio “é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local de crime para análise posterior” (Espíndula, 2006). “Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo para sempre, os dados preciosos que ocultavam à espera da argúcia dos peritos.” Rabelo (1995) 76 (a) Primária: origem da primeira atividade relacionada ao crime; (b) Secundária: outros locais relacionados ao crime. (2) Segundo o tamanho: (a) Cena do crime macroscópica: todos os elementos que são visualizados na cena do crime, sem auxílio de equipamentos específicos. Ex: o corpo, o esqueleto, o carro, o ambiente, etc.; (b) Microscópica: evidências físicas microscópicas encontradas na cena macroscópica. Por exemplo: resíduos de pólvora, traços de pelos e fibras, impressões digitais, etc. (3) Segundo o tipo de crime. Ex: homicídio, roubo, agressão sexual, etc.; (4) Segundo a condição: organizada ou desorganizada. A cena do crime normalmente é classificada utilizando um conjunto de definições citadas anteriormente. O objetivo de qualquer investigação da cena do crime é reconhecer, preservar, coletar, interpretar e reconstruir toda a evidência física relevante da cena do crime. Um laboratório forense examina o vestígio para providenciar ao investigador informações para que possa solucionar o caso. A integração da investigação da cena do crime com o exame do vestígio encontrado na mesma forma a base da investigação científica da cena do crime. A seguir, será descrito alguns tipos de informações obtidas do exame do vestígio em investigações criminais, segundo Miller (2005): (1) Informações do corpo de delito: as evidências físicas, o padrão da evidência e os exames laboratoriais auxiliam na investigação. (2) Informações sobre o modus operandi: criminosos utilizam de métodos personalizados e próprios para a execução dos diversos tipos de crime. (3) Ligação de pessoas, cena do crime e objetos: ligar suspeitos às vítimas é a mais importante e comum ligação estabelecida por uma evidência física em investigações criminais. 77 Figura 6: Esquema dos procedimentos realizados para a individualização de algum vestígio. Resumidamente, a cena do crime deverá seguir alguns passos, como descreve didaticamente Siegel (2005): 78 Figura 7: Esquema representativo dos passos que ocorrem na investigação da cena do crime, segundo Siegel (2005). A Agência Federal de Investigação dos Estados Unidos (EUA), mais conhecida como FBI (Federal Bureau of Investigation), em 2000 elaborou um guia para a investigação da cena do crime (TWGCSI – Grupo de trabalho técnico da investigação da cena do crime, 2000). Esse manual visa à padronização das práticas adotadas para a investigação da cena do crime dos policiais e peritos americanos, tornando-se referência em investigação da cena do crime. Eles elaboraram esse manual dividindo em cinco sessões distintas: chegada à cena do crime, documentação preliminar e avaliação da cena, processando a cena, finalizando a investigação da cena do crime. 79 1) Chegada à cena do crime: Um dos cuidados mais importantes da perícia criminal são a manutenção das evidências físicas e a preservação da cena do crime, que deve ser realizada imediatamente após a constatação da cena do crime, e é realizado normalmente pela polícia local (Figura 8); a) Anotar o local, a localização, data, tipo de ocorrência, casas, veículos, eventos ocorridos e elementos envolvidos; b) Não permitir que pessoas, veículos ou objetos saem da cena do crime, identificando possíveis vítimas e suspeitos; c) Aproximar-se da cena cuidadosamente e verificar a possibilidade de outros crimes ao redor; d) Realizar observações iniciais (olhar, ouvir e cheirar) o ambiente e anotá-los; e) Observar a possibilidade de perigo de explosão e contaminação por materiais perigosos ou tóxicos, para chamar policiais especializados para analisar a cena do crime; f) Não permitir que pessoas, veículos ou animais se aproximam da cena do crime, evitando contaminações e perigos como explosões; g) Após controlar situações de perigo e isolar a área, a próxima atenção é chamar socorro médico para dar a atenção médica necessária aos feridos, minimizando ao máximo a contaminação da cena do crime. h) Anotar todas as etapas dos cuidados médicos, desde sua hora de chegada até os cuidados prestados; i) Assegurar que evidências como roupas, objetos e manchas encontradas no corpo sejam preservadas pela equipe médica; j) Documentar todos os comentários e testemunhos de pessoas envolvidas ou presentes no local do crime ou ao seu redor; Cadeia de custódia é tanto o procedimento quanto a documentação de tudo que é realizado para cada vestígio encontrado na cena do crime. Podemos ter o processo de cadeia de custódia e a documentação da cadeia de custódia. (Fonte: Siegel, 2001). 80 Figura 8: Esquema de isolamento da cena do crime. k) Um oficial da polícia deve sempre que possível acompanhar a vítima para o hospital para garantir a preservação das evidências ou mesmo documentar comentários feitos pelo paciente; l) Lacrar a cena do crime com faixas e adesivos (Figura 8); m) Controlar o fluxo de pessoas, inclusive peritos e outros policiais; n) Se possível, efetuar mensurações, e se puder fotografias com escalas, para preservar as evidências como pegadas, marcas de pneu no chão, etc., presentes na cena do crime se houver a possibilidade de chover, ou nevar ou derreter (se for gelo); 81 Figura 9: Isolamento da cena do crime com faixas específicas e marcadores de vestígios. o) Não permitir que qualquer pessoa fume, masque chiclete, use o telefone ou banheiro, coma ou beba qualquer coisa, mexa nos vidros e janelas, mude os móveis de lugar, etc., ou seja, não permitir que alguém mexa em qualquer objeto presente na cena do crime ou ao seu redor; p) Toda documentação e anotações feitas pelo policial devem ser entregue ao investigadorde polícia para posterior estudo e análise. 2) Documentação preliminar e avaliação da cena: a) O investigador de polícia deverá documentar todas as informações recolhidas pelo policial, organizá-las e identificá-las com os dados da região do crime (delegacia, responsável, cidade, estado, etc.); b) Continuar toda a manutenção da cena do crime descrita anteriormente, documentado todas as pessoas que estiver participando da investigação; c) Definir estratégias para a análise fotográfica (Figura 10) e recuperação dos vestígios encontrados na cena do crime. 82 Figura 10: Bertillion desenvolveu um sistema de câmera e tripé alto para a tomada fotográfica de cenas do crime no início do século XX. 3) Processando a cena: a) O investigador deverá avaliar e posteriormente solicitar a presença de peritos criminais de acordo com a especialidade envolvida; b) O controle da contaminação deve ser extremamente rígido, evitando-se a contaminação dos profissionais, das vítimas, da cena do crime, dos objetos, etc.; c) Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas (obrigatório), gorros e protetores de sapato (se necessário); d) Todo material utilizado para coleta das evidências devem estar devidamente limpos ou até esterilizado se for para coleta de material biológico e devem ser corretamente acondicionados, que será descrito no final desse módulo com maiores detalhes; 83 e) Toda evidência deve ser corretamente documentada, com localização, identificação e condições que se encontravam, fotografada com escalas de referência e/ou filmadas antes de ser removida da cena do crime (vide próximo capítulo); f) Analisar e verificar a metodologia utilizada para a coleta da evidência. Por exemplo, cada método requer equipamentos e materiais diferenciados para a sua realização, por exemplo, para se fazer análise de impressões digitais não se utiliza o mesmo equipamento para análise de marcas de mordidas, e assim por diante; g) Documentar qualquer intercorrência ou dificuldade ocorrida durante a coleta do material; h) Preservar adequadamente o material coletado com a finalidade de minimizar sua degradação: refrigerado, congelado, local seco, local úmido, etc.; i) Encaminhar para os respectivos laboratórios periciais. 4) Finalizando a investigação da cena do crime: a) Determinar quais evidências foram coletadas; b) Discutir com toda equipe envolvida sobre a cena do crime, intercorrências e evidências. A análise da cena do crime deverá ser realizada segundo padrões específicos de procura, como descreve Miller (2006) (Quadro 1), sendo que a metodologia mais recomendada varia de caso para caso, devendo o perito estudar e consequentemente escolher a forma mais adequada para a sua realização. Quadro 1: Tipos de procura em cena do crime, segundo seu padrão geométrico e suas descrições: Tipo de procura Padrão geométrico Descrição Método de ligação Baseado na teoria de ligação, mais comum e produtiva; um tipo de evidência liga a outra; experimental, lógica e sistemática; utilizadas em cenas grandes e pequenas, em cenas internas e externas. 84 Método linear Funciona melhor em grandes cenas em ambientes externos; requer um coordenador de busca, na qual, geralmente voluntários com instruções preliminares auxiliam na sua realização. Método em grade Modificação do método linear, com duas vertentes; efetivo, mas consome muito tempo. Método em zona Utilizado melhor em cenas com definição de zonas ou áreas eletivas em casas ou construções; times são designados para áreas menores para procura; combinada com outros métodos. Método em roda ou raio Utilizada em situações especiais; limitada aplicação; melhor se utilizada em espaços pequenos e circulares. Método em espiral Pode ser de dentro para fora ou de fora para dentro. Utilizada em cenas do crime sem barreiras físicas; requer uma habilidade de traçar um padrão regular com diâmetros fixos; aplicação limitada. 85 5 TIPOS DE VESTÍGIOS NOS LOCAIS DO CRIME Uma das práticas mais comuns é coletar tudo que possibilita ser utilizado como evidência. No entanto, se todos os objetos da cena são coletados e submetidos a um laboratório forense para análise, além de sobrecarregar as instituições que as realiza, a maioria dos objetos não trará valor probatório. Essa é uma prática que não é somente uma perda de tempo e de recursos, mas sim causa problemas legais e de investigação. Agora, se uma evidência crítica para a investigação é omitida ou negligenciada ou preservada inapropriadamente, mesmo com o uso de recursos extremamente modernos, não haverá possibilidade de salvar a investigação. Assim, um sistema deve ser desenvolvido para que o vestígio relevante seja reconhecido e localizado, enquanto o material supérfluo é excluído (Lee et al, 2001). O objetivo da procura na cena do crime é localizar todos os vestígios potencialmente relevantes e significativos que podem ser utilizados para ligar ou exonerar um suspeito ou testemunha de um crime. A experiência e o treinamento irão auxiliar um investigador ou preito criminal em determinar as evidências mais encontradas, mas a experiência também revelará que não há dois casos iguais. Um conceito conhecido como a teoria da ligação de quatro caminhos explica as inter-relações entre uma cena do crime, uma vítima, um suspeito e a evidência física (Figura 11). Entendendo-se essa conexão, irá proporcionar orientação para determinar onde as evidências podem estar localizadas. Na teoria, se existirem associações entre dois ou mais desses componentes, como cena, vítima, suspeito e evidência física, o caso poderá ser resolvido. Quanto mais associações, maior é a probabilidade de sucesso na resolução do caso. (Lee et al, 2001). 86 Figura 11: Associações entre a vítima, o suspeito e as evidências em uma cena de um crime, segundo Lee et al (2001). Tipos de evidências físicas, segundo Lee et al (2001): 1. Impressões digitais e outras; a. Impressões latentes: aquelas que não são possíveis de serem visualizadas sem auxílio de um produto colorante ou luz específica; b. Impressões visíveis: visualizada sem técnicas específicas; c. Impressões em plásticos ou em três dimensões: Exemplos: em argamassa, em plásticos amolecidos, etc.; d. Impressões de eliminação: aquelas pertencentes aos indivíduos que frequentam normalmente o local antes do crime acontecer e que não necessariamente estão envolvidos; e. Impressões na pele humana: impressões digitais podem ser encontradas na pele, na íris da vítima. Apesar de ser coletada com dificuldade, pode fornecer dados do suspeito. 87 2. Evidências impressas: a. Impressões: em papel, em livros, na parede, etc.; b. Entalhes em relevo em papéis: ocorre quando uma pessoa escreve em uma folha que está em cima de outras, marcando-as em relevo. c. Padrões conhecidos para comparação: exclusão ou inclusão de escritas, documentos, livros impressos para comparar com outros impressos encontrados na cena do crime. 3. Evidências de fibras e cabelos/pelos: a. Evidências de cabelos e pelos: fios de cabelos ou pelos, tanto da vítima como do suspeito, podem ser encontrados na cena do crime. Pelos de animais de estimação, como cães e gatos, também são utilizados para comparação, pois o criminoso, ao possuir esses animais, pode deixar na cena do crime material suficiente para uma análise comparativa do perfil genético do animal; b. Evidências de fibras: as fibras encontradas podem estar associadas aos tecidos das roupas que os criminosos utilizavam no momento do crime ou mesmo associados ao local ou ambiente que vive. 4. Outras evidências: a. Evidências de vidros; b. Evidências de pinturas; c. Evidências de solo. 5. Armas de fogo e
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