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Perícias Criminais

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIAS CRIMINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP:79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842p Perícias criminais / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 
2012. 
 275p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-66104-39-4 
 1. Prova criminal. 2. Prova (Direito). 3. Direito penal. I. Portal Educação. II. 
Título. 
 CDD 345.06 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO À PERÍCIA CRIMINAL ...................................................................................... 4 
1.1 Breve histórico da perícia criminal no mundo ............................................................................. 5 
1.2 Breve histórico e definição da perícia criminal no Brasil ............................................................ 43 
2 CRIMINALÍSTICA, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A CARREIRA DE PERITO CRIMINAL 
E SUAS COMPETÊNCIAS .................................................................................................................. 46 
3 TIPOS DE IDENTIFICAÇÃO ..................................................................................................... 67 
4 EXAME PERICIAL NO LOCAL DO CRIME .............................................................................. 74 
5 TIPOS DE VESTÍGIOS NOS LOCAIS DO CRIME .................................................................... 85 
6 COLETA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS COLETADOS NA 
CENA DO CRIME ................................................................................................................................ 95 
7 FOTOGRAFIA DA CENA DO CRIME ...................................................................................... 110 
8 NOÇÕES DE PAPILOSCOPIA ................................................................................................ 115 
9 NOÇÕES DE ANÁLISE DE FIBRAS ....................................................................................... 127 
10 NOÇÕES DE DOCUMENTOSCOPIA ...................................................................................... 130 
11 NOÇÕES DE MEDICINA LEGAL ............................................................................................ 133 
12 NOÇÕES DE ODONTOLOGIA LEGAL ................................................................................... 162 
13 NOÇÕES DE DNA FORENSE ................................................................................................. 181 
14 NOÇÕES DE BALÍSTICA FORENSE ...................................................................................... 204 
15 NOÇÕES DE PERÍCIA EM ENGENHARIA E EM CRIMES INFORMÁTICOS ........................ 219 
16 NOÇÕES DE PERÍCIAS AMBIENTAIS ................................................................................... 222 
17 NOÇÕES DE FONÉTICA FORENSE ....................................................................................... 230 
18 LAUDO PERICIAL ................................................................................................................... 231 
 
 
3 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 239 
GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................... 240 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 254 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
1 INTRODUÇÃO À PERÍCIA CRIMINAL 
 
As primeiras investigações realizadas em casos forenses foram baseadas em 
observação e interpretação de evidência física. Na segunda metade do século XIX, a ciência foi 
pela primeira vez empregada para a investigação de casos forenses e suas conclusões foram 
validadas pelas autoridades responsáveis. Com o avanço da tecnologia e do conhecimento 
acerca de diversas ciências, elas foram progressivamente incorporadas e adaptadas para a 
investigação de um crime. 
São inúmeras as áreas de atuação de um perito criminal, sendo que na maioria dos 
casos o conhecimento acerca de cada área é generalizado e não específico, sendo que a sua 
especificidade só se dará mediante a realização de cursos específicos para tal área. Por 
exemplo, engenharia forense, por mais que possa ser estudado por um profissional da biologia, 
um engenheiro teria mais condições para exercê-la de forma mais eficaz e não superficial. 
Alguns concursos públicos aqui no Brasil (Ex: Polícia Federal) dividem os tipos de 
peritos criminais segundo sua especialidade (Odontologia, Engenharia, Farmácia e Bioquímica, 
Biologia e Biomedicina, etc.), mas a maioria (Ex: Estado de São Paulo) ainda realiza-os de 
maneira generalizada, exigindo qualquer curso superior registrado pelo Ministério da Educação e 
Cultura, sendo que somente depois de cursos de formação, o perito passa por outra seleção ou 
encaminhamento às diversas áreas da perícia criminal. 
O curso a seguir se propõe a trazer diversos conhecimentos dentro da área pericial de 
maneira geral, trazendo noções básicas da realização da perícia criminal no Brasil e no Mundo. 
Os alunos poderão observar o quão específico é cada área de atuação e, consequentemente, 
além da graduação, que é necessária a sua especialização ou realização de cursos específicos 
para cada área. No entanto, os alunos poderão aprender as noções básicas sobre esse universo 
pericial, que poderá servir como apoio e incentivo para o seu ingresso na carreira de perito 
criminal ou mesmo na atuação da mesma na pesquisa e na docência. 
No entanto, o curso pretende esclarecer os alunos da importância da realização de 
perícias e o quão reluzente e magnífico é o seu estudo, não somente para sanar curiosidades, 
mas sim divulgar os modos de investigação de crimes para estimular a justiça. 
 
 
5 
Nos primórdios da ciência forense, a sua definição era de uma ciência “mista” utilizada 
para esclarecer a justiça. Atualmente, a ciência forense é tida como uma profissão. A ciência 
forense é descrita como o estudo de associação entre pessoa, lugares e coisas que envolvem 
atividades criminais, na qual diferentes disciplinas assistem na investigação de casos criminais e 
civis. 
 
1.1 Breve histórico da perícia criminal no mundo 
 
Utilizando-se como referência principal o brilhante artigo publicado por Norah Rudin e 
Keith Inman (The Forensic Science Timeline, Disponível em: 
<http://www.forensicdna.com/Timeline020702.pdf> Acesso em 20/01/2009) e outros artigos e 
fontes descritas abaixo, foi elaborado um quadro contendo alguns relatos históricos importantes 
da ciência forense no mundo. 
 
Período Acontecimento 
700 A.C. 
Evidências de impressões digitais em pinturas e cavernas de pedra de 
humanos pré-históricos. 
 
 
6 
 
Cerca de 
200 a.C. 
http://archimedes2.mpiwg-
berlin.mpg.de/archimedes_templa
tes/popup.htm. Acessado em 
20/01/2009 
A legenda "Eureka" de 
Archimedes pode ser 
considerada o primeiro relato da 
antropologia forense no qual ele 
determina que a coroa não era 
feita totalmentede ouro, 
demonstrando que poderia ser 
fraudulenta. 
1
248 
 
Disponível em: 
<http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiL
uDiagram.jpg>. Acesso em 20/01/2009. 
 
Um livro chinês, Hsi Duan Yu ou 
casos coletados de retificação de 
injustiças, de Song Si, combina diversos 
casos que envolvem ciência forense com 
suas próprias experiências. É o primeiro 
registro da aplicação dos conhecimentos 
médicos na resolução de um crime. 
 
 
 
http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiLuDiagram.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:XiYuanJiLuDiagram.jpg
 
 
7 
 
 
 
8 
Anos de 
1500 
 
Disponível em: 
<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ambroise_Par%C3%A9.jpg.> Acessado em: 
20/01/2009. 
 
 
Ambroise Paré (1510-1590) foi um cirurgião francês. Introduziu várias 
inovações na prática médica, estudou os efeitos das causas e tipos de mortes 
violentas. 
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ambroise_Par%C3%A9.jpg
 
 
9 
1609 
A primeira obra em um documento de exame sistemático foi publicada por 
François Demelle da França. 
1686 
 
 
 
 
10 
Marcello Malpigui, um professor de anatomia da Universidade de Bologna, 
notou características na impressão digital. No entanto, não mencionou o seu valor 
para a identificação individual. 
 
 
1784 
Em Lancaster, Inglaterra, John Toms foi condenado pelo assassinato, com 
base de um chumaço de jornal encontrado na pistola que coincidia com o pedaço 
remanescente encontrado em seu bolso. 
 
 
11 
Anos 
1800 
 
Thomas Bewick, um naturalista inglês, utilizou estampas com sua própria 
impressão digital para identificar os livros que publicou. 
 
 
12 
1810 
 
 
 
Eugène François Vidocq fez um acordo com a polícia para que sua 
sentença criminal fosse suspensa e estabeleceu o primeiro grupo de detetives, 
denominado Sûreté of Paris. Foi inspiração de Victor Hugo para a criação do 
personagem Jean Valjean, na novela Os miseráveis. 
1810 
Primeiro relato do uso de análise de documentos questionados ocorreu na 
Alemanha, na qual se utilizou testes químicos para marcadores de tintas específicas. 
O documento analisado foi o Konigin Hanschritt. 
 
 
13 
1813 
 
Mathiew Orfila, um espanhol que se tornou professor de medicina e 
química forense na Universidade de Paris, publicou Traite des Poisons Tires des 
Regnes Mineral, Vegetal et Animal, ou Toxicologie General l e foi considerado o “Pai 
da toxicologia moderna”. Ele também trouxe significativa contribuição para o 
desenvolvimento de testes para a presença de sangue em um contexto forense e foi 
o primeiro a utilizar o microscópio na análise de amostras de sangue e sêmen. 
 
 
14 
 
 
 
Estudo 
dos efeitos 
da 
decomposi
ção em 
corpos exumados, 1831 
 
 
 
 
15 
 
Livro de Orfila 
 
 
16 
1
823 
 
 
 
John Evangelist Purkinji, um professor de anatomia da Universidade de 
Breslau, Czecheslovakia, publicou o primeiro artigo na natureza das impressões 
digitais e sugeriu um sistema de classificação baseado em nove tipos principais. No 
entanto, ele falhou ao reconhecer seu potencial de individualização. 
1
828 
Willian Nichol inventou o microscópio polarizado. 
 
 
17 
Cerca de 
1830 
 
Adolphe Quetelet, um 
estaticista belgo, providenciou 
uma fundação para os 
trabalhos de Bertillion que 
seriam desenvolvidos no 
futuro, de que não existem dois 
corpos humanos exatamente 
iguais. 
 
 
 
 
 
 
1831 Leuchs foi o primeiro a notar a atividade da amilase na saliva humana. 
1835 
Henry Goddard realizou a primeira comparação de projeteis para pegar um 
assassino. Sua comparação foi baseada na fenda visível presente nos projéteis 
disparados de uma determinada arma de fogo. 
1836 James Marsh, um químico escocês, foi o primeiro a utilizar a toxicologia em 
um julgamento criminal, detectando o arsênico. 
1839 H. Bayard publicou o primeiro procedimento para detecção microscópica de 
 
 
18 
esperma. Ele também notou as características microscópicas diferentes de vários 
substratos de tecidos. 
1851 Jean Serviais Stas, um professor de química belgo, foi o primeiro a 
identificar com sucesso venenos de vegetais no corpo humano. 
1853 Ludwig Teichmann, polonês, desenvolveu o primeiro teste de cristal por 
microscopia para a hemoglobina. 
1854 Maddox, um médico inglês, desenvolveu a fotografia de placa seca, 
método que era utilizado para registro de indivíduos presos. 
1856 
 
 
Disponível em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:William_Ja
mes_Herschel.jpg.> Acesso em: 20/01/2009 
Willian James Herschel foi 
Magistrado Principal dos Serviços 
Administrativos Ingleses na Índia sendo 
reconhecido como o primeiro europeu a 
perceber a aplicação prática das impressões 
digitais, contribuindo assim para a implantação 
definitiva da papiloscopia. 
 
 
19 
 
 
1862 J. (Izaak) Van Deen desenvolveu uma técnica para teste de sangue 
1863 Um cientista alemão, Schönbein foi o primeiro a descobrir a habilidade de 
a hemoglobina oxidar na presença de peróxido de hidrogênio, resultando em um 
teste presumível para sangue. 
1864 Odelbrecht foi o primeiro a utilizar a fotografia para a identificação de 
criminosos e a documentação da evidencia e da cena do crime. 
 
 
20 
1869 
 
Disponível em: <http://www.pbs.org/wgbh/nova/photo51/images/befo-
miescher.jpg.> Acesso em: 20/01/2009. 
 
 
O DNA foi isolado pela primeira vez pelo médico suíço Friedrich Miescher 
que descobriu a substância microscópica em pus de curativos de cirurgia. 
 
1877 Thomas Taylor, microscopista do Departamento de Agricultura Americano 
sugeriu que marcas nas palmas das mãos e as pontas dos dedos poderiam ser 
utilizadas para a identificação em casos criminais. Mesmo sendo publicada 
cientificamente, a ideia aparentemente não foi utilizada dessa fonte. 
 
 
 
21 
1879 Rudolph Virchow, um patologista alemão estudou o cabelo e reconheceu 
suas limitações. 
1880 Henry Faulds publicou na revista Nature o primeiro registro científico da 
utilização das impressões digitais encontradas na cena do crime. 
1883 
Alphonse Bertillion, policial francês, identificou o primeiro criminoso 
reincidente baseado na invenção antropometria. 
 
Fotografia de Bertillon realizando medidas antropométricas. 
 
 
22 
 
Fotografia de Bertillon realizando medidas antropométricas. 
 
 
 
23 
 
Mensurações realizadas por Alphonse Bertillon. 
Foto disposta no National Gallery of Canada, Ottawa. 
 
 
 
24 
 
1887 
 
Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Alexandre_Lacassagne.jpg.> Acesso 
em: 20/01/2009. 
 
 
Alexandre Lacassagne, professor de medicina forense na Universidade de 
Lyons, na França, foi o primeiro a tentar individualizar projéteis, pelos vincos e 
particularidades. 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/57/Alexandre_Lacassagne.jpg
 
 
25 
 
1887 
 
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Conan_doyle.jpg.> Acesso em: 
20/01/2009. 
 
Arthur Conan Doyle era espírita, médico e escritor, escreveu mais de 60 
histórias de ficção de Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no 
campo da literatura criminal. 
 
 
26 
 
1891 Disponível em: <http://www.criminaldep.chnu.edu.ua/en/history/hans_gross.html.> 
 
 
27 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
Hans Gross, jurista criminal e 
professor de direito criminal na Universidade 
de Graz na Áustria publicou livros sobre 
investigação criminal, nos quais utilizou a 
evidência física para a resolução de um crime. 
 
1
892 
 
Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Francis_Galton2.jpg.> Acesso em 
20/01/2009. 
Francis Galton publicou Fingerprints, o primeiro livro sobre impressões 
digitais e da sua utilização para esclarecimento de crimes. 
 
 
28 
 
1892 
Disponível em: 
<http://www.onin.com/fp/fmiru/juan_vucetich.jp
g.> 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
 
Juan Vucetich, da polícia argentina, 
desenvolveu osistema de classificação das 
impressões digitais. 
 
 
 
29 
 
Vucetich escreveu as instruções para a tomada de impressões digitais, 
incluindo diagramas explicativos. 
 
 
30 
 
 
 
 
31 
 
Impressões digitais não foram usadas somente para identificar suspeitos e 
criminosos, mas sim como controle do governo argentino. Os cidadãos argentinos 
eram identificados em um livro com a sua foto e a sua impressão. 
 
Disponível em: 
<http://www.onin.com/fp/fmiru/thumbprint_and_signature_juan_vucetich.jpg.> Acesso 
em: 20/01/2009. 
 
 
32 
1896 
 
Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Edward_Richard_Henry00.jpg.> 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
Edward Richard Henry desenvolveu o método de classificação das 
impressões digitais utilizado na Europa e América no Norte. 
 
1900 
Paul Uhlenhuth foi um bacteriologista e higienista que trabalhou com 
ciências forenses e serologia desenvolvendo um teste que distinguia sangue humano 
de sangue animal. 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Edward_Richard_Henry00.jpg
 
 
33 
1900 
 
Disponível em: 
<http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1930/landsteiner-bio.html>. 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
Karl Landsteiner médico e biólogo austríaco, premiado com o Nobel de 
Fisiologia ou Medicina em 1930, pela classificação dos grupos sanguíneos, sistema A 
B O, e foi descobridor do fator RH. 
 
Diagrama mostrando compatibilidade entre os grupos sanguíneos para 
transfusão 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/51/Blood_Compatibility.svg
 
 
34 
1901 
 
Disponível em: <http://www.antiquemapsandprints.com/p-16026.jpg>. 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
Edward Richard Henry foi apontado como chefe da Scotland Yard e forçou 
a adoção da identificação pela impressão digital no lugar da antropometria. 
1903 
O sistema de Prisão de New York iniciou o uso sistemático das impressões 
digitais para a identificação criminal. 
1905 
 
Disponível em: <http://www.fbi.gov>. Acesso em: 20/01/2009. 
 
O presidente americano Theodore Roosevelt estabeleceu o Federal 
Bureal of Investigation (FBI). 
 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Edward_Richard_Henry00.jpg
 
 
35 
 
1910 
Victor Balthazard, professor de medicina forense da Universidade de 
Paris, na França, publicou o primeiro livro significativo sobre o estudo de cabelo, 
incluindo casos criminais envolvendo cabelos. Estudos também fotografias ampliadas 
de projéteis e cartuchos para determinar o tipo de arma e foi o primeiro a 
individualizar um projétil de uma arma. 
 
1910 
Disponível em: 
<http://www.onin.com/fp/fmiru/edmond_lo
card.jpg>. 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
 
Edmond Locard foi um 
pioneiro na ciência forense e formulou o 
princípio básico da mesma: “Todo contato 
deixa um rastro”. 
 
 
 
 
 
36 
1910 Albert S. Osborne foi pioneiro no exame de documentos. 
1918 
Edmond Locard sugeriu a utilização de 12 pontos coincidentes para a 
identificação positiva pela impressão digital. 
Cerca de 
1920 
George Popp foi o primeiro a utilizar a identificação botânica em trabalhos 
forenses. 
1921 John Larson e Leonard Keeler designaram o polígrafo portátil. 
1927 
Landsteiner e Levine foram os primeiros a detectar os sistemas 
sanguíneos M, N, e P. 
 
1937 
Disponível em: 
<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Luminol2006.jpg>. 
Acesso em: 20/01/2009. 
 
 
 
Walter Specht, do instituto de medicina 
legal e criminalística científica da Universidade de 
Jena desenvolveu o reagente luminol para testes de 
detecção de sangue. 
 
 
 
 
 
 
1940 Landsteiner e A.S. Wiener foram os primeiros a descrever o sistema 
 
 
37 
sanguíneo Rh. 
 
1941 
Murray Hill, dos laboratórios Bells, iniciou o estudo de identificação pela 
voz. 
 
1945 
Frank Lundquist, da unidade de medicina legal da Universidade de 
Copenhagen, desenvolveu os testes pela fosfatase ácida para sêmen. 
 
1950 
Disponível em: 
<http://www.aafs.org/>. Acesso em: 
20/01/2009. 
 
 
A Academia Americana de 
Ciências Forenses é criada, assim 
como, se iniciou a publicação do 
jornal científico Journal of Forensic Science, periódico referência na área. 
 
 
 
38 
1953 
 
James D. Watson e Francis Crick descreveram a molécula de DNA. 
 
 
39 
 
1960 
Lucas, no Canadá descreveu pela primeira vez a utilização de 
cromatografia a gás para a identificação de petróleo e seus derivados. 
 
 
40 
1984 
 
Alec Jefrreys desenvolveu o primeiro teste para análise do perfil genético 
para identificar o padrão de sondas multilócus RFLP. 
 
 
 
41 
1986 
 
 
O DNA foi utilizado pela primeira vez para solucionar um crime, sendo o 
exame liderado por Alec Jeffreys, na Inglaterra. 
1983 
Disponível em: 
<http://www.karymullis.com/>. Acesso em: 
14/01/2009. 
 
 
Kerry Mullis inventou o princípio 
da reação de amplificação da polimerase 
(PCR) enquanto estava na Cetus 
corporation. Essa técnica foi à primordial 
para os avanços na análise do DNA 
forense. 
 
 
 
42 
 
1986 
Henry Erlich, da Cetus Corporation desenvolveu a técnica de PCR 
adaptada para o uso forense. 
1987 O DNA foi utilizado pela primeira vez na corte americana. 
1990 
K. Kasai e colaboradores publicaram o primeiro artigo sugerindo a 
utilização do lócus D1S80 para análises forenses, sendo posteriormente 
comercializado pela Cetus corporation. 
1992 
Thomas Caskey, professor americano, sugeriu a utilização de repetições 
consecutivas curtas ou STRs para a análise do DNA forense. A Promega corporation 
e a Perkin-Elmer desenvolveram o primeiro kit de análise de STRs. 
1991 
Walsh Automation Inc, empresa canadense, desenvolveu o Integrated 
Ballistics Identification System para análise comparativa de projéteis e cartuchos. 
 
 
43 
 
1998 
Criação do banco nacional de dados de perfis genéticos de criminosos 
americanos, denominado CODIS. 
 
 
1.2 Breve histórico e definição da perícia criminal no Brasil 
 
O entendimento do desenvolvimento da perícia criminal no Brasil inicia-se com a 
análise da estrutura do sistema judicial e da estrutura policial nacional. Alguns conceitos são 
 
 
44 
primordiais para entender o que é a perícia criminal, entre eles, saber diferenciar a perícia na 
área cível e na área criminal. Espíndula (2006) descreve de forma didática a diferença entre 
Justiça Cível e Criminal: 
“A partir da tipificação dos delitos no Código Penal e Código Civil, onde está 
estabelecida a sua competência, cada segmento da Justiça (Federal ou Estadual) será acionado 
de acordo com a sua competência jurisdicional. Se o delito for classificado como de competência 
federal, caberá a Justiça Federal julgá-lo. Da mesma forma, quando o delito for Estadual, será 
julgado pela Justiça Estadual. 
Outro aspecto importante para a nossa compreensão inicial é quanto à divisão da 
Justiça Criminal e Cível. 
Na esfera da Justiça Cível estão todos os delitos praticados contra o patrimônio, bens 
ou qualquer valor de outrem, cabendo à parte prejudicada acionar a Justiça para ter o seu direito 
reparado. Portanto, é o próprio lesado em seu direito de titular a ação. 
O presente curso estudará noções de perícias criminais, isso quer dizer, aquelas 
designadas pela Justiça Criminal, na qual o Estado é o titular da ação. Obviamente, muitas das 
metodologias periciais a serem estudadas também são realizadas na Justiça Cível, no entanto, 
nesse curso, não se dará ênfase na área cível e sim, somente na criminal. 
O sistema de Segurança Pública no Brasil é dividido em (Espíndula, 2007): 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
“Criminalística é uma ciência que se utiliza do 
conhecimento de outras ciências para poder 
realizar o seu mister, qual seja, o de extrair 
informações de qualquer vestígio encontrado em 
um local de infração penal, que propiciem a 
obtenção de conclusões acerca do fato ocorrido, 
reconstituindo osgestos do agente da infração e, 
se possível, identificando-o. 
(...) É uma ciência que objetiva a individualização e 
a identificação dos vestígios materiais relacionados 
aos delitos em geral, valendo-se das suas próprias 
regras e metodologias e do conhecimento das 
demais ciências, a fim de saber o que aconteceu, a 
maneira como se desenvolveu os fatos e quem 
cometeu o crime.” 
 
Espíndula, 2007 
2 CRIMINALÍSTICA, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E A CARREIRA DE PERITO CRIMINAL E 
SUAS COMPETÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
A criminalística é definida por Aurélio (2004) como “Ciência auxiliar do Direito Penal, a 
qual tem por objeto a descoberta de crimes e a identificação de seus autores.” Os objetos 
presentes na cena de um crime possuem características gerais e específicas, que quando 
analisadas por técnicas cientificamente comprovadas ou caracterizadas, podem proporcionar 
dados suficientes para a identificação de um crime e criminoso. 
A nomenclatura Criminalística, às vezes, é associada como sinônimo de ciências 
forenses. Criminalística é uma palavra derivada do alemão kriminalisticI, que engloba os diversos 
aspectos dos métodos científicos e tecnológicos aplicados a investigação e resolução de 
matérias legais. Criminalística é uma área da ciência forense que envolve a coleta e análise de 
evidências físicas geradas por atividades criminais (Houck e Siegel, 2006). No entanto, muitos 
autores consideram os criminalistas, os cientistas forenses ou como é denominado aqui no 
Brasil, peritos criminais. 
Criminalística é a profissão e a disciplina científica diretamente relacionada ao 
reconhecimento, a identificação, a individualização e a avaliação da evidência física pela 
aplicação das ciências aplicadas às questões legais. Um criminalista utiliza o princípio científico 
da química, da biologia e da física para deduzir informações da cena do crime e da evidência 
física (Gialamas, 2001). 
Traduzindo do inglês forensic science – ciência forense – termo mais comumente 
utilizado para definir a ciência relacionada aos estudos judiciais, ou melhor, a ciência forense é 
descrita como o estudo de associação entre pessoa, lugares e coisas que envolvem atividades 
criminais, na qual diferentes disciplinas assistem na investigação de casos criminais e civis. 
Como profissão, seria aquela composta por cientistas cujo trabalho é responder questões para a 
corte por intermédio de informações e testemunhas (Houck e Siegel, 2006). No Brasil, o termo 
mais comumente utilizado é o de perícias criminais, mas o termo ciências forenses também pode 
ser utilizado, mas para definir o estudo das questões judiciais que envolvem casos criminais e 
civis, e não somente a criminal. 
 
 
48 
Para um melhor entendimento 
acerca das perícias criminais, se fazem 
necessários o entendimento e a 
diferenciação da mesma com a perícia 
cível. Dessa maneira, serão explicados a 
seguir alguns conceitos básicos da 
perícia cível e criminal: 
Segundo o Código de Processo 
Civil (Lei Federal n. 5.869, de 11/01/73) 
em seu artigo 420. “A prova pericial 
consiste em exame, vistoria ou 
avaliação”. Silva (1999) define que as 
perícias são operações destinadas a 
ministrar esclarecimentos técnicos à 
justiça e França (2001) como “um ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por meios 
técnicos e científicos, a existência ou não de uma questão judiciária ligada à vida ou à saúde do 
homem ou que com ele tenha relação”. 
A perícia é requisitada pela autoridade que legalmente estiver conduzindo o inquérito e 
a ação judicial, como o juiz, que poderá ou não nomear um perito (França, 2001; Espíndula, 
2007). O perito nomeado deverá possuir os conhecimentos técnicos ou científicos para a 
realização da mesma. As perícias mais frequentes são realizadas no foro civil e criminal. 
Para a realização de perícias no âmbito civil, o Código de Processo Civil ainda 
acrescenta: 
“Seção II – Do perito 
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o 
juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. 
 
§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente 
inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste 
Código. (Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984) 
 
 
"O dever de um perito é dizer 
a verdade; no entanto, para 
isso é necessário: primeiro 
saber encontrá-la e, depois 
querer dizê-la. O primeiro é 
um problema científico, o 
segundo é um problema 
moral." 
 
 
 Nerio 
Rojas (1966) 
 
 
49 
§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, 
mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. (Incluído pela Lei nº 7.270, 
de 10.12.1984) 
§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os 
requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. 
(Incluído pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984) 
Art. 146. “O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, 
empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo 
legítimo.” 
Nas perícias no fórum civil, caso seja necessário, o juiz nomeia o seu perito, que é 
denominado perito do juiz e cada parte indicará um assistente técnico que poderá elaborar 
quesitos a serem respondidos pelo perito do juiz e também podem criticar, concordar ou 
complementar o laudo do perito oficial, que poderá ser ou não aceito pelo juiz (Código de 
Processo Civil - Lei Federal n. 5.869, de 11/01/73): 
“Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. 
(Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) 
§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho 
de nomeação do perito: 
I - indicar o assistente técnico; 
II - apresentar quesitos. 
(...) 
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. 
Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária. 
Art. 426. Compete ao juiz: 
I - indeferir quesitos impertinentes; 
II - formular os que entenderem necessários ao esclarecimento da causa. 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/1989_1994/L8455.htm#art421
 
 
50 
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na 
contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos 
elucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992) 
Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à 
nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia. 
Art. 429. “Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos 
utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, 
solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como 
instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.” 
As perícias no âmbito criminal são idealmente realizadas por peritos criminais ou 
oficiais. Utilizando as definições dadas por Espíndula (2007), tem-se: 
- PERITO OFICIAL: denominação consagrada no Código de Processo Penal aos 
profissionais que realizam perícias no âmbito criminal, possuindo formação acadêmica, são 
funcionários públicos contratados, mediante concursos públicos para o fim específico de realizar 
exames periciais (Espindula, 2007). 
- PERITO MÉDICO LEGISTA: médico, funcionário público que realiza exames de 
natureza médico-legal nos Institutos de Medicina Legal. 
- PERITO CRIMINAL: profissionais de diversas áreas de formação acadêmica, que 
ingressam nos Institutos de criminalísticamediante concurso público e exercem os mais diversos 
tipos de exames periciais, com exceção os de natureza médico legal, em alguns Estados do 
país, os de odontolegista. Isso se deve ao fato de alguns Estados possuírem o cargo de Perito 
Odontólogo ou odontolegista. 
- PERITO AD HOC: Perito não oficial, nomeado por uma autoridade ou juiz para 
executar um exame específico, nos locais que não existe perito oficial, como é descrito no 
capítulo II do Código de Processo Penal (Decreto-Lei n°3689, de outubro de 1941): 
 
“CAPÍTULO II 
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/1989_1994/L8455.htm#art427
 
 
51 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito 
oficial, portador de diploma de curso superior. (LEI 11.689 de 2008 - alteração em vigor após 
10/08/2008) 
§ 1 o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
§ 2 o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente 
desempenhar o encargo. 
§ 3 o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, 
ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4 o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão 
dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta 
decisão. 
§ 5 o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a 
quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas 
sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as 
respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser 
fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 
§ 6 o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à 
perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na 
presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua 
conservação. 
§ 7 o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento 
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais 
de um assistente técnico. 
 
 
52 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o 
que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 
28.3.1994) 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, 
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer 
hora. 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os 
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o 
que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do 
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas 
permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a 
verificação de alguma circunstância relevante. 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará 
para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto 
circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da 
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a 
sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade 
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem 
encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados 
no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando 
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente 
rubricados. 
 
 
53 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao 
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela 
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se 
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os 
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido 
os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido 
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou 
judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de 
seu defensor. 
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a 
fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do 
Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do 
crime. 
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a 
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a 
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas 
elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e 
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Parágrafo 
acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a 
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas 
fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
 
 
54 
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a 
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, 
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato 
praticado. 
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, 
deterioradas ou que constituam produto do crime. 
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação 
por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver 
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão 
do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, 
observar-se-á o seguinte: 
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, 
se for encontrada; 
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa 
reconhecerou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja 
autenticidade não houver dúvida; 
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que 
existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não 
puderem ser retirados; 
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, 
a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, 
mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão 
as palavras que a pessoa será intimada a escrever. 
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da 
infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. 
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. 
 
 
55 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo 
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação 
poderá ser feita pelo juiz deprecante. 
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. 
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da 
repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. 
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o autorrespectivo, que será 
assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. 
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser 
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame 
as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e 
a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar 
proceder a novo exame por outros peritos. 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, 
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, 
complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, 
por outros peritos, se julgar conveniente. 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou 
em parte. 
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 
19. 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial 
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da 
verdade. 
 
 
 
56 
No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Criminalística, em seu Regulamento 
para a concessão do título de especialista em áreas periciais (2009), emite o título de 
especialista nas seguintes áreas: 
 Especialista em Perícia de Identificação de Veículos; 
 Especialista em Perícia Documentoscópica; 
 Especialista em Perícia de Crimes contra a Vida; 
 Especialista em Perícia de Balística Forense; 
 Especialista em Perícia de Crimes contra o Meio Ambiente; 
 Especialista em Perícia de Fonética Forense; 
 Especialista em Perícia de Crimes de Trânsito; 
 Especialista em Perícia de Crimes de Informática; 
 Especialista em Perícia de Revelação de Impressões Papilares; 
 Especialista em Perícia de DNA Forense; 
 Especialista em Perícia de Laboratório Forense, áreas de Biologia, Química, 
Física, ou Toxicologia; 
 Especialista em Perícia Contábil; 
 Especialista em Perícia de Engenharia Legal. 
 
As especialidades em perícias descritas acima só são emitidas para peritos oficias, 
como disposto no REGULAMENTO PARA A CONCESSÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA 
EM ÁREAS PERICIAIS (Associação Brasileira de Criminalística, 2009): 
 
“Da Concessão 
Art. 3
º 
- O título de especialista será concedido somente aos peritos criminais que 
sejam filiados às suas respectivas entidades de classe estaduais e estas, por sua vez, estejam 
em dia com as suas obrigações junto a ABC, nos termos previstos em seu Estatuto. 
Parágrafo Único - Para satisfazer o requisito previsto no “caput” é necessário que 
esteja filiado, ininterruptamente, a pelo menos 3 (três) anos, o qual deverá ser comprovado pela 
cópia da ficha de inscrição e declaração da sua entidade, assinada pelo Presidente e Tesoureiro. 
 
 
 
57 
Das Condições para se inscrever 
Art. 4
º 
- São condições para o perito criminal se inscrever a realização da prova de 
especialista: 
a) Ter mais de 5 (cinco) anos como perito criminal; 
b) Possuir, pelo menos, 3 (três) anos de efetivo exercício nessas perícias em seu 
respectivo local de trabalho, comprovado pela periódica emissão de, no mínimo, 36 (trinta e seis) 
laudos periciais oficiais; “ 
 
As especialidades de Medicina Legal e Odontologia Legal são devidamente 
regulamentadas pelos respectivos Conselhos Federais de Medicina e Odontologia, devendo o 
profissional ser previamente graduado nas respectivas profissões. 
A criminalística envolve o estudo de todas essas áreas, sendo que cada uma possui 
competências e características distintas e englobam inúmeros conhecimentos que podem ser 
obtidos durante anos de experiência, como descreve a Associação Brasileira de Criminalística. 
Com isso, as instruções e definições que serão dadas a seguir servem como base para o 
conhecimento de como funcionam as perícias criminais em algumas de suas áreas, dando uma 
ênfase maior na parte de identificação humana e crimes contra a pessoa. Essa base auxiliará o 
aluno a perceber o quão extenso, interessante e difícil é o estudo das perícias criminais. 
Os alunos poderão perceber a vasta quantidade de informações para a realização de 
perícias criminais, que nunca poderão ser realizadas somente por um perito ou entendida 
amplamente por uma só pessoa, seja um perito criminal, um investigador, um advogado, um 
delegado, etc.; mas, sim, por um conjunto de pessoas que se unirão para que se traga o 
esclarecimento para a justiça do fato ocorrido. 
No final desse curso, colocaremos alguns dados sobre concursos públicos para o 
ingresso na carreira de perito criminal. 
As perícias criminais são realizadas para os diversos tipos de crimes dispostos no 
Código Penal, mas que são facilmente visualizados nessa tabela 1 elaborada pela Fundação 
Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE (2009), que permite também a visualização da 
quantidade de crimes cometidos no Estado de São Paulo. 
 
 
58 
Tabela 1: Ocorrências policiais e inquéritos policiais instaurados, por Departamento de 
Polícia Judiciária, segundo natureza do crime, no Estado de São Paulo - maior Estado do Brasil, 
2003 
Natureza do Crime 
Ocorrências Policiais 
Decap (1) 
Demacro 
(2) 
Deinter (3) 
 
TOTAL 745.540 413.171 1.436.630 
 
Crimes Contra a Pessoa 110.434 90.653 381.800 
Homicídio Doloso 4.373 3.078 3.656 
Tentativa de Homicídio 2.638 2.234 5.008 
Homicídio Culposo por Acidentes de Trânsito 832 767 3.023 
Homicídio Culposo, Outros 94 59 179 
Indução/Auxílio ao Suicídio 31 53 46 
Aborto 89 66 298 
Lesões Corporais Dolosas 33.010 28.282 121.211 
Lesões Corporais Culposas por Acidentes de 
Trânsito 23.073 16.555 78.305 
Lesões Corporais Culposas, Outras 1.276 734 2.602 
Perigo de Vida ou Saúde 254 217 652 
Maus Tratos 950 933 4.053 
 
 
59 
Omissão de Socorro 120 146 391 
Calúnia, Difamação e Injúria 8.827 7.416 40.160 
Constrangimento Ilegal 877 608 1.735 
Ameaça 32.387 27.162 111.347 
Violação de Domicílio 406 693 3.944 
Outros Crimes Contra a Pessoa 1.197 1.650 5.190 
 
Crimes Contra o Patrimônio 420.228 192.619 554.825 
Roubo Consumado 131.080 45.773 70.884 
Roubo Tentado 2.959 1.100 3.776 
Roubo de Veículo Consumado 41.880 23.396 15.136 
Roubo de Veículo Tentado 729 350 344 
Roubo Seguido de Morte (Latrocínio)187 118 235 
Extorsão Mediante Sequestro 90 109 87 
Extorsão, Outras 401 289 582 
Furto Consumado 104.973 58.406 220.625 
Furto Tentado 2.662 1.385 10.880 
Furto de Veículo Consumado 
5
1.110 
2
0.789 
3
4.916 
Furto de Veículo Tentado 462 183 917 
Furto Qualificado Consumado 34.205 16.337 102.021 
Furto Qualificado Tentado 1.486 493 5.448 
Receptação 3.920 2.591 4.026 
 
 
60 
Apropriação Indébita 2.837 1.699 7.867 
Dano Material 8.058 6.284 33.123 
Estelionato 28.666 10.712 29.210 
Fraudes Diversas 440 202 1.348 
Outros Crimes Contra o Patrimônio 4.083 2.403 13.400 
 
Crimes Contra os Costumes 3.405 2.910 9.663 
Estupro Consumado 1.135 932 1.775 
Estupro Tentado 251 182 629 
Atentado Violento ao Pudor 1.222 1.025 3.010 
Sedução 47 66 222 
Corrupção de Menores 59 54 333 
Rapto 70 86 355 
Incentivo à Prostituição 40 16 262 
Ato Obsceno 369 232 1.624 
Outros Crimes Contra os Costumes 212 317 1.453 
 
Crimes Contra a Família 468 423 3.227 
Abandono Material 221 178 1.417 
Outros Crimes Contra a Família 247 245 1.810 
 
Crimes Contra a Fé Pública 3.606 1.700 6.146 
 
 
61 
Moeda Falsa 466 249 1.358 
Falsidade de Títulos e Documentos 881 345 940 
Outras Falsidades 565 122 551 
Uso de Documento Falso 783 457 1.822 
Falsa Identidade 272 169 344 
Outros Crimes Contra a Fé Pública 639 358 1.131 
 
Crimes Contra a Administração Pública 5.371 5.157 18.269 
Peculato 20 12 68 
Corrupção 55 38 129 
Resistência 282 191 711 
Desacato 584 797 6.261 
Contrabando ou Descaminho 31 21 267 
Comunicação Falsa de Crime 99 77 204 
Falso Testemunho 24 19 59 
Exercício Arbitrário das Próprias Razões 1.273 1.135 3.493 
Fuga de Presos 217 146 655 
Desobediência 660 890 3.584 
Outros Crimes Contra a Administração 
Pública 2.126 1.831 2.838 
 
Crimes Contra a Incolumidade Pública 6.497 3.656 33.094 
Incêndio 663 485 4.882 
 
 
62 
Tráfico de Entorpecentes 2.422 1.502 9.080 
Uso de Entorpecentes 3.041 1.302 17.122 
Outros Crimes Contra a Incolumidade Pública 371 367 2.010 
 
Crimes Diversos 261 117 785 
 
Leis Especiais 10.511 7.731 43.742 
Corrupção de Menores - Lei nº 2.252/54 29 34 79 
Crime de Racismo 49 20 118 
Porte de Arma 4.159 2.776 10.412 
Disparo de Arma de Fogo 497 243 1.777 
Falta de Habilitação 1.927 1.921 8.698 
Direção Perigosa 654 441 6.173 
Outros Crimes 3.196 2.296 16.485 
 
Contravenções Penais 7.258 5.114 50.764 
Vias de Fato 2.646 1.990 24.272 
Perturbação de Trabalho e Sossego 1.598 1.216 12.388 
Jogo do Bicho 97 29 307 
Embriaguez 1.380 825 2.174 
Outras Contravenções Penais 1.537 1.054 11.623 
 
 
 
63 
Não Criminais 177.501 103.091 334.315 
Suicídio Consumado 349 251 844 
Suicídio Tentado 341 805 4.391 
Desinteligência 1.768 792 6.095 
Queda Acidental 834 362 2.934 
Perda/Extravio de Documento 51.303 17.893 51.540 
Desaparecimento de Pessoa 6.512 5.406 9.583 
Morte Suspeita 12.250 9.182 5.180 
Veículo Localizado 38.149 21.275 25.385 
Acidente de Trabalho 211 230 2.760 
Outros Não Criminais 65.784 46.895 225.603 
Fonte: Secretaria da Segurança Pública - SSP/Delegacia Geral de Polícia - 
DGP/Departamento de Administração e 
Planejamento - DAP/ Núcleo de Análise de Dados; Fundação Seade. 
(1) Departamento de Polícia Judiciária da Capital. 
(2) Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo. 
(3) Departamentos de Polícia Judiciária de São Paulo Interior. 
Nota: Com a aprovação da Lei nº 9.099, de 26/11/1995, as ocorrências policiais 
referentes a crimes e contravenções penais; 
Passíveis de pena de reclusão de até 1(um) ano, são remetidas ao Poder Judiciário através de 
"Termos Circunstanciados", 
Não sendo necessária a instalação de Inquérito Policial. Deste modo, a partir de janeiro 
de 1996, as ocorrências, 
policiais passam a ser compostas pela soma dos boletins de ocorrências policiais e 
 
 
64 
termos circunstanciados. 
Não inclui as ocorrências policiais registradas e inquéritos instaurados pelos 
Departamentos Especializados da Polícia Civil 
(Deatur, DHPP, Deic, Denarc, etc.). Dados preliminares. 
Dessa maneira, podemos observar que existem inúmeros tipos de crimes, sendo que 
nesse curso, a ênfase será dada para os crimes contra a pessoa e aqueles que estão 
relacionados com eles. 
Nerio Rojas (Rojas, 1936) elaborou um guia extremamente didático e objetivo disposto 
em 10 postulados com recomendações da prática forense, orientando aspectos técnicos e 
científicos da perícia médico-legal, podendo se estender as perícias odontolegais. São eles: 
 
1°) O perito deve atuar com a ciência do médico, a veracidade da testemunha e a 
equanimidade do juiz: 
O perito deve possuir conhecimento intelectual profundo de todas as áreas dentro da 
medicina (ou da odontologia), manter sempre a sinceridade e a veracidade devido à importância 
do laudo pericial para o juiz. 
 
2°) É necessário abrir os olhos e fechar os ouvidos: 
Não confiar nas palavras ditas pelas pessoas e sim em provas e fatos comprovados. 
 
3°) A exceção pode ser tanto valor como regra: 
Casos excepcionais na literatura científica podem não ser raros na medicina legal ou 
na odontologia legal. 
 
4°) Desconfiar dos sinais patognomônicos 
A perícia deve juntar o maior número possível de fatos, provas e elementos para a 
posterior conclusão e não pela análise de sinais patognomônicos. 
 
5°) Deve-se seguir o método cartesiano: 
Dividir ordenadamente o pensamento e consequentemente a procura pelos elementos 
que farão parte do laudo pericial. 
 
 
65 
 
 
6°) Não confiar na memória: 
Anotar devidamente tudo que foi realizado, suas dúvidas e questionamentos. 
 
7°) Uma necropsia não pode ser refeita: 
Realizar uma necropsia bem feita com cautela e cuidado, a fim de evitar perícias 
sucessivas, que podem ser dificultadas devido às condições do corpo ou mesmo da 
impossibilidade de recuperação do material para estudo. 
 
8°) Pensar com clareza para esclarecer com precisão: 
O laudo deve ser escrito com fundamento científico lógico e coerente, evitando 
contradições. 
 
9°) A arte das conclusões consiste nas medidas 
As conclusões periciais devem ser cuidadosamente “pesadas”, “medidas”, isto é, 
analisadas e reanalisadas quantas vezes o perito julgar necessário, pois a interpretação de texto 
de uma pessoa pode ser diferente de outra. 
 
10°) A vantagem da medicina legal está em não formar uma inteligência exclusiva e 
estritamente especializada: 
A medicina e odontologia legal abrangem diversas áreas do conhecimento, 
principalmente o Direito, a Biologia, a Física, a Química entre outros. 
 
França (2001) elaborou um Decálogo Ético do Perito, norteando os princípios éticos 
para auxiliar os peritos: 
 
1°) Evitar conclusões intuitivas e precipitadas 
Ter prudência e concluir racionalmente baseado em fundamentos científicos. 
2°) Falar pouco e em tom sério. 
Falar o imprescindível, argumentando e apresentando evidências em momento 
oportuno. 
 
 
66 
3°) Agir com modéstia e sem vaidade 
O sucesso e fama devem depender da ótima conduta ética do profissional. 
4°) Manter o segredo exigido 
O sigilo pericial deve ser respeitado 
5°) Ter autoridade para ser acreditado 
Decidir com firmeza e manter suas decisões. 
6°) Ser livre para agir com isenção 
Não permitir que convicções, paixões e ideologias influenciem o resultado. 
7°) Não aceitar a intromissão de ninguém 
Não aceitar que alguém deforme sua conduta ética e profissional 
8°) Ser honesto e ter vida pessoal correta 
É preciso ser honesto para ser justo, conferindo credibilidade e respeitabilidade. 
9°) Ter coragem para decidir 
O que sabe, o que não sabe. 
10°) Ser competente para ser respeitado 
Atualizar os estudos permanentemente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
3 TIPOS DE IDENTIFICAÇÃO 
 
 
A primeira divisão da identificação humana é a de ordem jurídica, dividindo-a em civil e 
criminal. A identificaçãocivil é aquela que caracteriza um cidadão e ocorre a partir do momento 
do registro de seu nascimento no cartório, onde é expedida a certidão de nascimento, 
posteriormente ocorre à obtenção do registro civil (R.G.) e as identidades funcionais de 
profissionais liberais, expedidas pelos respectivos conselhos de classe, como por exemplo, a 
carteira do cirurgião-dentista, do médico, do advogado, etc. Já a identificação criminal é utilizada 
para identificar pessoas vivas ou mortas, quando não há possibilidade de identificá-las pela 
identificação civil, como, por exemplo, pelo R.G (Espíndula, 2007). 
A identificação é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa (Silva, 
1997) ou um conjunto de procedimentos diversos para individualizar uma pessoa ou objeto 
(Vanrell, 2003). Já a identidade é o conjunto de caracteres físicos, funcionais ou psíquicos, que 
individualizam determinada pessoa (Simas Alves, 1965, e Vanrell 2003) ainda acrescenta que 
“além da identificação física, inclui todos os elementos que possam individualizar uma pessoa, 
como: estado civil, filiação, idade, nacionalidade, condição social, profissão, etc.” 
Leitão e Silva (2003) acrescentam que “a finalidade da identificação é permitir, de 
modo rigoroso e exato, a fixação da personalidade jurídica do indivíduo para todos os atos de 
sua vida pública ou privada”, abrangendo de forma completa a definição da identificação. 
 
 
 
 
68 
Um método de identificação é aceito ao preencher os requisitos de unicidade e 
imutabilidade segundo Simas Alves (1965) e atualmente, Silva (1997), França (2001) e Vanrell 
(2003) acrescentam além desses, a perenidade, praticabilidade e classificabilidade: 
 
 UNICIDADE: o conjunto de caracteres pessoais não pode ser repetido em outro 
indivíduo; 
 IMUTABILIDADE: As características não mudam com o tempo; 
 PERENIDADE: Os caracteres devem se manter ao longo do tempo, resistindo 
por toda a vida e até após a morte; 
 PRATICABILIDADE: Procedimento praticável no dia-a-dia pericial; 
 CLASSIFICABILIDADE: importante para o arquivamento dos dados, assim como 
a facilidade de comparação post-mortem. 
 
Segundo Simas Alves (1965) a identificação é dividida em: 
1. Identificação Judiciária ou Policial: são métodos utilizados para reconhecimentos 
técnicos, caracterizando o indivíduo. E segundo Leitão e Silva, são divididos em: 
a. Identificação civil: estipula a personalidade jurídica da pessoa; 
b. Identificação criminal: visa colher informações sobre antecedentes ou ações 
criminais; 
2. Identificação Médico-legal: exige conhecimentos médico-legais para chegar à 
identidade. Os conhecimentos em odontologia legal também fazem parte dessa divisão. 
Segundo Espíndula (2007), a identificação criminal pode ser dividida em dois grupos 
principais: 
 Identificação conclusiva: modalidade que sozinha identifica alguma pessoa. 
 Identificação não-conclusiva ou excludente de hipóteses: não são conclusivas, 
mas auxiliam na identificação de uma pessoa. 
Obviamente, não se pode esquecer que mesmo com essa divisão de modalidades de 
perícias na identificação humana, são poucas as vezes que se utiliza somente um método de 
identificação e pode acontecer também de uma técnica classificada como conclusiva não permitir 
 
 
69 
dados suficientes para a identificação. Isso pode ocorrer na identificação de uma impressão 
digital, onde a mesma não se encontra inteira e sim parcial. 
 
 
Breve Histórico da identificação criminal 
 
“Olho por olho, dente por dente” 
(Código de Hamurabi, 1730 A.C. apud Cultura Brasileira, 2008) 
 
A Lei ou Pena de Talião, descrita acima, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e 
da pena — apropriadamente chamada retaliação, sendo provavelmente, o registro mais antigo 
de um método de punição de criminosos. Os primeiros indícios da lei de talião foram 
encontrados no Código de Hamurabi (Figura1), em 1730 a.C., no reino da Babilônia Quanto às 
leis criminais, vigorava a "lex talionis": a pena de morte era largamente aplicada, seja na 
fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação. A mutilação era infligida de acordo com a 
natureza da ofensa. Com isso, muitas das marcas realizadas em crimonosos, consequentes 
dessa punição, eram passíveis de serem identificadas visualmente. A noção de "uma vida por 
 
 
70 
uma vida" atingia aos filhos dos causadores de danos aos filhos dos ofendidos. As penalidades 
infligidas sob o Código de Hamurabi ficavam entre os brutais excessos das punições corporais 
das leis mesopotâmicas assírias e das mais suaves, dos hititas. A codificação propunha-se a 
implantação da justiça na terra, a destruição do mal, a prevenção da opressão do fraco pelo 
forte, a propiciar o bem-estar do povo e iluminar o mundo. Essa legislação estendeu-se pela 
Assíria, pela Judeia e pela Grécia (Código de Hamurabi, 1730 A.C. apud Cultura Brasileira, 
2008) 
Com isso, um dos registros mais antigos de identificação criminal era utilizado na Velha 
Mesopotâmia, com processos extremamente brutais e bárbaros como mutilações, marcas, 
tatuagens, que não só castigavam como estigmatizavam as pessoas. Amputavam orelhas, 
mãos, braços para criminosos adversos e arrancavam a língua do blasfemador e do caluniador 
(Simas Alves, 1965). Outros tipos de métodos brutais eram realizados por barras e instrumentos 
de ferros aquecidos em brasa para marcar corpos de criminosos, para facilitar a identificação dos 
mesmos (Leitão e Silva, 2003). 
 
Figura 1: Fotografia do Código Hamurabi que está escrito em 46 colunas de 2,5 metros de altura. 
 
 
71 
Com o passar dos séculos e os adventos tecnológicos, outros tipos de processos para 
a identificação judicial foram utilizadas. O assinalamento sucinto de estatura, sexo, cor de pele, 
idade, cor dos olhos, cabelos e outras características é utilizado até hoje, principalmente em 
documentos de identificação (Leitão e Silva, 2003) e quando se procuram pessoas 
desaparecidas (Figura 2) ou suspeitas de crimes (Figura 3). 
 
 
Figura 2: Consulta de dados cadastrais vinculados ao Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. 
 
 
 
72 
 
Figura 3: Descrição do crime, retrato falado e descrições físicas de suspeito procurado 
atualmente pelo FBI. 
 
 
 
73 
As fotografias são realizadas até hoje para a identificação individual em documentos e 
são primordiais no reconhecimento de pessoas, no entanto, existe a dificuldade de classificação 
em razão as alterações de traços fisionômicos e presença de sósias e operações plásticas. O 
retrato falado também é utilizado para identificação de criminosos, sendo mais próximos da 
realidade quando ditados e revelados por pessoas detalhistas e que guardam facilmente uma 
fisionomia (França, 2001; Leitão e Silva, 2003). 
O Sistema Antropométrico de Bertillon foi o 1° método científico de identificação e foi 
introduzido em 1882 em Paris e será mais bem estudado no capítulo de noções de antropologia. 
Existem diversos métodos que foram desenvolvidos para a identificação humana, no 
entanto, somente o método datiloscópico de Vucetich merece um estudo mais detalhado nesse 
curso. 
Atualmente, além dos métodos científicos de identificação, ocorre o reconhecimento 
dos familiares e amigos por meio de visualização do cadáver íntegro e/ou por pertences 
particulares como alianças de casamento, roupas, pertences íntimos, entre outros. As tatuagens 
também fazem parte do elenco de observações realizadas para o reconhecimento do corpo 
(Figura 4). 
 
 
Figura 4: Visualização parcial de tatuagem em cadáver do sexo feminino em 
putrefação. 
 
 
 
74 
4 EXAME PERICIAL EM LOCAL DE CRIME 
 
 
Figura 5: Esqueletos encontrados em uma vala na Etiópia. 
 
 
 
“Local do crime é a área física onde ocorreu um fato – não 
esclarecido até então - que apresente características e/ou 
configurações de um delito.” 
Espíndula (2007) 
 
 
75 
As ações realizadas nolocal suspeito de ter ocorrido algum crime podem ser 
primordiais para a resolução ou não de um caso. Dessa maneira, é de suma importância que o 
perito tenha conhecimentos acerca da constatação e da preservação da cena do crime para 
posterior perícia do local. 
A investigação da cena do crime é o início do sucesso do uso de evidência física pelo 
laboratório forense e o investigador criminal. Mais do que tudo, a cena do crime deve ser 
apropriadamente gerenciada e 
investigada da melhor maneira 
possível. A alta qualidade de uma 
investigação da cena do crime é um 
processo simples, mas metódico. Não 
é rígido, mas segue um conjunto de 
princípios e procedimentos que 
asseguram que todas as evidências 
físicas sejam encontradas e 
investigadas para que a justiça seja 
alcançada. 
Toda a cena de crime é 
única e, com experiência, o 
investigador da cena do crime será 
capaz de utilizar sua lógica e técnicas 
sistemáticas para obter conclusões 
com sucesso. O único fator consistente em cenas do crime é a sua inconsistência. Devido a sua 
diversidade, elas são classificadas de diversas maneiras, segundo Miller (2005): 
(1) Segundo a localização; 
Definições 
Crime: “Segundo o conceito formal, violação 
culpável da lei penal; delito” (Aurélio, 
2001) 
Evidência: “Caráter de objeto de conhecimento 
que não comporta nenhuma dúvida 
quanto à sua verdade ou falsidade.” 
(Aurélio, 2001) 
Evidência: “é o vestígio, que após as devidas 
análises, tem constatado técnica e 
cientificamente, a sua relação com o 
crime” (Espíndula, 2006). 
Vestígio:” Sinal que homem ou animal deixa com 
os pés no lugar por onde passa; rastro, 
rasto, pegada, pista” (Aurélio, 2001) 
Vestígio “é todo objeto ou material bruto 
constatado e/ou recolhido em um local 
de crime para análise posterior” 
(Espíndula, 2006). 
 
 
“Local de crime constitui um livro extremamente frágil e delicado, cujas páginas por 
terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro, ao simples toque de mãos imprudentes, 
inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo para sempre, os dados preciosos que 
ocultavam à espera da argúcia dos peritos.” 
Rabelo (1995) 
 
 
76 
(a) Primária: origem da primeira atividade relacionada ao crime; 
(b) Secundária: outros locais relacionados ao crime. 
 
(2) Segundo o tamanho: 
(a) Cena do crime macroscópica: todos os elementos que são visualizados na 
cena do crime, sem auxílio de equipamentos específicos. Ex: o corpo, o esqueleto, o carro, o 
ambiente, etc.; 
(b) Microscópica: evidências físicas microscópicas encontradas na cena 
macroscópica. Por exemplo: resíduos de pólvora, traços de pelos e fibras, impressões digitais, 
etc. 
(3) Segundo o tipo de crime. Ex: homicídio, roubo, agressão sexual, etc.; 
(4) Segundo a condição: organizada ou desorganizada. 
A cena do crime normalmente é classificada utilizando um conjunto de definições 
citadas anteriormente. O objetivo de qualquer investigação da cena do crime é reconhecer, 
preservar, coletar, interpretar e reconstruir toda a evidência física relevante da cena do crime. 
Um laboratório forense examina o vestígio para providenciar ao investigador informações para 
que possa solucionar o caso. A integração da investigação da cena do crime com o exame do 
vestígio encontrado na mesma forma a base da investigação científica da cena do crime. A 
seguir, será descrito alguns tipos de informações obtidas do exame do vestígio em investigações 
criminais, segundo Miller (2005): 
(1) Informações do corpo de delito: as evidências físicas, o padrão da evidência e 
os exames laboratoriais auxiliam na investigação. 
(2) Informações sobre o modus operandi: criminosos utilizam de métodos 
personalizados e próprios para a execução dos diversos tipos de crime. 
(3) Ligação de pessoas, cena do crime e objetos: ligar suspeitos às vítimas é a mais 
importante e comum ligação estabelecida por uma evidência física em investigações criminais. 
 
 
 
77 
 
Figura 6: Esquema dos procedimentos realizados para a individualização de algum vestígio. 
 
 
Resumidamente, a cena do crime deverá seguir alguns passos, como descreve 
didaticamente Siegel (2005): 
 
 
78 
 
Figura 7: Esquema representativo dos passos que ocorrem na investigação da cena do 
crime, segundo Siegel (2005). 
 
 
A Agência Federal de Investigação dos Estados Unidos (EUA), mais conhecida como 
FBI (Federal Bureau of Investigation), em 2000 elaborou um guia para a investigação da cena do 
crime (TWGCSI – Grupo de trabalho técnico da investigação da cena do crime, 2000). Esse 
manual visa à padronização das práticas adotadas para a investigação da cena do crime dos 
policiais e peritos americanos, tornando-se referência em investigação da cena do crime. Eles 
elaboraram esse manual dividindo em cinco sessões distintas: chegada à cena do crime, 
documentação preliminar e avaliação da cena, processando a cena, finalizando a investigação 
da cena do crime. 
 
 
 
79 
 
1) Chegada à cena do crime: 
Um dos cuidados mais importantes da 
perícia criminal são a manutenção das 
evidências físicas e a preservação da cena 
do crime, que deve ser realizada 
imediatamente após a constatação da 
cena do crime, e é realizado normalmente 
pela polícia local (Figura 8); 
a) Anotar o local, a 
localização, data, tipo de ocorrência, casas, veículos, eventos ocorridos e elementos envolvidos; 
b) Não permitir que pessoas, veículos ou objetos saem da cena do crime, 
identificando possíveis vítimas e suspeitos; 
c) Aproximar-se da cena cuidadosamente e verificar a possibilidade de outros 
crimes ao redor; 
d) Realizar observações iniciais (olhar, ouvir e cheirar) o ambiente e anotá-los; 
e) Observar a possibilidade de perigo de explosão e contaminação por materiais 
perigosos ou tóxicos, para chamar policiais especializados para analisar a cena do crime; 
f) Não permitir que pessoas, veículos ou animais se aproximam da cena do crime, 
evitando contaminações e perigos como explosões; 
g) Após controlar situações de perigo e isolar a área, a próxima atenção é chamar 
socorro médico para dar a atenção médica necessária aos feridos, minimizando ao máximo a 
contaminação da cena do crime. 
h) Anotar todas as etapas dos cuidados médicos, desde sua hora de chegada até 
os cuidados prestados; 
i) Assegurar que evidências como roupas, objetos e manchas encontradas no 
corpo sejam preservadas pela equipe médica; 
j) Documentar todos os comentários e testemunhos de pessoas envolvidas ou 
presentes no local do crime ou ao seu redor; 
 
 
Cadeia de custódia é tanto o procedimento 
quanto a documentação de tudo que é 
realizado para cada vestígio encontrado na 
cena do crime. Podemos ter o processo de 
cadeia de custódia e a documentação da 
cadeia de custódia. 
(Fonte: Siegel, 2001). 
 
 
 
 
80 
 
Figura 8: Esquema de isolamento da cena do crime. 
 
 
k) Um oficial da polícia deve sempre que possível acompanhar a vítima para o 
hospital para garantir a preservação das evidências ou mesmo documentar comentários feitos 
pelo paciente; 
l) Lacrar a cena do crime com faixas e adesivos (Figura 8); 
m) Controlar o fluxo de pessoas, inclusive peritos e outros policiais; 
n) Se possível, efetuar mensurações, e se puder fotografias com escalas, para 
preservar as evidências como pegadas, marcas de pneu no chão, etc., presentes na cena do 
crime se houver a possibilidade de chover, ou nevar ou derreter (se for gelo); 
 
 
81 
 
Figura 9: Isolamento da cena do crime com faixas específicas e marcadores de vestígios. 
 
 
o) Não permitir que qualquer pessoa fume, masque chiclete, use o telefone ou 
banheiro, coma ou beba qualquer coisa, mexa nos vidros e janelas, mude os móveis de lugar, 
etc., ou seja, não permitir que alguém mexa em qualquer objeto presente na cena do crime ou ao 
seu redor; 
p) Toda documentação e anotações feitas pelo policial devem ser entregue ao 
investigadorde polícia para posterior estudo e análise. 
 
2) Documentação preliminar e avaliação da cena: 
a) O investigador de polícia deverá documentar todas as informações recolhidas 
pelo policial, organizá-las e identificá-las com os dados da região do crime (delegacia, 
responsável, cidade, estado, etc.); 
b) Continuar toda a manutenção da cena do crime descrita anteriormente, 
documentado todas as pessoas que estiver participando da investigação; 
c) Definir estratégias para a análise fotográfica (Figura 10) e recuperação dos 
vestígios encontrados na cena do crime. 
 
 
82 
 
Figura 10: Bertillion desenvolveu um sistema de câmera e tripé alto para a tomada 
fotográfica de cenas do crime no início do século XX. 
 
 
3) Processando a cena: 
 
a) O investigador deverá avaliar e posteriormente solicitar a presença de peritos 
criminais de acordo com a especialidade envolvida; 
b) O controle da contaminação deve ser extremamente rígido, evitando-se a 
contaminação dos profissionais, das vítimas, da cena do crime, dos objetos, etc.; 
c) Utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas (obrigatório), 
gorros e protetores de sapato (se necessário); 
d) Todo material utilizado para coleta das evidências devem estar devidamente 
limpos ou até esterilizado se for para coleta de material biológico e devem ser corretamente 
acondicionados, que será descrito no final desse módulo com maiores detalhes; 
 
 
83 
e) Toda evidência deve ser corretamente documentada, com localização, 
identificação e condições que se encontravam, fotografada com escalas de referência e/ou 
filmadas antes de ser removida da cena do crime (vide próximo capítulo); 
f) Analisar e verificar a metodologia utilizada para a coleta da evidência. Por 
exemplo, cada método requer equipamentos e materiais diferenciados para a sua realização, por 
exemplo, para se fazer análise de impressões digitais não se utiliza o mesmo equipamento para 
análise de marcas de mordidas, e assim por diante; 
g) Documentar qualquer intercorrência ou dificuldade ocorrida durante a coleta do 
material; 
h) Preservar adequadamente o material coletado com a finalidade de minimizar sua 
degradação: refrigerado, congelado, local seco, local úmido, etc.; 
i) Encaminhar para os respectivos laboratórios periciais. 
 
4) Finalizando a investigação da cena do crime: 
a) Determinar quais evidências foram coletadas; 
b) Discutir com toda equipe envolvida sobre a cena do crime, intercorrências e 
evidências. 
 
A análise da cena do crime deverá ser realizada segundo padrões específicos de 
procura, como descreve Miller (2006) (Quadro 1), sendo que a metodologia mais recomendada 
varia de caso para caso, devendo o perito estudar e consequentemente escolher a forma mais 
adequada para a sua realização. 
 
Quadro 1: Tipos de procura em cena do crime, segundo seu padrão geométrico e suas 
descrições: 
Tipo de procura Padrão 
geométrico 
Descrição 
Método de 
ligação 
 Baseado na teoria de ligação, mais comum e 
produtiva; um tipo de evidência liga a outra; experimental, 
lógica e sistemática; utilizadas em cenas grandes e 
pequenas, em cenas internas e externas. 
 
 
84 
Método linear 
 
Funciona melhor em grandes cenas em 
ambientes externos; requer um coordenador de busca, na 
qual, geralmente voluntários com instruções preliminares 
auxiliam na sua realização. 
Método em 
grade 
 
Modificação do método linear, com duas 
vertentes; efetivo, mas consome muito tempo. 
Método em zona 
 
Utilizado melhor em cenas com definição de 
zonas ou áreas eletivas em casas ou construções; times 
são designados para áreas menores para procura; 
combinada com outros métodos. 
Método em roda 
ou raio 
 
Utilizada em situações especiais; limitada 
aplicação; melhor se utilizada em espaços pequenos e 
circulares. 
Método em 
espiral 
 
Pode ser de dentro para fora ou de fora para 
dentro. Utilizada em cenas do crime sem barreiras físicas; 
requer uma habilidade de traçar um padrão regular com 
diâmetros fixos; aplicação limitada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 TIPOS DE VESTÍGIOS NOS LOCAIS DO CRIME 
 
Uma das práticas mais comuns é coletar tudo que possibilita ser utilizado como 
evidência. No entanto, se todos os objetos da cena são coletados e submetidos a um laboratório 
forense para análise, além de sobrecarregar as instituições que as realiza, a maioria dos objetos 
não trará valor probatório. Essa é uma prática que não é somente uma perda de tempo e de 
recursos, mas sim causa problemas legais e de investigação. Agora, se uma evidência crítica 
para a investigação é omitida ou negligenciada ou preservada inapropriadamente, mesmo com o 
uso de recursos extremamente modernos, não haverá possibilidade de salvar a investigação. 
Assim, um sistema deve ser desenvolvido para que o vestígio relevante seja reconhecido e 
localizado, enquanto o material supérfluo é excluído (Lee et al, 2001). 
O objetivo da procura na cena do crime é localizar todos os vestígios potencialmente 
relevantes e significativos que podem ser utilizados para ligar ou exonerar um suspeito ou 
testemunha de um crime. A experiência e o treinamento irão auxiliar um investigador ou preito 
criminal em determinar as evidências mais encontradas, mas a experiência também revelará que 
não há dois casos iguais. Um conceito conhecido como a teoria da ligação de quatro caminhos 
explica as inter-relações entre uma cena do crime, uma vítima, um suspeito e a evidência física 
(Figura 11). Entendendo-se essa conexão, irá proporcionar orientação para determinar onde as 
evidências podem estar localizadas. Na teoria, se existirem associações entre dois ou mais 
desses componentes, como cena, vítima, suspeito e evidência física, o caso poderá ser 
resolvido. Quanto mais associações, maior é a probabilidade de sucesso na resolução do caso. 
(Lee et al, 2001). 
 
 
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Figura 11: Associações entre a vítima, o suspeito e as evidências em uma cena de um 
crime, segundo Lee et al (2001). 
 
 
Tipos de evidências físicas, segundo Lee et al (2001): 
 
1. Impressões digitais e outras; 
a. Impressões latentes: aquelas que não são possíveis de serem visualizadas sem 
auxílio de um produto colorante ou luz específica; 
b. Impressões visíveis: visualizada sem técnicas específicas; 
c. Impressões em plásticos ou em três dimensões: Exemplos: em argamassa, em 
plásticos amolecidos, etc.; 
d. Impressões de eliminação: aquelas pertencentes aos indivíduos que frequentam 
normalmente o local antes do crime acontecer e que não necessariamente estão envolvidos; 
e. Impressões na pele humana: impressões digitais podem ser encontradas na 
pele, na íris da vítima. Apesar de ser coletada com dificuldade, pode fornecer dados do suspeito. 
 
 
 
 
 
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2. Evidências impressas: 
a. Impressões: em papel, em livros, na parede, etc.; 
b. Entalhes em relevo em papéis: ocorre quando uma pessoa escreve em uma 
folha que está em cima de outras, marcando-as em relevo. 
c. Padrões conhecidos para comparação: exclusão ou inclusão de escritas, 
documentos, livros impressos para comparar com outros impressos encontrados na cena do 
crime. 
 
3. Evidências de fibras e cabelos/pelos: 
a. Evidências de cabelos e pelos: fios de cabelos ou pelos, tanto da vítima como 
do suspeito, podem ser encontrados na cena do crime. Pelos de animais de estimação, como 
cães e gatos, também são utilizados para comparação, pois o criminoso, ao possuir esses 
animais, pode deixar na cena do crime material suficiente para uma análise comparativa do perfil 
genético do animal; 
b. Evidências de fibras: as fibras encontradas podem estar associadas aos tecidos 
das roupas que os criminosos utilizavam no momento do crime ou mesmo associados ao local 
ou ambiente que vive. 
 
4. Outras evidências: 
a. Evidências de vidros; 
b. Evidências de pinturas; 
c. Evidências de solo. 
 
5. Armas de fogo e

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