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AULA 3 MERCADOS FINANCEIROS

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DESCRIÇÃO
O mercado de crédito: organização e funcionamento. Os produtos oferecidos e
seus reflexos na economia do país.
PROPÓSITO
Apresentar o funcionamento do mercado de crédito, das instituições financeiras e
dos produtos oferecidos para a formação de um bom gestor de recursos financeiros
e para o planejamento financeiros dos indivíduos e das corporações.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste tema, tenha em mãos uma calculadora capaz de
realizar as quatro operações fundamentais ou acesso a uma planilha eletrônica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o funcionamento e a importância da intermediação financeira e do
mercado de crédito
MÓDULO 2
Reconhecer os diferentes atores do mercado de crédito e suas formas de captação
de recursos junto aos agentes superavitários
MÓDULO 3
Comparar os diferentes produtos ofertados no mercado de crédito aos agentes
deficitários
INTRODUÇÃO
Característico do mercado de crédito, o processo de intermediação financeira tem
papel relevante no desenvolvimento econômico de qualquer nação. É por meio
desse processo que os agentes que necessitam tomar recursos para desenvolver
atividades econômicas encontram-se com os chamados agentes poupadores.
Com recursos disponíveis, os poupadores desejam obter rendimentos financeiros
com a intermediação de instituições financeiras que tornem possível e eficiente a
conciliação das mais diversas expectativas de prazos e volumes que essa multidão
de agentes possui.
Ao longo deste tema, explicaremos o funcionamento o mercado de crédito,
apontando quem são seus principais atores, como eles captam recursos e os
principais produtos ofertados. Também veremos a quais riscos as instituições estão
sujeitas e os mecanismos de mitigação de que elas dispõem.
MÓDULO 1
 Descrever o funcionamento e a importância da intermediação financeira e
do mercado de crédito
PALAVRAS INICIAIS
fizkes/shutterstock
Neste módulo, exploraremos a intermediação financeira e o funcionamento do
mercado de crédito, explicando como ele se organiza e como as instituições
financeiras são remuneradas por sua operação. Também veremos a distinção entre
o crédito livre e o direcionado.
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
Em qualquer economia, podemos distinguir dois tipos de agentes:
AGENTES SUPERAVITÁRIOS
Formadores de poupança que desejam guardar recursos para eventuais
necessidades futuras e buscam remunerar esses recursos.

AGENTES DEFICITÁRIOS
Tomadores de recursos para fins diversos, como o consumo ou o desenvolvimento
de uma atividade produtiva, que estão dispostos a pagar uma remuneração pelo
acesso àqueles que estejam disponíveis.
Podendo ser pessoas físicas ou jurídicas, esses inúmeros agentes têm diferentes
expectativas de remuneração, prazo e volume de recursos que querem ofertar ou
tomar. Além disso, possuem diferentes características de aversão a risco, idade,
faixa de renda, atividade desempenhada, localização geográfica e histórico de
crédito, ou seja, perfis de risco distintos.
Por conta disso, seria muito difícil para um agente encontrar, por conta própria, uma
contraparte que se adequasse perfeitamente às suas expectativas sem o auxílio de
um intermediário. Tendo isso em vista, observemos os seguintes casos:
 
Fonte: Una Shimpraga/Shutterstock
João recebeu um pagamento inesperado de R$5.000. Como só pretender usar
esses recursos em seis meses, ele deseja investir o dinheiro por esse período
como forma de remunerá-lo. No entanto, João é bastante avesso a riscos e quer ter
a certeza de que receberá o valor investido ao final do período.
 
Fonte: HNK/Shutterstock
Pedro, por sua vez, está desempregado. Ele precisa comprar uma nova geladeira
no valor de R$1.000, mas não possui esse recurso. Ele gostaria de tomá-lo
emprestado para pagar em um ano.
 
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
Maria possui um comércio que está dando bons resultados e deseja abrir uma nova
loja para expandir seus negócios. Ela quer tomar R$20.000 emprestados para
pagar em dois anos.
 
Fonte: Syda Productions/Shutterstock
José vendeu seu carro e gostaria de investir os R$15.000 que obteve de receita
com essa venda por três meses, quando fará uma viagem.
Os dois agentes poupadores (João e José) querem emprestar, enquanto os
dois deficitários (Pedro e Maria) desejam tomar recursos emprestados. No
entanto, diferentes perfis de risco, valores e prazos tornam improvável que
eles consigam realizar essas operações.
As instituições financeiras vêm então cumprir esse papel de intermediários na união
entre agentes poupadores e tomadores com diferentes caraterísticas e
expectativas. A gestão dos riscos e a conciliação de volumes e prazos são
possibilitadas com uma grande massa de agentes dos mais variados perfis.
 
Fonte: O autor
 Instituições financeiras como intermediários.
Esta figura ilustra o papel intermediário desempenhado pelas instituições
financeiras, já que elas unem os agentes superavitários e os deficitários. Nesse
esquema, pode-se observar que a contraparte de ambos passa a ser a instituição
financeira.
Esse fato é muito importante, pois define exatamente o risco de crédito de
cada um dos participantes nesse processo.
RISCO DE CRÉDITO
Antes de tudo, precisamos definir o risco de crédito.
 
Fonte: rafastockbr/shutterstock
Trata-se do risco de a contraparte de uma operação não honrar seus
compromissos. Em uma operação de crédito, ele representa o risco de o
tomador dos recursos não pagar ao credor o que deve na data de vencimento
da operação.
SE JOÃO (NO EXEMPLO VISTO
ANTERIORMENTE) EMPRESTASSE
DINHEIRO DIRETAMENTE A PEDRO, QUAL
SERIA O RISCO DELE?
RESPOSTA
RESPOSTA
Seria o de Pedro não pagar o valor devido na data acordada, ou seja, o risco
de crédito de João seria Pedro. Com a intermediação financeira, aquele
empresta o dinheiro ao banco, que, por sua vez, o empresta a este. Com isso,
javascript:void(0)
o risco de crédito de João agora passa a ser o banco, o qual, por outro lado,
tem Pedro como seu risco.
MERCADO DE CRÉDITO
No mercado de crédito, as instituições financeiras atuam como intermediários
financeiros, unindo os agentes deficitários e superavitários.
 
Fonte: MicroOne/shutterstock
Este é o mercado em que atuam os bancos comerciais e as sociedades de crédito,
financiamentos e investimentos (também conhecidas como financeiras). Nele, as
instituições, por exemplo, captam recursos dos poupadores e os emprestam a
empresas e pessoas com o propósito de financiar consumo ou capital de giro.
Como as instituições financeiras que operam nesse mercado possuem uma carteira
bastante ampla de clientes com diferentes perfis de prazos e volumes de recursos,
elas conseguem realizar uma gestão de riscos mais eficiente que a de poupadores
e tomadores. Eles, afinal, não seriam capazes de realizá-la sem o auxílio desses
intermediários.
Desse modo, essas instituições captam recursos com os agentes poupadores,
remunerando-os com uma taxa de juros conhecida como a taxa de captação.
Em contrapartida, elas emprestam recursos para os agentes deficitários, cobrando
deles outra taxa de juros pelo serviço: a taxa de empréstimo.
QUAL DAS DUAS TAXAS VOCÊ ACHA QUE
É A MAIOR: A TAXA DE CAPTAÇÃO OU A
DE EMPRÉSTIMO?
RESPOSTA
A taxa de empréstimo é maior que a de captação. A explicação para isso é simples. A
de empréstimo é formada pela receita do banco, ou seja, o quanto ele recebe pelos
empréstimos que realiza. Já a de captação é a despesa dele, o quanto ele paga para
captar recursos. Como o banco busca lucro, ele precisa ter uma receita superior à sua
despesa. Dessa forma, a taxa de empréstimo deve ser maior do que a de captação.
A diferença entre essas duas taxas é chamada de spread de crédito (margem de
crédito). O spread configura uma medida da remuneração dos bancos pelo serviço
de intermediação financeira.
javascript:void(0)
 
Fonte: O autor
 O spread de crédito.
SPREAD BANCÁRIO
Nos componentes que formam o valor do spread de crédito, há diversosoutros
fatores além do lucro dos bancos, como, por exemplo, custo de captação,
inadimplência, custos administrativos, impostos e repasses ao Fundo Garantidor de
Crédito (FGC).
Um dos componentes mais relevantes é a inadimplência, que representa o
risco de crédito do banco.
De todos os empréstimos que ele vier a oferecer, uma parcela não será honrada
pelas contrapartes. Ela constitui o nível de inadimplência da carteira do banco.
Quanto maior for o nível de inadimplência, maiores serão os riscos do banco e, por
consequência, a remuneração exigida por ele para emprestar recursos.
 
Fonte: Mustafa Arain/Shutterstock
Outra parcela do spread diz respeito a repasses para o FGC. Da mesma forma
que a inadimplência, essa parcela também está relacionada ao risco de crédito.
Porém, neste caso, tal risco está voltado para os credores do banco. Detalharemos
esse ponto mais à frente quando falarmos do FGC.
Devido às suas características, as operações no mercado de crédito costumam ser
de curto ou médio prazo. Elas podem ser divididas em duas categorias: crédito
direcionado e crédito livre.
CRÉDITO DIRECIONADO
Ele é constituído por empréstimos com condições determinadas pelo
governo e regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na
formulação de políticas públicas. O governo, portanto, determina que uma
parte dos recursos captados pelos bancos comerciais seja direcionada ao
financiamento de atividades estratégicas para o país relacionadas com o
setor rural, habitacional ou de infraestrutura.
Com isso, parte dos depósitos tanto à vista quanto os de poupança deve ser
direcionada a um crédito, por exemplo, rural ou imobiliário.
 
Fonte: Unitone Vector/shutterstock
Como surgiu o crédito direcionado?
A origem do crédito direcionado surgiu da necessidade de viabilizar
empréstimos de longo prazo em um ambiente com baixa poupança e mercado
de capitais pouco desenvolvido. Esta, aliás, era a realidade do Brasil há
algumas décadas.
Além do crédito rural e do financiamento imobiliário, também se enquadram
no crédito direcionado as operações de capital de giro e o financiamento
agroindustrial e de investimentos com recursos do BNDES e operações de
microcrédito.
A Resolução CMN nº 4.676/18 exige que um mínimo de 65% dos depósitos em
poupança seja direcionado a operações de financiamento imobiliário. Oitenta
por cento desses 65% devem ser encaminhados ao Sistema Financeiro de
Habitação, que busca financiar imóveis para famílias de baixa renda.
Por sua vez, 25% dos depósitos à vista dos bancos precisam ser
direcionados ao crédito rural. Já 2% desses depósitos vão para o
microcrédito, que é composto por operações de crédito destinadas à
população de baixa renda e aos microempreendedores.
No crédito direcionado, as taxas praticadas e o spread de crédito são, por
vezes, controlados pelo governo.
CRÉDITO LIVRE
No crédito livre, os contratos de financiamento e os empréstimos têm taxas
pactuadas livremente, enquanto as instituições financeiras possuem
autonomia para destinar os recursos captados no mercado da maneira que
entenderem ser a mais eficiente.
 EXEMPLO
São destinações de crédito livre o cheque especial, o crédito consignado, o
crédito pessoal, o rotativo de cartão de crédito e o capital de giro de
empresas.
IMPORTÂNCIA DO MERCADO DE
CRÉDITO
Elo entre os agentes poupadores e tomadores, o mercado de crédito concilia
as diversas expectativas relativas a prazos e volumes e otimiza a gestão dos
riscos, tornando-a mais eficiente. Ele ainda possui uma importância relevante
para o país. Esse mercado, afinal, viabiliza a economia real, disponibilizando
recursos para a produção de bens e serviços e fornecendo mecanismos de
poupança.
As instituições financeiras que nele operam recebendo depósitos à vista
também contribuem com a economia por meio da criação de moeda
escritural, o que gera o chamado efeito multiplicar bancário.
 
Fonte: Viktoria Kurpas/shutterstock
Quando uma instituição financeira recebe depósitos à vista, parte deles deve
constituir uma reserva compulsória da instituição com o Banco Central. O
restante pode ser convertido em empréstimos concedidos pela instituição
financeira, a qual, por sua vez, os transforma em novos depósitos à vista.
Isso gera um efeito multiplicador de tal forma que, se R for o valor da reserva
compulsória depositada no Banco Central, a quantidade de recursos
disponíveis para empréstimos será dada por:
M =
1
R
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal
Com isso, se o Banco Central definir uma taxa de 20% para a reserva
compulsória, teremos um efeito multiplicador igual a:
M =
1
0 , 20 = 5
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal
Ou seja, para cada R$1 depositado em conta corrente dos bancos, R$5 são
disponibilizados para empréstimos, aumentando, assim, a oferta de recursos
para os agentes tomadores.
Caso a taxa compulsória seja de 25%, teremos um efeito multiplicador igual a:
M =
1
0 , 25 = 4
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal
Isso significa que, para cada R$1 depositado em conta corrente dos bancos,
R$4 são disponibilizados para empréstimos. Com isso, o depósito
compulsório exigido pelo Banco Central às instituições financeiras determina
a quantidade de recursos disponíveis para o mercado de crédito.
No Brasil, o mercado de crédito ainda não possui uma grande envergadura
em comparação com outras nações mais desenvolvidas. Em 2019, o mercado
de crédito brasileiro representava, segundo dados do Banco Central, cerca de
48% do Produto Interno Bruto (PIB).
Países como Estados Unidos e Japão possuem respectivamente mercados de
crédito de 245% e 361% do PIB, informam os dados recolhidos pelo Banco
Mundial.
 
Fonte: Brenda Rocha/Shutterstock
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA SOBRE O MERCADO DE
CRÉDITO:
A) Trata-se de um mercado em que agentes poupadores e tomadores
negociam livremente entre si para ofertar e tomar crédito.
B) É um mercado irrelevante para a economia dos países, pois não gera
poupança em longo prazo.
C) No mercado de crédito, ocorre uma intermediação financeira, em que as
instituições financeiras funcionam como um elo entre agentes poupadores e
tomadores.
D) A inadimplência alta faz com que o spread bancário seja menor, uma vez
que os bancos correm menos risco.
E) No mercado de crédito, os bancos captam recursos dos agentes
deficitários para emprestá-los aos superavitários.
2. QUAL DAS OPÇÕES A SEGUIR NÃO APRESENTA UM
EXEMPLO DE DESTINAÇÃO DE RECURSOS DO CRÉDITO
DIRECIONADO?
A) Crédito rural
B) Crédito imobiliário
C) Crédito consignado
D) Microcrédito
E) Operações com recursos do BNDES
GABARITO
1. Assinale a afirmativa correta sobre o mercado de crédito:
A alternativa "C " está correta.
 
O mercado de crédito é o mercado da intermediação financeira. As
instituições financeiras reúnem agentes poupadores (superavitários) e
tomadores (deficitários) com diferentes expectativas de prazos e volumes,
além de distintos perfis de riscos, tornando mais eficiente a gestão de riscos.
Nele, os agentes não negociam entre si, e sim com os intermediários
financeiros. Trata-se de um mercado relevante para a economia, pois viabiliza
recursos para o consumo de desenvolvimento de atividades produtivas. Uma
inadimplência alta nesse mercado significa um risco alto, fazendo com que o
spread bancário aumente.
2. Qual das opções a seguir não apresenta um exemplo de destinação de
recursos do crédito direcionado?
A alternativa "C " está correta.
 
O crédito consignado é a única alternativa que não é um exemplo de
destinação de recursos do crédito direcionado. Para todas as demais, o
direcionamento de parte dos recursos captados pelos bancos é previsto pelo
governo.
MÓDULO 2
 Reconhecer os diferentes atores do mercado de crédito e suas formas de
captação de recursos junto aos agentes superavitáriosPALAVRAS INICIAIS
 
Fonte: Vergani Fotografia/shutterstock
Neste módulo, apresentaremos as instituições que atuam no mercado de
crédito. Além disso, explanaremos como as instituições financeiras captam
recursos dos agentes superavitários para emprestá-los aos deficitários.
Também veremos alguns mecanismos de que os agentes superavitários
dispõem para se protegerem contra o risco de crédito representado pelas
instituições financeiras.
REGULAÇÃO E SUPERVISÃO DO
MERCADO DE CRÉDITO
O mercado de crédito é regulado. Assim, para conceder empréstimos, as
empresas precisam ser autorizadas previamente pelo Banco Central do Brasil
(BCB). Além disso, elas devem estar constituídas segundo as normas
editadas pelo CMN e ter capital suficiente para fazer frente aos riscos,
garantindo, assim, a estabilidade do sistema como um todo.
O BCB apresenta em seu site a seguinte composição para o sistema
financeiro nacional:
 
Fonte: (BANCO CENTRAL, 2020)
 Estrutura do sistema financeiro nacional.
Os órgãos normativos são aqueles que estabelecem as regras do jogo,
regulando as condições para se operar nos mercados e estabelecendo
medidas prudenciais para garantir a estabilidade financeira. Além disso, entre
outras regras que visam a um bom funcionamento do sistema, são
estabelecidas medidas de conduta para a salvaguarda da proteção de
participantes e consumidores.
ORGÃOS NORMATIVOS
Além do CMN, há outros órgãos normativos envolvidos: o Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de
Previdência Complementar (CNPC).
Criado pela Lei nº 4.595, de 1964, o CMN é o órgão que regula, entre outros, o
mercado de crédito. Já ao BCB cabe a sua supervisão.
javascript:void(0)
Um dos principais objetivos da regulação e da supervisão é garantir o bom
funcionamento e a estabilidade do sistema. Por outro lado, um dos pontos de
atenção do regulador e do supervisor é o risco de liquidez dos bancos.
O risco de liquidez é associado à capacidade das instituições financeiras de
realizar seus ativos em condições de valores e prazos adequados. Em outras
palavras, é a capacidades de as instituições financeiras transformarem seus
ativos em dinheiro rapidamente e sem perdas significativas para fazer face às
suas obrigações.
Essa preocupação do regulador justifica-se, como vimos no módulo 1, pelas
características dos ativos e das obrigações dos bancos e do multiplicador
bancário.
 
Fonte: Viktoria Kurpas/shutterstock
As obrigações dos bancos costumam ser de curtíssimo prazo, como, por
exemplo, no caso dos depósitos à vista, que têm liquidez imediata. Com o
multiplicador bancário, vimos ainda que cada R$1 depositado pode gerar
diversos outros reais também em depósitos à vista, o que representa a
capacidade de alavancagem dos bancos.
Já os ativos dos bancos constituem seus empréstimos de curto e médio
prazos. São, portanto, de maior prazo do que suas obrigações.
Caso haja um volume muito alto de resgates de contas de depósito à vista, o
banco poderá ter dificuldades em realizar seus ativos para pagar a todos os
clientes que quiserem resgatar seus valores.
Para evitar que o banco se torne insolvente nessas situações, o CMN e o BCB
emitem regras prudenciais fortemente baseadas no padrão internacional
estabelecido pelo Comitê de Basileia de Supervisão Bancária (BCBS, em
inglês). Trata-se do denominado Basileia III (número romano que corresponde
à sua terceira versão).
Desse modo, as instituições que operam no mercado de crédito devem
possuir capital suficiente e uma estrutura eficaz de gestão de riscos para
garantir seu funcionamento regular – mesmo em situações de crise.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar que o Comitê de Basileia tem importância significativa, uma vez
que a globalização tornou os sistemas financeiros de todo o mundo
interligados, aumentando o risco de contágio. Isso exigiu dos reguladores
nacionais uma harmonização na regulação e na supervisão a fim de garantir a
estabilidade do sistema financeiro internacional.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
As instituições financeiras são os principais operadores do mercado de
crédito, podendo estar constituídas sob diversas formas a serem delineadas
neste tópico.
BANCOS DE DESENVOLVIMENTO
O mais conhecido deles é o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), mas há vários outros bancos de desenvolvimento regional,
como, por exemplo, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste, o Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e o Banco de Desenvolvimento do
Espírito Santo (BANDES).
 
Fonte: Photocarioca/Shutterstock
Esses bancos têm por objetivo fomentar a atividade econômica. A Resolução
CMN nº 394 assim define seus objetivos:

[...] PROPORCIONAR O SUPRIMENTO
OPORTUNO E ADEQUADO DOS RECURSOS
NECESSÁRIOS AO FINANCIAMENTO, A MÉDIO
E LONGO PRAZOS, DE PROGRAMAS E
PROJETOS QUE VISEM A PROMOVER O
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
DOS RESPECTIVOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO
ONDE TENHAM SEDE, CABENDO-LHES APOIAR
PRIORITARIAMENTE O SETOR PRIVADO.
BRASIL, 1976.
 
rafapress/shutterstock
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
A Caixa é uma instituição financeira pública que exerce uma série de funções
operacionais na implantação de políticas de governo. Entre essas políticas,
destaca-se a gestão de fundos, como, por exemplo, o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), o Programa de Integração Social (PIS) e o seguro-
desemprego. Além disso, ela gere as loterias e concede empréstimos sob
penhor.
 
Joa Souza/shutterstock
BANCO DO BRASIL
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista que também auxilia
na execução de políticas públicas, como, por exemplo, as dos créditos rural e
industrial.
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MONETÁRIAS
São as instituições autorizadas a reter depósitos à vista, ou seja, a gerar
moeda escritural. Elas dividem-se em bancos comerciais (aqueles aos quais
estamos costumados a utilizar), bancos múltiplos com carteiras comerciais,
Caixa Econômica Federal e cooperativas de crédito.
 
Fonte: Kite_rin/Shutterstock
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NÃO
MONETÁRIAS
Em oposição às instituições monetárias, as não monetárias não podem reter
depósitos à vista. Entre os principais tipos que operam no mercado de
crédito, podemos citar tanto as sociedades de crédito, financiamento e
investimentos (também conhecidas como financeiras) quanto as de crédito
imobiliário, além das associações de poupança e empréstimo.
Você já ouviu falar em shadow banking ?
O shadow banking (ou sistema bancário paralelo) é o conjunto de agentes
que fornece crédito de maneira informal. Considera-se seu sistema paralelo
ao bancário ou nas sombras (do inglês shadow ) dele, já que ele não está
sujeito a nenhuma — ou a muito pouca — regulação e supervisão.
 
Fonte: GaudiLab/Shutterstock
Este tipo de atividade constitui um risco para o sistema financeiro apesar de
representar um volume significativo de negócios no mundo todo. Algumas
pessoas acreditam que o shadow banking foi um dos principais
responsáveis pela crise financeira global em 2008, pois a maior parte de suas
operações era alavancada, ou seja, não possuía garantias reais.
Algumas das instituições que operam nesse mercado paralelo de crédito são
os fundos de pensão, as seguradoras, as securitizadoras, as factorings e os
esquemas peer-to-peer .
INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO
BANCÁRIA
Como vimos, os bancos são os principais provedores de crédito. Para poder
cumprir esse papel, eles precisam captar recursos dos agentes poupadores.
Essa captação pode se dar, como veremos nesta seção, por meio de diversos
instrumentos.
 
Fonte: Viktoria Kurpas/shutterstock
Nesses instrumentos, os agentes poupadores estão sujeitos ao risco de
quebra da instituição financeira à qual aportam recursos. Dessa forma,
quanto mais sólida for essa instituição, menor será a taxa de remuneração
exigida por esses investidores para suportar o risco, assim como menos
custoso será para ela captar recursos.
Analisaremos agora alguns dos instrumentos de captaçãobancária mais
importantes:
DEPÓSITOS À VISTA
Trata-se dos depósitos em conta corrente disponibilizados pelas instituições
financeiras monetárias. Eles constituem uma fonte importante de captação.
Esses depósitos não são remunerados e possuem liquidez imediata para o
depositante, podendo ser sacados a qualquer tempo.
 
Fonte: Gutesa/Shutterstock
Como vimos anteriormente, parte desses depósitos deve ser recolhida ao
BCB por meio dos depósitos compulsórios, enquanto a outra precisa ser
empregada no crédito direcionado, como, por exemplo, crédito rural ou o
financiamento imobiliário.
DEPÓSITOS A PRAZO
Diferentemente dos feitos à vista, os depósitos a prazo são remunerados pela
instituição financeira após o período previamente acordado. Eles podem
possuir restrições de resgate para o depositante.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PRODUTOS
DE DEPÓSITO A PRAZO
COMERCIALIZADOS?
RESPOSTA 1 RESPOSTA 2
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javascript:void(0)
RESPOSTA 1
Certificados de depósito bancário (CDB).
RESPOSTA 2
Recibos de depósito bancário (RDB).
A diferença entre os dois é que o CDB pode ser negociado antes do seu
vencimento, enquanto o investidor não tem a opção de transferir o RDB.
A remuneração dos títulos pode ser feita de três formas: por uma taxa
prefixada, por uma pós-fixada (geralmente um percentual da taxa DI) ou por
uma combinação dos dois.
DEPÓSITOS DE POUPANÇA
Este é um dos produtos mais conhecidos dos brasileiros. Ele oferece uma
rentabilidade de 0,5% ao mês mais a variação da taxa referencial (TR).
Depois de 2012, a regra da remuneração da poupança ganhou um novo
componente. Agora, caso a meta da taxa Selic seja igual ou inferior a 8,5%
a.a., a remuneração da poupança será igual a 70% dessa taxa mais a variação
da TR.
LETRAS FINANCEIRAS
São instrumentos de captação das instituições financeiras de mais longo
prazo que o de CDBs e RDBs.
 
Fonte: PopTika/shutterstock
As letras financeiras geralmente estão destinadas a investidores
institucionais, como, por exemplo, fundos de investimento, sociedades
seguradoras e entidades de previdência complementar, uma vez que seu
valor mínimo para aplicação é de R$300 mil e que seu prazo mínimo é de dois
anos.
LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO (LCA)
As LCA são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras que
possuem isenção de imposto de renda (IR) e de imposto sobre operações
financeiras (IOF).
 ATENÇÃO
Elas devem estar lastreadas por créditos do agronegócio, ou seja,
empréstimos que os bancos efetuam a esse setor da economia.
LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO (LCI)
De maneira semelhante às LCAs, as LCIs possuem isenção de IR e IOF. Elas
precisam estar lastreadas por créditos imobiliários, sejam eles
financiamentos imobiliários ou projetos de reforma e construção.
Graças a todos esses instrumentos que acabamos de ver, os agentes
superavitários podem emprestar recursos financeiros para que os bancos
concedam crédito. Dessa forma, eles passam a incorrer no risco de a
instituição financeira na qual aportaram recursos tornar-se insolvente.
 
Fonte: Tiko Aramyan/Shutterstock
Para reduzir esse, risco há alguns mecanismos, como, por exemplo, o FGC.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO (FGC)
O FGC é um arranjo elaborado pelas instituições financeiras para proteger os
investidores que aportam recursos nelas, barateando seu custo de captação.
Ele é constituído em forma de associação civil sem fins lucrativos,
funcionando como uma espécie de seguro para esses investidores.
A origem do FGC se dá com a edição da Resolução CMN nº 2.197/95, que
autoriza a constituição de entidade privada e sem fins lucrativos destinada a
administrar mecanismo de proteção a titulares de créditos contra instituições
financeiras.
o FGC tem por finalidade:
1
2
3
1
Proteger depositantes e investidores no âmbito do sistema financeiro até os
limites estabelecidos pela regulamentação.
2
Contribuir para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro nacional.
3
Auxiliar na prevenção de uma crise bancária sistêmica.
Fonte: (BRASIL, 2013)
O artigo 11 desse estatuto (2013) ainda afirma que são instituições
associadas ao FGC a Caixa Econômica Federal, os bancos múltiplos, os
bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos de
desenvolvimento, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, as
sociedades de crédito imobiliário, as companhias hipotecárias e as
associações de poupança e empréstimo em funcionamento no país.
Já a Resolução CMN nº 4.653/18 estabelece que o valor de 0,01% sobre os
saldos garantidos pelo FGC precisa ser recolhido mensalmente pelas
instituições financeiras a esse fundo como contribuições ordinárias.
O FGC presta garantia aos depositantes em casos de decretação da
intervenção, liquidação extrajudicial ou falência, assim como o
reconhecimento, pelo BCB, do estado de insolvência.
São prestados dois tipos de garantia por esse fundo:
GARANTIA ORDINÁRIA

GARANTIA ESPECIAL
A garantia ordinária tem o valor limite de R$250 mil por CPF e por instituição
financeira, cobrindo os seguintes créditos: depósitos à vista ou sacáveis por
meio de aviso prévio; depósitos de poupança; letras de câmbio; letras
hipotecárias; letras de crédito imobiliário; letras de crédito do agronegócio;
depósitos a prazo; depósitos mantidos em contas não movimentáveis por
cheques destinadas ao registro e ao controle do fluxo de recursos; e, por fim,
operações compromissadas que tenham como objeto títulos emitidos após 8
de março de 2012 por empresa ligada.
 
Fonte: rafastockbr/Shutterstock
Portanto, se você tiver R$300 mil de CDBs de um banco e ele se tornar
insolvente, o FGC garantirá o pagamento de R$250 mil.
 
Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock
Caso você tenha dois depósitos de R$150 mil em dois bancos diferentes e
ambos forem liquidados, o FGC poderá garantir o pagamento desses valores
em cada um dos bancos.
Em 2017, no entanto, o CMN aprovou um teto de R$1 milhão de garantia do
FGC a cada período de quatro anos. Assim, se você possuir R$250 mil em
vários bancos, totalizando mais de R$1 milhão, e, no período de quatro anos,
todos eles quebrarem, somente o valor de R$1 milhão estará garantido.
A garantia especial fornecida pelo FGC é de até R$20 milhões para os
depósitos a prazo em emissão de certificados de Depósitos a Prazo com
Garantia Especial (DPGEs).
A contribuição ordinária, neste caso, é de 0,03% a.m. do montante dos saldos
das DPGEs.
FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO
(FGC)
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A AFIRMATIVA INCORRETA SOBRE AS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS QUE OPERAM NO MERCADO DE
CRÉDITO:
A) Os bancos de desenvolvimento são aqueles que recebem depósitos à
vista.
B) A Caixa Econômica Federal exerce uma série de funções operacionais na
implantação de políticas de governo.
C) As sociedades de crédito, financiamento e investimentos são instituições
financeiras não monetárias.
D) As instituições financeiras monetárias são aquelas que geram moeda
escritural.
E) Os bancos de desenvolvimento têm por objetivo fomentar a atividade
econômica.
2. ASSINALE A AFIRMATIVA INCORRETA SOBRE OS
INSTRUMENTOS DE CAPTAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS QUE OPERAM NO MERCADO DE CRÉDITO.
A) As letras de crédito do agronegócio são isentas de IR e IOF.
B) Os depósitos à vista não são remunerados.
C) Os RDBs podem ser negociados antes de seu vencimento.
D) As LCI devem estar lastreadas por créditos imobiliários.
E) As letras financeiras têm prazo mínimo de dois anos.
GABARITO
1. Assinale a afirmativa incorreta sobre as instituições financeiras que
operam no mercado de crédito:
A alternativa "A " está correta.
 
Os bancos comerciais e múltiplos, a Caixa Econômica e as cooperativas de
crédito são as instituições que podem receber depósitos à vista.
2. Assinale a afirmativa incorreta sobre os instrumentos de captação
das instituições financeiras que operam no mercado de crédito.
A alternativa "C " está correta.
 
Diferentemente dos RDBs, os CDBs podem ser negociadosantes de seu
vencimento.
MÓDULO 3
 Comparar os diferentes produtos ofertados no mercado de crédito aos
agentes deficitários
PALAVRAS INICIAIS
Neste módulo, apresentaremos os principais produtos oferecidos pelas
instituições financeiras que operam no mercado de crédito tanto para
pessoas físicas quanto para as jurídicas.
Em seguida, estudaremos algumas ferramentas disponíveis para as
instituições financeiras avaliarem os riscos a que estão sujeitas no momento
da concessão do crédito.
PRODUTOS DE EMPRÉSTIMO
BANCÁRIO
Os produtos que vimos no módulo anterior tinham o objetivo de captar
recursos dos agentes superavitários para as instituições financeiras.
Veremos agora o outro lado da moeda: os produtos que permitem às
instituições financeiras emprestar recursos aos agentes deficitários.
Como vimos no módulo 1, o mercado de crédito pode ser classificado em
crédito direcionado e crédito livre.
 
Fonte: fizkes/shutterstock
No que diz respeito ao direcionado, seus produtos destinam-se tanto a
pessoas físicas como a jurídicas. Descreveremos a seguir seus dois produtos
principais:
CRÉDITO RURAL
Como ilustra a figura a seguir, pode-se observar que este tipo de crédito é
destinado ao financiamento da atividade agropecuária tanto de famílias
quanto de empresas. Suas fontes de recursos são diversas, sendo oriundas
do crédito direcionado, como o de depósitos à vista e poupança rural, e do
crédito livre, como as letras de crédito do agronegócio.
 
Fonte: BANCO CENTRAL, 2020.
 O crédito rural.
O crédito rural possui quatro finalidades: custeio, investimento,
comercialização e industrialização.
CRÉDITO IMOBILIÁRIO
O crédito imobiliário pretende financiar a compra, a construção ou a reforma
de imóveis residenciais ou comerciais. Ele se distingue do financiamento,
pois este objetiva a compra de bens, enquanto aquele pode ser utilizado para
outras finalidades como exemplificamos anteriormente. Em 2019, o saldo de
crédito imobiliário no Brasil foi, segundo dados no Banco Central, de R$634
bilhões.
A gama de produtos disponíveis no mercado de crédito livre é mais variada.
Elencaremos a seguir os principais.
PRODUTOS DESTINADOS ÀS
PESSOAS FÍSICAS
 
Fonte: Laddawanpunna/shutterstock
CRÉDITO CONSIGNADO
Regido pela Lei nº 10.820/03, o crédito consignado é uma linha de crédito
destinada a pessoas físicas assalariadas cuja cobrança é realizada
diretamente no contracheque do tomador. Nessa modalidade, as taxas
cobradas tendem a ser mais baixas devido ao baixo risco de inadimplência.
A duração máxima deste tipo de operação é de 72 meses, sendo impostos
limites ao valor disponível para contratação (a chamada margem
consignável). A parcela do empréstimo não pode ultrapassar 30% para
empréstimos, havendo mais 5% para o cartão de crédito consignado.
 ATENÇÃO
Têm acesso ao crédito consignado aposentados e pensionistas do INSS,
militares, servidores públicos e empregados regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT).
O empregador, neste caso, age como um fiador da operação, respondendo
como devedor principal se, por sua falha ou culpa, deixar de repassar os
recursos para a instituição provedora do crédito.
CARTÃO DE CRÉDITO
Este produto é certamente conhecido de todos. Há dois tipos de cartão de
crédito: o básico e o diferenciado.
Segundo o BCB, o cartão de crédito básico é aquele utilizado apenas para
pagamentos de bens e serviços em estabelecimentos credenciados. Já o
diferenciado, além de permitir o pagamento de ambos, oferece benefícios
adicionais, como, por exemplo, programas de milhagem, seguro de viagem,
desconto na compra de bens e serviços e atendimento personalizado no
exterior.
 ATENÇÃO
Toda instituição emissora de cartão de crédito é obrigada a ofertar o cartão
básico, cuja anuidade deve ser inferior à do diferenciado.
Os valores utilizados no cartão de crédito podem ser pagos integralmente até
a data de vencimento da fatura, parcelados no crédito rotativo ou
parcialmente efetuados.
No crédito rotativo, existe a cobrança de encargos financeiros, juros e IOF na
fatura seguinte, o que não ocorre no caso de um pagamento integral. Caso
não haja pagamento ou seja feito um parcial, restam três opções:
1
Parcelamento da fatura com a contratação de uma operação de crédito.
2
Adesão ao crédito rotativo com o pagamento do valor mínimo da fatura e
incidência dos encargos financeiros.
3
Pagamento inferior ao mínimo sem parcelamento, caracterizando-se o
inadimplemento e suas consequências, como, por exemplo, juros do crédito
rotativo, multa de 2% sobre o principal e juros de mora de 1% ao mês.
CRÉDITO DIRETO AO CONSUMIDOR
É uma modalidade de crédito destinada a financiar a aquisição de bens e
serviços pelos consumidores. O bem a ser adquirido normalmente é dado à
instituição financeira como garantia de pagamento do empréstimo. Pode ser
utilizado, por exemplo, no financiamento da aquisição de veículos.
CHEQUE ESPECIAL
Trata-se de uma linha de crédito pré-aprovada pela instituição financeira, que
cobre eventuais saldos negativos na conta corrente. Recentemente, as regras
do cheque especial foram alteradas pelo BCB, que limitou os juros que
podem ser cobrados nessa modalidade de crédito.
A mudança ocorreu com a edição da Resolução CMN nº 4.765/19, que limitou
a taxa de juros do cheque especial em 8% a.m., facultando às instituições
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financeiras a cobrança de tarifa de até 0,25% pela disponibilização de limites
de crédito superiores a R$500.
Com isso, clientes que possuam um limite de cheque especial até R$500 não
pagam tarifa, a qual, por sua vez, recai somente sobre limites superiores a
esse valor. Desse modo, um indivíduo que possua um limite de cheque
especial de R$1.500 poderá pagar tarifas até o limite de:
( 1500 - 500 ) × 0 , 25 % = R$
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem
horizontal
CHEQUE ESPECIAL
PRODUTOS DESTINADOS ÀS
PESSOAS JURÍDICAS
 
Fonte: Onchira Wongsiri/Shutterstock
FINANCIAMENTO DE CAPITAL DE GIRO
São operações de crédito que buscam atender às necessidades de capital de
giro das empresas, ou seja, servem para cobrir suas despesas diárias, como
folha de pagamento, faturas e aluguel. Normalmente, são exigidas garantias
de créditos a receber da empresa, como, por exemplo, duplicatas.
 
Fonte: Poungsaed-Studio/Shutterstock
DESCONTO DE TÍTULOS
Quando o tomador de recursos possui créditos futuros a receber de
duplicatas e outros títulos, ele pode antecipar esse recebimento por meio da
operação de desconto de títulos. Nessa operação, a instituição financeira
compra os títulos do tomador com deságio, ou seja, por um preço inferior a
seu valor de face.
 
Fonte: shisu_ka/Shutterstock
CONTA GARANTIDA
Produto muito parecido com o cheque especial, embora seja destinado a
empresas. É uma espécie de capital de giro com crédito rotativo e limite
máximo preestabelecido.
 
Fonte: Kikinunchi/Shutterstock
HOT MONEY
São empréstimos normalmente de 1 a 7 dias para atender às necessidades de
caixa das empresas.
Nas próximas duas figuras (baseadas em dados divulgados pelo BCB), pode-
se observar a participação percentual dos diversos produtos de crédito tanto
na modalidade livre quanto naquela direcionada em 2019.
 
Fonte: FEBRABAN, 2020.
 Participação dos Produtos do mercado de crédito livre.
A figura acima mostra que o principal produto de crédito para pessoas físicas
na modalidade livre foi o crédito consignado, com 34,9% do mercado. Em
seguida, vieram o cartão à vista (18,6%), o financiamento de veículos (18,6%)
e o crédito pessoal (12%).
Já para pessoas jurídicas, o principal produto foi o financiamento de capital
de giro das empresas, com 34,2% do mercado, sendo seguido pelo desconto
de títulos (18,6%). A conta garantida representou 3,6% do mercado.
 
Fonte: FEBRABAN, 2020
 Participação dos produtos do mercado de crédito direcionado.
Esta figura, por sua vez, mostraque o crédito imobiliário foi o principal
produto para pessoas físicas, abocanhando 70,4% do mercado, enquanto o
rural responde por 22,7% dele.
ANÁLISE DE CRÉDITO
Inicialmente, devemos analisar a seguinte situação:
REDPIXEL.PL/shutterstock
Para calcular uma taxa de remuneração correspondente ao risco em que
incorre, a instituição financeira faz uma análise da capacidade de pagamento
do tomador a quem ela concede empréstimos.
Para essa análise, essa instituição pode recorrer a bancos de dados privados,
como, por exemplo, os serviços de proteção ao crédito (SPC), o Serasa e o
SCPC/Boa Vista. Eles são conhecidos como bureaus de crédito ou bancos
de dados públicos, como é o caso do sistema de informações de crédito
(SCR) do Banco Central.
Vinculados às câmaras de dirigentes lojistas de cada região, os SPCs contêm
o cadastro de clientes inadimplentes com lojistas e comércio em geral. Já o
Serasa congrega os registros de inadimplentes com bancos e instituições
financeiras.
Esses bancos de dados funcionam da seguinte forma: quando a
inadimplência é configurada devido a um atraso no pagamento de obrigações
(geralmente acima de 15 dias), as empresas credoras notificam o atraso a
esses bancos de dados.
Antes de inscrever o devedor, contudo, os administradores desses bancos
devem notificá-lo da iminente inscrição e conceder 10 dias para a
regularização de sua situação. Após o fim desse prazo sem que o devedor
tenha regularizado sua situação, seja pagando ou renegociando sua dívida, é
feita a negativação na base de dados.
Tratando de bancos de dados e cadastros de consumidores, os artigos 43 e
44 da Lei de Proteção ao Consumidor (Lei nº 8.078/90) consideram esses
bancos entidades de caráter público e estabelecem um prazo máximo de
cinco anos para a manutenção de informações negativas dos consumidores.
As consequências para que tem o nome negativado são a dificuldade de
obter novos créditos, já que as empresas consultam essas bases antes de
concedê-los para verificar se o tomador está inadimplente em outra operação.
Até recentemente, esses bancos de dados eram apenas de cadastro negativo,
ou seja, registravam apenas as inadimplências. Em 2011, no entanto, a Lei nº
12.414 instituiu o cadastro positivo e o histórico de crédito (score de
crédito).
Por meio desse cadastro, todas as operações de crédito ficam registradas,
permitindo que os bons pagadores usufruam taxas de empréstimo menores
por representarem um menor risco de crédito paras as instituições
financeiras. O objetivo da lei era resolver a questão da seleção adversa.
Quando as instituições financeiras não dispõem de informações suficientes
para discriminar os bons dos maus pagadores na hora da concessão de
crédito, elas acabam praticando uma taxa média, que é igual para todos. Essa
taxa penaliza os bons pagadores, que poderiam obter taxas mais baixas se
seus perfis de risco fossem conhecidos pela instituição financeira. Ao mesmo
tempo, ela favorece os maus pagadores, que conseguem obter taxas
melhores que seu perfil de risco permitiria. Esse fenômeno é chamado de
seleção adversa.
No entanto, como a Lei nº 12.414/11 previa uma adesão voluntária ao cadastro
positivo, essa adesão foi muito pequena, pois as pessoas precisavam
solicitar sua inclusão no cadastro.
A Lei Complementar nº 166/19 resolveu essa questão instituindo a adesão
automática ao cadastro positivo. Atualmente, todos os cidadãos já possuem
o cadastro, enquanto seu histórico de pagamentos é repassado aos bancos
de dados sem a necessidade de consentimento do tomador. Essas
informações vão gerar o score de crédito de cada indivíduo.
Caso uma pessoa não queira que seus dados sejam incluídos no cadastro
positivo, ela deverá se dirigir aos bureaus de crédito e solicitar sua
exclusão.
SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO
(SCR)
Todos os registros de crédito de clientes com risco superior a R$200 são
registrados de forma individualizada no SCR.
Esse sistema é utilizado pelo BCB na supervisão do mercado de crédito,
sendo disponibilizado às instituições financeiras para auxiliá-las na análise
de crédito, aumentando ainda a compreensão delas sobre a capacidade de
pagamento de seus clientes.
Ele ainda oferece um serviço ao cidadão conhecido como Registrato, que
permite a consulta de todos os seus relacionamentos ativos no sistema
financeiro.
São registrados no SCR:

Empréstimos e financiamentos;
Adiantamentos;


Operações de arrendamento mercantil;
Coobrigações e garantias prestadas;


Compromissos de crédito não canceláveis;
Operações baixadas como prejuízo e créditos contratados com recursos a
liberar;


Demais operações que impliquem risco de crédito;
Operações de crédito que tenham sido objeto de negociação com retenção
substancial de riscos e de benefícios ou de controle;


Operações com instrumentos de pagamento pós-pagos;
Outras operações ou contratos com características de crédito reconhecidas
pelo BCB.

VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO APRESENTA UM
AGENTE ELEGÍVEL PARA OBTER CRÉDITO CONSIGNADO:
A) Aposentado do INSS
B) Militar das forças armadas
C) Servidor público
D) Empregados pela CLT
E) Microempreendedor individual
2. POR QUE A SELEÇÃO ADVERSA É RUIM PARA O CRÉDITO?
A) Porque faz com que os bancos pratiquem taxas menores que as
necessárias para manter sua solvência.
B) Porque aumenta o risco de crédito.
C) Porque prejudica os bons pagadores em detrimento dos maus.
D) Porque é um instrumento discriminatório.
E) Porque aumenta o lucro dos bancos.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que não apresenta um agente elegível para obter
crédito consignado:
A alternativa "E " está correta.
 
Os microempreendedores não são profissionais assalariados. Dessa forma,
eles não são elegíveis para o crédito consignado.
2. Por que a seleção adversa é ruim para o crédito?
A alternativa "C " está correta.
 
A seleção adversa constitui um incentivo ao mau pagador, pois ele consegue
taxas menores que aquelas que seriam obtidas caso o banco tivesse acesso
a seu perfil de crédito. Para os bons pagadores, as taxas ficam maiores, já
que o banco não consegue identificá-lo como um risco baixo de crédito.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos neste tema o mercado de crédito, observando sua importância
para a economia e os diversos atores que desempenham algum papel no
mercado, bem como os instrumentos de captação e os produtos de crédito
oferecidos pelas instituições financeiras.
No módulo 1, vimos como a intermediação financeira consegue tornar
eficiente o encontro entre os agentes poupadores e os tomadores de
recursos. Além disso, verificamos como as instituições financeiras obtêm sua
remuneração no mercado de crédito por meio do spread bancário.
No módulo 2, destacamos os instrumentos que os bancos utilizam para
captar recursos, explicando ainda como o FGC protege os depositantes. Por
fim, no módulo 3, navegamos pelos diversos produtos de crédito ofertados
pelos bancos. Em seguida, demonstramos como os bureaus de crédito
ajudam as instituições financeiras na análise dos riscos incorridos na
concessão do crédito.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
BRASIL. Resolução CMN nº 394. Publicado em: 3 nov. 1976.
BRASIL. Resolução CMN nº 4.222. Publicado em: 23 maio 2013.
COMITÊ CONSULTIVO DE EDUCAÇÃO. Mercado de valores mobiliários
brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2019.
FORTUNA, E. Mercado financeiro - produtos e serviços. 18 ed. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2011.
EXPLORE+
Pesquise mais sobre o mercado de crédito no site do BCB. Lá, você
poderá encontrar números do setor e análises especializadas..
Conheça o conteúdo das páginas da Febraban e do FGC. Eles também
são boas fontes para aprimorar seus conhecimentos sobre esse tópico.
CONTEUDISTA
Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior
 CURRÍCULO LATTES
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